Anais do XIII Encontro de Iniciação Científica da PUC-Campinas - 21 e 22 de outubro de 2008
ISSN 1982-0178
DISCURSO E IMAGEM SOCIAL DAS ORGANIZAÇÕES GLOBO,
PERANTE O MOVIMENTO ‘FORA COLLOR’
Márcia M. C. M. Fantinatti
Bruno Gâmbaro Pereira
Grupo de Pesquisa Comunicação e Política
Centro de Linguagem e Comunicação
[email protected]
Faculdade de Jornalismo
Centro de Linguagem e Comunicação
[email protected]
Resumo: A partir do estudo sobre a cobertura
jornalística do movimento ‘Fora Collor’ - que
reivindicava, em 1992, o impeachment do então
Presidente da República, Fernando Collor de Mello
(PRN) - este trabalho procura contribuir com a
reconstrução da memória do período de
redemocratização do Brasil. Visou o levantamento
bibliográfico e documental que permitisse o confronto
entre fatos jornalísticos do período em que se deu o
movimento ‘Fora Collor’ e o discurso atual da Rede
Globo, divulgado pelo Projeto Memória Globo, dentre
outras fontes. Paralelamente, foram feitas entrevistas
individuais com estudantes e ex-estudantes (que
1
foram alunos em 1992) de Comunicação Social .
Palavras-chave: Rede
Comunicação e Política.
Globo;
‘Fora
Collor’;
Área do Conhecimento: Grande Área do
Conhecimento – CNPq: Ciências Sociais Aplicadas.
Sub-Área do Conhecimento – CNPq: Comunicação
Social – Jornalismo.
1. INTRODUÇÃO
O estudo teve como objetivos: localizar informações
sobre a campanha popular pela saída de Fernando
Collor de Melo do poder, em 1992; levantar opiniões
entre atuais e futuros profissionais de comunicação
(estudantes e ex-estudantes universitários dessa
área) sobre o movimento ‘Fora Collor’ e suas
repercussões sobre a credibilidade da Rede Globo.
No passado, a emissora de tevê esteve entre os
veículos de tevê mais acusados de apoio aos
militares, na ditadura (1964-1985) e de ter sido
viabilizada, como Rede Nacional, pela política de
comunicações dos governos militares [1]. No fim da
ditadura, também continuou recebendo críticas, por
suas ligações com o poder, por apoiar governos. É
referida como modelo de tevê definido pelo
1
Sobre os autores: Bruno G. Pereira, aluno da Faculdade de
Jornalismo / PUC-Campinas, bolsista Fapic/Reitoria; Márcia
Fantinatti, Professora da Faculdade de Jornalismo / PUCCampinas, jornalista, doutora em Ciências Sociais e líder do
Grupo de Pesquisa Comunicação e Política.
‘governismo’ [2]. Na década atual empenha-se em
atingir uma nova imagem [3].
Nos países da América Latina, após o fim de
ditaduras militares, as mídias começaram a mudar,
buscaram outras alianças, passando a criticar o que
anteriormente defendiam [4]. No caso da Rede
Globo, após o fim da ditadura, foi acusada de ter
apoiado um candidato a presidente da República,
Collor [5 e 6], que foi eleito, mas não conseguiu
governar até o fim do mandato; foi afastado por
envolvimento em corrupção. A memória e as
repercussões sobre esse fato foram o que
procuramos enfocar nas entrevistas realizadas.
2. METODOLOGIA
Além da pesquisa bibliográfica e documental sobre o
‘Fora Collor’, no contexto da redemocratização do
Brasil, levantamos opiniões de estudantes e exestudantes de Comunicação Social (em Campinas).
Estas foram tomadas na forma de entrevista em
profundidade ‘in depht interview’ [7], que se
caracteriza
pela
abordagem
individual
do
entrevistado e pela utilização de roteiro, contendo
perguntas abertas. Utilizou-se critério intencional na
escolha dos 12 entrevistados; a pesquisa não tinha
caráter probabilístico, mas a intenção de refletir
tendências e apontar padrões qualitativos de análise
[8]. A técnica de amostragem foi ‘por quotas’: 50%
estudantes e 50% ex-estudantes (indivíduos que
foram estudantes em 1992); Os entrevistados foram
aqui referidos por letras (A, B, C etc.), para preservar
em sigilo suas identidades.
