Universidade Federal da Bahia
Escola Politécnica
Departamento de Engenharia Química
Curso de Especialização em Engenharia de Gás Natural
LADJANE MELO BRAGA
AVALIAÇÃO DO MERCADO DE GÁS NATURAL
RESIDENCIAL DE SALVADOR
Salvador, maio 2011
LADJANE MELO BRAGA
AVALIAÇÃO DO MERCADO DE GÁS NATURAL
RESIDENCIAL DE SALVADOR
Monografia apresentada à Escola Politécnica da
Universidade Federal da Bahia, sob a orientação do
professor Dr. Ednildo Andrade Torres, como um dos
pré-requisitos para a obtenção do título de Especialista
em Engenharia de Gás Natural
ORIENTADOR: Profº Dr.Ednildo Andrade Torres
Salvador, maio 2011
Ficha de Catalogação
B 813
Braga, Ladjane Melo
Avaliação do mercado de gás natural residencial de Salvador /
Ladjane Melo Braga.—Salvador : UFBA/Escola Politécnica, 2011.
f.
Monografia (especialização latu sensu) apresentada à Escola
Politécnica da Universidade Federal da Bahia, Curso de
Especialização em Engenharia de Gás Natural.
Orientador: Prof. Dr. Ednildo Andrade Torres.
1. Gás natural – Salvador (Bahia). 2. Recursos naturais. 3. Fontes
de energia. I. Título.
CDD: 622.324.5
CDU: 333.8230
AGRADECIMENTOS
À Deus acima de tudo.
A meu filho Igor, a minha filha Rebeca e ao meu marido Ricardo pelo apoio a todo o
momento, por serem tão especiais sempre carinhosos e compreensivos. Aos meus
familiares e amigos, por acreditarem na concretização deste sonho.
Aos professores do curso de Especialização em Engenharia de Gás Natural
CEEGAN VI que contribuíram para a construção dos conhecimentos necessários
para a realização deste trabalho.
À direção da Bahiagás e toda a sua equipe de profissionais, por terem aberto as
portas da organização e fornecido os materiais e informações necessárias para a
realização desse trabalho.
Profº Dr. Ednildo Andrade Torres, orientador competente e, acima de tudo, um
mestre.
A todos os colegas que forneceram algum tipo de ajuda para a elaboração do
presente estudo.
Enfim, a todos que, direta ou indiretamente, participou da realização deste projeto, o
que torna impossível mencionar este universo, sem cometer omissões.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivos
1.2 Justificativa
1.3 Estrutura
CAPÍTULO 2
2
METODOLOGIA
CAPÍTULO 3
3
GÁS NATURAL: CONCEITO
3.1 A Importância do Gás Natural
CAPÍTULO 4
4
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
4.6
4.7
4.8
GÁS NATURAL NO BRASIL E SUAS VARIÁVEIS
Reservas de Gás Natural no Brasil
Comparações Importantes
GN, GLP, Gás de Refinaria e Gás de Rua
Usos de Gás Natural: Residencial, Comercial e Refrigeração
Vantagens e Desvantagens do Uso do Gás Natural
Tipos de Medições: Coletiva, Coletiva com Rateio e Individual
Viabilidades de Preço do Gás Natural e do GLP
Implantações de Gás Natural em Edifícios
CAPÍTULO 5
5
5.1
5.2
5.3
5.4
HISTÓRICO DO MERCADO RESIDENCIAL DE GÁS EM
SALVADOR
Contexto Atual em Salvador
Evolução dos Clientes Residenciais da Bahiagás
Mercado Atual de Gás Natural na Bahia
Perspectivas da Bahiagás para Clientes Residenciais em 2011
6
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
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36
36
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50
53
55
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Especificações do Gás Natural
Tabela 2 – Reservas de Gás Natural por Região de Produção (Bilhões
de m2)
Tabela 3 – Comparação entre os Gases de Uso Doméstico
Tabela 4 – Custo do Gás Natural em Relação ao Consumo
(05/05/2011)
Tabela 5 – Clientes Contratados Residenciais até 2010
Tabela 6 – Localização dos Domicílios
Tabela 7 – Nº de Domicílios por Tipo de Medição
Tabela 8 – Nº de Domicílios por Uso
13
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31
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45
46
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Clientes Contratados
41
Figura 2 – Evolução Nº de Domicílios Convertidos
Figura 3 – Localização dos Clientes
Figura 4 – Tipos de Medição
Figura 5 – Tipo de Uso
42
44
45
46
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo avaliar o Mercado de Gás Natural na área residencial de
Salvador, e sua evolução. Conhecer, apresentar e analisar o desenvolvimento deste
segmento em Salvador desde o ano de 2004 até 2010. Com o crescimento acelerado do
mercado imobiliário, da construção civil e a modernização dos projetos residenciais da
cidade de Salvador, o Gás Natural residencial vem conquistando seu espaço desde o
primeiro edifício a utilizar o Gás Natural. O mercado residencial é o que tem o menor
consumo se comparado com os outros segmentos. E especificamente conceituar o Gás
Natural, GLP e sua importância no contexto atual, apresentar o histórico do mercado
residencial de Salvador desde 2004 até a atualidade e estabelecer comparativo dos anos,
com intuito de verificar possível variação de preço do Gás Natural x GLP. Através de
pesquisa bibliográfica embasada em respostas para questionamentos prévios, aplicada com
levantamento bibliográfico de publicações que tratam de temas como consumo de Gás
Natural, recursos naturais, fontes de energia. Com base nesses conceitos, observou-se a
importância desse recurso natural, onde o cenário energético atual aponta para o
crescimento da utilização do Gás Natural, seu crescimento vem sendo comprovado pela
evolução gradual e constante dos volumes de Gás Natural na matriz energética nacional. O
Gás Natural residencial encontra dificuldades em sua implantação, sendo necessário um
estudo mais detalhado, levando em consideração as peculiaridades territoriais de Salvador.
Palavras-chave: Gás natural – Salvador (Bahia); recursos naturais; fontes de energia.
ABSTRACT
This paper aims to address the main theme of Natural Gas Market in the residential area of
Salvador, its evolution and current assessment. Known, present and analyze the
development of this segment in Salvador since the year 2004 until 2010. With the rapid
growth of real estate, construction and modernization of residential projects in the city of
Salvador Natural Gas Residential has been gaining share since the first building to use
natural gas. The residential market is the one with the lowest consumption compared with
other segments. And specifically conceptualize Natural Gas, LPG and its importance in the
current context, presenting the history of the residential market in Salvador from 2005 to the
present and establish comparative years, in order to verify possible changes in price of
natural gas x LPG. Through literature search based on answers to previous questions,
applied with bibliography of publications dealing with topics such as consumption of natural
gas, natural resources, energy sources. Based on these concepts, we observed the
importance of this natural resource, where the current energy scenario points to the growing
use of natural gas, its growth has been demonstrated by the development of gradual and
constant volumes of natural gas in national energy policies. Natural Gas Residential faces
difficulties in its implementation, requiring a more detailed study, taking into account the
peculiarities of territorial Salvador.
KEYWORDS: Natural gas – Salvador (Bahia); natural resources; sources of energy.
7
CAPÍTULO 1
1
INTRODUÇÃO
O gás natural (GN) consiste em um combustível fóssil e dessa maneira recurso não
renovável, sendo visualizado como uma fonte energética alternativa importante que
pode ser utilizada em vários segmentos industriais e outras atividades.
No Brasil o uso do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) como gás combustível é muito
popular, por ser de fácil transporte e armazenamento, as instalações de distribuição
de gás canalizado (Gás Liquefeito de Petróleo - GLP e Gás Natural – GN), reduzem o
contato direto dos consumidores com os botijões, pois o reabastecimento dos
vasilhames e sua manutenção são efetuados com cuidado por profissionais.
A Bahia se destaca como um grande produtor de gás natural, seu fornecimento na
área residencial se tornou um mercado atrativo e em expansão. Nos últimos anos o
destaque foi significativo e por questões de comodidade e segurança o fornecimento
de gás predial na capital baiana.
Dessa maneira, os especialistas na área prevêem que os botijões utilizados em
residências estarão cada vez mais em desuso, essa seria a maior justificativa desse
trabalho, a relevância do tema, principalmente no contexto crescente no ramo
imobiliário e da construção civil em Salvador.
1.1 Objetivos
O objetivo geral é o estudo do mercado de gás natural residencial em Salvador –
Bahia, conhecer, apresentar e avaliar o seu crescimento desde sua implantação em
2002 até 2010 e estabelecer comparativo no período e a variação do preço do GN
comparado com o GLP.
8
1.2 Justificativa
A capital baiana possui uma extensão territorial bastante verticalizada, com muitos
desses edifícios e condomínios que utilizam gases combustíveis canalizado, como o
GN e GLP.
Mas ainda encontra dificuldades para o fornecimento do gás natural, em especial,
para os bairros novos e com melhor estrutura onde são mais fáceis de ocorrerem à
implantação e o consumidor poder ter acesso a esse serviço, contudo, os bairros
antigos, com acessos limitados para implantação do GN, tornaram-se um grande
empecilho para este avanço.
Neste setor existem alguns fatores que dificultam a aquisição de novos clientes,
principalmente para prédios antigos, bem como, em condomínios horizontais. O
mercado residencial é o mercado que tem o menor consumo se comparado com os
outros setores: o comercial, o automotivo e industrial.
A verificação deste mercado como um todo, ou seja, quais são as dificuldades
apresentadas, para o crescimento deste segmento. Conhecer o mercado de gás
natural
na
área
residencial,
ou
seja,
conhecer,
analisar,
compreender
o
desenvolvimento do mercado de gás natural nesta área. E se existe crescimento
deste mercado.
As mudanças para solucionar essa limitação serão gradativas, devido à estrutura
geográfica da cidade. Mas à medida que o fornecimento do GN avance, os órgãos
responsáveis poderão criar projetos e artifícios no intuito de extinguir o problema.
Com base no tema apresentado, questiona-se: como otimizar o custo de implantação
nos bairros antigos da cidade de Salvador e popularizar o fornecimento de gás
canalizado?
9
1.3 Estrutura
Este estudo foi desenvolvido na tentativa de responder a questão e aos objetivos
citados anteriormente, e está estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo
aborda o histórico do gás natural, os objetivos, justificativa, delimitação e estrutura
deste trabalho. O segundo capítulo aborda a metodologia utilizada para o
desenvolvimento desta pesquisa. O terceiro capítulo aborda o conceito do gás natural,
com foco em sua relevância e importância no cenário atual. O quarto capítulo analisa
o gás natural no Brasil e suas variáveis, as reservas de gás natural no Brasil,
comparações importantes entre GN, GLP, Gás de Refinaria e Gás de Rua, os usos de
gás residencial, comercial e refrigeração, assim como, as vantagens e desvantagens
do gás natural, tipos de medição, viabilidade de preço do gás natural e GLP e
implantação de GN em edifícios. O quinto capítulo aborda o histórico do mercado de
Gás Natural em Salvador, o contexto atual em Salvador, a evolução dos clientes da
Bahiagás, o mercado atual de GN na Bahia e as perspectivas da Bahiagás para
clientes residenciais de 2011.
