ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA
OMBRÓFILA MISTA, EM LEBON RÉGIS–SC
Saulo Jorge Téo 1, Chaiane Rodrigues Schneider 2, Luan Demarco Fiorentin 3, Reinaldo Hoinacki da Costa 4
Resumo
A presente pesquisa foi realizada na cidade de Lebon Régis – SC, em um remanescente de Floresta Ombrófila
Mista, pertencente à empresa Juliana Florestal Ltda, de Caçador – SC, e teve como principal objetivo determinar
seus parâmetros florísticos efitossociológicos. Os dados analisados foram coletados por amostragem, no qual
foram distribuídas aleatoriamente, parcelas de área fixa de dimensões 10x50m (500 m²). Dentro das parcelas
foram medidas todas as árvores que possuíam DAP ≥ 5 cm. No total, foram amostradas 53 espécies, 47 gêneros
e 29 famílias. Obteve-se 1703 indivíduos por hectare, tendo como DAP e área basal médios 13,36cm e
35,00m²/ha, respectivamente. Através do Valor de Cobertura (VC), foi possível identificar que as três espécies
mais importantes neste fragmento de Floresta Ombrófila Mista foram Myrciaguianensis (Aubl.) DC.,Ocotea
porosa (Nees& C. Mart.) Barroso, Araucariaangustifolia (Bertol.) Kuntze.
Palavras-chave: Estrutura horizontal, Fitossociologia, Valor de Cobertura.
Abstrat
Phytosociological Analysis of aOmbrophilous Mixed Forest Fragment, in LebonRégis– SC. This research was
conducted in the city of LebonRégis, Santa Catarina State, Brazil, in anOmbrophilous Mixed Forest remnant,
kept for the company Juliana FlorestalLtda, Caçador, Santa Catarina State, Brazil. The objective of this research
was to determineit’s floristic and phytossociological parameters. The analyzed data were collected by sampling,
which the plots were randomlyditributedand it’s dimension 10x50m (500 m²). Inside the plots was measured all
trees that presented DBH ≥ 5 cm. A total of 53 species, 47 genera and 29 families were sampled. It’s was
obtained 1703 individuals per hectare, the DBH and average basal area 13.36 cm and 35.00 m²/ha,
respectively.Through theCover Value (CV), it’s was possible to identify that the three most important species of
the Mixed Ombrophilous Forest fragment were Myrciaguianensis (Aubl.) DC., Ocoteaporosa(Nees& c. Mart.)
Barroso, Araucaria angustifolia (Bertol.)Kuntze.
Keywords: Horizontal structure, Phytosociology, Cover Value.
INTRODUÇÃO
A Floresta Ombrófila Mista (FOM) ou Floresta com Araucária, pertence ao Bioma da Mata Atlântica,
sendo o mais característico da região sul do Brasil. Este, por sua vez, vem sendo altamente degradado devido à
expansão de atividades econômicas edas cidades, o que contribui parafragmentação e dispersão deste recurso
natural em conjunto com a fauna silvestre. Devido a estas fragmentações, tornam-seimprescindíveis estudos
técnicos e científicos em relação à estrutura e composição das florestas, podendo se obtermelhores
conhecimentos do atual estado destes fragmentos, e posterior tomada de decisões em planos de manejo, visandoà
preservação ou conservação dos mesmos, visto que algumas espécies florestais são endêmicas deste bioma.
Atualmente, é possível observar grande preocupação da sociedade com a preservação dos recursos
naturais, bem como a Floresta Ombrófila Mista. Vários programas de conscientização têm sido feitos para evitar
a extinção das espécies presentes neste ecossistema, porém muito ainda deve ser feito para que tanto, aFloresta
Ombrófila Mista, quanto todos os recursos naturais existentes sejam utilizados de forma sustentável, garantindo
o fluxo contínuo dos mesmos, em mesma ou maior quantidade e qualidade.
