UNIVERSIDADE DE TUIUTI DO PARANÁ ELIFAS LEVI DA PAIXÃO JÚNIOR ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO: UMA GESTÃO INTELIGENTE DOS RECURSOS EMPRESARIAIS CURITIBA 2009 ii UNIVERSIDADE DE TUIUTI DO PARANÁ ELIFAS LEVI DA PAIXÃO JÚNIOR ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO: UMA GESTÃO INTELIGENTE DOS RECURSOS EMPRESARIAIS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Planejamento Tributário, Gestão e Auditoria da Universidade de Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista Área: Contabilidade Financeira CURITIBA 2009 iii ELIFAS LEVI DA PAIXÃO JÚNIOR ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO: UMA GESTÃO INTELIGENTE DOS RECURSOS EMPRESARIAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao curso de Planejamento Tributário, Gestão e Auditoria Tributária da Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade de Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de especialista no Programa Planejamento Tributário, Gestão e Auditoria Tributária Orientador: Cláudio Nogas CURITIBA 2009 iv TERMO DE APROVAÇÃO ELIFAS LEVI DA PAIXÃO JÚNIOR ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO: UMA GESTÃO INTELIGENTE DOS RECURSOS EMPRESARIAIS Esta Monografia foi julgada adequada para obtenção do titulo de Especialista em Planejamento Tributário, Gestão e Auditoria Tributária no Programa de Planejamento Tributário, Gestão e Auditoria Tributária da Universidade de Tuiuti do Paraná Curitiba, 02 de outubro de 2009. Planejamento Tributário, Gestão e Auditoria Tributária Universidade de Tuiuti do Paraná Orientador: Prof. Cláudio Nogas v JÚNIOR, Elifas Levi da Paixão Administração do Capital de Giro: Uma Gestão Inteligente dos Recursos Empresariais. Curitiba 2009 xi, 44 p. Monografia – Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2009 Orientador: Prof. Cláudio Nogas 1. Administração do Capital de Giro 2. Capital de Giro 3. Capital Circulante(Giro) Líquido 4. Índices de Prazos Médios 5. Necessidade de Investimento em Giro 6. Efeito Tesoura I. União Educacional de Brasília II. Título vi Aos meus pais e amigos por terem me motivado à conquista de novos horizontes . vii AGRADECIMENTOS A Deus, pela saúde, pela força e sabedoria concedida durante todo esse trajeto. A Ele seja dada toda honra, gloria e louvor. Ao meu amigo Clovis Filho pelo incentivo e por me iluminar com suas soluções práticas e objetivas nos meus conflitos acadêmicos viii "Os ousados começam, mas só os determinados terminam.” Napoleon Hill ix SUMÁRIO LISTA DE ABREVEATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS.............................................x LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... xii LISTA DE QUADROS ............................................................................................ xiii RESUMO................................................................................................................ xiv 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................1 1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................2 1.1.1 Objetivo Geral...................................................................................................2 1.1.2 Objetivo Específico ...........................................................................................2 1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .............................................................................2 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ...........................................................................2 2 REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTOS TEÓRICOS..............................4 2.1 CAPITAL DE GIRO .............................................................................................4 2.1.1 Importância da Administração do Capital de Giro ............................................4 3 CAPITAL CIRCULANTE (GIRO) LÍQUIDO ...........................................................6 4 ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS ............................................................................9 4.1 PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS ............................................9 4.2 PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE COMPRAS ..........................................11 4.3 PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DE ESTOQUES ........................................11 4.4 INTER-RELAÇÃO DOS ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS................................11 4.5 CÁCULO PRECISO DE PRAZOS MÉDIOS .....................................................15 4.5.1 Cálculo dos Prazos Médios pelo Método de Exaustão...................................19 4.5.1.1 Cálculo do Prazo Médio de Recebimento de Vendas .................................20 4.5.1.2 Cálculo do Prazo Médio de Pagamento de Compras..................................21 4.5.1.3 Cálculo do Prazo Médio de Renovação de Estoques..................................22 5 NECESSIDADE DE INVESTIMENTO EM GIRO .................................................23 5.1 CÁLCULO DA NECESSIDADE DE INVESTIMETNO EM GIRO A PARTIR DO CICLO DE CAIXA ..................................................................................................28 x 5.1.1 Prazo Médio de Renovação de Estoque Equivalente.....................................29 5.1.2 Prazo Médio de Pagamento de Compras Equivalente ...................................29 5.1.3 Ciclo de Caixa Equivalente.............................................................................30 5.1.4 Necessidade de Investimento em Giro Equivalente .......................................30 5.1.5 Reflexo Monetário do Ciclo de Caixa Equivalente e sua Análise ...................31 6 EFEITO TESOURA ..............................................................................................36 7 CONCLUSÃO ......................................................................................................41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................43 xi ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS A - Ajustes AC - Ativo Circulante ACF - Ativo Circulante Financeiro ACO - Ativo Circulante Operacional AP - Ativo Permanente ARLP - Ativo Realizável a Longo Prazo C - Compras CC - Ciclo de Caixa CCeq - Ciclo de Caixa Equivalente CCL - Capital Circulante Líquido CMV - Custo da Mercadoria Vendida E - Estoques F - Fornecedores NIG - Necessidade de Investimento em Giro NTFP - Necessidade Total de Financiamento Permanente PC - Passivo Circulante PCF - Passivo Circulante Financeiro PCO - Passivo Circulante Operacional PELP - Passivo Exigível a Longo Prazo PL - Patrimônio Líquido PMPF - Prazo Médio de Pagamento de Fornecedores PMPFeq - Prazo Médio de Pagamento de Fornecedores Equivalente PMRE - Prazo Médio de Renovação de Estoques PMREeq - Prazo Médio de Renovação de Estoques Equivalente PMRV - Prazo Médio de Recebimento de Vendas PMRVeq - Prazo Médio de Recebimento de Vendas Equivalente PP - Passivo Permanente REF - Resultado de Exercícios Futuros xii SD - Saldo Devedor V - Vendas Vd - Vendas Diárias xiii LISTA DE FIGURAS Figura 3.0 – Estrutura Patrimonial: Capital Circulante Líquido Positivo.....................7 Figura 3.1 – Estrutura Patrimonial: Capital Circulante Líquido Negativo ...................8 Figura 4.0 – Representação Gráfica do Ciclo Operacional .....................................12 Figura 4.1 – Representação do Ciclo de Caixa: Financiamento