10
CAPÍTULO 2
2. METODOLOGIA
Nesta pesquisa foram utilizados fichamentos e resumos dos materiais coletados com
posterior análise crítica, pesquisa bibliográfica, artigos, periódicos, coleta de dados
que deverão ser representativas e suficientes para apoiar as conclusões deste
estudo, viabilizando discussões acerca do assunto por parte da proponente da
pesquisa.
As informações coletadas para realização deste trabalho foram dados obtidos através
do levantamento bibliográfico, que consistem em informações obtidas através de
pesquisa científica e base de dados consultadas em vários órgãos e instituições no
Brasil com o objetivo de embasar e trazer novos conhecimentos para este trabalho.
A técnica utilizada para esta pesquisa está direcionada para o campo bibliográfico,
por almejar a construção de conhecimentos para aplicação prática entre agentes
envolvidos (VERGARA, 2003).
Sua abordagem é da ordem qualitativa, esclarecendo a impossibilidade em traduzir
em números a união entre sujeito e a realidade vivenciada, dessa forma, a relação
inseparável que se estabelece entre subjetividade do ser humano e o mundo
concreto, propriamente dito.
E também por compreender que a pesquisa qualitativa tem a naturalidade como fonte
de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. (BOGDAN e BIKLEN e
LUDKE e ANDRE, 1986, P. 11).
Baseado nos objetivos gerais esta pesquisa pode ser identificada como bibliográfica
caracterizada pelo seu modelo conceitual e metodológico e embasada em respostas
para questionamentos prévios, aplicada com base em determinados métodos e
procedimentos.
Os passos para obtenção de informações e realização do trabalho consistiram,
inicialmente, em um levantamento bibliográfico de publicações que tratam de temas
como consumo de gás natural, recursos naturais, fontes de energia.
11
O foco deste trabalho direciona-se no mercado de gás natural residencial em
Salvador, são contemplados os números de clientes residenciais que utilizam gás
natural, bem como uma análise da representatividade desses números o que eles
para esta pesquisa.
A pesquisa teve suporte em noções de engenharia, através de conceitos dos autores:
Abreu (1999), Turdera (1997), Alveal (1997) entre outros. Com base nesses
conceitos, observa-se a importância desse recurso natural, onde o cenário energético
atual aponta para o crescimento da utilização do gás natural, seu crescimento vem
sendo comprovado pela evolução gradual e constante dos volumes de gás natural na
matriz energética nacional.
12
CAPÍTULO 3
3. GÁS NATURAL: CONCEITO
Pela lei vigente no Brasil número 9.478/97 (Lei do Petróleo), o gás natural (GN) "é a
porção do petróleo que existe na fase gasosa ou em solução no óleo, nas condições
originais de reservatório, e que permanece no estado gasoso em CNTP (condições
normais de temperatura e pressão)”.
A Lei ainda acrescenta que o gás natural (GN) consiste numa mistura com
componentes de hidrocarbonetos leves que, em situações normais de pressão e
temperatura, apresenta-se no estado gasoso. No meio natural, o mesmo é encontrado
em aglomerados de rochas porosas no subsolo (terrestre ou marinho), e normalmente
acompanhado de petróleo.
O gás natural está subdividido em duas classificações: associado e não associado.
O gás natural associado consiste naquele encontrado em um reservatório,
acompanhado de petróleo, sendo nesse caso, diluído no óleo ou sob a forma de uma
capa de gás, ou seja, uma parte superior da acumulação rochosa, onde a
concentração de gás é superior à concentração de outros fluidos como água e óleo.
Já o gás não associado é aquele que, num recipiente, está livre do óleo e água, ou se
encontram em concentrações muito baixas. No ambiente natural, em meio às rochas
porosas, a concentração de gás é predominante, possibilitando a produção
basicamente de gás.
O gás natural compõe-se principalmente de metano, etano, propano e, em proporção
amenizada, de outros hidrocarbonetos de maior peso molecular. Nessa composição,
sobressai, principalmente, o metano (CH4). Geralmente, o gás natural apresenta
reduzidos teores de impurezas como nitrogênio (N2), dióxido de carbono (CO2), água
e compostos de enxofre.
13
A composição do gás natural pode variar, de campo para campo, o que é
consequência de ele estar associado ou não ao óleo e de ter sido ou não processado
em unidades industriais.
No Brasil as características e propriedades do gás natural direcionado ao
consumo são reguladas, pela Portaria no. 41, de 15 de abril de 1998, da Agência
Nacional de Petróleo (ANP). O gás distribuído enquadra-se, normalmente, no
Grupo
M
(médio),
abaixo
a
tabela
01
salienta
essas
especificações
detalhadamente:
Tabela 1 – Especificações do Gás Natural
Conforme Tabela 1, existe todo um cuidado para manuseio do gás natural, pois o
mesmo é inodoro, incolor, inflamável e asfixiante quando aspirado em concentrações
elevadas.
Dessa maneira, para facilitar sua identificação em situações de vazamento,
componentes à base de enxofre são adicionados ao gás em concentrações suficientes
para lhe dar um cheiro marcante; esse processo de extrema importância para o
manuseio do GN é conhecido como “odorização”.
Conforme ANP (2002), a produção de gás natural pode ser dividida, conceitualmente,
em bruta, perdida e reinjetada e comercializada:
a) Produção Bruta: corresponde aos volumes extraídos dos reservatórios;
b) Produção Reinjetada: são os volumes dos reservatórios para a recuperação
secundária de óleo;
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c) Produção Perdida: volumes perdidos em qualquer fase da cadeia produtiva
dividem-se em produção queimada no próprio campo, por falta de mercado
consumidor e/ou investimento em tecnologia;
d) Produção Comercializada (consumo geral) corresponde ao total da Produção
Bruta menos Produção Reinjetada e Produção Perdida.
3.1 Importância do Gás Natural
O gás natural consiste em um combustível fóssil e dessa maneira recurso não
renovável, sendo visualizado como uma fonte energética alternativa importante que
pode ser utilizada em vários segmentos industriais e outras atividades.
As pesquisas mais recentes desse combustível salientam a sua importância e vem ao
encontro das atividades econômicas num contexto amplamente globalizado, fato que
tem dominado o cenário internacional e nacional, exigindo das áreas produtivas uma
postura de contínua busca de maior competitividade.
Em contra partida o gás automotivo começa a ser significativo, embora represente
somente 1,2% do gás consumido no país. Nas zonas rurais, ocasionado devido à
dispersão dos consumidores, enfrenta-se uma maior dificuldade para a inserção do
energético que, apresenta um potencial de consumo na área de secagem de grãos,
de fumo, além de aquecimento de instalações de aves, entre outros (ABREU, 1999).
O autor reforçando a importância do gás natural aborda a questão da cogeração, o
mesmo conceitua-o como o processo que permite a produção simultânea de energia
elétrica, térmica e a vapor, a partir de uma única fonte de combustível: o gás natural.
A Comgás (1999, p.45) aponta este combustível como uma alternativa importante
para suprir a escassez de energia:
15
O ganho de eficiência neste sistema proporciona a produção de uma
energia elétrica confiável, com baixo custo, ficando a unidade
industrial ou comercial independente da qualidade de fornecimento do
distribuidor de energia. Fato da maior importância para usuários que
necessitam de um abastecimento sempre contínuo e ininterrupto,
como os hospitais, hotéis, shopping centers e grandes
empreendimentos ou mesmo muitas indústrias.
Para um melhor entendimento, uma unidade de cogeração se constitui basicamente
de uma unidade motora para mover um alternador que gera energia elétrica utilizável
no próprio local de produção, sendo que o excedente na disponibilidade de energia
elétrica pode ser transferido para outras redes.
Esta energia produzida pode proporcionar uma redução de custos, pois o calor
recuperado dos gases de escape produz vapor, ar quente e refrigeração, importantes
nos processos industriais. Consequentemente, a refrigeração, utilizando a energia
térmica do processo, é obtida através de unidades de absorção cujo custo é menor
quando equiparados com unidades convencionais por compressão.
A utilidade e importância do gás natural se ampliam em vários âmbitos, mas esta
pesquisa pretende abordar de maneira mais enfática esse item com foco no mercado
residencial de Salvador no Estado da Bahia.
O gás natural (GN) atualmente representa a terceira maior fonte de energia fóssil
primária no mundo, logo após posiciona-se o petróleo e o carvão. Na Primeira
Revolução Industrial o carvão teve um importante papel, seguindo do petróleo, que se
tornou essencial para o desenvolvimento industrial e tecnológico até a nossa época.
Ao longo dos séculos a busca por novas fontes de energia e a otimização de sua
aplicabilidade (tanto primárias, quanto secundárias), evoluíram de maneira dantesca,
reforçando a necessidade de disponibilidade de fontes energéticas primárias ou à
substituição gradual do energético em uso.
Com a evolução o carvão substituiu a lenha e durante esse período, a Inglaterra teve
no carvão o pivô de sua posição hegemônica do capitalismo de então.
Posteriormente, os Estados Unidos e outros países da Europa entraram no processo
de industrialização sustentado pelo carvão mineral.
16
Turdera (1997) relata que com o advento da eletricidade e do motor a combustão
interna reformula a matriz Energética, isto não somente significou um avanço
tecnológico significativo, como direcionou também para uma mudança estrutural na
economia mundial, iniciando dessa maneira, a Segunda Revolução Industrial, o que
seria primordial o uso em grande escala dos hidrocarbonetos, com foco no petróleo e
seus derivados.
Com base no autor, vários fatores de caráter técnico, com elevado poder calorífico e
de fácil combustão, assim como, econômico com alto lucro oriundo da relação
custo/renda, foram primordiais na ascensão e a presença do petróleo e seus
derivados como a principal fonte energética mundial.
Dessa maneira o gás natural começou a ser inserido sutilmente em vários segmentos
do mercado energético. Até os anos 50, a maioria dos países, o considerou como um
subproduto da extração de óleo, e descartado nas plataformas por ausência de
tecnologia apropriada ou até mesmo por questões econômicas para seu uso.