As informações obtidas em inventários florestais são de grande contribuição para o conhecimento e
caracterização de florestas, sendo assim, este trabalho teve como objetivo, analisar os parâmetros florísticos e
fitossociológicos de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista, localizado no Município de Lebon Régis, Santa
Catarina.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A concepção da Floresta Ombrófila Mista procede da ocorrência da mistura de floras de diferentes
origens, definindo padrões fitofisionômicos típicos, em zonas climáticas caracteristicamente pluviais. Esta
tipologia vegetal também é conhecida como Floresta com Araucária e antes de ser adequadamente conhecida, foi
drasticamente reduzida a inexpressivos 10% de sua dimensão original em fragmentos alterados ou
1
Eng. Florestal, M. Sc., UNOESC – Campus de Xanxerê, SC – [email protected]
Acadêmica de Engenharia Florestal, UNOESC – Campus de Xanxerê, SC – [email protected]
3
Acadêmico de Engenharia Florestal, UNOESC – Campus de Xanxerê, SC – [email protected]
4
Engenheiro Florestal, Juliana Florestal Ltda., Caçador, SC – [email protected]
2
descaracterizados (LEITE; KLEIN, 1990). Isto se deve à intensa exploração da madeira praticada desde a década
de 1940 do século passado, resultando na fragmentação e alteração de sua composição florística (LINGNER, et
al., 2007).
Esta tipologia florestal apresenta uma estrutura definida e, via de regra,é bem estratificada, ou seja, pode
gerar formações com dosséis uniformes e emergentes, onde os emergentes são caracterizados unicamente pelas
copas da Araucariaangustifolia (Bertol.) Kuntze, podendo alcançar de 30 a 40m de altura. O dossel apresenta
cerca de 15 a 20m e é formado predominantemente por espécies latifoliadas de famílias Myrtaceae e Lauraceae
(MARTINS, 2009). Vários são os gêneros presentes nesta tipologia florestal, como,Ocotea, Cedrela, Ilex,
Parapiptadenea, Matayba, Machaerium, Nectandra, Prunus.
De acordo com Lingneret al. (2007), diante da realidade que se encontram nossas áreas de Floresta
Ombrófila Mista, estudos fitossociológicos assumiram grande importância na tentativa de conhecer a estrutura e
compreender a dinâmica da floresta.
A fitossociologia como ciência, refere-se ao estudo das comunidades vegetais do ponto de vista
florístico e estrutural (BRAUN BLANQUET, 1979 apudHACKet al., 2005).Os resultados obtidos da análise
fitossociológica permitem fazer deduções sobre a origem, características, dinamismo, tendência do futuro
desenvolvimento das florestas, sendo que estes servem como base para o planejamento de condução silvicultural
(LONGHI, 1980 apudSCHAAFet al., 2006).
Segundo Rode (2008), os parâmetros florísticos são ferramentas primárias para avaliação dos dados de
florestas nativas além de, realmente descrever o quão diverso um ambiente pode ser em comparação a outro.
Rode relatou também que através da fitossociologia podem ser avaliados o grau de desenvolvimento e a
interação das espécies com o ambiente, as diferenças locais que ocorrem na vegetação, como resposta às
diferenças da topografia do solo, e ainda, o micro clima da região.
Rode (2008), baseado em extensa revisão bibliográfica, apresentou várias definições de fitossociologia,
bem como, dos parâmetros fitossociológicos apresentados neste trabalho: Frequência, Densidade, Dominância e
Valor de Cobertura. Geralmente, a estrutura horizontal de florestas, tem sido avaliada por meio da densidade,
dominância e frequência, valor de cobertura e valor de importância, visto que estes parâmetros
fitossociológicossão os que representam a estrutura da floresta.
Baseados em extensa revisão bibliográfica, Hacket al.(2005), definira, que a densidade é o número de
indivíduos de cada espécie na composição da comunidade, e a dominância expressa a proporção de tamanho, de
volume ou de cobertura de cada espécie, em relação ao espaço ou volume da fitocenose. A frequência é definida
como a probabilidade de se amostrar determinada espécie numa unidade de amostragem.A densidade e a
frequência de indivíduos de cada espécie estão relacionadas com o padrão de distribuição das mesmas em um
fragmento. O Valor de Cobertura (VC) de cada espécie é obtido pela soma dos valores relativos de densidade e
dominância.
Oliveira e Amaral (2004), em uma análise de uma floresta de vertente na Amazônia Central, Amazonas,
Brasil, relataram que os conhecimentos florísticos e fitossociológicos das florestas de terra firme da região são
condições essenciais para a conservação de sua elevada diversidade. A obtenção e padronização dos atributos de
diferentes ambientes florísticos e fisionômicos são atividades básicas para a conservação e preservação,
possibilitando a proposição de modelos mais adequados de manejo às florestas de terra firme na Amazônia
Central, onde áreas protegidas são escassas e/ou menos eficientemente cuidadas.
