IMUNIZAÇÃO
Luisa Gonçalves Dutra de Oliveira
1 – HISTÓRICO
Mesmo antes de se reconhecer a similaridade entre o cowpox (doença que acometia os bovinos) e
a varíola e de ter sido criada a vacinação, já se tinha observado que a varíola podia ser evitada a partir do
contato do homem sadio com o doente. Esta constatação impulsionou a disseminação de práticas,
inicialmente orientais, que alcançaram a Europa no início do século XVIII, conhecidas como variolização,
inoculação ou ainda, transplantação. As inovações introduzidas pela microbiologia de Pasteur, no final do
século XIX, não impuseram mudanças substanciais na prática da vacinação antivariólica. A então recémcriada microbiologia concordava com a afirmativa de Jenner de que a vacina era uma doença, passando a
imprimir à sua conceituação original um raciocínio causal, relacionando-a a um microrganismo específico,
que podia ser estudado, analisado e controlado no laboratório. (Fernandes, 2003)
Em 1904 iniciou-se a primeira campanha de vacinação em massa feita no Brasil, idealizada por
Oswaldo Cruz, com o objetivo de controlar a varíola, que então dizimava boa parte da população do Rio de
Janeiro. A iniciativa resultou em fracasso e em grave conflito: os protestos contra a vacinação obrigatória
foram num crescendo até eclodirem na chamada Revolta da Vacina, conflito que deixou mortos e feridos; a
obrigatoriedade da vacinação foi revogada. (Brasil, 2003)
Deu-se a seguir o aumento do número de casos da doença, sendo implementada a Campanha de
Erradicação da Varíola, tendo a vacina boa aceitação a partir de então.
Estratégias diversas, campanhas, varreduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre amarela
urbana em 1942 e a varíola em 1973.
Em 18 de setembro de 1973 foi criado o Programa Nacional de Imunização (PNI) e aumentada
progressivamente nestas mais de 3 décadas a quantidade de vacinas oferecidas à população. (Ponte, 2003)
Nesse período foi erradicada a poliomielite (1989), controlados o sarampo, o tétano neonatal, as
formas graves da tuberculose, a difteria, o tétano acidental, a coqueluche. Mais recentemente, foram
implementadas medidas para o controle das infecções pelo Haemophilus influenzae tipo b, da rubéola e da
síndrome da rubéola congênita, da hepatite B, da influenza e suas complicações nos idosos, também das
infecções pneumocócicas. (Brasil, 2003)
O País investiu recursos vultosos na adequação de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos
adversos pós-vacinais, na universalidade de atendimento, nos seus sistemas de informação, descentralizou
as ações e garantiu capacitação e atualização técnico-gerencial para seus gestores em todos os âmbitos. As
campanhas nacionais de vacinação, voltadas em cada ocasião para diferentes faixas etárias,
proporcionaram o crescimento da conscientização social a respeito da cultura em saúde. (Brasil, 2003)
2 – COMPETÊNCIAS DO PNI
Foram estabelecidas no Decreto nº 78.231, de 12 de agosto de 1976 (Brasil, 2001):
 Implantar e implementar as ações relacionadas com as vacinações de caráter obrigatório;
1
 Estabelecer critérios e prestar apoio técnico à elaboração, implantação e implementação dos
programas de vacinação a cargo das secretarias de saúde das unidades federadas;
 Estabelecer normas básicas para a execução das vacinações;
 Supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações no território nacional, principalmente
o desempenho dos órgãos das secretarias de saúde, encarregados dos programas de vacinação;
 Centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao PNI.
3 – REDE DE FRIO
O objetivo da rede é assegurar que todos os imunobiológicos oferecidos à população mantenham suas
características iniciais, a fim de conferir imunidade, através do processo adequado de armazenamento,
conservação, manipulação, distribuição e transporte dos imunobiológicos do PNI, desde o laboratório
produtor até o momento em que a vacina é administrada. (Brasil, 2001)
Nas instâncias nacional e central estadual:
 Instaladas câmaras frias com compartimentos separados para conservar os imunobiológicos a -20ºC
e entre +2ºC e +8ºC.
 No compartimento a -20ºC ficam as vacinas que podem ser submetidas a congelamento.
 No compartimento com temperatura entre +2ºC e +8ºC ficam os imunobiológicos que não podem
ser submetidos a congelamento.