Por volta da década de 70 o preço do petróleo atingiu seu ápice, caindo em 50% na
década de 80. Isso levou os países industrializados, extremamente dependentes do
petróleo, a repensarem e reestruturarem suas matrizes energéticas (MARTIN, 1990).
Com isso, motivou a busca intensa por fontes de energia alternativas, sendo elas
renováveis e não renováveis. Essa postura partiu de países europeus: Estados
Unidos, Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia. Alguns outros países em contra
partida, resolveram adotar a alternativa nuclear: Bélgica, Japão, Suécia, Grã
Bretanha, e a França (MME, 2000).
O autor ainda acrescenta que o consumo de gás natural e importância têm evoluído
de maneira significativa, principalmente na década atual, sendo em nossos dias um
marco no seu desenvolvimento. O mesmo originou-se na Europa Ocidental, onde
ocorreu sua descoberta e exploração, estimulando com isso seu uso no próprio país e
em seus vizinhos. Sua expansão acentuou-se com as descobertas de GN no sul do
Mar do Norte.
17
Segundo estatísticas recentes o gás natural simboliza aproximadamente 35% do
combustível utilizado na matriz energética dos países europeus. Nos Estados Unidos,
representa 26%, na Argentina, 48,5% e, mesmo no Japão, país importador desse
energético, representa 12%.
A região andina apresenta significativas reservas de gás natural, isto devido a sua
proximidade territorial. Já a Venezuela pode vir a ser um país promissor no
fornecimento de GN através do Estado do Amazonas, questão critica por se tratar de
espaço ecológico. O Peru também é considerado como possível fornecedor desse
energético, a partir da exploração do campo de Camisea.
Em nosso país a sua utilização e consumo não são expressivos, representando
aproximadamente 3% na matriz energética nacional. Porém, é crescente o interesse
na divulgação sobre os benefícios, com foco para as questões econômicas e
ambientais, apesar das fases distintas que compõem a cadeia de suprimento de GN
ser onerosas.
Especificamente no Brasil, aproximadamente 55% das reservas encontra-se em
águas profundas e cerca de 70% do total das reservas de gás natural são de origem
associado, ou seja, vinculado à produção de óleo, o que limita a sua exploração.
Sendo assim, o que caracteriza sua importância e a menor ou maior inserção do gás
natural no balanço energético de um país específico é a viabilidade econômica para o
acesso ao seu suprimento.
Mesmo assim, o fato de estes altos custos, tais como: tecnologia, equipamentos e
mão-de-obra especializada, estarem presentes na exploração e produção de petróleo,
reduz o montante a ser investido em se tratando de gás natural.
18
CAPÍTULO 4
4. GÁS NATURAL NO BRASIL E SUAS VARIAVEIS
No Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente em 1854 inaugurou-se a iluminação
a gás de carvão, em seguida no ano de 1895, Irineu Evangelista de Souza (Barão de
Mauá), foi o mentor da construção do primeiro gasômetro do Rio de Janeiro.
Logo após, foi criada a Companhia de Gás de Rio de Janeiro, sob controle do grupo
anglo-canadense Light, com fornecimento de energia elétrica. Na década de 30, a
empresa Light contabilizava 100.000 consumidores em todo o Estado (TURDERA,
1997).
Em São Paulo, o gás foi inserido em 1869 com a criação da São Paulo Gás Company
Ltda., de origem e recursos britânicos. No final do século XIX, a São Paulo Gás, sob
controle da Light, inicia-se a diversificação do uso do gás, ramificando assim, o
fornecimento para a área residencial.
Os motivos para essas transformações se deram devido a razões econômicas
juntamente à ausência de reservas com dimensões significativas de carvão de boa
qualidade, ao rápido desenvolvimento do setor elétrico e à entrada no mercado do
gás liquefeito de petróleo (GLP) em formato de botijões (este com custo reduzido para
o consumidor e menos intensivo em capital), provocando uma involução do setor em
nosso país.
No ano de 1959 o governo federal nacionaliza a São Paulo Gás, que se tornara
economicamente inviável por causa do elevado preço de GN importado. Em 1969 foi
criada a Companhia Municipal de Gás (COMGÁS), sociedade de economia mista,
com participação majoritária da Prefeitura de São Paulo.
A empresa em 1974 tornou-se estadual, sob o nome de Companhia de Gás de São
Paulo. Já no Rio de Janeiro, o governo estadual assumiu Companhia Estadual de
Gás - CEG, dando inicio a distribuição de GN em 1983, como matéria-prima para a
produção de gás de poder calorífico média em substituição à nafta, assim como
combustível na área de suprimento e às indústrias.
19
A Petrobrás (empresa de petróleo nacional) nasceu em 1953, sob a égide de um
governo intervencionista, iniciando a política econômica do Estado como instrumento
de modelo desenvolvimentista, estatizando, entre outros, o setor energético.
Essa medida veio assegurar tanto o fornecimento de gás natural ao setor industrial
quanto à integração vertical ao longo de toda a cadeia de suprimento de GN, situação
que fora estendida aos grandes consumidores industriais no Rio de Janeiro, gerando
conflito institucional entre a CEG e a Petrobrás pela disputa do mercado de
distribuição de GN.
A empresa Petrobrás iniciou suas atividades com um capital inicial de US$ 165
milhões, herdados da CNP (Companhia Nacional de Petróleo), sendo marcante a sua
atuação estratégica.
Em seguida, no início da década de 70, a Petrobrás completa a verticalização interna
da indústria petrolífera e avança no desenvolvimento da petroquímica, da
conglomeração e da internacionalização das suas atividades (ALVEAL et al, 1997).
No início a empresa tinha como objetivo o foco no refino do petróleo, o gás natural
não possuía papel relevante, sendo consumido pela própria Petrobrás na recuperação
de óleo e nas suas refinarias ou sendo queimado nas plataformas marítimas.
Com base na regulamentação da ANP, até 1997, predominou o modelo de monopólio
estatal da Petrobras na produção e no transporte de gás natural, ficando as
distribuidoras estaduais a cargo da distribuição e venda de gás aos consumidores
residenciais e industriais. Também existiam casos em que a Petrobrás fornecia gás
diretamente a alguns grandes consumidores.
Contudo após 1997, a Petrobras perdeu o monopólio sobre o setor e para se adequar
à "lei do livre acesso", a Petrobrás se viu obrigada a criar uma empresa para operar
seus gasodutos, foi criada então a Transpetro e com a criação de uma Legislação
específica (Lei n. 11.909, de 4 de março de 2009), foram criadas normas para
"exploração das atividades econômicas de transporte de gás natural por meio de
condutos e da importação e exportação de gás natural" (art. 1º).
Eis abaixo os segmentos da Cadeia de gás natural:
20
a) Produtor: Pessoa Jurídica que possui a concessão do Estado para explorar e
produzir gás natural em determinados blocos;
b) Carregador: Pessoa jurídica que detém o controle do gás natural, contrata o
transportador para o serviço de transporte e negocia a venda deste junto às
companhias distribuidoras;
c) Transportador: Pessoa jurídica autorizada pela ANP a operar as instalações de
transporte;
d) Processador: Pessoa jurídica autorizada pela ANP a processar o gás natural;
e) Distribuidor: Pessoa jurídica que tem a concessão do estado para comercializar
o gás natural junto aos consumidores finais (No Brasil a distribuição é
monopólio dos governos estaduais);
f) Regulador: Figura do Estado representada pela Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis – ANP e pelas Agências Reguladoras
Estaduais.
No Brasil o GN começou a despontar, no início da década de 80, até então, só
participava da matriz energética apenas no Nordeste (Recôncavo e Sergipe/Alagoas),
utilizado como insumo industrial em algumas plantas de fertilizantes nitrogenados,
com combustível da Refinaria Landulfo Alves, Mataripe, e do Pólo Petroquímico de
Camaçari/BA e outras poucas indústrias.
O Governo Federal através do Programa Nacional de Racionalização do Uso dos
Derivados de Petróleo e do gás natural estabeleceu como meta para o ano 2010 uma
participação de 12% do GN na matriz energética nacional, percentual considerável se
comparados aos 3,0% registrados em 1999 (MME, 2000).
No Brasil as reservas de gás natural não obedecem a uma distribuição territorial
proporcional, conforme os dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), do total das
reservas provadas, 49,45% encontram-se na região Norte/Nordeste, sendo o mais
expressivo o estado do Amazonas e da Bahia. A região Sudeste corresponde a 44%,
sob a liderança do Rio de Janeiro, este último atende por 87% das reservas provadas
de petróleo.
21
Com base em informações do mesmo órgão, no ano de 1999, as reservas medidas
de GN no Brasil, somaram 231,2 bilhões de m3. Esse dado pode ser considerado um
marco na evolução das reservas, a descoberta da Bacia de Campos/RJ quadruplicou
as reservas no período de 1980-1995, a região sul, sudeste detém atualmente 44%
das reservas nacionais, a região norte atende por 18%, e por último o nordeste
responde por um significativo 38% (MME, 2.000; ALVEAL et al, 1997).
As pesquisas atuais demonstram os seguintes dados de reservas já descobertas:
a) As maiores reservas estão situadas na Europa e países da Ex URSS e no
Oriente Médio;
b) A América Latina possui 7 trilhões de m³ e deste total 364 bilhões de m³ estão
distribuídos em reservas brasileiras;
c) A Bahia possui 32 bilhões de m³, correspondendo a 63% das reservas do
nordeste e 9% das reservas do Brasil;
d) A participação do gás natural na Matriz Energética Brasileira de gás natural é
de 9% e, dentro deste cenário, a Bahia representa 14,5%.
4.1 Reservas de Gás Natural no Brasil
Com base nas informações do site Gásnet, as últimas reavaliações das reservas de
gás realizadas em 1998 e a ausência e novas descobertas de médio e grande porte,
conduziram as reservas totais de GN a atingir a marca de 409,8 bilhões de m3, com o
decréscimo de 5,9% em relação ao volume de 97.
22
Tabela 2 – Reservas de Gás Natural por região de produção (Bilhões de m3)
Unidade Operativa
Provada
Provável + Possível
Total
Amazônia
060,0
036,8
096,8
Bahia
024,8
019,1
043,9
Bacia de Campos
094,4
111,4
205,8
Espírito Santo
005,8
002,9
008,7
R.G.Norte/Ceará
018,4
007,8
026,2
Sergipe/Alagoas
014,2
005,5
019,7
Sul
008,3
000,4
008,7
Petrobras
225,9
183,9
409,8
Fonte: Gásnet, 2010
Conforme a Tabela 2, as referências de gás natural por região proporcionam uma
visão ampla da situação atual. Desse total, 225,9 bilhões de m3 (55,1%) referem-se ao
volume provado e 183,9 bilhões de m3 (44,9%) à soma das reservas prováveis e
possíveis. Com volume de 26,5 bilhões de m3, o campo de Leste de Urucu (AM) lidera
a lista dos 20 campos com maiores reservas provadas de gás, onde se concentram
76,9% do volume total. Em seguida, vem o campo de Marlim (Bacia de Campos), que
tem 23,7 bilhões m3 de gás.
