Programa Livro de Resumos Direcção Presidente: Marcos Barbosa Vice-Presidente da Região Sul: Miguel Casimiro Vice-Presidente da Região Norte: Paulo Pereira Secretário: Ricardo Pereira Tesoureiro: Maria do Céu Machado SECRETARIADO Acropole, Lda Paula Nora | Rita Pollmann Rua de Gondarém, 956 - r/c 4150-375 Porto Tel: 226 199 683 Mail: [email protected] Caros colegas, Foi com enorme orgulho que aceitei o convite que me foi feito durante a assembleia geral que decorreu durante o 29º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia, em Coimbra, para que organizasse a nossa 30º reunião. Os congressos da nossa sociedade sempre foram para mim, desde os meus tempos de interno, momentos muito especiais. Era a altura do reencontro com outros colegas e amigos e de partilhar com eles este enorme entusiasmo pela nossa especialidade. Era o momento de entrar em contacto com as outras escolas e com os outros mestres, que comecei a também a respeitar e com quem fui tentando aprender. São estas reuniões a base da verdadeira escola da Neurocirurgia Portuguesa, da qual fazemos todos parte, pela qual somos todos responsáveis, como elementos do seu passado, presente e futuro. São momentos de trabalho e reflexão também. Os mais novos vão sendo postos à prova pelos seus pares e vão-se impondo. Vamos todos crescendo, nestes momentos, como Sociedade. Uma Sociedade exigente mas que sabe retribuir e que a todos deve orgulhar. Este ano, fruto do organização, em Lisboa, do Symposium da World Federation, o nosso congresso irá desenvolver-se em moldes menos habituais. A organização desta reunião internacional, de grande valor científico, trará até nós alguns dos grandes nomes da neurocirurgia mundial o que representará um oportunidade rara de aprendizagem e actualização. Espero que o efeito sinérgico deste “casamento “ seja útil para todos e que a reunião da SPNC, que a ela sucede no mesmo espaço, seja mais um sucesso. Dependerá, naturalmente, do empenho e participação de todos. Reuni uma equipa jovem e muito motivada para que este Congresso possa ser por todos recordado como mais uma excelente reencontro. Dividimo-lo em três sessões principais. A primeira dedicada a novos tratamentos ou a aspectos inovadores da nossa pratica, que possam vir a ter impacto na nossa actividade futura, tais como a terapêutica oncológica recorrendo ás células dendriticas. As outras duas sessões serão dedicadas à actualização em temas relacionados com a cirurgia cranioencefálica e da coluna vertebral. Vamos rever o valor da utilização da ressonância intra-operatoria no tratamento dos gliomas e epilepsia ou o impacto das cirurgias radicais no tratamento dos tumores da coluna vertebral na sobrevida e na qualidade de vida dos nossos doentes. Contamos ainda com espaço para os trabalhos nacionais, dos quais escolheremos um, como o vencedor de mais um prémio anual da SPNC. Tivemos este ano mais de 90 propostas de comunicações submetidas para este Congresso. Todos o trabalhos foram avaliados por um conjunto de 4 revisores e classificados de acordo com critérios objectivos e universais que espero garantam o sucesso científico da reunião. Nº de comunicações submetidas por tema e forma 35 32 CO (n=46) 30 PO (n=44) Total (n=90) 25 20 20 15 10 10 9 6 5 5 1 4 2 1 ia ps Ep ile la r dr oc ef al ia br o-m Ve rte Hi ed u utr o O Pe rif ér ic os a tri Pe de a on al Fu nc ti a Tra um nc ol og i O Va s cu la r a 0 Estamos também a preparar um programa social que proporcione a todos um excelente momento de descontracção e convívio e no qual gostaria de ver reunidos não só todos os membros da sociedade mas também as suas famílias. Por todos estes motivos, em nome da Comissão Organizadora do 30º Congresso da SPNC, tenho muito gosto em convidá-los a participar, em mais este evento, que decorrerá em Lisboa, nos dias 30 e 31 de Maio de 2014, no Centro de Congressos do Hotel Tivoli. Que seja um encontro memorável, onde se possa comprovar, uma vez mais, o dinamismo e a especial vitalidade da nossa Sociedade. Na expectativa de um grande Congresso, despeço-me com os meus melhores cumprimentos, Miguel Vasconcelos Casimiro Presidente do 30º Congresso da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia Vice-Presidente da SPNC Coordenador da Comissão de Ensino da SPNC 30 de Maio - 6ª Feira | 30th May 2014 - Friday COMISSÃO ORGANIZADORA 12:30 Abertura do Secretariado 13:00 Almoço/Lunch 14:30 Sala 1/Room 1 Comunicações Orais I / Oral CO07 a CO14 - Funcional / Functional Presentations I Moderadores/Moderators: António Cerejo, Clara Romero Miguel Casimiro Maria do Céu Machado Carla Reizinho Clara Romero Luís Marques CO07 Programa de Cirurgia de Epilepsia do CHSJ: As primeiras 20 cirurgias ressectivas Clara Chamadoira1, Helena Rocha2, Ricardo Rego3, Paulo Linhares1, Rui Vaz1 1 Serviço de Neurocirurgia CHSJ. Grupo de Cirurgia de Epilepsia do CHSJ Serviço de Neurologia CHSJ. Grupo de Cirurgia de Epilepsia do CHSJ 3 Serviço de Neurofisiologia CHSJ. Grupo de Cirurgia de Epilepsia do CHSJ 2 CO08 DBS para o Tratamento da Toxicodependência Refratária à Cocaína HOUSE OFFICERS Ângela Bravo Alexandra Santos Ana Isabel Luís João Paulo Andrade Miguel Brito COMISSÃO CIENTÍFICA Ernesto Carvalho João Lobo Antunes José Cabral Manuel Dominguez Manuel Cunha e Sá Marcos Barbosa Nuno Reis Rui Vaz PERITOS Patologia Funcional A. Gonçalves Ferreira Clara Romero Patologia da Coluna Álvaro Lima Paulo Pereira Patologia Traumatológica Craniana Carlos Vara Luiz Célia Pinheiro Patologia Tumoral Cerebral Armando Rocha Paulo Linhares Patologia Vascular e Base do Crânio Bernardo Ratilal Domingos Coiteiro Patologia Pediátrica José Augusto Costa José Miguéns A. Gonçalves Ferreira1, F. Simões Couto2, A. Rainha Campos2, L. Lucas Neto3,5, D. Gonçalves Ferreira2, J. Teixeira4, M. M. Rosa5, L . Salgado6, M. Lauterbach7, M.C. Rueff8, H. Raposo9, R. Sequeira9 1 CO09 Estimativa do sub-score UPDRS de marcha em doentes parkinsónicos usando um sistema de quantificação 3D de movimento portátil e de baixo custo Serviço de Neurocirurgia, Hospital Santa Maria (CHLN), Lisboa Serviço de Psiquiatria, Hospital Santa Maria (CHLN), Lisboa 3 Serviço de Imagiologia Neurológica, Hospital Santa Maria (CHLN), Lisboa 4 Serviço de Psiquiatria, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa 5 Serviço de Neurologia, Hospital de Santa Maria (CHLN), Lisboa 6 Serviço de Medicina Nuclear, Instituto Português Oncologia, Lisboa 7 Sociedade Portuguesa Ressonância Magnética, HCVP, Lisboa 8 Faculdade de Direito de Lisboa 9 Centro de Atendimento de Toxicodependentes (CAT), Barreiro 2 Ana Patrícia Rocha1, Hugo Choupina2, José Maria Fernandes1, Maria José Rosas3, Rui Vaz3, João Paulo Silva Cunha4,2 IEETA & Dept. of Elec., Telecom. & Informatics, University of Aveiro, Aveiro, Portugal FEUP, University of Porto, Porto, Portugal 3 Movement Disorders group, S. João University Hospital, Porto, Portugal 4 INESC-TEC Porto, Portugal 1 2 CO10 Estimulação Cerebral Profunda na Doença de Parkinson – Casuística do Centro Hospitalar e evolução da terapêutica com Levodopa Pedro Moura Branco1, José Manuel Brás1, Joaquim Monteiro1, Ana Calado2 1 Serviço Neurocirurgia - Centro Hospitalar Lisboa Central 2 Serviço Neurologia - Centro Hospitalar Lisboa Central CO11 Efficacy of intrathecal baclofen therapy in severely disabled cerebral palsy patients Alexandra Santos, Carla Reizinho, Miguel Casimiro Hospital Egas Moniz - Serviço de Neurocirurgia CO12 Compressão com balão enquanto tratamento de recidivas de nevralgia do trigémio Pedro Moura Branco, José Manuel Brás, Joaquim Monteiro 4 Serviço Neurocirurgia - Centro Hospitalar Lisboa Central 5 30 de Maio - 6ª Feira | 30th May 2014 - Friday CO13 Monitorização neurofisiológica intraoperatória do nervo facial na microdescompressão vascular para tratamento de espasmo hemifacial - nota técnica num vídeo-caso clínico CO21 Hematoma extradural supra e infratentorial Pedro Santos Silva1, António Vilarinho1, Clara Chamadoira1, Fernando Silveira2, Rui Vaz1 1 Serviço de Neurocirurgia Centro Hospitalar S. João 2 Neurofisiologia Centro Hospitalar S. João CO22 Tratamento cirúrgico de hematomas subdurais agudos do doente idoso - revisão da casuística do Serviço NC-HGO entre 2008 e 2012 CO14 Mapeamento não-invasivo da linguagem com recurso a paradigmas sem tarefa: uma inovação em ressonância magnética funcional Carlos Umberto Pereira, Marcelo Barreto Barbosa, Antonio Carlos Silveira Azevedo, Franklin Roberto Pereira Borges Junior, Débora Moura da Paixão Oliveira Pedro Pais, Vítor Castro, Vítor Gonçalves, Rui Manilha, Manuel Cunha e Sá Paulo Branco1,2, São Luís Castro2, Stefan Sunaert3, Daniela Seixas1,4 1 Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Portugal 2 Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto 3 Medical Imaging Research Center, KU Leuven, Belgium 4 Serviço de Imagiologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho 16:00Coffee-break 14:30 Sala 2/Room 2 Comunicações Orais I / Oral Presentations CO15 a CO22 - Pediatria & Trauma / Pediatrics & Trauma I Moderadores/Moderators: José Miguéns, José Augusto Costa CO15 Abordagem endoscópica transventricular para o tratamento de quisto aracnoideu do ângulo ponto-cerebeloso Amets Sagarribay Irañeta1, Miguel Correia1, Mário Matos1, António Baptista1, Carla Conceição2 1 2 Unidade de Neurocirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia Unidade de Neurorradiologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia CO16 Tumores intraventriculares em idade pediátrica - revisão de 13 anos de casuística do Hospital Garcia de Orta Vitor Castro, Rui Manilha, Pedro Pais, Vitor Gonçalves, Andreia Amorim, Joana Boleo Tomé, Paula Rodeia, Manuel Cunha e Sá Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta 16:30 Sessão de abertura / Opening Ceremony 16:45 Sessão Plenária I / Plenary I Novas tendências / Future Trends Miguel Casimiro, Marcos Barbosa, Paulo Pereira Moderadores/Moderators: Rui Vaz, Ernesto Carvalho Comentador/Comments by: João Lobo Antunes > Brain Gate - Jaimie M. Henderson (USA) > Denditric cell therapy for malignant gliomas - Stefaan Van Gool (Belgium) 18:00 Comunicações Seleccionadas I / Best Communications I CO01 Efeito neuroprotector da eritropoietina em modelo de isquemia-reperfusão da artéria cerebral média no rato Bernardo Ratilal1, João Rocha2, Adelaide Fernandes3, Bruno Sépodes2, Hélder Mota-Filipe2 1 CO18 Correcção Endoscópica Transnasal de fístula de LCR espontânea. Video Cirúrgico CO02 MASTERS-D: Estudo prospetivo, multicêntrico, observacional e monitorizado de artrodese por técnica minimamente invasiva para o tratamento de patologias degenerativas lombares - seguimento de 12 meses Patrícia Polónia, Pedro Santos Silva, Bruno Carvalho, Josué Pereira, Rui Vaz Pedro Santos Silva, Paulo Pereira, Pedro Alberto Silva, Bruno Carvalho, Rui Vaz Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta CO17 Quistos aracnoideus: experiência cirúrgica no HSM nos últimos 5 anos Inês Silva, Alexandre Rainha Campos; Cláudia Faria; José Miguéns Serviço de Neurocirurgia do HSM-CHLN Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar S. João, Porto CO19 HYDROCEPHALUS - From nature to pathology. Understanding the influence of the basilar arterial pulse in the CSF mechanical behavior: a computational approach José Artur Lourenço1, João Amorim2, João Apura2, Miguel Mendes2, Jorge Tiago2, Adélia Sequeira2 1 Departamento de Neurocirurgia, Hospital Distrital de Faro; 2 Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa CO20 Reconstrução de Imagem em Neurocirurgia: uma magnífica perda de tempo ou um excelente modo de aprender? Pedro Alberto Silva, Bruno Carvalho, Pedro Santos Silva, Rui Vaz Serviço de Neurocirurgia do Hospital S. João 6 Universidade Federal de Sergipe Departamento de Neurocirurgia, Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central Departamento de Farmacologia e Investigação Translacional, Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa 3 Departamento de Bioquímica e Biologia Humana, Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa 2 Serviço de Neurocirurgia do Hospital S. João e MASTERS-D study group 18:30 Vídeos / Videos Moderadores/Moderators: José Landeiro, Marcus Rotta, Luís Marques 18:30 Sala 2/Room 2 Assembleia Geral 20:00 Jantar do Congresso / Congress Dinner Hotel Tivoli - Restaurante “Terraço” 7 31 de Maio - Sábado | 31st May 2014 - Saturday 8:30 9:00 Sala 2/Room 2 Comunicações Orais II / Oral CO31 a CO38 - Oncologia / Oncology Abertura Secretariado 9:00 Sala 1/Room 1 Comunicações Orais II / Oral Presentations CO23 a CO30 - Coluna / Spine Moderadores/Moderators: Álvaro Lima, Pedro Lima II CO23 Papel da Ressonância Magnética de Fluxo de LCR em doentes operados a Síndrome de Chiari I com cavidade siringomiélica Joana Silva1, Carina Reis2, Telma Santos3, Paulo Pereira1, Rui Vaz1 Serviço Neurocirurgia, Hospital São João 2 Serviço Neuroradiologia, Hospital São João 3 Serviço Neurologia, Hospital Santos Silva, V.N. Gaia 1 CO24 Processo de decisão no tratamento das malformações congénitas da charneira occipito-cervical – a propósito de 3 casos clínicos Alexandra Santos, Miguel Brito, Ana Luís, Carla Reizinho, Miguel Casimiro Serviço de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz CO25 Tratamento Cirúrgico de Patologia Traumática da Charneira Crânio-Cervical no Idoso Luis Marques, Carla Reizinho, Vitor Dâmaso Oliveira, Joaquim Pedro Correia, Miguel Vasconcelos Casimiro Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz CO26 Monitorização Neurofisiológica Intraoperatória da função medular no tratamento cirúrgico de patologia vértebro-medular Moderadores/Moderators: Célia Pinheiro, Paulo Linhares CO31 Paragangliomas jugulo-timpânicos - um desafio cirúrgico multidisciplinar Dalila Forte1, Anabela Nabais1, Gonçalo Novais1, Miguel Laia1, Isabel Correia2, Marques Pinto2, Vítor Sousa2, Victor Gonçalves1 1 2 Serviço de Neurocirurgia, Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central Serviço de ORL, Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central CO32 Apoplexia hipofisária - Experiência do Hospital de Santa Maria 2005-2013 Joaquim Cruz Teixeira, Diogo Simão, José Miguéns Serviço de Neurocirurgia – Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria CO33 Meningiomas atípicos: Casuística Cirúrgica do Centro Hospitalar Lisboa Central Lino Fonseca, Pedro Branco, Rui Rato, Bernardo Ratilal, Manuela Mafra, Carlos Vara Luiz, Nuno Reis CHLC EPE - Serviço de Neurocirurgia CO34 Tratamento cirúrgico da Doença de Cushing - análise retrospetiva Sérgio Moreira, Isabel Ribeiro, Teresa Pereira Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo António, Serviço de Neurocirurgia CO35 Doença de Cushing - 15 anos de experiência da equipa multidisciplinar do Hospital Garcia de Orta Vitor Castro, Vitor Gonçalves, Rui Manilha, Pedro Pais, Flávia Dias, Leote, João; Gonçalves, Vitor; Grádil, Cátia; Amorim, Andreia; Castro, Vitor; Manilha, Rui; Tomé, Joana; Cunha e Sá, Manuel Joana Boleo Tomé, Manuel Cunha e Sá Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta, Almada CO36 Meningiomas anaplásicos - 10 anos de casuística do Hospital Garcia de Orta Vitor Castro, Vitor Gonçalves, Rui Manilha, Pedro Pais, Catarina Viegas, CO27 Tratamento Cirúrgico de Patologia Traumática da Coluna Cervical Sux-axial no Idoso Luis Marques, Carla Reizinho, Miguel Vasconcelos Casimiro, Joaquim Pedro Correia, Gonçalo Neto d’Almeida Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Cátia Gradil, Flávia Dias, Andreia Amorim, Bruno Santiago, Joana Boleo Tomé, Paula Rodeia, Manuel Cunha e Sá Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta CO28 Experiência Inicial do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta na Cirurgia Navegada da Coluna Vertebral CO37 Tumores intra-orbitários - breve revisão da casuística e técnica cirúrgica de abordagens trans-orbitárias Rui Manilha, Pedro Pais, Vitor Castro, Vitor Gonçalves, Bruno Santiago, Manuel Cunha e Sá Vitor Castro1, Pedro Pais1, Vitor Gonçalves1, Rui Manilha1, Nuno Barbosa2, Ana Cardoso3, Joana Boleo Tomé1, Manuel Cunha e Sá1 1 Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta CO29 Traumatismo vertebro-medular em doentes com espondilartropatias seronegativas - Casuística do Serviço de Neurocirurgia do CHUC Joana Rato, Armando Lopes, Gonçalo Costa, António Peliz, Marcos Barbosa Serviço de Neurocirurgia – CHUC CO30 Artrodese Cervical Anterior a um nível, com uso de “cage” em PEEK Rui Tuna, Paulo Pereira, Pedro Monteiro, Rui Vaz Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar de São João 8 Presentations II Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta; Serviço de Cirurgia Maxilo-Facial, Hospital Garcia de Orta; 3 Serviço de Oftalmologia, Hospital Garcia de Orta 2 CO38 Abordagem endoscópica endonasal. A experiência do início da técnica Amets Sagarribay Irañeta1, Dalila Forte1, Lino Fonseca1, Pedro Branco1, Gonçalo Novais1, Isabel Correia1,2, Miguel Laia1, Luis Mateus1, Anabela Nabais1, Vítor Sousa2, Víctor Gonçalves1 1 2 Unidade de Cirurgia da Base do Crânio, Hospital São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central-EPE Serviço de Otorrinolaringologia, H. São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central 9 31 de Maio - Sábado | 31st May 2014 - Saturday 10:30Coffee-break 11:00 Sessão Plenária II / Plenary II - Coluna / Spine 17:00 Sala 1/Room 1 Comunicações Orais / Oral Presentations CO39 a CO46 - Oncologia II & Vascular / Oncology II & Vascular Moderadores/Moderators: Paulo Pereira, Nuno Reis Comentador/Comments by: Machado Carvalho Moderadores/Moderators: Carlos Vara Luiz, Domingos Coiteiro >Surgical treatment of malignant spine tumors - Stefano Boriani (Italy) >Treatment of the tumors of the sacrum - Peter Paul Varga (Hungary) CO39 Angioma cavernoso do mesencéfalo ventral. Vídeo cirúrgico António Vilarinho1, Pedro Alberto Silva1, 12:30 Comunicações Seleccionadas II / Best Communications II CO03 Fixação posterior da coluna dorsal e lombar: comparação da segurança e eficácia entre as técnicas minimamente invasiva percutânea e aberta clássica Carla Reizinho, Miguel Casimiro, José Cabral Hospital Egas Moniz, Serviço de Neurocirurgia CO04 Avaliação da eficácia da neurotomia por radiofrequência no tratamento da dor lombar facetária e sacroilíaca Ana Luís, Carla Reizinho, Miguel Casimiro Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz, Lisboa 13:00 Almoço / Lunch 14:30 Sessão Plenária III / Plenary III - Crânio / Cranial Moderadores/Moderators: José Cabral, João Paulo Farias Comentador/Comments by: Manuel Cunha e Sá >Advantages and disadvantages of IMRI in the management of brain tumours and epilepsy - Andrew McEnvoy (England) >Current treatment of cavernous malformations - Neil Kitchen (England) 16:00 Comunicações Seleccionadas III / Best Communications III CO05 Tratamento de Aneurismas da Circulação Posterior - experiência dos últimos 13 anos nos HUC Ribeiro da Cunha, P; Pereira, R; Guerreiro Costa, G; Costa, G; Gonçalves, J; Fernandes, R; Barbosa, M Serviço de Neurocirurgia dos CHUC CO06 Perda do impacto prognóstico da idade sobre a sobrevida de doentes com gliomas malignos submetidos a exérese guiada por fluorescência com 5-ALA Ana Luís, Miguel Casimiro, Carla Reizinho, José Cabral Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz 16:30Coffee-break Bruno Carvalho1, Fernando Silveira2, Rui Vaz1 1 2 Serviço de Neurocirurgia do H S João Porto Serviço de Neurologia – Unidade de Neurofisiologia do H S João Porto CO40 Análise volumétrica da remoção tumoral e estado neurológico/funcional após cirurgia de gliomas assistida com ácido 5-aminolevulínico. Resultados preliminares Bruno Carvalho1,3, Rita Figueiredo2, Paulo Linhares1,3, Rui Vaz1,3 Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar de S. João Serviço de Neurorradiologia do Centro Hospitalar de S. João 3 Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 1 2 CO41 Alterações hemodinâmicas induzidas por lesões na úvula cerebelosa ou decorrentes da sua manipulação cirúrgica Gonçalo Novais1, Ana Joaquim2, Anabela Nabais1, Miguel Laia1, Victor Gonçalves1 1 2 Serviço de Neurocirurgia, Hospital São José, Centro Hospitalar Lisboa Central Serviço de Anestesiologia, Hospital São José, Centro Hospitalar Lisboa Central CO42 Cirurgia na recidiva de Glioblastoma multiforme: factores de impacto na sobrevida Pedro Monteiro1,2, Bruno Carvalho1,2, Osvaldo Sousa1,2, Luísa Sampaio3, Fanny Lima4, Paulo Linhares1,2, Rui Vaz1,2 1 Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar de São João 2 Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental – Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 3 Serviço de Neurorradiologia do Centro Hospitalar de São João 4 Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto CO43 Impacto das alterações isquémicas após ressecção de glioblastomas na sobrevida global e outcome neurológico Osvaldo Sousa1, Luísa Sampaio2, Bruno Carvalho1, Pedro Monteiro1, Fanny Lima3, Paulo Linhares1, Rui Vaz1 1 Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar de São João, Porto; Serviço de Neurorradiologia, Centro Hospitalar de São João, Porto; 3 Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto 2 CO44 Recidiva de gliomas cerebrais malignos: resultados da reintervenção cirúrgica utilizando a fluorescência intraoperatória com 5-ALA Miguel Casimiro, Ana Luis, Carla Reizinho, José Cabral Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz CO45 Impacto prognóstico do volume de tumor residual versus taxa de remoção tumoral, na sobrevida dos doentes com gliomas malignos submetidos a exérese guiada por fluorescência com 5-ALA Miguel Casimiro, Ana Luis, Carla Reizinho, José Cabral Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz CO46 Exérese guiada por fluorescência com 5-ALA: resultados o tratamento dos gliomas malignos 10 Ana Luís, Miguel Casimiro, Carla Reizinho, José Cabral Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz 11 31 de Maio - Sábado | 31st May 2014 - Saturday 17:00 Sala 2/Room 2 Posters selecionados / Best Posters PO01 a PO10 Moderadores/Moderators: Marcos Barbosa, Carla Reizinho, Bernardo Ratilal PO01 Hydrocephalus associated porencephalic cyst following penetrating gunshot head injury Santiago J, Frade MJ, Alves JL Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra PO02 Complications of intrathecal baclofen therapy in severely disabled cerebral palsy patients Alexandra Santos, Carla Reizinho, Miguel Casimiro Hospital Egas Moniz - Serviço de Neurocirurgia PO03 Ganglioglioma - Revisão de Caso Clínico e Revisão da literatura João Gomes Abreu Lima, Ricardo Moreira, Leandro Oliveira, Rui Almeida Ramos, Afonso Almeida Pinto, Carlos Alegria Serviço de Neurocirurgia, Hospital de Braga PO04 Utilidade da identificação da área motora suplementar pré e intraoperatória em cirurgia de ressecção de tumores cerebrais: descrição de três casos-clínicos Leote, João; Viegas, Catarina; Gonçalves, Vitor; Pérez-Hick, António; Manilha, Rui; Silvestre, Ana; Cunha e Sá, Manuel Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta, Almada PO08 Monitorização Neurofisiológica Multimodal através de electroencefalograma, potenciais evocados somatossensitivos e motores durante a Enderteractomia Carotídea Leote, João; Gonçalves, Vitor; Grádil, Cátia; Amorim, Andreia; Castro, Vitor; Tomé, Joana; Cunha e Sá, Manuel Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta, Almada PO09 Apresentação clínica excecional de uma malformação arterio-venosa cerebral Sérgio Moreira, Mário Gomes Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo António PO10 Traumatic vertebral artery dissection after minor cervical trauma Santiago J, Frade MJ, Carvalho M, Alves JL Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 18:30Encerramento / Closing Ceremony PO05 Trombocitopénia reveladora de Oligodendroglioma Anaplásico Metastático José Pedro Lavrador1, Nuno Simas1, Francisco Tortosa2, José Pimentel3 Departamento de Neurocirurgia, Hospital Santa Maria Departamento de Anatomia-Patológica, Hospital Santa Maria 3 Laboratório de Neuropatologia, Departamento de Neurologia, Hospital Santa Maria 1 2 PO06 Teratoma rabdóide: possível transformação de craniofaringioma? Edson Oliveira1, José Pimentel2, Lúcia Roque3, José Miguéns1 1 Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Portugal 2 Laboratório de Neuropatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Portugal 3 Serviço de Anatomia Patológica, Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Portugal PO07 Clipagem cirúrgica de aneurisma traumático da artéria cerebral média - Case repor Diogo Simão, Joaquim Teixeira, Domingos Coiteiro Hospital Santa Maria 12 13 C o mun i c aç õ e s O r a i s Livro resumos 14 15 C o m u n i c aç õ e s O r a i s CO01 Efeito neuroprotector da eritropoietina em modelo de isquemia-reperfusão da artéria cerebral média no rato (pre-operatório, 4 semanas, 12 meses): VAS lombar 6.2, 2.9, 2.9; VAS membro inferior 5.9, 2.5, 2.2; ODI (%) 45.5, 34.5, 22.4; EQ-VAS 52.9, 65.4, 71; EQ-5D index 0.34, 0.61, 0.71. Houve uma melhoria constante nas sub-escalas de EQ-5D e redução no uso de analgésicos aos 12 meses. 50 eventos adversos (EAs) em 39 pacientes foram atribuídos à cirurgia, abordagem cirúrgica ou implante. Destes, 9 foram considerados EAs graves. 3 EAs foram atribuídos à abordagem minimamente invasiva, dos quais um foi considerado grave. Não foi identificada nenhuma infeção cirúrgica profunda e foram realizadas 7 reoperações. Bernardo Ratilal1, João Rocha2, Adelaide Fernandes3, Bruno Sépodes2, Hélder Mota-Filipe2 Conclusões: Atualmente, este é o maior estudo prospetivo, observacional e monitorizado para avaliar os resultados da artrodese lombar posterior minimamente invasiva. Este estudo mostra resultados clínicos favoráveis a curto prazo (4 semanas), que são sustentados a longo prazo (12 meses), com baixa morbilidade peri-operatória. Departamento de Neurocirurgia, Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central Departamento de Farmacologia e Investigação Translacional, Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa 3 Departamento de Bioquímica e Biologia Humana, Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa 1 2 Objectivo: A interrupção transitória do fluxo sanguíneo de artérias cerebrais em doentes submetidos a cirurgia de aneurismas intracranianos é, por vezes, inevitável. O período de tempo de oclusão tolerado, sem repercussão neurológica, é difícil de prever e muito variável. Pretende-se avaliar a eritropoietina humana recombinante (rhEPO) como potencial fármaco neuroprotetor, num modelo animal de isquemia-reperfusão (I-R) focal cerebral. Métodos: Vinte e oito ratos Wistar machos adultos foram submetidos a 60 minutos de isquemia da artéria cerebral media direita sob monitorização contínua do fluxo sanguíneo cerebral por Doppler, sendo distribuídos aleatoriamente por 2 grupos: grupo tratamento e grupo controlo. No grupo tratamento, foi administrada uma dose única de rhEPO (1.000 UI/kg) por via endovenosa, 10 minutos antes da indução da isquemia. Administrou-se idêntico volume de soro fisiológico no grupo controlo. Às 24 horas de reperfusão, foram avaliados, de forma oculta para os investigadores, os seguintes parâmetros: condição neurológica, volume de infarto cerebral, edema hemisférico ipsilateral, níveis plasmáticos da enolase específica do neurónio (EEN), histologia do parênquima cerebral lesado, quantificação dos neurónios positivos para Fluoro-Jade, expressão dos p-Akt e Akt total e quantificação dos núcleos positivos para p-Akt. Resultados: O tratamento com rhEPO reduziu significativamente a extensão do edema cerebral (p<0.001), a gravidade dos deficits neurológicos (p<0.001) e os níveis plasmáticos da EEN (p<0.001). Histologicamente o edema perivascular mostrou-se menos acentuado. O volume do infarto cerebral, a contagem de neurónios degenerados e a expressão e localização do p-Akt foi idêntica nos 2 grupos. Conclusões: A administração profilática de rhEPO numa dose única de 1.000 UI/kg preserva o pool neuronal funcional da área de penumbra e diminui o edema cerebral associado à lesão induzida pela I-R no modelo animal estudado. A preservação da integridade da barreira hemato-encefálica com a consequente diminuição do edema e lesão cerebral secundária parecem constituir o mecanismo base deste efeito protetor. Ao contrário de estudos anteriores, na dose considerada, não se confirmou um efeito neuronal direto da rhEPO. Concluímos que a rhEPO, é uma terapêutica potencial para prevenir lesão cerebral induzida pela oclusão intraoperatória transitória de artérias cerebrais. Tratando-se de um fármaco clinicamente disponível, facilmente acessível e com um perfil de segurança bem conhecido no humano, este estudo poderá suportar um ensaio clínico translacional. CO02 MASTERS-D: Estudo prospetivo, multicêntrico, observacional e monitorizado de artrodese por técnica minimamente invasiva para o tratamento de patologias degenerativas lombares - seguimento de 12 meses. Pedro Santos Silva, Paulo Pereira, Pedro Alberto Silva, Bruno Carvalho e Rui Vaz Serviço de Neurocirurgia do Hospital S. João e MASTERS-D study group Objetivos: Realizar um estudo prospetivo, observacional e monitorizado para avaliar os resultados da artrodese intersomática lombar por via posterior (PLIF e TLIF) utilizando técnica minimamente invasiva para tratamento de patologias degenerativas lombares. Métodos: Foram incluídos neste estudo 252 doentes, tratados em 19 centros distribuídos por 14 países. 