Tema central:
200 anos de mídia no Brasil - Historiografia e Tendências
Local: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Niterói - RJ – BRASIL
Data: 13 a 16 de maio de 2008
Livro de Resumos
Promoção:
REDE ALCAR - Rede Alfredo de Carvalho para o Resgate da Memória da Imprensa e a
Construção da História da Mídia no Brasil
Realização:
Apoio:
COORDENAÇÃO: MC BUSINESS Ltda.
SUMÁRIO
Apresentação
Programação Geral
Conferência de Abertura
Mesas Redondas
Resumos – GT’s
APRESENTAÇÃO
Marcar com um congresso, que reúne alguns dos mais expressivos nomes de pesquisadores
nacionais e estrangeiros que se dedicam a pesquisar a história dos meios de comunicação, as
comemorações oficiais dos 200 anos de implantação da imprensa (e por extensão) dos meios de
comunicação Brasil é para a Universidade Federal Fluminense motivo de orgulho.
Ao realizar nas dependências da UFF e do Instituto de Arte e Comunicação Social esse Congresso
marcamos também o início institucional da Rede Nacional de Pesquisadores da História da Mídia
(REDEALCAR) que reúne pesquisadores de dezenas de instituições brasileiras e estrangeiras, com o objetivo
de realizar pesquisas integradas e de ponta envolvendo a historicidade dos meios de comunicação.
O VI Congresso Nacional de História da Mídia é assim, ao mesmo tempo, ponto de chegada e ponto
de partida no que diz respeito à importância das pesquisas históricas em torno da questão comunicacional.
Ponto de chegada, pois esta data coroa o movimento de dezenas de pesquisadores que, desde 2001,
prepararam ações no sentido de resgatar a história da mídia brasileira no momento em que completasse o
bicentenário de sua implantação no país. E, ponto de partida, porque a partir da agora – institucionalmente
– a Rede de Pesquisadores de História da Comunicação terá um longo percurso na busca da consolidação
das pesquisas históricas em comunicação.
Só nos resta, como palavras finais, convidar a todos para participar dessa jornada científica de
importância para os estudos de comunicação no país.
Marialva Barbosa (UFF)
PROGRAMAÇÃO GERAL
13/05/2008 – 8:30 às 9:30
Local: Auditório Florestan Fernandes – Faculdade de Educação – térreo – Campus do Gragoatá – Niterói - RJ
Solenidade de Abertura
13/05/2008 – 9:30 às 11:00
Local: Auditório Florestan Fernandes – Faculdade de Educação – térreo – Campus do Gragoatá – Niterói - RJ
Conferência Inaugural
Tema: História e Mídia – relações, convergências e distanciamentos
Conferencista: Jean-Yves MOLLIER (Diretor do Centre d’histoire culturelle des sociétés
contemporaines Université de Versailles)
13/05/2008 - 14 às 16 horas
Local: Auditório Florestan Fernandes – Faculdade de Educação – térreo – Campus do Gragoatá – Niterói - RJ
Mesa I
HISTORIOGRAFIA IBERO- AMERICANA: CENÁRIOS TEÓRICOS- M ETODOLÓGICOS
Palestrantes: Juan Garguverich (Peru); Celia del Palacio (México); Mirta Varela (Argentina)
Mediação: Ana Paula Goulart Ribeiro (Brasil)
13/05/2008 - 16:30 às 18: 30 horas
Local: Auditório Florestan Fernandes – Faculdade de Educação – térreo – Campus do Gragoatá – Niterói - RJ
Mesa II
COLÓQUIO MÍDIA E HISTÓRIA: TENDÊNCIAS FUTURAS
Palestrantes: Ana Maria Mauad (UFF); Ana Paula Goulart Ribeiro (UFRJ); Sônia Virgínia
Moreira (UERJ); Lúcia Maria Alves Ferreira (UNIRIO)
Mediação: Ana Lúcia Silva Enne (UFF)
14/05/2008 - 8:30 às 10:30 horas
Local: Auditório Florestan Fernandes – Faculdade de Educação – térreo – Campus do Gragoatá – Niterói - RJ
Mesa III
HISTORIOGRAFIA LUSO- BRASILEIRA: INFLUÊNCIAS E CONFLUÊNCIAS
Palestrantes: Jorge Pedro Sousa (Universidade Fernando Pessoa – Portugal); Luís Humberto
Marcos (Museu da Imprensa - Portugal); Humberto Machado (UFF – Brasil)
Mediação: Aníbal Bragança (UFF)
14/05/2008 - 10:30 às 12:30 horas
Local: Auditório Florestan Fernandes – Faculdade de Educação – térreo – Campus do Gragoatá – Niterói - RJ
Mesa IV
MÍDIA E HISTÓRIA: ESTUDOS PRECURSORES
Palestrantes: Ester Bertoletti (Projeto Resgate - MINC); José Marques de Melo
(UMESP/Cátedra Unesco); Alzira Abreu (FGV/CPDOC)
Mediação: Marialva Barbosa (UFF)
14/05/2008 – 18 horas
Ple ná r ia de Const it uiçã o da Associa çã o N a ciona l de Pe squisa dor e s de H ist ór ia da Com u nica çã o REDEALCAR
Lançamento de Livros dos Congressistas
Local: Auditório do PPGCOM – Rua Tiradentes, 148
15/05/2008 – 8:30 às 10:30
Local: Auditório Florestan Fernandes – Faculdade de Educação – térreo – Campus do Gragoatá – Niterói - RJ
Mesa V
CINEMA: ENTRE A FICÇÃO E A HISTÓRIA
Palestrantes: João Luiz Vieira (UFF); Vera Lúcia Follain de Figueiredo (PUC-Rio); Mariana
Baltar (UFF); Ivan Cappeler (UFF)
Mediação: Liliane Heynemann (UFF)
15/05/2008 – 8:30 às 10:30
Local: Auditório do PPGCOM – Rua Tiradentes, 148 – Ingá - Niterói
Colóquio Adolfo Bloch: Cem anos
Coordenação: Ana Bentes Bloch
Palestrantes: Felipe Pena (UFF); Carlos Heitor Cony e Ana Bentes Bloch
Mediação: Felipe Pena
15/05/2008 –10:30 às 12:30
Local: Auditório do PPGCOM – Rua Tiradentes, 148 – Ingá - Niterói
Colóquio Nelson Werneck Sodré e os Estudos Históricos
Coordenação: Luitgarde Barros (UERJ)
Palestrantes: José Marques de Melo (UMESP / Cátedra UNESCO); Marly Vianna (UNIVERSO);
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros (UERJ )
Mediação: Esther Bertoletti (Projeto Resgate- MINC )
15/05/2008 - 8:00 às 12:00 horas
Local: Instituto de Artes e Comunicação Social – IACS – Rua Lara Vilela, 126 – São Domingos - Niterói
Reunião dos Gts
Intervalo
14:00 às 18:30
Reunião dos Gts
16/05/2008 – 8:30 às 12:30
Local: Instituto de Artes e Comunicação Social – IACS – Rua Lara Vilela, 126 – São Domingos - Niterói
Reunião dos Gts
16/05/2008 - 14 às 18:30 horas
Local: Instituto de Artes e Comunicação Social – IACS – Rua Lara Vilela, 126 – São Domingos - Niterói
Reunião dos Gts
19:00 Plenária de Encerramento do Congresso
Local: Auditório do PPGCOM – UFF – Rua Tiradentes, 148 – Ingá – Niterói.
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
História e Mídia – relações, convergências e distanciamentos
Medias et Histoire en France dans la construction de la nation
Resumo:
En proposant une réflexion sur le rôle des médias dans l’histoire de la France, on voudrait
souligner l’importance de la presse dans la construction d’une nation. Des premiers pamphlets et libelles qui
accompagnent la « Fronde », dans la jeunesse de Louis XIV au prodigieux essor de la presse au moment au
moment de la Révolution de 1789, une première étape est franchie qui voit les médias participer activement
à la construction d’une nation désormais affranchie de la monarchie. Avec la participation des journalistes
les plus en vue aux révolutions de 1830 et de 1848, la presse continue à jouer un rôle majeur dans l’histoire
mouvementée du pays et de l’Europe du « printemps des peuples ». Toutefois, à la fin du XIXe siècle et
pendant la Première Guerre mondiale, les liens étroits tissés avec le pouvoir et le monde des affaires
amènent les médias nationaux à abandonner en partie leur mission d’information, ce qui suscite des
critiques violentes de l’opinion, les plus graves consistant à accuser la presse d’être devenue vénale lors du
scandale de Panama (1893) et d’avoir « bourré le crâne » des soldats pendant la Guerre de 1914-1918. On
trouve dans le développement de cette dernière thématique une bonne partie des arguments qui serviront,
au moment des deux guerres du Golfe, à la fin du XXe siècle, à stigmatiser l’attitude des journaux
« embarqués » dans les fourgons de l’armée américaine et incapables de ce fait d’informer convenablement
l’homme de la rue. C’est donc à une réflexion de type universel que l’on voudrait s’attacher ici à travers le
cas particulier du pays qui se voulut, en 1789-1792, la patrie des Droits de l’Homme et du Citoyen.
Conferencista : Jean- Yves MOLLIER
Professor de História Contemporânea da Universidade de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines.
Diretor da Ecolle Doctorale COL (Cultures, Organisations, Législations).
Doutor do Centre d'histoire culturelle des sociétés contemporaines. Doutor em Letras e Ciências Humanas
(doctorat d'Etat em História), sob orientação de Maurice Agulhon (1986).
Membro de diversas sociedades científicas (é vice-presidente da Société des Etudes romantiques et dixneuvièmistes e da Association pour le développement de l'histoire culturelle, além de membro do conselho
científico da UVSQ e do IMEC) e do comitê redacional de diversas revistas científicas (Traverses, Revue
d'histoire du 19 e siècle, Romatique, Histoire et civilisation du livre).
Publicou dezenas de livros, entre eles La lect ure et les publics à l'époque cont em poraine. Essais d'hist oire
culturelle (Paris: PUF, 2001), Le Cam elot et la rue. Polit ique et dém ocrat ie au t ournant des XI Xe et XX
siècles (Paris, Fayard, 2004). Organizou diversas obras, entre elas Usages de l'image au XIXe siècle, Culture
de m asse et cult ure m édiat ique em Europe et dans les Am ériques 1860- 1940 e La censure de l'im prim é.
Belgique, France, Québec et Suisse romande. XIXe et XX e siècles, entre dezenas de outros.
MESA I - HISTORIOGRAFIA IBERO- AMERICANA: CENÁRIOS TEÓRICOS- METODOLÓGICOS
Palestrantes: Juan Garguverich (Peru); Celia del Palacio (México); Mirta Varela (Argentina). Mediação: Ana
Paula Goulart Ribeiro (Brasil)
Histor ia de los m e dios e n Am é rica La t ina : e nt re m ode r nida de s pe rifé rica s y fut ur os pa r a la
memoria.
Mirta Varela (Universidad de Buenos Aires / CONICET)
Resumo: El interés por los medios de comunicación en América Latina lleva implícita la pregunta por la
especificidad de una zona de la cultura en permanente tensión hacia la mundialización. En otras palabras,
¿existe un debate específicamente latinoamericano sobre los medios de comunicación? ¿Qué lugar puede
ocupar la historia de los medios de comunicación modernos en América Latina? La contraposición entre
tradición y modernidad ha sido un tópico central del debate cultural latinoamericano del siglo veinte,
revisitado desde la posmodernidad. Me pregunto qué sentido adquiere la historia de los medios de
comunicación en países con estas características. Resulta difícil imaginar un historiador que coloque la
historia de los media en América Latina o África en el lugar más destacado de una “historia mundial”. Por el
contrario, si esa “historia mundial” existiera, pareciera dominada por los países que “inventan” las técnicas y
las incorporan en su sociedad por primera vez. Paradójicamente, se trata de continentes donde el peso
social de los medios –frente a otras formas de consumo cultural- es enorme. Podría calificarse, inclusive, de
desproporcionado. En contextos de pobreza y de inexistencia o debilidad de las políticas de Estado en el
ámbito de la educación y la cultura, los medios de comunicación han ocupado roles diversos y han sustituido
el vacío de las instituciones políticas. Han servido a la homogeneización de la lengua nacional, han
introducido hábitos urbanos en poblaciones rurales, han difundido modelos sociales y formas de distinción
diversa. Sin embargo, cabe preguntarse si es posible considerar la importancia de los medios de
comunicación en América Latina sólo a partir del peso social que los mismos poseen. ¿No estaríamos
reproduciendo -desde la interpretación- la vieja dicotomía entre países productores de mensajes y países
receptores? ¿No vale la pena preocuparse, acaso, por lo que estos países producen e imaginan a través de
sus media? Los medios de comunicación, nacidos bajo el impulso de la modernización y el progreso, son
parte constitutiva de un mundo contemporáneo volcado a la memoria. ¿Cómo pensar la especificidad
latinoamericana en este “nuevo” contexto?
M irt a Va r e la é Professora Titular da cátedra de História dos Meios na Faculdade de Ciências Sociais da
Universidade de Buenos Aires e pesquisadora do CONICET (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y
Técnicas) no Instituto de Investigaciones Gino Germani da mesma Universidade. É Doutora em Letras pela
Faculdade de Filosofia e Letras, UBA. Realizou pesquisas na Universidade de Paris 8 e atualmente
desenvolve um projeto sobre a transformação histórica as imagens das massas nos meios de comunicação
no Instituto Latinoamericano da Universidade Livre de Berlim, com bolsa da Fundação Alexander von
Humboldt. Entre suas publicações estão os seguintes livros: La t elevisión criolla. Desde sus inicios hast a la
llegada del hom bre a la Luna 1951- 1969, ( EDHASA, 2005); Audiencias, cult ura y poder. Est udios sobre
televisión. (EUDEBA, 1999, en colaboración con Alejandro Grimson); Los hom bres ilust res del Billiken.
Héroes en los medios y en la escuela. (Colihue, 1994).
Historia de la prensa en las regiones de México, 1795- 1950
Celia del Palacio (Universidad Guadalajara – México)
Resumo: En ella, se hablará de los acercamientos teóricos y metodológicos que se han hecho en fechas
recientes para el estudio de la prensa y el periodismo en México, no sólo desde la capital del país, sino
atendiendo a las diferencias regionales. Así mismo, se hará un breve recorrido en torno a estas diferencias
regionales, no sólo en contenidos, sino en los desfases en cuanto a procesos de modernización y formatos,
así como los periódicos y su relación con el poder.
Ce lia de l Pa la cio é doutora em História pela Universidade Nacional Autónoma do México. Membro
do Sistema Nacional de Investigadores e Presidente da Rede de Historiadores de la Prensa em Iberoamérica.
Coordenadora do Projeto Historia Comparativa de la Prensa Regional em México, 1792-1950. Professora da
Universidade de Guadalajara desde 1983. Autora de seis livros sobre história da imprensa nas regiões do
México, dos quais citamos: La prim era generación rom ánt ica de Guadalaj ara. La falange de Est udio
(Universidade de Guadalajara, 1993), De Taller Ar t esanal a Periódico I ndust rial. La gacet a de Guadalaj ara
(Universidade de Guadalajara, 1994), La Disput a por las Conciencias. Los inicios de la prensa em
Guadalajara (Universidade de Guadalajara, 2001). Coordenou a organização de diversas obras, entre elas,
La prensa com o fuent e para la hist oria (CONACYT, 2006), Cult ura, com unicación y polít ica (2001), Historia
de la Pr ensa em I beroam érica ( Alt ext o, 2000) . Conferencista em diversos congressos internacionais e
professora convidada de várias universidades mexicanas e internacionais.
Los periodistas hicieron el periodismo
Juan Garguverich (PUC- Peru)
Resumo: El interés de los historiadores y de los científicos sociales por los medios de información y
comunicación está rindiendo valiosos frutos en la exploración de la historia de los medios. Tenemos así
mejores relatos de fundaciones, influencia, de los medios en coyunturas y contextos determinados,
avanzándose hacia la necesaria interdisciplinariedad. Pero quedan pendientes los trabajos sobre las
biografías de los periodistas que hicieron posible tales medios. Proponemos, por tanto, que se sistematice
las historias personales de los profesionales del periodismo para añadirlas luego a las historias ya
trabajadas. Solo así será posible una plena comprensión del importante evento que significa la fundación de
un medio de comunicación.
Jua n Ga r gu ve r ich é Professor da PUC do Peru é o mais importante historiador de jornalismo
daquele país. Foi diretor da Escola de Comunicação da Universidad de San Marcos, coordenador da
Especialidad de Periodismo da Facultad de Ciencias y Artes de la Comunicación da Pontifícia Universidad
Católica del Peru. É vice-presidente para América Latina do Consejo de Formación Profesional de la
Organización Internacional de Periodistas. Possui diversos livros publicados, entre eles: Mario Vargas Llosa.
Report ero a los quince anos (PUCP, Lima, 2005). Ult im a Hora. Fundación de un periódico pupular (La Voz
Ediciones, Lima, 2005), La prensa sensacionalist a em el Perú (Fondo Editorial PUCP, 2002), Hist oria de la
prensa peruana 1954- 1990 (La Voz Ediciones, Lima, 1991), entre outros.
MESA II - COLÓQUIO MÍDIA E HISTÓRIA: TENDÊNCIAS FUTURAS
Palestrantes: Ana Maria Mauad (UFF); Ana Paula Goulart Ribeiro (UFRJ); Sônia Virgínia Moreira (UERJ);
Lúcia Maria Alves Ferreira (UNIRIO). Mediação: Ana Lúcia Silva Enne (UFF)
Memórias do Contemporâneo: fotografia, intertextualidade e os tempos da história.
Ana Maria Mauad (UFF- PPGH)
Resumo: Discute-se neste trabalho a relação entre prática fotográfica contemporânea e os tempos
históricos nela inscritos. Opera-se, nesta reflexão, com dois referenciais intertextuais: o primeiro avalia a
experiência contemporânea de registrar fatos e de narrar acontecimentos públicos ou privados, através da
fotografia de imprensa; o segundo toma como apoio o relato da experiência de fotógrafos atuantes na
imprensa brasileira de meados do século XX em diante.
Busca-se caracterizar, pelo entrecruzamento de fontes orais e fotográficas, a dimensão visual do regime de
historicidade elaborado pela cultura da mídia, conformada desde então. Enfatizam-se, na análise, as formas
de representar os tempos da história através da associação entre acontecimento, narrativa e memória.
Ana M a r ia M a ua d, doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense, com pósdoutorado no Museu Paulista da USP. Atualmente é professora do Departamento de História, do Programa
de Pós-Graduação em História e pesquisadora do Laboratório de História Oral e Imagem da UFF, desde 1992
e do CNPq desde 1996. Dedica-se ao ensino de teoria e metodologia da história e é autora de vários artigos
e capítulos de livros sobre temas ligados à História da cultura e História e Imagem, especialmente
fotografia.