Machado et al. (2008) determinaram os parâmetros fitossociológicos de um fragmento de Floresta
Ombrófila Mista, em Curitiba – PR, por meio de censo, ou seja, medição de todas as árvores da floresta. As
espécies mais importantes do fragmento florestal, de acordo com os Valores de Cobertura calculados,
foramAraucariaangustifolia, Casearia sylvestrisSw.,LueheadivariacataMart, Ocoteapuberula (Rich) Nees,
Symplocustetrandra, JacarandapuberulaChamisso, SchinusterebinthifoliusRaddi, Gochnatiapolymorpha (Less)
Cabrera, MyrciahatschbachiiLegr. eAlophylusedulis(Cambess. & A. Juss.) Radlk. Os autores verificaram uma
grande diferença entre os resultados encontrados e outros levantamentos, tais diferenças foram atribuídas ao erro
proporcionado pela técnica de amostragem e pelo padrão de distribuição espacial das espécies. No entanto,
também chamaram a atenção para o estágio sucessional, aliado a diferenças entre os fatores edafoclimáticos
entre regiões distintas.
Herrera et al. (2009) realizaram uma análise florística e fitossociológica de uma área de Floresta
Ombrófila Mista, na Reserva Florestal Embrapa/Epagri, Caçador – SC. As dez principais espécies florestais
encontradas foram CupaniavernalisCambess., Araucariaangustifolia, Ocotea porosa(Nees& C. Mart.) Barroso,
Capsicodendrondinisii(Cambess. & A. Juss.) Radlk., Prunus brasiliensis (Cham. &Schltdl.) Dietrich,
OcoteapulchellaNees (Mez), Clethrascabra Pers., MataybaelaeagnoidesRadlk., Ocoteapuberulae
Sebastianiacommersoniana (Baill.) L.B. Sm. &Downs. Os autores concluíram que na Reserva Florestal
Embrapa/Epagri constatou-se o mesmo padrão florístico que caracteriza as áreas de ocorrência da Floresta
Ombrófila Mista.
Rode et al. (2009) compararam a florística de uma Floresta Ombrófila Mista e uma vegetação arbórea
estabelecida sob um povoamento de Araucária de 60 anos, na Floresta Nacional de Irati – PR. De acordo com os
resultados, na Floresta Ombrófila Mista foram encontradas 29 espécies, 13 gêneros e 9 famílias a mais que na
área do povoamento de Araucária. As espécies com maior frequência na área de Floresta Ombrófila Mista foram
Ilexparaguariensis A. St. - Hil, Ocoteaodorífera (Vellozo) RohwereAraucariaangustifolia, enquanto que na área
do povoamento as espécies mais frequentes foram a MyrsineumbellataMart.,PsychotriavellosianaBerg.
eCasearia sylvestris.
Schaafet al. (2006) estudaram as alterações florísticas e estruturais ocorridas em uma Floresta
Ombrófila Mista, entre o período de 1979 e 2000, em São João do Triunfo – PR. Em 1979, foram encontradas 51
espécies e 29 famílias botânicas, enquanto que em 2000, foram encontradas 55 espécies e 31 famílias. Apenas 7
(Araucariaangustifolia,IlexdumosaReissek.,
Mataybaelaeagnoides,Ocotea
porosa,
Capsicodendrondinisii,NectandragrandifloraNees et Mart. ExNeese Campomanesiaxanthocarpa Berg.), das
mais de 50 espécies, representaram 80,4% dos indivíduos em 1979 e, no ano de 2000, as mesmas espécies
acrescidas de OcoteacorymbosaMezresponderam por 80,9% do número total de indivíduos. Os autores
observaram que todos os indicadores analisados mostraram que a comunidade amadureceu no período estudado
e que Araucariaangustifolia acentuou a dominância na floresta, durante este período.
Rode (2008) destacou a importância dos estudos que objetivam a caracterização do ambiente florestal,
como a análise fitossociológica. Segundo esse autor, as interpretações e inferências sobre a diversidade de um
ambiente são concluídas mediante o processamento dos dados e extração dos resultados, servindo como base
para o manejo e preservação de espécies florestais.
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de Estudo
Este estudo foi realizado na Fazenda São Sebastião, área pertencente à empresa Juliana Florestal Ltda.