de Terceiros .........13 Figura 4.2 – Representação Gráfica do Ciclo de Caixa – Financiamento Parcial do Estoque ...................................................................................................................13 Figura 5.2 – Desdobramento da Necessidade de Investimento (Capital) em Giro ..30 Figura 5.3 – Causas das Variações da NIG ............................................................31 Figura 5.4 – Esquemas de Financiamento da NIG..................................................33 Figura 6.0 – Demonstração do Efeito Tesoura em T0.............................................37 Figura 6.1 – Demonstrativo de Evolução das Vendas, NIG, CCL e SD ..................38 Figura 6.2 – Gráfico da Evolução do CCL e da NIG e Efeito Tesoura.....................39 Figura 6.3 – Demonstração Gráfica da Evolução das Vendas, CCL, NG e SD.......39 Tabela 4.0 – Ciclo de Vendas a Prazo – Demonstração Analítica ..........................10 xiv LISTA DE QUADROS Quadro 4.0 – Exemplificação de Prazos Médios e Ciclo Operacional e Financeiro.14 Quadro 4.1 – Exemplificação de Prazos Médios e Ciclos Operacional e Financeiro .. ................................................................................................................................14 Quadro 4.2 – Metodologia de Cálculo do PMRV 60 dias ........................................18 Quadro 4.3 – Demonstrativo de Vendas, Compras e Custos ..................................19 Quadro 4.4 – Metodologia para Cálculo do PMRV..................................................20 Quadro 4.5 – Metodologia para Cálculo do PMPC..................................................21 Quadro 4.6 – Metodologia para Cálculo do PMRE..................................................22 Quadro 5.0 – Balanço Patrimonial para Cálculo de Índices Financeiros .................26 Quadro 5.1 – Diagrama para Análise de Índices Financeiros..................................25 xv RESUMO A Administração do Capital de Giro consiste na maneira pela qual a empresa irá gerenciar os seus itens circulantes, ou seja, aqueles componentes do ativo e do passivo circulante. A Administração do Capital de Giro torna-se importante uma vez que, sua aplicação, consiste na operacionalização dos itens cujo crescimento ou diminuição depende do volume de operações realizadas pela empresa. Isto quer dizer que, o controle do nível de estoques, de duplicatas a receber, bem como do nível de caixa a ser mantido pela empresa, constitui os objetos de administração do Capital de Giro. O Capital Circulante Líquido , o qual é definido como sendo um excesso de recursos investidos no ativo circulante em relação ao passivo circulante, caracteriza que a empresa goza de uma folga financeira. No entanto, percebe-se que o Capital Circulante Líquido não constitui um indicador adequado para mesurar a situação financeira de uma empresa, uma vez que, o seu cálculo não leva em consideração a incompatibilidade de prazos existentes entre os itens do ativo e do passivo circulante. A análise dos prazos médios de Renovação de Estoques, Recebimento de Vendas e Pagamento a Fornecedores, que servem de base para cálculo do Ciclo Operacional, ou seja, do intervalo de tempo compreendido desde a compra de mercadoria até o recebimento das vendas, tornam-se de fundamental importância quando analisados de forma conjunta., uma vez que, estes indicadores abordam as operações empresariais fundamentais: compra, venda, pagamento e recebimento. O controle do crescimento proporcional do Capital Circulante Líquido bem como da Necessidade de Investimento em Giro, constituem, uma medida preventiva para conservação da saúde financeira da empresa, evitando deste modo, o Efeito Tesoura que consiste no crescimento proporcionalmente maior da Necessidade de Investimento em Giro em relação ao Capital Circulante Liquido. 1 INTRODUÇÃO A maximização de resultados é algo de grande importância para todos aqueles que são beneficiados pelo desempenho positivo das operações comerciais, sejam eles: empresários, investidores ou empregados. Alguns acontecimentos do mundo moderno, tais como: a veiculação da informação em tempo real, a internacionalização de capitais e a queda do consumo, trouxeram uma certa complexidade no que diz respeito à gestão dos recursos disponíveis em uma empresa. Já não é tão simples gerir os recursos de uma empresa como antigamente Observando esta complexidade e muitas vezes, incapacidade de gerir os recursos empresariais, verifica-se casos de empresas que apresentam em seus históricos um crescimento nas vendas e no capital circulante líquido, fecharem as portas por se encontrarem numa situação de insolvência. Com o intuito de explicar essa situação contraditória conseqüência de uma má administração do Capital de Giro, este trabalho versará sobre a importância da Administração do Capital de Giro para as empresas comerciais; sobre o cálculo e interpretação dos índices de prazos médios que determinam o ciclo operacional e sobre as causas e conseqüências do chamado Efeito Tesoura. 2 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral Comprovar a importância da administração do capital de giro para empresas comerciais. 1.1.2 Objetivo Específico Demonstrar a importância da administração do capital de giro para as empresas comerciais a fim de criar um estado de saúde financeira capaz de suportar os desafios impostos pelo mercado moderno; Demonstrar o cálculo e interpretação dos índices de prazos médios que determinam o ciclo operacional. Demonstrar as causas e conseqüências do chamado Efeito Tesoura 1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO Este estudo é dirigido às empresas comerciais que precisam maximizar os seus resultados por meio da administração do capital de giro. 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO O primeiro capítulo conterá uma breve explanação acerca dos motivos que incentivam a Administração do Capital de Giro, bem como a exposição dos objetivos específicos deste trabalho. O capítulo segundo versará sobre a conceituação de Capital de Giro bem como a importância da sua administração. O capítulo posterior será dirigido à conceituação de Capital Circulante Líquido e sua interpretação como índice de liquidez. O quarto capítulo abordará o cálculo e a na;álise dos índices de prazos médios e sua utilização para determinação do cilo operacional e ciclo financeiro. O penúltimo capítulo objetiva conceituar e 3 interpretar a Necessidade de Investimento em Giro. No último capítulo será exposto o conceito de Efeito Tesoura, causas e conseqüência desse efeito. 4 2 REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.1 CAPITAL DE GIRO Para SANDROMI (1995, p. 59) “capital de giro é parte dos bens de uma empresa representado pelo estoque de produtos e pelo dinheiro disponível, imediatamente e a curto prazo. Também chamado de capital circulante.” Segundo NETO e SILVA (1995, p.14) “o capital de giro ou capital circulante é representado pelo ativo circulante, isto é, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. Num sentido mais amplo, o capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a aquisição de mercadorias até o recebimento pela venda do produto acabado.” No entendimento de GITMAN (1997, p. 616) "o capital de giro refere-se aos ativos circulantes que sustentam as operações do dia-a-dia das empresas." Observa-se que de acordo como os autores citados o capital de giro é representado e definido pelos elementos patrimoniais constantes no ativo circulante, ou seja, pelo dinheiro disponível em caixa, pelas duplicatas a receber que são resultantes das vendas a prazo e pelos estoques que serão objeto das vendas e que por sua vez permitirão a renovação dos recursos representados pelo caixa e pelas duplicatas a receber. 