A história da imprensa no Brasil: um balanço teórico e metodológico
Ana Paula Goulart Ribeiro (UFRJ)
Resumo: O ano de 2008 é especial para os pesquisadores da história da mídia no Brasil. As comemorações
do bicentenário da imprensa no país estimulam o desenvolvimento de novos trabalhos na área e dão aos já
existentes grande visibilidade. Mas o maior ganho desse aniversário, para os historiadores da comunicação,
talvez seja o fato de criar a oportunidade para o aprofundamento dos debates em torno das questões
teóricas e metodológicas.
O número de trabalhos com enfoque na dimensão histórica da comunicação tem crescido muito nos últimos
anos. Mas o movimento de sistematização e institucionalização desse campo de investigação ainda é fraco, e
o crescimento da pesquisa não tem correspondido a um amadurecimento das reflexões. Este trabalho
pretende apresentar um panorama das pesquisas sobre história da imprensa brasileira e fazer um balanço
dos principais desafios e impasses que os investigadores enfrentam tanto em termos de teoria, quanto de
metodologia de pesquisa.
Ana Pa ula Gou la r t Ribe ir o é Doutora (2000) em Comunicação e Cultura na Universidade Federal
do Rio de Janeiro. É professora adjunta da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, onde coordena o curso de jornalismo. Faz parte do corpo docente do Programa de Pós-graduação
em Comunicação e é editora da revista "ECO-PÓS". Foi responsável pela redação do livro "Jornal Nacional: a
notícia faz história" e é autora do livro "Imprensa e história no Rio de Janeiro dos anos 50". Atualmente
desenvolve pesquisa intitulada A imprensa carioca nos anos 1960-70: modernização e concentração e
coordena o projeto Memória do Jornalismo Brasileiro
O resgate da história e o registro das tendências do rádio na mídia impressa e em livros
Sonia Virgínia Moreira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Resumo: A pesquisa sobre o rádio atravessa, no Brasil, um momento especial. É objeto de investigação de
um crescente grupo de pesquisadores da comunicação e de outras áreas de conhecimento, como engenharia
e telecomunicações. Arquivos sonoros de emissoras também servem como referência sobre períodos da
história nacional a partir da metade do século XX. Como meio integrado ao cotidiano dos brasileiros há
quase sete décadas (considerando a popularização do receptor com o advento do transistor), o rádio instiga
agora a produção de análises sobre o seu futuro digital.
Aqui se considera como a consulta recorrente a jornais, revistas e também a livros autobiográficos é
estimulante para os pesquisadores de rádio. A mídia impressa registra na seqüência de notícias aqueles
dados que, reunidos, contribuem para o entendimento do contexto em que o meio se desenvolve. E os livros
autobiográficos porque narram experiências únicas e particulares, baseadas em experiências reais, ainda
que muitas vezes afetadas pela memória e pelo envolvimento pessoal com fatos e personagens integrantes
da própria narrativa.
Sonia Vir gínia M ore ir a é jornalista, mestre em jornalismo pela Universidade do Colorado (Boulder,
EUA) e doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. É professora dos cursos de
graduação e de mestrado da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ). Foi presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom
(2002-2005), na qual agora é diretora de relações internacionais (2005-2008). Na área editorial foi chefe de
redação da Revist a de Com unicação (1990-1995) e editora da publicação científica Revist a Brasileira de
Ciências da Com unicação, editada pela Intercom (entre 1999-2002 e em 2005). Pesquisadora na área de
radiodifusão, com ênfase em rádio, Brasil, tecnologias e leis, tem vários livros, capítulos e artigos publicados
sobre o tema. Desde 2005 dedica-se também ao estudo do campo da comunicação internacional no contexto
da sociedade do conhecimento.
Discursivizando a história do presente na imprensa, um estudo de caso
Lucia M. A. Ferreira (UNIRIO)
Resumo: Na discursivização dos acontecimentos do cotidiano nas páginas dos jornais, apagam-se para o
leitor os mecanismos e processos que autorizam os meios de comunicação a agendar os temas sobre os
quais podemos e devemos pensar sem que se deixem perceber os elementos que conferem ao discurso
jornalístico sua eficácia simbólica. Nas hierarquizações, acomodações e deslocamentos de sentido que se
inscrevem na materialidade da linguagem vão sendo construídas nas páginas dos periódicos, sustentadas
pelos mitos da objetividade da notícia e da transparência da linguagem, representações do cotidiano que se
estabilizam no imaginário social e que, muitas vezes, conferem aos acontecimentos a condição de
acontecimento histórico e memorável. Essas representações dão visibilidade aos acontecimentos e à
experiência social ao mesmo tempo em que direcionam os modos de compreendê-los, significá-los e lembrálos no futuro, funcionando, portanto, em diferentes dimensões temporais simultaneamente. Nesta
apresentação, no intuito de melhor compreender os processos discursivos que sustentam alguns desses
efeitos de sentido suscitados pelas narrativas jornalísticas, examino a discursivização de um acontecimento
histórico recente, a libertação dos reféns colombianos, em diferentes materialidades significantes: a mídia
impressa e a mídia eletrônica
Lúcia M a ria Alve s Fe r re ir a é Doutora em Lingüística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(2000). Atualmente é professora adjunto IV da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-UNIRIO,
onde atua como docente na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Memória Social. Tem
experiência docente e em pesquisa nas áreas de Análise do Discurso, Lingüística Aplicada e Funcionalismo.
Mais recentemente, dedica-se a pesquisar, de uma perspectiva interdisciplinar, a relação entre o discurso e
a memória social, atuando principalmente nos seguintes temas: discurso jornalístico e outras práticas
discursivas midiáticas; representação feminina na imprensa. Coordena o projeto Representações nos
Discursos Midiáticos, orientando graduandos e pós-graduandos (mestrado e doutorado) com subprojetos
vinculados.
MESA III - HISTORIOGRAFIA LUSO- BRASILEIRA: INFLUÊNCIAS E CONFLUÊNCIAS
Palestrantes: Jorge Pedro Sousa (Universidade Fernando Pessoa – Portugal); Luís Humberto Marcos (Museu
da Imprensa - Portugal); Humberto Machado (UFF – Brasil). Mediação: Aníbal Bragança (UFF)
Pa ra u m a hist or iogr a fia da h ist or iogr a fia por t ugue sa do j orna lism o: livros pione ir os sobr e
hist ór ia do j or na lism o publica dos por a ut or e s por t ugue se s e m Port u ga l a t é à Re voluçã o de Abr il
de 1974.
Jor ge Pe dr o Sousa (Universidade Fernando Pessoa, Portugal; Centro de Investigação Media e Jornalismo,
Lisboa, Portugal)
Resumo: Este trabalho, baseado em pesquisa bibliográfica e em análise documental descritiva, apresenta,
sinteticamente, as obras pioneiras dedicadas à história do jornalismo publicadas em Portugal por autores
portugueses até à Revolução de 25 de Abril de 1974. Foi objectivo do autor resgatar para a memória
colectiva obras ensombradas pela marcha do tempo, dando conta, simultaneamente, dos assuntos nelas
abordados e das suas eventuais peculiaridades discursivas. Mostra-se que as histórias do jornalismo em
Portugal, começadas a publicar, como noutros países, no século XIX e princípios do século XX, se dividiram
por várias categorias, nomeadamente: histórias biográficas (26%); histórias do jornalismo regional e local
(18%); histórias do jornalismo português (15%); e histórias do jornalismo colonial (13%). Conclui-se, face
a esses dados, que os historiadores portugueses do jornalismo elegeram por objecto de estudo as
personagens ou os objectos que lhes estavam próximos e era acessíveis. O autor considera que entre as
obras mais relevantes, duas delas merecem particular atenção: Elem ent os para a Hist ória da I m prensa
Periódica Port uguesa, de Alfredo da Cunha (1941), obra assinalável pelo seu pioneirismo e por avançar com
dados factuais amplamente citados, por vezes ocultando a origem, em obras posteriores; e Hist ória da
I m prensa Periódica Port uguesa, de José Manuel Tengarrinha (1965, reeditada em 1989), obra que ainda
hoje é a mais representativa da historiografia portuguesa sobre jornalismo, sendo uma das que representa,
em Portugal, o abandono das teses da historiografia positivista nascidas no século XIX em favor de uma
concepção mais complexa e multidimensional da História.
Jor ge Pe dr o SOUSA é professor associado da Universidade Fernando Pessoa (Porto, Portugal)
desde 1997. Obteve o doutoramento em Ciências da Informação, em 1997, na Universidade de Santiago de
Compostela (Espanha), sob orientação da Prof.ª Doutora Margarita Ledo Andión, e concluiu pesquisa pósdoutoral em 2000, na mesma Universidade, sob orientação do Prof. Doutor Xosé López García. Lecciona e
investiga na área das Ciências da Comunicação, em especial nas áreas de teoria e história do jornalismo e
análise do discurso jornalístico impresso. Lecionou em várias universidades e estabelecimentos de ensino
superior portugueses, brasileiros e espanhóis. Organizou ou co-organizou dez reuniões científicas
internacionais e várias conferências e palestras. Publicou, como autor, co-autor, organizador ou coorganizador, 27 livros sobre comunicação e jornalismo, em Portugal, Espanha e Brasil, entre os quais,
publicados nos últimos cinco anos, se contabilizam os seguintes: Elem ent os de Teoria e Pesquisa da
Com unicação e dos Media, Porto, Portugal: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2003, com 2ª edição
revista e ampliada, 2006; Técnicas Jornalíst icas nos Meios Elect rónicos: Princípios de Radioj ornalism o,
Telej ornalism o e Jornalism o On- Line, Porto, Portugal: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2003; Una
Hist oria Crít ica del Fot operiodism o Occident al, Sevilla, Espanha: Comunicación Social Ediciones y
Publicaciones, 2003; Planificando a Com unicação em Relações Públicas, Florianópolis, Brasil: Letras
Contemporâneas, 2004; Introdução à Análise do Discurso Jornalístico Impresso:Um Guia para Estudantes de
Graduação, Florianópolis, Brasil: Letras Contemporâneas, 2004; Elem ent os de Teoria e Pesquisa da
Com unicação e da Mídia, Florianópolis, Brasil: Letras Contemporâneas, 2004; Fot oj ornalism o. I nt rodução à
Hist ória, às Técnicas e à Linguagem da Fot ografia na I m prensa, Florianópolis, Brasil: Letras
Contemporâneas, 2004; Forças por Trás da Câm ara. Um a Perspect iva Sobre a Hist ória do Fot oj ornalism o
das Origens at é ao Final do Século XX. Coimbra, Portugal: Minerva, 2005; Elem ent os de Jornalism o
Impresso, Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2005; A Génese do Jornalism o Lusófono e as Relações de
Manuel Severim de Faria, Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2007.
Imprensa, intelectuais e abolicionismo no Rio de Janeiro
Humberto Machado Fernandes (Departamento de História- Universidade Federal Fluminense)
Resumo: A imprensa surgiu, no Brasil, com a transferência da Corte Portuguesa, em 1808, com a
publicação da Gazeta do Rio de Janeiro. As tentativas anteriores de criação de tipografias haviam sido
abortadas pelo governo metropolitano, que restringia na Colônia a circulação de impressos e livros. Após a
emancipação política, a publicação de periódicos nos núcleos urbanos se intensificou, mas somente a partir
do final da década de 1870 ocorreu a formação de uma imprensa atuante, com destaque especial para o Rio
de Janeiro, sede da Corte. Os jornais abordavam temas vinculados à história da cidade e destacavam as
grandes questões do cenário nacional, entre as quais a escravidão e a abolição. Através de suas páginas, as
elites tomavam contato com as "novidades do século", originárias da Europa, e com os textos de José do
Patrocínio, eminente jornalista, e Joaquim Nabuco, destacado parlamentar, ambos baluartes da luta
antiescravista. Os escritos dos dois buscavam salientar como a escravidão impedia o país de ingressar no
patamar dos países civilizados, pautados pelo progresso.
H um be r t o M a ch a do Fe rna nde s é Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (1991).
Atualmente é professor associado I da Universidade Federal Fluminense (Departamento de História). Tem
experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil Império, atuando principalmente nos
seguintes temas: rio de janeiro, abolicionismo, imprensa, estado imperial e escravidão.
Mesa IV - MÍDIA E HISTÓRIA: ESTUDOS PRECURSORES
Palestrantes: Esther Caldas Bertoletti (Projeto Resgate - MINC); José Marques de Melo (UMESP/Cátedra
Unesco); Alzira Abreu (FGV/CPDOC)
Mediação: Marialva Barbosa (UFF)
O resgate das coleções dos periódicos: preservação e acesso
Esther Caldas Bertoletti
Resumo: Em meados dos anos 70 teve início um grande projeto nacional sistêmico de preservação das
coleções de periódicos envolvendo praticamente todas as instituições públicas e privadas que possuíam em
seu acervo coleções de periódicos, notadamente jornais. O PLANO NACIONAL DE MICROFILMAGEM DE
PERIÓDICOS BRASILEIROS, criado sob os auspícios do GRUPO DE DOCUMENTAÇÃO EM CIÊNCIAS
SOCIAIS/GDCS, contou à época com um substancial financiamento da Fundação Ford e obteve durante
muitos anos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação /FNDE, do MEC, o que permitiu a
instalação de projetos de resgate de inúmeras coleções. Diversas coleções muito deterioradas em seu
formato original podem ser ,hoje, consultadas em formato microfílmico e já mais modernamente em cd-rom.
O uso dos jornais e das revistas como fonte de pesquisa tem aumentado consideravelmente ao longo dos
anos e está a exigir a criação de uma política pública de salvaguarda e acesso das coleções, criação de
hemerotecas e cuidados especiais na complementação das coleções, inclusive através de um depósito legal,
ampliado e reforçado pela Lei de Imprensa.
Est he r Ca lda s Be rt ole t t i é jornalista (PUC/RJ-1964), advogada (Fac.Direito/UFRJ-1965), e possui
doutorado em Direito Publico e cursos de pós graduação no exterior. Sócia titular do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro/IHGB e correspondente de diversos Institutos Históricos Estaduais. Implantou e
coordenou o PLANO NACIONAL DE MICROFILMAGEM DE PERIÓDICOS BRASILEIROS, através da Fundação
Casa de Rui Barbosa e da Fundação Biblioteca Nacional, desde as suas origens até 1990. Coordena, desde o
início dos anos 90, o PROJETO RESGATE DE DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA EXISTENTE NO EXTERIOR "BARÃO
DO RIO BRANCO", do Ministério da Cultura, que identifica, organiza, prepara resumos, microfilma e digitaliza
os documentos sobre a história do Brasil Colônia e Império existentes em arquivos e bibliotecas no exterior,
com a publicação de CATÁLOGOS e GUIAS DE FONTES.
Estudos Jornalísticos Brasileiros: o Pensamento Emancipatório
José Marques de Melo
Resumo: Se o Brasil teve uma imprensa tardia, o pensamento jornalístico mostrou-se precoce. As primeiras
reflexões sobre a informação de atualidades são contemporâneas dos primeiros jornais. Esta comunicação
analisa a primeira etapa dos estudos jornalísticos brasileiros, mapeando o pensamento emancipatório,
quando se dá ruptura com a tradição lusitana e a emergência da identidade nacional. São focalizados os
pensadores emblemáticos da fase embrionária e do momento precursor.
José M a r qu e s de M e lo é jornalista, professor universitário, pesquisador científico e consultor
acadêmico. Docente-fundador da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP),
instituição em que obteve os títulos de doutor em Ciências da Comunicação, livre-docente, professoradjunto e professor catedrático de Jornalismo. Atuou como pesquisador/professor visitante e proferiu
conferências em várias universidades estrangeiras. Atualmente é docente do Programa de Pós-Graduação
em Comunicação Social da UMESP, sendo titular da Cátedra Unesco de Comunicação para o
Desenvolvimento Regional. Fundou e preside a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação – INTERCOM e a Rede Alfredo de Carvalho de História da Mídia. É autor de inúmeros livros,
dos quais os mais recentes são: História do Pensamento Comunicacional (Paulus, 2003), História Social da
Imprensa (EdiPUCRS, 2003), Jornalismo Brasileiro (Sulina, 2003), A esfinge midiática (Paulus, 2004),
Midiologia para iniciantes (EDUCS, 2005), Comunicação Eclesial (Paulinas, 2005), Teoria do Jornalismo
(Paulus, 2006), Mídia e Cultura Popular (Paulus, 2008).
As “Cartas Falsas” e o jornalismo brasileiro dos anos 1920
Alzira Alves de Abreu (CPDOC/FGV)
Resumo: Em outubro de 1921 o jornal Correio da Manhã publicou duas cartas supostamente escritas por
Artur Bernardes, candidato à presidência da República. Na primeira é questionada a integridade moral das
forças armadas e na segunda aparecem ofensas graves ao outro candidato, seu opositor, Nilo Peçanha. A
partir da divulgação das cartas todo o debate político nos jornais, na Câmara, no Senado, entre os
militares, juristas, passou a girar sobre o conteúdo e a veracidade ou não das cartas.
Examinar o papel que a imprensa exerceu nesse acontecimento, nos permitirá entender algumas
das características que marcaram a atuação dos jornais nos anos 1920 e as mudanças que eles sofreram
ao longo das décadas seguintes. As “cartas falsas” foram instrumento de aglutinação de todas as forças
descontentes com a forma de fazer política. Tornou-se inicialmente uma bandeira eleitoral e em seguida
um discurso em favor da mudança do sistema político então vigente o que levou a Revolução de 1930.
Alzira Alves de Abreu é Doutora em Sociologia. Université de Paris V (René Descartes), Paris,
França. Pesquisadora do CPDOC da Fundação Getulio Vargas; Coordenadora do Dicionário HistóricoBiográfico Brasileiro pós-30. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002, 5 vol; Coordenadora do projeto de
pesquisa: Imprensa e Jornalistas; Autora dos livros: A Imprensa em Transição: O jornalismo nos anos
50. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getulio Vargas, 1996; Eles Mudaram a Imprensa. Rio de Janeiro:
Editora FGV, 2003; Elas Ocuparam as redações. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006; A Modernização da
imprensa (1970-2000). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2002; Uma Instituição Ausente nos
estudos de transição: a mídia brasileira. In A Democratização no Brasil. Atores e Contextos. Rio de
janeiro: FAPERJ/ Editora FGV, 2006
Mesa V - CINEMA: ENTRE A FICÇÃO E A HISTÓRIA
Palestrantes: Vera Lúcia Follain de Figueiredo (PUC-Rio); João Luiz Vieira (UFF); Mariana Baltar (UFF); Ivan
Cappeler (UFF). Mediação: Liliane Heynemann (UFF)
Mito e História na Ficção cinematográfica brasileira.
Vera Lúcia Follain de Figueiredo (PUC- Rio)
Resumo:`Os mitos românticos que deram sustentação à idéia de uma nação brasileira forneceram “um
cortejo de formas”, para usar a expressão de Sérgio Buarque de Holanda, através das quais se tem falado o
país. Extrapolando o âmbito literário, de onde foram lançados, criaram vida própria, impregnando os mais
variados tipos de discurso. Foram apropriados pelo poder político em diferentes momentos e relidos, ao
longo do tempo, pela própria literatura, pela música popular, pelo cinema, televisão e publicidade. No texto,
analisam-se releituras desses mitos, realizadas a partir dos anos 70 do século XX pela ficção
cinematográfica, assinalando o diálogo que estabelecem com outras artes e com o contexto histórico no qual
se inserem.