 Na instância central-estadual, além das câmaras frias, usam-se, também, freezers para as vacinas
que devem ser congeladas (-20ºC) e geladeiras tipo comercial (modelo de 4, 6 ou 8 portas) para os
produtos que são conservados entre +2ºC e +8ºC.
Nas instâncias regional e municipal:
 Os imunobiológicos são conservados em câmaras frias ou em freezers (- 20ºC) e em refrigeradores
(+2ºC a +8ºC), conforme a temperatura indicada para cada produto. Nessas instâncias, a instalação
da câmara fria e a quantidade de freezers e refrigeradores comerciais e domésticos, dependem do
volume a ser estocado, do tempo de armazenamento e da rotatividade dos produtos.
Na instância local:
 Nos centros e postos de saúde, nos hospitais e nos ambulatórios, todos os produtos são
conservados entre +2ºC e +8ºC, em refrigeradores do tipo doméstico ou em caixas térmicas.
 Em todas as instâncias da rede de frio, o controle da temperatura é feito mediante a verificação de
termômetros.
2
 Na sala de vacinação, nos postos de vacinação fixos e volantes, por ocasião de campanhas,
intensificações e bloqueios, bem como no transporte, os imunobiológicos devem ficar entre +2ºC e
+8ºC, que é a temperatura a ser mantida no interior do refrigerador e de caixas térmicas.
A temperatura dos equipamentos é verificada, pelo menos, duas vezes: no início e no final do dia de
trabalho. Em cada verificação, a temperatura lida no termômetro é registrada no formulário de Controle
de Temperatura.
Cuidados com o refrigerador:

colocar o equipamento distante de fonte de calor, como estufa e autoclave, e fora do alcance dos
raios solares;
• deixar o refrigerador perfeitamente nivelado;
• afastar o refrigerador da parede, pelo menos 20cm, de modo a permitir a livre circulação do ar no
condensador;
• usar tomada ou conexão com a fonte de energia elétrica exclusiva para o refrigerador, evitando ligá-lo
junto com outros equipamentos na mesma tomada, usando “T” ou benjamim;
• regular o refrigerador de forma que a temperatura interna permaneça entre +2ºC e +8ºC;
• ajustar o termostato de modo a encontrar o ponto ideal que vai permitir a manutenção da
temperatura do refrigerador entre +2ºC e +8ºC;
• usar o refrigerador única e exclusivamente para conservar imunobiológicos, não permitindo a guarda
de outros produtos, como medicamentos, material de laboratório, material odontológico, alimentos e
bebidas;
• evitar abrir o refrigerador de estoque toda vez que for administrar uma vacina; abri-lo somente duas
vezes: no início e no final de cada dia de trabalho;
• fazer uma previsão do número de pessoas que irá procurar o serviço de saúde naquele dia e retirar as
vacinas (quando for o caso acompanhadas dos diluentes), acondicioná-las no refrigerador de uso diário ou
em caixa térmica com gelo e termômetro.
Organização do refrigerador
 colocar na prateleira central (de modo geral na segunda prateleira) o termômetro de máxima e
mínima, de pé, para evitar quebra na coluna de mercúrio;
 arrumar os imunobiológicos em bandejas plásticas perfuradas ou em porta-talher de plástico
adaptado;
 colocar as bandejas com imunobiológicos nas prateleiras, da seguinte maneira:
- na primeira prateleira as vacinas virais que podem ser congeladas;
3
- na segunda prateleira as vacinas bacterianas, os soros e as vacinas virais que não podem ser
congeladas;
- na terceira prateleira os diluentes;
• retirar a gaveta plástica, caso exista e, em seu lugar, colocar garrafas com água;
 conservar no congelador gelo reciclável ou gelo em saco plástico ou em recipiente plástico
tampado, para manter por mais tempo a temperatura interna do refrigerador;
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4 – CALENDÁRIOS DO PNI (Brasil, 2001b; Niterói, 2010)
Calendário Básico de Vacinação da Criança
Ao
nascer
1 mês
BCG - ID
Vacina contra hepatite B (1)
Vacina contra hepatite B
Vacina tetravalente (DTP + Hib) (2)
2 meses
2ª
dose
1ª
dose
Hepatite B
Hepatite B
Difteria, tétano, coqueluche,
meningite e outras infecções