3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A Globo usou seu poder de influência nas eleições
presidenciais de 1989 que levaram Collor ao poder
[5, 2 e 6]. Em 1992, surgem acusações contra aliados
políticos de Collor. Os donos da emissora ainda
apoiavam Fernando Collor quando outros veículos
de comunicação já mostravam reportagens
confirmando as denúncias de corrupção envolvendo
o seu governo. Assim, a cobertura jornalística dessa
emissora era superficial [2 e 6]. Em setembro de
1992, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
que analisava as denúncias apresentou um relatório.
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Então, sob a liderança da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), foi feito pedido de impeachment do
presidente, levando a Câmara dos Deputados a
afastá-lo do cargo, no dia 29/09/1992, para
aprofundar investigações. Collor tenta evitar o
impeachment, renunciando, em 02/10. A estratégia é
inútil: em 29/12/1992, é aprovada sua cassação.
No livro que conta a história do Jornal Nacional [9],
não são relatados ‘furos de reportagem’, a Globo
dava em segunda mão o que revelavam outros
veículos. É citado que, após entrevista da revista
Veja, em que Pedro Collor acusou o irmão de manter
sociedade com Paulo César Farias (tesoureiro da
campanha presidencial), que este seria seu ‘testa de
ferro’, o Jornal Nacional dedicou, por toda a semana
seguinte, parte do noticiário à crise no governo. Daí
se percebe que o Jornal Nacional apenas reproduzia
os principais fatos da Comissão Parlamentar de
Inquérito e/ou do já veiculado por outras mídias.
No plano da teledramaturgia, há quem julgue que a
minissérie “Anos Rebeldes” motivou os estudantes
nos protestos contra Collor. Segundo o Dicionário da
TV Globo [10], a minissérie - escrita por Gilberto
Braga, foi ao ar de 14 de julho a 14 de agosto de
1992, no horário das 22h30 - serviu de fonte de
inspiração aos caras-pintadas. Para alguns
estudiosos, pode ter havido essa influência. Ao
retratar um período (anos 60 e 70) em que jovens
enfrentaram o regime militar e lutaram por um mundo
mais justo, a minissérie pode ter estimulado os
estudantes, em 1992, a saírem às ruas pelo
impeachment de Collor [11]. Esse tema foi
incorporado às nossas entrevistas. A seguir,
relatamos o obtido no levantamento de opiniões.
3.1. Entrevistas com estudantes
Iniciamos entrevistando a amostra de estudantes. À
primeira questão, de conhecimentos a respeito do
‘Fora Collor’, todos os seis estudantes souberam
responder qual era o objetivo principal do
movimento: reivindicar o afastamento do cargo do
então presidente. Também disseram conhecer, de
forma geral, o que levou as pessoas às ruas. Porém,
uma resposta se destacou: o estudante D afirma que
tal movimento foi “alavancado” pela Rede Globo: “Foi
um movimento logo após as denúncias contra o
Collor (...) alavancado pela Globo, que teve uma
grande participação da população (...)”.
O apontamento feito pelo estudante chama atenção,
porque é o oposto do que alguns autores lidos
apresentaram sobre a emissora. O jornalismo da
Globo teria adotado o mesmo comportamento de
1984. Teria ignorado – e forçado os seus
telespectadores a ignorar – as passeatas e atos
públicos que aconteciam. Teria, de novo, sonegado
informação. Na Globo, as jornadas que defendiam o
impeachment de Collor foram aparecer somente
tardiamente, com o movimento já perto da vitória [2].
À pergunta sobre o ano do ‘Fora Collor’, quatro dos
seis estudantes responderam corretamente: 1992.
Um respondeu 1989 e outro, 1990 ou 91. Na questão
seguinte, quatro estudantes souberam o outro nome
pelo qual o ‘Fora Collor’ ficou conhecido: ‘Caras
Pintadas’. Ainda sondando conhecimentos sobre
contexto político, pedimos para citarem três (03)
personalidades que teriam sido favoráveis ao ‘Fora
Collor’ e três (03) desfavoráveis. Metade não soube
citar. Os outros três fizeram algumas tentativas; um
cita o próprio Collor como favorável. Outro aponta
pessoas que não se posicionaram publicamente.
Em seguida, foi questionado se tinham conhecimento
das críticas feitas ao telejornalismo da Globo durante
as denúncias de corrupção no governo Collor e
sobre como teria sido a cobertura jornalística do
‘Fora
Collor’.
