Invisibilidade – Brasileiros da UFRJ conseguiram o impossível: criar um modelo de invisibilidade de objetos a partir da reflexão de várias frequências de
luz numa perfeita camuflagem. A reflexão inibe a luz que chega até o objeto e
o torna invisível a qualquer forma de detecção. O recobrimento pode ser a base
de metamateriais já conhecidos e foi demonstrado no “Physical Review Letters”
por Wilton Kort-Kamp, Felipe Rosa, Felipe Pinheiro e Carlos Farina.
Bauru, segunda-feira, 13 de janeiro de 2014 - Página 15
Ciência no Dia a Dia - Alberto Consolaro
A hora da morte e da ressuscitação!
Último suspiro, a morte chega e a vida acabou: será? Mas,
quase todas as células continuam
vivinhas! Elas nem têm ideia do
que aconteceu e vão tocando o
metabolismo, usando oxigênio e
nutrientes ao seu redor, produzindo e secretando para manter a vida.
Quando começa a faltar oxigênio
que percebem o ocorrido e cada
um dos 206 tipos de células tem
um tempo diferente para perceber.
Sempre se acreditou que as
primeiras células que sentem a falta de oxigênio são os neurônios:
apenas alguns poucos minutos,
mas hoje sabe-se que são 8 horas!
As células musculares cárdicas vinham em seguida com 20 minutos.
Na pele, sobrevivem 24h, as células ósseas por 4 dias. As que mais
resistem por muitos dias à falta de
oxigênio parecem ser ainda as da
cartilagem ou condrócitos.
Um morto deve apresentar:
1. parada respiratória, 2. parada
cardíaca, 3. parada respiratória e
4. ausência de reflexos indicando
parada cerebral, se possível, com
detecção de ausência de ondas
elétricas. Com a morte, a temperatura corporal fica igual à do
ambiente e a cor acinzentada aparece depois de 3h. Uma rigidez se
inicia de cima para baixo depois
6 a 8h da morte e dura 2 a 3 dias,
seguida pela putrefação.
Na catalepsia, uma doença
rara se caracteriza pela imobilidade
dos membros com músculos rígidos sem contrações, a pessoa fica
o tempo todo consciente: pode se
ficar horas ou dias nesta situação e
a pessoa pode ser dada como morta. Os métodos de verificação de
morte pela ausência de ondas cerebrais elétricas torna quase impossível que alguém seja enterrado vivo
com esta doença. Nem todos que
morrem passam necessariamente
por estes exames.
As ondas elétricas cerebrais
até podem estar ausentes em um
morto que estaria vivo! Não raramente se tem notícias de pessoas que se levantam do caixão no
velório ou despertaram no IML.
Também não são raras as descrições de exumações de cadáveres
em que a parte interna do caixão
estava toda arranhada! Alguns cemitérios disponibilizam sensores
de movimentos nos pulsos, tornozelos e pescoço do cadáver, ligados a uma central que soam um
alarme se, e quando, acionados.
Ressuscitação
Em 2012, diante de 35 mil
pessoas, o jogador de futebol
africano Fabrice Muamba de 23
anos desmaiou em Londres. No
hospital seu coração ficou parado
por 1h e 18min: ele sobreviveu
sem qualquer sequela!
Uma japonesa de 30 anos
com hiperdose de medicamentos
foi encontrada morta no bosque
com temperatura corporal de 20
graus e parecia que há muito tempo estava sem batimentos cardíacos, pelo menos 10h. Depois de
6h da entrada no hospital, voltou
a respirar e ao estado normal dando a luz para um bebê em 2013.
Em 2009, Joe Tiralosi de 57
anos deu entrada no hospital de
Nova York com infarto e depois
de 20 minutos foi considerado
morto, mas os médicos insistiram
e 40 minutos depois o coração
voltou a bater. Logo depois, parou por mais 15 min, ressuscitado
voltou a bater novamente. Três
semanas depois estava com a família totalmente normal.
Sam Parnia, chefe da UTI do
Observatório
Remédios de maconha – O Sativex,
um spray bucal a base de maconha, foi autorizado a ser vendido na França para aliviar
os espasmos musculares da esclerose múltipla em casos resistentes a outros medicamentos e venda sob prescrição médica. O
produto já é comercializado na Alemanha
e Reino Unido. Na França, o derivado da
maconha Dronabinol também já pode ser
receitado para casos de dores crônicas relacionadas a doenças sem as quais não há
mais tratamentos adequados. Esta é uma
tendência mundial: afrouxar o controle sobre o uso terapêutico da maconha!
A morte pode ser interrompida ou revertida: qual será o
ponto exato do não retorno neste processo?
hospital da Universidade Stony
Brook em Nova York discute casos como estes no livro “Erasing
Death” ou Apagar a Morte em
português pela Pergaminho. Na
ressuscitação usa-se sempre um
resfriador do corpo, um aparelho
que mantem a circulação do sangue oxigenando-o e um desfibrilador. Cada grau diminuído da temperatura do corpo, reduz-se 6% do
metabolismo. Em geral resfria-se
o paciente entre 32 e 34 graus por
12 a 24h injetando-se soro gelado,
colocando sacos de gelo por cima
ou mantas térmicas .
Um neurônio inativo funcionaram novamente em experimento de pesquisadores do
Instituto Salk: cultivaram e reativaram neurônios de cadáveres
recém falecidos até depois de 4h
sem funcionarem, eles ficam viáveis! Então in vivo também podem voltar a funcionarem!
Mudou: a morte agora pode
ser encarada como um processo
reversível, mesmo depois de algumas horas. Nos afogamentos,
o organismo parece ter reservas
de oxigênio até por 10min. As
técnicas atuais de ressuscitação
sem sequelas alcançam taxas
incríveis de sucesso em tempos
prolongados sem batimento cardíaco! Estudos são realizados
para compreender a hibernação
dos animais a fim de aplicar os
mesmos princípios no homem.
Para Sam Parnia, daqui 20
anos traremos à vida pessoas
que passaram mais de 24h sem
atividade cardíaca ou cerebral:
nossos netos não vão ver a morte da mesma forma que nós, ela
representará um processo longo
e complexo que poderá ser interrompido ou revertido!
E a alma, como fica?
Alberto Consolaro é professor
titular da USP - Bauru. Escreve
todas as segundas-feiras no JC.
Email: [email protected]
Clima do Brasil – O Painel Brasileiro
de Mudanças Climáticas a partir de dados
científicos no mundo todo produziu um
relatório dedicado exclusivamente a nosso
ambiente dos dias atuais até daqui 50 anos.
Eis alguns dados interessantes: 1) A temperatura média no país vai subir de 2 a 3
graus, podendo se chegar a um aumento de
até 6ºC; 2) O plantio de café deixará de ser
rentável no Sudeste e a cultura migra para a
região Sul; 3) Enchentes e deslizamentos de
terra nas encostas habitadas será cada vez
mais comuns no Sul e Sudeste do país; 4) O
volume de água dos rios da Amazônia ficará
20% menor. Nesta região, cada vez mais se
terá grandes cheias, e em alguns anos haverá secas. Mais incêndios e maior vulnerabilidade da rica biodiversidade são quase
certos; 5) As áreas de terras agricultáveis no
Nordeste serão cada vez menores e a migração para as cidades aumentará muito; 6) Os
padrões de chuvas e secas serão diferentes e
cada vez mais extremos, requerendo-se esforços e investimentos para adaptações no
campo e nas cidades.
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