(Figura 1), localizada no município de Lebon Régis, situado na região centro-oeste de Santa Catarina. A área
total possui 392,95 hectares de floresta em conservação, possuindo cobertura vegetal de origem da Floresta
Ombrófila Mista.
Figura 1: Mapa de distribuição da área amostrada, na Fazenda São Sebastião, pertencente à Juliana Florestal
Ltda., no município de Lebon Régis – SC.
Figure1: Map of distribution of thesampled area, theHacienda São Sebastião,belonging toJulianaForestalLtda., in
the city ofLebonRégis,Santa Catarina State, Brazil.
Fonte: Juliana Florestal Ltda., Caçador, SC.
De acordo com Prates et al. (1989), a área em estudo apresenta vegetação original da Floresta
Ombrófila Mista, clima Cfb mesotérmico úmido, sem estação seca, com verão brando, conforme as tipologias
climáticas da classificação de Köppen.
O solo da área em estudo possui elevado índice de acidez, como é considerado comum em grande parte
da região catarinense. Possui as seguintes classes do solo: Latossolo, Cambissolo e laterítico. Portanto, a área de
estudo apresenta grande variabilidade pedológica com solos profundos, bem drenados, ricos em óxido de ferro e
alumínio e baixa fertilidade natural (PRATES et al., 1989).
Prates et al. (1989), também apresentaram o reconhecimento e aptidão do solo catarinense onde para o
município de Caçador, o solo é considerado apto para cultivo de culturas anuais e permanentes, pastagens ou
reflorestamentos.
Amostragem
Para o levantamento dos dados no campo, foram distribuídas 20 parcelas de forma aleatória com
dimensões de 10 x 50m (500 m²), equivalente a um hectare no total de área amostrada. O tamanho das parcelas
foi determinado com base em recomendações para florestas, objetivando amostrar de forma mais eficiente a
variabilidade do fragmento florestal onde melhores resultados são obtidos em parcelas com formato
retangular.Foram incluídas para compor a amostra de área fixa todas as árvores que possuíam diâmetro à altura
do peito (DAP) ≥ 5 cm.
Análise dos Dados
Na análise fitossociológica do fragmento florestal foram estimados a Densidade Absoluta (DA)
eDensidade Relativa (DR), que tratam do número de árvores por hectare; Dominância Absoluta (DoA) e
Dominância Relativa (DoR), referente a área basal da população. Foi definido também o Valor de Cobertura
(VC), pelo qual é realizado através da soma dos resultados obtidos para a Densidade Relativa e Dominância
Relativa. Este valor servirá de critério para avaliar a importância de cada espécie na área.Além disto, foram
estimados os valores de diâmetro médio e área transversal média, a fim de avaliar melhor a floresta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram amostrados 1703 indivíduos distribuídos em 53 espécies, 47 gêneros e 29 famílias. Herrera et al.
(2009) na análise florística de um componente arbóreo de Floresta Ombrófila Mista, presente na Reserva
Florestal EMBRAPA/EPAGRI, em Caçador, SC, obtiveram 71 espécies, 54 gêneros e 33 famílias botânicas em
48 parcelas.
Referente às famílias que mais sedestacaram conforme Valor de Cobertura com maior número de
espéciessãoMyrtaceae (7 espécies), Aquifoliaceae (4 espécies), Asteracaceae (4 espécies), Lauraceae (3espécíes)
e Fabaceae (3 espécies), representando 72,41% dos indivíduos da área. As demais famílias apresentaram
frequência inferior a duas espécies por família. Para Negrelle e Silva (1992), na análise fitossociológica em um
trecho de floresta com Araucariaangustifolia, no município de Caçador – SC,as famílias mais representativas
foram Myrtaceae, Leguminosaceae, Flacourtiaceae e Sapindaceae. Assim, podemos perceber que a família
Myrtaceae, possui alto valor ecológico de cobertura, que caracteriza como uma das principais famílias para a
tipologia florestal estudada.
As 54 espécies identificadas estão dispostas na Tabela 1, em ordem decrescente aos valores obtidos
para Valor de Cobertura (VC), evidenciando que Myrciaguianensis (Aubl.) DC.,Ocotea porosa
eAraucariaangustifoliaforam as espécies que resultaram nos maiores Valorde Cobertura (VC), representando
47,07% dos indivíduos presentes na área em estudo.O maior valor de coberturaapresentado pela
Myrciaguianensis deve-se ao fato de que também corresponde a maior Densidade Absoluta (DA) encontrada,
com 472 árv./ha,o que acentua seu grande potencial de distribuição. Em seguida temos as espécies Ocotea
porosa e Araucariaangustifolia, que totalizam em 161 e 122 árv./ha, respectivamente.