causadas pelo Haemophilus
influenzae tipo b
1ª
dose
VORH (Vacina Oral de Rotavírus
Humano) (3)
1ª
dose
Vacina tetravalente (DTP + Hib)
2ª
dose
Difteria, tétano, coqueluche,
meningite e outras infecções
causadas pelo Haemophilus
influenzae tipo b
Pneumo 10
1ª
dose
10 sorotipos de Pneumococos
Meningo C
1ª
dose
VIP (vacina inativada contra pólio)
2ª
dose
VORH (Vacina Oral de Rotavírus
Humano) (4)
2ª
dose
Pneumo 10
2ª
dose
5 meses
Meningo C
Vacina tetravalente (DTP + Hib)
6 meses
1ª
dose
VIP (vacina inativada contra pólio)
3 meses
4 meses
dose
Formas graves de tuberculose
única
2ª
dose
3ª
dose
Poliomielite (paralisia infantil)
Diarréia por Rotavírus
Doença invasiva causada por
Neisseria meningitidis
sorogrupo C
Poliomielite (paralisia infantil)
Diarréia por Rotavírus
10 sorotipos de Pneumococos
Doença invasiva causada por
Neisseria meningitidis
sorogrupo C
Difteria, tétano, coqueluche,
meningite e outras infecções
causadas pelo Haemophilus
influenzae tipo b
VOP (vacina oral contra pólio)
3ª
dose
Poliomielite (paralisia infantil)
Vacina contra hepatite B
3ª
dose
Hepatite B
7 meses
Pneumo 10
3ª
dose
9 meses
Vacina contra febre amarela (5)
dose
Febre amarela
inicial
12
meses
SRC (tríplice viral)
dose
Sarampo, rubéola e caxumba
única
Pneumo 10
10 sorotipos de Pneumococos
Reforço 10 sorotipos de Pneumococos
5
15
meses
VOP (vacina oral contra pólio)
Reforço Poliomielite (paralisia infantil)
DTP (tríplice bacteriana)
1º
Difteria, tétano e coqueluche
Reforço
Meningo C
Reforço Doença invasiva causada por
Neisseria meningitidis
sorogrupo C
4-6
anos
DTP (tríplice bacteriana
2º
Difteria, tétano e coqueluche
Reforço
SRC (tríplice viral)
Reforço Sarampo, rubéola e caxumba
10 anos
Vacina contra febre amarela
Reforço Febre amarela
(1) A primeira dose da vacina contra a hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida do
recém-nascido. O esquema básico se constitui de 03 (três) doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose e
180 dias da primeira para a 3ª dose.
(2) O esquema de vacinação atual é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina Tetravalente e dois reforços com a Tríplice
Bacteriana (DTP). O primeiro reforço aos 15 meses e o segundo entre 4 e 6 anos.
(3) É possível administar a primeira dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 1 mês e 15 dias a 3 meses e 7 dias de
idade (6 a 14 semanas de vida).
(4) É possível administrar a segunda dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 3 meses e 7 dias a 5 meses e 15 dias
de idade (14 a 24 semanas de vida). O intervalo mínimo preconizado entre a primeira e a segunda dose é de 4 semanas.
(5) A vacina contra febre amarela está indicada para crianças a partir dos 09 meses de idade, que residam ou que irão viajar
para área endêmica (estados: AP, TO, MA MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos
estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Se viajar para
áreas de risco, vacinar contra Febre Amarela 10 (dez) dias antes da viagem.
Calendário de Vacinação do Adolescente (1)
De 11 a 19 anos (na primeira visita ao
serviço de saúde)
Hepatite B
1ª
dose
dT (Dupla tipo
adulto) (2)
1ª
dose
Febre amarela (3)
Contra Hepatite B
Contra Difteria e Tétano
Reforço Contra Febre Amarela
SCR (Tríplice viral)
(4)
dose
única
Contra Sarampo, Caxumba e
Rubéola
1 mês após a 1ª dose contra Hepatite
B
Hepatite B
2ª
dose
contra Hepatite B
6 meses após a 1ª dose contra
Hepatite B
Hepatite B
3ª
dose
contra Hepatite B
2 meses após a 1ª dose contra Difteria dT (Dupla tipo
e Tétano
adulto)
2ª
dose
Contra Difteria e Tétano
4 meses após a 1ª dose contra Difteria dT (Dupla tipo
e Tétano
adulto)
3ª
dose
Contra Difteria e Tétano
a cada 10 anos, por toda a vida
dT (Dupla tipo
adulto) (5)
reforço Contra Difteria e Tétano
Febre amarela
reforço Contra Febre Amarela
(1) Adolescente que não tiver comprovação de vacina anterior, seguir este esquema. Se apresentar documentação com
esquema incompleto, completar o esquema já iniciado.