Ve r a Lúcia Folla in de Figue ir e do é doutora em Letras, pesquisadora do CNPq, professora
Associada do Departamento de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-Rio) e coordenadora da área de Letras, Artes e Comunicação da Fundação de Amparo á Pesquisa do
Rio de Janeiro (FAPERJ). É autora de: Os crimes do texto: Rubem Fonseca e a ficção contemporânea (UFMG,
2003) e Da profecia ao labirint o: im agens da hist ória na ficção lat ino- am ericana cont em porânea
(Imago/UERJ, 1994), além de diversos ensaios publicados em volumes coletivos e revistas especializadas
nacionais e estrangeiras. Organizou o livro Mídia e Educação (Gryphus, 1999) e participou da organização do
livro Comunicação, representação e práticas sociais (PUC/ Idéias e Letras, 2004).
Notícias de uma guerra particular: novas vozes e novos corpos no audiovisual brasileiro
João Luiz Vieira (Programa de Pós- Graduação em Comunicação da UFF)
Resumo: Incorporando imagens de arquivo feitas por um telejornal da extinta TV Manchete, o
documentário de João Moreira Salles e Kátia Lund Notícias de uma guerra particular (1999), entre outros
méritos e muita polêmica, inaugura um período de maior visibilidade (e inclusã o m idiá t ica ) para as
chamadas comunidades periféricas do Rio de Janeiro, segundo um estudo recente de Esther Hamburger.
Antecipando outra polêmica mais recente (Tropa de elit e, de José Padilha, 2007), o documentário de 1999
abriu espaço para confrontar e contrastar três pontos de vista conflitantes sobre a situação de violência e
barbárie dos tempos que correm—moradores, policiais e também traficantes. A pesquisa parte dos estudos
que investigam a retórica dos pontos-de-vista cinematográficos (point- of- view shot s) para compreender e
questionar a tradicional dicotomia entre ficção e documentário na relação que se estabelece a partir do jogo
de olhares e da incorporação da voz narrativa, entre esse documentário e outras obras cinematográficas
brasileiras e recentes.
Joã o Luiz V ieira é Doutor em Cinema Studies - NEW YORK UNIVERSITY (1984), com pósdoutoramento no Department of Film & Television Studies da Universidade de Warwick, Inglaterra.
Atualmente é Professor Associado nível I da Universidade Federal Fluminense e Coordenador do Programa
de Pós-Graduação em Comunicação da UFF. Membro do Conselho Científico (2005-2007) e do Conselho
Executivo da SOCINE - Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, do Centro de
Pesquisadores do Cinema Brasileiro, do Conselho Consultivo da Cinemateca Brasileira, da Associação de
Críticos de Cinema do Rio de Janeiro e da Society for Cinema and Media Studies. Autor de inúmeros ensaios
e livros, entre eles, Cinema Novo & Beyond (New York: The Museum of Modern Art, 1998) e Câmera-faca: o
cinema de Sérgio Bianchi (Portugal: Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, 2004).
A Narrativa Documental no amálgama entre educação, escrita da história e espetáculo
Mariana Baltar
Resumo: Esta palestra vai se dedicar a examinar o caso dos travelogues – os chamados filmes de viagem –
muito populares entre os anos 1910 e 1930, em especial no contexto norte-americano. Tais filmes ajudaram
a moldar a narrativa documentária, de um lado, reafirmando um certo lugar de legitimidade
educativo/científico, buscando um diálogo com a escrita da História. Por outro lado, eles também eram
atravessados por um desejo de espetáculo, mobilizado pelo fascínio da tecnologia e do exotismo.
O termo travelogue foi cunhado em 1903 por Burton Holmes, empreendedor da área de entretenimento que
viajava ministrando palestras ilustradas pelas mais variadas imagens, entre elas, fotografias e as então
recém captadas vistas audiovisuais. Na verdade, os eventos de Holmes, ou outros tanto que como ele,
construíram as rotas de circulação de imagens em movimento, incluíam diversos tipos de imagens e de
filmes. Como parte desse programa, constituindo o que era classificado como a porção de “entretenimento
educacional refinado” estava a exibição de pequenos filmes de temáticas variadas, que, em geral, traziam
cenas capturadas nas mais longínquas partes do mundo produzidas por cinegrafistas tais como os Irmãos
Lumière, pelos cineastas da Pathé e pela Edson Company.
Aos poucos, os travelogues vão se sofisticando, em relação à duração e montagem de suas imagens, e os
filmes passam a ser produzidos como parte das muitas expedições científicas financiadas por renomados
museus, como o Museu Americano de História Natural, em curso ao longo da década de 1920 e até início
dos anos 30. A narrativa desses filmes buscava inserir situações cômicas, de ação e de emoção, bem como
um certo suspense e, a despeito disso, traziam entre seus letreiros de abertura uma espécie de selo de
garantia que afirmava a participação e sanção do museu nas seguintes palavras: “Pesquisa, Exploração,
Educação, Exibição”. Acredito que o caso dos travelogues seja particularmente pertinente para refletir nas
relações de conexão, nem tão dicotômicas assim, entre os discursos legitimados socialmente como realidade
e os discursos amparados na noção de espetáculo e entretenimento.
Mariana Baltar é doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense onde desenvolveu
a tese Realidade Lacrim osa - diálogos ent re o universo do docum ent ário e a im aginação m elodram ática, em
que analisou uma parcela da produção de documentários brasileiros contemporâneos sob o ponto de vista
da constituição de seus personagens no diálogo crítico com a tradição inspirada no universo melodramático.
Sua dissertação de mestrado, também desenvolvida na Universidade Federal Fluminense, dedicou-se a
analisar documentários cujo tema se centravam no imaginário sobre o nordeste e o nordestino.
A Pá t in a do Film e . D a r e pr oduçã o cine m á t ica do t e m po à re pr e se nt a çã o cine m a t ogr á fica da
História
Ivan Capeller
RESUMO: Uma tentativa de sistematização das pesquisas de Marc Ferro sobre as relações do cinema com a
História. Os quatro níveis possíveis de leitura da historicidade de um filme, postulados por Ferro, são
analisados de acordo com o seu modo particular de inscrição do tempo na película, confrontando o caráter
documental que todo filme apresenta ao seu aspecto codificado de texto a ser interpretado. A tensão assim
estabelecida no filme entre o(s) seu(s) processo(s) (técnicos) de reprodução cinemática e o(s) seu(s)
código(s) (estéticos) de representação cinematográfica é pensada como um eixo para a reflexão
cinematográfica da (e sobre a) História que se projeta ao longo de toda a história do cinema como um traço
característico de sua mímesis – traço esse que possibilita o seu posterior rastreamento a partir dos
elementos auto-reflexivos que se inscrevem, ora como documento, ora como texto, na película, de forma
intencional ou não. Por fim, três filmes marcantes na história do cinema (O Hom em da Câm era, 1929, de
Dziga Vertov - Salvat ore Giuliano, 1961, de Francesco Rosi - O Hom em de Márm ore, 1976, de Andrzej
Wajda) são relidos de acordo com suas respectivas posições auto-reflexivas acerca das relações entre o
cinema e a História.
Ivan Cappeler é Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense.
COLÓQUIO NELSON WERNECK SODRÉ E OS ESTUDOS HISTÓRICOS
Palestrantes: José Marques de Melo (UMESP / Cátedra UNESCO); Marly Vianna (UNIVERSO); Luitgarde
Oliveira Cavalcanti Barros ( UERJ )
Mediação : Esther Bertoletti ( Projeto Resgate- MINC )
Coordenação: Luitgarde Barros (ICHF - UERJ)
A comunicação no legado histórico de Werneck Sodré: de fonte a objeto de pesquisa
José Marques de Melo
Resumo: Nelson Werneck Sodré legou à sociedade brasileira uma obra densa e polêmica no campo
historiográfico. Destaca-se, nessa fortuna crítica, a História da Imprensa no Brasil. No entanto, fazendo uma
revisão criteriosa da sua obra, pode-se observar o interesse permanente pelos processos sociais de
comunicação. Esta comunicação pretende regatar o itinerário werneckiano pelas sendas do universo
midiático, demonstrando que seu interesse pela comunicação de massa não se reduziu à condição de fonte
historiográfica, convertendo-se numa linha de pesquisa contínua, instigante e controversa.
Nelson Werneck Sodré, historiador e marxista
Marly de Almeida Gomes Vianna
Resumo: A reflexão que pretendo desenvolver na exposição será a respeito do pensamento histórico de
Nelson Werneck Sodré e, ao mesmo tempo, de sua visão de mundo. Pretendo buscar as ligações entre o
intelectual (autodidata)-militar (profissional), em quem as inquietações teóricas e o rigor científico
misturavam-se com a perspectiva nacionalista, cara aos militares democráticos, que vinham das tradições
tenentistas. Pretendo também ligar as posições de Werneck Sodré com as do Partido Comunista, procurando
entender as ligações que ocorreram entre um pensador independente – ao mesmo tempo ligado às posições
marxistas do PCB – o militante disciplinado do setor militar do PC.
Comunicação e Arte na perspectiva de Nelson Werneck Sodré
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros
Resumo: O ofício de escritor, para Nelson Werneck Sodré, é uma busca da essência da realidade, na análise
dos processos históricos que constituem o fazer humano nas intervenções sobre a natureza. Para esse autor
existe uma “ânsia humana pela perfeição”, da qual a arte é a expressão, sendo eterno o ideal estético em
suas múltiplas formas, e a devoção artística “uma forma de devoção ao homem”. O escritor, atingindo a
perfeição artística no domínio da palavra, tem na Comunicação o instrumento para levar a autenticidade, em
combate à alienação, a todas as pessoas, intervindo no devir social,
COLÓQUIO: ADOLPHO BLOCH – CEM ANOS
Palestrantes: Felipe Pena (PPGCOM – UFF), Carlos Heitor Cony e Ana Bentes Bloch
Mediação: Felipe Pena
Coordenação: Ana Bentes Bloch
Fractais biográficos de Adolpho Bloch
Felipe Pena – professor da UFF e autor da biografia de Adolpho Bloch
Resumo: A proposta desta conferência é apresentar as diversas construções da biografia de Bloch. Como
suporte teórico, o autor usa a teoria dos fractais e da complexidade, base epistemológica do livro que
escreveu sobre Adolpho em 2005.
Uma visão pessoal sobre Bloch.
Ana Bentes Bloch – esposa de Adolpho Bloch
Resumo: Nascido em 1908, na Ucrânia, Adolpho escapa durante a Revolução Russa e funda um império de
comunicações no Brasil. Sua esposa fala sobre as angústias, as dúvidas e os amigos de Adolpho, como
Jango, Brizola e, principalmente, JK, a quem ajudou durante todo o período da ditadura militar.
O jornalismo nas empresas Bloch.
Carlos Heitor Cony – escritor e membro da ABL
Resumo: Desde o lançamento da revista Manchete, em 1953, até a fundação da TV Manchete, 30 anos
depois, diversas outras publicações foram criadas por Adolpho e sua equipe de jornalistas, que contava com
nomes como Otto Lara Resende, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e o próprio Cony.
GRUPOS DE TRABALHOS
RESUMOS
GT 1 – JORNALISMO
Coordenação: Ana Paula Goulart Ribeiro (UFRJ) e Marco Antonio Roxo da Silva (UFRJ)
Acont e ce u n um ca r na va l: a lgum a s obse r va çõe s sobr e o m it o de orige m do j or na lism o br a sile ir o
moderno.
Afonso de Albuquerque (UFF)
Resumo: O relato dominante sobre o processo de modernização do jornalismo brasileiro a partir da década
de 1950 destaca o papel extraordinário desempenhado por um grupo de jornalistas que trabalhava no jornal
Diário Carioca, liderados por Pompeu de Souza, Danton Jobim e Luis Paulistano. Este trabalho sustenta que
este relato tem características que o configuram melhor como um mito de origem do que como uma
descrição historiográfica precisa. Os seus objetivos principais são os seguintes: 1) apontar as marcas que
caracterizam este relato como dotado de uma natureza mítica, tais como o fato de se referir a um ato
fundador situado em um tempo não histórico (o "início dos tempos"), levado a cabo por um conjunto de
agentes extraordinários ("só tinha 'cobra'") e dotado de valor exemplar em relação a todo jornalismo futuro;
2) caracterizar o relato como um recurso de legitimação de determinadas concepções de jornalismo (e dos
agentes a elas associados) em detrimento de outros; 3) identificar o relato como um guia para entender o
modo bastante particular como o modelo americano de jornalismo foi reinterpretado no Brasil. Em
particular, o trabalho sugere que este relato valoriza, na adaptação do modelo americano, a sua dimensão
literária: a modernidade do jornalismo brasileiro é associada, sobretudo, ao uso de novas fórmulas textuais,
tais como o uso do lead, da pirâmide invertida e de recursos de padronização do texto, bem como o manual
de redação e o "copidesque", em detrimento de outras dimensões, tais como a reportagem.
Outro retrato do Brasil: cultura e história na obra crítica de Otto Maria Carpeaux
Maurício Barreto Alvarez Parada (PUC- Rio)
Resumo: A proposição dessa comunicação é relatar o estado de uma pesquisa sobre a obra de Otto Maria
Carpeaux, intelectual, jornalista e crítico literário com atuação constante no campo intelectual brasileiro a
partir dos anos de 1940. Em 1939, em face do avanço das tropas hitleristas, Carpeaux abandonou a Europa
e veio para o Brasil. Em menos de um ano aprendeu a dominar o português, adotando o Brasil como seu
habitat intelectual, a ponto de se naturalizar em 1944. Foi no jornalismo que Carpeaux encontrou seu
ganha-pão regular e onde conquistou admiradores e amigos, de Aurélio Buarque de Holanda a Graciliano
Ramos, de Franklin de Oliveira a Álvaro Lins, de Antonio Callado a Alceu de Amoroso Lima e Carlos
Drummond de Andrade. Foi também na imprensa que se envolveu em algumas polêmicas e publicou boa
parte de seus artigos e ensaios. A obra de Otto Maria Carpeaux, mesmo que construída no universo irregular
da escrita jornalística, foi, sem dúvida, um importante elo entre duas gerações de críticos literários que
militaram na imprensa brasileira: os “amadores”, que sem formação específica, escreviam sobre literatura
nos suplementos literários dos jornais; e os “críticos profissionais” que surgem na década de 1950.
A emancipação da cidade de Novo Hamburgo e sua construção identitária no jornal “O 5 de Abril”
Cleber Cristiano Prodanov (FEEVALE)
Resumo: No presente trabalho pretendo partir de uma reflexão teórica sobre a análise da influência das
mídias na construção de identidades para propor uma investigação sobre um caso específico: a construção
de identidades em Novo Hamburgo, a partir das reportagens veiculadas no jornal “O 5 de abril”, o primeiro
jornal do município. O semanário teve participação no processo emancipatório da cidade, sendo fundado no
dia oficial da emancipação. São analisadas reportagens veiculadas entre os anos de 1927 e 1928, que
marcam o primeiro ano de veiculação do jornal, com enfoque nos assuntos que estão relacionados com a
construção e legitimação desta nova identidade novo-hamburguense.
Jornalismo e Pensamento Social Brasileiro: Euclides de Cunha como repórter.
BENEVIDES, Mário Henrique Castro (Universidade Federal do Ceará)
Resumo: Este trabalho envereda pela obra do escritor fluminense Euclides da Cunha (1866-1909),
buscando refletir sobre as relações entre o discurso jornalístico e a produção de uma interpretação tanto
literária como sociológica sobre o Brasil. Tal pesquisa dedica-se ao estudo das reportagens escritas pelo
autor no ano da Guerra de Canudos (1897), publicadas pelo jornal O Est ado de São Paulo, e se volta,
também, para uma análise comparativa entre este material e o texto de seu conhecido livro Os sert ões:
cam panha de Canudos, de 1902. Vasculhando o mundo de notícias onde o referido conflito era o tema –
compiladas pela pesquisadora Walnice Nogueira Galvão em 1972 – é possível compreender a importância do
acontecimento para a imprensa da época. Observando o posicionamento de Euclides como repórter-
correspondente (visível no curioso conjunto de matérias) e a estrutura de seus escritos, nos lançamos na
tentativa de entender como a experiência de observador e relator dos fatos da Guerra influenciou na
elaboração de uma das obras mais discutidas sobre a História do país, sobre o universo do sertão.
Uma semântica do futuro: visões do progresso nas narrativas jornalísticas
MATHEUS, Leticia Cantarela (UFF)
Resumo: Procura-se investigar neste artigo a experiência de futuro que regeu a elaboração de edições
comemorativas de aniversário dos periódicos centenários do Rio de Janeiro, em diferentes momentos da
história do jornalismo fluminense. Procurando conceitos, expressões e modos de narrar que indiquem
movimentos de tempo, privilegia-se a noção de progresso, tendo em vista a hipótese de ela marcar a
identidade narrativa do jornalismo, permitindo, entre outras operações narrativas, a crescente centralidade
da novidade como notícia, como peripécia cotidianamente renovada. Tenta-se compreender as noções de
futuro que estavam em jogo na configuração do contar da história desses três jornais (Jornal do Commercio,
O Fluminense e Jornal do Brasil) e da relevância que esses títulos adquirem, sobretudo devido a sua
permanência de mais de cem anos.
Nas linhas de O Conciliador: jornalismo e política no primeiro jornal do Maranhão
Rose a ne Ar ca nj o Pinhe ir o ( I nst it u t o La boro / Unive r sida de Est á cio de Sá e da Fa culda de Sã o
Luis)
Resumo: O jornalismo maranhense nasceu sob os embates do processo de emancipação política do Brasil
na segunda década do século XIX. O primeiro jornal da capital São Luís, O Conciliador do Maranhão, circulou
entre abril de 1821 e julho de 1823 e foi patrocinado pelo Governo da Província em um cenário de rupturas.
Para apreender seu papel naquele momento histórico, fez-se a análise de conteúdo do jornal pioneiro
através da amostra de 23 edições, destacando categorias como redatores, fontes, gêneros jornalísticos,
ilustrações, temas das matérias, procedência das notícias e posicionamento frente à independência.
Concluiu-se que o impresso praticou o jornalismo informativo-opinativo, onde se mesclam a opção política
do jornal – visível em textos oficiais e de colaboradores – e os acontecimentos cotidianos, representados a
partir da perspectiva do veículo impresso, contribuindo assim para a formação da opinião pública em São
Luís, a quarta localidade das possessões portuguesas no continente americano a apresentar serviços
tipográficos.