83% dos doentes foram submetidos a artrodese em um nível e 17% em 2 níveis. A técnica cirúrgica utilizada foi TLIF em 95% dos casos e PLIF em 5%. A clínica predominante era de dor radicular em 52% dos doentes, dor lombar em 39% e claudicação neurogénea em 9%. 53% dos doentes apresentavam espondilolistese e 71% estenose lombar. Todos os cirurgiões possuiam uma experiência prévia mínima de 30 casos de artrodese lombar minimamente invasiva. Foram registados dados demográficos, intraoperatórios, complicações, tempo até à primeira deambulação, tempo de recuperação, duração da fluoroscopia e eventos adversos (EAs). Foram utilizadas escalas VAS (lombar e membro inferior), Oswestry (ODI), EQ-VAS e EQ-5D para documentar a evolução clínica. Resultados: 99% (249/252) dos pacientes completaram o seguimento de 4 semanas e 93% (233/252) de 12 meses. A duração média da cirurgia para 1 e 2 níveis foi 128 e 182 minutos, respetivamente; a perda sanguínea foi 164 e 233 ml e o tempo de fluoroscopia 115 e 154 segundos. O tempo médio até à primeira deambulação foi de 1.3 dias e de recuperação (de acordo com definição no protocolo do estudo) foi de 3.2 dias. Todos os parâmetros clínicos avaliados indicam uma melhoria significativa (p<.0001) ao longo dos vários intervalos de seguimento. Os valores médios em cada escala foram os seguintes 16 CO03 Fixação posterior da coluna dorsal e lombar: comparação da segurança e eficácia entre as técnicas minimamente invasiva percutânea e aberta clássica. Carla Reizinho, Miguel Casimiro, José Cabral Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: A vantagem teórica da menor agressão cirúrgica tem generalizado a utilização de técnicas minimamente invasivas (TMI) na estabilização da coluna vertebral. Não existe, contudo, evidência suficiente da sua real vantagem face à técnica cirúrgica aberta (CA). Comparamos, neste estudo, a eficácia e a segurança das duas técnicas no tratamento da instabilidade vertebral. Métodos: Realizou-se um estudo de tipo cohort retrospectivo por análise comparativa dos casos de fixação posterior da coluna dorsal ou lombar, para tratamento de patologia traumática, neoplásica ou infecciosa, num único centro nos últimos 5 anos, por fixação percutânea transpedicular ou CA. Comparou-se as duas técnicas quanto à eficácia (dor pós-operatória; grau de correção de deformidade) e segurança (taxa de má colocação de parafusos, tempo cirúrgico e de internamento e incidência de complicações- mortalidade, infecção, agravamento neurológico e falência da instrumentação). A escolha da técnica usada teve como critério a preferência do cirurgião. A análise estatística foi realizada com recurso ao SPSS(R)17.0. Resultados: Foram tratados 69 doentes com seguimento médio de 21,6±15 meses. As duas populações(TMI/CA) não foram significativamente diferentes quanto a idade, ASA, critérios de instabilidade(TLICS e SINS), incidência de osteoporose, localização da lesão, tipo de patologia, estado neurológico prévio ou factores de risco para não fusão. Não houve diferenças estatisticamente significativas na dor pós-operatória/EVA(p=0,715), correção da deformidade imediata(p=0,577) e aos seis meses(p=0,689). A incidência de má colocação de parafusos foi significativamente maior na CA(p=0.001), condicionando um maior número de casos de revisão. O tempo cirúrgico não foi significativamente diferente (p=0,08). A duração de internamento foi significativamente menor na TMI(p=0,049). A ocorrência de complicações foi rara, com maior número de infecções operatórias e agravamento neurológico na CA. Discussão e Conclusão: A TMI é igualmente eficaz relativamente à CA e é significativamente mais segura quanto à precisão da colocação dos parafusos, sem acréscimo do tempo operatório e com redução do tempo de internamento. CO04 Avaliação da eficácia da neurotomia por radiofrequência no tratamento da dor lombar facetária e sacroilíaca Ana Luís, Miguel Casimiro, Carla Reizinho Serviço de Neurocirurgia Hospital de Egas Moniz, Lisboa Introdução: Estima-se que 84% dos adultos experimentam dor lombar ao longo da sua vida, sendo esta a segunda causa mais frequente de consulta em cuidados primários de saúde e um dos motivos mais frequentes de referenciação de doentes para consulta de Neurocirurgia. Acredita-se que a patologia articular zigapofisária é a causa de dor em 15-40% de todos os doentes com lombalgia crónica e que participa na etiologia da dor lombar mecânica em cerca de 80% dos doentes. Objectivo: Avaliar a eficácia ao longo do tempo da neurotomia facetária percutânea por radiofrequência (RF) no controlo álgico de doentes com lombalgia crónica por dor facetária ou sacroilíaca. Métodos: Estudo retrospectivo de todos casos de radiofrequência percutânea contínua para tratamento de lombalgia crónica por dor facetária ou sacroilíaca, realizados entre Novembro de 2009 e Dezembro de 2013, no mesmo centro, por único neurocirurgião. O outcome foi avaliado através da escala numérica de dor - numerical rating scale (NRS), nos seguintes tempos: basal, 1º, 3º, 6º, 12º, 18º e 24º meses após RF. A avaliação estatística foi realizada com recurso ao GraphPad Prism6®. 17 C o m u n i c aç õ e s O r a i s Resultados: Foram avaliados 52 doentes, 40 do género feminino e 12 masculino, com uma média de idades de 54±14 anos. Observou-se uma taxa de eficácia da RF (definida como decréscimo ≥50% do NRS relativamente ao inicial) de 76,9% ao primeiro mês, 71,2% ao terceiro, 61,0% ao sexto, 54,6% ao décimo segundo, 49,1% ao décimo oitavo e 43,0% aos 24 meses. Valeu a pena para 92,3% dos doentes e 88,5% repetiria o procedimento. Não se verificou diferença de eficácia entre os doentes tratados por dor facetária ou sacroilíaca (p=0,67). Conclusões: A RF mostrou-se útil no tratamento da dor lombar zigapofizária e sacroilíaca. Apesar da perda gradual de eficácia ao longo do tempo, é ainda eficaz para 43% aos 2 anos. Trata-se, portanto de uma técnica com um lugar nas opções de tratamento de patologia degenerativa da coluna lombar. CO05 Tratamento de Aneurismas da Circulação Posterior - experiência dos últimos 13 anos nos HUC Discussão e Conclusão: A utilização da FI-5ALA permitiu sobrevida média de 22 meses independentemente da idade do doente na altura do diagnóstico. CO07 Programa de Cirurgia de Epilepsia do CHSJ: As primeiras 20 cirurgias ressectivas Clara Chamadoira1, Helena Rocha2, Ricardo Rego3, Paulo Linhares1, Rui Vaz1 Serviço de Neurocirurgia CHSJ. Grupo de Cirurgia de Epilepsia do CHSJ Serviço de Neurologia CHSJ. Grupo de Cirurgia de Epilepsia do CHSJ 3 Serviço de Neurofisiologia CHSJ. Grupo de Cirurgia de Epilepsia do CHSJ Ribeiro da Cunha, P; Pereira, R; Guerreiro Costa, G; Costa, G; Gonçalves, J; Fernandes, R; Barbosa, M. 1 Serviço de Neurocirurgia dos CHUC 2 Introdução: Os aneurismas da circulação posterior (ACP) são mais raros relativamente aos da circulação anterior e incluem um grupo heterogéneo, constituído pelos aneurismas do topo da basilar e cerebrais posteriores, tronco da basilar, e complexo vertebral-PICA. Actualmente o tratamento endovascular destas lesões parece ser a modalidade terapêutica preferencial. Metodologia: Efectuou-se uma análise retrospectiva, entre os anos 2000-2013, dos doentes submetidos a tratamento de ACP. Dos 52 doentes tratados, 34 foram submetidos a cirurgia e 18 foram embolizados. São comparados os resultados da cirurgia vs tratamento endovascular ao follow-up de 1 ano, taxas de mortalidade, factores de risco associados a um pior prognóstico e taxas de ressangramento. Resultados: A média de idades nos 2 grupos, cirurgia e endovascular, era semelhante, respectivamente 60,1 e 56,0 anos. O Estado clinico inicial dos doentes, de acordo com a escala WFNS, bem como o tamanho, número e dimensões dos aneurismas eram igualmente comparáveis. Na análise de regressão logística, independentemente do tipo de tratamento, o enfarte cerebral foi o único factor significativo, associado a um pior prognóstico (0,003, considerando p<0.05). Não se verificaram diferenças significativas entre os 2 grupos, em termos de outcome, definido por Glasgow Outcome Scale (GOS), relativamente ao número de doentes que sofreram vasospasmo e enfarte, 7 (20,6%) na cirurgia vs 2 (11,1%) no grupo endovascular. A taxa de ressangramento foi relativamente superior no grupo endovascular em relação à cirurgia (16,7 % vs 5,6%). Ao follow up de 1 ano, os resultados foram também sobreponíveis, com 82,4% de bons resultados (GOS 1 e 2) e 11,8% de mortalidade, na cirurgia vs 72,2% e 22,2% respectivamente, no grupo endovascular. Conclusões: Na nossa série, não houve diferença estatisticamente significativa entre as duas modalidade terapêuticas, embora se verifique uma tendência para melhores resultados com a cirurgia. O enfarte cerebral associado ao vasospasmo é um factor de pior prognóstico, independentemente do tratamento efectuado. CO06 Perda do impacto prognóstico da idade sobre a sobrevida de doentes com gliomas malignos submetidos a exérese guiada por fluorescência com 5-ALA Ana Luis, Miguel Casimiro, Carla Reizinho, José Cabral Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: A idade é um dos factores com maior impacto prognóstico no tratamento de doentes com gliomas malignos (GM). A fluorescência tumoral intraoperatória com ac. 5-aminolevulínico (FI-5ALA), tem por objectivo facilitar a extensão da remoção cirúrgica, aumentando o tempo de sobrevida. Objectivo: Avaliar o valor prognóstico da idade em doentes com GM tratados com recurso à FI-5ALA. Métodos: Estudo retrospectivo dos casos de GM operados com FI-5ALA, no Hospital Egas Moniz, de Dezembro de 2008 a Dezembro de 2014. As cirurgias tiveram como objectivo a remoção total do tumor, identificado por RMN, T1 com gadolínio. Caracterizou-se a população quanto à idade, índice funcional de Karnofsky, localização do tumor, histologia, número de cirurgias, taxa de remoção e de volume residual tumoral. A população dividiu-se em 3 grupos de acordo com a idade ao diagnóstico: <45, 45-65, >65. Comparou-se o tempo de sobrevida média entre as três populações, numa análise uni e multivariável. Todos os doentes foram submetidos a rádio e quimioterapia. Realizou-se a análise estatística com Prism6 v.6.0 for Mac OS-X. Resultados: Realizaram-se 66 cirurgias, em 51 doentes, seguidos 38,3±17 meses. A idade média da população foi de 54,5±12,8 (min.26-máx.79). A taxa de remoção tumoral média foi de 92,8±7,7%. A distribuição etária foi a seguinte: 21,3% com <45 anos; 55,3% entre 45-65 anos; 23,4% com >65 anos. A sobrevida 18 média foi de 18, 22 e 22 meses respectivamente. A sobrevida média foi de 22±15 meses (70,7% e 38,1% de doentes vivos aos 12 e 24 meses). Os grupos eram estatisticamente semelhantes face às variáveis estudadas. A correlação directa da idade com o tempo de sobrevida (Pearson r; p=0,43) e por grupos etários (Mantel-Cox; p=0,60) não foi estatisticamente significativa. Introdução e objetivos: Avaliação dos resultados nos primeiros 20 doentes com epilepsia submetidos a cirurgia ressectiva no CHSJ. Metodologia: Análise retrospectiva dos doentes submetidos a cirurgia de epilepsia no CHSJ entre Setembro de 2011 e Junho de 2013. Para tal foram colhidos dados demográficos, clínicos, imagiológicos, electroencefalográficos e outros relativos ao procedimento cirúrgico, resultado anátomo-patológico, complicações e controlo de crises. Resultados: Dos doentes revistos, 13 eram mulheres. A média de idades foi de 37 anos à data da cirurgia. De acordo com a zona epileptogénica presumida, os doentes foram classificados em 3 grupos: epilepsia temporal mesial (n=14), temporal neocortical (n=3) e extra-temporal (n=3). As patologias mais prevalentes foram esclerose mesial (n=9) e tumor de baixo grau (n=4). Durante a investigação foi realizado registo invasivo extra-operatório com mapeamento cortical em 3 casos e electrocorticografia intra-operatória em 5 casos. O procedimento cirúrgico mais frequente foi a lobectomia temporal anterior e amigdalohipocampectomia (n=16), com lesionectomia concomitante em 5 desses casos. Nos restantes foi efetuada lesionectomia guiada pelo registo intra ou extraoperatório. Em geral, destacam-se como complicações cirúrgicas: meningite (n=1) e isquemia cerebral com afasia transitória (n=1). O período de seguimento médio foi de 13 meses (6-26 meses). Nove dos nossos doentes encontram-se sem crises, quatro apresentaram apenas auras e um doente teve algumas crises com perda de conhecimento depois da cirurgia, mas já não as apresenta nos últimos 2 anos. Quatro doentes tiveram inicialmente crises parciais complexas, mas na actualidade só apresentam auras ocasionais. Em dois doentes têm persistido desde a cirurgia crises parciais complexas raras. Conclusões: Os resultados globais nesta série de doentes submetidos a cirurgia de epilepsia, mostram uma taxa baixa de complicações e um desfecho no que diz respeito ao controlo de crises semelhante ao reportado em séries internacionais. CO08 DBS para o Tratamento da Toxicodependência Refratária à Cocaína A. Gonçalves Ferreira1, F. Simões Couto2, A. Rainha Campos2, L. Lucas Neto3,5, D. Gonçalves Ferreira2, J. Teixeira4, M. M. Rosa5, L . Salgado6, M. Lauterbach7, M.C. Rueff8, H. Raposo9, R. Sequeira9 Serviço de Neurocirurgia, Hospital Santa Maria (CHLN), Lisboa Serviço de Psiquiatria, Hospital Santa Maria (CHLN), Lisboa 3 Serviço de Imagiologia Neurológica, Hospital Santa Maria (CHLN), Lisboa 4 Serviço de Psiquiatria, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa 5 Serviço de Neurologia, Hospital de Santa Maria (CHLN), Lisboa 6 Serviço de Medicina Nuclear, Instituto Português Oncologia, Lisboa 7 Sociedade Portuguesa Ressonância Magnética, HCVP, Lisboa 8 Faculdade de Direito de Lisboa 9 Centro de Atendimento de Toxicodependentes (CAT), Barreiro 1 2 Introdução: A toxicodependência envolve o consumo compulsivo de drogas e episódios de craving muitas vezes refratários à terapia. Surgiu ultimamente evidência da eficácia da Estimulação Cerebral Profunda (DBS) em casos pontuais de dependência ao alcool ou heroína, mas nada foi demonstrado para a dependência à cocaína. O principal objetivo deste estudo consiste em avaliar a eficácia e segurança da DBS na toxicodependência refratária à cocaína. 19 C o m u n i c aç õ e s O r a i s Método: Um doente de 36 anos com história de 14 anos de toxicodependência refratária à cocaína (DSM IV 304.20) e vontade de se tratar (assinou termo de consentimento informado apropriado) foi o primeiro caso admitido para cirurgia de um estudo mais vasto aprovado pela Comissão de Ética do Hospital Santa Maria. A indicação cirúrgica foi confirmada por 2 psiquiatras nomeados pelo Conselho Nacional de Saúde Mental. Com Neuronavegação e Estereotaxia, foram implantados sob anestesia local elétrodos bilaterais (3387 Medtronic®) para atingir de cada lado, com a mesma trajetória intraparenquimatosa, o Núcleo Accumbens, o Núcleo da Estria Terminal e o Ramo Anterior da Cápsula Interna. Fez-se estimulação monopolar intraoperatória a 130hz, 150µs de pulso e 1-6 volts de amplitude. Os elétrodos foram ligados subcutaneamente a um gerador Activa PC®. Não se registou morbilidade operatória. A DBS começou 5 dias após a operação e foi mantida 12 meses com ajustamentos dos parâmetros. Seguiram-se 6 meses de aleatorização duplamente cega da DBS. Resultados e Conclusões: Com a DBS observou-se um aumento marcado de semanas sem consumo (80% versus 40%) com alta percentagem (73% versus 17%) de análises negativas para a cocaína (variáveis primárias). Obteve-se também uma redução generalizada das variáveis secundárias (craving à cocaína, YBOCS, DDQ, ASIX e CGI); não houve efeitos adversos significativos além de aumento ponderal. A DBS constituiu neste caso um recurso seguro e positivo no tratamento da toxicodependência da cocaína refratária à terapêutica, que deve ser confirmado num maior número de casos. CO09 Estimativa do sub-score UPDRS de marcha em doentes parkinsónicos usando um sistema de quantificação 3D de movimento portátil e de baixo custo Ana Patrícia Rocha , Hugo Choupina , José Maria Fernandes , Maria José Rosas , Rui Vaz3, João Paulo Silva Cunha4,2 1 2 1 3 IEETA & Dept. of Elec., Telecom. & Informatics, University of Aveiro, Aveiro, Portugal FEUP, University of Porto, Porto, Portugal 3 Movement Disorders group, S. João University Hospital, Porto, Portugal 4 INESC-TEC Porto, Portugal 1 2 A análise quantificada da marcha humana em doenças do movimento, como a doença de Parkinson (DP), pode oferecer informação relevante para o diagnóstico e apoio à terapêutica destes doentes. No presente trabalho, avaliámos a possibilidade de utilizar um sistema portátil e de baixo custo para estimar de forma automática a severidade de sintomas da DP durante a marcha destes doentes. O sistema “KinecTracker” é constituído por uma câmara RGB-D (Microsoft Kinect), um computador portátil e um software desenvolvido pelos autores, que permite a aquisição de dados de localização 3D de certas articulações de uma pessoa, baseados em informação de profundidade obtida usando um radar de luz infravermelha. Este sistema é portátil, podendo ser montado em poucos minutos em qualquer enfermaria hospitalar. Além disso, tem muito baixo custo quando comparado com os sistemas existentes para análise da marcha, e é pouco intrusivo pois não é necessário colocar nenhum sensor ou refletor de luz nos doentes. Para avaliar a possibilidade de utilizar este sistema no apoio ao diagnóstico e terapêutica da DP, efetuámos uma avaliação de 3 doentes sujeitos ao tratamento DBS, com o estimulador ligado e desligado. A avaliação realizada consistiu em encontrar os parâmetros quantitativos (p. ex. média da velocidade e aceleração das diferentes articulações, e da distância entre articulações simétricas, durante uma sequência de marcha) que melhor se relacionassem com os sub-scores UPDRS de marcha atribuídos por acordo entre dois neurologistas. CO10 Estimulação Cerebral Profunda na Doença de Parkinson - Casuística do Centro Hospitalar e evolução da terapêutica com Levodopa Pedro Moura Branco1, José Manuel Brás1, Joaquim Monteiro1, Ana Calado2 1 2 Serviço Neurocirurgia - Centro Hospitalar Lisboa Central Serviço Neurologia - Centro Hospitalar Lisboa Central Introdução: A estimulação cerebral profunda(ECP) é um tratamento com eficácia comprovada na doença de Parkinson. A sua eficácia imediata é objectivada na redução da dose de levodopa e dos efeitos adversos associados. Procurou-se analisar a casuística do Centro Hospitalar Lisboa Central(CHLC), focando-me no grau de redução da medicação a longo prazo, com análise evolutiva ao longo do tempo. Métodos: Retrospectivamente analisou-se os doentes submetidos a ECP no CHLC entre 2007-2013, recolhendo-se os dados demográficos, complicações cirúrgicas, e a dose medicamentosa no pré-operatório, aos 6, 12,24,36,48 meses. Resultados: 41 doentes foram submetidos a ECP por doença de Parkinson num período de 7 anos. 22 do sexo masculino, com idade média de 61±7 anos, 12anos de evolução da doença, e média 10 anos de medicação em média. 92% dos doentes apresentavam discinesias, e 90% ware off pré-cirurgia. A dose média de equivalentes de levodopa pré-operatória era de 1114 mg/dia. Constatou-se uma redução marcada da medicação no pós-operatório imediato, persistindo alguns efeitos adversos. Foi realizado um estudo comparativo da variação da voltagem e dose diária de levodopa, constatando-se um ajuste progressivo da estimulação. A dose à última avaliação foi de 625,9 mg/dia, com apenas 4 casos de discinesias. 12% dos doentes apresentaram complicações cirúrgicas, apenas um com sequelas permanentes. 6 doentes necessitaram de redução da estimulação por efeitos adversos. Apenas um doente teve uma evolução desfavorável da doença. O Follow-up foi de 3,05 anos Discussão: A estimulação cerebral profunda é uma técnica eficaz na redução da dose de levodopa, com melhoria da rigidez, redução dos efeitos adversos e baixo risco de complicações. O ajuste da estimulação e da terapêutica médica é um processo dinâmico que implica um equilíbrio entre efeitos adversos e eficácia do tratamento. Conclusão: A ECP apresenta vantagem na redução da dose de levodopa e nos efeitos adversos a ela associados. CO11 Efficacy of intrathecal baclofen therapy in severely disabled cerebral palsy patients Alexandra Santos, Carla Reizinho, Miguel Casimiro Serviço de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz O melhor resultado (r = -0.85) foi obtido para a média da distância entre tornozelos, e também para a mediana da velocidade do tornozelo direito, o que demonstra a potencialidade do nosso sistema se tornar uma ferramenta de relevo na avaliação de DP. Background: Cerebral palsy (CP) in industrialized countries has an incidence of 2-3 per 1000 live births. Spastic cerebral palsy is the most common form of this condition. Spasticity can cause pain, sleeping disorders and interference with positioning, transfers, dressing and body hygiene causing a negative impact on patient and caregiver quality of life. Intrathecal baclofen therapy (ITB) has been proved to have efficacy and to be cost-effective in this disease. Estes resultados preliminares terão de ser validados numa série maior que está já a ser preparada. Aims: To study the efficacy and cost/effectiveness of ITB in non-ambulatory patients with spastic cerebral palsy treated in our center. Methods: Retrospective analysis of baclofen pumps implantation for severe spastic CP between 2000 and 2013, including data before and after implantation. Assessments included: modified Ashworth score, Peen spasm frequency score, Gross motor function, manual classification system, EQ-5D and NRS (numeric rating scale) score for several daily-life items. Results: 20 patients received ITB during this period, with average age of 18.75 (range 6-42). 16 patients with minimum follow-up of 12 months (range 1-13 years) were included for statistical analysis. After ITB modified Ashworth score improved from 3.6± 0.5 to 1.9± 0.5 and Peen spasm frequency score improved from 2.0± 1.3 to 0.7± 0.8. There were improvements in hygiene (NRS 7.44±1.24), dressing (NRS 7.53 ± 1.30) and wheelchair posturing (NRS 7.28 ± 2.3). NRS for patient life quality improvement was 8.2±1.5 and for caregiver life quality improvement was 8.1± 1.7. There was an average 0.14 QOL improvement in EQ-5D score, which corresponds to 35248€/QALY. Overall, 100% of ITB patients were satisfied, with NRS 8.3± 1.5 and 87% would go through the procedure again. Conclusions: ITB is effective in reducing spasticity and spams frequency in severally disabled CP patients. This reduction facilitates daily life activities, which improves patient and caregiver life quality. 20 21 C o m u n i c aç õ e s O r a i s CO12 Compressão com balão enquanto tratamento de recidivas de nevralgia do trigémio Pedro Moura Branco, José Manuel Brás, Joaquim Monteiro CO14 Mapeamento não-invasivo da linguagem com recurso a paradigmas sem tarefa: uma inovação em ressonância magnética funcional Serviço Neurocirurgia - Centro Hospitalar Lisboa Central Paulo Branco1,2, São Luís Castro2, Stefan Sunaert3, Daniela Seixas1,4 Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Portugal Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto 3 Medical Imaging Research Center, KU Leuven, Belgium 4 Serviço de Imagiologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho 1 Introdução: A nevralgia do trigémio idiopática é uma doença cujo tratamento é médico. Nos doentes refractários, pode existir indicação para tratamento cirúrgico. Dentro dos tratamentos cirúrgicos, a escolha depende das características do doente e da experiência do cirurgião podendo-se optar pelas técnicas percutâneas ou pela microdescompressão vascular (DV). Neste trabalho o autor apresenta a revisão dos doentes operados a esta patologia entre 1999 e 2013 no Centro Hospitalar Lisboa Central, com especial enfoque na técnica percutânea - microcompressão - procurando avaliar a sua eficácia como 1º tratamento ou como tratamento de recidivas. Resultados: 90 doentes foram submetidos a 130 intervenções. 55% do sexo feminino, com idade média de 60±13,5 anos. As técnicas utilizadas foram a DV (38 doentes), microcompressão do gânglio de Gasser (MC)(90 doentes) e rizólise por radiofrequência (RF)(2 casos). 15 doentes obtiveram alívio por menos de 6 meses após a primeira cirurgia, 10 deles sem qualquer benefício. 