O Confronto Final
O Homem Versus Deus
Pelas avaliações que tenho feito sobre tudo o que tenho observado ao longo
da minha vida, posso concluir serenamente que o comportamento do homem está cada dia
pior. Ele está totalmente desvinculado do caminho do Pai e do Mestre e a cada dia que
passa, se afastando ainda mais desse caminho.
Sou obrigado a reconhecer que o Maligno está vencendo, com ampla margem, sua luta contra o Mestre pela posse do homem.
O homem ainda não conseguiu sequer descobrir que, se Deus criou todos
os homens, eles são todos irmãos, filhos do mesmo Pai. Mas, inspirados pelo Maligno, eles se dividiram, se odeiam, se perseguem e se matam uns aos outros, todos fazendo isso
“em nome de Deus”, sujando Seu nome, tornado-O um assassino. Ainda não conseguiram
sequer descobrir que, como Deus não é padrasto de ninguém, enquanto eles não forem irmãos, não poderão ter Pai, pois Ele é único!
O homem vive num planetinha insignificante em torno de uma mísera estrela de quinta grandeza, mas tem certeza que é uma criatura idealizada exatamente à imagem e semelhança do próprio Deus. E mata os outros homens, iguais a si próprio, sem
perceber que, se ele é realmente uma imagem do próprio Deus, aquele que ele mata também o é. Mesmo assim ele mata e depois reza para Deus.
Aí eu me questionei: para qual Deus será que o homem reza?
Na verdade, o que concluí é que o homem não quer Deus. Ele somente usa
Deus para esconder (ou abafar) o seu medo, principalmente em relação ao seu próprio
fim, que todo homem teme. E isto, da mesma forma como os homens das cavernas tinham
medo do Deus raio que mata, do Deus chuva que molha, etc., e faziam longas orações e
até sacrifícios para Ele, para acalmar Sua violenta ira!
Infelizmente, a verdade é que os homens de hoje continuam com a mente
nas cavernas: continuam achando Deus um assassino e covarde e por isso O temem. E só
rezam para Deus porque têm medo. E usam Deus nos momentos em que são acometidos
de medo pelo próprio Deus assassino. E usam uma tática simplória para conseguir enganá-Lo: se atiram desarmados e chorosos nos braços de Seu algoz, através de Seus representantes, na tentativa de despertar Sua piedade e, com isso, acalmar Sua violenta ira.
O homem só usa Deus nessas horas.
Da mesma forma como usa o refúgio de uma estrada quando seu carro dá
defeito. Uma vez consertado o carro, ele volta à estrada e esquece que o refúgio existe.
Mas é claro: o refúgio só é necessário quando o carro está com defeito, não é mesmo?
Com o carro bom, ele até critica a existência de refúgio, pois não precisa dele, já que a estrada é bem melhor.
Mas, quando o carro pifar de novo, só aí é que ele se lembrará novamente
que o refúgio existe. Continuem agindo assim e se enganando. Você pode ser levado a um
ponto da estrada sem refúgio e aí seu carro pifar. Pense sobre isso.
Concluí que o homem, conscientemente, não procura o verdadeiro Deus, o
Pai. Parece que no seu subconsciente algo maligno lhe sussurra que se procurar vai encontrar mas que ao encontrar vai descobrir que não é bem aquilo que ele quer, pois terá de se
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O Confronto Final
desfazer das benesses de quem lhe sussurrou e que ele não admite largar, como o poder, a
riqueza, a vaidade, etc. Ele vai descobrir que para trilhar o caminho do Pai tem que encontrar e transpor uma porta muito estreita, que lhe privará disso tudo. E isso é só o começo,
pois ao atravessar esta porta estreita ele poderá vislumbrar o caminho a percorrer, que é
bastante estreito e profundamente doloroso, bem diferente do espaçoso e confortável caminho que ele tem à sua disposição. E ele só descobrirá que neste caminho tem pedágio,
ao final dele, pois o preço a pagar por ter utilizado este caminho é a soma de todas as vantagens auferidas ao longo dele.
Para não terem que ultrapassar a porta estreita e se depararem com o doloroso caminho apertado e na tentativa de conseguir uma solução que lhes permitisse trilhar
o espaçoso e confortável caminho opcional sem ter que pagar pedágio, os homens, inspirados por seus sussurros, criaram para si um Deus especial, que administra o espaçoso
caminho confortável e os permite usá-lo por um preço bem barato e o vivem negociando
entre si, todos certos que são muito espertos e que estão enganando aos outros. Mas ninguém está enganando ninguém: cada um só está enganando é a si próprio. Isto porque os
homens ainda não desconfiaram que a diferença entre o que pagam por seu Deus forjado e
o custo de trilhar o doloroso caminho apertado que leva ao Pai, é exatamente o valor do
pedágio, a lhe ser cobrado no final do seu trajeto. E o valor dele você já devia ter, pelo
menos, desconfiado, pois Judas deu sua própria vida para te mostrar qual é .
Mas, por não querer pensar para não correr o risco de ter que abrir mão de
todas as benesses que ele adquiriu do “proprietário do poder e da glória sobre todos os
reinos materiais”, mas, precisando de uma tábua de salvação psicológica para os seus
momentos de incerteza, angústia e agonia, os homens preferem adquirir esse Deus mercadoria, com a garantia de Seus proprietários de que Ele é de infinita bondade e perfeição e
até perdoa, a priori, tudo que você queira fazer conscientemente errado.
E como os homens precisam de um Deus desses! E ai de quem tentar lhe
dizer que este Deus não é o verdadeiro. Ele precisa se auto-convencer disso, pois trocar
um caminho tão confortável por um doloroso, nem pensar!
Por isto, este Deus forjado se tornou tão bem aceito entre os homens, sendo
ainda hoje, a mercadoria mais negociada no nosso planeta, com alguns grupos detendo
Sua posse e o direito de negociá-Lo, todos evidentemente, adaptando-O às necessidades
do comprador.
Fico perplexo como a imagem caótica, incompetente e incoerente que o
homem colocou no Deus que criou, conseguiu se estabelecer e se perpetuar. Só pode ser
mesmo porque ninguém questiona nada: ou por interesse ou por medo.
Mas o homem que compra esse Deus é tão criminoso (ou mais?) quanto os
que lhe O vendem. Mas ele não questiona nada, pois o Deus que ele compra lhe satisfaz
plenamente. Com isso, satisfeito com sua compra, ele se enclausura na frágil certeza de
estar com o Deus verdadeiro (por isso não quer questionamentos!) e se fecha para qualquer possível busca, pois não tem mais perguntas para fazer, já que é proprietário de uma
quota-parte de Deus e de todas as possíveis verdade absolutas e inquestionáveis.
E ele nem desconfia que se tiver tomado uma mentira como verdade, todas
as verdades reais passarão por ele como mentiras. Mesmo assim ele prefere não se questionar pois tem um Deus que lhe satisfaz e que lhe é plenamente submisso. E isto lhe basta!
Só na hora que for pagar o pedágio, quando vai achar o preço altíssimo é
que ele talvez, finalmente, procure entender para que Jesus e Judas deram suas vidas!
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O Homem Versus Deus - Francisco Guerreiro Martinho