Mais de 50% das reservas totais de gás estão localizadas na Bacia de Campos e o
restante, 49,8%, distribuído nas demais unidades operativas da Petrobras. A maior
parte das reservas totais de gás está localizada em lâmina d'água superior a 1.000 m.
4.2 Comparações Importantes
Para obter uma noção mais dinâmica, faz-se necessário estabelecer comparações do
GN com outros combustíveis, conforme a seguir:
23
a) Gás natural e o óleo combustível: O óleo combustível é um dos candidatos a
serem substituídos pelo GN. No entanto as indústrias aguardam as definições
sobre o preço dos dois energéticos para determinar o mais viável
economicamente;
b) Gás natural e o óleo Diesel: Rodrigues (1995) aborda as vantagens
econômicas da utilização do gás natural em veículos automotores em
substituição ao óleo Diesel. As vantagens se direcionam para uma maior vida
útil do motor, redução dos custos de manutenção; maior rendimento térmico
em função da alto percentual de gás metano e reduzidos problemas de
detonação da mistura ar-combustível;
c) Gás natural na geração de energia elétrica: De acordo com o Balanço
Energético Nacional 2000, ano base 1999, a capacidade instalada de geração
elétrica no Brasil, somados o Serviço Público e Autoprodutores, foi de 68,2 GW
(pág. 105).
O Plano Decenal de Expansão (2000-2009) tem como meta o aumento da capacidade
instalada em 1999 para 97,7 GW em 2004 e 109,4 GW em 2009, o que equivale a um
aumento de 43,2% na primeira fase e mais 12 % na segunda, totalizando 60,42% na
década considerada nesse Plano Decenal (GCPS – Grupo Coordenador do
Planejamento dos Sistemas Elétricos/Eletrobrás, 1999).
4.3 GN, GLP, Gás de Refinaria e Gás de Rua
Visando um melhor entendimento do GN torna-se necessário abordar as principais
diferenças e semelhanças entre o gás natural e os outros gases disponíveis no
mercado. O Conpet fornece a seguinte informação:
a) Origem: O gás natural é encontrado na natureza em reservatórios no subsolo,
ao passo que todos os outros gases provêm de processos industriais;
b) Peso molecular e densidade: O GLP é o único mais pesado que o ar, em caso
de vazamento, ele se concentra ao nível do solo, enquanto os outros se
dispersam rapidamente em ambientes fechados, concentrando no teto, este
detalhe é fundamental para nortear as ações em caso de vazamento de gás;
24
c) Poder calorífico: O gás de rua é o de menor poder calorífico, sendo necessária,
maior quantidade desse gás em relação aos outros para uma mesma
quantidade de energia liberada na queima.
d) Principais componentes: Todos são à base de hidrocarbonetos, mas o gás de
rua e o de refinaria contém componentes inorgânicos em proporções
consideráveis;
e) Principais utilizações: O gás de refinaria é para uso industrial, o GLP e o gás de
rua são para uso residencial e comercial, e o GN tem aplicações em todos os
setores, inclusive o automotivo;
f) Pressão de armazenamento: O GLP é comercializado em botijões de 13 kg e
em cilindros de 45 kg.
4.4 Usos de Gás Natural: Residencial, Comercial e Refrigeração
A utilização do GN nos setores residenciais e comerciais consiste numa área ainda
pouco explorada no Brasil.
Os mercados destes setores agregam pouco volume de gás natural na totalidade
comercializada
pelas
distribuidoras,
embora
representem
boa
margem
de
contribuição. Esses segmentos são grandes consumidores de energia elétrica nos
horários de pico e o GN tem papel fundamental para reduzir esse consumo.
Em países desenvolvidos, com clima frio os mercados de gás natural residencial e
comercial são muito mais importantes, pois a demanda para aquecimento de
ambiente é o grande vetor de consumo. Já em regiões tropicais, como o Brasil onde o
inverno é ameno, o mercado residencial tem se mostrado menor, pois o aquecimento
de ambiente é bastante minimizado.
Apesar disso, nos últimos tempos tem ocorrido uma subestimação do potencial dos
mercados residencial e comercial de gás natural no Brasil. Sendo necessário adotar
novos conceitos e desenvolver novas abordagens tecnológicas.
25
Faz-se necessário expandir o consumo de GN, de forma sustentável, no intuito de
evitar que uma residência já conectada à rede de gás, sofra reduções em seu
consumo, pois o consumidor deixa de utilizar o gás voltando-se para a energia
elétrica, entre outros.
Ao utilizar o GN no âmbito doméstico ou comercial, o mesmo pode responder por um
percentual significativo da energia consumida, pois se assemelha à eletricidade no
que tange à facilidade de manipulação e controle por parte dos consumidores.
Ocorre uma limitação de uso do GN, devido o alto custo na construção das redes e de
toda a logística, pois os custos de conexão tornam-se proibitivos em relação às
receitas a serem geradas. Dessa maneira, principalmente na região sul e sudeste
ocorrem uma demanda reprimida, devido a situações climáticas.
Ultimamente tem se difundido o uso de aquecedores de ambiente elétricos, porém os
lares e as questões tecnologias não estão disponíveis no país, o mesmo não está
preparado para a adoção de sistemas compactos de aquecimento de ambiente a gás.
Sendo assim, demonstrar a viabilidade da utilização do gás nesses tipos de utilização,
incluindo no aquecimento de água domiciliar e seus aparelhos elétricos, a alternativa
do gás apresenta-se atraente, resultando em diminuição nos custos tanto no que se
refere aos custos iniciais de construção, quanto nos custos operacionais provenientes
da conta de consumo de gás e energia elétrica.
Com praticidade, segurança e modernidade, o gás natural pode ser usado em
residências para climatização de ambientes, aquecimento de água e cocção de
alimentos. Além disso, o mercado brasileiro já dispõe de modernos eletrodomésticos
que são movidos pela energia gerada pelo gás natural, como lavadoras de roupas,
secadora, fornos etc.
26
Por último o uso comercial do GN que tende a expandir-se é a refrigeração e o
condicionamento de ar a gás. Eles consistem em equipamentos que exigem pouca
manutenção e apresentam baixo nível de ruído. Utilizando a água como meio
refrigerante, evitam a utilização de produtos químicos e ataques à camada de ozônio.
São cada vez mais crescentes os edifícios comerciais que estão substituindo os seus
sistemas elétricos por sistema a gás.
4.5 Vantagens e Desvantagens do Uso do Gás Natural
A ANP (2002) relata que muitos dos gases do GN são eliminados, pois não possuem
capacidade energética (nitrogênio ou CO2) ou podem deixar resíduos nos condutores
devido ao seu alto peso molecular em comparação ao metano (butano e mais
pesados).
O GN como já foi mencionado possui muitos pontos positivos a seu favor, pois o
mesmo permite que seja utilizado em vários segmentos: como combustível,
indústrias, residências e automóveis. Também é considerado como uma fonte de
energia mais limpa que os derivados do petróleo e o carvão:
a) Combustível: A combustão é mais limpa e dá uma vida mais longa aos
equipamentos que utilizam o gás e menor custo de manutenção;
b) Automotivo: Direcionado para motores de ônibus, automóveis e caminhões
substituindo a gasolina e o álcool, mais ou menos 70% mais barato que outros
combustíveis e é menos poluente;
c) Industrial: Utilizada em indústrias para a produção de metanol, amônia e uréia.
Se comparado, as desvantagens do gás natural em relação ao butano relacionam-se
a dificuldade de ser transportado, devido ao fato de ocupar maior volume, mesmo
pressurizado, isso se justifica, pois é mais difícil de ser liquefeito, requerendo
temperaturas da ordem de -160 °C.
27
Dessa maneira algumas jazidas de gás natural podem conter mercúrio associado, o
mesmo consiste num metal potencialmente tóxico e deve ser removido no tratamento
do gás natural. O mercúrio é oriundo de grandes profundidades no interior da terra e
ascende junto com os hidrocarbonetos, formando complexos organometálicos.
As últimas pesquisas apontam que as jazidas de hidratos de metano possuem uma
importante reserva energética muito superior às atuais de gás natural.
Mas de um modo geral, as vantagens prevalece às desvantagens, isso por que
qualquer residência, condomínio ou estabelecimento pode receber o gás natural, suas
restrições vão depender da disponibilidade da rede, de avaliação técnico-comercial e
dos custos envolvidos.
As edificações residenciais verticais (prédios e edifícios) geralmente viabilizam
economicamente o investimento inicial. Para isso o edifício deverá ter no mínimo 4
andares, ter no mínimo 08 Unidades Habitacionais e ser possuidora de central de gás
ou rede interna de distribuição projetada.
De uma maneira sucinta as vantagens da conversão para o gás natural residencial
são muitas, entre elas:
a) Simbólico menor custo operacional;
b) Redução nos custos com manutenção;
c) Maior segurança e assistência 24h por dia;
d) Ecologicamente correto;
e) Pagamento mensal;
f)
Tarifa que beneficia os clientes que possuem um maior consumo;
g) Aumento da área útil do ambiente;
h) Comodidade, dispensando qualquer preocupação quanto ao fornecimento ou
estoque;
i)
Fornecimento contínuo não requer reabastecimento.
Ao ser instalado o órgão responsável disponibiliza ao consumidor residencial:
a) Instalação e manutenção dos medidores;
28
b) Conversão de alguns equipamentos, tais como: fogões, fornos, secadoras de
roupa e aquecedores de água do tipo acumulativo ou instantâneo que foram
adquiridos para funcionar com gás de botijão (GLP);
c) Ligações de equipamentos homologados;
d) Regulagem de chama dos equipamentos;
e) Verificação de existência de vazamentos;
f) Informação sobre existência de rede de gás em determinada rua;
g) Orientações técnicas sobre instalações internas;
h) Análise técnica de projetos.
4.6 Tipos de Medições: Coletiva, Coletiva com Rateio e Individual
Com base nos dados fornecidos pela Bahiagás, a cidade de Salvador possui uma
área bastante verticalizada, muitos desses edifícios se utilizam de gases combustíveis
canalizado, como o gás natural (GN) e gás liquefeito de petróleo (GLP).