9 doentes realizaram 3 ou mais procedimentos. Do total das MC, 56 foram primeiro tratamento, 28 tratamento de recidivas (8 pós DV e 1 pós RF, restantes pós MC). Em todas as falências cirúrgicas realizou-se MC com tempo sem dor superior a um ano (100%). Em 24/28 doentes constatou-se um tempo livre de doença superior na segunda intervenção em relação à primeira, independente da técnica prévia. O tempo sem dor neste grupo foi 6,6 anos. Apenas 7 doentes realizaram 3º tratamento. Discussão: Avaliou-se o grau de eficácia da MC no tratamento da nevralgia do trigémio, comparando-se o tratamento de primeira linha com o tratamento de recidivas. Constatou-se a MC se revela eficaz nas recidivas independentemente do tratamento prévio, com tempo livre de doença de pelo menos 6 anos. É desta forma importante considerar este tratamento numa situação de recidiva. Conclusão: A MC é uma terapêutica percutânea eficaz, que pode ser repetida e que traz benefícios nas recidivas de nevralgia. CO13 Monitorização neurofisiológica intraoperatória do nervo facial na microdescompressão vascular para tratamento de espasmo hemifacial - nota técnica num vídeo-caso clínico Pedro Santos Silva1, António Vilarinho1, Clara Chamadoira1, Fernando Silveira2, Rui Vaz1 Serviço de Neurocirurgia Centro Hospitalar S. João1 e Neurofisiologia Centro Hospitalar S. João2 Introdução: A monitorização do nervo facial é essencial no tratamento microcirúgico do espasmo hemifacial, além disso a existência de resposta anómala verificada previamente à cirurgia e o seu desaparecimento intraoperatório após a microdescompressão é um dado relacionado com bons resultados pósoperatórios. Procuramos ilustrar num caso clínico como a utilização deste tipo de monitorização pode alterar a estratégia cirúrgica. Caso clínico com vídeo cirúrgico: Homem de 60 anos com espasmo hemifacial esquerdo e evidência imagiológica de contacto de ansa vascular da artéria cerebelosa anterior inferior na parte superior da origem do nervo facial esquerdo. Submetido a microdescompressão vascular com monitorização intraoperatória dos nervos facial e coclear. Durante a cirurgia foi identificada a ansa vascular que se observava em estudo com RM cerebral e efectuada descompressão com placa de Teflon, com desaparecimento da resposta anómala do nervo facial. Após remoção de afastador autoestático do hemisfério cerebeloso e encerramento dural a resposta motora anómala regressou com a mesma amplitude inicial. A valorização deste achado provocou a reinspecção microcirúrgica e a identificação de outra compressão, pela artéria vertebral, na parte inferior da origem do nervo facial. Efectuou-se nova descompressão com melhora persistente da resposta motora anómala. No pós-operatório observou-se melhora clínica inequívoca com espasmos hemifaciais residuais. Conclusão: Pretendemos com esta nota técnica ilustrar a importância da monitorização neurofisiológica intraoperatória nesta patologia não apenas como mero adjuvante mas como determinante activo na resposta terapêutica microcirúrgica. 2 Introdução e Objectivos: A ressonância magnética funcional, RMf, é uma técnica de neuroimagem para o estudo das funções cerebrais. Uma das suas aplicações clínicas mais comuns é o mapeamento pré-operatório da linguagem, importante para a preservação desta função após a cirurgia. Este exame é normalmente realizado estudando a resposta hemodinâmica cerebral durante a execução de uma ou várias tarefas. Estes protocolos têm várias limitações, nomeadamente o tempo longo de aquisição, a sua dependência na colaboração do doente e a violação de pressupostos estatísticos. Existem ainda limitações conceptuais uma vez que a execução de uma tarefa não implica a evocação de todas as áreas da linguagem (baixa sensibilidade). O objectivo do nosso estudo foi testar a exequibilidade de mapear as áreas da linguagem por RMf sem recurso a tarefa. Métodos: Foram estudados dezoito doentes com lesões cerebrais, comparando RMf convencional com tarefa de fluência semântica com RMf de repouso (sete minutos de aquisição) em aparelho de RM de 3T. As redes da linguagem foram extraídas com recurso a padrões de conectividade funcional, utilizando análise de componentes independentes. Foi ainda feita uma análise de conectividade estrutural (tractografia) para identificar as conexões entre as áreas observadas. Resultados: Os resultados sugerem que um protocolo sem tarefa consegue replicar os resultados encontrados em protocolos tradicionais, existindo uma forte sobreposição (k = .35) entre os resultados das duas técnicas. A análise de conectividade estrutural acrescenta significado a este resultado, na medida em que confirma que as regiões encontradas estão estruturalmente conectadas através de fascículos descritos na literatura, como é o caso do fascículo arqueado e do fascículo aslant. Conclusões: Estes resultados demonstram a possibilidade de utilização desta nova técnica de RMf para mapear a linguagem de forma rápida, sem execução de tarefa, ideal para doentes pouco ou não colaborantes, como crianças, doentes anestesiados, em coma ou com défices neurológicos, podendo inclusive ser usada para guiar o estudo de conectividade estrutural (tractografia) para identificar os fascículos envolvidos na linguagem. Estes dados podem ser inseridos num sistema de neuronavegação de forma a auxiliar a intervenção neurocirúrgica. CO15 Abordagem Endoscópica Transventricular para o tratamento de Quisto Aracnoideu do Ângulo Ponto-Cerebeloso Amets Sagarribay Irañeta1, Miguel Correia1, Mário Matos1, António Baptista1, Carla Conceição2 1 2 Unidade de Neurocirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia Unidade de Neurorradiologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia Introdução: Os quistos aracnoideus (QA) representam aproximadamente 1% das lesões intracranianas, sendo que 5 - 10% se localizam no ângulo pontocerebeloso (APC), representando 0,4 - 0,8% de todas as lesões do APC. O seu diagnóstico tem vindo a aumentar devido ao acesso facilitado aos estudos de TC ou RM e frequentemente são achados imagiológicos detectados em exames de rotina. No que se refere ao tratamento dos QA, existe alguma controvérsia, sendo o tratamento conservador com monitorização regular por exames de imagem aconselhável. Quando os QA causam sinais e/ou sintomas devem ser tratados. São varias as opções cirúrgicas descritas na literatura: abordagem microcirúrgica clásica com remoção parcial e marsupialização; a derivação para espaço subaracnoideu ou peritoneu; e a fenestração por estereotaxia ou endoscopia. Métodos: A abordagem endoscópica transventricular pode ser uma via alternativa para a fenestração de QA do APC quando (1) existe dilatação do sistema ventricular que permita a introdução/passagem segura do endoscópico e (2) a parede anterior do quisto se localize na metade antero - superior do APC. Esta via permite uma ventriculostomia do terceiro ventrículo, com visualização da parede anterior do quisto e a fenestração para a cisternas da base. Os autores descrevem esta técnica usada num lactente com um QA do APC à esquerda, com recurso à revisão de literatura na base de dados Pubmed/MEDLINE. 22 23 C o m u n i c aç õ e s O r a i s Resultados: Os autores apresentam o caso de uma lactente de 5 meses de idade com macrocefalia progressiva, aumento da tensão da fontanela e síndrome de Parinaud. A TC e RM evidenciaram um volumoso QA do APC à esquerda, com compressão do tronco cerebral e hidrocefalia obstructiva. Abordámos a lesão através da fontanela anterior, realizando uma ventriculostomia do III ventrículo e fenestração da parede anterior do quisto. Durante o procedimento foi detectado um pequeno aneurisma da artéria cerebelosa antero-inferior que não representou um obstáculo para a continuidade da intervenção. A doente teve uma boa evolução pós-operatória com recuperação do síndrome de Parinaud e sem sinais de hipertensão intracraniana. Apresenta-se neste trabalho as imagens pré e pós-operatórias assim como o vídeo do procedimento. CO18 Correcção Endoscópica Transnasal de fístula de LCR espontânea. Video Cirúrgico Conclusões: A abordagem endoscópica transventricular pode ser uma boa opção para a fenestração endoscópica de alguns QA do APC, quando estes se associam a dilatação ventricular e têm a parede anterior do quisto na porção anterior e média do APC. É um procedimento eficaz e seguro, que evita a disseção do complexo do VII-VIII pares cranianos assim como dos pares cranianos baixos. Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar S. João, Porto CO16 Tumores intraventriculares em idade pediátrica - revisão de 13 anos de casuística do Hospital Garcia de Orta A abordagem endoscópica transnasal, largamente utilizada em NC na patologia hipofisária, tem-se afirmado como uma técnica em franco crescimento, com um leque cada vez mais vasto de aplicações. O tratamento de fístulas de LCR por esta via é um procedimento minimamente invasivo, seguro e eficaz (minimizando a morbilidade associada a uma craniotomia, geralmente bifrontal) e com taxas de sucesso elevadas descritas na literatura. A aplicação da endoscopia ao tratamento desta patologia tem vindo a apresentar um número de indicações crescente, podendo inclusivamente ser a solução em casos de fístulas refractárias a uma (ou várias) cirurgias transcranianas. Os autores apresentam um caso de tratamento endoscópico de fistula de LCR do andar anterior (espontânea) bem sucedido após cirurgia craniana falhada: Vitor Castro, Rui Manilha, Pedro Pais, Vitor Gonçalves, Andreia Amorim, Joana Boleo Tomé, Paula Rodeia, Manuel Cunha e Sá Mulher de 46 anos, sem antecedentes patológicos relevantes, internada por meningite - apresentava rinorráquia com 2 semanas de evolução; sem história traumática prévia. Submetida inicialmente a craniotomia bifrontal para exploração e plastia do andar anterior - teve recorrência de fístula algumas semanas após a cirurgia. Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta A abordagem endoscópica transnasal (efectuada dez meses após a primeira cirurgia) permitiu a visualização de aracnoidocelo pelo defeito ósseo da parede posterior do seio esfenoidal/região selar e correcção cirúrgica/plastia do mesmo. O video cirúrgico que apresentamos permite a visualização destes aspectos bem como a referência a alguns pormenores técnicos da abordagem. Os tumores cerebrais correspondem a 23% dos tumores em idade pediátrica, sendo que cerca 10% dos tumores do sistema nervoso central são intraventriculares. Os tumores intraventriculares são tipicamente tumores de crescimento lento, manifestando-se clinicamente sob a forma de hidrocefalia a que na maioria dos casos se associam. Apesar de alguns poderem ser malignos, grande parte dos tumores intraventriculares são lesões benignas, o que torna fulcral o diagnóstico anatomo-patológico. No caso dos tumores benignos o seu tratamento passa pela exérese total ou o mais alargada possível, sendo que nos restantes a quimioterapia e/ou radioterapia têm um papel central. Tumores específicos são mais frequentemente encontrados em localizações específicas, sendo os papilomas do plexo coroideu e os ependimomas mais frequentes no ventrículo lateral, os astrocitomas, germinomas e craniofaringiomas no III ventrículo, e astrocitomas, meduloblastomas e ependimomas no IV ventrículo. O presente trabalho propõe-se a rever os doentes com idade pediátrica (até aos 18 anos) operados no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta entre 2000 e 2013 , com follow-up mínimo de 1 ano. Os dados foram analisados tendo em conta as características demográficas, apresentação clínica e imagiológica, localização topográfica, técnica cirúrgica, tratamentos complementares, morbilidade e mortalidade. A cirurgia e o pós-operatório decorreram sem intercorrências. A doente mantém-se sem fístula de LCR (7 meses de follow-up até à data). CO17 Quistos aracnoideus: experiência cirúrgica no HSM nos últimos 5 anos Inês Silva; Alexandre Rainha Campos; Cláudia Faria; José Miguéns Serviço de Neurocirurgia do HSM-CHLN Introdução: Os quistos aracnoideus (QA) são malformações intra-aracnoideias preenchidas por líquido cefalo-raquidiano (LCR). A sua origem e evolução são ainda pouco compreendidas, o que contribui para que exista pouco consenso quanto às indicações terapêuticas. A maioria dos QA é diagnosticada acidentalmente e terá um curso assintomático ao longo da vida; mas alguns desenvolvem manifestações clinicas, como macrocrania ou hipertensão intracraniana (HTIC). Objetivo: Estabelecer quais as indicações cirúrgicas para os quistos aracnoideus. Material e Métodos: Estudo retrospetivo dos casos operados no Serviço de Neurocirurgia do HSM, entre 2008 e 2012, relativamente às suas indicações cirúrgicas e resultados pós-cirúrgicos. Resultados: Foram operados 22 QA (18 supra-tentoriais, 4 infra-tentoriais), entre 2008 e 2012, com idade média de 13,4 anos (6 meses a 81 anos), sendo 7 do sexo feminino e 15 do sexo masculino. A manifestação clinica mais frequente foi macrocrania (50% do total, 68,75% dos doentes pediátricos), seguida de cefaleias (18,2%), sinais neurológicos focais (13,6%), HTIC (13,6%) e epilepsia (13,6%). Realizaram-se 27 cirurgias, sendo 23 abordagens endoscópicas, 2 colocações de shunt e 2 craniotomias. A maioria dos doentes teve melhoria sintomática após a cirurgia, mas houve necessidade de nova cirurgia em 4 dos casos. Verificaram-se 8 complicações pós-operatórias (lesão temporária do III par, 2 higromas sub-durais, 1 hematoma sub-dural, 2 casos de meningite, convulsão focal da face e fistula de LCR), com resolução completa. Conclusões: A decisão cirúrgica nos QA é clara nas situações em que uma relação causa-efeito é facilmente estabelecida, como no caso de HTIC ou sinais neurológicos focais, mas torna-se mais difícil em situações de cefaleias ou crises convulsivas em que aquela é mais ténue, que necessitam de uma decisão individualizada. A melhor técnica cirúrgica para a abordagem destes quistos é outro tópico de discussão, sendo as duas mais utilizadas a fenestração endoscópica e a colocação de shunt cisto-peritoneal. 24 Patrícia Polónia, Pedro Santos Silva, Bruno Carvalho, Josué Pereira, Rui Vaz CO19 HYDROCEPHALUS - From nature to pathology Understanding the influence of the basilar arterial pulse in the CSF mechanical behavior: a computational approach José Artur Lourenço1, João Amorim2, João Apura2, Miguel Mendes2, Jorge Tiago2, Adélia Sequeira2 1 2 Departamento de Neurocirurgia, Hospital Distrital de Faro Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa Keywords: Mathematical modelling, CSF dynamics The mathematical modelling and simulation of CSF dynamics can be used as a non-invasive tool using fluid-structure interaction (FSI) in order to properly capture the compliance and pressure absorption that is believed to be a key role of the CSF fluid and related to the appearance of hydrocephaly. The interaction between the high pressure pulsatile cerebrovascular system and the ventricular system has to be looked act when dealing with the CSF pathology. The intra -cranial CSF can act as a pressure buffer providing a physical bypass to the pulse waves created by the heart beat and so protecting the delicate cerebral microcirculation from that continuous stress. In this work we present an idealized three-dimensional model describing the CSF fluid inside the brain ventricular system. We aim to understand the influence of the dynamics of the floor of the third ventricle, associated to blood flow within the basilar artery, on the increase of pressure measured on the lateral ventricles. To this end, we simulate different scenarios, including the dilation of the ventricles, and the narrowing of the aqueduct. The numerical simulations show an important increase of pressure due to the aqueduct narrowing, and indicate that the ventricle´s expansion can initially be a relaxation response as it results in a decrease of pressure measured on the ventricles walls. References [a] Harold L. Rekate. A consensus on the classification of hydrocephalus: it’s utility in the assessment of abnormalities of cerebrospinal fluid dynamics. Childs Nervous System, 2011 [b] Leonardo Rangel-Castilla. The Role of Endoscopic Third Ventriculostomy in the Treatment of Communicating Hydrocephalus. World Neurosurgery, 2012 [c] Magnus Tisell, M.D., Ph.D., Mats Tullberg, M.D., Ph.D. Shunt surgery in patients with hydrocephalus and white matter changes. Journal of Neurosurgery, 2011 [d] Park EH, Eide PK, Zurakowski D, Madsen JR. Impaired pulsation absorber mechanism in idiopathic normal pressure hydrocephalus. Journal of Neurosurgery, October 2012. 25 C o m u n i c aç õ e s O r a i s CO20 Reconstrução de Imagem em Neurocirurgia: uma magnífica perda de tempo ou um excelente modo de aprender? Pedro Alberto Silva, Bruno Carvalho, Pedro Santos Silva, Rui Vaz Foram revistos de forma retrospectiva os processos clínicos tendo em conta a idade, sexo, mecanismo de HSDAg, antiagregação/hipocoagulação, GCS à entrada, complicações/reoperação, mortalidade e GOS na alta/em consulta. Dos 59 doente elegíveis para o estudo 30 (51%) são do sexo masculino, 33 (56%) encontravam-se antiagregados/hipocoagulados, sendo traumatismo craniano o mecanismo mais frequentemente implicado (44, ou 74%). 11 (19%) dos doentes foram reoperados. A mortalidade global foi de 40.7%, com GCS médio à entrada de 9.9 e GOS médio no seguimento de 4.2. Entre os 65 e 74 anos a mortalidade foi de 24% (doentes com GCS médio à entrada de 8.4) e GOS médio no seguimento dos sobreviventes de 4.7. Entre os 75 e 84 anos a mortalidade foi de 44% (doentes com GCS médio à entrada de 7.6) e GOS médio no seguimento dos sobreviventes de 3.9. Acima dos 85 anos a mortalidade foi de 53% (doentes com GCS médio à entrada de 10.7) e GOS médio no seguimento dos sobreviventes de 4.0. Conclui-se que o estudo vai ao encontro da literatura publicada, tanto em termos de mortalidade como da idade avançada como factor de mau prognóstico. Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar de S. João Introdução: A prática da Neurocirurgia vem nas últimas décadas a viver uma constante evolução, em parte através da aplicação de novas tecnologias no ambiente do bloco operatório. A preparação para o acto cirúrgico em si, através do processamento de informação radiológica e sua correlação com a anatomia neurocirúrgica, permite prever aspectos técnicos específicos e prevenir complicações, e torna-se assim uma fase insubstituível do tratamento. Métodos: Dez casos clínicos de doentes portadores de patologia intracraniana do foro vascular e oncológico, com procedimentos cirúrgicos precedidos de planeamento cirúrgico com reconstrução imagiológica tridimensional a partir de Tomografia Computorizada ou Ressonância Magnética, são revistos com vista à revisão crítica das aplicações para este método, das suas limitações e indicações. Resultados: A reconstrução de imagem em Neurocirurgia permite, entre outros, trabalhar o planeamento do acesso microcirúrgico, reconhecer as relações vasculares de lesões cerebrais e a sua correlação intra-operatória, definir limites corticais de tumores menos diferenciáveis, limitar a agressão cortical em lesões subcorticais e orientar a anatomia vascular de acordo com o posicionamento e acesso cirúrgicos. Discussão: A reconstrução tridimensional de imagem contribui para o conhecimento neuroanatómico individual do doente, e permite assim minorar algumas dificuldades inerentes a diferentes procedimentos dentro do foro da Neurocirurgia. CO21 Hematoma extradural supra e infratentorial Carlos Umberto Pereira, Marcelo Barreto Barbosa, Antonio Carlos Silveira Azevedo, Franklin Roberto Pereira Borges Junior, Débora Moura da Paixão Oliveira Universidade Federal de Sergipe Introdução: O hematoma extradural da fossa posterior (HEDFP) ocorre entre 4% a 7% do hematoma extradural. Encontra-se associado a traço de fratura linear do osso occipital, ocasionando ruptura do seio transverso ou sigmoideo. Os autores apresentam uma série de casos de HEDFP com expansão supratentorial. Pacientes e métodos: O presente trabalho é retrospectivo e descritivo. Foram analisados 14 pacientes com HEDFP de apresentação mista. Resultados: Dos 14 pacientes, 12 do gênero masculino e dois feminino. A média das idades foi de 26,2 anos. Acidente de trânsito foi a principal causa, seguida de queda acidental e agressão física. Escore na escala de coma de Glasgow variou entre 8 e 14. Cefaléia e vômitos foram os principais achados clínicos. Exame de rx simples de crânio demonstrou traço de fratura em (8/10) 80% dos casos. Tomografia de crânio demonstrou traço de fratura e hematoma extradural mista em todos pacientes e ressonância magnética um caso. Cirurgia foi realizada em 12 e conservador em dois. Dois pacientes foram a óbito. Conclusão: Na presença de fratura no osso occipital, deve-se suspeitar de HEDFP de forma mista. Exames de imagens são importantes no diagnóstico e conduta. CO22 Tratamento cirúrgico de hematomas subdurais agudos do doente idoso - revisão da casuística do Serviço NC-HGO entre 2008 e 2012 Pedro Pais, Vítor Castro, Vítor Gonçalves, Rui Manilha, Manuel Cunha e Sá Serviço Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta Com o envelhecimento da população o HSDAg no doente idoso revela-se um problema clínico cada vez mais frequente na prática Neurocirúrgica. Contudo, o tratamento cirúrgico destes doentes é ainda controverso. Os estudos têm demonstrado taxas de mortalidade que chegam a 90% e resultados funcionais pobres, com a grande maioria destes demonstrando uma relação clara entre idade avançada e piores resultados, tanto vitais como funcionais. Neste trabalho apresentamos uma revisão dos doentes com idade superior a 65 anos operados na nossa instituição a HSDAg no período compreendido entre Jan/2008 e Dez/2012. 26 CO23 Papel da Ressonância Magnética de Fluxo de LCR em doentes operados a Síndrome de Chiari I com cavidade siringomiélica Joana Silva1, Carina Reis2, Telma Santos3, Paulo Pereira1, Rui Vaz1 Serviço Neurocirurgia, Hospital São João Serviço Neuroradiologia, Hospital São João 3 Serviço Neurologia, Hospital Santos Silva, V.N. Gaia 1 2 Introdução: A alteração do fluxo de LCR parece ser um mecanismo essencial no desenvolvimento e progressão da cavidade siringomiélica nos doentes com malformação de Chiari tipo I. Na literatura, é reportado que a descompressão crânio-cervical no tratamento do Chiari tipo I e siringomielia falha em 10 a 40% dos doentes. Os estudos de Ressonância Magnética de Fluxo de LCR fornecem informação qualitativa e quantitativa sobre os padrões e dinâmica de fluxo de LCR, tanto no forâmen magno, como espaço subaracnoideu cervical anterior e posterior e também sobre o fluxo dentro da cavidade siringomiélica, podendo predizer o potencial de expansibilidade desta cavidade. Na bibliografia existem relatos de 26 casos com recidiva de sintomas em doentes operados a Síndrome Chiari I, em que a RM de fluxo foi útil para detetar o local de obstrução do fluxo de LCR, podendo ajudar no planeamento da nova cirurgia. Métodos: Revisão retrospetiva dos doentes com Chiari I e cavidade siringomiélica operados entre 2005 e 2013, comparando-se o fluxo de LCR no forâmen magno, dentro da cavidade siringomiélica e nos espaços subaranoideus anterior e posterior, no pré e pós-operatório e correlação com a clínica. Resultados: Obtivemos um total de 12 doentes com idades compreendidas entre os 8 e 59 anos. A clínica de apresentação foi cefaleias em 3 doentes, alterações de sensibilidade em 6 e défice de força muscular em 6. Numa análise qualitativa, ocorreu em todos os doentes uma melhoria das alterações prévias do fluxo de LCR, quer pelo desaparecimento ou redução do fluxo dentro da cavidade quer pela circulação no espaço subaracnoideu anterior e posterior. Clinicamente, ocorreu melhoria das cefaleias em todos os doentes e recuperação parcial dos défices sensitivo-motores em 3 casos (dos 5 com desaparecimento completo do fluxo dentro da cavidade). Conclusões: Embora sem absoluta correlação com a clínica, consideramos importante nesta patologia a realização de estudo de fluxo de LCR pré e pósoperatório, nomeadamente para a orientação dos casos com pior resposta clinico-imagiológica e decisão de eventual reoperação. CO24 Processo de decisão no tratamento das malformações congénitas da charneira occipito-cervical - a propósito de 3 casos clínicos Alexandra Santos, Miguel Brito, Ana Luís, Carla Reizinho, Miguel Casimiro Serviço de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz Introdução: A charneira occipito-cervical pode ser divida em dois componentes tendo em conta a sua origem embriológica, relações anatómicas e função: um pilar central, que inclui a apófise odontoide, o corpo de C2 e o clivus, e dois anéis concêntricos que circunscrevem o pilar central – o anel do foramen magnum e o atlas. As malformações congénitas desta região podem afectar um ou ambos dos seus componentes e manifestar-se por instabilidade e/ou compressão neurológica. Os autores fazem uma sistematização da embriologia e anatomia da charneira occipito-vertebral propondo um organigrama de decisão terapêutica, usando como exemplo 3 casos clínicos. 