2.1.1 Importância da Administração do Capital De Giro Para SOUSA et al. “a administração do capital de giro abrange as contas dos ativos e dos passivos circulantes. Uma empresa precisa manter um nível satisfatório de capital de giro. Os ativos circulantes devem ser suficientemente consideráveis de modo a cobrir 5 seus passivos circulantes, garantido-se com isso, uma margem razoável de segurança. O objetivo da administração do capital de giro é administrar cada um dos ativos e passivos circulantes da empresa, de forma que um nível aceitável de capital circulante líquido seja mantido.” Segundo NETO e SILVA (1995, p.15) “a administração do capital de giro diz respeito à administração das contas dos elementos de giro, ou seja, dos ativos e passivos correntes (circulantes), e às inter-relações existentes entre eles. Neste conceito, são estudados o nível adequado de estoque que a empresa deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma consistente como os objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção de determinando nível de rentabilidade e liquidez”. A administração do capital de giro faz-se necessária, uma vez que não há uma sincronização ente os elementos do ativo circulante ou seja: a) se todas as vendas fossem realizadas à vista, não existiriam investimentos em valores a receber; b) se houvesse uma sincronização totalmente integrada entre produção e vendas, não haveria necessidade de se manter investimentos em estoques, ou seja, a empresa produziria estritamente aquilo que seria necessário para atender à demanda. Como a situação citada dificilmente ocorre, é necessário criar técnicas e metodologias suficientemente capazes de criar uma relação temporal adequada, a fim de melhor administrar os elementos que compõe o capital de giro. 6 3 CAPITAL CIRCULANTE (GIRO) LÍQUIDO O capital circulante (ou giro) líquido é obtido pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, onde o ativo circulante e representado pelos investimentos que a empresa realiza em caixa, duplicatas a receber, estoques e etc. Já o passivo circulante é representado pelas fontes de financiamento a curto prazo, abrangendo dessa forma as dívidas para com os fornecedores de mercadorias, bancos, empregados e governo. Conforme exposto no parágrafo precedente o capital circulante (ou giro) líquido pode ser encontra utilizando-se das seguintes expressões: CCL = AC - PC ou CCL = (PL + PELP) – (AP-ARLP) Onde: AC = Ativo Circulante AP = Ativo Permanente ARLP = Ativo Realizável a Longo Prazo CCL = Capital Circulante Líquido PC = Passivo Circulante PELP = Passivo Exigível a Longo Prazo PL = Patrimônio Líquido Fonte: NETO e SILVA (1995, p. 16) Este trabalho considerará para fins de mensuração do capital circulante líquido, os resultados de exercícios futuros como parte integrante do patrimônio líquido. Pode-se observar que o capital circulante líquido representa um excedente de investimentos a curto prazo em relação às fontes de financiamento a curto, constituindo-se assim um capital circulante liquido positivo, ou seja: 7 AC > PC = CCL (positivo) Mas, o capital circulante líquido também pode ser entendido como sendo um excedente de recursos a longo prazo que financiam investimentos de logo prazo, constituindo-se também um capital circulante liquido positivo: (PL+ PELP) > (AR - ARLP) = CCL (positivo) Exemplo 1: Figura 3 – Estrutura Patrimonial: Capital Circulante Líquido Positivo AC PC $ 35 $ 20 CCL PELP AP + ARLP $ 65 $ 30 Recursos de Longo Prazo PL $ 50 Fonte: NETO E SILVA (1995, p. 17) Essa estrutura patrimonial apresenta um CCL = $ 15, ou seja: o ativo circulante ($ 35) excede o passivo ($ 20) em $ 15 que representa o capital circulante (ou de giro) liquido; de outra forma pode-se entender, de uma maneira mais técnica que; os recursos de longo prazo (PL + PELP = $ 80), são suficientes para cobrir todos os investimentos de longo prazo (AP + ARLP = $ 65) e ainda cobrir parte dos investimentos de curto prazo (CCL = $ 15). Exemplo 2: 8 Figura 3.1– Estrutura Patrimonial: Capital Circulante Líquido Negativo AC PC $ 70 $ 110 CCL (negativo) Investimentos de Longo Prazo AP + ARLP PELP $ 130 PL $ 50 $ 40 Fonte: NETO E SILVA (1995, p. 17) Veja que neste exemplo o passivo circulante ($ 110) é maior que o ativo circulante ($ 70) em $ 40. Em outras palavras pode-se concluir que a empresa está utilizando recursos de curto prazo (PC = $ 110), para financiar aplicações de longo prazo (ARLP + AP = $ 130), configurando dessa forma um capital circulante(ou giro) líquido negativo. Como pode ser observado, o capital circulante líquido positivo denota que a empresa goza de folga financeira. Quando é verificado que os investimentos em caixa, que representam o dinheiro propriamente dito, que as duplicatas a receber, que os estoques e aplicações financeiras de liquidez imediata são superiores às obrigações com fornecedores, bancos, empregados e governo, conclui-se que a empresa possui condição, em um primeiro momento, de saldar as suas obrigações a curto prazo com as suas disponibilidades a curto prazo. Toda essa sistemática ora apresentada conduz ao entendimento que, quanto maior o capital circulante líquido melhor, uma vez que esse indicador mensura a folga financeira da empresa. Em contra-partida, quanto maior for o capital circulante líquido menor será a rentabilidade dos itens circulantes. 9 4 ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS Os índices de prazos médios são indicadores que informam o intervalo de tempo compreendido entre a compra e o pagamento, entre a venda e o recebimento e etc. São três os índices de prazo médios que fornecem as informações necessárias para cálculo do Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro de uma empresa: Prazo Médio de Vendas – PMRV Prazo Médio de Compras – PMPC Prazo Médio de Renovação de Estoques – PMRE 4.1 PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS Para calcular este indicador faz-se necessários ter conhecimento de duas variáveis básicas as quais são: o volume de vendas e de duplicatas a receber. MATARAZZO (1998, p.318-9) exemplifica de maneira bastante didática a essência deste indicador Suponha os seguintes dados: Vendas diárias: $ 10 Prazo Médio de Recebimento: 30 dias Veja o que acontece ao longo do tempo: 10 Tabela 4 – Ciclo de Vendas a Prazo - Demonstração Analítica Ocorrências Dias 1º 2º 3º ... 31º 31º 32º 33º... Vendas 10 10 10 ... 10 10 10 10... Recebimentos 0 0 0 ... 10 10 10 10... Entrada em Caixa 10 20 30 ... 