Segundo a Bahiagás, as medições coletivas são a partir das redes de Polietileno na
frente das residências (subterrâneas) e derivados ramais que passam por uma válvula
de bloqueio manual, localizada na calçada, que liga esta rede à ERPM (estação de
redução de pressão e medição de vazão) do referido prédio.
Nesta estação em questão encontram-se o filtro, conexões, tubulações, válvula
reguladora de pressão de 1.º estágio e o medidor coletivo onde a Bahiagás faz a
medição do consumo de gás do cliente. A mesma define o limite de transferência de
Custódia da Bahiagás e do Cliente. Dessa maneira, será feita a ligação com a rede
distribuição interna de gás do cliente através de uma tubulação em cobre, conforme a
NBR 14.570.
Existe a medição coletiva com rateio que segue o mesmo modelo da medição coletiva
diferenciando apenas no modo de medição.
A Bahiagás faz a medição no medidor da ERPM e o condomínio rateia o valor por
apartamento, pois cada apartamento possui seu medidor no hall do edifício da mesma
maneira que é instalado na medição individual.
29
Na distribuição com medição individual, as redes de polietileno, que passam pela
frente das residências, são derivados ramais em polietileno que passam por uma
válvula de bloqueio manual na calçada, ligando a rede até a ERP (estação de redução
de pressão). Nesta estação localizam-se os filtros, conexões, tubulações, válvula
reguladora de pressão.
Posteriormente são instalados os medidores individuais, onde a Bahiagás faz
medição do consumo de gás de cada cliente individualmente. Esses medidores estão
instalados dentro de uma caixa protetora, sendo que o limite de transferência de
custódia entre a Bahiagás e o cliente, define os limites de responsabilidade entre
ambos.
A rede secundária, trecho da instalação que opera com pressões até 5kPa, começa
no regulador de 2º estágio e vai até o ponto de utilização do equipamento. Nela, além
dos reguladores, são instalados os medidores individuais para que o condomínio
possa fazer o rateio entre os condôminos. Antes do 2º regulador (R) deve existir uma
válvula de bloqueio manual para ser usado em caso de emergência ou manutenção
da rede secundária.
4.7 Viabilidades de Preço Gás Natural e GLP
No quesito economicidade o gás natural é em geral uma energia mais barata, mais
acessível, devido a ser um combustível sem mercados cativos, tanto por parte da
oferta quanto da parte da demanda. Suas especificações físico-químicas privilegiam o
desenvolvimento tecnológico e o alcance de maiores eficiências. Sem falar no custo
real, o gás natural agrega um item de suma importância para o consumidor
preço/qualidade muito inferior se comparado a outros energéticos, principalmente
quanto maior for a qualidade desejada e o valor agregado do produto.
Dessa maneira, o gás natural é uma energia primordialmente mais econômica,
principalmente nos dias atuais onde os consumidores estão mais sensíveis ao "valor
relativo" do que a um valor líquido absoluto, os benefícios em termos de qualidade
oferecidos pelo gás natural tornam-no a escolha econômica natural.
30
Quanto à origem, existe uma diferença fundamental entre esses gases: o GN é
encontrado na natureza, em reservatórios no subsolo, ao passo que o GLP provém de
processos industriais (www.conpet.org.br).
O gás natural é mais leve do que o ar. Logo, em caso de vazamento se dispersa
rapidamente e em ambientes fechados concentra-se no teto. O GLP, por sua vez, é
mais pesado do que o ar e acumula-se na parte inferior dos compartimentos ou
ambientes. Essa diferença é fundamental para nortear as ações em caso de
vazamento de gás (www.conpet.org.br).
Cada tipo de gás possui um poder calorífico, característica que determina a
quantidade de energia liberada durante a sua queima por quantidade de gás utilizado.
Quanto maior o poder calorífico, menor a quantidade de gás necessária para produzir
a mesma quantidade de energia (www.conpet.org.br). Como está apresentado abaixo
na Tabela 3.
Tabela 3 – Comparação entre os gases de uso doméstico
Fonte: Conpet, 2011
Em relação ao custo cobrado pelo consumo por m³ o GN tem preço diferenciado pela
escala de consumo. Conforme apresentado na Tabela 4 abaixo:
31
Tabela 4 – Custo do gás natural em relação ao consumo (05/05/2011)
Tarifa
s/ impostos
Faixas de consumo mensal m³ *
7 - Residencial
MIN
MAX
1
21
101
851
2501
R$/m³
Tarifa
c/ impostos
PIS/COFINS/ICMS
R$/m³
1,9160
100 1,6858
850 1,5845
2500 1,5403
1,5080
2,4330
2,1407
2,0121
1,9559
1,9149
20
Fonte: Bahiagás, 2011
*Gás nas condições de referência: Pressão de 1,033 kgf/cm², temp. 20 ºC e PCS 9.400 Kcal/m³.
*Alíquota de ICMS de 12%, PIS de 1,65% e COFINS de 7,6%.
*A aplicação da Tarifa é feita em 'cascata', ou seja, progressivamente em cada uma das faixas
de consumo. Esta tabela entrou em vigor 01/05/2011.
Com base nas informações do site da Bahiagás: Na Bahia, utilizar o gás natural na
cozinha pode significar uma economia de até 30% em relação ao Gás Liquefeito de
Petróleo (GLP), o tradicional botijão de gás. Uma família de quatro pessoas consome,
em média, 16 metros cúbicos (m3) de gás natural, o que resultaria num gasto mensal
de aproximadamente R$ 24. Caso a mesma família optasse pela compra de um
botijão de 13 kg, o gasto seria de R$ 35 – preço médio do GLP no Estado, segundo
levantamento
semanal
da
Agência
Nacional
de
Petróleo,
gás
natural
e
Biocombustíveis (ANP).
Foi publicada uma reportagem no Jornal a Tarde (...), onde o empresário Márcio
Menezes proprietário de um restaurante em Salvador que utiliza gás natural, por
nome Radish, e outro com o tradicional GLP, por nome Mister Sheik, situado no
Shopping Barra. O mesmo relata que os gastos com o gás natural são cerca de 50%
menores. O Sr. Marcio Menezes acrescenta: “na prática, o que todo mundo quer é
economia. A diferença nas contas dos dois estabelecimentos é grande”
O referido entrevistado ainda acrescenta o seu lamento que o bairro a Barra ainda
não tenha acesso ao gás natural, caso contrário, ele já teria trocado a forma de
abastecimento.
32
Em contra partida, os defensores do GLP citam a existência de livre concorrência
entre empresas vendedoras dos botijões, o que pode reduzir preços, enquanto o gás
natural só tem um único fornecedor.
O artigo ainda aborda a opinião do coordenador do mestrado em indústria de energia
da Unifacs, Luiz Pontes, o mesmo relata que a massificação do gás natural demorou
em chegar à Bahia. “No Rio de Janeiro, as residências já usam há muito tempo”,
afirma.
Pontes analisa que o combustível ele deve perdurar por muito tempo:
O Brasil ainda tem um potencial grande a ser explorado nessa área. O
gás natural deve sobreviver pelo menos 50 anos após o esgotamento
total das reservas de petróleo.
Pontes ainda acrescenta que o gás natural representa 9% da matriz energética
nacional. No Estado da Bahia, seu uso é de 14,5%, sendo que, especificamente na
indústria, esse valor chega a 27%.
A Bahiagás faz uma frente de expansão no interior da Bahia, com foco na região sul,
a construção do Gasene (Gasoduto Sudeste Nordeste) pela Petrobras, que vai
interligar as duas regiões no fornecimento de gás natural, será beneficiada mais 30
municípios baianos entre Santo Antônio de Jesus e Mucuri.
Quanto ao processo de implantação de uma rede de gás natural canalizado em
Salvador é feita apenas pela Bahiagás e os custos variam de acordo com o tipo de
instalação a ser feita, individual ou coletiva, e para que se destina: cocção e/ou
aquecimento.
Na área residencial o consumo é vantajoso, pois o fornecimento é contínuo, oferece
segurança em caso de vazamento, o pagamento se dá após o consumo e o usuário
só realiza o pagamento pelo que consumiu, sem a perda de parcelas que venham a
ficar nos vasilhames utilizados para transporte de outros gases combustíveis.
33
A Bahiagás com o objetivo de aumentar sua participação no mercado residencial está
empreendendo uma forte política promocional de preços. Os descontos vão até 30%
para os clientes residenciais e 20%, para os postos que distribuem o Gás Natural
Veicular (GNV).
4.8 Implantações de Gás Natural em Edifícios
Atualmente existe muita facilidade em implantar o fornecimento de GN em Salvador,
particularmente em edifícios novos, visto que todos os projetos são analisados pela
Bahiagás, seguindo as Normas vigentes.
Quando o cliente fecha o contrato de fornecimento é realizada uma série de ajustes
no edifício envolvendo a tubulação de gás, instalações internas e medidores. Abaixo
uma lista com os principais passos da ligação do gás. Ressalta-se que pode haver
diferenças no processo, dependendo do imóvel em questão. É condição primordial
para a ligação do gás que haja viabilidade técnica e econômica da extensão da
rede/ramal ao imóvel.
As adequações que o edifício deverá realizar na área comum:
a) Execução de abrigo de regulador: para colocação de um regulador de pressão
no alinhamento da rua, de dimensões aproximadas de 90cm de largura por 50
cm de profundidade e 70 cm de altura. Para isso, o abrigo será executado em
alvenaria, piso em cimentado, acabamento externo em pintura tipo látex
sintético, cor a ser definida pelo condomínio.
b) Troca de ramal interno: Necessário devido a teste de estanqueidade
(apresentar presença de vazamentos), colocado em caixão perdido, diâmetro
insuficiente, material inadequado.
c) Teste de estanqueidade do ramal interno: Necessário realizar um teste de
estanqueidade no ramal existente, se ele estiver enterrado no jardim, se
apresentar em estado de corrosão ou se for de material inadequado.
d) Troca do quadro de medidores: O quadro de medidores também deverá ser
trocado se apresentar: estado de corrosão, material inadequado ou diâmetro
da tubulação inadequada.
34
e) Colocação de válvulas: Válvulas intermediárias para manter o abastecimento
de gás nos blocos que não estarão sendo convertidos, durante o processo de
ligação do gás natural. A colocação de válvulas obriga o corte de fornecimento
durante 3 horas para a execução dos serviços com a rede sem gás.
Providencias na área privativa:
a) Rebaixamento de aquecedor: Para atender as exigências da ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 13.103, a distância mínima
entre a saída do aquecedor deverá ser de 35 cm, com o terminal tipo chapéu
chinês ou com o terminal tipo "T". O aquecedor possibilita o retorno de CO para
o ambiente, resultando em uma condição insegura.