A IMPRENSA NO RIO DE JANEIRO DA BELLE ÉPOQUE
Izamara Bastos Machado (UNIVERSO e ICICT- FIOCRUZ)
Resumo: A virada do século XIX para o século XX, no Brasil, foi marcada por muitas mudanças, tanto no
que diz respeito à economia e às instituições políticas, quanto em relação ao cotidiano da população. Podese observar que essas mudanças também influenciaram o discurso jornalístico empregado na época. Os
primeiros anos da República foi o momento em que os jornais-empresas começaram a se constituir no Brasil
e onde podemos perceber uma participação ativa da imprensa carioca na construção de um Estado-Nação e
de uma identidade nacional. Procura-se, neste trabalho, desvendar que estratégias a imprensa carioca da
"Belle Époque" utilizou para participar na construção da identidade brasileira naquele momento de transição.
A identidade brasileira, como qualquer identidade nacional, é um discurso. E como tal, se apresenta como
uma fonte na qual os diferentes atores políticos e sociais se constroem dialogicamente. Numa sociedade em
que a maioria era não letrada, os jornais vinham com a intenção não só de informar aos letrados, mas
também traziam em suas produções a intenção de influenciar, de alguma maneira, os excluídos.
Os jornais, o romance e o folhetim
Luíza Beatriz A. M. Alvim (UFF)
Resumo: O presente trabalho pretende analisar o tipo de literatura publicado nos jornais na forma de
folhetim e a relação de sua difusão com o avanço da leitura no século XIX, como estudado por Chartier. A
partir de autores como Martin-Barbero e Marlyse Meyer, também investiga as relações entre o folhetim e a
tradição do melodrama e problematiza as características e definições do que era/é considerado Alta ou Baixa
Literatura, pois, além do fato de que quase todos os romances da época eram publicados nos jornais ou
revistas como folhetim antes da publicação em volume, a própria forma do folhetim, com suas necessidades
de cortes de capítulo e da divisão em fragmentos, influenciou o modo de escrita de todos os romances da
época. Questiona-se, então, até que ponto, todo o romance do século XIX não continha no seu âmago a
estrutura e o conteúdo folhetinesco.
A Imprensa Nacionalista no Brasil, o periódico “O Semanário” (1956- 1964)
Leonardo Leonidas de Brito (UERJ)
Resumo: O movimento político militar de 1964 não representou apenas a ruptura da incipiente
institucionalidade democrática nascida no Brasil após a queda do Estado Novo, significou também o silêncio
imposto a diversos setores progressistas que passaram a postular, no início dos anos 60, importantes
reformas no capitalismo brasileiro. Neste contexto, segmentos da imprensa brasileira que se percebiam
como canais de interlocução destes setores também foram violentamente calados pelo dispositivo militar
que sacramentou a derrubada do governo nacional reformista de João Goulart, nos idos de abril de 1964. O
presente trabalho consiste numa tentativa de se refazer a trajetória e os momentos finais do periódico “O
Semanário”, um dos mais importantes veículos da chamada im prensa nacionalist a de esquerda que existiu
no Brasil entre 1945 e 1964.
O pensamento de Oswald de Andrade na contemporaneidade
Tiago Leite Costa (PUC- RJ)
Resumo: Durante toda sua larga produção intelectual Oswald de Andrade escreveu diversas crônicas,
artigos e textos jornalísticos. Muitos destes textos se caracterizaram pela utilização do conceito de
antropofagia para a crítica das relações entre política e cultura na primeira metade do século XX.O objetivo
desse artigo é pensar de que modo as idéias elaboradas nessas crônicas podem nos servir de aparato
teórico para o estudo dos meios de comunicação como instrumentos estratégicos na relação do poder com a
criação de idéias e práticas sócio-culturais. Trata-se de reler as idéias do autor, destacando a atualidade de
sua visada crítica e os horizontes abertos pelo seu pensamento, quando considerado como operador teórico
para a análise da hegemonia da lógica do mercado, que implica a conversão dos objetos culturais em
mercadorias. Tentaremos mostrar, desse modo, de que forma a abertura, plasticidade, diferença e
abrangência dos conceitos ligados ao mito e teoria antropofágicos, estariam aptos, hoje, a dialogar com as
novas estruturas múltiplas, fragmentárias e dinâmicas do pensamento contemporâneo.
Telejornalismo de cineastas nos anos de chumbo: construções do popular no embate da “viola x a
guitarra”.
Cássia R. Louro Palha (Universidade Federal de São João del Rei )
Resumo: O presente texto tem como campo de análise o programa Globo Repórter durante os anos 1970,
momento no qual esse telejornalístico foi constituído por uma equipe de cineastas proveniente das muitas
manifestações e movimentos de esquerda que marcaram a trajetória de uma certa busca pelo “nacionalpopular” nos anos 1950/60. Um programa que não raro apresentou-se como um nicho crítico frente ao
jornalismo da Rede Globo a partir de suas veiculações de um “popular” personificado numa brasilidade feita
de contrastes e conflitos, no contraponto da cultura do progresso e da ordem estabelecidos pelo regime. Na
história de sua produção cultural, destaco aqui, dentre os muitos documentários levados ao ar nesse
período, o filme de João Batista de Andrade “Boa Esperança: a viola X a guitarra” (1976). Com o mote do
aniversário de uma cidade do interior do estado de São Paulo, o filme explora a discussão de progresso tão
enfatizada como apelo seminal da proposta do “Brasil Grande” presente nas propagandas da AERP
(Assessoria Especial de Relações Públicas), em suas categorias contraditórias e excludentes frente ao
modelo de modernização conservadora empreendida no país.
D e “pa ssa t e m po de va ga bundos” a “e spor t e da j uve nt ude sa dia ”: su rfe , j uve nt ude e pr e conce it o
em Fluir (1983- 1988)
Rafael Fortes (UFF)
Resumo: Este artigo tem por objetivo discutir de que maneira os estigmas que cercam os surfistas
brasileiros aparecem nos primeiros anos de circulação da revista Fluir, e como são relacionados com as
iniciativas, levadas a cabo naquele momento, de organizar, profissionalizar e comercializar o surfe nacional.
Por um lado, a revista abria espaço para a discussão de problemas, questões, propostas e soluções. Por
outro, defendia, de maneira insistente, a seriedade do surfe e de muitos que estavam envolvidos com ele.
Isto se dá tanto pela celebração de iniciativas e acontecimentos considerados positivos quanto pela denúncia
e resposta àqueles enquadrados como negativos. Embora constitua um universo menos numeroso, é sobre o
segundo grupo que me debruço. Particularmente, como a revista negocia papéis e responsabilidades, às
vezes genéricos, às vezes específicos, para os agentes envolvidos com o surfe brasileiro.
D a proibiçã o da s pre nsa s à m e dia çã o pe lo Judiciá rio: Os 2 0 0 a nos da libe r da de de e x pre ssã o n a
Imprensa brasileira
CUNDARI, Paula Casari e BRAGANÇA, Maria Alice (Centro Universitário Feevale, NH)
Resumo: O artigo examina os limites da liberdade de expressão na Imprensa brasileira, a partir de uma
abordagem interdisciplinar da Comunicação e do Direito, com base em André (1992, 2000), Nobre (1998),
Leyser (1999) e Cundari (2007), tendo em vista a freqüência com que o Judiciário tem sido acionado para
mediar contendas entre sociedade civil e mídia, inclusive mídia versus mídia. A metodologia é qualitativa,
reunindo itens para o aprofundamento do debate sobre as mudanças na legislação da imprensa, usando
como ponto de partida o relatório da ONG Article 19. As contribuições teóricas e metodológicas para o
estudo da Comunicação estão ancoradas na possibilidade de que os olhares cruzados da Imprensa e do
Judiciário em questões conceituais fundamentais, como a liberdade de expressão e seus limites, resultem
em maior compreensão sobre as garantias do direito à informação e o meio que viabiliza esse direito, o
Jornalismo. O estudo contempla reflexões sobre a data em que a Imprensa comemora 200 anos no Brasil,
considerando outros marcos referenciais comemorativos para as duas áreas: 20 anos da Constituição
Brasileira, 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, e os 100 anos da Associação
Brasileira de Imprensa.
O sedutor e o fanfarrão. Apontamentos sobre a origem da reportagem em Porto Alegre
Luiz Antônio Farias Duarte (PUC- RS)
Resumo: A intenção central deste trabalho é a de recuperar historicamente os passos iniciais da prática da
reportagem em Porto Alegre. Busca-se, assim, desenvolver apontamentos sobre os autores dos primeiros
textos dignos dessa denominação, em especial Daniel Job e Frederico Povoas Júnior, a quem as escassas
referências existentes indicam como pioneiros e acabaram por inspirar o título desta comunicação científica.
Parte-se do conceito geral de reportagem jornalística, aplicando-o no espaço de tempo compreendido pelos
anos finais do Século XIX e iniciais do Século XX, tendo por apoio teórico Hohlfeldt, Lage, Lima, Medina,
Muniz e Rüdiger e como métodos as pesquisas bibliográfica e documental, compartilhadas com a análise
sócio-histórica integrante da Hermenêutica de Profundidade, de Thompson.
A gra nde im pr e nsa ca r ioca e a polít ica e conôm ica no se gundo gov e rno Va r ga s: conflit os e m t orno
de programas de desenvolvimento para o país.
Luis Carlos dos Passos Martins (PPGH- PUC- RS)
Resumo: Este trabalho apresenta resultados parciais de minha tese de doutorado que avalia a interpretação
tradicional da posição da grande imprensa do RJ frente ao segundo governo Vargas. Para esta interpretação,
esta imprensa foi um instrumento do capital internacional que a financiava e, por isso, defendeu uma
política econômica essencialmente liberal. Assim, ela fez oposição a Getúlio em virtude das suas diferenças
com o programa econômico de Vargas, supostamente nacionalista e antiimperialista. Contudo, no atual
estágio da pesquisa, acho possível questionar esta visão da grande imprensa do RJ tanto no que se refere à
sua classificação como puramente liberal, quanto à compreensão de seu papel na esfera de debates como
simples instrumento dos interesses do capital estrangeiro e/ou dos grupos associados a ele. Para darmos
conta destas questões, analisaremos o posicionamento de quatros jornais do RJ (O Globo, Cor r e io da
Manhã, O Jor na l e Jor na l do Br a sil) frente às principais ações do programa de governo varguista,
tentando identificar os pontos criticados e os endossados e os princípios que fundamentaram essas tomadas
de posição.
A sobe r a nia na ciona l e m pa ut a no int e r ior pa ulist a : um a a ná lise do se m a ná r io O Eco e m 1 9 4 2 , o
ano da virada na Segunda Guerra Mundial
Marcos Paulo da Silva (UNESP)
Resumo: O artigo tem como proposta examinar as representações construídas por um jornal interiorano
paulista, durante 1942, na difusão dos mitos de uma nação brasileira forte e homogênea. Trata-se do caso
do semanário O Eco, fundado em 1938, em Lençóis Paulista (localizada a 300 quilômetros a oeste de São
Paulo), cidade fortemente marcada pela imigração italiana. Neste sentido, busca-se averiguar a maneira
como os reflexos da política coercitiva do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) atingiram a
cobertura da guerra realizada pelo jornal, único veículo impresso de caráter local com veiculação na cidade
no período.
A criação do Folhetim de Imprensa no Brasil
Maria S. NÓBREGA (USP – ECA – Depto. de Jornalismo e Editoração)
Resumo: Este artigo tem por escopo dar a conhecer um estudo sobre o aparecimento do Folhetim de
Imprensa no Brasil na segunda metade do século XIX. O estudo pressupõe evidentemente uma conceituação
e uma métodica. O princípio é buscar apreender historicamente o fenômeno jornalístico na apreciação dos
textos - cada qual dentro de seu sistema imanente de eficácia pragmática. A criação do Folhetim de
Imprensa no Segundo Reinado permite recolocá-lo como objeto histórico em termos da tradição da cultura
ocidental e do processo de desenvolvimento do jornalismo brasileiro. Publicado, pela primeira vez, no Jornal
do Comércio do Rio de Janeiro pelo jornalista e escritor Francisco Otaviano de Almeida Rosa, entre 18521854, o folhetim de imprensa “A Semana” revela o quanto a mudança dos processos de expressão
determina o movimento do jornalismo de uma época. A leitura desse material nos põe diante de novos
procedimentos de linguagem e comunicação com os quais começam a se articular o relato de
acontecimentos e outros discursos, ilustrando o processo de construção de nossos jornais, de sua realidade
própria, em relativa independência do ambiente político e econômico.
A ( I n) de pe ndê ncia da im pr e nsa bra sile ir a no sé cu lo XI X: os discu rsos do Re v e rbe r o
Constitucional Fluminense e da Gazeta do Rio de Janeiro
Giovanna G. Benedetto Flores (UNISUL e UNICAMP)
Resumo: A história da imprensa brasileira está relacionada diretamente com a colonização portuguesa no
Brasil, através da política lingüística e da importância dessa política para a constituição dos sujeitos e a
produção de sentidos do discurso jornalístico, principalmente a relação entre língua e jornalismo na definição
de uma identidade nacional. Esse trabalho pretende refletir sobre a imprensa no século XIX, tendo como
corpus investigativo e de análise o Reverbero Constitucional Fluminense (1821-1822) e a Gazeta do Rio de
Janeiro (1808-1822), ambas editadas no Rio de Janeiro. As análises serão dos primeiros exemplares do
jornal Reverbero e das edições de 1821 da Gazeta do RJ. Pretendemos mostrar no Reverbero como se
produziram os discursos sobre o momento político brasileiro e o papel da imprensa na ruptura com Portugal
comparativamente com a Gazeta do RJ, que adotava uma postura claramente a favor do Reino de Portugal.
A partir desse recorte teórico, estaremos utilizando o dispositivo analítico da Análise do Discurso, tendo
como principal referência Pêcheux (1969) e Orlandi (1990)
Pe rcu rsos do j orna lism o int e r ior a no - Proj e t o M e m ór ia .Com e a im pr e nsa de Poços de Ca lda s
(MG)
VELOSO, M a ria do Socorr o; M ARSULO, Elia na M a r t a ; VASCON CELOS, N a ya r a ( UN I FAE – Sã o Joã o
da Boa Vista – SP)
Resumo: Produzido a partir de pesquisa realizada por estudantes vinculados ao Projeto Memória.Com, do
curso de Jornalismo do Unifae (São João da Boa Vista, SP), este trabalho dá seqüência à série “Percursos do
Jornalismo Interiorano”, da qual vêm resultando artigos científicos que visam sistematizar a história da
imprensa daquela macro-região, situada no leste do Estado de São Paulo. Em razão da proximidade
geográfica e dos fortes laços culturais mantidos entre aquela região paulista e cidades do sul de Minas
Gerais, o grupo do Memória.Com decidiu, em 2008, estender seus esforços de pesquisa à cidade mineira de
Poços de Caldas, uma estância hidromineral localizada há 40 quilômetros de São João, e com população
estimada em 140 mil habitantes. O presente artigo visa traçar um perfil da imprensa poços-caldense, que se
originou tardiamente, por volta de 1879, e de maneira controversa: alguns historiadores citam o jornal
Correio de Poços como o primeiro da cidade, enquanto outros atribuem esse marco a O Poços de Caldas.
Associado à Rede Alfredo de Carvalho, o Projeto Memória.Com funciona desde 2005 no Unifae. Atualmente,
além do artigo dedicado à imprensa de Poços, os alunos produzem um vídeo-documentário sobre a história
dos jornais em São João e trabalham no levantamento de informações sobre a imprensa das cidades
paulistas de São Sebastião da Grama e Espírito Santo do Pinhal.
A EV OLUÇÃO D O SEN TI D O D A N OTÍ CI A: UM ESTUD O SOBRE O PERCURSO D I SCURSI V O D AS
MATÉRIAS SIGNIFICANTES NO JORNALISMO IMPRESSO
Fernanda Ariane Silva Carrera (UFBA)
Resumo: Neste artigo, busca-se entender o percurso do sentido da notícia, percebendo de que forma as
suas matérias significantes, ao longo do tempo, desenvolveram novas características, novos usos e,
sobretudo, novos graus de relevância para a construção discursiva do jornal impresso. Partindo de um
enfoque argumentativo, no qual o artigo configurava-se como a razão de ser do jornal, o elemento principal
que conferia identidade ao veículo; seguindo para a uma nova visão da página, percebendo: a relevância da
diagramação e de sua importância para a leitura e construção de sentidos; o valor dos títulos, uma vez que
não se limitam a apenas resumos do texto que destacam, mas produzem sentidos em conjunto com todas
as matérias significantes da página; e o papel da ilustração como essencial ao discurso jornalístico,
principalmente com o surgimento da fotografia - importante fator de ruptura e conseqüente evolução da
imprensa escrita.
A imprensa italiana em São Paulo – 1870- 1940
Brás Ciro Gallotta (PUC- SP)
Resumo: Trata-se de um estudo sobre publicações de jornais e revistas em língua italiana na cidade de São
Paulo entre 1870 e 1940. Estima-se que nesse período, aproximadamente, foram publicados cento e oitenta
títulos de periódicos na capital paulista. Em grande parte com uma periodicidade irregular, de formatos e
conteúdos variados. Para tanto, procura-se analisar o processo inicial desta imprensa, sua constituição e
afirmação no contexto do periodismo paulistano, identificando a diversidade de títulos, gêneros e conteúdos
abordados. A partir do cruzamento dessas informações, entre o fazer-se dessa imprensa e a vida social,
busca-se compreender melhor a sua importância como elemento constitutivo na formação da identidade
italiana do imigrante em São Paulo.
A publica çã o ca lcogr á fica de louva çã o a u m pode r oso n um a é poca e m que e r a pr oibida a
impressão no Brasil
D UARTE, José Ca rlos Silve ir a e CARVALH O, Ca r m e n Re gina de Olive ira ( Un ive r sida de Est a dua l do
Sudoeste da Bahia, campus de Vitória da Conquista).
Resumo: É tido e havido que a atividade de impressão no Brasil somente vai ter início após a instalação da
Corte de D. João VI. Este trabalho rompe com tal assertiva ao comprovar a impressão de um opúsculo em
1806, em Vila Rica, época em que tal atividade era proibida no Brasil. Para construir a matriz foi utilizada a
calcografia, a abertura de sulcos em folhas de cobre, com um buril. Como foram conseguidas tais folhas de
cobre? Quem dominava a arte do buril, para fazer letras e desenhos em tais folhas? Qual a prensa utilizada
para impressão? A mesma utilizada para cunhar moedas? Quem eram os poderosos no poder para permitir a
realização de uma atividade considerada ilegal? A obra que traz estas revelações surpreendentes é: “Uma
Raridade Bibliográfica: O Canto Encomiástico de Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcellos impresso pelo Padre
José Joaquim Viegas de Menezes, em Vila Rica, 1806. Ed. fac-similar com Estudo Histórico Bibliográfico de
Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional; São Paulo: Gráfica Brasileira,
1986.
O Jor na l do Br a sil e Ca m pa nh a do Pe t r óle o n o Br a sil: um pr oj e t o de na çã o n a s pá gina s de um
jornal.