Quanto a Dominância Absoluta (DoA), 4 espécies destacaram-se, contendo os maiores valores de área
basal, são elasOcotea porosa (8,33 m²/ha), Araucariaangustifolia, (5,47 m²/ha),Myrciaguianensis (3,63
m²/ha),OcoteaelegansMez (2,75 m²/ha). A área basal média encontrada para este fragmento foi de 35,00 m²/ha,
resultado semelhante ao encontrado por Rodon Neto et al. (2002), em um fragmento de Floresta Ombrófila
Mista, em Curitiba, PR, de 37,08 m²/ha. Porém, na mesma tipologia florestal, e também em Caçador, Herrera et
al., (2009), obtiveram um resultado de área basal média de 31,40 m²/ha.
As florestas tropicais podem ser classificadas conforme seu estágio de sucessão. Florestas primárias
possuem sua estrutura e dinâmica original não ocorrendo intervenções antrópicas significativas. As florestas
secundárias abrangem diversos estágios de sucessão e são caracterizadas por apresentar intervenções em seu
desenvolvimento. Segundo Longhi (1997), as florestas primárias, normalmente, registram valores superiores a
35,00 m²/ha. O fragmento em estudo, apesar de apresentar também 35,00 m²/ha é uma floresta secundária, pois,
em algum momento houve interferência significativa em seu desenvolvimento.
O diâmetro médio encontrado no fragmento florestal foi de 13,36 cm. Para Machadoet al.(2008), em
análise fitossociológica em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista, em Curitiba, PR, para diâmetro médio
encontraram18,00 cm.
Tabela 1: Parâmetros fitossociológicos das espécies medidas na Floresta Ombrófila Mista em Lebon Régis– SC.
Table 1: Phytosociological parameters of the species measures in the Ombrophilous Mixed Forest in the
LebonRégis – SC.
Espécie
DA DR (%)
DoA
DoR (%)
VC
Myrciaguianensis (Aubl.) DC.
472
27,72
3,6324
10,38
38,09
Ocotea porosa (Nees& C. Mart.) Barroso
161
9,45
8,3282
23,8
33,25
Araucariaangustifolia (Bertol.) Kuntze
122
7,16
5,4714
15,63
22,8
OcoteaelegansMez
102
5,99
2,7472
7,85
13,84
Myrsinegardneriana DC.
115
6,75
1,1653
3,33
10,08
Cinnamodendrondinisii (Schwacke) Occhioni
88
5,17
1,2783
3,65
8,82
StyraxleprosusHook. &Arn.
85
4,99
1,1543
3,3
8,29
Mimosa scabrellaBenth.
57
3,35
1,7226
4,92
8,27
Drimys brasiliensis Miers
85
4,99
1,0297
2,94
7,93
PiptocarphaangustifoliaDusénexMalme
39
2,29
1,4353
4,1
6,39
Sapiumglandulatum(Vell.) Pax
26
1,53
0,83
2,37
3,9
LithraeabrasiliensisMarchand
28
1,64
0,7407
2,12
3,76
SebastianiacommersonianaL.B. Sm. & Downs
33
1,94
0,5414
1,55
3,48
Gochnatiapolymorpha (Lessing) Cabrera
14
0,82
0,7466
2,13
2,96
Ilextheazans Mart.
31
1,82
0,2559
0,73
2,55
JacarandapuberullaChamisso
23
1,35
0,3358
0,96
2,31
LamanoniaternataVell.
6
0,35
0,4739
1,35
1,71
WeinmanniahumilisEngl.
10
0,59
0,3626
1,04
1,62
Coutareahexandra (Jacq.) K. Schum
17
1
0,2151
0,61
1,61
ZanthoxylumrhoifoliumLam.
15
0,88
0,1997
0,57
1,45
MataybaelaeagnoidesRadlk.
10
0,59
0,2748
0,79
1,37
IngalentiscifoliaBenth.
9
0,53
0,2694
0,77
1,3
Casearia decandraJacq.
17
1
0,0953
0,27
1,27
Ilex paraguariensis A. St.-Hil.