Faz-se necessário o desligamento do aquecedor durante 1 hora, onde será
realizada uma extensão das tubulações, de forma aparente e o devido
rebaixamento do aparelho.
b) Troca do terminal de chaminé externo: Para atender às condições mínimas
exigidas por norma, havendo ou não a necessidade de rebaixamento do
aquecedor;
c) Acesso ao registro de fogão: Será necessário executar um prolongamento de
tubulação, levando-se para um local onde possa haver a possibilidade de
acessar o registro de gás da instalação. Quando o fogão é móvel, o ponto
encontra-se afastado da entrada do aparelho, é realizada extensão até uma
distância de aproximadamente 40 cm para facilitar a colocação;
d) Fixação de janela: Será necessária a fim de obter a ventilação superior
permanente mínima, exigida pela norma NBR 13.103, esta fixação será
realizada através de rebites tipo POP;
e) Fixação de portas: A fim de obter a ventilação inferior permanente mínima,
exigida pela norma NBR 13.103. Esta fixação será realizada através de rebites
tipo POP, colocados no piso;
f)
Aumento de furo para chaminé: Necessário, pois este diâmetro deve
permanecer inalterado até a extremidade do terminal externo, conforme a
Norma NBR 13.103;
g) Colocação de Ventola: Necessária o aparelho de ventilação forçada colocada
sobre o aquecedor, pois existe a impossibilidade de execução de outro método
35
para adequação às normas técnicas. A colocação do aparelho será feita sobre
a saída do aquecedor através de energia elétrica, sendo necessário executar
uma extensão elétrica e tomada próxima ao aquecedor.
Serviços que o condomínio deve providenciar:
a) Proteção ou até mesmo retirada de fios ou conduítes elétricos que estão com
interferência em relação à tubulação de gás existente;
b) Afastamento do pára raio até dois metros da tubulação de gás;
c) Colocação de portas nos abrigos de regulador e medidores com ventilação
adequada;
d) Suspensão do abastecimento do gás GLP, para poder efetuar nossas
atividades: conversão dos equipamentos que consomem gás do sistema GLP
para gás natural, instalação dos medidores, teste de estanqueidade em todas
as instalações e finalmente a liberação do gás de rua.
36
CAPÍTULO 5
5. HISTÓRICO
SALVADOR
DO
MERCADO
RESIDENCIAL
DE
GÁS
NATURAL
EM
Embora do ponto de vista energético seja um setor de importância média por não ter
produto próprio, do ponto de vista social o consumo de energia pelo setor residencial
é da maior relevância já que energia é condição indispensável para se desfrutar das
comodidades mais essenciais da vida moderna.
A Bahiagás teve seu inicio através da Lei Estadual 5.555/89 em 1989. No ano de
1991, o Decreto Estadual 4.401/91 concedeu à Bahiagás o direito de exploração dos
serviços de administração e distribuição de gás, por meio de canalizações, a todos os
consumidores ou estabelecimento industrial, comercial, institucional e residencial, no
intuito de utilizar praticamente a todos os objetivos localizados no Estado baiano por
um período de 50 (cinquenta) anos.
Dessa maneira a Bahiagás iniciou a sua distribuição de gás natural no estado em
1994, com um percentual de vendas de 1.130 milm3/dia, com alcance em 2004 a
média de vendas de 3.830 milm3/dia.
Em 1999, o então prefeito da cidade de Salvador, aprovou a Lei Municipal n°5690,
que diz que é necessária a instalação de um sistema interno de distribuição de gás
canalizada, em edificações novas ou reformada direcionadas ao uso residencial com
área útil superior a 70 m² ou mais unidades habitacionais com qualquer área útil,
quando não houver rede de gás na via pública ou de central de gás liquefeito de
petróleo (GLP).
A mesma lei ainda acrescenta que os sistemas internos de canalização de gás
deverão ser dimensionados de forma a permitir tanto o uso de gás liquefeito de
petróleo (GLP) quanto ao de gás natural (GN), sem que haja necessidade de
adequações posteriores nos referidos sistemas, além daquelas necessárias à
conversão dos aparelhos de utilização.
37
Diante do exposto a Bahiagás, assume na capital baiana um papel importante na
mudança cultural em consumir o gás canalizado, pois assumiu a responsabilidade de
implantar a rede de distribuição, incluindo a cocção e aquecimento de água. A
empresa através do seu site (www.bahiagas.com.br) orienta que muitas são as
possibilidades e benefícios de utilização de gás combustível pelos usuários
residenciais, particularmente o gás natural, que pode otimizar a utilização de
máquinas de lavar, secadoras de roupas, ferros de passar, geladeiras, entre outros.
Na área residencial o consumo é vantajoso, pois o fornecimento é contínuo, oferece
segurança em caso de vazamento, o pagamento se dá após o consumo e o usuário
só realiza o pagamento pelo que consumiu, sem a perda de parcelas que venham a
ficar nos vasilhames utilizados para transporte de outros gases combustíveis.
A Bahiagás começou a atuar na área residencial em Salvador em 2002 com a
assinatura do primeiro contrato para fornecimento de gás natural no Loteamento
Aquárius.
Segundo informativo da Bahiagás (2004), O gás natural canalizado foi utilizado nas
residências da capital baiana desde o dia 6 de abril de 2004. Os moradores do edifício
Michelangelo, localizado no Loteamento Aquárius, foram os primeiros agraciados com
o beneficio e receberem o combustível em suas residências para cocção e
aquecimento de água. Os 60 apartamentos do edifício tiveram seus eletrodomésticos
previamente convertidos e sua rede interna interligada ao ramal da Bahiagás que
passa pela Avenida Magalhães Neto. No Michelangelo, o consumo médio estimado é
de 30 metros cúbicos por dia de gás natural.
Mensalmente, os clientes receberão sua conta de consumo, com a fatura detalhada,
contendo os dados referentes a valores de consumo, encargos e informações em
geral. "Apesar da facilidade de compreensão e dos campos auto-explicativos,
colocamos no modelo da conta todo o detalhamento", informa o engenheiro comercial
da Bahiagás, Eduardo Sousa.
38
A receptividade dos moradores do edifício Michelangelo foi à época algo relevante e
positivo, nos primeiros dias de consumo do combustível, a diferença já podia ser
sentida. Todos ficaram satisfeitos com o gás natural e com o trabalho da equipe da
Bahiagás, responsável pela conversão, os mesmos adotaram um cronograma bem
planejado, tendo o cuidado de lidar com os imprevistos com grande presteza.
A referida matéria ainda acrescenta que a tabela tarifária da Companhia, é em
cascata, pois quanto maior o consumo, menor o valor do metro cúbico do gás. Na
época a primeira faixa, até 20 metros cúbicos, é cobrado R$ 1,42 para cada metro
cúbico.
Na segunda faixa, entre 21 e 100 metros cúbicos, o valor cai para R$ 1,27. Para se
ter idéia do volume em metros cúbicos, um botijão de 13 kg de GLP, que custa em
tono de R$ 32, equivale a pouco mais de 16 metros cúbicos de gás natural, cujo valor
é R$ 23, o que significa uma economia de mais de 23%, que pode crescer se o
consumo for maior.
A utilização do GN em residências proporcionou um conceito de segurança e
modernidade, auxiliando os moradores a terem economia e qualidade de vida (FELIX
e MACHADO, 2005). Em Salvador a instalação predial da rede de distribuição de gás
natural (GN) em edifícios segue um padrão pré-estabelecido rígido pela empresa
fornecedora do produto, Bahiagás, que elaborou no ano de 2004 um regulamento de
instalação predial (RIP), com orientações importantes que confere parâmetros que
foram estabelecidos de acordo com as NBRs 14570/2000; 13103/2006 e a lei
municipal n° 5690/1999.
Alguns outros edifícios utilizaram o recurso natural, além dos moradores do edifício
Michelangelo, foram inclusos no mesmo bairro da Pituba os condomínios dos edifícios
Mater Domini, localizado na rua Carmem Miranda, Vivenda Santa Ignês, na rua Bahia,
edifício Ville Imperial, no Pituba Ville, Loren Residencial, na Av. Manoel Dias da Silva
e a Mansão Amadeus Mozart, no Loteamento Aquárius.
39
Os bairros da Pituba e Imbuí foram os primeiros bairros a serem atendidos com o gás
natural. Para iniciar o fornecimento do produto, a Bahiagás construiu um gasoduto de
2.700 metros de extensão e uma Estação de Redução e Medição de Pressão
(ERPM), com localização no bairro do Stiep.
Desse ponto em diante a empresa implantou pontos na construção dos ramais para
atendimento aos clientes residenciais e comerciais da região. Consequentemente o
atendimento a outros bairros foram realizados gradativamente, o serviço de
adequação das instalações a prédios e condomínios interessados na conversão,
procuravam a Bahiagás para que fosse realizada uma primeira vistoria dos
equipamentos que anteriormente utilizava o GLP ou energia elétrica e que podiam
utilizar também o gás natural (GN).
Na época a empresa proporcionou um censo, que possuía como meta verificar o
modelo e marca dos equipamentos para que fossem providenciadas as peças de
adaptação.
Posteriormente a visita técnica, a Companhia avisava aos condôminos, através de
carta, a data definida para a conversão dos equipamentos e início do fornecimento de
gás. Na referida data, cada unidade habitacional deveria manter uma pessoa
responsável no local (por segurança), o prédio poderia permanecer até 10 horas sem
receber o combustível. Nesse intervalo, os técnicos da Bahiagás realizavam testes e
verificações de segurança.
5.1 Contexto Atuai em Salvador
O atual cenário energético desponta para o crescimento da utilização do Gás Natural.
Esta ascensão vem sendo comprovada pela evolução gradual e sólida dos volumes
de gás natural na matriz energética nacional.
Nesse amplo mercado a Bahia ainda se destaca como uma grande produtora de gás
natural, fator que fortalece o mercado em Salvador.
40
Através do excelente trabalho da Bahiagás a cidade do Salvador aponta como um
crescimento no fornecimento de gás na área residencial, a empresa adota uma
política de popularização do gás natural. “O combustível é usado no lugar do gás de
cozinha e também serve como cogerador de energia elétrica, substituindo-a nos
chuveiros, que é o aparelho mais caro”, explica Davidson Magalhães, diretorpresidente da Bahiagás.
Como estratégia a Bahiagás firmou parcerias importantes nas feiras imobiliárias
realizadas
anualmente,
consequentemente
as
contratações
residenciais
se
intensificaram e novos empreendimentos já virão preparados com estrutura para
receber o gás natural.