Cecília de Miranda SCHUBSKY (UERJ)
Resumo: Durante as décadas de 40-50, com a intensificação das atividades dos trustes do petróleo na
América Latina, toma corpo a campanha pelo monopólio estatal do petróleo no Brasil, acirrada pelo envio do
Ante projeto de Estatuto do petróleo ao Congresso Nacional, pelo presidente Dutra. Surgem duas vertentes
políticas: uma favorável à nacionalização do petróleo e outra que defendia que o petróleo fosse explorado
com a participação do capital estrangeiro. Essas vertentes encontram na imprensa um local privilegiado para
defesa de suas teses políticas. Através dos editoriais publicados no Jornal do Brasil entre 1949 e 1953
podemos ter acesso a um verdadeiro projeto nacionalista que visava ganhar a opinião pública para a
importância da participação de capitais estrangeiros para o desenvolvimento da economia.
M e m ór ia e r e pre se nt a çã o: na r r a t iv a s de const r uçã o da m ode r nida de na ciona l na im pre nsa
petropolitana
Cristiane d´Avila (PUC- Rio)
Resumo: As representações de Petrópolis na imprensa local, no final do século XIX e início do século XX,
flagraram um momento peculiar da modernidade em solo nacional. Nelas, Petrópolis é revelada em
representações que veicularam, ora direta, ora indiretamente, as vozes de um discurso em que a cidade se
convertia em uma possível “Europa” nos trópicos, ao menos para a elite da capital da República. Com base
nas narrativas publicadas no mês de dezembro dos jornais Gazet a de Pet rópolis, Gazet a Flum inense e
Tribuna de Pet rópolis e em textos da edição única (comemorativa do verão de 1902) da luxuosa revista
Verão em Pet rópolis, pensarei de que forma esse discurso jornalístico, aqui compreendido como fala do
poder, cria a memória e o imaginário urbanos. Nesse sentido, assim como os articuladores daquela imprensa
agiam como homens-memória, os jornais e a revista assumiam a função de “lugares de memória”, no dizer
de Pierre Nora.
Correio Braziliense e as Representações Sociais da Família Real Portuguesa no Brasil
Mario Luiz Fernandes (Universidade do Vale do Itajaí - SC)
Resumo: O artigo tem como objeto de análise as representações sociais do jornal Correio Braziliense, de
Hipólito José da Costa, em relação à vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil em 1808. Sua base
metodológica é o livro Hist ória cult ural, de Chartier (1990). Foram analisadas sete edições entre junho e
dezembro de 1808, perfazendo um total de 648 páginas com 332 textos distribuídos nas editorias de
Miscelânea (152), Política (145), Comércio e artes (28) e Literatura e ciências (sete). Deste universo,
apenas 27 textos (8,1%) são relativos ao Brasil, sendo 14 da lavra do próprio Hipólito. As representações
formuladas pelo jornalista sobre a transferência da Família Real para o Brasil são direcionadas à constituição
de um império luso-brasileiro do qual o Brasil seria o líder deste novo conjunto de nações. Este império
incluiria a anexação de países como Argentina, Uruguai e Paraguai sobre os quais o Brasil teria direitos
legais, conforme as representações do jornal.
O Correio da Manhã e seu Acervo Documental: História e Memória
Marcelo Nogueira de SIQUEIRA (Arquivo Nacional – Rio de Janeiro)
Resumo: Este artigo tem por objetivo mapear o acervo documental do jornal Correio da Manhã
estabelecendo uma relação entre sua história, sua produção jornalística e seu legado arquivístico,
confirmando a idéia de serem os meios de comunicação lugares de memória. O Correio da Manhã, em seus
73 anos de vida, constitui-se em um dos principais jornais do país, influenciando decisivamente em nossa
história. Foi pioneiro em sua linha editorial, na relação com as esferas governamentais e no fotojornalismo
entre outros aspectos. Teve três administrações dentro da família Bittencourt e sucumbiu a pressão política
e econômica durante o regime militar sendo arrendado à um grupo de empreiteiros governistas. Encerrou
suas atividades em 1974 e sua falência foi decretada no ano seguinte. No leilão de seus bens teve seu
acervo documental adquirido de forma insólita por Fernando Gasparian, que o doou posteriormente: a
hemeroteca para a Unicamp e o arquivo iconográfico e de textos para o Arquivo Nacional. Hoje o Correio da
Manhã revive em seu acervo documental, que tratado e preservado, nos proporciona um testemunho e uma
visão da história do nosso país.
40 anos depois: uma análise de 1968 nas páginas de Claudia.
Raquel de Souza Moreira Portilho (PPGCOM – UFF)
Resumo: O ano de 1968 foi importante na história recente do Brasil e do mundo, na medida em que foi
marcado por intensas mobilizações sociais, dentro de um contexto de Guerra Fria, ditaduras na América
Latina e questionamento do modelo soviético de socialismo, dentre outros fatos. Criada em 1961, Claudia, a
primeira grande revista feminina brasileira, teve, ainda, que lidar com a explosão do feminismo em meados
dos anos 1960, o que gerava uma série de contestações por parte das mulheres e, conseqüentemente, de
suas leitoras. Quando se completam 40 anos de 1968, este trabalho tem como questão central discutir em
que medida os acontecimentos que marcaram o Brasil (sob regime de ditadura militar naquele momento) e
o mundo naquele ano estiveram presentes na revista e de que maneira o periódico os expunha em suas
páginas. A partir de tal análise, foi observado que no plano político e social Claudia tratava com mais
freqüência dos temas que vinham de fora do Brasil. A fundamentação teórica propõe a discussão de
conceitos como gênero e agenda setting.
Jor na lism o e polít ica : A im pr e nsa na gr e ve de pe que nos la vr a dor e s e quit a nde ir a s da Pra ça da s
Marinhas. Rio de Janeiro, década de 1880
Juliana Barreto Farias (USP e Fundação Biblioteca Nacional)
Resumo: Partindo da ampla cobertura jornalística de uma greve organizada, em outubro de 1885, por
pequenos lavradores e quitandeiras do Rio de Janeiro, pretendo discutir, nesta comunicação, como a
imprensa construiu as memórias daquela época, ao mesmo tempo em que despontou como agente histórico
que interferiu diretamente no desenrolar dos acontecimentos. Durante quase uma semana, vendedores de
peixes, hortaliças e legumes que costumavam se instalar com seus cestos e tabuleiros na Praça das
Marinhas, à margem da doca do grande e movimentado Mercado da Candelária, paralisaram totalmente
suas atividades em protesto contra as novas barracas montadas ali por um grupo de empresários. Como
verdadeiras arenas, os periódicos da Corte não só declararam todo seu apoio às reivindicações dos pequenos
comerciantes, em textos e imagens recheados de críticas e galhofas, como abriram espaço para outras
inflamadas opiniões. Os grevistas, por seu lado, não hesitaram em correr a rua do Ouvidor pedindo apoio às
folhas impressas. E os leitores, que viam jornais e jornalistas como verdadeiros intermediários entre o
“povo” e o poder público, também se manifestaram a favor dos revoltosos, acusando políticos e policiais.
Assim, é possível tanto acompanhar a “greve a la minute”, para usar os termos de um cronista da Gazeta de
Notícias, como avaliar a atuação da imprensa, naquele momento um dos principais fóruns de debates
políticos.
O JORN ALI SM O D OS D I SSI D EN TES COM UN I STAS. O j or na l A Cla sse Ope rá r ia , do PCdoB, dur a n t e
a clandestinidade
Mônica Mourão (PPGCOM – UFF)
Resumo: Este artigo analisa edições do jornal A Classe Operária, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB),
de 1977 a 1979, período em que ambos eram ilegais. Partimos da compreensão de que o apelo ao modelo
leninista é insuficiente para explicar que tipo de jornalismo era desempenhado por A Classe Operária. Assim,
este texto busca analisar o circuito comunicativo do jornal e o modo como ele se relacionava com a
estratégia política do PCdoB e sua condição de partido clandestino: a quem cabia a responsabilidade pelo
conteúdo do jornal e a quem este se dirigia? Como este leitor era interpelado? Para entender esta questão, é
preciso ir além da concepção que entende o jornalismo a partir do paradigma da transmissão de informação,
dominante no modelo anglo-americano de jornalismo, e considerar sua função ritual (Carey, 1989). Desse
modo, é feita uma contextualização histórica do jornal e de seu partido e uma reflexão sobre a imprensa
partidária comunista no Brasil. A partir da observação de que a prática jornalística d’A Classe difere da
hegemônica, lançamos mão das idéias de rede de comunicação e comunicação como ritual para
compreender esse objeto e, ainda, lançar uma luz para além dele.
Telejornalismo e imaginário urbano: a cidade na TV
Christina Ferraz MUSSE (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: O artigo é uma reflexão sobre a narrativa dos telejornais enquanto representação do espaço
público. A televisão é fundamental na constituição do imaginário urbano, sendo forte responsável pela
construção dos laços de pertencimento entre os seres humanos e os espaços por eles ocupados. Neste
artigo, pretendemos analisar a história dos principais telejornais veiculados nas emissoras de Juiz de Fora,
Minas Gerais, onde foi inaugurada a primeira geradora de TV do interior, na região Sudeste do Brasil, em
1964. Assim, desejamos evidenciar qual é a cidade representada nesses veículos que, nos últimos 44 anos,
estão entre os principais mediadores das relações entre a cidade e seus habitantes. A investigação tem
alguns aspectos relevantes, em especial, o fato de podermos evidenciar as mudanças dos telejornais locais,
com a adoção do modelo de rede e a introdução das novas tecnologias, além do fato de Juiz de Fora ser
uma cidade de características singulares no contexto mineiro, já que não agrega os valores tradicionalmente
concebidos como aqueles da mineiridade. Este artigo é parte do projeto de pesquisa “Televisão e imaginário
urbano: as narrativas da cidade no espaço dos telejornais”, financiado pela Fapemig.
Por uma Sociologia Histórica do Jornalismo no Brasil
Fernanda Rios Petrarca (UFRGS)
Resumo: Este trabalho analisa o surgimento e desenvolvimento da atividade jornalística no Brasil, levando
em consideração a trajetória daqueles que se dedicaram a este ofício em diferentes contextos históricos. O
recorte temporal é a passagem do século XIX para o século XX, pois esse período representa o momento de
mudança tanto nas exigências para a dedicação desse ofício, alterando assim as possibilidades de carreira,
como na organização das empresas jornalísticas que passaram de meramente “partidárias” para “empresas
econômicas”. Os procedimentos metodológicos adotados consistiram na investigação de documentos
históricos, bibliografia sobre a história dos jornais e da imprensa e dados sobre biografia dos jornalistas em
períodos diferentes. Esta investigação permitiu revelar as múltiplas estratégias de carreira e a base dos
recursos sociais de que dispunham certos agentes para atuar no jornalismo. Tais recursos advinham das
vinculações com a esfera da cultura, com a política partidária e com a atuação em outros setores de
atividade, o que contribui para consolidar um capital de relações fundamentais para o exercício do
jornalismo.
A presença da Esso na imprensa brasileira
CASTILHO, Marcio de Souza (UFRJ)
Resumo: O artigo tem o objetivo de identificar alguns fatores sócio-históricos que levaram a empresa Esso
Standard do Brasil a se aproximar do campo jornalístico nos anos 1950. Dentre as estratégias, podemos
destacar a criação do Repórter Esso, no rádio e na televisão, o investimento da empresa em publicidade em
jornais e revistas e a constituição do Prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante programa de
reconhecimento do trabalho de jornalistas no país. Neste processo, não há como dissociar a atuação da
multinacional dentro de uma dinâmica social e política mais ampla. A conjuntura do pós-guerra na América
Latina, o papel da publicidade comercial no processo de concentração do mercado jornalístico brasileiro nos
anos 1950 e a questão do petróleo, com a criação da Petrobrás, inserem-se nesse contexto.
REVOLTA DOS CORISTAS. Martins Pena e a crônica na Corte Imperial
Guilherme Sarmiento (PUC- Rio)
Resumo: Em 1 1 de m a io de 1 8 4 7 , no e spa ço do Jor na l do Com m e r cio ge ra lm e n t e de dica do a os
popula r e s folhe t ins, u m a cr ônica m ost r ou um ca pít ulo inusit a do n a h ist ór ia do m a is im port a nt e
t e a t r o da ca pit a l do im pé r io, o Sã o Pe dro de Alcâ nt a r a . Um a r e volt a de coristas ve io à t ona por
a r t e s de M a r t ins Pe na , m a is con h e cido hoj e e m dia por sua s com é dia s ur ba na s e br e j e ir a s. N a
é poca e scr e via sobre ópe r a s e a pr e se nt a çõe s t e a t r a is na colu na int it ula da “A Se m a na Lír ica ”. A
de núncia a rr a st ou- se a t é a gost o e a t ingiu dire t a m e nt e a s pe ssoa s de se u cír culo de re la çõe s
pe ssoa is e profissiona is. N e st a com un ica çã o, pr e t e ndo in ve st iga r a a t ua çã o do cr on ist a na que la
que pode se r conside r a da u m a da s pr im e ir a s cobe rt u r a s j or na líst ica s de um a pa r a lisa çã o de
t r a ba lha dor e s no Bra sil. Pa r a a lé m da s m ot iva çõe s qu e le va r a m ca n t or e s, inst r um e nt ist a s e
t é cnicos a cr u za r e m os br a ços e im pe dir e m a cont in ua çã o do e spe t á cu lo, pre t e ndo m ost ra r o que
le vou o cr onist a a da r t a n t a a t e nçã o a o pique t e , t r a nsfor m a ndo- o nu m a pe ça onde a s fr on t e ir a s
e ntre ficção e realidade acabaram desfeitas.
Mr. Da Costa contra a facção gálica no Brasil (1808- 1810)
MUNARO, Luís Francisco (UFSC)
Resumo: Este trabalho busca investigar, a partir do confrontamento e sistematização das principais temas,
propostas e argumentos utilizados no Correio Braziliense, as noções políticas centrais presentes nos quatro
primeiros volumes do jornal (1808-1810). A doutrina do Correio, cujo caráter era fundamentalmente
prático, tinha como intuito orientar a ocupação do Brasil pela Corte portuguesa, o que tornava de mister
importância reunir os esforços nacionais em torno do ideal comum de formar um Estado nacional. Para
tanto, urgiu o jornal combater as tendências contrárias a essa proposta, os partidos, e ressaltar as
favoráveis, as idéias liberais e patrióticas. À leitura do Correio procede a ordenação dos argumentos em
torno de duas principais vertentes políticas, uma francesa e outra inglesa, que aos poucos vão se revelando
num Outro e num Mesmo por detrás do fio condutor iluminista do jornal.
Observações sobre a História do Jornalismo na Região Cacaueira da Bahia
Eliana Cristina Paula Tenório de ALBUQUERQUE e Marlúcia Mendes da ROCHA (Universidade Estadual de
Santa Cruz, Ilhéus, Bahia).
Resumo: A força política dos coronéis de cacau do Sul da Bahia marcou profundamente a formação sócioeconômica desta região e influiu decisivamente na estruturação dos meios de comunicação do Estado.
Exemplo disso é o que ocorre atualmente, quase 100 anos depois, quando as rotinas e regras de conduta
estabelecidas pelo coronelismo, ainda podem ser observadas na práxis da comunicação local. Diante disso,
este artigo se propõe a reconstruir e discutir essa trajetória histórica, buscando nela as conexões capazes de
explicar esse fenômeno e, ao mesmo tempo, recuperar a história da mídia nessa região. Foram adotados
materiais e métodos de pesquisa envolvendo história oral, pesquisa de campo e bibliográfica que, ancorados
em fundamentos da Antropologia, História da Bahia e da Comunicação, procuram elucidar os problemas
existentes na atualidade, entre eles a total dependência político-ideológica e econômica, que causam a
completa subserviência dos meios às classes dominantes e colocam em situação de risco os profissionais
que a isso não se submetem.
A importância do ano de 2006 para a história do jornalismo esportivo na mídia local de Juiz de
Fora
ALVIN, Bianca (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: Esse texto analisa um momento importante da história do jornalismo esportivo na região de Juiz
de Fora, cidade pólo da Zona da Mata Mineira. O artigo analisa a mídia esportiva juizforana durante o
Campeonato Mineiro do Módulo Dois de 2006, ano que o time da cidade, Tupi Futebol Clube, subiu para a
primeira divisão deste campeonato. Atualmente, o Tupi é o único representante da cidade nas competições
profissionais de campo e com isso a identificação dos juizforanos com o clube é muito grande. Dessa forma,
o trabalho busca demonstrar que neste período o jornalismo esportivo da cidade teve um comportamento
diferenciado, havendo um envolvimento emocional e/ou político entre os meios de comunicação de Juiz de
Fora e o Tupi. Para o registro histórico deste período, o seu objeto empírico é a análise das seções de
esporte do jornal Tribuna de Minas, Jornal Panorama e MGTV 2ª edição. Além da pesquisa bibliográfica e
análise de conteúdo, se destaca no trabalho a metodologia de Li-Chang Shuen, que prevê a analise de
conteúdo por meio de critérios de noticiabilidade geral do jornalismo e de outros específicos do esporte.
Dessa forma, o artigo visa analisar o fazer jornalístico em Juiz de Fora como forma de conhecimento e
registro do Tupi e do jornalismo esportivo local na cidade.
Visibilidade e democracia: dois aspectos em análise na relação entre jornalismo e política
Fernanda Lima Lopes (UFRJ)
Resumo: A política no ocidente liga-se a duas noções de suma importância: visibilidade e democracia. Este
artigo procura delinear essa ligação apontando especifidades estéticas entre a política e a administração do
visível desde a Grécia da Antiguidade, passando pelo Estado moderno e a esfera pública burguesa até
chegar à mídia e a sociedade do espetáculo. Sendo o jornalismo uma voz socialmente constituída para
tornar algo público, discute-se a relação entre ele e a política, enfatizando estratégias e negociações dos
atores políticos para alcançarem visibilidade no espaço simbólico que ele oferece. Ao mesmo tempo, analisase a importância que o conceito de democracia tem para a atividade jornalística no sentido de referendar
seu poder de fala. Ao discutir isso, o jornalismo não é tomado apenas como esfera de visibilidade, mas é
entendido ele mesmo como ator político. Tudo isso é feito tendo como sustentação conceitual as idéias de
Carl Schmitt, autor que fez uma definição ampliada sobre o que é o político, a partir da distinção
amigo/inimigo.
Dois jornais partidários, uma arena pública: Republica e O Estado em Santa Catarina (18891894)
LUNARDI, Emy Francielli (Universidade Federal de Santa Catarina)
Resumo: A imprensa – instituição por excelência da esfera pública, segundo Jürgen Habermas – foi,
durante a segunda metade do século XIX na capital de Santa Catarina, impulsionada pelas lutas políticopartidárias. Essa luta se reconfigura a partir da Proclamação da República, com a ascensão de novos grupos
ao poder estadual e com o acirramento das disputas pelos cargos públicos, entre republicanistas e
federalistas. Situados em lados opostos, os jornais Republica e O Est ado se batiam e debatiam movidos por
paixões e rancores partidários. Perceber como suas páginas conformavam os acontecimentos e as notícias
de forma a construir imagens, representações, identidades e distinções que mostrassem seus
correligionários como os de maior moralidade, de patriotismo mais sincero, de maior fidelidade aos
princípios republicanos é o objetivo desse artigo. Mais do que tribunas políticas, Republica e O Est ado se
transformaram numa verdadeira arena pública, espaço para confrontos pela legitimidade e pelo poder
simbólico de instituir os rumos do novo regime.