300 300 300 300... (Duplicatas a Receber). Fonte: MATARAZZO (1998, p. 318) A empresa realizou venda de $ 10 por dia, com prazo de 30 dias. No 1º dia a empresa apenas vende e nada receber em virtude do prazo de 30 dias, mas acumula a venda em Duplicatas a Receber. No 2º dia, o processo se repete, ou seja, a empresa vende e nada recebe, e assim sucessivamente até o 30º dia. Observa-se que as Duplicatas a Receber crescem dia após dia até atingir um nível de $ 300, ponto em que deixam de crescer. A partir do 31º há uma geração de $ 10 de duplicatas e uma redução de duplicatas de $ 10 diariamente. Se o PMRV fosse de 60 dias, as Duplicatas a Receber atingiriam o nível de $ 600. Seguindo este raciocínio é possível muito mais do que simplesmente decorar mais uma fórmula mas, sim entende-la. Duplicatas a Receber = PMRV x Vd Duplicatas a Receber = 30 x 10 Duplicatas a receber = 300 ou PMRV = Duplicatas_a _ Re ceber Vd PMRV = 300 10 PMRV = 30 dias Deste modo a fórmula final do Prazo Médio de Recebimento de Vendas fica 11 PMRV = Duplicatas _ a _ Re ceber × 360 Vendas 4.2 PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE COMPRAS Tudo o que foi explanado quanto ao Prazo Médio de Recebimento de Vendas pode ser aplicado ao Prazo Médio de Pagamento de Compras, considerando que, antes o referencial era os direitos a receber e agora se trata das obrigações a pagar. Assim tem-se como fórmula do Prazo Médio do Pagamento de Compras: PMPC = F x360 C Onde: F = Saldo de Fornecedores no Balanço C = Compras 4.3 PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DE ESTOQUES A fórmula do Prazo Médio de Renovação de Estoques que define quanto tempo a mercadoria permanece no estoque até ser vendida é encontrada pela expressão: PMRE = E x360 CMV 4.4 INTER-RELAÇÃO DOS ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS Os índices de prazos médios apresentam pouca utilidade prática quando analisados separadamente. O Prazo Médio de Renovação de Estoques - PMRE – representa, na empresa comercial, o tempo médio de estocagem de mercadorias 12 O Prazo Médio de Recebimento de Vendas – PMRV – expressa o tempo decorrido entre a venda e o recebimento. A soma dos prazos, PMRE + PMRV, representam o que se chama Ciclo Operacional, ou seja, o tempo decorrido entre a compra e o recebimento da venda da mercadoria. Observe o gráfico: Figura 4 – Representação Gráfica do Ciclo Operacional Ciclo Operacional Compra PMRE Venda PMRV Recebimento Fonte: MATARAZZO (1995, p.325) O Ciclo Operacional mostra o prazo de investimento. Paralelamente ao Ciclo Operacional ocorre o financiamento concedido pelos fornecedores, a partir do momento da compras. Até o momento do pagamento aos fornecedores, a empresa não precisa preocupar-se com o financiamento o qual é automático. Se o Prazo Médio de Pagamento de Compras for superior ao Prazo Médio de Renovação de Estoques, conclui-se que os fornecedores financiarão também uma parte das vendas da empresa. O intervalo de tempo existente entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe as vedas (recebimento do cliente) é o período em que a empresa precisa captar financiamento. A este intervalo de tempo dá-se o nome de Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro. Neste caso os fornecedores financiam totalmente os estoques e uma parte das vendas: 13 Figura 4.1 – Representação do Ciclo de Caixa: Financiamento de Terceiros Ciclo Operacional Pagamento Compra Venda PMRE PMRV PMPC Recebimento Ciclo de Caixa Fonte: MATARAZZO (1995, p.325) Agora se vê que os fornecedores financiam apenas parte do estoque: Figura 4.2 – Representação Gráfica do Ciclo de Caixa – Financiamento Parcial do Estoque Ciclo Operacional Venda Compra PMRE Pagamento PMPC PMRV Recebimento Ciclo de Caixa Fonte: MATARAZZO (1995, p.325) Neste caso observa-se que a empresa deve obter financiamentos para suas vendas e ainda para uma parte do tempo em que a mercadoria permanece em estoque. Quanto maior o ciclo financeiro, pior será para empresas, uma vez que, esta situação representa um maior tempo de utilização de financiamento e, portanto, maior custo. Exemplo Numérico 14 Quadro 4 – Exemplificação de Prazos Médios e Ciclos Operacional e Financeiro Indicadores 19x1 19x2 19x3 PMRE 74 114 112 PMRV 63 67 70 PRPC 85 83 73 Ciclo Operacional 137 181 172 Ciclo Financeiro 52 98 109 Fonte: MATARAZZO (1995, p.326) Suponha que os índices do setor fossem os seguintes: Quadro 4.1 – Exemplificação de Prazos Médios e Ciclos Operacional e Financeiro Setoriais 19x1 19x2 19x3 PMRE 66 67 70 PMRV 75 79 77 PRPC 69 76 78 Ciclo Operacional 141 146 147 Ciclo Financeiro 72 70 69 Fonte: MATARAZZO (1995, p.327) Análise A empresa apresenta , em 19x1, um ciclo de caixa bem inferior ao padrão do setor: a empresa necessitava tomar financiamentos para o giro por um prazo de 20 dias aquém do setor. Isto se deve especialmente devido ao maior prazo obtido de seus fornecedores em relação à média do ramo, bem como ao menor ciclo operacional. Em 19x3 a empresa não conseguiu manter o prazo de fornecedores acima da média setorial e o seu ciclo operacional cresceu demasiadamente em virtude do 15 excessivo Prazo Médio de Renovação de Estoques de 74 dias, em 19x1, para 112 dias, em 19x3. Como o Prazo Médio de Renovação de Estoque depende mais da própria administração do que do mercado, consta-se o uma situação de descontrole da empresa em relação aos seus estoques. Deste modo. o ciclo de caixa em 19x3 passou para 40 dias acima da mediana do setor e 57 dias acima daquele de 19x1. 4.5 CÁCULO PRECISO DE PRAZOS MÉDIOS A precisão dos índices de prazos médios está diretamente relacionada à uniformidade das vendas e compras. Se a empresa tem vendas e compras aproximadamente uniformes durante o ano, os índices de prazos médios calculados a partir dos saldos iniciais e finais como podem ser encontrados nos Balanços e nas Demonstrações de Resultado retratarão a realidade. Mas, se as vendas ou compras flutuarem, ou seja, tiveram altos e baixos ou concentração em determinadas épocas do ano, os índices de prazos médios poderão estar completamente distorcidos, levando a decisões equivocadas as pessoas que os estão analisando. Deste modo considere uma empresa que tenha vendas anuais de $ 72.000, das quais $ 36.000 efetuadas no mês de dezembro e $ 8.000 no mês de novembro. O seu prazo de faturamento é de 60 dias. Assim, ao fechar o balanço em 31.12.x2, apresentará na conta Duplicatas a Receber o valor de $ 44.000 correspondentes às vendas de novembro e dezembro, já que, trabalhando como prazo de 60 dias, nada recebeu desses dois meses e terá recebido totalmente as vendas de outubro. Segundo estas informações obtêm-se o seguinte Prazo Médio de Recebimento de Vendas PMRV = DR 44.000 x360 = = 220 dias Vendas 72.000 16 Assim chega-se à conclusão de que a sazonalidade deve ser considerada para que se obtenha índices de prazos médios suficientemente confiáveis a fim de que possa tomar decisões. Vendendo $ 72.000 durante o ano, calculam-se vendas médias diárias de $ 200. Se a empresa tem $ 44.000 de vendas a receber, então tem acumulado vendas de 220 dias. O que não é verdade segundo o exemplo apresentado. Diante dessa considerável distorção, é necessário tomar bastante cuidado com o cálculo dos índices de prazos médios, que só devem ser calculados com base em saldos iniciais e finais quando se tem certeza que a atividade empresarial apresenta certa regularidade. Diante do exposto apresenta-se como melhor opção para cálculo dos prazos médios o saldo final das contas: estoque, vendas e duplicatas a receber conforme o caso. O cálculo dos prazos médios partindo dos saldos médios: Saldo _ Final _ de _ X1 + Saldo _ Final _ de _ X2 traz certas desvantagens 2 em relação ao cálculo utilizando saldos finais Tomando o saldo final é permitido conhecer quais os prazo de recebimentos, renovação de estoques e pagamentos nas datas dos balanços ou relatórios que estão sendo analisados. O saldo médio impossibilita conhecer os prazos efetivamente praticado , mas sim uma média entre o saldo inicial e o saldo final. Esta média por sua vez não permite tomar conclusões fidedignas a respeito da política de prazos praticados pela empresa. Se uma empresa, por exemplo, opera há alguns anos com prazo de recebimento de 30 dias, e em determinado ano passou a operar com 120 