27 C o m u n i c aç õ e s O r a i s Métodos: Foi realizada uma revisão da literatura e análise retrospetiva de 3 casos de malformações da charneira occipito-cervical através da colheita dos dados clínicos, imagiológicos, tratamento cirúrgico e outcome cirúrgico. Foi feita uma correlação dos dados colhidos de modo construir um organigrama de decisão terapêutica para casos futuros. Resultados: Os três doentes foram operados na idade adulta. Dois apresentaram-se com quadro de mielopatia progressiva e a outro doente com cervicalgias e alterações sensitivas dos membros superiores. Imagiologicamente dois doentes apresentavam anomalias do proatlas – assimilação do atlas – um dos quais associado a impressão basilar. O terceiro doente apresentava disgenesia basioccipital - platibasia, invaginação do opisthion e volumosa cavidade seringomiélica cervico-dorsal. Nos doentes com assimilação do atlas foi realizada fixação occipito-cervical posterior, que no caso do doente com impressão basilar foi associada a odontoidectomia por via endonasal. No caso de platibasia e invaginação do opisthion foi realizada descompressão posterior. No período pós-operatório todos os doentes apresentaram melhoria clínica e imagiológica. Conclusões: A escolha da terapêutica cirúrgica adequada para as malformações congénitas da charneira occipito-cervical deve ter em conta o componente envolvido, a presença de instabilidade mecânica e/ou de compressão neurológica. CO25 Tratamento Cirúrgico de Patologia Traumática da Charneira Crânio-Cervical no Idoso Luís Marques, Carla Reizinho, Vitor Dâmaso Oliveira, Joaquim Pedro Correia, Miguel Vasconcelos Casimiro Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: A traumatologia da coluna vertebral cervical, e em especial da charneira crânio-encefálica, apresenta elevado risco de morbilidade e até mortalidade. Os tratamentos cirúrgicos disponíveis têm vindo a evoluir rapidamente com técnicas cada vez mais seletivas, seguras e com capacidade de preservação parcial do movimento. Por outro lado, assiste-se à redução do casos de trauma de alta energia típica do jovem-adulto, e o aumento concomitante da trauma cervical de baixa energia típica dos doentes de idade avançada. Adicionalmente o aumento da esperança média de vida, vem aumentar a frequência desta patologia colocando aos cirurgiões de coluna importantes desafios no tratamento destes doentes. Objectivos: Pretende-se reportar retrospectivamente a casuística cirúrgica do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz em patologia traumática da charneira crânio-cervical em doentes com idade avançada (acima de 70 anos), de Janeiro de 2010 até Janeiro de 2014. Resultados: Foram registadas 10 cirurgias em 9 doentes (5 do sexo feminino), com idades compreendidas entre os 72 e os 89 (média 82 anos). As patologias verificadas dividiam-se por: 5 doentes com fractura tipo II da odontoide; 2 com fractura de C2 tipo Hangman; 1 com fractura tipo III da odontóide (que se verificou ser instável após tratamento conservador); e 1 doente com luxação traumática C1-C2. Todos se apresentaram sem défices neurológicos (Frankel E, ASIA E). A abordagem anterior foi realizada em 4 ocasiões (2 com parafuso único à odontóide e 2 por discectomia e artrodese C2-C3 com espaçador e placa). A abordagem posterior foi realizada em 6 cirurgias: 4 com fixação C1-C2 tipo Harms/Goel; em 2 desses casos a construção foi completada com técnica de aramagem de Gallie e noutro com extensão às massas laterais de C3 e também com aramagem de Gallie: num doente foi feita fixação às massas laterais de C1-C3-C4-C5 (por anatomia desfavorável de C2); outro com fixação C0-C2 (pars). Como complicações cirúrgicas precoces de referir malposicionamento de parafuso da pars interarticularis de C2 e no follow-up tardio de referir a falência do parafuso anterior à odontoide, com necessidade de fixação posterior (C1C2). O período médio de internamento total foi de 14,8 dias (11 dias de período pós-operatório). Não foi reportada morbilidade neurológica nem mortalidade. Conclusões: As técnicas cirúrgicas para tratamento de patologia traumática da charneira crânio-cervical podem ser aplicadas em doentes de idade avançada de forma eficaz segura e com reduzida morbilidade. Configuram, assim, uma excelente alternativa ao tratamento conservador, raramente inócuo nesta faixa etária. CO26 Monitorização Neurofisiológica Intraoperatória da função medular no tratamento cirúrgico de patologia vértebro-medular Métodos: Numa análise retrospectiva de 9 doentes (5 homens, 4 mulheres, idade média 51 anos) submetidos aos seguintes tipos patologia vertebro-medular: duas osteotomias, seis remoções de tumores intradurais, dois extramedulares e quatro intramedulares. As técnicas de MNIO realizadas em todos os doentes foram: os potenciais evocados somatossensitivos (PESS) e motores elicitados transcranealmente (PEMtc). Ocasionalmente, e quando necessário foram utilizadas técnicas de electromiografia de varrimento livre (EMGv), electromiografia com registo após estimulo eléctrico (EMGt), e registo de onda directa corticoespinal medular (Onda D). As alterações neurofisiológicas pré-estipuladas como indicativas de alerta foram: uma redução em 50% na amplitude dos PESS, dos PEM e da onda D comparativamente ao registo realizado no início da cirurgia, assim como, actividade de longa duração e de alta frequência no EMGv (A trains), e resposta motora superior a 30uV após estimulo no EMGt. Resultados: Em 66% dos doentes registaram-se alterações neurofisiológicas das quais: 22% ocorreram durante a colocação de intrumentação pedicular; em outros 22% ocorreu a queda ou perda de PEM reversivel, e corrigida com aumento da pressão arterial, aplicação de soro morno e vasodilatador local; e os restantes 22% apresentaram uma perda de PEM simultânea com PESS que reverteu após correção de situação hemodinâmica dos doentes. Conclusão: Nenhum doente (0%) apresentou défice neurológico acrescido após a cirurgia. A preservação dos elementos neurofisiológicos obtidos no inicio da cirurgia são sugestivos de função neurológica preservada. Referências bibliográficas 1 – Deletis, V; Sala, F. Intraoperative neurophysiological monitoring of the spinal cord during spinal cord and spine surgery: a review focus on the corticospinal tracts. Clin Neurophysiol. 2008 Feb;119(2):248-64. 2 – Sala, F; Bricolo, A; Faccioli, F; Lanteri, P; Gerosa, M. Surgery for intramedullary spinal cord tumors: the role of intraoperative (neurophysiological) monitoring. Eur Spine J. 2007 Nov;16 Suppl 2:S130-9. CO27 Tratamento Cirúrgico de Patologia Traumática da Coluna Cervical Sux-axial no Idoso Luís Marques, Carla Reizinho, Miguel Vasconcelos Casimiro, Joaquim Pedro Correia, Gonçalo Neto d’Almeida Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: A traumatologia da coluna vertebral cervical sub-axial apresenta elevado risco de morbilidade e mortalidade. Os tratamentos cirúrgicos disponíveis têm vindo a evoluir rapidamente com técnicas cada vez mais seletivas. Nos doentes de idade avançada as alterações degenerativas Por outro lado, assiste-se à redução dos casos de trauma de alta energia típica do jovem-adulto, e o aumento concomitante da trauma cervical de baixa energia típica dos doentes de idade avançada. O aumento da esperança média de vida, vem aumentar a frequência desta patologia colocando aos cirurgiões de coluna grandes desafios no tratamento destes doentes. Objectivos: Pretende-se reportar retrospectivamente a casuística cirúrgica do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz em patologia traumática da Coluna Cervical Sub-axial em doentes com idade avançada (acima de 70 anos), de Janeiro de 2010 até Janeiro de 2014. Resultados: Neste período foram realizadas 18 cirurgias (em 14 doentes), a maioria do sexo masculino (80%) e com idades compreendidas entre os 71 e os 85 anos (média de 75,8). A maioria dos doentes (8) apresentavam instabilidade/luxação pós-traumática sem sinais de fractura e nos restantes luxação associada a fractura somáticas ou articulares (6). Frequentemente verificavam-se características compatíveis com Epondilite Anquilosante Senil (DISH – Diffuse Idiopathic Skeletal Hyperostosis). Neurologicamente apresentavam-se em bom estado em 8 cirurgias (Frankel D e E), com lesões intermédias em 6 cirurgias (Frankel C) e com lesão motora completa em 4 cirurgias (Frankel A e B). A abordagem foi anterior em 14 cirurgias, 3 por via posterior e 2 apenas por via combinada (360º) no mesmo tempo cirúrgico. Foram registadas complicações precoces (1 infecção superficial da ferida operatória, 1 hemotoma cervical cirúrgico, 1 pull-out dos parafusos com revisão cirúrgica) e tardias (manutenção da compressão num doente re-operado posteriormente, aumento da listese e 1 pull-out dos parafusos com revisão cirúrgica). Registou-se mortalidade num doente de 78 anos com mau estado geral prévio e fractura C6-7 oblíqua abordada inicialmente por via posterior para descompressão em 2º tempo por via anterior para fixação. Após 2 meses na UCI acabaria por falecer por falência multi-orgânica. Conclusões: O tratamento da traumatologia Cervical Sub-axial no idoso é complexo e a eficácia determinada em grande parte pelo status prévio do doente, quer neurológico quer médico (co-morbilidades). O objectivo principal é a descompressão neurológica e secundariamente a fixação vertebral nos casos de instabilidade. Nesse sub-grupo, o maior dilema será o de adoptar a menor agressão cirúrgica possível para obter a máxima estabilidade vertebral necessária, pelo elevado risco de falência dos implantes metálicos. Leote, João; Gonçalves, Vitor; Grádil, Cátia; Amorim, Andreia; Castro, Vitor; Manilha, Rui; Tomé, Joana; Cunha e Sá, Manuel Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta, Almada Introdução: Nos últimos 10 anos ocorreu um aumento do número de estudos clínicos que evidênciam a importância da monitorização neurofisiológica intraoperatória (MNIO) da função medular durante a cirurgia raquidiana como uma ferramenta útil na prevenção de complicações neurológicas1,2. Objectivo: O presente estudo pretende quantificar a frequência de eventos neurofisiológicos susceptíveis de modificação da abordagem cirúrgica pelo neurocirurgião. 28 29 C o m u n i c aç õ e s O r a i s CO28 Experiência Inicial do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta na Cirurgia Navegada da Coluna Vertebral CO30 Artrodese Cervical Anterior a um nível, com uso de “cage” em PEEK Rui Manilha, Pedro Pais, Vitor Castro, Vitor Gonçalves, Bruno Santiago, Manuel Cunha e Sá Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar de São João Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta A instrumentação do ráquis tem sofrido grandes avanços nas últimas décadas, com as fixações transpediculares a serem usadas na grande maioria dos casos. De facto, os parafusos transpediculares são usados rotineiramente nas instrumentações toraco-lombares e, recentemente, também nas instrumentações cervicais. As técnicas convencionais para colocação destes parafusos, que usam referencias anatómicas em conjunto com o intensificador de imagem, têm revelado algum grau de imprecisão, dependente da experiência do cirurgião e complexidade da patologia. A possibilidade de combinar imagens tridimensionais com sistemas de navegação intra-operatórios tem vindo a melhorar a acuidade e a segurança, principalmente nas deformidades mais complexas. No entanto, existem diversos aspectos na utilização deste tipo de navegação que interferem com a curva de aprendizagem da cirurgia navegada da coluna. Reportamos a experiência inicial do Serviço na utilização do O-Arm (Medtronic). Revemos 23 casos de doentes operados com apoio da neuronavegação, 10 homens e 13 mulheres, com idade média de 58 anos, operados no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta desde Setembro de 2013 a Fevereiro de 2014. Dos doentes operados, 15 (65%) apresentavam patologia degenerativa, 7 (30%) traumática e 1 (4%) tumoral. Descrevemos os procedimentos realizados, a duração da cirurgia e da preparação cirúrgica, bem como as limitações da técnica e necessidade revisão de parafusos, com o objectivo de partilhar a experiência inicial do Serviço. CO29 Traumatismo vertebro-medular em doentes com espondilartropatias seronegativas - Casuística do Serviço de Neurocirurgia do CHUC Joana Rato, Armando Lopes, Gonçalo Costa, António Peliz, Marcos Barbosa Serviço de Neurocirurgia - CHUC Base: A anquilose torna a coluna vertebral mais vulnerável a fracturas após traumatismos minor, uma vez que as suas propriedades biomecânicas se encontram alteradas O subgrupo da população com traumatismos vertebromedulares e espondilatropatias seronegativas, representa uma franja de doentes de mais difícil tratamento, uma vez que ocorrem habitualmente em população de faixas etárias mais avançadas e comorbilidades associadas. Objectivos: Descrever mecanismos de traumatismo, características de fracturas vertebrais e outcome, em doentes com espondilartropatias seronegativas Metodos: Revisão dos casos de traumatismos vertebromedulares associados a espondilartropatias seronegativas, registados nos últimos 10 anos no Serviço de Neurocirurgia HUC-CHUC. Resultados: 8 casos de traumatismos vertebromedulares associados a espondiloartropatias seronegativas, de localização cervical em 50% dos casos (4), 37,5% (3) dorsal e 12,5% (1) lombar. A maioria dos doentes apresentava défice neurológico incompleto, caracterizado segundo a classificação de ASIA. 12,5% apresentava ASIA – A. Todos os doentes apresentavam comorbilidades importantes. 125,5% de mortalidade, por infecções nosocomiais e insuficiência respiratória. Quando foi proposto tratamento ,cirúrgico (75%), verificou-se melhoria da função neurológica em todos os doentes. Conclusões: As fracturas vertebrais em doentes com espondilartropatias seronegativas são muitas vezes resultado de traumatismos minor. Ocorrem mais frequentemente em doentes com comorbilidades importantes, que condicionam tratamento e outcome. Rui Tuna, Paulo Pereira, Pedro Monteiro, Rui Vaz Objetivo: O corrente estudo pretende avaliar de forma retrospetiva as alterações biomecânicas associadas à cirurgia de artrodese cervical a 1 nível, com o uso de “cage” em PEEK. Enquadramento: Embora a técnica de referência para artrodese cervical anterior seja a utilização de enxerto autólogo e fixação com placa cervical anterior, a substituição desta técnica pela colocação de uma “cage” intersomática preenchida com osso autólogo ou substituto ósseo foi ganhando progressivamente mais adeptos ao longo dos últimos anos e tornou-se a técnica standard na maioria dos serviços cirúrgicos, pelo menos para artrodese monossegmentar. Para além de evitar a colheita de enxerto tricortical é um procedimento simples para artrodese cervical e com reduzida taxa de complicações.Contudo, as alterações da estática e dinâmica da coluna cervical após a fusão com “cage” estão pouco documentadas na literatura. Métodos: Foram revistos os registos de doentes submetidos entre 2008 e 2011 a artrodese cervical a 1 nível, com o uso de “cage” em PEEK preenchida apenas com substituto ósseo osteocondutor. Foram avaliadas as radiografias de perfil e dinâmicas pré- e pós-operatórias e medidos os seguintes parâmetros: 1) altura anterior e posterior do espaço intervertebral intervencionado e espaços adjacentes; 2) ângulo de Cobb do nível intervencionado, níveis adjacentes e global C3-C7; 3) amplitude angular entre a flexão e a extensão do nível intervencionado, níveis adjacentes e global C3-C7; 4) variação da distância interespinhosa entre a flexão e a extensão para análise do êxito da fusão. Para análise pós-operatória foram considerados as últimas radiografias disponíveis, obtidas entre 9 e 73 meses após a cirurgia, com uma média de 40 meses. O tratamento estatístico dos dados obtidos foi efetuado no programa SPSS v21. Resultados: O nível intervencionado da coluna cervical mais comum foi C5-C6 (69%). Todas as cirurgias foram eficazes na obtenção de fusão cervical pelo critério da distância interespinhosa (média de 0,71mm, com máximo de 1,9mm). Em comparação com os exames pré-operatórios houve um ligeiro aumento da altura posterior do espaço intervertebral e redução da altura anterior, o que se traduziu numa redução da lordose segmentar. Em relação ao ângulo Cobb regional (C3-C7), houve um aumento médio de 2°, correspondendo a um aumento da lordose cervical. A amplitude angular entre a flexão e a extensão cervical (C3-C7) apresentou uma redução média de 7° após a intervenção. Conclusão: A artrodese da coluna cervical com uso de “cage” em PEEK é uma técnica eficaz para a fusão vertebral a 1 nível, apresentando nesta revisão uma taxa de fusão de 100%. Condiciona alterações minor a nível da altura discal e lordose segmentar e possibilita um aumento da lordose cervical global, apesar de condicionar uma redução na mobilidade cervical. CO31 Paragangliomas jugulo-timpânicos - um desafio cirúrgico multidisciplinar Dalila Forte1, Anabela Nabais1, Gonçalo Novais1, Miguel Laia1, Isabel Correia2, Marques Pinto2, Vítor Sousa2, Victor Gonçalves1 1 2 Serviço de Neurocirurgia, Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central Serviço de ORL, Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central Introdução: Os paragangliomas jugulo-timpânicos (PGJT) são tumores raros com origem nas células da crista neural, muito vascularizados, na sua maioria benignos. A sua incidência é 1.2 a 4 casos por 1 milhão de habitantes e constituem 0,6% dos tumores da cabeça e pescoço. Objetivos: Revisão dos casos de PGJT operados no Serviço de Neurocirurgia do Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central nos últimos 17 anos em termos de epidemiologia, classificação, manifestações clínicas, diagnóstico, abordagem cirúrgica e resultados. Material e métodos: Análise de uma série de 23 doentes operados com PGJT entre 1997 e 2014. 30 31 C o m u n i c aç õ e s O r a i s Resultados: Na série analisada, a idade de apresentação variou entre 24 e 74 anos, com uma média de 51 anos e ligeira prevalência do género feminino, com três casos de bilateralidade tumoral. Um caso apresentava classificação Fisch tipo A, três tipo B e os restantes C e D. As manifestações clínicas compreendem a presença de uma massa cervical e parésia dos VII, VIII, IX, X, XI e XII pares cranianos. A cirurgia foi precedida de embolização tumoral angiográfica e a abordagem cirúrgica multidisciplinar (Neurocirurgia e ORL), de acordo com a origem, projeção e dimensões do tumor. A remoção obtida foi total ou sub-total, limitada pela necessidade de preservação dos pares cranianos baixos (PCB) e das artérias da base do crânio. Verificou-se crescimento tumoral com repercussão clínica em dois casos, submetidos a re-intervenção. Houve reabilitação da parésia dos PCB com recuperação funcional e autonomia respiratória e da deglutição na maioria dos doentes ao fim de 6 a 12 meses. Houve uma evolução favorável nos casos de parésia do nervo facial. Discussão e conclusão: Os PGJT constituem um desafio cirúrgico pelo envolvimento e proximidade com pares cranianos e estruturas vasculares adjacentes. É possível fazer uma remoção alargada segura adotando os cuidados técnicos adequados, com crescimento tumoral pouco significativo. Consideramos que uma abordagem multi-disciplinar é essencial para a obtenção de bons resultados. CO32 Apoplexia hipofisária - Experiência do Hospital de Santa Maria 2005-2013 Joaquim Cruz Teixeira1, Diogo Simão1, José Miguéns1 1 Serviço de Neurocirurgia - Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria A apoplexia hipofisária é um quadro pouco frequente que surge em doentes com adenomas da hipófise, muitas vezes não conhecidos antes da sua ocorrência, que resultam de isquemia ou hemorragia intralesional espontânea. Desenvolve-se em horas a dias e caracteriza-se por cefaleias persistentes que podem estar associadas a compromisso dos nervos ópticos, síndrome do seio cavernoso e insuficiência hipofisária. O seu tratamento passa pela correcção inicial dos défices hormonais e alterações hidroelectrolíticas, sendo discutida a indicação cirúrgica e urgência desta. Alguns autores sugerem a descompressão hipofisária urgente mas outros defendem uma abordagem mais conservadora, particularmente na ausência de défice neuro-oftalmológico progressivo. O presente estudo tem como objectivo analisar retrospectivamente a apresentação clínica, o tratamento e o seguimento de 20 doentes que foram admitidos com este diagnóstico no nosso Serviço entre 2005 e 2013. 12 doentes foram submetidos a remoção cirúrgica do adenoma hipofisário, enquanto 8 foram tratados conservadoramente. 7 dos 12 doentes tratados cirurgicamente e 5 dos 8 doentes não operados recuperaram completamente do ponto de vista neurológico. Em relação a sequelas endocrinológicas, houve uma tendência para evolução mais favorável com o tratamento cirúrgico, com recuperação completa aos 6 meses em 8 dos 12 doentes operados versus 1 em 8 dos não operados. Apesar da amostra da nossa série ser reduzida parece-nos significativa dada a baixa frequência desta situação. Os nossos resultados indicam algum benefício no tratamento cirúrgico destes doentes, nomeadamente na recuperação endocrinológica. CO33 Meningiomas atípicos: Casuística Cirúrgica do Centro Hospitalar Lisboa Central Lino Fonseca, Pedro Branco, Rui Rato, Bernardo Ratilal, Manuela Mafra, Carlos Vara Luiz, Nuno Reis CHLC EPE - Serviço de Neurocirurgia Introdução: Os meningiomas são os tumores da série não-glial que mais frequentam afectam o Sistema Nervoso Central. A sua localização intracraniana tem uma incidência de 15 a 20% entre todos os neoplasmas. A incidência aumenta com a idade e o sexo feminino tem o dobro do risco comparativamente ao masculino quando ajustado à idade. No decorrer do ano de 2000, a World Health Organization (WHO) publicou uma nova classificação para os meningiomas com critérios de atipia e anaplasia, tendo sido distribuídos por 14 grupos distintos de acordo com a sua histologia e em 3 graus de malignidade. Uma novidade nesta classificação foi a inclusão de um grupo intermédio de malignidade, definido como meningioma atípico. Em 2007, esta classificação foi revista tendo sido incluído o comportamento de invasão cerebral como critério de atipia, sendo que o reconhecimento tradicional de incidência à volta dos 5% dos casos, se alterou para 20-35%. CO34 Tratamento cirúrgico da Doença de Cushing - análise retrospectiva Sérgio Moreira, Isabel Ribeiro, Teresa Pereira Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo António, Serviço de Neurocirurgia Introdução: A doença de Cushing é uma entidade, com morbilidade e mortalidade elevadas. O tratamento cirúrgico constitui a abordagem de primeira linha, visando a exérese do adenoma hipofisário secretor de ACTH. De acordo com a literatura, a taxa de cura obtida com cirurgia varia entre 65 e 90% (quando se trata de microadenomas, a grande maioria dos casos); a taxa de complicações per-operatórias média descrita é de 42%, com a mortalidade a situar-se nos 0.7%. Objetivo: Avaliar a eficácia do tratamento cirúrgico da doença de Cushing no Centro Hospitalar do Porto – Hospital Santo António. Método: Estudo retrospetivo através da análise dos processos clínicos. Resultados: Total de 27 doentes com doença de Cushing submetidos a cirurgia, com franco predomínio do sexo feminino (12.5:1). A maioria dos doentes (89%) apresentou-se com síndrome de Cushing. Imagiologicamente, 22 doentes (81.4%) tinham microadenomas, 3 não tinham imagem de tumor e 2 tinham macroadenomas. Foram realizadas 31 cirurgias (4 re-intervenções): abordagem transesfenoidal, 7 com endoscópio e 24 por via sublabial com microscópio. Obteve-se cura com tratamento cirúrgico em 66.7% dos casos. A taxa de complicações foi de 25.8%, sendo a diabetes insípida a mais frequente (37%). Dos 9 doentes não curados inicialmente com cirurgia, em 2 obteve-se cura posteriormente (um após radioterapia (RT), outro com cetoconazol) e 1 ficou clinicamente bem após re-intervenção cirúrgica, embora sem critérios de cura; dos restantes 6, 2 não se encontram curados por apresentarem resíduo tumoral (seio cavernoso), 1 foi submetido sem sucesso a re-intervenção e RT, 1 recusou RT e 2 ainda aguardam RT. Houve 1 recidiva, 9 anos depois da cirurgia, curada com re-intervenção. Conclusões: O tratamento cirúrgico da doença de Cushing no nosso Centro Hospitalar é seguro (taxa de complicações inferior à descrita na literatura) e eficaz (taxa de cura sobreponível à descrita na literatura). CO35 Doença de Cushing - 15 anos de experiência da equipa multidisciplinar do Hospital Garcia de Orta Vitor Castro, Vitor Gonçalves, Rui Manilha, Pedro Pais, Flávia Dias, Joana Boleo Tomé, Manuel Cunha e Sá Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta A Doença de Cushing é a causa mais frequente de hipercortisolismo endógeno, sendo responsável por 60 a 70% dos casos de Síndrome de Cushing. Os restantes 20 a 30% têm etiologia suprarrenal (ACTH independentes), e um grupo reduzido (5 a 10%) ocorre por produção ectópica de ACTH. A terapêutica mais eficaz para a Doença de Cushing é cirúrgica e quase exclusivamente por via transesfenoidal, com taxas de remissão entre os 70 e os 85%, baixa morbilidade (2 a 15%) e mortalidade (0 a 2%). A taxa de recidiva varia entre os 5 a 20%, e é mais provável nos macroadenomas (mais de 10mm) e adenomas invasivos. O presente trabalho revê a experiência do grupo de trabalho multidisciplinar envolvido no tratamento da patologia hipofisária. Foram revistos os processos clínicos de todos os doentes operados por Doença de Cushing no período compreendido entre 1995 e 2011, com follow up mínimo de 2 anos. Os resultados são analisados tendo em conta o modo de apresentação clínica, as características imagiológicas da lesão, o cortisol sérico pré e pós operatório (1ªs 48h), as taxas de remissão e de recidiva, bem como a taxa de complicações. Os dados obtidos são analisados à luz dos publicados na literatura, com especial ênfase para a predictibilidade de cura com o valor da ACTH e cortisol das primeiras 48 horas. Material e métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva os doentes operados no Centro Hospitalar de Lisboa Central num período de 10 anos (20032012), a quem foi diagnosticado meningioma atípico derivado das meninges encefálicas, de acordo com os critérios de classificação WHO-2000 e WHO2007. Fez-se uma avaliação do follow-up destes doentes, comparando-se os resultados obtidos com aqueles já publicados na literatura. Conclusão: Os meningiomas apresentam um vasto leque de características histopatológicas. A revisão da sua classificação realizada em 2007 pela WHO, adicionou critérios que melhor se ajustam ao comportamento destas lesões, nomeadamente, na aferição da sua agressividade. Deve ser realizado um followup imagiológico seriado sempre que se realizar uma remoção completa, e no caso de remoção incompleta ponderar terapêuticas adjuvantes (radiocirurgia e radioterapia). Os resultados obtidos da análise retrospectiva realizada, são convergentes com os apresentados na literatura. 32 33 C o m u n i c aç õ e s O r a i s CO36 Meningiomas anaplásicos - 10 anos de casuística do Hospital Garcia de Orta CO38 Abordagem endoscópica endonasal. A experiência do início da técnica Vitor Castro, Vitor Gonçalves, Rui Manilha, Pedro Pais, Catarina Viegas, Cátia Gradil, Flávia Dias, Andreia Amorim, Bruno Santiago, Joana Boleo Tomé, Paula Rodeia, Manuel Cunha e Sá Amets Sagarribay Irañeta1, Dalila Forte1, Lino Fonseca1, Pedro Branco1, Gonçalo Novais1, Isabel Correia1,2, Miguel Laia1, Luis Mateus1, Anabela Nabais1, Vítor Sousa2, Víctor Gonçalves1 Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta 1 2 Apesar de serem a neoplasia intracraniana mais frequente, apenas uma pequena percentagem dos meningiomas são anaplásicos, correspondendendo a 1 a 3% do total dos meningiomas operados (apesar de dados mais recentes parecerem apontar para uma incidência mais elevada). A anaplasia (característica anatomo-patológica que permite a sua classificação como WHO grau III) é encontrada mais frequentemente em lesões da convexidade (62%). Pelas características destes meningiomas, com invasão do parênquima e consequente indefinição do plano cirúrgico, as ressecções são mais frequentemente do tipo Simpson III e IV do que nos meningiomas não anaplásicos. Por esse motivo e sobretudo pelo seu maior grau de malignidade, têm taxas de recorrência (50% aos 5 anos) e mortalidade (57% aos 5 anos) muito mais elevadas do que os tumores não anaplásicos. Pela sua relativa raridade, a literatura publicada sobre o tema é escassa, tendo a maior série 63 doentes. Sendo uma patologia eminentemente cirúrgica, o papel da radioterapia nestas lesões não está ainda clarificado, apesar de rotineiramente utilizado. O presente trabalho faz uma revisão dos casos de meningiomas anaplásicos operados no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta entre 2003 e 2013, com follow-up mínimo de 1 ano. São analisadas a forma de apresentação (clínica e imagiológica, neoplasia ou história de irradiação prévia), tipo de exérese efectuada, recorrência, complicações cirúrgicas, radioterapia pós operatória e mortalidade. É também feita uma análise retrospectiva das características imagiológicas do tumor e tentando-se correlacionar as mesmas com o grau de malignidade que o tumor apresentava. Foi feita uma revisão, comparando criticamente os resultados da presente série com os publicados na literatura. CO37 Tumores intra-orbitários - breve revisão da casuística e técnica cirúrgica de abordagens trans-orbitárias Introdução: A Neuroendoscopia tem um papel cada vez mais relevante quer na patologia intraventricular quer na base do crânio, como técnica endoscópica pura ou como cirurgia assistida por endoscopia. No caso da abordagem endoscópica endonasal representa provavelmente o paradigma dos benefícios da aplicação do endoscópio no bloco de Neurocirurgia. A colaboração com os colegas de Otorrinolaringologia (ORL) tem permitido o avanço progressivo na abordagem das diversas patologias da fossa anterior, região selar, para-selar, clivus e o complexo C1-C2. Métodos: os autores realizam uma revisão da casuística onde usaram a abordagem endoscópica endonasal desde 2011 até a atualidade. Descrevem a técnica, avaliam as dificuldades, os erros assim como as vantagens e resultados ao longo da própria curva de aprendizagem. Fazem a revisão de literatura na base de dados Pubmed/MEDLINE. Resultados: Os autores trataram 31 casos por esta técnica. Os adenomas de hipófise representaram o 80% das patologias tratadas. Outras patologias foram: Estesioneuroblastoma, Cordoma, Angiofibroma e encefalocelo fronto-etmoidário. Descrevem a técnica usada, as alterações ao longo da curva de aprendizagem, as complicações e os resultados. Mostram também exemplos de imagens intra-operatórias em formato vídeo. Conclusões: A abordagem endoscópica endonasal tem permitido alterar a nossa prática habitual nos últimos anos principalmente no tratamento da patologia selar e para-selar mas também noutras patologias em que permite abordagens menos invasivas com bons resultados. Esta abordagem obriga a uma colaboração estreita entre o cirurgião e o ajudante devendo ser ambos conhecedores da técnica endoscópica. Neste sentido o trabalho conjunto com os colegas de ORL foi fundamental. Vitor Castro1, Pedro Pais1, Vitor Gonçalves1, Rui Manilha1, Nuno Barbosa2, Ana Cardoso3, Joana Boleo Tomé1, Manuel Cunha e Sá1 CO39 Angioma cavernoso do mesencéfalo ventral. Vídeo cirúrgico Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta Serviço de Cirurgia Maxilo-Facial, Hospital Garcia de Orta 3 Serviço de Oftalmologia, Hospital Garcia de Orta António Vilarinho1, Pedro Alberto Silva1, Bruno Carvalho1, Fernando Silveira2, Rui Vaz1 1 2 Os tumores orbitários constituem um grupo heterogéneo de lesões, não apenas pela variedade anatomo-patológica, mas também pelas relações que estes tumores estabelecem com as estruturas intra-orbitárias. Devido à complexa arquitectura óssea da órbita, às suas relações anatómicas com a base do crânio e com o maciço facial, bem como pelas inúmeras estruturas vasculares, nervosas e musculo-tendinosas intra-orbitárias, estes tumores representam um desafio cirúrgico particular, para o qual contribui também a relativa raridade destas lesões na prática Neurocirúrgica. Sendo uma área de fronteira entre várias especialidades, a abordagem a este tipo de lesões requer um planeameamento especialmente cuidado, com ênfase numa abordagem multidisciplinar e se possível num único momento cirúrgico. A escolha da via de abordagem é o factor mais importante no planeamento e decisão, devendo ser norteada pela possibilidade de atingir com sucesso o objectivo cirúrgico primário (biópsia, exérese parcial ou total), mas minimizando a morbilidade peri-operatória, bem como as sequelas estéticas e funcionais, sempre numa perspectiva de “tailored-fit surgery”. O presente trabalho revê os casos de tumores intra-orbitários operados tratados cirurgicamente no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta, entre 2005 e 2013, com follow-up mínimo de 1 ano. Os casos foram analisados tendo em conta o tipo de tumor, localização, apresentação clínica e imagiológica, abordagem terapêutica e outcomes, com especial ênfase nas abordagens trans-orbitárias e extracranianas. 