(2) Adolescente que já recebeu anteriormente 03 (três) doses ou mais das vacinas DTP, DT ou dT, aplicar uma dose de reforço.
É necessário doses de reforço da vacina a cada 10 anos. Em caso de ferimentos graves, antecipar a dose de reforço para 5 anos
após a última dose. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias.
(3) Adolescente que resida ou que for viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF),
área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos
estados BA, ES e MG). Em viagem para essas áreas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem.
(4) Adolescente que tiver duas doses da vacina Tríplice Viral (SCR) devidamente comprovada no cartão de vacinação, não
precisa receber esta dose.
(5) Adolescente grávida, que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais de 5 (cinco) anos, precisa
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receber uma dose de reforço. A dose deve ser aplicada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. Em caso de
ferimentos graves, a dose de reforço deve ser antecipada para cinco anos após a última dose.
Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso
IDADE
A partir de 20 anos
VACINAS
dT (Dupla tipo
adulto)(1)
DOSES
DOENÇAS EVITADAS
1ª dose Contra Difteria e Tétano
Febre amarela (2)
dose
inicial
Contra Febre Amarela
SCR (Tríplice viral)
(3)
dose
única
Contra Sarampo, Caxumba e
Rubéola
2 meses após a 1ª dose contra
Difteria e Tétano
dT (Dupla tipo
adulto)
2ª dose Contra Difteria e Tétano
4 meses após a 1ª dose contra
Difteria e Tétano
dT (Dupla tipo
adulto)
3ª dose Contra Difteria e Tétano
a cada 10 anos, por toda a vida
dT (Dupla tipo
adulto) (4)
reforço
Contra Difteria e Tétano
Febre amarela
reforço
Contra Febre Amarela
Influenza (5)
dose
anual
60 anos ou mais
Contra Influenza ou Gripe
(1) A partir dos 20 (vinte) anos, gestante, não gestante, homens e idosos que não tiverem comprovação de vacinação
anterior, seguir o esquema acima. Apresentando documentação com esquema incompleto, completar o esquema já
iniciado. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias.
(2) Adulto/idoso que resida ou que for viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA,
GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial
(alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Em viagem para essas áreas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem.
(3) A vacina tríplice viral - SCR (Sarampo, Caxumba e Rubéola) deve ser administrada em mulheres de 12 a 49 anos
que não tiverem comprovação de vacinação anterior e em homens até 39 (trinta e nove) anos.
(4) Mulher grávida que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais de 05 (cinco) anos, precisa
receber uma dose de reforço. A dose deve ser aplicada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. Em caso de
ferimentos graves, a dose de reforço deverá ser antecipada para cinco anos após a última dose.
(5) A vacina contra Influenza é oferecida anualmente durante a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso.
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5 – ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE AS VACINAS DO PNI
BCG
Composição: bacilo de Calmette Guérin (M. bovis)
Idade: a partir do nascimento
Via de administração: ID, braço direito na inserção inferior do deltóide
Esquema básico: uma dose
Eventos adversos: ulceração local (>1cm), abscesso subcutâneo, linfadenite regional supurada
Contra-indicações: adiar a vacinação caso peso < 2.000g ou afecções dermatológicas extensas em atividade
Revacinação: ausência de cicatriz vacinal após 6 meses da dose inicial
ANTI-HEPATITE B
Composição: antígeno de superfície do vírus B
Idade: a partir do nascimento (12h)
Via de administração: intramuscular (IM), no vasto lateral da coxa ou no deltóide (>2anos)
Esquema básico: três doses no esquema 0,1,6 meses
Reforço: desnecessário
Eventos adversos: reações locais; febre baixa e irritabilidade
TETRAVALENTE (DIFTERIA, COQUELUCHE, TÉTANO, HIB)
Composição: toxóide diftérico, toxóide tetânico e suspensão de bacilos mortos da coqueluche, oligo ou
polissacarídeo capsular conjugado HiB
Idade: a partir de 2 meses até 7 anos
Via de administração: IM
Reforço: 15 meses; 4 a 6 anos
Eventos adversos comuns: reações locais; febre baixa e irritabilidade
Eventos adversos raros: febre alta, choro inconsolável e prolongado; convulsão, síndrome hipotônica
hiporresponsiva; encefalopatia
SABIN (VOP)
Composição: vírus vivos atenuados, trivalente (poliovírus 1, 2 e 3)
Via de administração: oral
VIP (Vacina Inativada contra Poliomielite)
Composição: vírus inativados, trivalente (poliovírus 1, 2 e 3)
Via de administração: IM
Esquema Sequencial VIP/VOP
Esquema vacinal implantado a partir do segundo semestre de 2012, recomendado às crianças <5 anos de
idade que estejam iniciando esquema de vacinação contra poliomielite.
