Alternativo Orquestra Ouro Preto faz o concerto The Beatles hoje, no Teatro Arthur Azevedo. P. 5 [email protected] O ESTADO DO MARANHAO · São Luís, 10 de setembro de 2013 - terça-feira Divulgação O escritor maranhense Ferreira Gullar completa 83 anos hoje e tem parte da sua obra relançada pela editora José Olympio; a proposta dos relançamentos é eternizar os títulos para futuras gerações Ferreira Gullar revisitado O poeta maranhense completa 83 anos hoje em meio a relançamento de cinco livros pela editora José Olympio, além da publicação inédita da obra A Menina Cláudia e o Rinoceronte ; as reedições integram o Projeto Gullar Reprodução Ricardo Alvarenga Da Equipe de O Estado O poeta maranhense, Ferreira Gullar, celebra hoje, 83 anos de vida. Com mais de oito décadas de história ele é genuíno representante dos grandes movimentos sociais e culturais do Brasil que aconteceram nos últimos 60 anos, sendo um dos idealizadores do Neoconcretismo, movimento das artes plásticas que começou em 1957, no Rio de Janeiro. No ano de comemoração de 83 anos do poeta, a editora José Olympio lança o Projeto Gullar, que inclui a publicação do livro inédito do autor, uma homenagem à mulher, a poetisa Cláudia Ahimsa, A Menina Cláudia e o Rinoceronte. Nessa obra, Gullar apresenta um das suas diversas facetas, a de ilustrador. Esse será o primeiro contato do público com a produção de mosaico feita a partir de recorte de papeis. “É um hobby antigo. Tenho um prazer com a pintura, o desenho e com a desordem das colagens”, destaca Gullar. Além disso, o projeto relançou cinco obras do escritor. Os livros foram divididos em três etapas: poesia, ensaios e ficção. Entre a ideia das reedições até a chegada dos títulos às livrarias, o processo levou um ano. As obras foram todas revisadas e ganharam um moderno projeto gráfico. Segundo a editora, o objetivo é conquistar novos públicos e eternizar a obra de Gullar. A Luta Corporal (1954), Dentro da Noite Veloz (1975), Muitas Vozes (1999) e Em Alguma Parte Alguma (2010) são os primeiros lançamentos da coleção. Ainda para comemorar o relançamento das obras, o público terá acesso ao hot site (livrariasaraiva.com.br/gullar), em que será possível, por exemplo, ouvir artistas como a cantora Ana Carolina lendo trechos de Poema Sujo. Em parceria com a Saraiva, o site também disponibilizará ví- A Menina Cláudia e o Rinoceronte traz ilustrações do poeta deos, fotos, poesias e toda a trajetória do autor. Dentre as reedições do Projeto Gullar, está prevista a do clássico Poema Sujo, escrito no período do exílio na Argentina, em 1975, e que agora terá apresentação do escritor Marco Lucchesi. Histórico – Ferreira Gullar é o pseudônimo de José de Ribamar Ferreira. Maranhense, nasceu em São Luís em 10 de setembro de 1930. Filho de Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart, sen- do o quarto filho de 11. Tornouse locutor da Rádio Timbira e colaborador do Diário de São Luís, em 1948. Aos 21 anos recebeu seu primeiro prêmio em um concurso de poesia promovido pelo Jornal das Letras. Em 1951, mudou-se para o Rio de Janeiro (RJ), onde começou a trabalhar na redação da Revista do Instituto de Aposentadoria e Pensão do Comércio. Logo depois foi revisor da revista O Cruzeiro. Em 1954, lançou A Luta Corporal, que causou desentendimentos com os tipógrafos em função do projeto gráfico inovador apresentado por ele. Foi essa obra do poeta que abriu caminho para o movimento da poesia concreta, do qual participou inicialmente e com o qual rompeu para, em 1959, organizar e liderar o grupo neoconcretista, cujo manifesto redigiu e cujas ideias fundamentais expressou num ensaio famoso: Teoria do não objeto. Ao final daquele ano, passou a trabalhar como revisor na revista Manchete. Por conta do seu protagonismo no cenário cultural e social brasileiro, foi forçado a exilar-se do Brasil em 1971. No exílio escreveu uma das suas obras de maior repercussão, o Poema Sujo, publicado em 1976 e considerado por Vinícius de Moraes o mais importante poema escrito em qualquer língua nas últimas décadas. De volta ao Brasil em 1977, lançou diversas obras sendo considerado pela crítica como um dos maiores poetas da história do país. Números Alguns números sobre a obra de Ferreira Gullar televisão 10 Obras traduzidas para 15 Livros de Poesias outros idiomas 5 Antologias 5 Montagens Teatrais 14 Ensaios 2 Documentários 6 Obras adaptadas para Trecho do Poema Sujo Ferreira Gullar, Argentina 1975 O homem está na cidade como uma coisa está em outra e a cidade está no homem que está em outra cidade Mas variados são os modos como uma coisa está em outra coisa: o homem, por exemplo, não está na cidade como uma árvore está em qualquer outra nem como uma árvore está em qualquer uma de suas folhas (mesmo rolando longe dela) O homem não está na cidade como uma árvore está num livro quando um vento ali a folheia A cidade está no homem mas não da mesma maneira que um pássaro está numa árvore não da mesma maneira que um pássaro (a imagem dele) está/va na água e nem da mesma maneira que o susto do pássaro está no pássaro que eu escrevo A cidade está no homem quase como a árvore voa no pássaro que a deixa cada coisa está em outra de sua própria maneira e de maneira distinta de como está em si mesma A cidade não está no homem do mesmo modo que em suas quitandas praças e ruas