dias, é interessante analisar os efeitos dessa decisão em termo de investimentos e financiamentos. Pouco interessa calcular o prazo médio entre 30 e 120, ou seja, 75 dias, pois como nuca existiu, não tem nenhum significado. Os índices de prazos de recebimento, renovação de estoques e pagamentos são sempre denominados prazos médios porque os saldo de Duplicatas a Receber, 17 Estoque e Fornecedores resultam efetivamente de médias. Considere que o saldo de Duplicatas a Receber resulta das vendas a vista e das vendas faturadas a 30, 60 e 90 dias etc. Na verdade, a empresa adota simultaneamente vários prazos. O prazo calculado como base no saldo de balanço representa uma média desse diversos prazos. MATARAZZO (1998, p. 331) esgota o assunto argumentando que a utilização de saldos finais e não dos saldos médios, melhora a análise dos prazos médios que deve ser feita, sempre que possível, com o uso conjunto dos três prazos (recebimentos, renovação de estoques e pagamentos), como o cálculo do ciclo financeiro e da necessidade de investimento em giro. Nada disso poderá ser feito a não ser com os saldos finais do balanço. As explanações apresentadas até agora focaram quase na sua totalidade aquelas pessoas que não possuem os dados gerados no cotidiano da empresa, mas sim aquelas que possuem apenas o Balanço e as Demonstrações de Resultados de anos consecutivos. Sabe-se que a informação mais precisa é aquela gerada com maior quantidade de dados, por isso, quando se está dentro da empresa é salutar que se utilize de outras metodologias a fim de que possa obter informações de melhor qualidade, uma vez que se detém maior quantidade de dados. Considere uma empresa que tem Duplicatas a receber de $ 44.000. Suas vendas mensais no último semestre foram: Dezembro $ 36.000,00 Novembro $ 8.000,00 Outubro $ 2.000,00 Setembro $ 2.000,00 Agosto $ 1.500,00 Julho $ 1.500,00 O prazo médio de recebimento poder ser assim calculado: 18 Quadro 4.2 – Metodologia de Calculo do PMRV 60 dias Mês Vendas Saldo de Duplicatas a Prazo Receber menos Vendas do Prazo Acumulado Mês - - 44.000 - - 8.000 30 30 Dezembro 36.000 Novembro 8.000 0 30 60 Outubro 2.000 - - - Fonte: MATARAZZO (1995, p.332) 44.000 = Saldo de Duplicata a receber do último semestre 8.000 = 4.000 - 36.000 0 = 8.000 - 8.000 Esta metodologia é bastante simples, basta subtrair das Duplicas a Receber as Vendas do último mês. Se as duplicatas forem maiores que as vendas do último mês, significa dizer que a empresa tem acumulado vendas superiores ao último mês, 30 dias, e que, portanto, opera como de recebimento superior a 30 dias. Do saldo restante retiram-se as vendas do segundo mês precedente. Se o saldo for maior que estas vendas, então a empresa opera com prazo superior a 60 dias, visto que teria vendas acumuladas superiores aos últimos 60 dias de vendas. Se o saldo for inferior às vendas desse segundo mês, calcula-se quanto por cento desta vendas representa o saldo. Se o resultado for 50%, por exemplo, o saldo refere-se às vendas de mais de 15 dias, além dos 30 já computados. Para encontrar o Prazo Médio de Pagamento de Compras basta aplicar a mesma metodologia com relação às compras. Quanto ao Prazo Médio de Renovação de Estoque basta seguir o mesmo raciocínio aplicado aos Prazos Médio de Recebimento de Vendas e Pagamento de Compras, levando em consideração que a metodologia aplicar-se-á às operações futuras. Enquanto os prazos de recebimento e de pagamento 19 decorrem de vendas e compras efetuadas, o prazo de renovação de estoque decorre de vendas (a preço de custo) que a empresa irá realizar. 4.5.1 Cálculo dos Prazos Médios pelo Método de Exaustão Observe o exemplo elaborado por MATARAZZO (1998, p.333-5) como segue: Posição em 31.12.T0 Duplicatas a receber Fornecedores Estoques $ 12.428,00 $ 9.160,00 $ 7.900,00 Quadro 4.3 – Demonstrativo de Vendas, Compras e Custos Exercício TO Jan Fev Mar Abr 2.867 3.480 3.109 3.928 3.814 4.120 - - - - Compras 2.780 2.460 2.810 2.918 3.790 3.315 - - - - Vendas CMV Jul - Ago - Fonte: MATARAZZO (1995, p.333) Set T1 - Out - Nov - Dez - 2.420 1.980 2.630 3.200 20 4.5.1.1Cálculos do Prazo Médio de Recebimento de Vendas Quardo 4.4 – Metodologia para Cálculo do PMRV Mês Vendas Saldo de Duplicatas a Prazo Receber menos Vendas do Prazo Acumulado Mês - - 12.428 - - Dezembro 4.120 8.308 30 30 Novembro 3.814 4.494 30 60 Outubro 3.928 566 30 90 Setembro 3.109 5* 95 0 * Obtido da seguinte forma: 8.308 = 12.428 - 4.120 4.494 = 8.308 - 33.814 566 = 4.494 - 3.928 5 dias = 566 x30 dias 3.109 30+30-30+5 = 95 dias, ou seja, a empresa leva em média 95 dias para receber os direitos resultantes das vendas.a prazo. Fonte: MATARAZZO (1995, p.334) 21 4.5.1.2 Cálculo do Prazo Médio de Pagamento de Compras Quadro 4.5 – Metodologia para Cálculo do PMPC Mês Vendas Saldo de Fornecedores Prazo menos Compras do Mês - - Prazo Acumulado 9.160 - - Dezembro 3.315 5.845 30 30 Novembro 3.790 2.055 30 60 Outubro 2.918 21* 81 0 * Obtido da seguinte forma: 5.845 = 9.160 - 3.315 2.055 = 5.845 - 3.790 21 dias = 2.055 x30 dias 2.918 30+30+21 = 81 dias, ou seja, a empresa compra mercadorias a prazo, com um prazo médio para pagamento de 81 dias. Fonte: MATARAZZO (1995, p.334) 22 4.5.1.3 Cálculo do Prazo Médio de Renovação de Estoques Quadro 4.6 – Metodologia para Cálculo do PMRE Mês Vendas Saldo de Duplicatas a Prazo Prazo Receber menos Vendas do Acumulado Mês - - 7.900 - - Janeiro 2.420 5.480 30 30 Fevereiro 1.980 3.500 30 60 Março 2.630 870 30 90 Abril 3.200 0 8* 98 * Obtido da seguinte forma: 5.480 = 7.900 - 2.420 3.500 = 5.480 - 1.980 8 dias = 870 x30 dias 3.200 30+30+30+8 = 98 dias, ou seja, a empresa precisa renovar seus estoques em média a cada 98 dias após a compra. Fonte: MATARAZZO (1995, p.334) 23 5 NECESSIDADE DE INVESTIMENTO EM GIRO Para melhor entender, calcular e interpretar a necessidade de investimento em giro é preciso que seja feita uma divisão dos ativos e passivos em cíclicos (operacionais) ou não cíclicos (financeiros ou erráticos). Para NETO e SILVA, (1995 p. 54-5) “o ativo circulante de natureza errática, é formado sem apresentar necessariamente um vínculo direto com o ciclo operacional da empresa. Não denota, por conseguinte, qualquer comportamento preestabelecido, variando mais estreitamente em função da conjuntura e do risco de maior e menor liquidez que a empresa deseja assumir. O ativo circulante operacional é composto de valores que mantêm estreita relação com a atividade operacional da empresa. Estes elementos são diretamente influenciados pelo volume de negócios (produção e vendas) e características das fases do ciclo operacional (condições de recebimento das vendas e dos pagamentos a fornecedores, prazo de estocagem etc.). Pelas características básicas enunciadas os ativos circulantes operacionais devem manter coerência como o ciclo operacional da empresa, de forma que o volume dos investimentos nestes itens seja representativo de suas necessidades em capital em giro. O investimento fixo (ativo permanente) inclui os direitos a receber da empresa a longo prazo e o ativo permanente propriamente dito. São valores inscritos tipicamente como de longo prazo (não circulantes). O passivo circulante financeiro inclui as dívidas da empresa junto a instituições financeiras e outras obrigações que também não apresentam nenhuma vinculação direta com sua atividade operacional. Alterações que venham a ocorrer no volume de atividade ou nas fases operacionais não repercutem diretamente sobre o passivo financeiro, refletindo, estas variações basicamente sobre os elementos cíclicos (ativos e passivos). 