34 Unidade de Cirurgia da Base do Crânio, Hospital São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central-EPE Serviço de Otorrinolaringologia, H. São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central 1 2 Serviço de Neurocirurgia do H S João Porto Serviço de Neurologia – Unidade de Neurofisiologia do H S João Porto Os angiomas cavernosos do tronco cerebral diagnosticados após hemorragia, apresentam um risco elevado de nova hemorragia, com a possibilidade de importante agravamento neurológico. No entanto são bem conhecidas as dificuldades de manipulação de lesões do tronco cerebral, com risco significativo de agravamento de défices neurológicos após uma cirurgia. A escolha da via de abordagem é um dos problemas na cirurgia destas lesões, tendo necessariamente que ser diferente conforme a localização do angioma cavernoso. O melhor conhecimento anatómico com identificação de “safe entry zones”, associado à monitorização intra operatória possibilita a redução do risco cirúrgico nestes doentes. Os autores apresentam o caso de um doente com 39 anos de idade, com quadro de diplopia e discreta paresia braquiofacial. O estudo, com TC e posteriormente RMN cerebral, revelou hemorragia mesencéfalica ventral esquerda com angioma cavernoso subjacente. Apresentamos o vídeo cirúrgico deste caso, discutindo as vias de acesso possíveis para lesões nesta localização. No pós operatório o doente apresentou reversão completa dos sintomas. 35 C o m u n i c aç õ e s O r a i s CO40 Análise volumétrica da remoção tumoral e estado neurológico/funcional após cirurgia de gliomas assistida com ácido 5-aminolevulínico. Resultados preliminares CO42 Cirurgia na recidiva de Glioblastoma multiforme: factores de impacto na sobrevida Pedro Monteiro1,2, Bruno Carvalho1,2, Osvaldo Sousa1,2, Luísa Sampaio3, Fanny Lima4, Paulo Linhares1,2, Rui Vaz1,2 Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar de São João Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental - Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 3 Serviço de Neurorradiologia do Centro Hospitalar de São João 4 Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto 1 Bruno Carvalho , Rita Figueiredo , Paulo Linhares , Rui Vaz 1,3 2 1,3 1,3 2 Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar de S. João Serviço de Neurorradiologia do Centro Hospitalar de S. João 3 Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 1 2 Objectivos: A extensão da ressecção cirúrgica representa um factor de prognóstico importante no tratamento dos gliomas de alto grau. A utilização da fluorescência com o ácido 5-amino-levulínico (5-ALA) permite uma melhor visualização tumoral intra-operatória e a maximização das taxas de ressecção. Os autores apresentam os resultados preliminares da utilização do 5-ALA na extensão da remoção de gliomas de alto grau e avaliam o outcome funcional. Material e Métodos: Todos os doentes com suspeita imagiológica de glioma de alto grau submetidos a cirurgia com 5-ALA foram incluídos no estudo. A extensão da remoção foi avaliada de forma independente por um neurorradiologista através da análise volumétrica do resíduo tumoral em RM pós-operatória precoce (<72h). O estado neurológico (NIHSS) e o estado funcional (Karnofsky Performance Scale) pré- e pós-operatório precoce foram comparados. Resultados: Foram avaliados 38 doentes. Ressecção tumoral completa, definida como a ausência de resíduo tumoral captante mensurável em RM pós-operatória, foi observada em 60.5% dos doentes (23/38). Adicionalmente, 18.4% dos doentes (7/38) obtiveram ressecção subtotal superior 90%. O volume médio de resíduo tumoral foi de 1.63 cc, variando entre 0 e 11.7 cc. Os doentes com maior volume tumoral residual apresentavam lesões com atingimento insular ou localização eloquente (adjacente ao sulco central). O estado neurológico pós-operatório deteriorou em 7 doentes (18%), 2 com défice moderado (NIHSS de 7 e 11) e 5 com défice ligeiro (NIHSS de 1 a 3). O Karnofsky pós-operatório agravou em 6 doentes (15.8%), sendo que 4 destes (66%), tinham idade superior a 70 anos. Conclusões: A ressecção cirúrgica guiada pelo 5-ALA permite optimizar as taxas de citorredução tumoral. O uso judicioso da técnica é imperativo para minimizar os défices neurológicos pós-operatório, especialmente em lesões em áreas eloquentes e nos doentes idosos. CO41 Alterações hemodinâmicas induzidas por lesões na úvula cerebelosa ou decorrentes da sua manipulação cirúrgica 1 2 2 1 1 Objectivo: Identificação de variáveis com impacto na sobrevida e definição de uma escala prognóstica na cirurgia de recidiva de gbm. Material e Métodos: Análise retrospectiva dos doentes submetidos a cirurgia de recidiva João. Caracterização demográfica, clínica e radiológica, avaliação do tipo de remoção prévia, global dos doentes. Avaliação do impacto estatístico das variáveis na sobrevida. Foi aplicada a alterando o Karnofsky (≤70) e adicionando a variável tempo para recidiva (<6 meses). Avaliou-se prognóstico vital. de gbm entre 2006 e 2012 no Hospital de São complicações cirúrgicas, tipo de recidiva e sobrevida NIH-S e, posteriormente, uma escala derivada desta a diferença estatística entre os subgrupos resultantes no Resultados: 40 doentes submetidos a re-intervenção. M:F – 30:10, idade mediana 52 (40-72), tempo mediano para recidiva 6 meses (1-42), sobrevida mediana 16 meses e sobrevida mediana pós-re-op 9 meses. A aplicação da NIH-S não revelou diferenças estatisticamente significativas entre os subgrupos. Da escala derivada: Doentes com 0/1 factor, n=20 sobrevida mediana de 19 meses; 2 factores (n=10) 14 meses e 3 factores (n=10) 13 meses (4 factores, n=0). Identificou-se nos grupos de doentes com 2 ou 3 factores de mau prognóstico, diferença estatisticamente significativa na sobrevida face aos doentes com 0 ou 1 factores (p=0,043). Discussão e Conclusões: A aplicação de uma escala que engloba volume de recidiva, índice de Karnofsky, tempo para recidiva e localização eloquente pode permitir identificar doentes com menor benefício com cirurgia, em termos de sobrevida, devendo ser levada em conta na decisão terapêutica. Gonçalo Novais , Ana Joaquim , Anabela Nabais , Miguel Laia , Victor Gonçalves 1 Introdução: A decisão terapêutica no glioblastoma multiforme recidivado é matéria de debate, não estando completamente esclarecido o papel da cirurgia citorredutiva. Recentemente foi proposta a NIH recurrent gbm scale (NIH-S), com 3 factores – Karnofsky ≤80, volume de recidiva ≤ 50cc, atingimento de áreas eloquentes – na previsão do outcome na cirurgia de recidiva de gbm. 1 Serviço de Neurocirurgia, Hospital São José, Centro Hospitalar Lisboa Central Serviço de Anestesiologia, Hospital São José, Centro Hospitalar Lisboa Central CO43 Impacto das alterações isquémicas após ressecção de glioblastomas na sobrevida global e outcome neurológico Osvaldo Sousa1, Luísa Sampaio2, Bruno Carvalho1, Pedro Monteiro1, Fanny Lima3, Paulo Linhares1, Rui Vaz1 Introdução: A manipulação intra-operatória da úvula do vérmis cerebeloso pode provocar alterações hemodinâmicas traduzidas por perturbações cardiovasculares. Material e Métodos: Em doentes com lesões vermianas, dos hemisférios cerebelosos justa-vermianos e do IV ventrículo, sem ou com manipulação operatória da úvula, encontraram-se alterações do sistema nervoso autónomo traduzidas por variações do cronotropismo e pressão arterial que configuraram uma emergência médica. Resultados: O tratamento cirúrgico das situações clínicas que levaram às alterações hemodinâmicas e a intervenção da neuro-anestesia reverteram de imediato as alterações autonómicas. Discussão: Os trabalhos publicados por Bradley, Spyer, Silva-Carvalho e Victor Gonçalves demonstraram em modelo animal que a estimulação da úvula cerebelosa causava alterações autonómicas com repercussão hemodinâmica. No animal anestesiado provocava bradicardia, hipotensão arterial e diminuição da frequência da actividade do nervo frénico. Simultaneamente Victor Gonçalves e colaboradores demonstraram que a activação da úvula provocava efeitos inotrópicos negativos. Os autores descrevem as vias neuronais responsáveis por essas alterações, que englobam um circuito originado no sub-lóbulo IXb da úvula, com ligação ao núcleo parabraquial da protuberância, ao núcleo do tracto solitário e aos núcleos do tronco cerebral envolvidos na activação parassimpática e simpática, com eferências para a medula espinhal. Estes circuitos intervêm na modificação do baro-reflexo e do químio-reflexo, com repercussões periféricas. Conclusão: A manipulação da úvula do cerebelo pode provocar, em doentes com patologia do IV ventrículo ou do cerebelo, uma disfunção autonómica traduzida por alterações súbitas da frequência cardíaca e da pressão arterial. Esta situação deve ser considerada sempre que se faz cirurgia com repercussão na úvula cerebelosa. Apresentam-se casos demonstrativos. 36 Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar de São João, Porto Serviço de Neurorradiologia, Centro Hospitalar de São João, Porto 3 Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto 1 2 Introdução: Os avanços na abordagem ao tratamento cirúrgico dos glioblastomas permitiram uma melhoria significativa na extensão da remoção lesional com vista à preservação da função neurológica e aumento da sobrevida. A RM-CE pós-operatória imediata usada para avaliar o grau de remoção tumoral permitiu, com sequências de difusão (DWI), a identificação de lesões isquémicas pós-operatórias e a sua relação com aparecimento ou agravamento de défices neurológicos. O objetivo deste estudo consiste em estabelecer a frequência de lesões isquémicas e o seu papel no prognóstico funcional e na sobrevida dos doentes após ressecção de glioblastomas. Material e métodos: Estudo observacional retrospetivo dos doentes com glioblastoma submetidos a cirurgia ressectiva entre 2006 e 2012 no Hospital de São João, que realizaram RM-CE precoce pós-operatória que incluiu sequências de difusão. Foram avaliadas variáveis demográficas e clínicas, défices neurológicos pós-operatórios, tipo de isquemia (arterial ou venosa), topografia e relação vascular da lesão, grau de remoção e sobrevida global. 37 C o m u n i c aç õ e s O r a i s Resultados: Dos 263 doentes submetidos a ressecção tumoral, 82 doentes apresentavam dados imagiológicos completos. Neste grupo, com Karnofsky mediano de 90, verificou-se, na sequência de difusão na RM-CE pós-operatória precoce, alterações compatíveis com isquemia em 24 doentes (8 arteriais – 9,8% e 16 venosos – 19,5%), dos quais apenas 2 apresentaram défices neurológicos de novo. Ambos os casos apresentaram isquemia arterial e quando avaliado o comportamento destes 8 doentes, verificou-se uma sobrevida mediana de 10 meses, (IC 95%; 8,8-11,2), significativamente inferior ao grupo de doentes sem alterações isquémicas de novo (14 meses; IC 95%; 11,6-16,4) (valor p=0,003). Nos doentes com alterações isquémicas venosas não se verificou essa correlação. Não se verificou qualquer correlação das alterações isquémicas identificadas nas sequências de difusão com a localização da lesão em áreas quer eloquentes, quer com relação vascular íntima. Discussão e conclusões: Destaca-se o papel das sequências de difusão na RM-CE pós-operatória imediata na previsão de défice neurológico de novo e consequente impacto na sobrevida. Palavras-chave: glioblastoma, isquemia, difusão, sobrevida. CO44 Recidiva de gliomas cerebrais malignos: resultados da reintervenção cirúrgica utilizando a fluorescência intraoperatória com 5-ALA Miguel Casimiro, Ana Luis, Carla Reizinho, José Cabral Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: Os gliomas cerebrais malignos (GM) têm mau prognóstico. O tratamento gold standard com radioterapia e temozolamida assegura sobrevidas médias de cerca de 15 meses. A extensão da remoção cirúrgica é factor de impacto prognóstico positivo, no entanto, o beneficio de uma atitude cirúrgica agressiva perante a recidiva não se encontra bem documentado. Objectivo: Avaliar os resultados da atitude cirúrgica agressiva perante a recidiva dos GM, com recurso à fluorescência intraoperatória com ac. 5 aminolevulínico (FI-5ALA). Métodos: Estudo retrospectivo dos casos de GM operados com recurso à FI-5ALA, no Hospital Egas Moniz, de Dezembro de 2008 a Dezembro de 2014. As cirurgias tiveram como fim a exerese total da lesão tumoral identificada por RMN, T1 com gadolínio. Caracterizou-se a população quanto à idade, índice funcional de Karnofsky, localização do tumor, histologia, número de cirurgias, taxa de remoção e volume residual tumoral em RMN precoce. Correlacionou-se a sobrevida com o número total de cirurgias efectuadas. Todos os doentes foram submetidos a rádio e quimioterapia. A análise estatística foi calculada com Prism6 v.6.0 for Mac OS-X. Resultados: Realizaram-se 66 cirurgias, em 51 doentes, seguidos 38,3±17 meses. A idade média da população foi de 54,5±12,8 (min.26-máx.79). 49,0% dos doentes foram re-intervencionados por recidiva tumoral (em média 1,4 vezes, min.1-max.3) . A sobrevida média foi de 22 meses quando comparada com 16 meses dos doentes operados apenas uma vez (G-B-Wilcoxon; p<0,05). Aos 4 anos, 11,4% destes doentes está vivo. Os grupos eram estatisticamente semelhantes face às restantes variáveis estudadas. A taxa de complicações não foi estatisticamente diferente. Discussão e Conclusão: A atitude cirúrgica agressiva perante a recidiva dos GM tem impacto prognóstico positivo na sobrevida média (ganho médio de 6 meses, 4,3 por cirurgia), sem aumento relevante dos riscos cirúrgicos. Estes dados permitem facilitar a avaliação custo/beneficio, fundamental no processo de decisão caso-a-caso. Objectivo: Avaliar o valor prognóstico relativo da Trt e do Vrt sobre a sobrevida média dos doentes com GM tratados com FI-5ALA. Métodos: Estudo retrospectivo dos casos de GM operados com FI-5ALA, no Hospital Egas Moniz, de Dezembro de 2008 a Dezembro de 2014. Todas as cirurgias tiveram como fim a remoção total do tumor identificado em RMN, T1 com gadolínio. Correlacionou-se o tempo de sobrevida dos doentes com a Trt ((volume inicial-volume residual)*100/volume inicial) e o Vrt, calculados em RMN precoce (Osirix v3.7.1-32bits). Todos os doentes foram submetidos a rádio e quimioterapia. A análise estatística foi calculada com Prism6 v.6.0 for Mac OS-X. Resultados: Foram realizadas 66 cirurgias com FI-5ALA, em 51 doentes, seguidos 38,3±17 meses. A sobrevida média foi de 22±15 meses (70,7 e 38,1% de doentes vivos aos 12 e 24 meses respectivamente). O Vrt foi calculado em 22 doentes. A Trt média foi de 92,8±7,7% e o Vrt médio de 2,4±4,5cc. Não houve diferença estatisticamente significativa na sobrevida das populações com Trt <95% e Trt >=95% (Mantel-Cox, p=0,97). A sobrevida média dos doentes com Vrt <0,5cc foi de 36 meses, com 66% de sobrevida aos 2 anos comparando com 16 meses e 30% respectivamente, para volumes residuais superiores. As populações eram estatisticamente sobreponíveis, em relação a outras variáveis prognósticas. Discussão e Conclusão: A FI-5ALA permitiu Trt acima dos 90%. Em remoções tão extensas, no entanto, o Vtr teve maior relevância prognóstica. Os autores advogam a sua utilização preferencial. Vtr<0,5cc acrescentou 20 meses de sobrevida média nesta população. CO46 Exérese guiada por fluorescência com 5-ALA: resultados no tratamento dos gliomas malignos Ana Luis, Miguel Casimiro, Carla Reizinho, José Cabral Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: Os gliomas cerebrais malignos têm mau prognóstico. O tratamento gold standard com radioterapia e temozolamida assegura sobrevidas médias de cerca de 15 meses. A extensão da remoção cirúrgica é factor de grande impacto prognóstico. A fluorescência tumoral intraoperatória, tem por objectivo melhorar a identificação e a extensão da remoção do tumor, condicionando um melhor prognóstico. Objectivo: Avaliar a eficácia da exerese guiada por fluorescência intraoperatória com ac. 5 amino-levulínico (FI-5ALA) no tratamento dos gliomas malignos (GM). Métodos: Estudo retrospectivo dos casos de GM operados com recurso à FI-5ALA, (20 mg/kg, po), no Hospital Egas Moniz, de Dezembro de 2008 a Dezembro de 2014 com o objectivo de remover toda a massa tumoral identificada por RMN, em ponderação T1 com gadolínio. Estudou-se a população quanto à idade, índice funcional de Karnofsky (IK), localização do tumor, histologia, número de cirurgias, taxa de remoção e volume residual tumoral. Calcularam-se os tempos até recidiva, IK<70 e sobrevida média. Todos os doentes foram submetidos a rádio e quimioterapia. A análise estatística foi calculada no GraphPad Prism v.6.0 for Mac OS-X. Resultados: Realizaram-se 66 cirurgias com FI-5ALA, em 51 doentes, seguidos durante 38,3±17 meses. A idade média foi de 54,5±12,8 (min.26-máx.79). A histologia foi de: glioblastoma multiforme (77,4%), oligodendroglioma anaplásico (7,5%), oligoastrocitoma anaplásico (3,8%), astrocitoma anaplásico (5,6%), outros (3,8%). A taxa de remoção tumoral média foi 92,8±7,7% e o volume residual 2,4±4,5cc. Os tempos até recidiva e IK<70 foram 12,6±17 e 19±12 meses respectivamente. A sobrevida média foi de 22±15 meses (70,7% e 38,1% vivos aos 12 e 24 meses respectivamente). A taxa de morbilidade cirúrgica foi de 19,7% e não ocorreram mortalidades. Discussão e Conclusão: A utilização da FI-5ALA no tratamento de GM permite remoções cirúrgicas extensas, que se traduziram numa sobrevida média de 22 meses, sem complicações atribuíveis relevantes. CO45 Impacto prognóstico do volume de tumor residual versus taxa de remoção tumoral, na sobrevida dos doentes com gliomas malignos submetidos a exérese guiada por fluorescência com 5-ALA Miguel Casimiro, Ana Luis, Carla Reizinho, José Cabral Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: A extensão de remoção cirúrgica é factor de grande impacto prognóstico no tratamento de doentes com gliomas malignos (GM). A fluorescência intraoperatória com 5-ALA (FI-5ALA), visa facilitá-la, proporcionando o aumento do tempo de sobrevida. A taxa de remoção (Trt) e o volume residual tumoral (Vrt) têm sido utilizados como indicadores da extensão da remoção cirúrgica. 38 39 P o st e r s Livro resumos 40 41 p o st e r s PO01 Hydrocephalus associated porencephalic cyst following penetrating gunshot head injury Resultados Realizada exérese total da referida lesão. Resultado histológico revelou tratar-se de um Ganglioma Grau I OMS. Conclusões Perante a sua raridade e heterogeneidade imagiológica, o diagnóstico pré-operatório de Ganglioglioma é difícil. É um tumor raro, de crescimento lento, mas que pode tornar-se maligno. A principal forma de tratamento é a remoção cirúrgica completa, com recorrência frequente em casos de remoção parciais. Em grande parte dos casos, o tratamento cirúrgico permite um controlo adequado do quadro de epilepsia. Santiago J, Frade MJ, Alves Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Background: A porencephalic cyst is a cavity within the cerebral hemisphere, filled with cerebrospinal fluid that communicates directly with the ventricular system. It is a rare condition probably caused by vascular occlusion resulting from an insult during fetal development or an injury occurring later in life. Case report: A 55 year old male presented with a frontal parassagital cystic lesion with peripheral contrast enhacement 2 weeks after a self inflicted gunshot injury trough the fronto-basal region. The lesion, first interpreted as a possible abscess was a porencephalic cyst that communicated with the frontal horn of the left lateral ventricle and through bullet exit bone defect. Surgical repair of the dural and bone repair was followed with acute communicating hydrocephalus and progressive neurological status aggravation. Ventriculo-peritoneal shunting resulted in significant improvement of the neurological condition with imagiological resolution of the porencephalic cyst. Conclusions: Porencephalic cysts following penetrating brain trauma can show peripheral contrast enhancement and mimic a cerebral abscess. Post-traumatic hydrocephalus contributed to persistence, volume increase and significant local mass effect of the porencephalic cyst. PO02 Complications of intrathecal baclofen therapy in severely disabled cerebral palsy patients Alexandra Santos, Carla Reizinho, Miguel Casimiro Leote, João; Viegas, Catarina; Gonçalves, Vitor; Pérez-Hick, António; Manilha, Rui; Silvestre, Ana; Cunha e Sá, Manuel Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta, Almada Introdução: A utilização de técnicas de mapeamento pré-operatório através de ressonância magnética funcional (mRMF) das áreas eloquentes cerebrais, e de identificação intra-operatória destas mesmas áreas por estimulação cortical de alta frequência (ECAF) e por multipulso (ECMP), diminui a morbilidade neurológica dos doentes submetidos a ressecção de tumores cerebrais1,2. Objectivo: Neste estudo pretende-se avaliar a utilidade destas técnicas de mapeamento e identificação da área motora suplementar (AMS), na abordagem neurocirúrgica de três doentes com tumores cerebrais de caracteristicas semelhantes, e avaliados pela mesma equipa multidisciplinar. Método: Três homens com idade compreendida entre 28 e 50 anos, submetidos a cirurgia de remoção de tumores corticais localizados na região posterior do lobo frontal esquerdo, realizaram mRMF e, durante a cirurgia acordada, foi realizada a identificação da AMS por ECAF (50Hz, 1000ms duração, 1 a 6mA) e do feixe corticoespinal por ECMP (5 pulsos, 250-500Hz, 0.5ms duração, 1-30mA). Serviço de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz Resultados: Em dois doentes a resseção foi total (67%) e num doente foi subtotal (33%), tendo tido duas crises convulsivas intraoperatórias. Os três doentes, no pós-operatório imediato (24h), apresentaram défice transitório de alterações da linguagem e défice motor, porém com reversão total após 30 dias da cirurgia com auxílio de terapia da fala/fisioterapia. Background: Cerebral palsy (CP) in industrialized countries has an incidence of 2-3 per 1000 live births. Spastic cerebral palsy is the most common form of this condition. Spasticity can cause pain, sleeping disorders and interference with positioning, transfers, dressing and body hygiene causing a negative impact on patient and caregiver quality of life. Intrathecal baclofen therapy (ITB) has been proved to have efficacy in this disease, but also to be associated with complications, which are more frequent in children. Conclusão: A ECAF, ECMP e a distância da zona de activação à lesão obtida por mRMF, permitem diminuir e prevenir, complicações neurológicas permanentes provenientes da lesão da AMS. Desta forma, conclui-se que estas ferramentas são uteís na abordagem cirúrgica deste tipo de tumores. Aims: To review the complications of ITB in non-ambulant patients with spastic cerebral palsy (Gross motor function IV and V) treated in our center. PO05 Trombocitopénia reveladora de Oligodendroglioma Anaplásico Metastático Methods: Retrospective analysis of complications of baclofen pumps implantation for severe spastic CP between 2000 and 2013. Results: 20 patients received ITB during this period, with average age of 18.75 (range 6-42). Complications occurred in 60% of patients. 4 patients (20%) had abdominal wound infections, 6 (30%) had catheter problems – 3 breakages and 3 dislodgements – and 2 (10%) patients had wound haematomas or seromas. Removal of ITB pump was necessary in the 4 infected patients and revision surgery was necessary for catheter problems. Infection patients were younger - 11,75 ± 3.9 years - than non infected - 20,38 ± 10,8 years. Catheter breakdown was associated to inter-spinous location and in the revision surgery they were repositioned laterally to the inter-spinous space. Discussion and Conclusions: An infection rate of 20% is comparable to previous series as well as the association to an younger age at the time of implantation, which can be due to lack of adequate soft-tissue to effectively cover the pump. Changes in technique – subfascial implantation and para-spinous catheter location can help prevent ITB complications. PO03 Ganglioglioma - Revisão de Caso Clínico e Revisão da literatura João Abreu Lima, Ricardo Moreira, Leandro Oliveira, Rui Almeida Ramos, Afonso Almeida Pinto, Carlos Alegria Serviço de Neurocirurgia, Hospital de Braga Objectivo Relato de um caso clínico em doente com lesão temporal esquerda com diagnóstico histológico de Ganglioglioma. Método O Ganglioglioma é um tumor de baixo grau raro, com origem neuronal e que representa cerca de 1% dos tumores cerebrais. Atinge sobretudo crianças e adultos jovens, surgindo com maior frequência no lobo temporal. A epilepsia é uma forma de apresentação frequente e muitas vezes refractárias ao tratamento médico. Relato de um caso de uma doente do sexo feminino, de 35 anos, referenciada ao Serviço de Urgência por episódios sugestivos de crises parciais complexas. TAC e RMN cerebrais documentaram lesão temporo-mesial esquerda de características infiltrativas sugerindo glioma de baixo grau. Após período de vigilância e controlo imagiológico, foi programada e realizada craniotomia para exérese tumoral. 