13
0,76
0,1723
0,49
1,26
Citronella gongonha (Mart.) R.A.Howard
10
0,59
0,2294
0,66
1,24
Myrciaobtecta (O. Berg) Kiaersk.
16
0,94
0,1055
0,3
1,24
Myrciariatenella(DC.) O. Berg
17
1
0,0641
0,18
1,18
Roupala brasiliensisKlotzsch
8
0,47
0,1926
0,55
1,02
Allophylusedulis (Cambess. & A. Juss.) Radlk.
8
0,47
0,1307
0,37
0,84
SolanummauritianumScop.
7
0,41
0,0396
0,11
0,52
Prunusmyrtifolia (L.) Urb.
3
0,18
0,1146
0,33
0,5
Conyzacanadensis (L.) Cronquist
4
0,23
0,0685
0,2
0,43
RhamnussphaerospermaSw.
6
0,35
0,0143
0,04
0,39
Symplocosuniflora (Pohl.) Benth.
4
0,23
0,0482
0,14
0,37
Cedrellafissilis Vellozo
2
0,12
0,0848
0,24
0,36
Myrcia palustres DC.
5
0,29
0,0166
0,05
0,34
Nectandramegapotamica (Spreng.) Mez
3
0,18
0,0545
0,16
0,33
Eugenia handroana D. Legrand
3
0,18
0,05
0,14
0,32
PerseapyrifoliaNees
1
0,06
0,0877
0,25
0,31
SeguierialangsdorffiiMoq.
4
0,23
0,0255
0,07
0,31
SwartzialangsdorffiiRaddi
4
0,23
0,0221
0,06
0,3
Calyptranthesconcinna DC
4
0,23
0,0219
0,06
0,3
Metrodoreanigra St. Hil
3
0,18
0,0164
0,05
0,22
Accasellowiana(O.Berg) Burret
3
0,18
0,0133
0,04
0,21
Myrsinecoriacea(Sw.) Roem. &Schult.
1
0,06
0,0401
0,11
0,17
IlexbrevicuspisReissek
2
0,12
0,016
0,05
0,16
Campomanesiaxanthocarpa O. Berg
1
0,06
0,0219
0,06
0,12
Xylosmaciliatifolia (Clos) Eichler
1
0,06
0,0161
0,05
0,1
Celtisiguanaea (Jacq.) Sargent
1
0,06
0,0131
0,04
0,1
Maytenusiliciolia (Schrad.) Planch.
1
0,06
0,0039
0,01
0,07
Annonacrassiflora Mart
1
0,06
0,0032
0,01
0,07
Continuação Tabela 1...
ContinuedTable 1...
Espécie
DA DR (%)
DoA
DoR (%)
VC
Ziziphusjoazeiro Mart.
1
0,06
0,0026
0,01
0,07
Brunfelsia pilosa (Plowam)
1
0,06
0,002
0,01
0,06
Legenda: DA = Densidade absoluta (árv/ha); DR= Densidade Relativa (%); DoA= Dominância
absoluta (m²/ha); DoR= Dominância Relativa (%); IVC= Índice de Valor de Cobertura.
CONCLUSÃO
A análise do levantamento fitossociológico efetuado na região de Lebon Régis – SC proporcionou melhor
conhecimento do fragmento de Floresta Ombrófila Mista presente na região, visto quea área apresenta grande
importância ecológica para as espécies que nela residem, necessitando ser manejada de modo que estas
qualidades sejam mantidas ou aumentadas, atendendo então, os requisitos que a define como Floresta de Alto
Valor de Conservação.
A Myrciaguianensis apresentou a maior densidade das espécies presente na floresta, sendo que a mesma
como consequência, demonstrou o maior Índice de Valor de Cobertura, evidenciando sua capacidade de
dispersão.Porém, apesar da alta densidade, apresentou os menores valores de diâmetro contribuindo para um
diâmetro médio baixo, de 13,36 cm.
A composição florística foi semelhante à obtidanos demais remanescentes de Floresta Ombrófila Mista na
região de Caçador - SC, o qual demonstra um padrão na ocorrência de espécies presentes nesta tipologia
florestal. Além disto, a floresta foi caracterizada pela elevada presença da espécie Myrciaguianensis no subbosque e diversificadas espécies no Dossel.
Deste modo, os parâmetros fitossociológicossão importantes ferramentas para auxiliar na caracterização da
estrutura horizontal de Florestas Ombrófilas Mistas, bem como, identificar as possíveis alterações antrópicas
causadas em um espaço de tempo.