24 O passivo circulante operacional representa as obrigações de curto prazo identificadas diretamente como o ciclo operacional da empresa. As características de formação dessas contas são similares as do ativo circulante operacional definido anteriormente, representando as dívidas de funcionamento (operacionais) da empresa. O passivo permanente compõe-se das fontes de financiamento a longo prazo próprias (patrimônio líquido) e de terceiros (exigibilidades), cuja importância no equilíbrio financeiro de uma empresa é financiar necessidades permanentes de recursos”. A necessidade de investimento em giro é obtida subtraindo-se os passivos operacionais dos ativos operacionais. Logo: NIG = ACO - PCO Onde: NIG = Necessidade de Investimento em Giro ACO = Ativo Circulante Operacional PCO = Passivo Circulante Operacional NETO e SILVA (1995, p. 55) “quando a atividade operacional da empresa criar um fluxo de saídas de caixa mais rápido que o da entrada (os pagamentos dos fatores de produção ocorrerem e antes do recebimento das vendas, por exemplo), identifica-se claramente uma necessidade permanente de investimento em seu giro”. Dentro desse raciocínio observa-se que quanto mais a empresa utilizar-se de passivos operacionais para financiar sua necessidade de investimento em giro melhor, tendo em vista que a empresa pouparia seus recursos próprios para beneficiar-se dos investimentos realizados por capitais de terceiros. Como exemplo pode-se citar uma empresa que adquire mercadorias para pagar em 45 25 dias, cuja venda e recebimento dessas mercadorias ocorrem em 30 dias, direcionando desta forma os recursos levantados para fora do âmbito circulante. Outra definição interessante sobre a qualificação dos ativos e passivos operacionais é apresentada por NETO e SILVA (1995, p. 61), determinando que as duplicatas a receber, as provisões para devedores duvidosos, adiantamentos a fornecedores e outros valores circulantes como sendo componentes do ativo operacional. O passivo operacional é composto de maneira geral pelos fornecedores, encargos sociais e fiscais, adiantamentos de clientes dividendos propostos e outros valores circulantes. Para melhor exemplificar o que está sendo exposto observe o exemplo seguinte. 26 Quadro 5 – Balanço Patrimonial para Cálculo de Índices Financeiros Ativo $ Passivo $ Aplicações Financeiras 50.000 Empréstimos Bancários 60.000 Ativo Circulante 80.000 Duplicatas Descontadas 40.000 Financeiro Duplicatas a Receber 140.000 Passivo Circulante 100.000 Financeiro (-) Provisão p/ Devedores Adiantamentos a (5.000) Fornecedores 90.000 6.000 Encargos Sociais e Fiscais 20.000 104.000 Adiantamentos de Clientes 10.000 Fornecedores Estoques Despesas Antecipadas Outros Valores Circulantes Ativo Circulante Operacional 7.000 Dividendos Propostos 8.000 45.000 Outros Valores Circulantes 297.000 Passivo Circulante 32.000 160.000 Operacional Ativo Circulante 377.000 Passivo Circulante 260.000 Realizável a Longo Prazo 123.000 Exigível a Longo Prazo 340.000 Ativo Permanente 500.000 Patrimônio Líquido 400.000 Total do Ativo 1.000.000 Total do Passivo 1.000.000 Obs.: A conta duplicatas descontadas, normalmente aprece nos balanços como conta retificadora no Ativo Circulante, mas, para fins de análise e mais bem considerada como um passivo financeiro ou um passivo circulante oneroso da empresa, juntamente com os empréstimos bancários. Fonte: NETO E SILVO (1995, p. 61) 27 A partir da estrutura patrimonial apresentada tem-se: Quadro 5.1 – Diagrama para Análise de Índices Financeiros Ativo Circulante $ 377.000 = Ativo Circulante Operacional Ativo Circulante + Financeiro $ 297.000 $ 80.000 - - - Passivo Circulante Passivo Circulante Passivo Circulante $ 260.000 = = CCL $ 117.000 = Operacional + Financeiro $ 160.000 $ 100.000 = = NIG $ 137.000 + SD ($ 20.000) Fonte: NETO E SILVA (1995, p. 61) CCL = $ 117.000,00, a empresa apresenta uma folga financeira, ou seja, parte do ativo circulante está sendo financiado por recursos de longo prazo. NIG = $ 137.000,00, esse indicador estabelece que, apesar da empresa possuir um CCL positivo, o montante não é suficiente para suprir a necessidade de investimento em giro, ou seja, cobrir aqueles recursos cuja volatilidade depende da atividade operacional da empresa, produção e vendas. Saldo Disponível = $ (20.000,00). Denota que a empresa está operando além de suas capacidades. Este indicador demonstra que a empresa está financiando com recursos de curto prazo, operacionais, os recursos de longo prazo, financeiro, mostrando-se dependente de recursos financeiros para renovação das dívidas de curto prazo para dívidas de longo prazo. O exemplo em questão mostrou a figura do Saldo Disponível que pode ser definido pelas expressões: 28 SD = ACF – PCF SD = CCL – NIG SD = PP - NTFP Onde: SD = Saldo Disponível ACF = Ativo Circulante Financeiro PCF = Passivo Circulante Financeiro PP = Passivo Permanente NTFP = Necessidade total de Financiamento Permanente A necessidade total de financiamento permanente é encontrada pela expressão: NTFP = AP + NIG Onde: AP = Ativo Permanente 5.1 CÁLCULO DA NECESSIDADE DE INVESTIMENTO EM GIRO A PARTIR DO CICLO DE CAIXA Conforme já exposto o ciclo de caixa é compreende aquele período em que a empresa não utiliza recursos de terceiros, fornecedores, para financiar sua atividade. Para ser mais claro, é o período que decorre deste o pagamento de fornecedores até o recebimento das vendas. Para MATARAZZO (1998, p. 348-49), existe uma relação entre o ciclo de caixa e o financiamento do investimento em giro. O montante desse financiamento é conhecido como necessidade de capital (investimento) em giro, cuja expressão é: NIG = CC x Vd + A Onde: NIG = Necessidade de Investimento em Giro: reflete o montante de que a empresa necessita tomar para financiar o seu ativo circulante em decorrência das 29 atividades de comprar e vender. CC = Ciclo de Caixa: PMRE + PMRV – PMPC Vd = Vendas diárias: Vendas anuais/360 A = Ajustes: é o resultado de outros ativos circulantes operacionais menos outros passivos circulantes operacionais que surgem doas operações e cujo saldo em geral de pequeno montante, será um ajuste (acréscimo ou decréscimo) da NIG. Para uma análise mais precisa do Investimento em Giro é necessário efetuar acertos nos valores de PMRE e PMPC, pois o montante da NIG deverá bater rigorosamente com aquele decorrente do balanço patrimonial. A justificativa desses acertos dá-se, pelo fato que o PMRE e o PMPC baseiam-se nos preços de custos de produtos e de venda respectivamente. Desse modo os índices deverão ser calculados a uma base comum e adequada, a qual convencionou-se que sejam as vendas. Tendo em vista essas considerações, as fórmulas para encontrar o PMRE e o PMPC equivalentes às vendas serão: 5.1.1 Prazo Médio de Renovação de Estoque Equivalente PMREeq = CMV Estoques x 360 x Vendas CMV Ou simplificando: PMREeq = Estoques x360 Vendas 5.1.2 Prazo Médio de Pagamento de Compras Equivalente PMPCeq = Compras Fornecedores × 360 x Vendas Compras 30 Ou simplificando: PMPCeq = Fornecedor es x360 Vendas 5.1.3 Ciclo de Caixa Equivalente CCeq = PMREeq + PMRVeq - PMPCeq 5.1.4 Necessidade de Investimento em Giro Equivalente NIG = CCeq x Vd + A Figura 5.2 – Desdobramento da Necessidade de Investimento em Giro Fonte: MATARAZZO (1985, p. 355) 31 5.1.5 Reflexo Monetário do Ciclo de Caixa Equivalente e sua Análise Dados de acordo com o exemplo de MATARAZZO (1998, p.355) 19x1 CMV/V = 3.621.530 ÷ 5.960.227 = 60,76% C/V = 3.001.587 ÷ 5.960.227 = 50,36 V/360 = 5.960 .227 ÷ 360 = 16.557 A = (275.623) 19x2 CMV/V = 3.273.530 ÷ 6.043.114 = 54,17% C/V = 2.766.402 ÷ 6.043.114 = 45,78% V/360 = 6.043 .114 ÷ 360 = 16.787 A = (289.698) 19x3 CMV/V = 4.218.671 ÷ 7.820.143 = 53,95% C/V = 3.387.266 ÷ 7.820.266 = 43,31% V/360 = 7.820 .143 ÷ 360 = 21.723 A = (433.743) NIG = CCeq x Vd + A CCeq = PMRV +PMREeq – PMPCeq 19x1 CCeq = 63 + 60,76% x 74 – 50,36% x 85 CCeq = 65,731 dias NIG = 65,731 x 16.557 – 275.623 NIG = 812.687 32 19x2 CCeq = 67 + 54,17% x 114 – 45,78% x 83 Cceq = 90,718 dias NIG = 90,718 x 16.787 – 289.698 NIG = 1.233.184 19x3 Cceq = 70 + 53,95% x 112 – 43,31% x 73 Cceq = 99,332 dias NIG = 99,332 x 21.723 – 433.743 NIG = 172.041 33 Análise sobre as causas das variações da NIG Figura 5.3 Causas das Variações da NIG PMRV Ex X1 X2 VL 63 67 X3 70 AH 100 106 111 %CMV/V Mais Cceq PMREeq Ex X1 X2 X3 Ex X1 X2 X3 VL 65 91 99 VL 45 62 60 AH 100 138 150 AH 100 138 133 Ex X1 X2 VL 61 54 X3 54 AH 100 88 88 Vezes PMRE Ex X1 X2 X3 VL 74 114 112 AH 100 154 151 Ex X1 X2 X3 VL 50 46 43 AH 100 92 86 Ex X1 X2 VL 85 83 73 AH 800 96 86 Menos %C/V NIG Ex X1 X2 X3 VL 812 1233 1724 AH 100 152 Vezes PMPCeq 212 Ex X1 X2 X3 VL 42 38 31 AH 100 90 74 Vezes PMPC X3 Vendas Realizadas Vd Ex X1 X2 X3 Simbologia Ex X1 X2 X3 VL 5960 6043 7820 Ex: Exercício VL 16,6 16,8 21,7 AH 100 AH 100 101 131 101 131 VL: Valor AH: Análise Horizontal Dividido CMV/V: Custo de Mercadorias sobre Vendas Menos C/V: Compras sobre Vendas A 360 PMRE: Prazo Médio de Renovação de Estoques Ex X1 X2 X3 PMPC: Prazo Médio de Pagamento de Compras VL 276 290 434 PMRV: Prazo Médio de Recebimento de Vendas AH 100 105 157 CCeq: Ciclo de Caixa Equivalente A: Ajustes Fonte: MATARAZZO (1995, p. 357) A Necessidade de Capital de Giro da empresa cresceu 112% nos três últimos anos. Ocorre que, esse crescimento não foi conseqüência somente do crescimento das vendas, mas principalmente à administração de seus prazos de pagamento e recebimento. O Ciclo de Caixa Equivalente cresceu 50% demonstrando que o intervalo de tempo existente entre a compra, pagamento, venda e recebimento dos produtos aumentou. A principal causa do aumento do Ciclo de Caixa Equivalente deu-se em virtude do PMRE que alcançou a marca de 51% de crescimento. O principal fator que contribuiu para que o PMRE não fosse maior, foi a sensível diminuição do custo dos produtos vendidos, cujo percentual de queda foi de 33%. 34 Um outro fator relevante que contribuiu para o aumento do Ciclo de Caixa Equivalente foi a diminuição do PMPCeq, conseqüência da queda do percentual das compras em relação às vendas, fazendo com que a empresa perdesse parte do financiamento com que contava em 19x1. Comentários sobre o Financiamento da NIG Figura 5.4 – Esquema de Financiamento da NIG CCL Ex X1 X2 X3 VL 1071 1407 1668 CCP Ex X1 VL 305 X2 AH 100 131 156 Ex X1 VL 766 1714 2720 AH 100 224 X3 (309) (1062) MENOS AH CCL X2 AV Ex X1 VL 619 863 976 38 (25) AP (61) X3 MAIS AH 100 139 158 AV 76 70 X1 X2 X3 VL 812 1233 1724 AH 100 152 212 AV 100 100 100 ELP 57 NIG Ex X2 Ex X1 X2 X3 VL 314 1171 2028 AH 100 372 645 AV 38 95 118 MAIS PCF X2 Simbologia Ex X1 X3 VL 357 477 835 Ex: Exercício VL: Valor AH 100 134 234 AH: Análise Horizontal AV AV: Análise Vertical 44 39 48 PL: Patrimônio Líquido MENOS AP: Ativo Permanente CCL: Capital Circulante Próprio ACF ELP: Exogível a Longo Prazo Ex X1 X2 X3 PCF: Passivo Circulante Financeiro VL 164 107 87 ACF: Ativo Circulante Financeiro AH 100 65 53 AV (20) (9) (5) Fonte: MATARAZZO (1995, p. 358) A Necessidade de Investimento em Giro teve uma evolução de 112% no período em análise. A principal fonte de financiamento do giro foi o uso do Passivo Circulante Financeiro que cresceu 134% aumentando dessa forma sua participação no financiamento da Necessidade de Investimento em Giro de 44% para 48%. Isso ocorreu apesar do elevado crescimento do Exigível a Longo Prazo, 545%, cujos recursos foram utilizados para financiar a também elevada expansão das imobilizações que chegaram a 255%. É importante destacar que o X3 355 35 Capital Circulante Próprio, que em 19x1 cobria apenas 38% da Necessidade de Investimento em Giro, passou para a taxa negativa de 61%. Percebe-se pelos dados que, o Passivo Exigível a Longo Prazo foi duplamente requisitado: para cobrir a elevada expansão do Ativo Permanente e para manter a participação do Capital Circulante Líquido no financiamento do Giro. Vê-se também que o custo para investimento em imobilizado e baixa variação da Necessidade de Investimento em Giro foi uma evolução em nível extremamente elevado do grau de endividamento. 36 6 EFEITO TESOURA (OVERTRADE) SILVA (1996, p. 364) explica: “A palavra overtrade significa o ato de “fazer negócios superiores aos recursos financeiros”. Do ponto d de vista financeiro, overtrade indica que uma empresa vem efetuando grande volume de negócios, sem dispor de recursos adequados e suficientes para financiar suas necessidades de capital de giro.” O Efeito Tesoura ou Overtrade é um fenômeno que ocorre quando a atividade operacional da empresa cresce além da sua capacidade de financiamento. Por esse motivo faz-se necessário acompanhar de maneira precisa a evolução do Capital Circulante Líquido e da Necessidade de Investimento em Giro a fim de manter um ambiente de saúde financeira da empresa. A expressão efeito tesoura, (Braga apud Fleuriet), corresponde à representação gráfica da evolução das vendas, da Necessidade de Investimento em Giro, do Capital Circulante Liquido e do Saldo Disponível em situações de financiamento da atividade operacional por créditos de curto prazo não renováveis automaticamente, como por exemplo as operações de financiamento que fazem parte do passivo circulante oneroso. O crescimento da atividade operacional da empresa gera, e isso é uma conseqüência natural, um aumento no nível de estoques, duplicatas a receber e duplicatas a pagar. A grande preocupação nesta situação está no fato de que, se os prazos médios de estocagem, de duplicatas a receber e de pagamento a fornecedores não se adequarem a esse novo cenário, haverá um crescimento da Necessidade de Investimento em Giro superior ao crescimento do Capital Circulante Liquido autofinanciamento. por insuficiência de recursos provenientes do 37 A figura a seguir demonstra que o Efeito Tesoura configura-se no momento em que a Necessidade de Investimento em Giro ultrapassa o Capital Circulante Liquido. Figura 6 – Demonstração do Efeito Tesoura em T0 NIG CCL Fonte: BRAGA (1991, p.16) O crescimento da Necessidade de Investimento em Giro em proporções maiores a do Capital Circulante Líquido durante anos consecutivos representa a gene de um Saldo Disponível Negativo o qual corresponde ao nível de crescimento suportando pela empresa à luz do conceito de crescimento auto-sustentado. Vale lembrar que, a crescente evolução do Saldo Disponível negativo representa a incapacidade que a empresa tem de financiar adequadamente seus investimentos operacionais em giro, operando com recursos de maturidade incompatível com suas reais necessidades financeiras. Além do crescimento elevado do nível de atividade empresarial, apresentam-se também como conseqüência do Efeito Tesoura, as transferências de recursos do giro para imobilizações bem como os efeitos decorrentes da inflação. Para melhor esclarecimento basta considerar o movimento dos últimos cinco exercícios de uma empresa (NETO 2000, p. 201) cuja estrutura financeira será demonstrada a seguir: 38 Quadro 6.1 – Demonstrativo