42 PO04 Utilidade da identificação da área motora suplementar pré e intraoperatória em cirurgia de ressecção de TUMORES CEREBRAIS: descrição de três casos-clínicos José Pedro Lavrador1, Nuno Simas1, Francisco Tortosa2, José Pimentel3 Departamento de Neurocirurgia, Hospital Santa Maria Departamento de Anatomia-Patológica, Hospital Santa Maria 3 Laboratório de Neuropatologia, Departamento de Neurologia, Hospital Santa Maria 1 2 Introdução: A metastização sistémica dos tumores primitivos do sistema nervoso central é pouco frequente, sendo o oligodendroglioma anaplásico (OA) responsável por apenas 5-8% dos casos. Caso Clínico: Doente de 44 anos, sem antecedentes relevantes, recorre ao Serviço de Urgência por quadro de ataxia da marcha, vómitos, cefaleias e diminuição da força no hemicorpo direito. A avaliação imagiológica por TC e RM revelou lesão expansiva com características infiltratativas centrada ao lobo frontal. O doente foi operado com craniotomia frontal esquerda e remoção lesional com RM pós-operatória documentando remoção superior a 90%. Iniciou tratamento complementar segundo protocolo STUPP. Após 2º ciclo de quimioterapia, instalou-se um quadro de trombocitopénia refratária após o nadir expectável para o tratamento com temozolamida. Após investigação imagiológica e histológica, foi identificada metastização múltipla na medula óssea com diminuição do número megacariócitos. O estado geral do doente sofreu deterioração progressiva e iniciou tratamento paliativo, tendo falecido 1 mês após o diagnóstico da metastização tumoral, 5 meses após diagnóstico inicial. Discussão: Até à actualidade, 61 casos de OA com metastização sistémica foram descritos, 17 dos quais com metastização na medula óssea. Como principais factores de risco foram sugeridos: múltiplas craniotomias, colocação de sistemas de derivação ventrículo-peritoneal, sobrevida prolongada, co-delecção 1p e 19q – único presente neste caso, hipermetilação do MGMT e algumas mutações associadas ao oncogene PTEN. Conclusão: A metastização sistémica de OA comporta um mau prognóstico. De entre as localizações descritas de depósitos secundários de OA, a medula óssea é das mais frequentes, pelo que a trombocitopénia refratária fora do período de nadir da quimioterapia deve impor o despiste de doença metastática. 43 p o st e r s PO06 TeratOMA rabdóide: possível transformação de craniofaringioma? Edson Oliveira1, José Pimentel2, Lúcia Roque3, José Miguéns1 Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Portugal Laboratório de Neuropatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Portugal 3 Serviço de Anatomia Patológica, Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Portugal 1 2 O craniofaringioma é um tumor de origem embrionária, benigno, da região selar e paraselar. A sua incidência tem uma distribuição bimodal (5-14 anos e 50-74 anos). As manifestações clínicas estão relacionadas com a sua localização, determinando habitualmente alterações visuais e hormonais. Segundo a OMS é um tumor grau I, com sobrevidas a prazo superiores a 90%. A sua transformação maligna é uma raridade. A abordagem terapêutica não é consensual na literatura, oscilando entre a remoção cirúrgica e radioterapia. Apresentamos o caso de uma mulher de 22 anos, submetida a uma remoção cirúrgica de um volumoso craniofaringioma selar e suprasselar aos 11 anos. Inicialmente foi realizada uma remoção extensa por via transcalosa, persistindo um resíduo sílvico direito. Cerca de um ano depois teve um crescimento significativo da lesão residual sendo reoperada, com remoção tumoral extensa e submetida a radioterapia conformacional. Manteve o seguimento em consulta com realização de exames de imagens que mostraram um resíduo tumoral estável ao longo dos anos, mantendo os défices visuais e hormonais sequelares. Cerca de um ano após a última consulta deu entrada no SU com um quadro de sonolência e lentificação psicomotora com semanas de evolução e agravamento nos 2 dias anteriores ao internamento, estuporosa e sem melhoria com corticoterapia. Fez Ressonância Magnética que mostrou uma volumosa lesão expansiva supraselar com extensão frontal mediana com marcado efeito de massa. Foi submetida a intervenção cirúrgica urgente. O tumor revelou ser muito vascularizado, com hemostase de difícil controlo, conseguindo-se apenas uma remoção parcial. Manteve estupor no pós-operatório imediato. TC-CE mostrou focos hemorrágicos no tumor residual, aumento do edema vasogénico e isquémia do território da ACA esquerda. No 2º dia de pós-operatório teve agravamento neurológico com instalação de GCS 3 e midríase fixa bilateral. A doente faleceu ao 4º dia pós-operatório. O diagnóstico histológico foi tumor teratóide rabdóide. No contexto clínico poderá corresponder a uma transformação maligna de craniofaringioma ou novo primário induzido pela RT. Estas hipóteses foram baseadas nos achados anátomo-patológicos e da análise genética. Os autores reviram a literatura sobre tumores malignos após tratamento de craniofaringioma, sendo este o único caso de ocorrência de tumor teratóide rabdóide. PO07 Clipagem cirúrgica de aneurisma traumático da artéria cerebral média - Case report Diogo Simão, Joaquim Teixeira, Domingos Coiteiro Hospital Santa Maria Os aneurismas traumáticos intracranianos são raros, representando 1% de todos os aneurismas intracranianos. Poderão ocorrer após lesão traumática contusa ou penetrante. Ao contrário dos aneurismas congénitos, os de etiologia traumática são normalmente pseudoaneurismas uma vez que resultam da rotura da parede arterial e formação de um hematoma periarterial contido pelos tecidos adjacentes, que se organiza e forma a parede aneurismática. Apresenta-se um caso clínico de um aneurisma traumático da artéria cerebral média (ACM), tratado cirurgicamente no nosso serviço. Trata-se de uma criança de 2 anos de idade, vítima de traumatismo crânio-encefálico (TCE) grave na sequência de agressão física com objecto metálico cortante. À admissão no SU apresentava GCS9, em choque hipovolémico e ferida aberta temporo-parietal esquerda com saída de massa encefálica. Na tomografia computorizada (TC), de destacar fractura cominutiva temporo-parietal esquerda com hematoma parenquimatoso adjacente. Submetida a cirurgia de urgência com limpeza e desbridamento cirúrgicos, esquirolectomia temporal esquerda, remoção de hematoma e colocação de catéter de monitorização de PIC intraventricular. Foi internada em Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, onde prosseguiram as medidas terapêuticas habituais do TCE grave. Em TC controlo, visível extensa lesão isquémica do território da ACM. Ao exame objectivo após levante de sedação, apresentava hemiparésia direita de predomínio braquial, afasia de expressão e défice da acuidade visual esquerda. Realizou-se Angio-TC após 16 dias que mostrou um aneurisma do ramo posterior da ACM esquerda com cerca de 2,8 mm de diâmetro. Em exame subsequente 15 dias depois, houve um aumento das dimensões para 4,5 mm. Foi submetida a clipagem electiva de aneurisma com clip recto de 5 mm e cranioplastia com rede de titânio. O procedimento cirúrgico decorreu sem intercorrências assim como o periodo pós-operatório. No follow-up subsequente, verificou-se uma melhoria progressiva dos défices neurológicos descritos com fisioterapia e terapia da fala. PO08 Monitorização Neurofisiológica Multimodal através de electroencefalograma, potenciais evocados somatossensitivos e motores durante a Enderteractomia Carotídea Leote, João; Gonçalves, Vitor; Grádil, Cátia; Amorim, Andreia; Castro, Vitor; Tomé, Joana; Cunha e Sá, Manuel Serviço de Neurocirurgia, Hospital Garcia de Orta, Almada Introdução: A monitorização intraoperatória neurofisiológica (MION) durante a enderteractomia carotídea (EC) está extensivamente descrita nos últimos 30 anos1;2. Porém, poucos estudos referem a utilidade da multimodalidade de técnicas: electroencefalograma (EEG), potenciais evocados somatossensitivos (PESS) e motores (PEM); na prevenção e detecção de complicações neurológicas. Objectivo: O presente estudo pretende avaliar a frequência de eventos neurofisiológicos que permitam a detecção precoce e reversível da isquemia cortical durante a EA. Métodos: Realizou-se um estudo prospectivo foi realizado em 8 doentes sintomáticos de idade compreendida entre 59-75 anos, com estenose carotídea entre os 70% e 90%, desde Setembro de 2013 a Março de 2014. Os eventos neurofisiológicos monitonizados foram: EEG (C3-F3; C4-F4; CZ-FZ; P3-C3; P4-C4; C3-C4); PESS (N20; P40); PEM elicitados transcranealmente (potenciais de acção motores num músculo de cada membro e 3 músculos no membro superior contralateral à estenose carotídea). As alterações neurofisiológicas pré-estipuladas como indicativas da colocação de derivação intra-luminal (shunt) foram: uma redução em 50% na amplitude dos PESS, a perda de PEM e/ou uma alteração de 50% na frequência de EEG. Resultados: Num doente (12.5%) houve alterações indicativas de colocação de derivação, enquanto que em 3 doentes (37.5%) registaram-se alterações reversíveis de redução de 30% de amplitude dos PESS e PEM, e lentificação de 20% do traçado de EEG. Estas alterações ocorreram antes e durante a clampagem carotídea, tendo sido aplicadas medidas correctivas da situação hemodinâmica do doente. Nenhum doente apresentou défice neurológico de novo no periodo pós-cirúrgico (avaliado 24 e 48h após cirurgia). Conclusão: A MION multimodal é essencial no tratamento cirúrgico da estenose carotídea, permitindo a detecção precoce da necessidade do uso de derivação intra-luminal, prevenido assim a morbilidade neurológica. PO09 Apresentação clínica excecional de uma malformação arterio-venosa cerebral Sérgio Moreira, Mário Gomes Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo António Introdução: A maioria das malformações arterio-venosas (MAV) cerebrais são diagnosticadas em contexto de hemorragia. Entre as que se apresentam sem hemorragia, a cefaleia e as crises convulsivas são as formas de apresentação mais comuns; o surgimento de sintomas neurológicos focais é responsável por 5-11% dos casos. O mecanismo fisiopatológico dos sintomas neurológicos focais neste contexto não é completamente conhecido; o efeito de massa e fenómenos de “roubo” vascular são os mecanismos mais frequentemente implicados. Reportamos o caso clínico de uma MAV supratentorial que se manifestou com sinais e sintomas focais da fossa posterior, sendo a fisiopatologia distinta da referida previamente. Relato de caso: Homem de 71 anos, com quadro de náuseas e vómitos, vertigem, alteração da fala, desequilíbrio na marcha e, posteriormente, cefaleia de predomínio occipital, com agravamento progressivo. Ao exame, apresentava disartria e marcha atáxica. A imagem inicial revelou edema vasogénico nos hemisférios cerebelosos e no tronco cerebral. O estudo angiográfico complementar revelou uma MAV parietal medial direita (nidus com 1,5cm de diâmetro), com aferências das artérias pericalosa esquerda e parietooccipital direita e drenagem para uma veia cortical parietal que por sua vez drenava para a veia basal de Rosenthal e para o seio sagital superior; não havia aneurismas associados nem sinais de hemorragia; destacava-se marcada congestão venosa parenquimatosa, supra e sobretudo infratentorial. Após exclusão de outras causas, atribuiu-se o edema vasogénico existente na fossa posterior a hipertensão venosa (apesar de fundo ocular sem estase) decorrente da arquitetura da MAV. Neste contexto, propôs-se tratamento da mesma. O doente foi submetido a craniotomia e exérese da malformação, tendo-se verificado progressiva melhoria clínica, acompanhada por redução imagiológica da sobrecarga venosa e do edema. Conclusão: O caso descrito traduz uma forma de apresentação clínica excecional de uma MAV cerebral supratentorial, não tendo os autores encontrado caso semelhante na literatura. 44 45 p o st e r s PO10 Traumatic vertebral artery dissection after minor cervical trauma PO12 Meduloblastoma: Série pediátrica de doentes operados no Hospital Santa Maria (2000-2012) Santiago J, Frade MJ, Carvalho M, Alves JL Edson Oliveira, Cláudia Faria, José Miguéns Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Serviço de Neurocirurgia, Hospital Santa Maria – CHLN, Portugal Background: Traumatic intracranial vertebral artery injury is a relatively rare but potentially fatal disease. The incidence of VAI among total blunt trauma admissions ranged from 0.20% to 0.77%. Most VAI patients remained asymptomatic, but sudden unexpected deterioration was often reported. O meduloblastoma é o tumor encefálico maligno mais comum em crianças, tendo nestas a localização mais frequente no vérmis cerebeloso. A sua maior incidência é entre os 6 e 9 anos, sendo raro em adultos. Histologicamente são tumores de grau IV na classificação da OMS. Os factores de mau prognóstico mais importantes são a idade inferior a 3 anos, a presença de metástases e existência de resíduo tumoral superior a 1,5cm3 após cirurgia. Sendo tumores radio e quimiosensíveis, o seu tratamento actualmente é feito segundo protocolos estabelecidos que incluem excisão cirúrgica máxima seguida de radioterapia (RT) e/ou quimioterapia (QT) conforme os factores de risco. Os autores realizaram um estudo retrospectivo dos doentes com idade inferior a 18 anos, operados a meduloblastoma, entre 2000 e 2012 no Hospital Santa Maria, analisando os quadros clínicos, as terapêuticas realizadas e os resultados. Durante o período estudado foram realizadas 37 cirurgias em 30 doentes, com uma idade média de 9,15 anos e uma predominância do sexo masculino. A apresentação mais comum foi hipertensão intracraniana. A orientação terapêutica mais frequente foi remoção cirúrgica extensa seguida de RT e QT, ou apenas QT nos doentes com idade inferior a 3 anos. Em 3 doentes com disseminação tumoral inicial optou-se pela realização de biopsia seguida de QT neoadjuvante, posterior remoção de massa tumoral seguida de RT e QT. Sete doentes foram reoperados por recidiva tumoral. A nossa série, apesar de ter características globalmente semelhantes à literatura e resultados sobreponíveis em termos de sobrevida e complicações, tem alguns aspectos particulares como a realização de QT antes da remoção da massa tumoral em doentes com doença disseminada e reoperações por recidiva, que pensamos terem sido benéficas para os doentes. Case report: The present article is a case report of a vertebral artery dissection after blunt cervical trauma. A fifty eight year old male presented with a history of sudden onset of headache, chest pain, dysarthria and altered level of conscience, more than 24 hours after a car accident. He was asymptomatic, with no cervical fractures or intracranial lesion visible on the initial cervical and cranial CT performed a few hours after injury and discharged home. The second brain CT, after the onset of symptoms showed left cerebellar hemisphere ischemia with significant mass effect and active hydrocephalus. The patient was immediately submitted to a posterior fossa decompressive left hemicraniectomy and external ventricular drainage. Conclusions: Diagnosis of cervical vertebral artery dissection is usually reserved for those patients with significant injury frequently associated with falls, motor vehicle accidents or penetrating injuries. Yet, even milder injuries may be associated with vertebral artery dissection and the onset of symptoms may be delayed several hours after the initial injury. Early recognition of vertebral artery injury, may allow early institution of therapy, such as anticoagulation, antiplatelet, or surgical therapy, including endovascular treatment. PO11 Quisto porencefálico com hidrocefalia a condicionar Seringomielia Pedro Moura Branco, Luís Cardoso, Lino Fonseca, José Manuel Brás, António Baptista Serviço Neurocirurgia - Centro Hospitalar Lisboa Central PO13 Aneurisma Cirsoide do couro cabeludo. Caso clínico Amets Sagarribay1, Miguel Correia1, Mário Matos1, António Baptista1, Isabel Fragata2, Carla Conceição3 Unidade de Neurocirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia. Unidade de Neurorradiologia de Intervenção, Hospital São José 3 Unidade de Neurorradiologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia. Centro Hospitalar de Lisboa Central-EPE 1 Introdução: Os quistos porencefálicos, são uma patologia pouco frequente ocorrendo sobretudo na criança, consistindo numa cavidade comunicante com o ventrículo, tipicamente associadas a hemorragia intraventricular ou trauma. A seringomielia é uma situação clínica que muitas vezes surge associada a malformações de Chiari (nomeadamente tipo I). História Clínica: Os autores relatam o caso de uma jovem de 20 anos, operada aos 3 anos de idade a um ependimoma do IVventrículo e que recorre ao serviço de urgência por quadro cefaleias intensas e dificuldades na marcha com 3 meses de evolução. Ao exame objectivo constatou-se uma ataxia da marcha, sem outras alterações. Realizou TC-CE e RM-CE que evidenciou a presença de com quisto porencefálico occipital, associado a higroma e dilatação ventricular que condicionava compressão do tronco e herniação amigdalina descendente. A RM cervico-dorsal mostrou uma seringomielia que se estendia de C3 a D7. Atendendo ao aparente quadro de hipertensão intracraniana optou-se por colocar uma derivação cisto-peritoneal com válvula programável que resultou em alívio imediato da sintomatologia. Doente teve alta assintomatica, constando-se nos exames de controlo aos 6 meses, um normal posicionamento das amígdalas cerebelosas, com desaparecimento completo da seringomielia pré-existente. Discussão: Este caso apresenta-nos um quisto porencefalico com hipertensão intracraniana que condiciona uma herniação amigdalina, causando seringomielia. O mecanismo está em provável relação com o existente nas malformações de chiari. Objectivou-se a importância do tratamento da causa de base, evitando o tratamento directo da seringomielia. É fundamental pesquisar sempre a existência de alguma causa corrigível de seringomielia, pois poderá ser suficiente para recuperar a normal dinâmica do liquor. Este quadro é uma apresentação rara de um quisto porencefálico que desenvolve tardiamente uma hidrocefalia, com hipertensão intracraniana associada. Conclusão: É importante quando em presença de seringomielia procurar alguma causa corrigível, de modo a evitar um procedimento desnecessário para correcção da mesma. 46 2 Introdução: As malformações arteriovenosas (MAV) do couro cabeludo são malformações vasculares raras. Caracterizam-se por fistulas anomalas entre aferentes arteriais e veias de drenagem, sem a presença de rede capilar no plano subcutâneo do couro cabeludo. Como resultado da alteração na hemodinâmica, as veias sofrem dilatação progressiva, aumento na tortuosidade e dilatação aneurismática, o denominado aneurisma cirsoide. A primeira descrição pormenorizada foi feita por Wilham Hunter em 1757. Desde então vários foram os nomes usados para definir estas malformações vasculares, nomeadamente angioma plexiforme; aneurisma racemosum; aneurisma serpentinum; e fístula arteriovenosa. Brecht, em 1833, usou a expressão de aneurisma cirsoide para descrever malformações vasculares do couro cabeludo. Muitos doentes com MAV do couro cabeludo referem cefaleias, zumbidos e, principalmente, uma massa subcutánea pulsátil, cujo aumento das dimensões pode agravar a sintomatologia. Embora a etiologia tenha sido relacionada com traumatismos, nascimento ou factores hormonais, desconhecem-se as verdadeiras causas assim como a sua história natural. A cirurgia continua sendo o gold standard no tratamento destas lesões, embora a terapêutica endovascular assuma um papel progressivamente maior, quer como tratamento único em fístulas pequenas com artérias aferentes únicas quer como tratamento complementar da excisão cirúrgica. Métodos: Os autores descrevem o caso de uma criança de 9 anos de idade com fistula arteriovenosa do couro cabeludo frontal; mediante os resultados da RM, angio-RM e angiografia de substração digital; a técnica cirúrgica utilizada, o resultado final e revisão de literatura com recurso à base de dados Pubmed/MEDLINE. 47 p o st e r s Resultados: Os autores mostram o caso de um rapaz de 9 anos de idade com queixas de massa frontal subcutânea com aumento das dimensões durante as atividades desportivas. A massa aumentara de forma progressiva nos meses anteriores à primeira avaliação, localizava-se na linha média na porção superior da testa, com uma consistência mole, depressível e pulsátil, aumentava com as manobras de Valsalva e apresentava sopro associado. O estudo angiográfico evidenciou fistula arteriovenosa subcutânea com aferentes arteriais de ambas artérias temporais superficiais, meníngeas médias e artérias oftálmicas. As eferentes venosas dependiam de veias subcutáneas frontais, transósseas e do seio longitudinal superior . Realizamos a excisão em dois tempos cirúrgicos diferentes - primeiramente a remoção do componente superficial (subgaleal e periosteo) e posteriormente o componente dural e ósseo. O doente teve uma boa evolução pós-operatória. A angiografia cerebral de controlo após 1 ano da cirurgia evidenciou um pequeno componente fistuloso subcutâneo dependente de ramos distais da artéria temporal superficial direita. Realizou-se uma tentativa de embolização, porém, face ao risco de necrose cutânea, optou-se por manter a lesão residual. Conclusão: As malformações arteriovenosas do couro cabeludo são lesões muito raras, especialmente na população pediátrica. A fisiopatogenia e a história natural desta malformação são desconhecidas. Alguns autores descrevem um padrão de crescimento com (1) um estadio inicial onde as aferentes arteriais podem ser únicas ou múltiplas, dependentes das artérias carótidas extracranianas; (2) um segundo estadio onde aparecem aferentes adicionais do componente intracraniano das artérias carótidas externas através do osso; e (3) um terceiro estádio com aumento do nidus com aferentes adicionais de artérias piais das artérias carótidas internas. Estas lesões são complexas e um desafio cirúrgico. PO14 Influência da Sistematização da Assistência de Enfermagem para diminuição da mortalidade de pacientes vítimas de trauma cranioencefálico Débora Moura da Paixão Oliveira, Carlos Umberto Pereira, Zaira Moura da Paixão Freitas Universidade Federal de Sergipe Introdução/Objetivo: A abordagem inicial à vítima de traumatismo crânioencefálico (TCE) se realizada de forma rápida e ordenada, trará benefício à vítima. O estudo avaliou a efetividade da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) no atendimento a vítimas de TCE, analisando o impacto sobre os índices de mortalidade e tempo de internação. Materiais e Métodos: A pesquisa foi desenvolvida em um hospital público de urgência do estado de Sergipe-Brasil. Trata-se de um ensaio clínico aberto, cego, não randomizado, de implantação de protocolo. Verificou-se o número de internamentos, mortalidade por TCE e tempo de internação no período de seis meses, aplicou-se o protolocolo SAE e após seis meses comparou-se a mortalidade e tempo de internação. Resultados: O estudo incluiu 1.004 pacientes com TCE. Durante o período pré SAE registrou-se 576 internações com 33 óbitos (5,7%). Após a implantação da SAE o número de internações foi 428 pacientes, registrando-se 16 óbitos (3,7%). Observou-se que as comorbidades no período anterior ao protocolo não influenciou para o aumento de óbitos no período pré-SAE. O tempo de internação diminuiu em um dia no período pós SAE. Conclusão: A SAE contribuiu para a diminuição da mortalidade e tempo de internação por TCE. Resultados: Foram analisados 34 pacientes no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2013. O gênero masculino teve 25 e feminino 9 casos. As causas foram: traumatismo cranioencefalico 20, etilismo 7, crises convulsivas 3, raquianestesia 2 e desconhecida 2 pacientes. A TC foi realizada em todos os pacientes e RM em 2 casos. Localização unilateral em 30 e bilateral em 4. Foram tratados cirurgicamente 28 pacientes e 6 conservador. Vinte e sete pacientes evoluiram bem, quatro com deficit neurológico focal, crise convulsiva dois e óbito um caso. Conclusões: O HSDC é frequente em adultos jovens. O traumatismo cranioencefalico e etilismo crônico foram as principais causas de HSDC em jovens. Acomete mais o gênero masculino. O tratamento de escolha é cirúrgico. O prognóstico é bom. Palavras-chaves: hematoma subdural crônico, adultos jovens, diagnóstico, tratamento, prognóstico. PO16 Revascularização cirúrgica em criança com Síndrome Moyamoya e Anemia das células falciformes - Case report Diogo Simão, Domingos Coiteiro, José Miguéns Hospital Santa Maria A doença de Moyamoya (DMM) caracteriza-se por uma estenose progressiva da artéria carótida interna (ACI) e seus ramos proximais predispondo a eventos isquémicos cerebrais. Trata-se de uma causa rara de isquémia cerebral em idade pediátrica. Em 20-30% dos casos encontra-se associada a outras patologias, nomeadamente Anemia das células falciformes (ACF), Neurofibromatose tipo I ou anomalias cardíacas congénitas, designando-se por Síndrome Moyamoya (SMM), com características clínicas e imagiológicas semelhantes às da DMM. Em ambas as situações as técnicas de revascularização cirúrgica, directas ou indirectas, têm como objectivo a prevenção dos eventos isquémicos cerebrais. Apresentamos um caso clínico do serviço de Neurocirurgia do Hospital de Santa Maria referente a uma criança de 6 anos de idade com síndrome de Moyamoya associada a Anemia das células falciformes (MM-ACF). Tinha tido fenómenos vaso-oclusivos abdominais, dois AVCs isquémicos do hemisfério cerebral esquerdo, com recuperação da força motora do hemicorpo direito após fisioterapia, e crises convulsivas. Encontrava-se sob esquema de transfusões crónicas. A RM-CE evidenciou atrofia do hemisfério cerebral esquerdo e múltiplos enfartes bihemisféricos, mais abundantes à esquerda. O padrão angiográfico foi compatível com síndrome de Moyamoya bilateral, com maior gravidade esquerda. O Doppler transcraniano revelou aumento das velocidades de fluxo na ACM esquerda (VS=280 cm/s) e ACM direita (170 cm/s). Foi submetida em Agosto de 2013, a um procedimento de revascularização cirúrgica: Encefalo-duro-arterio-sinangiose temporal esquerda, que decorreu sem intercorrências. Destaca-se as particularidades dos cuidados anestésicos e peri-operatórios nestas situações de forma a evitar novos fenómenos vaso-oclusivos. No pós-operatório, verificou-se quadro febril de causa indeterminada com resolução espontânea. A angiografia realizada 6 meses após a cirurgia mostrava vascularização “de novo” do território da ACM esquerda. Durante o follow-up de 6 meses após cirurgia, não se verificaram eventos clínicos sugestivos de novos fenómenos isquémicos do hemisfério cerebral esquerdo. Palavras-Chaves: Traumatismo cranioencefálico; Sistematização; Mortalidade. PO17 Cavernoma gigante: a propósito de 2 casos clínicos e revisão da literatura PO15 Hematoma Subdural Crônico em Adultos Jovens Lino Fonseca, Dalila Forte, Amets Iraneta, Luis Mateus, Miguel Laia, Anabela Nabais, Victor Gonçalves Carlos Umberto Pereira, José Anisio Santos Júnior, Ana Cristina Lima Santos, Rodrigo Oliveira Passos, Débora Moura da Paixão Oliveira Universidade Federal de Sergipe Objetivo: O hematoma subdural crônico (HSDC) em adultos jovens é relativamente frequente, sendo tipicamente encontrados em idosos. Os principais fatores relacionados ao HSDC em adultos jovens são: derivação ventriculoperitoneal, cisto aracnóide, uso de droga anticoagulante, coagulopatias e esportes vigorosos. O prognóstico depende da idade do paciente, estado neurológico na admissão, doenças sistêmicas associadas, assim como do diagnóstico preciso e tratamento adequado. Métodos: Foram incluídos pacientes de ambos os gêneros, das faixas etárias de 20 a 45 anos de idade com diagnóstico confirmado de HSDC. CHLC EPE - Serviço de Neurocirurgia Introdução: Os cavernomas (CA) são malformações vasculares raras, geralmente de pequenas dimensões, e que tipicamente apresentam um comportamento benigno. Em casos raros, as lesões podem apresentar um crescimento contínuo sem qualquer sintomatologia associada, e assim originarem CA gigantes (CAG). Histologicamente não diferem dos CA de menores dimensões, mas em termos imagiológicos constituem um desafio. Casos Clínicos: Doente do sexo feminino, de 78 anos de idade, com quadro clínico de hipoestesia facial direita, disfagia moderada e ataxia progressivas ao longo de 3 meses. Realizou RMN que mostrou lesão hemicerebelosa direita, heterogénea com componente nodular sólido e multi-cística, com as seguintes dimensões: 58x50x36 mm. Doente do sexo masculino, de 39 anos de idade, com quadro de hemiparésia direita, parésia facial central e crises convulsivas tónico-clónicas generalizas com 9 meses de evolução. Realizou RMN que mostrou lesão lentículo-basal e frontobasal posterior esquerda, heterogénea, mas de limites bem definidos e com as seguintes dimensões: 62x60x38 mm. Em ambos o diagnóstico inicial baseado no estudo de imagem foi de neoplasma – primário vs secundário. Foram submetidos a terapêutica cirúrgica com éxerese total da lesão conseguida. A evolução pós-operatória decorreu sem intercorrências. O diagnósticos histológico foi de CAG. Conclusão: Os casos ilustram como os CAG podem mimetizar neoplasma do SNC. Muito poucos casos estão descritos na literatura. A sintomatologia está associada ao seu tamanho e localização. A aparência diversificada destas lesões em exames de imagem levam frequente a diagnóstico erráticos. Excisão cirúrgica total é o tratamento de escolha, e o diagnóstico definitivo apenas é conseguido após a análise histopatológica. 