Quatro
estudantes
disseram
desconhecer as críticas. Um afirmou que a Globo
realizou uma cobertura superficial do movimento.
Outro apontou variação na cobertura, conforme
crescimento das manifestações: após as passeatas
terem se multiplicado, a Globo teria passado a dar
maior atenção e espaço, em seus telejornais.
Perguntamos se conheciam a versão apresentada
pela Rede Globo, para os episódios relacionados ao
‘Fora Collor’, pelo Projeto de Memória Rede Globo:
todos os estudantes afirmaram desconhecer.
Entrando diretamente sobre a credibilidade atual da
Rede Globo – e, mais especificamente, a do Jornal
Nacional -, foi pedido para darem uma nota
(Sugerimos a seguinte Escala: 0 = nenhuma
credibilidade; 2,5 = pouca credibilidade; 5 =
credibilidade média; 7,5 = grande credibilidade; 10 =
credibilidade total). O Jornal Nacional recebeu
desses estudantes: uma nota 3, uma 5, três notas
7,5 e uma nota 8. Observa-se que não existe
homogeneidade. E que apenas um dos entrevistados
atribui-lhe nota inferior à credibilidade média. Os
demais deram notas médias e altas, embora
ninguém tenha dado nota máxima (nota 10). Sobre
as justificativas: quem deu nota 3 afirmou que o
telejornal só serviria para informar a existência de um
fato, “(...) Porém a cobertura, a visão e conclusões
sobre esse fato, nunca eu iria tirar assistindo algo
que foi informado pela Globo (estudante B)”.
Interessante é a opinião do estudante A. Apesar de
achar o Jornal Nacional parcial, deu-lhe nota 8,
grande credibilidade. Ainda sondado a credibilidade
do telejornalismo, pedimos uma avaliação da
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cobertura do Jornal Nacional ante a última eleição
presidencial (2006), na qual Luis Inácio Lula da Silva
(PT) disputou a reeleição, tendo como principal
adversário o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.
Dois estudantes disseram que a cobertura do Jornal
Nacional foi equilibrada e quatro disseram que não
foi. Destes, três disseram que o beneficiado do
desequilíbrio foi Alckmin e um disse que o
desequilíbrio foi em favor de Lula. De acordo com
esse último, o Jornal Nacional não se aprofundou,
diante da corrupção do governo Lula.
3.2. Entrevistas com ex-estudantes
A primeira bateria de questões feitas aos exestudantes foi sobre lembranças do ‘Fora Collor’.
Todos souberam responder quais os motivos para
pedir a saída do presidente. Cinco afirmaram que a
participação do movimento estudantil foi essencial
para aquela campanha popular. Indagamos se eram
indiferentes, favoráveis ou contrários ao ‘Fora Collor’.
Todos eram favoráveis. Com uma questão sobre o
nível de engajamento partidário dos entrevistados,
ficamos sabendo que apenas um ex-estudante fazia
parte do movimento estudantil, sendo membro do
Diretório Central dos Estudantes (DCE). Todos
afirmaram não ser filiados a partidos políticos. Quatro
afirmaram que, na época, eram simpatizantes do
Partido dos Trabalhadores (PT).
A questão seguinte foi sobre participação no
movimento ‘Fora Collor’ (passeatas, ou outras
manifestações). O ex-estudante que informara ser
integrante do DCE, mostrou-se o mais engajado.
Participou da organização de passeatas e na
elaboração de divulgação (cartazes, panfletos). Mais
outros
quatro
ex-estudantes
disseram
que
participaram de passeatas. Nenhum entrevistado
participou da campanha fora de Campinas.
Quando pedimos para citarem 03 nomes de
personalidades favoráveis e 03 contrárias ao ‘Fora
Collor’, vimos que é mais fácil a lembrança de nomes
favoráveis. Metade dos entrevistados soube
responder os 06 nomes pedidos. Os demais (outros
três ex-estudantes) citaram 03 ou mais nomes de
pessoas favoráveis à saída de Collor, mas não
conseguiram citar nomes dos contrários a isso.