de Evolução das Vendas, NIG, CCL e SD Vendas 19x1 19x2 19x3 19x4 19x5 $ 7.000 $ 8.400 $ 11.760 $ 20.580 $ 41.160 - 20% 40% 75% 100% $ 2.800 $ 3.360 $ 5.880 $ 11.760 $ 25.872 - 20% 75% 100% 120% $ 3.500 $ 4.200 $ 5.880 $ 10.584 $ 20.533 - 20% 40% 80% 94% $ 700 $ 840 - ($ 1.176) ($ 5.339) Evolução NIG Evolução CCL Evolução SD Fonte: NETO (2000, p. 201) Considerações: 19x2 – A saúde financeira da empresa não foi afetada pelo aumento de 20% das vendas. A empresa conseguiu financiar-se mediante recursos de longo prazo, mantendo deste modo uma estabilidade do Capital Circulante Liquido. O Saldo Disponível Positivo compensa as necessidades crescentes de investimento em giro. A saúde financeira da empresa é mantida pela manutenção de uma Capital Circulante Líquido superior à Necessidade de Investimento em Giro; 19x3 – A empresa chega ao seu limite de crescimento da atividade operacional reduzindo deste modo do Saldo Disponível a zero. Observa-se que o crescimento da Necessidade de Investimento em Giro foi proporcionalmente maior em relação ao Capital Circulante Liquido, 75% e 40% respectivamente; 19x4 e 19x5 – A situação financeira da empresa é plenamente insatisfatória, considerando que , esse tipo de estrutura demonstra que a empresa financia suas necessidades de investimento em giro com recursos financeiros de curto prazo, assumindo um maior risco, uma vez que a continuidade de seus negócios depende da manutenção dessas dívidas. Observa-se também que a estrutura financeira dos dois últimos anos revela as principais características do Efeito Tesoura: Necessidade de Investimento em Giro menor que o Capital Circulante Líquido e Saldo Disponível Negativo. 39 Figura 6.2 – Gráfico da Evolução do CCL e da NIG e Efeito Tesoura Evolução do CCL e da NIG - Efeito Tesoura 22.500,00 NIG 17.500,00 CCL 12.500,00 7.500,00 2.500,00 19x1 19x2 19x3 19x4 19x5 Figura 6.3 – Demonstração Gráfica da Evolução das Vendas, CCL , NIG e SD Observando os dado até aqui apresentados percebe-se quão importante é a 41.160,00 27.440,00 13.720,00 19x1 19x2 19x3 19x4 19x5 NIG SD (13.720,00) Vendas CCL 40 Administração do Capital de Giro a fim de se precaver de efeitos tão danosos à atividade empresarial como é o caso do Efeito Tesoura, ocorre entretanto que este fenômeno está implícito, ou seja, está escondido no meio de boas notícias. Observando o exemplo precedente percebe-se que no decorrer dos cinco exercícios que o volume das vendas aumentaram, o que num primeiro momento soa com música nos ouvidos de empresários e gestores. Perceber-se também que o Capital Circulante Líquido evoluiu no decorrer dos anos, confirmando que os recursos ativos a curto prazo são proporcionalmente maiores que os passivos, que as obrigações a curto prazo. Por mais que essas situações de aumento de vendas e de capital circulante líquido possam parecer satisfatórias, chama-se à atenção para seguinte entendimento; a análise da real situação financeira de uma empresa torna-se mais eficiente quando se faz a divisão dos ativos e passivos circulantes em operacionais e financeiros, o que permitirá conhecer qual a necessidade de investimento em giro, confirmando deste modo que, indicadores de evolução das vendas e do capital circulante líquido não se constituem suficientes capazes de atestar a saúde financeira de uma entidade. 41 7 CONCLUSÃO Verificou-se neste trabalho que a administração do Capital de Giro consiste na maneira pela qual os recursos empresariais são administrados, a fim de obter o máximo de resultado das operações realizadas pelo empreendimento. Dentro deste contexto, observou-se que uma administração eficiente do Capital de Giro, abrange o ativo e o passivo circulante da empresa com intuito de manter uma margem razoável de segurança através da quantificação ideal do nível de estoque, de diretos a receber, do nível de caixa bem como da estrutura dos passivos correntes, conforme pôde ser observado nas páginas 4 e 5, no último e no primeiro parágrafo respectivamente. A quantificação do nível ideal de estoque, de direitos a receber, do nível de caixa e da estrutura dos passivos correntes, exige um controle eficiente e eficaz das operações de compra, venda, recebimento e pagamento. O somatório dos dias que compõe o prazo médio de Renovação de Estoques e de Recebimento de Vendas é o que constitui o Ciclo Operacional, conforme comentado no segundo e terceiro parágrafos da página 12. Viu-se também que o cálculo dos prazos médios de recebimento de vendas, pagamento de compras e renovação de estoques demonstrados nas páginas 9 a 11, apesar de serem simples merecem uma atenção especial quanto a natureza dos dados que serão utilizados para sua mensuração conforme se verifica no terceiro parágrafo da página 15. Notou-se também neste trabalho que os índices de prazos médios podem ser calculados não somente por fórmulas matemáticas também por meio de metodologias simples, como o método de exaustão utilizado para cálculo de prazos médios, o qual é apresentado nas páginas de número 20 a 23, juntamente com interpretação dos índices de prazos médios. O presente trabalho conduz ao entendimento de que a Administração do Capital de Giro, constitui uma medida preventiva do Efeito Tesoura, cuja explanação encontra-se no capítulo 6 página 36. 42 O Efeito Tesoura provém do crescimento proporcionalmente maior da Necessidade de Investimento em Giro em relação ao Capital Circulante Líquido, conforme disposto no segundo parágrafo da página 37. O crescimento da atividade operacional, gera um aumento no nível de estoques, duplicatas a receber e fornecedores a pagar, que por sua vez modificam os índices de prazos médio. Constata-se que a incompatibilidade dos prazos médios favorecem o crescimento da Necessidade de Investimento em Giro em proporções superiores em relação ao Capital Circulante Líquido, o que constitui a gene do Efeito Tesoura, assim como fora apresentado no último parágrafo da página 36. O resultado negativo da diferença entre o Capital Circulante Líquido e a Necessidade de Investimento em Giro culmina em um Saldo Disponível Negativo, configurando deste modo uma das causas do Efeito Tesoura. Há existência dessas características representam a incapacidade que a empresa tem de financiar adequadamente seus investimentos operacionais em giro, como pode ser visto no segundo parágrafo da página 37. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAGA, Roberto CADERNO DE ESTUDOS Nº 3 - ANÁLISE AVANÇADA DO CAPITAL DE GIRO. São Paulo: FIPECAFI, 1991 GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1987 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas 1998 MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: Abordagem Básica e Gerencial. São Paulo: Atlas 1998 NETO, Alexandre Assaf. Estrutura e Análise de Balanços: Um Enfoque Econômico-Financeiro: Comércio e Serviços, Indústrias, Bancos Comerciais e Múltiplos. São Paulo: Atlas 2000 NETO, Alexandre Assaf e SILVA, Augusto Tibúrcio Silva. Administração do Capital de Giro. São Paulo: Atlas 1995 RASOTO, Armando. Revista ADECON – Nº 6 Jan/Jun. Artigo: Administração do Capital de Giro e o Efeito Tesoura, Curitiba: Faculdade Católica de Administração e Economia – FAE, 1995 p.14 SADROMI, Paulo. Dicionário de Administração e Finanças. São Paulo: Best Seller 1996 SILVA, José Pereira da. Análise Financeira das Empresas. São Paulo: Atlas 1996 44 SOUZA, Almir Ferreira de. LUPORINI, Carlos Eduardo de Mori. SOUZA, Milanez Silva de. Caderno de Pesquisas em Administração. São Paulo, V.1, nº 3, 2º Sem/96