48 49 p o st e r s PO18 Tumor desmóide dorsal pós-cirúrgico - um caso clínico Dalila Forte, Amets Sagarribay, Anabela Nabais, Lino Fonseca, Victor Gonçalves Serviço de Neurocirurgia HSJ – CHLC Introdução: Os tumores desmóides (TD) são neoplasias benignas de origem mesenquimatosa localmente agressivos. São raros, com incidência estimada de 2 a 4 por milhão de habitantes, representando 0.03% de todos os tumores. Ocorrem incidentalmente em doentes com fatores genéticos predisponentes ou associados a traumatismo. Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 52 anos, observado em consulta com volumosa massa (50 x 30mm de maiores diâmetros) dolorosa, de consistência elástica, dorsal e para-mediana direita, adjacente a cicatriz operatória prévia, com crescimento progressivo ao longo de três meses. Dois anos antes foi submetido a laminectomia e excisão de meningioma póstero-lateral esquerdo a nível de D4-D5 sem complicações pós-operatórias. A RM de coluna dorsal mostrou lesão expansiva ovalada bem delimitada, retro-vertebral direita, com sinal hiperintenso heterogéneo em T2 e captação de contraste. Fez-se remoção cirúrgica da lesão, que apresentava plano de clivagem delimitado em relação aos tecidos moles adjacentes excetuando uma área de continuidade com a musculatura para-vertebral. O exame histológico foi compatível com TD, imunocitoquímica positiva para Beta-catenina. Encontra-se assintomático e sem evidência de recidiva aos 6 meses de pós-operatório. Discussão: A etiopatogenia dos TD não está totalmente esclarecida, tendo-se identificado associação a alguns fatores: traumáticos, endocrinológicos e genéticos. O desenvolvimento secundário destas lesões após trauma cirúrgico sugere a existência de um processo fibro-proliferativo reativo na sua origem. Existem apenas 14 casos de TD espinhais na literatura, 9 em topografia dorsal, sendo este o primeiro caso de TD secundário a remoção de meningioma dorsal sem complicações na cicatrização operatória. O tratamento consensual é cirúrgico, com taxas de recorrência entre 40 e 50%. Conclusão: Apesar de raro, o diagnóstico de TD deve ser considerado perante o crescimento rápido de uma tumefação para-vertebral em área previamente submetida a cirurgia, uma vez que é potencialmente agressivo para as estruturas adjacentes. PO19 Quistos de Tarlov - caso raro de hemorragia intra-quística espontânea Gonçalo Novais, Pedro Castanho, Lia Pappamikail, Nuno Reis Serviço de Neurocirurgia, Hospital São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central Introdução: Quistos de Tarlov são quistos perineurais da bainha dos nervos radiculares localizados preferencialmente na região sagrada e afectam aproximadamente 5% da população. Frequentemente assintomáticos, a manifestação como hemorragia intraquística é excepcional. Material e Métodos: Os autores propõem-se apresentar o caso de uma doente do sexo feminino de 55 anos, com dor incapacitante de início súbito na região glútea e irradiada para a face posterior da coxa direita, com 1 semana de evolução. A RM lombossagrada revelou quisto de Tarlov sacrococígeo com sinais de hemorragia intra-quística recente. Propõem-se ainda apresentar o resultado da revisão bibliográfica sobre quistos de Tarlov, destacando as possíveis causas do presente caso clínico, nomeadamente a etiologia e a patofisiologia na génese da hemorragia intra-quística, e referindo as últimas considerações cirúrgicas na abordagem deste tipo de quistos. Resultados: Não foram encontradas na literatura científica outros casos de hemorragia intra-quística sintomática de quistos de Tarlov. A evolução do quadro e a correlação imagiológica fazem supor uma etiologia espontânea. Conclusão: Quistos de Tarlov são lesões quísticas raras, a maioria achados incidentais em estudos imagiológicos e sintomáticos em apenas 1% dos casos, sendo a sintomatologia nestes casos atribuível ao efeito compressivo sobre as raízes ou tecido neuronal adjacentes. O caso documentado representa o primeiro caso clínico descrito de quisto de Tarlov com sintomatologia atribuível à hemorragia intra-quística. PO20 Tratamento Cirúrgico de Luxação Completa Atlanto-Axial por Fractura tipo II da Odontóide em doente Octogenária Luís Marques, Joaquim Pedro Correia Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: A traumatologia da coluna vertebral cervical, e em especial da charneira crânio-encefálica, apresenta elevado risco de morbilidade e mortalidade. Os tratamento cirúrgicos disponíveis têm vindo a evoluir rapidamente com técnicas cada vez mais selectivas, seguras e com capacidade de preservação parcial do movimento. O aumento da esperança média de vida, vem aumentar a frequência desta patologia nos idosos, colocando aos cirurgiões de coluna importantes desafios no tratamento destes doentes. Objectivo/ Caso Clínico: Os autores reportam o caso clínico singular de doente de 82 anos, sexo feminino com múltiplos antecedentes pessoais, nomeadamente Doença de Parkinson que condicionava moderada dependência para as Actividades de Vida Diária. A doente foi admitida no Serviço de Urgência por queda da própria altura com traumatismo Crânio-encefálico e facial (escoriação mentoniana). Apesar da ausência de défices neurológicos “de novo”, cervicalgias incapacitante ou estigmas de trauma direto cervical, foi identificada fractura tipo II da odontóide com retropulsão e diastase completa do fragmento da odontóide, associada a luxação completa posterior de C1 sobre C2 (“espondiloptose”) por mecanismo de hiperextensão. Resultado: Em posição de decúbito dorsal procedeu-se a tracção cervical manual guiada por fluroscopia com obtenção de adequada redução da luxação. Seguidamente foi realizada abordagem posterior da coluna cervical com fixação as massas laterais de C1-C3-C4-C5. A longa construção deveu-se a anatomia desfavorável de C2 (artéria vertebral high riding) e subsequente fractura iatrogénica da massa lateral de C4 esquerda. Conclusões: Em doentes com idade avançada admitidos em contexto traumático, deve ser feito rastreio imagiológico de lesão cervical, mesmo na presença de pequenos impactos, ou na ausência de trauma direto. A redução manual é segura e permite reduzir luxações de grau elevado desde que realizada precocemente. O tratamento deve ser individualizado (cirúrgico vs conservador) tendo em conta as características anatómicas e as co-morbilidades de cada doente, sem esquecer as crescente segurança e eficácia da técnica cirurgia (com riscos controlados) em detrimento da morbilidade muitas vezes associada à atitude conservadora. PO21 Os Odontoideum Adquirido? - Tratamento Cirúrgico de Fractura da Odontóide com Instabilidade Atlanto-Axial 20 anos após Traumatismo Cervical Grave Luís Marques, Ana Isabel Luís, Vítor Dâmaso Oliveira Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: O Os Odoitoideum é uma entidade rara caracterizada pela não união da ponta da odontóide ao restante corpo de C2, associada a graus variáveis de instabilidade atlanto-axial. A sua etiologia é controversa: inicialmente era considerada como malformação congénita da charneira crânio-cervical (o que agora se tende a designar por persistência do ossiculum terminale). Actualmente alguns autores propõem que poderá ter origem numa não-fusão de uma fractura da Odontóide (tipo II) previamente não diagnosticada ou de não fusão da sincondrose da odontóide por hipermobilidade /trauma repetido durante a infância. O diagnóstico é muitas vezes acidental, sendo o tratamento cirúrgico recomendado apenas para os casos graves de instabilidade, agravamento neurológico e dor intratável. Caso Clínico: Os autores reportam o caso clínico de doente de 47 anos, sexo masculino, raça negra com os antecedentes pessoais de traumatismo crâneoencefálico e cervical grave 20 anos antes, sem aparentes sequelas. É referenciado ao Serviço de Neurocirurgia por queixas de cervicalgias axiais de tipo mecânico com “bloqueios” frequentes e de agravamento progressivo. Resultado: Após um longo período de tratamento conservador que não surtiu efeito, foi proposta fixação cervical por abordagem posterior da coluna cervical: realizou-se fixação C1-C2 através da técnica de Harms/Goel. O pós-operatório não registou intercorrências verificando-se, de imediato, remissão das cervicalgias axiais e sobretudo dos episódios de dor tipo “bloqueio” desencadeados com o movimento. Conclusões: Apesar da raridade e controvérsia acerca da etiologia do Os Odontoideum, os autores reportam um caso clínico onde se prova que a fixação cervical posterior curta, nomeadamente pela técnica de Harms/Goel, pode ser aplicada de forma segura e eficaz, obviando períodos longos de tratamento conservador e mantendo grande parte da mobilidade cervical. Nomeadamente nos doentes com comprovada instabilidade, a abordagem demasiado expectante, não só tem reduzida probabilidade de ser eficaz, como acresce o risco de agravamento neurológico para o doente. 50 51 p o st e r s PO22 Espondilodiscite Tuberculosa Dorso-Lombar em Doente com Obesidade Mórbida PO24 Abordagem terapêutica na estenose crânio-cervical na acondroplasia: a propósito de um caso clínico Luís Marques, Vítor Dâmaso Oliveira Osvaldo Sousa, Joana Oliveira, Josué Pereira, Paulo Pereira, Rui Vaz Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar de São João, Porto Introdução: A espondilodiscite tuberculosa corresponde a 40 a 50% dos casos de tuberculose músculo-esquelética, que por sua vez corresponde a 10 a 15% da tuberculose extra-pulmonar. O tratamento deve ser iniciado empiricamente na presença de exame clínico-laboratorial favorável, ou após diagnóstico microbiológico (idealmente por bióspia guiada por TAC). A natureza indolente desta infecção recomenda tratamento médico prolongado, sendo as 2 principais complicações o défice neurológico progressivo e a deformidade. Introdução: A acondroplasia é uma doença autossómica dominante rara (1 caso em cada 10000-30000 nados-vivos) associada a mutações no gene FGFR3, caracterizada por macrocefalia, encurtamento rizomélico das extremidades, bem como outras anormalidades esqueléticas, resultantes do defeito da formação óssea endocondral. Dadas estas alterações, há uma maior susceptibilidade ao aparecimento de estenose do canal medular, sendo particularmente afetada a região crânio-cervical, com risco acrescido de aparecimento de mielopatia e de morte súbita. Deste modo, a identificação precoce destas alterações e consequente tratamento poderá evitar danos potencialmente irreversíveis. Caso Clínico: Descreve-se o caso clínico de doente de sexo masculino, 41 anos de idade, raça negra e com obesidade mórbida (IMC>45). É admitido por queixas arrastadas cerca de 9 meses de evolução de dorso-lombalgias de ritmo mecânico e irradiação ocasional em cinturão pela parede abdominal, com alívio deitado e agravamento nocturno, mas sem febre ou perda ponderal. É diagnosticada provável espondilodiscite em L1-L2 com importante osteólise somática de L1 e menor de L2 com deformação cifótica, mas sem evidência de compressão tecal. São realizadas 2 biópsias guiadas por TAC (a 2ª após início de anti-bacilares por positividade no teste de Mantoux, e VS elevada) que foram negativas. O doente mantinha dorso-lombalgia incapacitante após 1 mês com antibacilares e ortótese externa (colete de Jewett). Na ausência de diagnóstico microbiológico foi realizada biópsia aberta por abordagem lombar posterior que, apesar de limitada, acabaria por agravar o colapso e a deformação cifótica (cerca de 6 semanas depois). Nesse contexto (presença de instabilidade na charneira dorsolombar em doente com obesidade mórbida, mas sem défices neurológicos), foi realizada fixação pedicular por via minimamente invasiva a 6 níveis (D10-11-12- L2-L3-L4 (colapso de L1 não favorável para fixação pedicular). Teve alta ao 3º dia de pós-operatório com remissão praticamente total das dores e com capacidade para a marcha autónoma sem necessidade de ortótese. Conclusões: No tratamento de patologia infecciosa vertebral, na ausência de indicação cirúrgica urgente, o gold-standard para o diagnóstico é a biopsia guiada por TAC. Se possível, deve ser evitada a descompressão posterior isolada pelo risco elevado de agravamento da instabilidade. Nos casos de instabilidade comprovada e na ausência de necessidade de descompressão neurológica, a fixação por via Minimamente Invasiva pode ser uma alternativa adequada e com excelentes resultados. Nesses casos deve ser ponderada a localização da instabilidade, as características do doente (nomeadamente morfométricas) assim como as desvantagens da abordagem percutânea (impossibilidade de realizar fusão postero-lateral com osso outólogo e/ou estabilização com cross-link, p.e.), como argumentos para adequar a extensão da fixação a cada caso específico. PO23 Melanoma Primário da Medula Espinhal Ribeiro da Cunha, P; Guerreiro Costa, G; Rebelo, O; Costa, G; Barbosa, M Serviço de Neurocirurgia do CHUC Introdução: O melanoma primário do sistema nervoso central corresponde a aproximadamente 1% de todos os casos de melanoma, sendo a localização na medula espinhal ainda mais rara. Desde o primeiro caso descrito em 1906 por Hirschberg, existem apenas 39 casos publicados. É descrito o único caso operado no nosso serviço. Metodologia: Trata-se de uma doente de 78 anos, com antecedentes de dor lombar crónica, com agravamento nos últimos 6 meses, associadas a retenção urinária e obstipação. Posteriormente verificou-se diminuição rapidamente progressiva da força dos membros inferiores, com incapacidade para a marcha. Objectivamente apresentava paraparésia flácida grau 3 a nível da coxa e perna, grau 0 em ambos os pés, arreflexia aquiliana e patelar e hipostesia dos membros inferiores, com anestesia L5-S1. A RM revelou extensa lesão expansiva no canal raquidiano, intramedular, centrada ao cone, entre D10 e L1, hiperintensa em T1 e em T2 e com discreto realce heterogéneo após contraste, alterações compatíveis com hemorragia aguda de provável lesão neoplásica. A doente foi operada, conseguindo-se remoção subtotal da lesão, tendo ficado pequeno resíduo aderente ao cone. Resultados: A anatomopatologia revelou neoplasia melanocítica compatível com melanoma. A doente foi observada por oftalmologia e dermatologia e efectuou um PET scan onde foram excluídas outras lesões e assim chegou-se ao diagnóstico definitivo de melanoma primário intramedular. Apresentou recuperação progressiva da força com capacidade para marcha com apoio e foi orientada para radioterapia. Aos 16 meses de follow-up apresenta crescimento do resíduo lesional, porém, mantém marcha autónoma sem agravamento, tendo-se optado pelo tratamento conservador. Conclusões: A apresentação clínica do melanoma primário da medula é inespecífica, sendo o diagnóstico definitivo de exclusão. A excisão cirúrgica total deve ser a primeira opção terapêutica, sempre que possível, pois apesar da elevada taxa de recidiva local, está associada a uma sobrevida significativamente superior em relação aos melanomas metastásicos. Caso clínico: Lactente de 5 meses com diagnóstico pré-natal de acondroplasia às 33 semanas de gestação, com má progressão ponderal, com postura cervical em hiperextensão e rotação para a esquerda com cerca de 1 mês de evolução, dando entrada no hospital em Setembro de 2013 com quadro de acidose respiratória. Ao exame neurológico apresentava-se desperto, sem irritação, com isocoria pupilar, seguia a luz com o olhar. Sem disfagia. Choro sem rouquidão. Mobilizava os 4 membros sem alteração do tónus muscular. Hiperreflexia generalizada e clónus. Realizou estudo imagiológico com TC e RM que mostrou estenose crânio-cervical significativa. Foi submetido a descompressão crânio-cervical sob monitorização neurofisiológica com potenciais evocados somatossensitivos (PESS) e motores (PEM), com constatação de melhoria intraoperatória dos potenciais após a descompressão. No follow-up aos 6 meses sem evidência de novos eventos respiratórios, bem como desaparecimento da postura em hiperextensão e rotação. Conclusão: A descompressão crânio-cervical pode ser realizada de forma segura e eficaz nos doentes com acondroplasia e evidência de estenose crâniocervical significativa, podendo evitar a instalação de défices neurológicos irreversíveis. Palavras-chave: acondroplasia, estenose crânio-cervical, descompressão PO25 Tumor Fibroso Solitário Vértebro-Medular em Ampulheta: Abordagem integrada de uma entidade rara José Pedro Lavrador1, Edson Oliveira1, Lia Neto2, José Pimmentel3, António Fernandes Francisco1, Sérgio Livraghi1 Departamento de Neurocirurgia, Hospital Santa Maria Departamento de Imagiologia Neurológica, Hospital Santa Maria 3 Laboratório de Neuropatologia, Departamento de Neurologia, Hospital Santa Maria 1 2 Introdução: O Tumor Fibroso Solitário (TFS) Vértebro-Medular é uma entidade rara; 55 casos descritos até ao momento na literatura inglesa, apenas 3 com conformação em ampulheta. Caso Clínico: Doente de 23 anos inicia quadro de dorsalgia e tumefacção dorsal com 4 anos de evolução, com progressão morfológica durante a gravidez. A avaliação por RM mostrou uma lesão hipervascularizada em forma de ampulheta com expressão intra e extracanalar através do foramen de D11-D12 esquerdo. Realizou uma angiografia diagnóstica que mostrou dependência dos pedículos vasculares de D10 e D11. Realizou uma biópsia que concluiu tratar-se de tumor fibroso solitário. Procedeu-se à embolização dos pedículos vasculares com SQUID 12® e excisão tumoral en bloc após realização de hemilaminectomia de D11. A doente teve alta hospitalar 3 dias depois com melhoria do quadro álgico e sem defeitos neurológicos acrescidos. Após 6 meses de follow-up, a avaliação imagiológica não mostra sinais de recidiva lesional e a doente retomou a sua actividade diária sem restrições. Discussão: O TFS tem maior expressão em topografia intracraniana. A sua raridade enquanto entidade oncológica vértebro-medular impõe o seu diagnóstico diferencial com outras lesões mais frequentes e com características imagiológicas semelhantes, nomeadamente meningioma, neurinoma, hemangioblastoma e hemangiopericitoma. Apesar da ausência de dados relativamente à melhor abordagem terapêutica devido à escassez de casos reportados, a remoção completa parece ser o objetivo último do tratamento. Permitindo um controlo hemostático mais eficaz, a embolização pré-operatória foi importante para o alcançar. Conclusão: A abordagem cirúrgica de tumores vertebro-medulares hipervascularizados é complexa e uma abordagem integrada com embolização pré-operatória diminui o risco cirúrgico. O TFS, apesar de raro, deve ser incluído no diagnóstico diferencial das lesões vertebro-medulares em ampulheta. 52 53 p o st e r s PO26 Vertebrectomia por via posterior no tratamento de patologia oncológica da transição cérvico-dorsal e revisão da literatura PO28 Hemisferotomia funcional: a propósito de um caso relacionado a infeção congénita por CMV e malformação do desenvolvimento cortical José Pedro Lavrador1, Edson Oliveira1, Joaquim Teixeira1, Nuno Simas1, António Fernandes Francisco1, Sérgio Livraghi1 Eduardo Procaci da Cunha1, Catarina Magalhães2, Luis Rocha1, Rui Rangel1 1 Departamento de Neurocirurgia, Hospital Santa Maria Introdução: A patologia oncológica vértebro-medular é responsável por significativa morbi-mortalidade (morbilidade entre 2-40% após tratamento cirúrgico; mortalidade dependente da localização e tipo histológico: entre 3-7 meses – metástases – e os 50 meses – cordomas). Reconstruções completas da coluna vertebral têm-se revelado superiores no controlo local da doença, melhoria neurológica e controlo da dor. Classicamente, foram descritas abordagem combinadas por via anterior e posterior. O desenvolvimento de opções para estabilização e da técnica neuroanestésica permitiram reduzir a morbilidade do procedimento e assim permitir a sua realização por via posterior. Métodos: Estudo retrospectivo de doentes submetidos a vertebrectomia por via posterior no Centro Hospitalar Lisboa Norte no intervalo de 6 meses. Foram estudados o estadiamento da doença, a correcção da deformidade, o outcome funcional, o controlo da dor e o follow-up. São descritas as principais dificuldades técnicas nestes procedimentos complexos. Resultados: 4 doentes foram operados de Junho de 2013 a Janeiro de 2014 (topografia da vértebra fracturada: D1 – 1 doente, D2 – 3 doentes; histologia: sarcoma de Ewing – 2 doentes, adenocarcinoma do pulmão – 1 doente, tumor de células gigantes – 1 doente). Complicações: operatórias – nenhuma; perioperatórias: 1 doente com embolia pulmonar. Todos os doentes registaram melhoria neurológica e das queixas álgicas. Discussão: A transição cérvico-dorsal apresenta dificuldades particulares no que diz respeito às estruturas vasculares e mediastínicas envolventes, assim como as raízes com funções motoras relevantes na constituição do plexo braquial. Procedemos a uma revisão da literatura das séries publicadas relativas à patologia da transição cérvico-dorsal que contêm um reduzido número de doentes, heterogeneidade na técnica cirúrgica e nas consequências em termos de controlo da doença, sintomatologia e sobrevida. Conclusão: A vertebrectomia e estabilização da coluna por via posterior é uma técnica complexa e delicada mas que pode permitir uma melhoria significativa da função neurológica, do controlo álgico, da doença local e da sobrevida. PO27 Associação de espondiloartropatia amilóide no contexto de doença renal crónica e mieloma múltiplo na charneira craniocervical: caso clínico Ana Luís1, Carla Reizinho1, Miguel Casimiro1, João Cassis2 1 2 Serviço de Neurocirurgia, Hospital de Egas Moniz, Lisboa Serviço de Anatomia Patológica, Hospital de Egas Moniz, Lisboa 1 2 Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar do Porto U Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Porto A infeção congénita pelo CMV está associada a anomalia do desenvolvimento cortical e consequente desenvolvimento de epilepsia refratária em idade pediátrica. A epilepsia refratária em idade pediátrica pode ter consequências deletérias a nível cognitivo com repercussões irreversíveis. Na presença de um potencial candidato cirúrgico, esta possibilidade deve ser considerada antes da instalação de défices graves e permanentes, especialmente na criança com desenvolvimento cerebral em evolução. A presente apresentação tem como objetivo a descrição de um caso clínico de infeção congênita por CMV, suas manifestações clínicas, estudo complementar realizado, processo de decisão na escolha do tratamento, técnica cirúrgica utilizada, resultado funcional, e a confrontação com a atual literatura em relação a hemisferotomia funcional. PO29 Carbamazepina no tratamento de sincinésia autonómica e mioquimia facial após radioterapia José Pedro Lavrador1, Ana Patrícia Antunes2, Miguel Coelho2 1 2 Departamento de Neurocirurgia, Hospital de Santa Maria Departamento de Neurologia, Hospital Santa Maria Introdução: O síndrome de lágrimas de crocodilo é uma sincinésia autonómica caracterizada por lacrimejo paroxístico provocado por estímulos que aumentam a salivação, sendo uma complicação pouco frequente da paralisia facial. Os autores reportam um caso de sincinesia autonómica e mioquimia facial após radioterapia numa doente com adenoma hipofisário e história de paralisia facial na infância. Caso Clínico: Doente de 41 anos inicia quadro de lacrimejo paroxístico no olho esquerdo durante as refeições - Synkinesis Assessment Questionnaire (SAQ) 4. Como antecedentes destacam-se paralisia facial periférica esquerda durante a infância, macroadenoma não-secretor submetido a tratamento com radioterapia externa fraccionada e hidrocefalia triventricular submetida a derivação ventrículo-peritoneal há 5 anos. O exame neurológico confirmou o lacrimejo paroxístico e revelou mioquimia facial esquerda. Após recusa de tratamento com injecção de toxina botulínica, a doente iniciou tratamento com carbamazepina (CBZ) com melhoria sintomática. Descontinuou o tratamento por iniciativa própria, com recidiva sintomática, que cedeu novamente após a sua reintrodução – SAQ 1. Discussão: A CBZ é um fármaco de uso regular na prática clínica com um espectro de acção terapêutica e efeitos secundários bem conhecido. Ao diminuir de forma global a excitabilidade neuronal, a CBZ aumenta o limiar para a condução das vias neuronais aberrantes, como as presentes nas sincinesias autonómicas. À semelhança de outros casos descritos na literatura, a radioterapia nos tumores da base do crânio pode induzir disfunção neuronal que, neste caso, associada à disfunção facial prévia, conduziu ao aparecimento das queixas de sincinesia autonómica e mioquimia facial. Conclusão: A CBZ parece ser efetiva no tratamento dos sintomas de hiperexcitabilidade por condução aberrante, sendo este o primeiro caso descrito com esta utilização farmacológica. Introdução: O mieloma múltiplo (MM) envolve a coluna vertebral em 1/3 dos casos, sendo a região cervical a menos frequentemente acometida. Quando implicada, constitui frequentemente a primeira manifestação da doença. O MM caracteriza-se por uma reabsorção óssea activa com instabilidade subsequente. Pode ainda levar a artropatia por depósito de amilóide. A espondiloartropatia amiloidótica é uma patologia que afecta doentes com insuficiência renal crónica (IRC) submetidos a hemodiálise (>2 anos), na qual existe uma franca deposição de amilóide periarticular de predomínio na região cervical, com resultante osteólise. Pela sua raridade os autores reportam o caso de uma doente que associa ambos os diagnósticos. Caso clínico: Descreve-se o caso de uma mulher de 79 anos, com lRC (sob hemodiálise de longa duração), com um quadro de cerviconucalgia, com 5 meses de evolução, e tetraparésia com padrão centromedular rapidamente progressiva. O exame neurológico evidenciava tetraparésia flácida com nível sensitivo cervical alto. Imagiologicamente observaram-se lesões osteolíticas vertebrais de dois tipos: somáticas (C1, C2 e D1) e articulares posteriores (C0-C1 e C1-C2 com componente epidural posterior compressivo e na coluna cervical subaxial). Verificou-se ainda envolvimento de várias grandes articulações por lesões osteolíticas. Procedeu-se a laminectomia C1-C2, exerése lesional de massa epidural compressiva e fixação C0-C3-C4-C5. Após agravamento transitório da tetraparésia verificou-se melhoria franca em relação ao status pré-cirúrgico. A anatomia patológica revelou: neoplasia de plasmócitos com extensos depósitos de amilóide. Conclusão: A artropatia por depósito amilóide em doentes com IRC é uma entidade patológica que pode provocar instabilidade potencialmente grave da coluna cervical, podendo ser confundida com artropatias inflamatórias mais comuns. A associação a plasmocitoma por MM na mesma região é excepcionalmente rara, e a produção concomitante de amilóide pelo MM agrava o quadro e dificulta o diagnóstico e o tratamento. 