A Crônica e a notícia na formação da linguagem jornalística
Glauco Cortez (PUC- Campinas)
Resumo: Este trabalho procura dar uma contribuição para o estudo da linguagem jornalística presente na
mídia contemporânea. Por meio de abordagens histórica, cultural e social do processo que se desenvolveu
na Europa a partir do século XVIII e no Brasil durante o século XIX, este estudo tenta entender os
significados e forças presentes que resultaram na formulação dos conceitos de notícia e crônica. Ele discute
a relação de três movimentos concomitantes e importantes na origem da imprensa. O primeiro quando
intelectuais reconhecem na nova tecnologia de impressão um potencial de publicidade e divulgação de suas
obras; o segundo quando a imprensa incorpora no seu processo de institucionalização de discursos e
procedimentos artísticos moldados à sua linguagem e o terceiro quando a política encontra na imprensa um
espaço privilegiado. A análise é fundada na metodologia do espaço mediador cultural e, nesse sentido,
ressalta o significado histórico que tanto a crônica quanto a notícia tiveram para a constituição de uma mídia
que se caracteriza como espaço de comunicação.
Jor na list a s, e spa ço pú blico e vida polít ica . O pa pe l da im pre nsa na s m a nife st a çõe s pública s da
Campanha Civilista (1909- 1910).
Hernán Eufemio Gómez (Universidade Federal Rural de Rio de Janeiro)
Resumo: Segundo alguns autores, na virada do século XIX ao XX a imprensa havia se consagrado como o
canal fundamental da opinião pública. Isto aconteceu não somente devido à massificação da difusão das
folhas impressas mas também graças, entre outros fatores, ao surgimento da figura social de um tipo de
jornalista articulador e agente no espaço público, um fenômeno escassamente estudado pelas histórias da
imprensa. Neste artigo, analisa-se o papel de alguns jornais (e jornalistas) que faziam parte do segmento da
imprensa que promoveu ativamente a Campanha Civilista, entre 1909 e 1910, através da qual se tentou
levar Rui Barbosa à presidência do país. O civilismo impulsionou a participação nas ruas através de
meetings, excursões do candidato por diversas cidades e outras manifestações públicas nas quais alguns
jornais tiveram um papel que transcendeu aquele de mero publicista dos eventos. O próprio papel destes
jornais enquanto espaços de reunião e pontos de chegada de tais manifestações, ou o papel dos jornalistas
falando ao público, organizando eventos, ou acompanhando as comitivas (tornando-os verdadeiros
personagens na campanha) foram alguns elementos que permitiram refletir sobre a complexidade da sua
posição social na época.
A gênese do jornalismo científico nos jornais da segunda metade do século XIX
Ricardo Alexino Ferreira (Universidade Estadual Paulista/UNESP)
RESUMO: A segunda metade do século XIX constituiu-se em um período de efervescência social, cultural,
política e econômica no Brasil. Nesse período, o Brasil aspira se tornar uma nação com ideais
“civilizatórios” e eurocêntricos e vai, através dos jornais, expressar tais sentimentos. Para isso, busca no
Positivismo e no Darwinismo Social – os dois grandes paradigmas vigentes na época – as suas grandes
pautas e temáticas jornalísticas, expressas nas Seções Scienticas dos jornais. A presente pesquisa se baseou
nos pressupostos teóricos dos Cultural Studies e das Teorias da Etnicidade para entender a construção da
ciência enquanto informação jornalística nos jornais da segunda metade do século XIX (nas Seções
Scienticas). Foram verificados os seguintes aspectos: a) Gêneros e formatos dos textos jornalísticos em
matérias de divulgação científica que abordaram questões étnicas, raciais e de cunho geneticista; b)
Analisada a influência dos aspectos culturais, políticos e econômicos sobre a construção da informação
científica nas páginas desses jornais; c) Verificado como as temáticas geneticistas, étnicas e raciais do
século XIX, no ápice do conceito evolucionista de Darwin agendaram os rumos políticos, culturais e sociais
do Brasil enquanto projeto de nação. Verificou-se, ainda, que a construção do jornalismo científico brasileiro,
em sua gênese na segunda metade do século XIX, está vinculada com a questão étnico-racial e com a
construção da identidade étnica brasileira.
JORNALISMO E LITERATURA EM CORPO- A- CORPO: REPRESENTAÇÕES, DIÁLOGOS E INTERAÇÕES.
Cláudio Rodrigues CORAÇÃO (UNESP – Campus Bauru/SP). Bolsista FAPESP.
Resumo: A Coluna Corpo- a- Corpo, confeccionada pelo escritor-jornalista João Antônio entre março e
setembro de 1976, no jornal carioca Últ im a Hora, apresenta elementos de hibridização textual e social, cujo
desenvolvimento sugere um exercício de comprometimento j orna líst ico e lit e rá r io. Pretende-se, com este
trabalho, identificar as representações, diálogos, hibridismos e interações desta práxis textual.O objeto
deste trabalho é, portanto, apreender e discutir questões prementes que surgem de tal “produto midiático”,
isto é, elucidar os pormenores e as nuanças das narrativas jornalísticas e literárias nos textos da coluna e
suas devidas ligações com os aspectos de representação cultural presentes nos textos. A fim de tecer um
trabalho comparativo, dedutivo, hipotético, intertextual, far-se-á do corpus estudado (a coluna Corpo- aCorpo) instrumento de verificação de elementos que pulsem e elucidem nossas hipóteses e objetivos.
Somado a isso, será necessária a utilização comparativa de dois grandes referenciais teóricos: A Teoria do
Jornalismo e a Teoria da Literatura. Ademais, referenciais teóricos transdisciplinares a tais teorias surgirão
como necessários, principalmente no debate em torno de especificidades e conceituações sociais e culturais.
I M PREN SA E POLÍ TI CA: O I D EÁRI O N ACI ON ALI STA N OS ARTI GOS D E SÉRGI O BUARQUE D E
HOLANDA E ASSIS CHATEAUBRIAND
Júlia Silveira Matos (PUCRS)
Resumo: Nesse trabalho, propomos apresentar uma análise comparada dos projetos políticos de Sérgio
Buarque de Holanda e Assis Chateaubriand, veiculados em seus artigos jornalísticos publicados no O Jornal
(RJ) e no Diário de São Paulo (SP) entre os anos de 1929 e 1930. O período selecionado justifica-se em
função da aproximação profissional que ocorreu entre os dois intelectuais. Assis Chateaubriand comprou O
Jornal, de Renato Toledo Lopes, em 1924, aonde o jovem Sérgio já trabalhava. A partir deste momento
Sérgio Buarque ganhou espaço na redação e chegou a trabalhar como correspondente do Diário de São
Paulo e do O Jornal, na Alemanha entre 1929-1930.
Sendo assim, nesse trabalho realizaremos um balanço do pensamento político de Sérgio Buarque e Assis
Chateaubriand, assim como, buscaremos analisar a forma como a imprensa escrita acabou se tornando um
importante instrumento político e por isso não apenas grupos envolvidos diretamente no aparelho estatal o
almejavam, como também a intelectualidade engajada com as causas sociais.
O Cruzeiro: revista síntese de uma época.
ALVES, Marcelo (Pontifícia Universidade Católica PUC – Rio)
Resumo: No período em que foi publicada a revista “O Cruzeiro” era uma sinopse da sociedade. Mistura
elementos de revista comportamental com grandes matérias etnográficas. Inaugura uma nova maneira de
se fazer reportagem. Esse modelo fez escola. Quando um veículo quer publicar algo de grande apelo
público, com alto grau de noticiabilidade, ele recorre a esse modelo. Vale ressaltar que “O Cruzeiro” foi o
primeiro meio de comunicação ganhador do Prêmio Esso, em 1956. Os repórteres Ubiratan Lemos e Mario
de Moraes colocaram a revista de Assis Chateaubriand, na história da comunicação brasileira, segundo a
própria comunidade interpretativa, ou seja, jornalística. A revista é testemunha da história contemporânea
brasileira. Suas matérias foram parar nos livros didáticos, ao cobrir grandes acontecimentos históricos como
a morte de Getúlio Vargas, fato este que rendeu a revista a venda de mais de meio milhão de exemplares. O
Cruzeiro; História do Jornalismo; Prêmio Esso.
A IMPRENSA EM PAUTA: Causas e efeitos do seu surgimento na sociedade brasileira
MENEZES, Renyelle Barroso (UFPB)
Resumo: O surgimento da imprensa acarretou mudanças de comportamento e de ações na sociedade.
Desde seu aperfeiçoamento por Gutenberg, no século XIX, foi tida como sinônimo de modernidade e
manipulação, o que prossegue até hoje, fazendo sê-la vista como o “quarto poder”. Porém, sua acepção aqui
no Brasil se deu de forma lenta e demorada. A sociedade colonial da época não estava preparada para
receber um aparato tão contestador, capaz de aflorar o pensamento crítico de toda uma geração. A
imprensa foi, por muito tempo, responsável por todas as atividades políticas e culturais do Brasil
independente. Com esse caráter despertou o respeito, mas também a ojeriza de diversos pensadores, que
dedicaram boa parte de seus escritos a atacar veementemente essa instituição. Os efeitos que a imprensa
acarretou em toda a sociedade ocidental foram tantos e tão marcantes que boa parte do que hoje se
conhece da história mundial, em termos de mudanças, possivelmente não teriam ocorrido não fosse o uso
inteligente e incisivo desse meio.
Os ecos da ECO na mídia: A ECO- 92 nas páginas do jornal cearense O Povo
FERREIRA, Isabelle Azevedo (Universidade Federal do Ceará)
Resumo: A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO-92),
realizada no Rio de Janeiro, é considerada um marco tanto para a história do ambientalismo como para a
comunicação ambiental (SOUSA E FERNANDES, 2002). Nos meses que antecederam à conferência, a
informação sobre o meio ambiente ganhou um destaque nunca antes registrado. Mas, nos meses seguintes
ao evento, a incorporação do tema aos meios de comunicação não demonstrou ser uma tendência. Contudo,
foi a partir da ECO-92 que a pauta ambiental incorporou-se de uma forma mais contínua nos meios de
comunicação e abriu espaço para um novo tipo de jornalismo especializado. O fenômeno da
“superexposição” ambiental (RAMOS, 1996, p.148) durante a conferência pode ser observado também nos
jornais do Ceará. Este artigo pretende fazer uma leitura crítica das matérias veiculadas no jornal cearense O
Povo, a partir da observação do conteúdo e da quantidade das matérias veiculadas durante os meses de
março a julho de 1992.
“Plantão Militar”: nacionalismo e reformismo militar no periódico Última Hora
ROLIM, César Daniel de Assis (UFRGS)
Resumo: O início dos anos 1960 significou para o Brasil a ascensão ao cenário político de uma vertente
radical do Partido Trabalhista Brasileiro. A radicalização do nacional-reformismo trabalhista exercia influência
em setores civis e militares. O movimento dos subalternos militares em busca de uma maior participação
política era um exemplo da influência do nacionalismo com viés reformista encarnado na legenda
trabalhista. Esse nacionalismo militar, que apoiava irrestritamente a aprovação das reformas de base,
possuía um canal de expressão a coluna intitulada Plantão Militar, no jornal Última Hora. O presente
trabalho busca analisar a importância desse espaço jornalístico na conjuntura imediatamente anterior ao
golpe civil-militar de 1964 e mostrar as articulações entre militares e sociedade civil destacando a influência
castrense na política.
A SATANIZAÇÃO DO MST NA IMPRENSA: SEM HISTÓRIA, SEM ÉTICA
AYOUB, Ayoub Hanna (Universidade Estadual de Londrina)
Resumo: Este trabalho apresenta resultados parciais de investigação sobre a cobertura das ações do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST — na Folha de S. Paulo. O estudo apresenta uma
combinação entre Análise do Discurso e Análise de Conteúdo, como fundamentação teórico-metodológica,
para verificação de textos da primeira página do jornal publicados no ano 2000. Após a classificação dos
conteúdos levantados, conclui-se que as matérias apresentam manipulação da informação e evidenciam
uma posição contrária ao MST, além do desrespeito às normas do Código de Ética dos Jornalistas. As
análises dos textos evidenciam a presença de padrões de manipulação na grande imprensa, conforme
definidos por Perseu Abramo. A descontextualização está presente na omissão dos aspectos históricos das
lutas pela posse da terra no Brasil, e de cinco séculos de resistência contra a opressão que influenciaram e
levaram ao surgimento do MST. Sem a relevância da história das lutas, as ações do MST são apresentadas
como “atos criminosos”, caracterizando, assim, uma “desconstrução historiográfica”.
Para lembrar, é necessário esquecer – notas sobre a narrativa jornalística.
Wilson Couto Borges (Universidade Federal Fluminense)
Resumo: Partindo da relação entre emoções, sentimentos e sensações e a construção do imaginário social,
buscamos neste artigo, à luz de Paul Ricoeur, discutir como a narrativa jornalística, que mistura o real e o
ficcional, produz, como um dos seus efeitos, uma compreensão desse real de forma mais ou menos
semelhante em função de um conjunto de convenções que são interiorizadas pelos atores sociais. Nesse
sentido, estaremos tomando os discursos construídos pelos meios de comunicação a partir do imbricamento
entre o verossímil, por um lado, somado a um regramento (imaginação regrada) investido no imaginário, de
outro, num processo dinâmico e contínuo.
Ritual de Posse, Democracia e Mandato Representativo no Relato d’O Globo
Ariane Diniz Holzbach (UFF)
Resumo: O trabalho pretende fazer uma reflexão em torno do ritual de posse presidencial na democracia
brasileira e do comportamento midiático nesse contexto. A idéia é focar a primeira posse de Luiz Inácio Lula
da Silva publicada no jornal O Globo, em 2003, e analisar a dimensão formal da representação ritual, tendo
em vista a função do jornal nesse processo. Qual a natureza desse ritual? Que dramas ele encena? Que
questões se apresentam nele? Trata-se de um ritual político fundamental da democracia moderna, cuja
questão indispensável diz respeito a um dilema central que o governo representativo enfrenta no sistema
presidencialista: como transformar o vencedor da disputa eleitoral, favorito da maioria dos eleitores, no
representante de toda a nação. Os meios de comunicação, através de suas narrativas, desempenham um
papel crucial nessa transformação.
A cobertura jornalística das operações da Polícia Federal: um olhar sobre a história do jornalismo
e a notícia como construção social
Isabela Rodrigues Veiga (UFJF)
Resumo: O trabalho pretende analisar o contexto jornalístico em que, hoje, a Polícia Federal é representada
enquanto um importante ator social. Para isso, torna-se imprescindível uma abordagem histórica, que busca
nos primórdios do jornalismo, há 200 anos, o valor-notícia do crime, escândalo e violência. O artigo,
portanto, faz referência às características da produção jornalística dos séculos XIX e XX e, ainda, remete-se
à forma pré-moderna de jornal – as folhas volantes – que, em 1616, já mostravam o crime como uma das
temáticas centrais, de interesse social. Além disso, a pesquisa também considera essencial, para a discussão
da temática, um enfoque sobre a cultura jornalística, ou seja, a rede de signos e mitos que envolvem a
profissão repórter. Nesse sentido, é possível notar, ao longo da história do jornalismo, o “repórter policial
como investigador de polícia”, como aponta Marialva Barbosa. Assim, é a partir do viés histórico e cultural
que este artigo interpreta o que cotidianamente acompanhamos nos jornais, especialmente, no que diz
respeito às representações e enfoques das Operações da Polícia Federal.
A Amazônia narrada: entre passado e presente quase nada mudou
Vânia Maria Torres Costa (UFF)
Resumo: A Amazônia produzida discursivamente na atualidade guarda muitas semelhanças com os discursos
do colonialismo, quando a América era o 'novo mundo' para a Europa. Vista ainda hoje como exótica,
subalterna, selvagem, pelo centro-sul do país, as narrativas sobre a Região reforçam imagens cristalizadas
de uma terra que necessita ser ocupada, onde o 'outro' amazônico construído nacionalmente é
extremamente redutor em relação à diversidade local. Entre as cartas dos primeiros viajantes, a literatura
do passado e os textos de hoje produzidos pela Igreja Católica e pelos jornalistas pouca coisa mudou. A
partir dos 'discursos fundadores' sobre a Região, observamos como enunciados distorcidos e estereotipados
vêm sendo construídos historicamente. Pretendo mostrar como as cartas dos viajantes e algumas produções
literárias têm nítida aproximação com os textos atuais contidos na campanha da fraternidade 2007, cujo
tema foi Amazônia, e algumas emissões jornalísticas impressas e televisivas.
A imprensa no Brasil não surgiu em 1o de junho de 1808
Mário Messagi Júnior (Unisinos e Universidade Federal do Paraná/Meduc – Paraná)
Resumo: No ano 2000, em função da aprovação de um projeto de lei do deputado gaúcho Nelson
Marchezan (PSDB-RS), o Dia Nacional da Imprensa passou a ser comemorado oficialmente no dia 1o de
junho. A data é considerada o marco oficial da imprensa no Brasil (Lustosa, 2003. Werneck, 1983. Melo de
Souza, 1986), pois teria sido o dia de publicação, em 1808, do primeiro Correio Braziliense. A data atribuída
ao periódico é uma impossibilidade histórica, oriunda de uma leitura involuntariamente anacrônica. Na
primeira edição do Correio, a notícia mais atual é de 15 de junho de 1808. Portanto, ele não poderia ter
circulado, nem na Inglaterra, no primeiro dia de junho. Hipólito José da Costa, o redator do Correio, não
datava as edições pelo dia de circulação, o que é o mais usual hoje e também no século XIX. Mas a leitura,
tomando a data como a indicação do mês de circulação, levou a historiografia brasileira a este equívoco
cronológico. Este artigo pretende mostrar isso, explicar a lógica de Hipólito para datar o Correio e evidenciar
que periódicos só circularam no Brasil meses depois, provavelmente no mês de setembro de 1808.
Tempo e fonte: história do presente e jornal para discutir a questão indígena
Priscila Viudes (PPGHistória da UFGD– Universidade Federal da Grande Dourados)
Resumo: A proposta deste trabalho é discorrer sobre a utilização dos jornais enquanto fonte ou objeto de
estudos historiográficos, uma tendência tão recente quanto os recortes cronológicos mais próximos do
tempo presente, a história do imediato e do tempo presente. Os jornais são uma importante ferramenta
para estudos interdisciplinares e contribuem para a compreensão da sociedade, em função do alcance e de
sua influência na maneira como as pessoas apreendem a realidade e dão sentido para os fatos. Esses dois
aspectos, história imediata e os jornais como fonte histórica, estão presentes na pesquisa que desenvolvo,
na qual utilizo um jornal de Dourados, Mato Grosso do Sul: O Progresso para inquirir sobre as
representações das questões indígenas, entre 1999 e 2005. Essa pesquisa demonstra como a análise do
jornal local contribui para discussão acerca do imaginário sobre os povos indígenas. Determinadas idéias são
freqüentes quando se trata da questão indígena e as primeiras análises apontam que predomina no jornal,
assim como em outras práticas discursivas, a noção do indígena enquanto ser primitivo e fossilizado no
tempo, mas que interage com a imprensa para reforçar suas reivindicações e assim exercer seu papel de
sujeito histórico.