Esquema vacinal: três doses com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses e um reforço aos 15 meses:
Dose1 com a vacina inativada poliomielite (VIP), Dose2 com a vacina inativada poliomielite (VIP), Dose3
com a vacina oral poliomielite (VOP) e Reforço com a vacina oral poliomielite (VOP)
ROTAVÍRUS (VORH)
Composição: rotavírus G1 atenuado (G2,3,4 e 9)
Idade: a partir de 2 meses até 6 meses
Via de administração: oral
Esquema básico: duas doses com intervalo de 60 dias (2 e 4 meses)
Reforço: desnecessário
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Eventos adversos: doença diarréica
Contra-indicações: doença crônica ou malformação do tubo digestivo; intervalo com a VOP
Observações: adiar em caso de vômitos ou diarréia; nenhum problema em contato com imunodeficiente;
caso a criança cuspa, regurgite ou vomite não revacinar
TRÍPLICE VIRAL
Composição: vírus vivos atenuados do sarampo, rubéola e caxumba
Idade: a partir de 12 meses
Via de administração: subcutânea
Esquema básico: dose única
Reforço: 4-6 anos
Eventos adversos: febre e erupção cutânea; artralgia e artrite; parotidite
Contra-indicações: antecedente de anafilaxia a ovo; intervalo com vacina parenteral de vírus vivo;
administração de imunoglobulina, sangue ou derivado
Observações: HIV; nenhum problema com contato com grávidas ou imunodeficientes
MENINGOCÓCICA C CONJUGADA (MNG C)
Composição: Oligossacarídeo meningocócico C, conjugado com proteína de Corynebacterium diphteriae
(CRM197) e hidróxido de alumínio
Idade: a partir de 3 meses
Via de administração: IM, no vasto lateral da coxa esquerda
Esquema básico: duas doses com intervalo de 2 meses. Nas crianças com 12 a 23 meses, apenas uma dose
Reforço:15 meses
Eventos adversos: locais – rubor, edema, endurecimento, hipersensibilidade/dor. Sistêmicos – febre, choro,
irritabilidade, sonolência ou comprometimento do sono, anorexia, diarréia e vômitos.
Contra-indicações: indivíduos com hipersensibilidade a qualquer dos componentes da vacina. A vacina deve
ser adiada nos estados febris graves sobretudo para que os sinais e sintomas não sejam atribuídos ou
confundidos com eventos adversos.
Observações: Após a reconstituição, a vacina deve ser utilizada imediatamente.
CONJUGADA ANTIPNEUMOCÓCICA (PnM)
Composição: 10 sorotipos de Pneumococos, proteína D de Haemophilus influenzae e carreadores de toxóide
diftérico e tetânico, cloreto de sódio e fosfato de alumínio.
Idade: a partir de 3 meses
Via de administração: IM, no vasto lateral da coxa direita
Esquema básico: três doses com intervalo de 2 meses. Nas crianças com 12 a 23 meses, apenas uma dose
Reforço: 12 meses
Eventos adversos: rubor no local e irritabilidade
Contra-indicações: indivíduos com hipersensibilidade a qualquer dos componentes da vacina.
A vacina deve ser adiada nos estados febris graves sobretudo para que os sinais e sintomas não sejam
atribuídos ou confundidos com eventos adversos.
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6 – CAMPANHAS DE VACINAÇÃO (Alguns exemplos)
I - VACINAÇÃO CONTRA O VÍRUS DE INFLUENZA A(H1N1) 2009 PANDÊMICO
A estratégia foi traçada a partir de:
1. Situação epidemiológica da influenza pandêmica no Brasil
2. Observação da 2ª onda no Hemisfério Norte
3. Recomendação do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações PNI/SVS/MS
4. Recomendações da OMS e Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) para definir públicos
prioritários
5. Articulação com sociedades científicas, CFM, AMB, ABEN, CONASS e CONASEMS
6. Critério de sustentabilidade dos serviços de saúde para organizar a estratégia, visando não
haver esgotamento na capacidade de atendimento oportuno à população.