54 55 p o st e r s PO30 Interferência da cirurgia no domínio cognitivo dos doentes com glioblastoma multiforme PO33 GLIOFIBROMA SUPRATENTORIAL NO ADULTO - CASO CLÍNICO Fanny Lima1, Cláudia Sousa2, Bruno Carvalho2, Paulo Linhares2, Rui Vaz2 Joaquim Cruz Teixeira1, José Pimentel2, João Paulo Farias1 1 2 Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto Serviço de Neurocirurgia Centro Hospitalar São João, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Introdução: A alteração das funções cognitivas nos doentes com gliomas é multifactorial, podendo dever-se ao tumor, ao desenvolvimento de epilepsia, ao tratamento efectuado (corticoterapia, antiepiléptico, radioterapia e quimioterapia) e ao stress psicológico. No entanto, pouca literatura se tem debruçado sobre o efeito da cirurgia nos défices cognitivos nestes doentes. O objetivo deste estudo é analisar a interferência da cirurgia no desempenho cognitivo dos doentes. Material e métodos: Foram avaliados prospectivamente 22 doentes com gliomas cerebrais (15 glioblastomas, 1 gliossarcoma, 1 astrocitoma anaplásicos, 2 astrocitomas fibrilares, 2 oligodendrogliomas, 1 oligodendroglioma anaplásicos). Foi feita avaliação neuropsicológica pré-cirurgia e às 3 semanas pós-cirurgia, pré-radioterapia, com uma bateria de testes para avaliação dos subdomínios cognitivos atenção, memória, linguagem e funções executivas. Cumpriram o segundo momento de avaliação 14 doentes (8 glioblastomas, 1 gliossarcoma, 1 astrocitoma anaplásicos, 1 astrocitoma fibrilar, 2 oligodendrogliomas e 1 oligodendroglioma anaplásicos). A bateria de testes inclui o MMSE, MoCA, DRS-2, sub-provas da WAIS-III (velocidade de processamento e da memória do trabalho) e sub-provas da PALPA-P (nomeação), o stroop test e as provas de fluência verbal fonémica e categórica. Resultados: Verificou-se uma melhoria no teste de rastreio das funções executivas (FAB), com melhoria de desempenho entre o primeiro momento (M= 12.64, DP= 3.95) e o segundo momento (M= 14.57, DP= 3.03), t(13)= 2.79, p=0.015. Os restantes testes não mostraram diferenças estatisticamente significativas entre os dois momentos de avaliação pré e pós-cirúrgico. Há uma diminuição do número de doentes com alterações cognitivas em todas as subprovas à exceção do teste de rastreio sensível às funções executivas (MoCA) e nas fluências verbais, sugerindo que a intervenção cirúrgica não influencia negativamente o desempenho cognitivo dos doentes operados a tumores cerebrais. Conclusões: A cirurgia não interfere negativamente no domínio cognitivo dos doentes, podendo nalgumas circunstâncias melhorá-lo. Contudo, é necessário considerar o reduzido número da amostra. 1 2 Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria Serviço de Neuropatologia, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria Introdução: O gliofibroma é um tumor extremamente raro com um componente glial que pode variar de baixo a alto grau de malignidade e um componente mesenquimatoso benigno. O seu comportamento biológico é variável. A sua histogénese e prognóstico também são controversos. Caso clínico: Apresentamos o caso de uma doente de 77 anos que foi admitida no nosso Serviço com hemiparésia espástica esquerda associada a hemi-hipostesia ipsilateral. Realizou RM CE que documentou volumosa lesão expansiva cortico-subcortical temporo-parietal direita (65 x 51 x 67 mm) com componente calcificado e marcado efeito de massa associado a desvio das estruturas da linha média. Foi submetida a craniotomia parietal direita com biópsia de tecido superficial de coloração escura e de tecido pétreo profundo. No exame histológico foram observados aspectos compatíveis com astrocitoma de baixo grau associado a componente mesenquimatoso, sugestivos do diagnóstico de gliofibroma. Conclusão: O gliofibroma é um tipo de tumor raro e ainda pouco caracterizado. Foi descrito inicialmente por Friede em 1978, havendo menos de 30 casos descritos na literatura. Afecta mais as crianças que os adultos, ocorrendo em qualquer localização no Sistema Nervoso Central. Descrevemos o caso raro de uma doente com o diagnóstico de gliofibroma aos 77 anos. PO34 Associação de glioblastoma secundário e adenoma da hipófise: caso clínico Marta Serra1, Carla Reizinho2, Ana Luís2, Miguel Casimiro2 PO31 Hemorragia em quisto epidermoide intradiploico Ricardo Moreira, João A. Lima, Leandro Oliveira, Rui Almeida, Carlos Alegria Serviço de Neuro cirurgia - Hospital de Braga Quistos epidermoides intradiploicos hemorragicos são raros, com poucos casos descritos na literatura para nosso conhecimento. Tratam-se de lesões malformativas, com comportamento usualmente benigno e avasculares, que por esse motivo raramente sangram. Pretendemos apresentar caso clínico de lesão em doente de 76 anos, previamente saudável, com clínica de hemiparesia esquerda, tendo sido diagnosticada lesão volumosa extra dural fronto temporal direita, com invasão óssea e conteúdo hemorrágico em TC e RMN. Doente foi submetido a craniotomia e exerese da lesão, com histologia de quisto epidermoide com componente hemorrágico. Apesar da escassez de referências na literatura, interpretamos o comportamento desta lesão como benigna, com bom prognóstico. Condiciona grande capacidade de adaptação do cérebro ao efeito de massa por ela provocada, o que poderá reflectir uma prevalência maior na população por serem silenciosas. PO32 Condroma Meníngeo: um diagnóstico diferencial raro Eduardo Procaci da Cunha1, Rui Rangel1, Ricardo Taipa2, Manuel Melo Pires2 1 2 Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar do Porto Unidade de Neuropatologia, Centro Hospitalar do Porto 1 2 Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Serviço de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz Introdução: É conhecida a ocorrência de tumores cerebrais primários em síndromes tumorais hereditários(STH) bem definidos como a neurofibromatose tipo 1 e 2, Li-Fraumeni, Turcot, etc. A ocorrência familiar de tumores cerebrais primários na ausência de um STH é um evento raro. Os autores apresentam o caso de um doente com glioblastoma(GBM) secundário e macroadenoma da hipófise(MAH); e história familiar de múltiplas neoplasias, incluindo tumores cerebrais. Caso clínico: Apresenta-se o caso de uma mulher, de 39 anos, com história de múltiplos familiares com neoplasia, incluindo um primo com glioblastoma secundário. Apresentou-se com queixas de cefaleias holocranianas, desequilíbrio, dificuldade na expressão verbal e cálculo e lentificação psicomotora de instalação nos dois meses precedentes, com agravamento progressivo. No exame neurológico destacava-se disartria, lentificação do discurso com pausas e anomias pouco frequentes, sem outras alterações. A avaliação hormonal revelou hiperprolactinémia discreta, a avaliação neuroftalmológica revelou hemianopsia homómina direita e a avaliação neuropsicológica confirmou uma afasia transcortical sensitiva e discalculia. A ressonância magnética(RM) mostrou volumosa lesão intraaxial parietal esquerda, com extensão exofítica à cisterna da lâmina quadrigémea com compressão do mesencéfalo, com semiologia imagiológica sugestiva de glioma. Mostrou ainda uma lesão holoselar com extensão supraselar com semiologia imagiológica sugestiva de MAH. Procedeu-se a exérese lesional (abordagem interhemisférica parieto-occipital esquerda) com remoção subtotal. Não se verificaram complicações e houve remissão do quadro clínico. O resultado histopatológico foi de astrocitoma difuso com transformação anaplásica(GBM). O estudo genético confirmou origem secundária provável. Fez tratamento adjuvante (protocolo Stupp) e foi submetida a nova intervenção com objectivo de completar a remoção tumoral. Optou-se por atitude expectante relativamente ao MAH. Discussão e Conclusão: Há poucos relatos de associação de gliomas e adenomas da hipófise e não há relatos de associação a glioblastoma secundário. Alguns sugerem que estes eventos podem ser uma coincidência, não sendo contudo possível excluir uma associação genética, especialmente num contexto de história familiar. O condroma é uma neoplasia intracraniana primária rara, responsável por menos de 0,3% dos casos documentados. Localiza-se mais frequentemente na base do crânio, sendo ainda mais rara a sua localização na meninge cerebral, com menos de 30 casos publicados na literatura. O presente pôster tem como objetivo apresentar um caso recentemente operado no Centro Hospitalar do Porto. 56 57 p o st e r s PO35 Hemangioma capilar lobular - complicação cirúrgica? PO37 Teratocarcinossarcoma naso-sinusal com extensão intracraniana - Um Caso Clínico Dalila Forte, Amets Sagarribay, Anabela Nabais, Gonçalo Novais, Victor Gonçalves Miguel Brito, João Paulo Andrade, Conceição Marques, José Cabral Serviço de Neurocirurgia HSJ – CHLC Serviço de Neurocirurgia, Hospital de Egas Moniz - Centro Hospitalar Lisboa Ocidental Introdução: O Hemangioma capilar lobular (HCL) é uma neoplasia benigna rara, localizando-se mais frequentemente ao nível da cabeça e pescoço, sendo a cavidade nasal uma localização pouco frequente. A sua etiopatogenia não se encontra estabelecida, associando-se a fatores traumáticos e hormonais (maior incidência durante a gravidez e em doentes sob terapêutica anticonceptiva oral). O teratocarcinossarcoma naso-sinusal é uma neoplasia rara e muito agressiva que mostra a combinação de características malignas de teratoma e de carcinossarcoma e se caracteriza histologicamente pela presença de componentes de elementos epiteliais e mesenquimatosos em simultâneo. Apresenta taxa de crescimento rápido e prognóstico reservado com taxas de sobrevida aos 3 anos de 30-50% de acordo com as estatísticas publicadas. Os autores descrevem um caso clínico de homem de 46 anos de idade, admitido no Serviço de Urgência com quadro de desorientação, abulia e mutismo de agravamento rapidamente progressivo condicionado por extensa lesão expansiva intracraniana de localização fronto-basal em aparente continuidade com lesão intranasal centrada ao recesso etmoidal esquerdo com obliteração do seio esfenoidal e células etmoidais ipsilaterais. Foi submetido a exérese total da porção endocraniana, que se verificou ser extra-axial, tendo-se procedido a remoção total de massa friável, bem delimitada, sem infiltração cortical e respeitando os planos durais, tendo o exame extemporâneo demonstrado compatibilidade com tumor maligno de células germinativas da fossa nasal. Posteriormente efectuou-se remoção por via endoscópica do tumor intranasal que mostrava respeitar a mucosa naso-sinusal e aparentemente a dura da goteira olfactiva, cuja histopatologia confirmou tratar-se de TCSNS. Após recuperação completa dos défices o doente foi encaminhado para tratamento adjuvante. Com este caso os autores pretendem enfatizar a importância da suspeição desta entidade clínica em lesões expansivas da fossa nasal com eventual extensão endocraniana pois um adequado diagnóstico histológico coloca-nos sob a necessidade de uma boa exérese cirúrgica associada a terapia complementar com radioterapia ou quimioterapia que permita optimizar ao máximo a prognóstico dos doentes com esta neoplasia maligna altamente agressiva. Caso clínico: Doente do sexo feminino, 50 anos, com história de perda progressiva da acuidade visual com um mês de evolução, tendo-se documentado hemianópsia bitemporal após realização de Perimetria Computorizada. Realizou RM de crânio que demonstrou a presença de macroadenoma hipofisário quístico com efeito de massa local. A lesão foi removida por via endoscópica transnasal sem intercorrências. O diagnóstico histológico da peça cirúrgica foi de macroadenoma da hipófise (MAH) produtor de gonadotropinas (LH e FSH positivo). No período pós-operatório registou-se franca melhoria da acuidade visual. Duas semanas após a cirurgia iniciou quadro de epistáxis recorrente com necessidade de tamponamento nasal. Identificou-se a presença de tumor nodular na cavidade nasal esquerda, que foi removido endoscopicamente. O exame histológico da peça foi compatível com hemangioma nodular capilar. Desde então tem-se mantido assintomática. Discussão: O HCL é uma lesão hipervascularizada de crescimento rápido cujo desenvolvimento se encontra associado a fatores traumáticos e hormonais. Os autores apresentam um caso clínico que ilustra dois potenciais fatores causais para o desenvolvimento desta lesão: o ambiente hormonal favorável e a agressão traumática cirúrgica e através de tamponamento nasal. Conclusão: O HCL pode surgir como complicação de um acesso endoscópico transnasal para remoção de MAH. PO36 Ependimoma anaplásico supra-tentorial extra-ventricular - a propósito de um caso clínico Guerreiro Costa1, P. Cunha1, A. Rocha1, H. Tão1, J. Santiago1, J. L. Alves1, J. Rato1, M. Barbosa1, O. Rebelo2 Alexandra Santos , Luís Marques , Joaquim Pedro Correia , Martinha Chorão 2 1 1 2 1 1 2 Serviço de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz Serviço de Anatomia-Patológica do Hospital Egas Moniz Introdução: Os Ependimomas correspondem a cerca de 2 a 6% dos tumores intra-cranianos no adulto. Esta neoplasia pouco frequente tem origem nas células ependimárias, no entanto cerca de 50% dos ependimomas supra-tentoriais são lesões extra-ventriculares. Caso clínico: Os autores descrevem o caso de um doente do género masculino, 50 anos de idade, com antecedentes de patologia psiquiátria, com queixas de alteração da sensibilidade e força muscular do hemicorpo esquerdo com várias semanas de evolução e agravamento progressivo. Ao exame neurológico destacava-se hipostesia táctil e álgica do hemicorpo esquerdo e força muscular grau 4+ nos vários segmentos do membro superior e inferior esquerdos. TC-CE e RM-CE que mostraram lesão intra-axial frontal direita, sem contacto com o ventrículo, com aspecto irregular, limites mal definidos, captação homogéna de contraste, moderado edema peri-lesional e discreto desvio da linha média para a esquerda. Foi realizada craniotomia pterional direita e exérese macroscopicamente total de lesão intra-axial com tom arroxeado. O exame anatomo-patológico foi compatível com Ependimoma Anaplásico – lesão com células por vezes organizadas em pseudo-rosetas peri-vasculares, com mitoses frequentes, extensas áreas de necrose e com perfil imuno-histoquímico positivo para GFAP, Vimentina e S100, áreas focais de positividade para Sinaptofisina e EMA positivo em ponteado disperso. No período pós-operatório verificou-se resolução das alterações sensitivas e de força muscular. Foi realizada radioterapia adjuvante. A RM-CE de controlo após 9 meses mostra pequena área de captação de contraste na loca cirúrgica, sem outros sinais sugestivos de disseminação tumoral. Conclusões: Com a apresentação deste caso pretende-se salientar que apesar de raro, o Ependimoma deve ser considerado no diagnóstico diferencial das lesões supra-tentoriais extra-ventriculares no adulto. 58 PO38 Meningioma Parassagital Gigante - Caso Clínico 1 Serviço de Neurocirurgia - CHUC Departamento de Neuropatologia, Serviço de Neurologia - CHUC O Meningioma Gigante Craniano é um tumor raro e a extensão extracraniana é incomum. Apresentamos o caso de um doente com 62 anos de idade, com quadro clínico caracterizado por défice motor no membro inferior direito e crises epiléticas, submetido a remoção de Meningioma parassagital parietal esquerdo gigante. O tumor invadia o terço médio do seio sagital superior e destruía a calote craniana, com componente extracraniana maior que a porção intracraniana. Os aspectos clínicos, imagiológicos, cirúrgicos e etiológicos são referidos e discutidos considerando a bibliografia existente sobre o tema. PO39 Granuloma Eosinofílico do Crânio: Um Caso Clínico Miguel Brito, João Paulo Andrade, Conceição Marques, José Cabral, Luis Marques Serviço de Neurocirurgia, Hospital de Egas Moniz - Centro Hospitalar Lisboa Ocidental O Granuloma Eosinofílico é considerado uma variante benigna e localizada da Histiocitose X. É um tumor raro representando menos de 1% de todos os tumores ósseos. Caracteriza-se por lesões ósseas únicas ou múltiplas e afecta principalmente crianças, adolescentes e adultos jovens. Existe uma maior prevalência da doença no sexo masculino. Apresenta-se maioritariamente como lesão monostótica tendo como locais comuns o crânio, coluna vertebral e ossos longos. Os sinais e sintomas associados incluem dor, edema, cefaleias, exoftalmo, febre e leucocitose. Imagiologicamente apresenta-se por lesões líticas do osso. O diagnóstico é histológico e confirmado pela presença de células de Langerhans. É uma doença com bom prognóstico e que pode apresentar regressão espontânea. É altamente radiossensível e o tratamento de eleição é a exérese cirúrgica com a curetagem do osso envolvido. Descreve-se o caso clínico de doente do sexo feminino, 23 anos de idade, fumadora de 30 cigarros por dia com quadro de edema palpebral e supra-orbitário direito de predomínio matutino com cerca de 2 meses de evolução associado posteriormente a cefaleias retro-orbitárias pulsáteis e picos subfebris de predomínio vespertino com mal estar geral e mialgias generalizadas. O TCCE mostrou lesão osteolítica na porção medial do tecto da órbita direita. A RMN-CE evidenciou lesão extra-axial com cerca de 2 cm de maior diâmetro horizontal que parecia apresentar cauda dural compatível com pequeno meningioma. Foi operada por craniotomia fronto-orbitária e exérese total de lesão de consistência mole e aspecto lobulado que provocava lise da porção medial do tecto da órbita alargando as extremidades das tábuas interna e externa insinuando-se no diploe e que aderia peri-órbita e a dura-máter. O exame histológico confirmou tratar-se de um Granuloma Eosinofílico. 59 p o st e r s PO40 Hemangioblastoma medular cervical: a propósito de um caso clínico Lino Fonseca, Gonçalo Novais, Fausto Carvalho, José Brás, Paulo Fernandes, Casimiro Gonçalves CHLC EPE - Serviço de Neurocirurgia Introdução: Os hemangioblastomas (HG) são tumores altamente vascularizados do Sistema Nervoso Central, tendo uma prevalência de 1,5-2,5% entre todos os tumores vertebro-medulares. Podem ocorrer de forma esporádica ou como componente de uma doença autossómica dominante, a doença de von Hippel-Lindau. São tumores com comportamento benigno em que o tratamento de escolha é a excisão cirúrgica completa, que pode ser conseguida com baixa morbilidade através das técnicas de microneurocirurgia actuais e com um conhecimento profundo das estruturas neurais adjacentes. Caso clínico: Os autores relatam o caso de uma mulher, de 36 anos de idade, professora de yoga, sem antecedentes pessoais ou estigmas sugestivos de facomatose, com queixas de dor neuropática e alterações sensitivas segundo o território da raiz de S1 esquerda, com agravamento nos três meses antecedentes, associada a tumefacção da região glútea de crescimento lentamente progressivo. No exame objectivo constatou-se massa glútea não móvel, pulsátil ou expansível. A ressonância magnética(RM) constatou a presença de uma formação quística multiloculada na região glútea, de 60 mm de maior diâmetro, em aparente relação com o nervo ciático. O electromiograma demonstrou moderada compressão/lesão do grande ciático esquerdo, com sinais de cronicidade e compromisso axonal moderado. Procedeu-se a ATG esquerda e exérese total da lesão, sob monitorização neurofisiológica motora. O resultado histopatológico confirmou o diagnóstico de schwannoma beningno. Houve remissão completa das queixas álgicas e sensitivas, sem compromisso da função motora, com restabelecimento completo da actividade laboral após um mês. A RM de controlo após um ano mostra ausência de recidiva lesional. Conclusões: Os neurocirurgiões devem considerar este diagnóstico em doentes com queixas de dor neuropática atípica especialmente se associada a tumefacção. A ATG permite uma adequada exposição lesional, sendo segura, sem a associada atrofia muscular por desnervação/desinserção e uma excelente recuperação funcional com bom resultado estético. Caso Clínico: Doente do sexo masculino, de 56 anos de idade, com quadro clínico de cervicalgia inespecífica com cerca de 1 ano de evolução e concomitantemente com parésia braquial direita progressiva. Realizou TC da coluna cervical que mostrou lesão intramedular cervical em C2-C3. Foi submetido a angiografia medular que mostrou volumosa área de blush vascular cervical para-mediana direita, com vascularização arterial na dependência de ramos musculares da artéria vertebral direita e espinhal anterior, compatível com HG cervical anterior. Procedeu-se à embolização arterial selectiva do ramo muscular da artéria vertebral direita, com redução marcada do blush vascular, tendo sido submetido no mesmo dia a laminectomia de C2-C4 com mielotomia posterior mediana e remoção completa em bloco de lesão intramedular. O diagnóstico histopatológico confirmou um HG. No pós-operatório imediato ocorreu agravamento dos défices prévios, com aparecimento de tetraparésia que regrediu totalmente. Conclusão: HG medulares são tumores potencialmente curados cirurgicamente. Remoção microcirúrgica completa pode ser conseguida na maioria dos casos com bom outcome neurológico, mas a localização ventral está associada a maior agravamento neurológico pós-operatório e morbilidade. PO41 Quistos aracnoideus intracranianos “espontaneamente sintomáticos” em adultos - a propósito de casos clínicos CODMAN NEURO Sérgio Moreira, Isabel Ribeiro, Célia Pinheiro Centro Hospitalar do Porto - Hospital Santo António, Serviço de Neurocirurgia A raridade desta entidade clínica motiva a apresentação de uma série de quatro casos clínicos e, a seu propósito, uma revisão da literatura acerca dos mecanismos fisiopatológicos e das opções para o tratamento cirúrgico. Os quistos aracnoideus intracranianos em adultos são raros (prevalência descrita de 1.4%) e na sua maioria tratam-se de achados. Na verdade, os quistos aracnoideus intracranianos sintomáticos em adultos são muito raros (prevalência descrita de 0.07 % ou 5.3% do total de pessoas com quistos aracnoideus). Na sua maioria tornam-se sintomáticos após um traumatismo que provoca hemorragia peri- ou intra-quística. Há escassa evidência científica sobre os mecanismos que podem levar ao crescimento / “descompensação” espontâneos dos quistos aracnoideus intracranianos em adultos; hemorragia espontânea a partir dos vasos das suas paredes, mecanismo osmótico e secreção ativa a partir das suas membranas são as teorias mais frequentemente propostas. Os quistos aracnoideus intracranianos “espontaneamente sintomáticos” em adultos devem ser tratados cirurgicamente, com o objetivo de criar uma comunicação entre o quisto e os espaços de circulação de LCR; em alguns casos, nomeadamente nas recidivas, pode ser ponderada derivação para outras cavidades (por exemplo, derivação quisto-peritoneal). Apresentamos quatro casos de adultos com quistos aracnoideus intracranianos “espontaneamente sintomáticos”, submetidos a tratamento cirúrgico. Em dois dos casos os quistos tinham localização supratentorial e, nos outros dois, na fossa posterior. Nos quatro casos os doentes apresentaram queixas de cefaleias, três deles com náuseas e vómitos associados, um deles com ataxia da marcha (quisto da fossa posterior) e um com hemiparesia (quisto fronto-parietal). Em dois doentes procedeu-se à fenestração do quisto para o espaço subaracnoideu através de craniotomia e exérese da sua membrana externa e nos outros dois a fenestração foi obtida com recurso a endoscopia. Verificou-se resolução completa do quadro clínico em todos os casos; não foi registada qualquer complicação per-operatória, nem recidiva. PO42 Abordagem transglútea para tratamento de schwannoma do nervo ciático na região glútea Carla Reizinho, Luís Marques, Alexandra Santos, João Paulo Andrade, Miguel Casimiro Serviço de Neurocirurgia, Hospital Egas Moniz Introdução: Os schwanomas do nervo ciático na região glútea são raros e o seu diagnóstico difícil até atingirem grandes dimensões por a sua apresentação clínica poder ser facilmente confundida com radiculopatia compressiva. A abordagem classicamente descrita para o seu tratamento é a infraglútea(IG) , que implica um rebatimento no músculo grande glúteo com desinserção femoral. Esta implica uma atrofia muscular importante com limitação funcional. A abordagem transglútea(ATG) tem sido apontada como uma alternativa eficaz e menos invasiva. 60 Prémios Codman 2014 Melhor Comunicação Oral Melhor Poster 61 n o tas 62 63 Socime Medical