TV DIGITAL: O futuro é agora
Arnon de Andrade, Coordenador da Base Estudos e Pesquisas
em Meios de Comunicação e Educação da UFRN, fala um
pouco dessa nova fronteira.
(David Emanuel e Luara Schamó)
O Prof. Dr. Arnon Alberto Mascarenhas de
Andrade coordena a Base “Estudos e Pesquisas
em Meios de Comunicação e Educação” do
PPGEd
-
Programa
de
Pós-Graduação
em
Educação da UFRN. Arnon nasceu em Ibicaraí
(anteriormente conhecida como Palestina), um
pequeno povoado da Bahia. Depois mudou-se
para Salvador, onde se licenciou em Psicologia da
Educação pela UFBA - Universidade Federal da
Bahia.
Nos anos 70, Arnon foi o primeiro diretor geral da TVU quando esta passou a ser
resposabilidade da UFRN. Foi lá no antigo edifício da avenida Princesa Isabel que ele
coordenou a instalação física e administrativa da TV. Primeira emissora geradora de
televisão do Estado, a TVU produziu programas enfocando a realidade local. O que
levou o público a uma imediata identificação. Para falar um pouco sobre a chegada da
TV digital, a equipe de reportagem de Retroperspectiva conversou com o professor
Arnon de Andrade.
Retroperspectiva: A TV digital está chegando?
Arnon de Andrade: Não está chegando um novo meio e sim a
convergência, onde os meios de comunicação se encontram em um “buraco
negro” que suga todas essas mídias e isso não é novo.
Retroperspectiva: E o senhor a considera melhor que a Internet?
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Arnon de Andrade: Sim e não, a Internet tem limitações como a escrita e
a leitura, pois a população brasileira não lê e não produz conhecimento através
dela, quando muito, “escreve um bilhete”, já dizia Jürgen Habermas! Ou seja,
as pessoas não produzem. A Internet permite o acesso ao conhecimento, mas
não faz milagres, então é preciso transformar as pessoas em produtores.
Retroperspectiva: Até que os meios de comunicação não sejam mais
feitos para a dominação das massas eles não cumprirão seu dever de
dialogar, informar e educar, com a TV digital e interativa isso vai ser
possível?
Arnon de Andrade: Muitos grupos buscam os meios de comunicação para
o controle social e isso não vem de hoje. Está nas cavernas, quando o homem
pintou seu cotidiano e dominou os demais que não possuíam essa habilidade,
a Via Sacra que estava nas Igrejas onde ela e a aristocracia dominaram por
muito tempo os meios e os instrumentos de comunicação, na época a imagem
e a escrita. Outro exemplo de controle social foi o caso do rádio e do cinema,
pois sem eles a Segunda Guerra Mundial não teria acontecido.
Retroperspectiva: A UFRN tem interesse de unir a TV digital com a
educação à distância? De que forma?
Arnon de Andrade: Nós de Educação estamos desenvolvendo com
pessoas de Comunicação Social e Ciência da Computação um projeto para a
FINEP para o desenvolvimento e produção de uma plataforma de TV digital
para a educação à distância que é uma modalidade adequada ao tamanho do
nosso país e os centros acadêmicos estão dispersos. A educação à distância é
um instrumento importante, mas não é suficiente, pois a educação é um
processo social e quando se aprende sozinho o conhecimento é técnico, para
aprender filosofia você precisa discutir e você não pode fazer isso sozinho.
Retroperspectiva: E a TV permite esse diálogo?
Arnon de Andrade: Sendo ela de convergência ela é de fácil navegação e
utilização, pois o professor junta tudo e escolhe a aula e isso possibilita o
diálogo e a reflexão com os alunos.
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Retroperspectiva: É o que chama atenção na TV Digital?
Arnon de Andrade: Ela não chama a atenção, mas sim a facilidade de
acesso, na internet primeiro você se encanta e depois é que você domina.
Retroperspectiva: Nós sabemos que, muitas vezes, os estudantes e
usuários não utilizam os meios e as tecnologias para o estudoaprendizagem. O que deve ser feito para a melhor utilização deles?
Arnon de Andrade: As crianças aprendem muito rápido e se pais e escola
não se atentarem eles vão a busca do lúdico, e o que é o lúdico? Uma vez que
você aprende a ler, você vai ler o que seja mais fácil e prazeroso para dominar
essa habilidade. O sexo é prazeroso, por exemplo, e você vai ler sobre isso.
Então, não é questão de dominar uma habilidade como utilizar os meios e as
tecnologias, mas é preciso pôr limites, ensinar e preservar os direitos
particulares, visto que todos nós temos direito a ler, a preservar nossa imagem,
nosso corpo etc., e ninguém gosta de ter esse direito violado. É uma questão
de conscientizar o uso.
Fonte: Entrevista concedida a revista Retrospectiva, Departamento de
Comunicação Social da UFRN, 18 de fevereiro de 2008, edição 1, n° 1.
Disponível em http://www.cchla.ufrn.br/retroperspectiva
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