Todos os países entraram em acordo de que essa vacinação teria como objetivos (i) manter o
funcionamento dos serviços de saúde envolvidos na resposta à pandemia e (ii) diminuir a
morbimortalidade associada à pandemia da influenza.
Neste sentido, o primeiro grupo que deveria ser vacinado seria o dos trabalhadores dos serviços de saúde
públicos e privados envolvidos na resposta à pandemia, seguidos dos demais grupos que
apresentam maior risco de desenvolver doença grave ou vir a óbito, conforme descrito abaixo:
1. Trabalhadores dos serviços de saúde públicos e privados envolvidos na resposta à pandemia;
2. Gestantes;
3. População indígena;
4. População com comorbidade crônica.
Caso houvesse disponibilidade de aquisição de vacina, foi recomendado que cada país procedesse a sua
avaliação epidemiológica e eventualmente incluísse, na população alvo, outros grupos de indivíduos
saudáveis que apresentem maior risco de adoecer ou morrer. Nesta perspectiva e baseado em análises
realizadas sobre a ocorrência da pandemia no país, assim como a partir de discussões com entidades
científicas, o Ministério da Saúde decidiu incluir, na sua população alvo, adicionalmente, os grupos de
risco descritos abaixo:
5. Crianças saudáveis maiores de 6 meses até dois anos de vida incompletos
6. Adultos saudáveis dos 20 a 29 anos completos
Monitoramento de possíveis eventos adversos após a vacinação.
O Ministério da Saúde dispõe de um sistema permanente de monitoramento de eventos adversos
possivelmente associados à vacinação. Todas as Secretarias Estaduais de Saúde foram capacitadas
para monitorar eventos que poderiam acontecer, em especial, a Síndrome de Guillain Barré. Um minucioso
10
protocolo de monitoramento desses eventos foi utilizado para tal, como já é feito em outras campanhas de
vacinação, como, por exemplo, a de rubéola.
Resultado: O Brasil superou a meta ao vacinar mais de 84 milhões de pessoas contra a gripe H1N1. O dado
colocou o Brasil na condição de país que mais vacinou em termos de percentual da população total.
II – CAMPANHA NACIONAL DE VACINAÇÃO DO IDOSO (14° ANO) (Brasil, 2012)
Atualmente, o Brasil aparece como o quinto país mais populoso do mundo e com densidades muito
heterogêneas. Segundo as estimativas, em 2010, a população era de 190,7 milhões de habitantes,
distribuída nas 27 unidades da federação, nos 5.565 municípios (IBGE, 2010).
A expectativa de vida nacional é crescente, possivelmente devido a diversos fatores, entre eles a melhoria
das condições sanitárias e de acesso a bens e serviços. Atualmente, de acordo com o IBGE (2010), é de 73
anos para homens e 77 anos de vida para mulheres.
Evidências indicam que alguns grupos populacionais, além dos idosos, entre eles os povos indígenas, são
mais susceptíveis às doenças respiratórias, principalmente por não terem memória imunológica ao longo
da história e pelas condições sócio‐econômicas em que se encontram. Esta vulnerabilidade é evidenciada
pelos indicadores de morbidade e mortalidade elevada para patologias que podem ser controladas
mediante procedimentos clínicos e medidas de controle com ações de saúde pública. Nestas populações,
principalmente as que se encontram na região Norte do país, o risco de surto e letalidade é maior, face às
dificuldades para a realização do diagnóstico precoce e tratamento oportuno.
Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) hospitalizados e confirmados para Influenza
A/H1N1 têm acometido faixas etárias mais jovens, com maior incidência nos menores de 2 anos em ambos
os sexos. O percentual de casos de gestantes entre as mulheres em idade fértil foi de 17% em 2009,
35,6% em 2010 e de 36,7% em 2011.
No ano de 2012 a vacinação foi ampliada para a população prisional, pois as condições de habitação e
confinamento deste público colaboram para uma maior vulnerabilidade frente às doenças
imunopreveníveis.