Perguntamos sobre o papel da Rede Globo na
cobertura das denúncias contra Collor. Um dos
entrevistados não se aprofundou nesta questão;
disse apenas que foi uma cobertura de grande
destaque. Outro acredita que a cobertura foi falha. Já
outro ex-estudante afirma que foi favorável ao
movimento. Os outros três entrevistados disseram
que a cobertura do movimento iniciou timidamente,
tornou-se amplamente acompanhada somente
quando o movimento já havia tomado grandes
proporções, com protestos de ruas Com a exceção
do ex-estudante que não se aprofundou na resposta,
os demais deram a entender que a Globo, em algum
momento de sua trajetória, havia apoiado Collor.
Sobre quais teriam sido os principais meios de
comunicação envolvidos na divulgação de denúncias
contra Collor, os ex-estudantes têm como referência
a Folha de S. Paulo. Sobre a Globo, a idéia geral é
que se empenhou tímida e tardiamente, sendo um
dos últimos veículos de comunicação a entrar na
cobertura e investigação das denúncias.
Entrando no campo da teledramaturgia, que pode ser
relacionada com esse momento da política, de
acordo com diversos autores, perguntamos aos exestudantes se acompanharam a minissérie ‘Anos
Rebeldes’, que retratava os jovens na época da
Ditadura Militar no Brasil. Todos responderam que
sim. Sobre a influência dessa minissérie no ‘Fora
Collor’, defendem que ela teve grande papel para a
saída dos jovens às ruas; acreditam que possa ter
contribuído na forma de despertar uma consciência.
Sobre se a minissérie os teria influenciado,
pessoalmente, na adesão ao ‘Fora Collor’, apenas
um admitiu ter sido influenciado. Os outros
justificaram sua participação no movimento por
outros motivos. No decorrer das entrevistas, outras
produções de teledramaturgia da Rede Globo foram
citadas, como as novelas ‘Que Rei Sou Eu’ e o
‘Salvador da Pátria’, apontando uma tendência Globo
de utilizar suas produções de teledramaturgia para
difundir sua linha editorial.
Na seqüência, perguntamos se conheciam o livro
‘Jornal Nacional – a notícia faz história’. Apenas um
afirmou desconhecer a obra; três disseram ter lido.
Questionados sobre os trechos do livro que relatam o
período Collor, três disseram desconhecer; outros
dois afirmam que estão mais familiarizados com o
capítulo do livro no qual relata-se o episódio da
edição do debate presidencial entre Lula e Collor em
1989. Apenas um afirmou conhecer essa parte do
livro. Ele demonstra cuidado com o conteúdo: “Quem
compra deve refletir muito seriamente o passado da
Rede Globo de Televisão, mas é direito dela
escrever o que ela pensa”. (Ex-estudante C)
Pedimos aos ex-estudantes que atribuíssem uma
nota de zero a dez para a credibilidade atual do
Jornal Nacional, tendo como respostas as seguintes
notas: 0; 1,5; 2; 6; 6,5 e 7,5. Os argumentos usados
pelos ex-estudantes que deram notas abaixo de
cinco foram de que o telejornal é tendencioso e nele
há manipulação. Nota-se que, entre os estudantes,
não apareceu a nota zero e que, também nessa
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amostra, apareceu a maior nota dada: 8. Já entre os
ex-estudantes aparece a nota zero e a maior nota foi
ligeiramente inferior, em relação aos estudantes: 7,5.
Sobre a cobertura da última eleição presidencial
(2006) pelo Jornal Nacional, as respostas seguem
tendências variadas. Um dos entrevistados disse não
ter acompanhado o telejornal neste período. Três
acreditam que a cobertura foi equilibrada entre os
candidatos. Um argumentou que não conseguiu
perceber se a Globo apoiou algum candidato. Outro,
que o equilíbrio se deu pelo fato de não haver um
projeto político que fosse visto como ameaça à
emissora. Dentre os que haviam considerado que a
cobertura foi equilibrada, um comentou que “a Globo
aprendeu”, em referência às falhas em eleições
anteriores. Dos que acreditam que a cobertura foi
desequilibrada, o ex-estudante A afirmou que, pela
falta de investigação dos escândalos do governo
Lula (PT), que estavam sendo denunciados à época,
julga que houve benefício ao candidato petista. Já
outro entrevistado (ex-estudante E), acredita que o
desequilíbrio se deu pelo fato do Jornal Nacional
divulgar
as
denúncias,
prejudicando
Lula,
contrapondo-se, assim, ao que fora dito pelo outro
ex-estudante (ex-estudante A). Porém, de acordo
com sua linha de pensamento, ele não sabe até que
ponto esta divulgação beneficiou ou prejudicou o
candidato Lula: “(...) o tempo de exposição na mídia mesmo que seja negativamente, como no caso do
Lula -, a gente não sabe até que ponto é favorável
ou não (...)”. (Ex-estudante E).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Nosso estudo teve como meta principal verificar
como o ‘Fora Collor’ repercute na atualidade. As
entrevistas mostraram que o livro sobre a história do
Jornal Nacional é mais conhecido entre os exestudantes do que entre os estudantes. Ainda assim,
é relevante o fato da versão contida no livro ser
divulgada.