REFERÊNCIAS
HACK, C.; LONGHI, S. J.; BOLIGON, A. A.; MURARI, A. B.; PAULESKI, D. T. Análise fitossociológica de
um fragmento de Floresta Estacional Decidual no município de Jaguari, RS. Ciência Rural, Santa Maria, v. 35,
n. 5, p. 1083 – 1091, 2005.
HERRERA, H.A.R; ROSOT, N.C.; ROSOT, M.A.D.; OLIVEIRA, Y.M.M. de. Análise florística e
fitossociológica do componente arbóreo da Floresta Ombrófila Mista presente na reserva florestal
EMBRAPA/EPAGRI, Caçador, SC – Brasil. Floresta, Curitiba, v. 39, n. 3, p. 485 – 500, 2009.
LEITE, P. F.; KLEIN, R. M. Vegetação. In: IBGE. Geografia do Brasil: Região Sul. v. 2, Rio de Janeiro:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1990. p. 113 – 150.
LINGNER, D. V.; OLIVEIRA, Y. M. M. de.; ROSOT, M. C.; DLUGOSZ, F. L. Caracterização da estrutura e da
dinâmica de um Remanescente de Floresta com Araucária no Planalto Catarinense. Pesquisa Florestal
Brasileira. Colombo. n. 55, p. 55 – 66, 2007.
LONGHI, S. J. Agrupamento e análise fitossociológica de comunidades florestais na sub-baciahidrográfica
do Rio Passo Fundo – RS. 198 f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) – Universidade Federal do Paraná
(Setor de CiênciasAgrárias) Curitiba, 1997.
MACHADO, S. A.; NASCIMENTO, R. G. M.; AUGUSTYNCZIK, A. L. D.; TÉO, S. J. Parâmetros
fitossociológicos de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista. In: Simpósio Latino-Americano sobre Manejo
Florestal, 4., 2008, Curitiba. Anais do...Curitiba, 2008.
MARTINS, S. V. Ecologia de florestas tropicais do Brasil. Minas Gerais: Universidade Federal de Viçosa,
2009. 261 p.
NEGRELLE, R. A. B. SILVA, F. C. da. Fitossociologia de um trecho de Floresta com Araucariaangustifolia
(Bert.) O. Ktze. no município de Caçador – SC. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 24/25, p. 37 – 54,
1992.
OLIVEIRA, A. N.; AMARAL, I. L. Florística e Fitossociologia de uma Floresta de Vertente na Amazônia
Central, Amazonas, Brasil. Acta Amazônica. Amazonas, v. 34, p. 21 – 34, 2004.
PRATES, A. M. M.; MANZOLLI, J. I.; MIRA, M. A. F. B. Geografia física de Santa Catarina. Florianópolis:
Editora Lunardelli, 1989. 112 p.
RODE, R. Avaliação florística e estrutural de uma Floresta Ombrófila Mista e de uma vegetação arbórea
estabelecida sob um povoamento de Araucariaangustifolia de 60 anos. 159 f. Dissertação (Mestrado em
Ciências Florestais) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.
RODE, R.; FIGUEIREDO FILHO, A.; MACHADO, S. A. Comparação florística entre uma Floresta Ombrófila
Mista e uma vegetação arbórea estabelecida sobre um povoamento de Araucariaangustifolia de 60 anos. Cerne,
Lavras, v. 15, n. 1, p. 101 – 115,2009.
RODON NETO, R. M.; KOZERA, C.; ANDRADE, R. do R. de; CECY, A. T.; HUMMES, P. A.; FRITZSONS.
E.; CALDEIRA, M. V. W.; MACIEL, M. de M. M.; SOUZA, M. K. F. de. Caracterização florística e estrutural
de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista, em Curitiba, PR – Brasil. Revista Floresta, Curitiba, v.32, n. 1,
p. 3 – 16, 2002.
SCHAAF, L. B.; FIGUEIREDO FILHO, A.; GALVÃO, F.; SANQUETTA, C. R.; LONGHI, S. J. Modificações
florístico-estruturais de um remanescente de Floresta Ombrófila Mista Montana no período entre 1979 e 2000.
Ciência Florestal, Santa Maria, v. 16, n. 3, p. 271 – 291. 2006.
Download

ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA DE UM FRAGMENTO