Diante deste contexto, para o ano de 2012, a meta foi de vacinar 80% da população por grupo alvo: idosos
na faixa etária de 60 anos e mais, os trabalhadores de saúde das Unidades que fazem atendimento para a
influenza, as crianças na faixa etária de 6 meses a menores de 2 anos, as gestantes, os povos indígenas e a
população prisional. O principal objetivo é o de reduzir a mortalidade, as complicações e as internações
decorrentes das infecções pelo vírus da influenza, nestes grupos populacionais.
A vacina contra a influenza não deve ser administrada em:
a) Pessoas com história de reação anafilática prévia ou alergia severa relacionada a ovo de galinha e
seus derivados, assim como, a qualquer componente da vacina;
11
b) Pessoas que apresentaram reações anafiláticas graves a doses anteriores também contra-indicam
dose subseqüentes.
Precauções:
- Em doenças agudas febris moderadas ou graves recomenda-se adiar a vacinação até a resolução do
quadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações.
- Realizar avaliação criteriosa de risco-benefício da vacina para pessoas com história pregressa de Síndrome
de Guillain Barré - SGB.
Eventos adversos:
A vacina contra a influenza é segura. Constituída por vírus inativados, não causa a doença, mas, como nas
demais vacinas, alguns eventos adversos podem surgir, como febre baixa e reações locais (dor,
endurecimento e vermelhidão). Raramente, podem ocorrer coriza, vômitos e dores musculares.
a - Manifestações locais como dor no local da injeção, eritema e enduração ocorrem em 10% a 64% dos
pacientes, sendo benignas autolimitadas geralmente resolvidas em 48 horas. Os abscessos geralmente
encontram-se associados com infecção secundária ou erros de técnica de aplicação.
b - Manifestações sistêmicas: É possível também que apareçam manifestações gerais leves como febre,
mal estar e mialgia que podem começar entre 6 e 12 horas após a vacinação e persistir por um a dois dias.
Essas manifestações são mais frequentes em pessoas que não tiveram contato anterior com os antígenos
da vacina (por exemplo as crianças).
c - Reações de hipersensibilidade: as reações anafiláticas são raras e podem ser devidas à
hipersensibilidade a qualquer componente da vacina. Reações anafiláticas graves a doses anteriores
também contra-indicam dose subseqüentes.
d – Manifestações neurológicas: raramente algumas vacinas de vírus vivos atenuados ou mortos podem
anteceder a Síndrome de Guillain Barre (SGB), que se manifesta clinicamente como polirradiculoneurite
inflamatória com lesão de desmielinização, parestesias e déficit motor ascendente de intensidade variável.
Geralmente, os sintomas aparecem entre 7 a 21 dias, no máximo até 7 semanas após a exposição ao
possível agente desencadeante. É desconhecido até o momento se a vacina da influenza pode aumentar o
risco de recorrência da SGB em indivíduos com história pregressa desta patologia. (Ministério da Saúde,
2008).
III – CAMPANHA CONTRA POLIOMIELITE (Brasil, 2010)
As campanhas nacionais de vacinação contra poliomielite iniciaram-se em 1980. No ano anterior
foram notificados 2.564 casos de pólio no Brasil. Em 1981 houve uma redução para 122 casos notificados.
Apesar da queda da cobertura vacinal no ano de 1984, com registro de aumento do número de casos, o
Brasil se engajou na proposta de erradicação do poliovírus selvagem das Américas (OPAS). Como resultado
da vigilância epidemiológica ativa e de alta cobertura vacinal, o país teve a doença erradicada, o que foi
certificado pela OMS em 1994.
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Embora a doença esteja erradicada no país, os dias nacionais de vacinação contra pólio continuam
a ser realizados duas vezes ao ano. Deve-se manter esta estratégia até a concreta certificação mundial da
erradicação deste agente infeccioso. As campanhas devem ser aproveitadas ao máximo, para a garantia da
não reintrodução da doença em nosso território. Nos dias de campanha, aproveita-se para aplicar as
demais vacinas do calendário para as crianças que não estejam com a vacinação completa.
A meta da campanha é a de vacinar no mínimo 95% das crianças menores de 5 anos (0 a 4 anos 11
meses e 29 dias), independente de terem recebido a vacina anteriormente.
Alguns cuidados - Pelo fato da vacina oral contra a poliomielite ser apresentada na forma de
suspensão, as equipes de vacinação devem ser orientadas no sentido de agitar levemente o frasco da
vacina antes da administração de cada dose. Alertando-se, ainda, para que a bisnaga conta-gotas não
encoste na boca da criança, evitando a contaminação pela saliva no ato da vacinação.