A efetivação do fornecimento desse combustível se inicia através da distribuição por
tubulações. A cidade do Salvador se apresenta até essa data com 538 km de dutos
na Região Metropolitana e municípios próximos, totalizando um alcance a 18 cidades
baianas. Os bairros que possuem uma estrutura para o acesso ao gás natural são:
Pituba, Itaigara, Iguatemi, Imbuí, Rio Vermelho, Amaralina, Cidade Jardim e ainda as
avenidas ACM, Ogunjá, Bonocô e Paralela.
O foco na massificação do gás natural, um dos vetores estratégicos da atual gestão
da Bahiagás, torna os consumidores baianos cada vez mais conscientes das
vantagens do gás natural residencial - comodidade, segurança e economia. Assim,
este foi o segmento que apresentou maior crescimento da empresa: passando de
3.163 clientes contratados em 2006, para 28.646 em 2010. O volume consumido
também cresceu de 574 m³/dia, em 2006, para 1.566 m³/dia, em 2010, ano em que a
Bahiagás atingiu o marco histórico de cinco mil clientes residenciais utilizando gás
natural (Relatório especial de gestão Bahiagás 2007-2010).
O fornecimento de gás natural para as residências não é interessante do ponto de
vista econômico para a Bahiagás, mas o contrato de concessão com o Governo do
Estado obriga a empresa a fornecer gás natural para as residências.
41
Esse consumo é pequeno, irrisório em relação às indústrias, comércios. O custo para
implantação é alto, e seu maior problema se direciona para os bairros antigos da
capital baiana.
5.2 Evolução dos Clientes Residenciais da Bahiagás
Os primeiros contratos entre a Bahiagás e os clientes residenciais em Salvador foram
firmados em 2002, tendo como o primeiro cliente a consumir gás natural o Edifício
Michelangelo, como já citado anteriormente.
Dos 98 contratos firmados desde 2002 até 2010 com a Bahiagás 85 contratados já
estão consumindo gás natural. Em 2005 foi o ano com maior número de contratos
chegando a 19 contratos firmados com a Bahiagás, representando um aumento de
51% em relação a 2004. O cenário de 2002 a 2010 é o apresentado na Tabela 5 e
Figura 1.
Tabela 5 – Clientes Contratados Residenciais até 2010
Município Contratados
Salvador
98
TOTAL
98
Fonte: Bahiagás, 2011
Consumindo
GN
85
85
Sem Consumo
13
13
Figura 1 – Clientes Contratados
CLIENTES - CONTRATADOS
81
56
59
64
2005
2006
2007
89
98
37
20
3
2002
2003
2004
Fonte: Bahiagás, 2011
2008
2009
2010
42
Outra maneira de analisarmos a evolução do mercado é avaliando os números de
domicílios consumindo gás natural durante o período de 2004 a 2010. No segmento
residencial, foi ultrapassada a marca de 5 mil clientes consumindo gás natural.
Chegando um total de 5.396 usuários, uma alta de 77% em relação a 2009,
apontando para a progressiva consolidação do segmento, alcançada através de
estratégia de estreitamento de relações com os consumidores.
Os Contratos são firmados com os condomínios, logo a quantidade dos 85 clientes
consumindo a Bahiagás atende a 5.369 domicílios convertidos para o gás natural e os
13 clientes sem consumir corresponde a 22.973 domicílios. Em 2010 foi o ano com
mais domicílios utilizando gás natural tendo um aumento de 73% em relação ao ano
de 2009. A Figura 2 representa a evolução dos domicílios convertidos de 2004 a
2010.
Figura 2 – Evolução Nº de Domicílios Convertidos
5369
EVOLUÇÃO Nº DE DOMICÍLIOS
CONVERTIDOS
3097
1994
838
2223
1151
318
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Fonte: Bahiagás, 2011
Um dos principais focos da Companhia de Gás da Bahia em 2010 foi o segmento
Residencial que alcançou o marco de 30mil clientes, contratados. A forte expansão
imobiliária de Salvador, aliada à intensa atuação da empresa para a massificação do
gás
natural,
tornando-o
um
dos
principais
atrativos
dos
mais
recentes
empreendimentos, tem evidenciado a competitividade e vantagens técnicas,
43
econômicas e ambientais do energético. A Bahiagás em 2010 interligou 2.272
domicílios a maior quantidade verificada desde o início da operação da Bahiagás
neste segmento.
Podem-se analisar esses dados de 5.369 clientes levando em consideração a
localização desses domicílios em Salvador. Abaixo Tabela 6 e Figura 3 com número
de domicílios por localização de Salvador de 2004 a 2010.
Tabela 6 – Localização dos Domicílios
LOCALIZAÇÃO
Nº DE
DOMICÍLIOS
ALPHAVILLE
772
ALTO DO PARQUE
76
AV. PROF. MAGALHÃES NETO
60
HORTO FLORESTAL
100
IMBUÍ
1698
LOT. AQUARIUS
550
LOT. IGUATEMI
220
LOT. VELA BRANCA
338
PITUBA (AV. MANOEL DIAS E
ADJACÊNCIAS)
339
PITUBA VILLE
775
PQ. N. S. DA LUZ
329
PQ. SÃO VINCENTE
112
TOTAL
Fonte: Bahiagás, 2011
5369
44
Figura 3 – Localização dos Clientes
Localização dos Clientes
6% 2%
1%
ALTO DO PARQUE
AV. PROF. MAGALHÃES
NETO
HORTO FLORESTAL
2%
14%
15%
ALPHAVILLE
2%
IMBUÍ
LOT. AQUARIUS
6%
LOT. IGUATEMI
32%
10%
6%
4%
LOT. VELA BRANCA
PITUBA (AV. MANOEL DIAS
E ADJACÊNCIAS)
PITUBA VILLE
PQ. N. S. DA LUZ
PQ. SÃO VINCENTE
Fonte: Bahiagás, 2011
O bairro com maior número de domicílios é o Imbuí com 1.698 clientes o que
representa 32% do total, seguido por Pituba Ville com 15% e o Alphaville com 14%.
Baseado nos dados acima da Tabela 06 e Figura 03 se pode verificar que os clientes
residenciais estão localizados nos bairros residenciais nobres na cidade de Salvador.
Dentre esses números 2.332 dos clientes residenciais possuem medição individual,
325 medição coletiva e 2.712 possuem medição coletiva com rateio. A medição
coletiva e coletiva com rateio são as mais vantajosas para Bahiagás, pois a medição é
feita no medidor da ERPM e o condomínio é que faz o rateio entre os condôminos.
A medição individual a Bahiagás faz a medição em cada domicílio. Somando a
medição coletiva com a coletiva com rateio tem-se 57% do total.
Abaixo na Tabela 7 e Figura 4 é apresentada uma visão do fornecimento de GN em
Salvador nas residências.
45
Tabela 7 – Nº de Domicílios por Tipo de Medição
INDIVIDUAL
2332
COLETIVA
325
COLETIVA COM RATEIO
2712
TOTAL
5369
Fonte: Bahiagás, 2011
Figura 4 – Tipos de Medição
Tipos de Medição
43%
51%
6%
INDIVIDUAL
COLETIVA
COLETIVA COM RATEIO
Fonte: Bahiagás, 2011
Dos 5.369 domicílios que estão consumindo gás natural 2.727 domicílios utilizam
apenas cocção o que representam 51% do total de domicílios. Os 2.642 domicílios
utilizam cocção e aquecimento o que representam 49% do total de domicílios. Esses
números representam que mesmo com o clima quente em Salvador os habitantes
utilizam aquecedores para esquentar a água. O lado positivo é que está sendo usado
um combustível, mais limpo e econômico que é o gás natural. A Tabela 8 e Figura 5
representam o cenário atual quanto ao uso.
46
Tabela 8 – Nº de Domicílios por Uso
COCÇÃO
2727
COCÇÃO E AQUECIMENTO
2642
TOTAL
5369
Fonte: Bahiagás, 2011
Figura 5 – Tipos de Uso
49%
51%
COCÇÃO
COCÇÃO E AQUECIMENTO
Fonte: Bahiagás, 2011
5.3 Mercado Atual de Gás Natural na Bahia
Analisando o mercado de gás natural do Estado da Bahia constata-se que com a
integração das malhas de gasodutos entre as regiões Sudeste e Nordeste é garantia
de que não faltará gás natural nos próximos anos, a Bahiagás ganhou um novo
impulso e começa a dimensionar o tamanho de sua expansão.
Em 2008, a Empresa também investiu na construção de mais 23.268 m de gasodutos,
o dobro do que foi construído em 2007, quando foi verificada a construção de 11.610
m. Ampliou sua carteira de clientes residenciais por meio de contratos firmados para a
ligação de, aproximadamente, 26 mil unidades residenciais e estabelecimentos
comerciais.
47
A Bahiagás também assinou contrato com a Petrobras, garantido o suprimento de gás
natural da companhia com contratos definitivos para as modalidades firme-inflexível,
firme-flexível e interruptível, além de um contrato de normas gerais, para tratar das
questões técnicas. Esse acordo garantiu à Bahiagás um aumento considerável do
volume de gás a ser comercializado, passando de 3,5 milhões de m³/dia (2007) para
5.1 milhões de m3/dia (2009). O contrato de suprimento de gás natural é válido por
cinco anos renováveis. A segurança proporcionada por este novo acordo, aliada ao
incremento da oferta de gás na Bahia, atenderá ao crescimento industrial e atrairá
novos projetos para o Estado (site da Bahiagás).
Para o GN o segmento Comercial apresentou, em 2009, o significativo acréscimo de
57% no número de clientes contratados em relação a 2008, passando de 81 para 127
unidades comerciais na Bahia. Contribuíram para esse crescimento a ampliação do
Salvador Shopping e a inauguração do Shopping Paralela, além de novos clientes,
como restaurantes e hotéis.
Projetos importantes foram realizados em 2010, como a construção da primeira
estação da Bahiagás ligada ao Gasoduto de Integração Sudeste-Nordeste
(GASENE), marcando o início de consumo de gás natural nas cidades de Itabuna e
Ilhéus e a expansão da companhia para o Sul e Extremo Sul (Relatório da
Administração – Bahiagás).
Foi iniciado em 2010 o fornecimento ao Hospital Geral do Estado (HGE), primeiro
hospital da rede pública estadual a ter a lavanderia e o refeitório funcionando com gás
natural,
gerando
economia
da
ordem
de
R$
400
mil/ano
e
reduzindo
significativamente a emissão de gases poluentes (Relatório da Administração 2010 –
Bahiagás).
O consumo de gás natural em 2010 apresentou crescimento de 35,53% em relação à
média do ano de 2009. No acumulado de 2010, de acordo com os dados estatísticos
da ABEGÁS - Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado,
o volume de gás natural comercializado atingiu a média diária de consumo de 52,9
milhões de metros cúbicos de gás. Inclusive, por dois meses, superou os 60 milhões
de metros cúbicos diários.