Segundo
um
dos
estudantes
entrevistados, o movimento ‘Fora Collor’ teria sido
alavancado pela Globo. Não se pode, no entanto,
atribuir essa opinião às versões apresentadas nos
livros do Projeto Memória Globo, nesta década. A
tímida cobertura da Globo, se comparada aos outros
veículos de comunicação (Revistas, principalmente),
não parece prejudicar a imagem da emissora perante
os estudantes. Ela é referida, mas de modo tão vago
que não saberíamos afirmar se não houve certa
confusão entre os estudantes, que podem ter
associado o ‘Fora Collor’ ao ‘Diretas já’, de 19831984. Ou seja, a idéia geral de que a Globo cobriu os
movimentos de rua somente quando as passeatas
cresceram pode ter sido referida ao que sabem
sobre o ‘Fora Collor’, mas também pode ter sido uma
referência a outros fatos. O que queremos destacar é
que, nessa amostra, apenas um entrevistado
conferiu nota abaixo de 5. Isso pode significar que o
‘Fora Collor’ não aparece no rol de informações
desses estudantes como algo negativo. Já entre os
ex-estudantes, também aparece a referência à
timidez na cobertura da Globo para o ‘Fora Collor’.
Mas os comentários que acompanham essa
afirmação são mais consistentes. O apoio que havia
sido dado pela Globo ao candidato Collor aparece.
Os ex-estudantes não fizeram muitas críticas ao
telejornalismo da Globo nas eleições de 2006, e não
houve referência a um fato comparável ao apoio
dado pela emissora a Fernando Collor, em 1989.
Ainda sobre tais eleições, nota-se que as respostas
de ex-estudantes foram ligeiramente mais otimistas,
em comparação à opinião dos estudantes. Mas
quando se pede que sejam dadas notas ao Jornal
Nacional, e respectivas justificativas, as diferenças
entre as respostas dos estudantes e dos exestudantes se ampliam: os últimos mostram-se
enfáticos ao citar exemplos de manipulação. Assim,
pode-se concluir que a atual credibilidade que os exestudantes têm, em relação à Globo, permanece
muito marcada pelo passado.
REFERÊNCIAS
[1] Kehl, M. R. (1986), Um país no ar, Editora
Brasiliense, São Paulo.
[2] Bucci, E. (1996), Brasil em tempo de TV,
Boitempo Editorial, São Paulo.
[3] Fantinatti, M. M. C. M. (2005), “Comunicação de
massa e poder político: o atual discurso da Rede
Globo revelando seu empenho por uma nova
imagem” In: Bezzon, L. (org.) Comunicação,
Política e Sociedade, Editora Alínea, Campinas.
[4] Martín-Barbero, J. & Rey, G. (2001) Os
exercícios do ver - Hegemonia audiovisual e
ficção televisiva, Ed. Senac, São Paulo.
[5] Mello, G. A. (1994), Muito além do cidadão Kane,
ed. Pagina Aberta, São Paulo.
[6] Conti, M. S. (1999), Notícias do Planalto,
companhia das Letras, São Paulo.
[7] Duarte, J. & Barros, A. (2005), Métodos e
Técnicas de pesquisa em Comunicação, Ed.
Atlas, São Paulo.
[8] Marconi, M. de A. e Lakatos, E. (1982), Técnicas
de Pesquisa, Atlas, São Paulo.
[9] Jornal Nacional - A Notícia faz história (2004),
Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, Brasil.
[10] Dicionário da TV Globo (2003), Jorge Zahar
Editor, Rio de Janeiro.
[11] Dores. F. G. (2000), Anos Rebeldes: o que
ficou? Mestrado, UNESP, Araraquara.
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