Discurso jornalístico x Biografia. Uma leitura sobre a biografia de Otávio Frias de Oliveira.
FRANÇA Jr., Luis Celestino de (UFC)
Resumo: Em 2006, foi lançada a biografia do proprietário da Folha de S. Paulo: “A trajetória de Otávio Frias
de Oliveira”, de Engel Paschoal. Após a morte de Frias em 2007, a obra acabou sendo relançada pela
Publifolha, editora da empresa Folha da Manhã S.A. Mesmo que vista sob o olhar pejorativo de algo oficial e
condescendente, a biografia lança versões sobre episódios da história da trajetória do jornal que conflitam
com outros trabalhos (KUSHNIR, 2004; CAPELATO, 1981). Dessa forma, a leitura da biografia de Frias pode
trazer mais do que um debate sobre qual a versão “verdadeira”, mas uma importante discussão sobre o
discurso biográfico. Nesse sentido, o artigo buscou um diálogo com questões levantadas no livro “Teoria da
Biografia sem Fim”, de Felipe Pena (2004), e sua abordagem sobre os “fractais biográficos”.
Memória e ide nt ida de no j orna lism o: o ca pit a l sim bólico dos a ge nt e s e a a ut or ida de pa ra fix a çã o
de narrativas
Michelle Roxo de OLIVEIRA (UFF)
Resumo: Partindo de uma discussão sobre os fenômenos de memória e identidade, o texto aponta três
agentes sociais detentores de capital simbólico que, no campo jornalístico brasileiro, têm ocupado lugar de
fala privilegiado no terreno de lutas pelo controle de significações e narrativas relacionadas à profissão: 1)
as estrelas do campo, jornalistas que conquistaram autoridade social aos olhos dos pares e que oferecem
modelos exemplares de conduta para o conjunto de jornalistas; 2) a elite profissional que ocupa cargos de
chefia nas redações de grandes veículos, responsável por seus projetos, reformas, documentos editoriais,
manuais de redação, enunciados sobre preceitos éticos e demais metanarrativas; 3) e as escolas de
jornalismo que, a partir de uma ação pedagógica, selecionam certas narrativas e significações,
convencionadas como dignas de ser reproduzidas nos espaços de socialização de novos jornalistas.
O encontro de Cartola com Sérgio Porto: memória e esquecimento na imprensa dos anos 1950.
M a ur ício Ba rr os de Ca st r o ( N ú cle o de Est udos e m H ist ór ia Ora l da Unive rsida de de Sã o Pa ulo NEHO- USP)
Resumo: No início dos anos 1950, o compositor Cartola, assim como a maioria dos sambistas de sua
geração, vivia esquecido dos meios de comunicação da época. Cartola havia abandonado o ofício de
compositor e trabalhava lavando carros num posto de gasolina em Ipanema. Um dia, no intervalo do
trabalho, foi encontrado num bar pelo jornalista Sérgio Porto. Sobrinho do também jornalista Lucio Rangel,
que havia apelidado Cartola de “O Divino”, devido ao sucesso de sua música Divina Dama, Sérgio Porto
achava que o sambista da Mangueira havia morrido, e se mostrou muito surpreso e feliz com o que
considerou uma “descoberta”. A partir deste momento, Sergio Porto, em suas crônicas, esforçou-se para
trazer o compositor mangueirense de volta ao conhecimento da mídia. Este encontro ficou famoso como
marco do ressurgimento de Cartola. Mais do que isso, mostra como o samba tradicional vivia uma situação
de esquecimento na imprensa do período. A comunicação busca refletir sobre a importância da atuação de
jornalistas como Sérgio Porto para que a memória dos sambistas esquecidos viesse à tona na imprensa dos
anos 1950.
A escola pública na imprensa carioca
VAZ, Élida (Universidade Estácio de Sá), MOREIRA, Martha Neiva (MULTIRIO/Prefeitura do Rio) e
TAVARES, Marcus (MULTIRIO/Prefeitura do Rio)
Resumo: O presente trabalho dá continuidade à pesquisa A educação na imprensa carioca na década de 90,
com o objetivo de aprofundar a análise sobre a forma como o ensino público vem sendo retratado nos
jornais de grande circulação do Rio de Janeiro. Neste trabalho, a atenção se concentra no Jornal O Dia, pelo
fato de ser um veículo de grande circulação na cidade, com linha editorial mais popular e que durante a
década de 90 manteve um caderno específico sobre educação. Além disso, levou-se em conta também o
fato de o jornal se destinar, em princípio, a um público freqüentador da escola pública. Entre os aspectos a
serem abordados estão: a presença da escola pública nas reportagens em termos quantitativos e
qualitativos, observando-se especialmente as capas; os protagonistas dessas matérias; e como a instituição
é retratada.
Representações de Gênero nos “pasquins” maranhenses no século XIX
SILVA, Mayana (Universidade Federal do Maranhão)
Resumo: Entre as décadas de 30 e 60 do século XIX, a produção jornalística do Maranhão foi marcada pela
publicação de dezenas de periódicos chamados pela historiografia, de “pasquins”. Estes jornais, via de regra,
ligados aos grupos políticos que eram hegemônicos no controle da máquina pública, caracterizavam-se pela
utilização de uma linguagem que fugia aos padrões estilísticos da chamada grande imprensa, embora seus
redatores fossem membros da elite intelectual. Os “pasquins”, embora fossem considerados periódicos de
baixo nível, possuíam grande repercussão por ultrapassarem as fronteiras da oralidade, conseguindo
penetrar em uma embrionária opinião pública, ainda constituída por grande número de iletrados. Tais jornais
veiculavam imagens e representações de mundo características do imaginário coletivo do século XIX. Nesse
sentido, a percepção sobre os papéis de gênero era marcada por estereótipos que reforçavam
agressivamente o lugar social da mulher a partir dos padrões vigentes. Portanto, este trabalho tem como
objetivo estudar a repercussão dos pasquins na difusão das imagens sobre o feminino.
Por um j orn a lism o t e le visivo de a lt o níve l: a s de finiçõe s de qua lida de na crít ica e spe cia liza da e m
duas décadas (1970/1980).
Igor Sacramento (ECO/UFRJ)
Resumo: No trabalho, comparo dois momentos distintos da história do jornalismo televisivo no Brasil. Na
primeira parte, centrando-me nos anos 1970, analiso textos produzidos pela crítica televisiva dos jornais de
maior circulação no país à época – O Globo, Jornal do Brasil e Folha de S. Paulo – em relação à programação
telejornalística das emissoras, apontando para os interesses colocados em jogo na definição de
determinados critérios para a qualidade do jornalismo televisivo em tempo da consolidação do noticiário em
rede nacional e do “Padrão Globo de Qualidade”. Em seguida, detenho-me a críticas publicadas naqueles
jornais na década de 1980, quando, como contraponto à supremacia do “padrão global” de jornalismo, o
SBT lança O Povo na TV. Por fim, discuto as rupturas e as continuidades nas definições do jornalismo
televisivo de qualidade naquelas décadas, enfatizando os conflitos entre o “bom” e o “mau” gosto, entre o
erudito e o popular e entre o dominante e o dominado como constitutivos dos debates encampados pela
crítica televisiva.
Arquitetura Social: Affonso Eduardo Reidy sob a ótica da imprensa
CAVALCAN TE, Cy nt hia Ca roline E.S ( PROARQ- Progr a m a de Pós Gr a dua çã o e m Ar quit e t ur a da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Resumo: Organizada partindo da perspectiva da imprensa, esta pesquisa enfoca a trajetória do arquiteto
modernista Affonso Eduardo Reidy, suas atuações e a contribuição de seus projetos para a história da
Arquitetura Social no Brasil, direcionando para a reconstrução e resgate histórico, a partir de um estudo que
esclareça questões sobre a origem deste diferencial social que lhe valeu admiradores por todo o mundo.
Estas respostas se encontram estampadas nas páginas dos mais importantes jornais brasileiros, ao longo da
construção e do desenvolvimento do país, com destaque à forte influência de seus antecessores familiares.
Sendo assim, a pesquisa é compreendida por diferentes jornais, nacionais e internacionais, importantes
veículos de divulgação de seus projetos de cunho social realizados enquanto funcionário da prefeitura, no
recorte cronológico referente ao projeto arquitetônico que lhe deu renome mundial na década de 40; o
Conjunto Habitacional Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como Pedregulho, englobado aos
acontecimentos relacionados à arquitetura moderna, que tenham sido de alguma forma significativos para o
desenvolvimento do trabalho do arquiteto, caracterizando o contexto sociocultural no qual o mesmo
desenvolveu seu oficio.
O futebol e o surgimento dos mitos: a mídia e a análise dos discursos
Mariana Melo (Jornal A Tribuna)
Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar e discutir como são construídos os mitos no futebol
brasileiro, para isso estudamos o conceito de mito. Percebemos que a cobertura esportiva contribui
constantemente para essas criações. Como metodologia, trata-se de um estudo exploratório e descritivo,
cujo delineamento é a pesquisa bibliográfica e documental. O estudo ainda faz um passeio pela história do
futebol no Brasil e no mundo e também explica a importância desta modalidade para o país, pois esta
atividade esportiva é tida como preferência nacional.
Imagens da China: história da construção discursiva da revista Veja
Aline Bastos (ECO- UFRJ)
Resumo: O trabalho proposto faz parte da pesquisa de Mestrado em desenvolvimento no Programa de PósGraduação da ECO-UFRJ, que busca analisar o discurso da revista Veja sobre a China ao longo da história da
publicação, com base na Semiologia dos Discursos Sociais de Milton Pinto, compreendendo posicionamentos
e estratégias sociopolíticas, econômicas e culturais relacionadas com um contexto histórico mais amplo e
identificar momentos de consolidação de posições hegemônicas ocidentais, de disputas de poder e de
transformações ideológicas. Nos quarenta anos de edição, a China foi assunto direto de dez matérias de
capa da revista Veja, com destaque para a edição de nove de agosto de 2006, em que ocupou 105 páginas
incluindo um encarte especial, ou mais da metade da revista. Aqui procurar-se-á analisar as construções
discursivas mais recentes da revista Veja e sua relação com o atual cenário nacional e internacional, em que
a China desponta como superpotência mundial.
O “crime da rua Cuba” e o agendamento da monstruosidade no jornalismo policial dos anos 80.
Daniele Ramos Brasiliense (ECO/UFRJ)
Resumo: No fim da década de 80, o jornalismo policial brasileiro é surpreendido por um caso de homicídio
que fugia às regras cotidianas dos crimes urbanos da cidade de São Paulo. O famoso “crime da rua Cuba”
traz a história de uma casal da alta sociedade paulista, Jorge Toufic Bouchabki e Maria Cercília Delmanto,
assassinados misteriosamente em sua casa, no dia 24 de dezembro, véspera do Natal de 1988. Com o
decorrer das investigações a polícia, apoiada pelos jornais, indica o filho mais velho, como principal suspeito
da morte dos pais. Tal evidência se acirra na história deste crime pela contribuição da imprensa,
especialmente pelo trabalho dos jornalistas investigativos da época.
Com base neste episódio, o artigo irá mapear as marcas do sentido da monstruosidade no jornalismo,
provocada pela suspeita de um crime de parricídio nunca oficialmente provado. Importa-nos conhecer a
maneira pela qual, os jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo agenciam a provável atitude
monstruosa na época, do jovem Jorginho Bouchabki.
NELSON RODRIGUES: PONTOS DE VISTA ACERCA DO JORNALISMO
Priscila Rodrigues MELO (UFF)
Resumo: Utilizando-se das memórias do jornalista Nelson Rodrigues nos anos 60, com a análise de trechos
de suas crônicas escritas nesta época, será feita uma análise sobre o ponto de vista de Nelson Rodrigues a
respeito do surgimento da objetividade na década de 1950, e o valor que devotava ao estilo subjetivo de
escrever, coberto por sensações, no qual trabalhou de forma expressiva com o jornalismo sensacionalista
nos anos de 1920. Diante das falas do jornalista Nelson Rodrigues será possível perceber nitidamente a
diferença entre o jornalismo feito na década de 20, de que tanto sentia saudade, e a realidade de escrever
nos anos 60, obrigado a migrar para a função de cronista, desaprovando a chegada dos intitulados por ele
como "Os Idiotas da Objetividade". São os pontos de vista de Nelson Rodrigues acerca do jornalismo,
memórias capazes de atestar um estilo próprio de fazer jornalismo, juntamente com suas críticas feitas em
crônicas, que nos permitirá localizar historicamente as transformações ocorridas no jornalismo propriamente
na sua forma escrita, desde a década de 20 até os anos 60.
O JORNAL GAZETA DE SERGIPE – UMA CONTRIBUIÇÃO A HISTÓRIA DA MÍDIA
Lorena de Oliveira Souza Campello (Universidade Federal de Sergipe - UFS).
Resumo: A utilização dos impressos como fonte de pesquisa e como objeto central de estudo na pesquisa
histórica vem sendo encarado de forma diferenciada nas últimas décadas. Essa mudança é devedora da
quarta geração da Escola dos Annales (História Nova Cultural). Foi devido a esse alargamento do campo da
História e com a introdução de novas linhas de pesquisa, que os historiadores passaram a estreitar os laços
com os jornalistas, com o jornalismo e com a mídia. Diante disso, temos como proposta de trabalho
pesquisar como, por que, por quem e com que objetivos foi criado o jornal Gazeta de Sergipe (1948-2003)
(antiga Gazeta Socialista). E ainda, como o jornal estabeleceu sua dinâmica institucional, suas relações com
o poder político local, sua evolução editorial e tecnológica. Para tanto, fizemos uso do próprio jornal como
documento primordial da pesquisa. No processo de pesquisa buscamos situar a folha no contexto jornalístico
da época e mais ainda, no contexto sociocultural no qual o jornal atuou. A partir daí pudemos perceber a
dinâmica do periódico em relação a uma dinâmica social mais ampla.
A invasão silenciosa do “terrorismo midiático” na América Latina
Carla Candida RIZZOTTO e Cora CATALINA (Universidade Tuitui do Paraná – UTP/PR)
Resumo: O atual panorama político latino-americano se debruça sobre a necessidade de espaços para
aprofundar reflexões e abrir debates sobre o papel da imprensa enquanto antagonista de movimentos
revolucionários. Este artigo analisa a história da TVSUR, um canal de televisão constituído por uma
sociedade multiestatal sob coordenação da Venezuela, através de uma rede de colaboradores de diferentes
países latino-americanos. Na atual pauta de debate deste canal está o enfrentamento ao imperialismo
noticioso, tema de destaque no “Encuentro Latinoamericano contra el Terrorismo Mediático” (Caracas, 27 a
30 de março de 2008). Neste tema se discute a função de ingerência política que a imprensa,
historicamente, vem desempenhando no sentido de estimular a construção do imaginário coletivo para a
desestruturação de sistemas de governo discordantes da política neoliberal. Neste trabalho analisamos o que
foi veiculado tanto pelos jornais brasileiros quanto pela TVSUR, a respeito da invasão da Colômbia ao
Equador, um momento midiático relevante para o jornalismo regional. As diferenças encontradas a partir
desta comparação embasam o debate a respeito da ingerência política desempenhada pela imprensa
brasileira.
Narrativas do cotidiano: a noticiabilidade da identidade regional gaúcha
Milton Julio Faccin (Universidade Estácio de Sá - RJ)
Resumo: Este artigo se reporta às reflexões atuais dos estudos da enunciação jornalística, particularmente
ao processo de noticiabilidade para além do seu caráter instrumental, que incide diretamente sobre o
próprio conceito de notícia, muitas vezes tomado como elemento isolado e descontextualizado. A intenção é
analisar as formas de entrada da identidade regional nos espaços topográficos da imprensa gaúcha e de que
maneira as operações enunciativas instauram certa narrativa sobre o cotidiano local. Para isso, selecionouse um corpus constituído por sete jornais gaúchos que representam as regiões mais importantes do Estado.
Procedendo desta forma, é possível verificar como a identidade regional vai tomando forma narrativa no
âmbito do regime da discursividade da imprensa local, na medida em que estes, paulatinamente, operam
seus regimes de funcionamento discursivo e demarcam as representações e construção da memória
coletiva.
As capitanias hereditárias da mídia brasileira
Álvaro Nunes Laranjeira (Universidade Tuiuti do Paraná)
Resumo: O trabalho versa sobre o levantamento dos grupos de comunicação regionais em integração com
as empresas de comunicação nacionais, as chamadas Cabeças-de-rede. O trabalho consiste na especificação
dos grupos tanto por estados como por regiões e as respectivas influências, descrevendo um pequeno
histórico, o qual serve para a composição do mosaico da comunicação no Brasil. O quadro das redes
privadas perpassa momentos cruciais da história midiática nacional como as gêneses das grandes empresas
de comunicação, as relações dos grupos com os poderes executivo e legislativo – responsáveis pela
permissão do funcionamento no caso das emissoras de televisão e rádio -, a afiliação a empresas nacionais
e a absorção do capital estrangeiro advindo de grupos midiáticos e das telecomunicações.
A cont r ibuiçã o do Ca de r no B do Jor na l do Bra sil du r a nt e o pe r íodo de r e pre ssã o polít ica do
regime militar
Vilma Moreira Ferreira (Escola de Comunicação e Artes/USP e Centro Universitário São Camilo)
Resumo: O Caderno B do Jornal do Brasil se destacou como um caderno inovador desde sua criação em
1960 por reunir matérias sobre cultura e incorporar as mudanças gráficas e de diagramação instituídas pelo
próprio JB, momento em que acontecia a primeira fase de sua grande reforma. Mais tarde, no final dessa
década, consolidou-se como um caderno cultural sempre engajado aos acontecimentos culturais do cotidiano
do Rio de Janeiro e sem deixar de estabelecer relação com a política e a economia do país. O trabalho teve
como objetivo estudar o Caderno B entre 1967 e 1968, período marcado pela repressão política do regime
militar, anterior ao decreto do Ato Institucional nº. 5. Época em que a crítica à censura, principalmente às
produções culturais, marcou os textos do Caderno. O estudo baseou-se no conceito de diálogo de Mikhail
Bakhtin que permitiu compreender que o Caderno B se constituiu como resposta aos acontecimentos
culturais, sempre com o compromisso de não apenas informá-los, mas também o de formalizar opiniões
sobre eles.
A MÍDIA E O JOVEM DA BAIXADA FLUMINENSE.
MACHADO, Renata e DUPRET, Leila (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).