Não há contra-indicações absolutas à administração da vacina oral contra a poliomielite, evitandose, entretanto, a vacinação de crianças nas seguintes situações:
• crianças portadoras de infecções agudas, com febre acima de 38º C;
• crianças com hipersensibilidade conhecida a algum componente da vacina, a exemplo da
estreptomicina ou eritromicina;
• crianças que, no passado, tenham apresentado qualquer reação anormal a esta vacina;
• crianças imunologicamente deficientes devido a tratamento com imunossupressores ou de outra
forma adquirida ou com deficiência imunológica congênita.
Por algum tempo predominou uma abordagem que se opunha à realização de campanhas de
vacinação, tidas como produtoras de resultados efêmeros, sem possibilidade de sustentação no tempo, e
que, segundo essa visão, contribuíam para desorganizar ações permanentes, confundindo a população.
Além disso, as campanhas de vacinação, ao terem o poder de proteger o indivíduo contra determinadas
doenças mantendo as condições sanitárias e ambientais propícias ao desenvolvimento de agentes e
vetores intactas, passaram em algumas conjunturas a serem acusadas de responsáveis por desviar a
atenção de autoridades e sociedade da determinação de base econômica e social, em última análise
responsável pela criação das condições sociais do adoecer e morrer. (Temporão, 2003)
O fato é que as campanhas, e os dias nacionais de vacinação, foram assimilados, sem conflitar com
os demais projetos em construção no campo da saúde. Isso se deve, em grande parte, aos bons resultados
obtidos no controle de algumas doenças. A manutenção das campanhas por mais de duas décadas mostra
a aceitação popular.
O Programa Nacional de Imunizações é internacionalmente reconhecido por suas conquistas,
como, por exemplo, a erradicação da varíola e da poliomielite, a eliminação do sarampo, a
diminuição drástica de outras doenças Imunopreviníveis e, mais recentemente, pelo desafio da realização
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da maior campanha de vacinação contra rubéola já feita no mundo, quando conseguimos imunizar,
em 2008, 70 milhões de brasileiros.
Referências:
1 - FERNANDES, T. M. Imunização antivariólica no século XIX no Brasil: inoculação, variolização, vacina e
revacinação. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, vol. 10 (suplemento 2): 461-74, 2003.
2 – BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunização: 30 anos. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Brasília, 2003
3 - PONTE, C. F. Vacinação, controle de qualidade e produção de vacinas no Brasil a partir de 1960. História,
Ciências e Saúde – Manguinhos, v. 10 (supl. 2) :619-53, 2003.
4 - BRASIL. Ministério da Saúde. Capacitação de pessoal em sala de vacinação - manual do treinando. /
Organizado pela Coordenação do Programa Nacional de Imunizações. 2a ed. rev. e ampl. – Brasília :
Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde, 2001.
5 - BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Normas de Vacinação. 3.ed. Brasília: Ministério da Saúde:
Fundação Nacional de Saúde; 2001b 72p.
6 – BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. NOTA TÉCNICA Nº 05/2010 DEVEP/SVS/MS Disponível em www.saude.gov.br Acessado em
02/02/2010
7 – BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Coordenação Geral do PNI. Informe Técnico Campanha Nacional de Vacinação do Idoso
2009. Disponível em www.saude.gov.br Acessado em 08/02/2010
8 - TEMPORÃO, J. G. O Programa Nacional de Imunizações (PNI): origens e desenvolvimento. História,
Ciências, Saúde. Manguinhos, vol. 10 (suplemento 2): 601-17, 2003.
9 – BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. CGPNI. Informe Técnico Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite 2009.
Disponível em http://epidemiologia.alfenas.mg.gov.br/download/informe_tecnico.pdf Acesso em
18/02/2010
10 – NITERÓI. Fundação Municipal de Saúde. COVIG. Coordenação do Programa de Imunização.
Informes Técnicos, 2010.
11 - BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Coordenação Geral do PNI. Informe Técnico Campanha Nacional de Vacinação do Idoso
2012. Disponível em www.saude.gov.br Acessado em 26/11/2012.
12 - BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Coordenação Geral do PNI. Informe Técnico Campanha para Atualização do Esquema
Vacinal. Brasilia, 2012. Disponível em www.saude.gov.br Acessado em 26/11/2012.
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