48
O consumo de gás natural no país apresentou crescimento graças ao aumento no
despacho térmico e também à retomada da demanda para o segmento industrial. À
exceção do setor automotivo – que apresentou retração de 4, 721% -, todos os outros
apresentarem crescimento de 2009 a 2010. O setor que mais influenciou este
resultado foi o de geração elétrica, que cresceu 171,06% de um ano ao outro, graças
ao maior acionamento térmico em virtude do baixo nível de água dos reservatórios.
Em 2010, como nos anos anteriores, o principal consumidor do gás natural foi o setor
industrial, com 26,2 milhões m³/dia, o que representa um aumento de 20,15% com
relação ao ano anterior. Na sequência, estão os setores de cogeração, residencial e
comercial, com aumento de, respectivamente, 19,64%, 7,24% e 6,26% no consumo
diário de gás natural.
A Bahiagás entra em 2011 iniciando fornecimento a quatro novos clientes industriais:
EDN Estireno do Nordeste, Sansuy e Saint Gobain (todas no Pólo de Camaçari), além
da usina de biodiesel de Candeias, de propriedade da Petrobras. Com capacidade de
consumo da ordem de 90 mil m3/dia de gás natural.
Como consequência e alinhada às macro estratégias de desenvolvimento do Governo
do Estado e em observância aos principais eixos de infraestrutura e às expectativas
de investimentos públicos e privados, a Bahiagás está construindo o primeiro Plano
Diretor de Gás Natural da empresa que orientará as ações da Companhia para o
período de 2010 a 2022.
Com intuito maior de massificar, diversificar e estadualizar o gás natural como um dos
principais
pontos
norteadores
do
Plano,
objetivando
ampliar
os
volumes
comercializados aos clientes atuais e potenciais e otimizar a malha existente. Assim,
expandir o uso do produto gás natural, mostrando as diversas possibilidades de
utilização do produto num mesmo segmento. E estadualizar para levar o gás natural a
diversos municípios baianos que possuem potencial de utilização do produto, tendo o
GN como uma opção saudável financeiramente e sustentável para a geração de mais
emprego e renda em todo o estado.
A Bahiagás relata que até 2012, a Bahiagás planeja investir R$ 60 milhões na
construção de 80 km de dutos para atender o mercado não térmico dos municípios de
49
Ilhéus, Itabuna, Eunápolis e Mucuri, no sul da Bahia. Para o atendimento de diversos
outros municípios do Sul do Estado, estarão concluídos até 2014, 250 km de
gasodutos, com investimentos adicionais superiores a R$ 100 milhões. (Diário, 2010).
Com base no Plano Plurianual 2011-2013, (ainda em fase de aprovação), a previsão
da companhia é aumentar em cerca de 1,2 milhões de m3/dia o volume de vendas
nesse período. Dessa maneira, as vendas da companhia passariam dos atuais 3,8
milhões de m3/d para 5 milhões de m3/d – uma expansão de 31,5%.
(site:energiahoje.com).
O crescimento no volume é resultado da expansão da companhia para o Sul do
estado, que permitirá o suprimento de gás para novas cidades e consumidores. "Este
ano, vamos iniciar o fornecimento de gás natural para os municípios de Eunápolis,
Itabuna, Ilhéus e Mucuri", revela o diretor presidente da Bahiagás, Davidson
Magalhães.
Essa estratégia permitirá a chegada do gás na região Sul e que a distribuidora atenda
a demanda. A chegada de gás natural estava muito restrita a 18 municípios da região
metropolitana de Salvador, Feira de Santana, Alagoinhas e também uma parte do
litoral norte.
Pretende-se nesse ano fornecer o gás natural em Itabuna e construir gasoduto para
atender fábricas da região. Mas vale salientar que a população de um modo geral,
sabe de fato os benefícios do uso do gás natural.
A Bahiagás terá capacidade para distribuir 500 mil de m³/dia em cada um dos quatro
city-gates construído no estado da Bahia. São 950 km de gasodutos construídos pela
Petrobras, dentro do projeto Gasoduto Sudeste-Nordeste (GASENE), que darão
vazão a 20 milhões de m³/dia de gás natural, além de estações de compressão,
levando o desenvolvimento e contribuindo para a socialização do uso do gás na
região (site da Bahiagás).
50
A Bahiagás vem praticando políticas comerciais mais agressivas, visando o
estabelecimento da competitividade e estimulando o desenvolvimento. Entre as ações
desenvolvidas estão os descontos promocionais para alguns segmentos de consumo
e a venda de gás natural do leilão da Petrobras (site da Bahiagás).
O que comprova essa afirmativa são as pesquisas realizadas pela Bahiagás, onde a
campanha nesta gestão onde procurou demonstrar os benefícios e as diferenciações
do produto e seus concorrentes. O gás natural tem concorrente, nas residências, é o
GLP, na indústria, o óleo combustível e a nafta, na área de veículos, o álcool e a
gasolina. Por isso, a relevância de um trabalho consistente de marketing da empresa
(site da Bahiagás).
5.4 Perspectivas da Bahiagás para Clientes Residenciais em 2011
As perspectivas da Bahiagás para o ano de 2011 é de muito otimismo, até o final do
ano, a meta da companhia é atingir o número de 11 mil clientes residenciais –
praticamente o dobro em relação ao fechamento de 2010 - fornecendo a cada vez
mais baianos um energético versátil (o gás natural pode ser usado para cocção,
aquecimento de água e climatização), seguro, prático e mais vantajoso do ponto de
vista ambiental e econômico.
A Bahiagás tem investido na ampliação da rede de gasodutos no Estado e otimizado
a malha de distribuição já existente, promovendo o atendimento ao mercado de gás
natural em toda a Bahia.
Implantou a infraestrutura para o recebimento do gás proveniente do Campo de
Manati, maior campo não associado de gás natural do Brasil, com potencial para
produção de 8 milhões de m³/dia de gás, possibilitando um incremento no
atendimento do mercado industrial, e permitindo consolidar o fornecimento para os
segmentos automotivo, residencial e comercial.
51
A Bahiagás é uma empresa que busca dar apoio e acesso à população baiana ao gás
natural e fazer dele um instrumento do desenvolvimento do estado, seguindo
determinação do governo, no ano de 2011 serão investidos mais de R$ 70 milhões.
À medida que o GN for sendo difundido em áreas residenciais, o mesmo se tornará
mais barato, mais acessível e de oferta ampla. As perspectivas de expansão da
malha da Bahiagás atrairão mais investidores para regiões distantes da capital baiana
e região metropolitana. Na capital baiana, também existe um plano de expansão para
atender mais os segmentos residencial e comercial. A meta da Companhia é ampliar
o uso do combustível em moradias, restaurantes, shoppings, bares, hospitais,
supermercados, hotéis e escritórios.
A missão da Bahiagás é expandir o uso e a distribuição de gás, satisfazendo com
qualidade o cliente, assegurando a rentabilidade e promovendo o bem estar social e
ambiental.
A Bahiagás duplicou seu faturamento ao longo de quatro anos de gestão (2007-2010),
ampliando o fornecimento de gás natural (GN) canalizado no estado. O impulso foi de
R$ 635 milhões, apurados em 2006, para R$ 1,25 bilhão, projetado para o
fechamento deste ano. O lucro líquido incrementou numa proporção ainda maior – de
R$ 51 milhões para R$ 141 milhões.
Com base nas informações obtidas no site (www.bahiagas.com.br), os dados
referentes à evolução da empresa no quadriênio estão no relatório ‘Bons Resultados
para o Desenvolvimento da Bahia’, disponível para download, nele dentro da visão
estratégica de interiorização do gás natural, no último quadriênio, a Bahiagás ampliou
de onze para 17 o número de municípios atendidos
A Bahiagás realiza análise por área e estabelece metas em ações. Com isso a meta
dos próximos três anos é chegar a 45 municípios, a demanda pelo gás natural é
puxada principalmente pela indústria, sendo o insumo responsável por 25,3% da
matriz energética do setor no estado, uma das maiores do País.
52
No atendimento dos diversos segmentos, a empresa investiu cerca de R$ 80 milhões
de 2007 a 2010. Este volume financeiro deu fôlego a uma agressiva atuação com
crescimento exponencial no número de clientes no mercado.
53
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Em relação ao mercado de gás natural na área residencial de Salvador pode-se
concluir que esse setor apresenta grandes vantagens em relação a outros
combustíveis como a não necessidade de armazenamento (botijões ou cilindros) já
que seu abastecimento se dá através de canalização com o fornecimento contínuo,
sem interrupções; o pagamento ocorre após consumo; é uma fonte de energia mais
limpa que os derivados de petróleo e carvão; a combustão é mais limpa e a dá uma
vida mais longa aos equipamentos que utilizam o gás e menor custo de manutenção.
Este mercado em Salvador está em crescimento, mas tem se desenvolvido apenas
nos bairros “nobres” Cabe responder a indagação do início dessa pesquisa, como
otimizar o custo de implantação nos bairros antigos da cidade do Salvador e
popularizar o fornecimento de gás canalizado?
Diante do questionamento pode-se dizer que o gás natural canalizado encontra
dificuldades em sua implantação principalmente em bairros populares, sendo
necessário da Bahiagás um projeto mais detalhado, levando em consideração as
peculiaridades territoriais da capital baiana. Este projeto precisa ser elaborado com a
presença efetiva dos engenheiros mais experientes do mercado. É necessário que
haja incentivo a utilização ao uso do gás natural residencial.
Apesar do crescimento no mercado de gás natural residencial nos últimos anos como
apresentado neste trabalho quanto à popularidade ainda é pouco conhecido da
população mais carente, pois em Salvador só existe fornecimento para bairros ditos
“nobres” o que faz com que a cultura do botijão de gás seja muito presente ainda nos
bairros antigos.
Recomenda-se um projeto arrojado e bem executado, impactando com um custo mais
acessível, e com a previsão de ampliação da malha de distribuição e principalmente
devido à descoberta de novas jazidas espera-se que a cultura do Gás Natural se
popularize no uso residencial voltando-se para o desenvolvimento sustentável que
incentive o consumo de combustíveis menos poluentes.
54
Aconselha-se uma abordagem mais profunda sobre esse tema, considerando a
relevância do mesmo e por abrir os horizontes tanto da população quanto dos
engenheiros responsáveis na reestruturação e ampliação da rede do gás natural.
55
REFERÊNCIAS
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<www.anp.gov.br> . Acesso em: 28 nov. 2010
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Janeiro, n. 4.
56
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