Resumo: Há na Baixada Fluminense, uma demasiada exploração da violência e da pobreza pelos veículos
de comunicação, justificando assim as palavras do autor José Alves (2003) a respeito da segregação desta
região, historicamente legitimada pela mídia. Este trabalho pretende revelar as imagens reconhecidas pelos
jovens da Baixada Fluminense como suas representações pessoais, levando em conta o contexto em que
estão inseridos; apresentar possíveis alternativas deles frente aos desafios encontrados no município de
Nova Iguaçu; divulgar demandas reconhecidas por eles, sobre a exploração da mídia à Baixada Fluminense
e seus sentimentos acerca desta temática. Diante disto, pretendemos fazer o trajeto oposto da mídia. Ou
seja, revelar o não dito por quem agora tem oportunidade de dizer. No intuito de fornecer subsídios para a
construção de informações mais próximas da realidade expressa pelos jovens, confrontando a imagem do
que é e do que não é revelado, deixando de lado o fato noticioso e investigando o fenômeno de maior
significação.
Peculiaridades do Telejornalismo Esportivo: Um olhar sobre o Bom Dia Brasil
MARTINS, Simone. (UFJF e Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora – FESF) e MONTEIRO, Evelyne
(Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora – FESJF)
Resumo: A proposta deste artigo é a de analisar a editoria de esportes do telejornal Bom Dia Brasil,
veiculado pela Rede Globo de Televisão. A partir da contextualização da linguagem utilizada nos telejornais
brasileiros desde o seu surgimento até os dias atuais, buscaremos refletir acerca das peculiaridades e
inovações inerentes ao telejornalismo esportivo, bem como o destaque dado a esta editoria em todas as
edições de telejornais, nas diversas emissoras de televisão. Tendo como base a utilização de pesquisa
bibliográfica com autores como Bueno e Rezende, dentre outros, analisaremos algumas edições do Bom Dia
Brasil para refletirmos acerca da participação do jornalista Tadeu Schmidt (âncora de esportes do
telejornal), assim como a abordagem dada por ele às notícias.
A Crônica e o jornalismo.
Silvânia Siebert (Unicamp)
Resumo: Nessa análise, observaremos as condições de produção e circulação dos sentidos, a partir da
análise discurso francesa, de crônicas publicadas nos jornais do século XIX, Espelho Diam ant ino, Correio
Mercantil e Jornal do Com m ercio. Analisar a relação do texto crônica com o relato histórico, como um
documento que estaria ligado ao relato cronológico de fatos bem sucedidos em qualquer lugar, e sua
mudança de sentido ao circular pelos jornais brasileiros. A crônica ganha a dimensão semântica da
literatura por sua relação com o jornalismo, os folhetins; e desde então o gênero freqüenta o dia-a-dia de
leitores de todo o Brasil, sendo publicado em pequeno a grandes jornais.
(IN) D I RETAS QUAE SERA TAM EN : M OVI M EN TO( S) D E CON CI LI AÇÃO N O D I SCURSO
JORNALÍSTICO SOBRE AS DIRETAS JÁ
Angela de Aguiar ARAÚJO (UNICAMP – SP)
Resumo: A Análise de Discurso de origem francesa orienta o estudo sobre o discurso jornalístico e a
Campanha das Diretas Já, movimento que reivindicou eleições diretas no Brasil ao final do regime militar,
nos anos 1980. A noção de temporalidade - o discurso remete a outros discursos – levou à rede histórica de
filiação de sentidos que liga o corpus ao imaginário sobre a política da conciliação. A retomada e o
deslocamento de sentidos ocorrem no encontro entre a memória e o acontecimento. No livro-reportagem
Explode um novo Brasil. Diário de Cam panha das Diret as Já (1984), publicado a partir da cobertura da
campanha pelo jornal Folha S. Paulo, a unidade é construída evocando-se a figura de Tiradentes e a idéia de
Nação. A imagem do político hábil negociador, capaz de ligar Estado e Nação, é o eixo de unidade no
caderno-reportagem 20 anos sem Tancredo (2005), publicado pelo jornal mineiro O Tem po, no aniversário
de morte do presidente Tancredo Neves, eleito no final da ditadura. A unidade imaginariamente construída
não apaga, entretanto, a contradição dos processos discursivos analisados. Questionou-se a ilusória
evidência da objetividade jornalística pela opacidade própria da linguagem, pelo jogo entre unidade e
dispersão dos sentidos.
Na subida do morro: Jornalismo e exclusão social em João do Rio
Gutemberg Araújo de Medeiros (Escola de Comunicações e Artes/Uiversidade de São Paulo)
Resumo: O artigo apresenta uma leitura de “Os livres acampamentos da miséria” (Gazet a de Not ícias,
03/11/1908), a primeira reportagem conhecida sobre o morro carioca como tipificada zona de exclusão
social. De autoria do jornalista e escritor João do Rio, demonstra como o jornalismo pode vencer a sua
condição primeira de circunstancialidade para se apresentar como memória textual, vencendo a questão do
tempo e fugacidade. Verificamos neste objeto um jornalismo moderno emergente, no sentido que constrói
uma narrativa do cotidiano que preserva a memória social.Pelo trabalho de João do Rio, percebemos como
essa narrativa pode lançar mão de uma carga simbólica para expor uma determinada realidade, além de
problematizar questões essenciais da sociedade. Esta reportagem se insere na dinâmica do jornalismo
informativo que João do Rio foi um dos introdutores no Brasil. Além de ser exemplar como objeto de
reportagem, este texto é uma confirmação de como o jornalismo presta-se a ser fonte historiográfica,
dialogando com a contemporaneidade tanto com respeito à zona de exclusão constitutiva da sociedade
brasileira quanto com o jornalismo atual.
Revistas: espaço de multiplicidade nos discursos
Ana Carolina de Araújo Abiahy (Centro Federal de Educação Tecnológica – Paraíba)
Resumo: Nosso trabalho pretende refletir sobre o papel desenvolvido pelas revistas no Brasil no que tange
ao desenvolvimento da atividade jornalística. É inegável que as revistas são um espaço para exercício de
maior liberdade na criação do texto e da programação visual. Além disso, o que mais nos motiva a pesquisar
esta mídia é a sua característica tendência à segmentação. Percebemos que hoje este é o viés da mídia em
geral, que abriu os olhos para a necessidade de direcionar a informação para determinado público,
escapando assim da superficialidade existente nas mensagens padronizadas, destinadas a uma massa sem
rosto. Questionamos, porém, os conflitos que esta maior segmentação traz para os estudiosos do
desenvolvimento da mídia, pois nos indagamos até que ponto é um reflexo da variedade de discursos
existentes entre os mais variados públicos, que representam parcelas da sociedade, ou apenas se configura
em um estímulo para formar nichos atrativos para o mercado de bens simbólicos. Tratamos ainda de
analisar o papel do profissional neste mercado e das mudanças advindas com o desenvolvimento da
internet, mídia que abarca as características da segmentação e experimentalismo com muito mais liberdade.
Do Jornalismo e da História à História do Jornalismo
Felipe Simão Pontes (UFSC)
Resumo: O texto reflete as aproximações entre História e Jornalismo estudando o percurso teórico de cada
uma dessas áreas e as conexões possíveis a partir da constituição do conceito História do Jornalismo. Tem
por base os resumos das teses e dissertações de pós-graduação em Comunicação do Brasil que tratam o
tema, estabelecendo primeiramente quais tratam o Jornalismo e, dentre estes, os que tematizam a História
do Jornalismo. O estudo trata da formação de um campo de saber jornalístico a partir da busca por sua
autonomia conjugada com o desenvolvimento conceitual e teórico da História para uma compreensão das
dificuldades e potencialidades pertinentes à História do Jornalismo. Por fim, estabelece que tanto a abertura
da História para os outros campos de saber quanto a falta de um objeto plenamente justificado e delimitado
por parte das pesquisas realizadas no Jornalismo permitem a entrada de outras áreas para a composição
das pesquisas em História do Jornalismo, tais como a Sociologia, a Economia, a Política, os Estudos da
Linguagem etc.
Revista Viagem e Turismo: Para onde foi o “jornalismo turístico” em 2007?
Marcelo Carmo Rodrigues (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
Resumo: O desenvolvimento do jornalismo remete ao século XVI. Já o turismo, quando relacionado ao
Brasil, passa a ter seus primeiros registros em mídia impressa a partir dos “Relatos de viagem” –
documentos produzidos por visitantes e pesquisadores que estiveram no Brasil a partir da colonização pelos
portugueses. No século XXI, a revista Viagem e Turismo publicada pela Editora Abril, é uma das mais
importantes no campo do turismo no Brasil e em março/2008 chega à sua 149ª edição (ISSN 0104-978X).
Nessa perspectiva, a proposta do trabalho é refletir sobre o processo de desenvolvimento do jornalismo e do
turismo, a partir da análise de publicações sobre turismo em mídia impressa. Além disso, apresenta-se a
análise de capas de 12 edições do periódico de turismo publicadas ano de 2007, com vistas a uma
categorização tendo como referência os critérios de noticiabilidade utilizados por Nelson Traquina e os
padrões de manipulação de acordo com conceituação de Perseu Abramo. Nesse artigo, que se pretende
interdisciplinar, busca-se ainda apresentar reflexões quanto a existência (ou não) do jornalismo turístico, as
regras que determinam sua produção e quais normas editoriais definem o que será apresentado nas edições
da revista Viagem e Turismo, tomada como objeto empírico.
KLAXON :
m ode r nism o
e
cine m a
em
r e vist a
FERREI RA,
Le ona r do
( Univ e rsida de
Fe de ra l
do
Ce a rá
–
UFC)
Resumo: O intuito principal da presente pesquisa é fazer um breve resgate histórico sobre a revista Klaxon
- Mensário de Art e Moderna, apontando as aspirações, nomes envolvidos, linha editorial e influências dessa
publicação surgida no ano de 1922, em São Paulo, dentro do contexto do modernismo no Brasil,
especialmente no pós Semana de Arte Moderna. Além de servir como registro dessa importante iniciativa na
história do jornalismo, o estudo pretende traçar uma linha de relação entre Klaxone o cinema, invento cuja
significação simbólica foi importante para os modernistas, idealizadores do periódico que é tido como
pioneiro no Brasil em críticas cinematográficas especializadas. O trabalho contextualiza o modernismo, a
Semana de Arte Moderna de 22, a importância do cinema na lógica dos modernistas e a própria revista
Klaxon, além de apresentar considerações sobre os artigos de Mário de Andrade com a temática filme.
Por uma História do Jornalismo Internacional no Brasil
AGUIAR, Pedro (ECO/UFRJ)
Resumo: A escassez de produção bibliográfica sobre Jornalismo Internacional no Brasil se reflete também
nos estudos de história da imprensa. Ao contrário de outros campos de especialização jornalística, a
cobertura internacional não conta com nenhuma obra que aborde sua trajetória, transformações e
especificidades históricas, muito embora seja onipresente em nossa mídia desde sua própria gênese, em
1808. Mais ainda, raras são as antologias de história da imprensa brasileira que dedicam capítulos
específicos às particularidades do noticiário nacional sobre fatos no exterior. Por tais motivos, este artigo
pretende constituir-se um guia preliminar para eventuais pesquisas que se debrucem sobre o tema, ao
oferecer parâmetros de análise, indicar fontes primárias e secundárias, realizar um levantamento
bibliográfico preliminar e apresentar uma proposta de periodização histórica para a evolução da Inter
brasileira nestes 200 anos. São brevemente considerados certos fatores determinantes em sua configuração,
como tecnologias, estrutura organizacional e de economia política em todas as mídias e suportes: impresso
diário e semanal, rádio, televisão e web. Ao fim, trata-se de fornecer subsídios a demais pesquisadores que
se aventurem a reconstituir o percurso traçado pelo Jornalismo Internacional produzido no Brasil e suas
especificidades socioeconômicas, tecnológicas, ideológicas, discursivas e pragmáticas.
A disciplina e a nor m a t iza çã o de condut a : o discur so sobre a pr ost it uiçã o e m Por t o Ale gre pe lo
Jornal Gazetinha sob a ótica de Michel Foucault
Gisele Becker (FEEVALE)
Resumo: A partir da metade do século XIX, verificou-se, em Porto Alegre um processo de desenvolvimento
urbano e cultural, para o qual foi necessária uma nova forma de sociabilidade urbana. Em um contexto de
passagem do Império para a República e momento em que os papéis femininos assumiram outras
perspectivas, ainda permanecia, culturalmente, uma conduta desejada para a vida em sociedade; uma
norma social vigente. O mesmo ímpeto de normalização destes costumes, em nome da manutenção da
ordem, da família e da estrutura social vigente (valorizadora do papel do patriarca na família), é perceptível
na na imprensa local.
Publicações como a Gazetinha demonstram grande preocupação com mudanças que a cidade vinha
sofrendo: com o crescimento da cidade, modificam-se os comportamentos. Com o incremento da vida
noturna, proliferam-se os bordéis na cidade. Ao mesmo tempo, surgem críticas negativas à limpeza urbana
e a manutenção da ordem nas ruas. As temáticas passam a ser veiculadas de forma interligada: o problema
social, de saúde pública e de segurança em que se constitui a prostituição, pelo olhar da Gazetinha. Estão
presentes nesta fala a crítica do “vício”, da desordem nas ruas, a moral do cidadão porto-alegrense. São
questões abordadas em textos de capa, colunas, charges e mesmo propagandas do jornal entre os anos de
1895 e 1897. Constrói-se a imagem de uma Porto Alegre tomada pelo vício e pela devassidão.
O momento parece ser o da necessidade da disciplina. Para que o mérito fosse alcançado, não bastaria
sugestionar como o indivíduo deveria conduzir sua vida privada; a partir do momento em que ele tem uma
vida pública, esta também deveria ser monitorada. A gazetinha acabou por assumir este papel vigilante dos
comportamentos, denunciando irregularidades e fugas aos padrões desejados. Busca-se a disciplinarização
do indivíduo. Sob a ótica de Foucault, a disciplina envolve a cerca, separando-se os corpos em espaços
diferentes. Trabalha-se a idéia de cada indivíduo no seu lugar e, em cada lugar, um indivíduo. Na
Gazetinha, além da solicitação de maior ação das autoridades policiais para a disciplina, sugere-se o desejo
pela “limpeza” da cidade dos indivíduos e dos locais que promovem a devassidão.
Contribuições pa r a um a hist ór ia da not ícia : u m conce it o e dua s hipót e se s sobr e a m ut a çã o n o
jornalismo
Thaïs de Mendonça Jorge (Universidade de Brasília)
Resumo: Metamorfose, mudança, transformação, alteração, inovação. O termo mutação vem sendo usado,
no campo do jornalismo, como sinônimo de uma evolução que tem correspondência em todos esses termos
e está sendo sentida na organização do trabalho, na cultura profissional dos jornalistas, no produto oferecido
ao público e no próprio público. O conceito de mutação que aqui trazemos – derivado das ciências
biológicas, principalmente da Genética – e as duas hipóteses a ele relacionadas pretendem unificar o uso
desse vocábulo e compreender de que maneira as mudanças históricas vêm conformando um novo
jornalismo, ajudadas pela tecnologia e pela inovação mais recente, a Internet. Este artigo também tenta
identificar os pontos de mutação na trajetória do jornalismo, levando em conta os vestígios que a história
nos deixou. A mutação no jornalismo é fenômeno provocado por agentes humanos, que acontece de
maneira súbita e requer um elemento de explosão para se manifestar. Mas pressupõe experimentos
anteriores e necessidades sociais, podendo causar alterações em espectro amplo - da produção ao formato,
do suporte à transmissão, do discurso à prática cotidiana. Apontamos categorias históricas de mutação: a)
m ut ação gênica – quando muda o suporte; b) cromossômica – quando se encontrou a expressão escrita; c)
supressora – ruptura entre notícia e comentário; d) somática – criação dos gêneros entrevista e
reportagem; e) pontual – invenção da pirâmide invertida.
Jaques Corseuil e o jornalismo de dança no Rio de Janeiro.
CERBINO, Beatriz
Resumo: Jaques Corseuil, durante as décadas de 1940 e 1960, foi um dos mais importantes e ativos
jornalistas a escrever sobre dança na cidade do Rio de Janeiro. Sua constante atuação em jornais e revistas,
como O Globo, I lust ração Brasileira, A Sem ana, entre outros periódicos, mostrou-se fundamental para a
afirmação da dança cênica, especificamente o balé, como prática artística aceita na sociedade carioca. Nesse
período, apesar da Escola de Bailados, hoje Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, já existir desde 1927,
e o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro desde 1936, e das constantes temporadas de
companhias internacionais, o balé não era bem visto, de modo geral, como uma opção profissional para as
moças de “boa família”. Nessa comunicação dar-se-á ênfase às matérias por ele publicadas nos anos de
1940, momento em que utilizou os periódicos nos quais escrevia como veículos para divulgar e afirmar a
figura do bailarino como um profissional sério, dedicado e responsável, atuando, assim, diretamente na
construção de uma imagem da dança para o público.
A gr e ve com o a r m a , o a ssa la r ia m e nt o com o fim : o novo sindica lism o e o dra m a da ide nt ida de
profissional dos jornalistas na década de 1980.
Marco Antônio Roxo da Silva (ECO/UFRJ)
Resumo: O objetivo deste artigo é mostrar como os valores do novo sindicalismo, que emergiu na cena
pública no fim da década de 1970, influenciaram os jornalistas na forma dos mesmos se auto-representarem
como profissionais. O artigo toma como marco histórico para travar este debate a greve dos jornalistas
paulistas em 1970, que mesmo derrotada foi interpretada pelas empresas jornalísticas como um sintoma
inequívoco da esquerdização do jornalismo brasileiro gerando reações como demissões e a tentativa de
controle da produção jornalística de modo a direcioná-la para os interesses do mercado. O caso que mais
evidenciou esse processo foi à elaboração do Projeto Folha, que alterou a fisionomia do jornal Folha de S.
Paulo na década de 1980. Apesar da reação patronal, esse padrão de atuação sindical nos anos 1980
mesclou uma lógica de classe e corporativa, permitindo os sindicatos de jornalistas orientarem seu ativismo
na definição das fronteiras da comunidade profissional. O principal efeito desse tipo de ação política foi a
ascensão e hegemonia de um tipo (falo aqui no sentido weberiano do termo) de jornalista profissional cuja
identidade está centrada quase exclusivamente assalariamento e na obrigatoriedade da formação
profissional universitária, em detrimento de outros tipos de valores e formas de dar significados ao
jornalismo enquanto prática social.
EUGÊNIA BRANDÃO: A PRIMEIRA REPÓRTER DO BRASIL
Lara Monique Oliveira Almeida (Faculdades Integradas Teresa D’ Ávila)
RESUMO: Esta comunicação objetiva divulgar o papel da pioneira Eugênia Brandão na história do
Jornalismo brasileiro. Eugênia foi a primeira mulher a trabalhar como repórter no país, mas, atualmente é
figura desconhecida para a comunidade acadêmica. Nascida em 1898 em Juiz de Fora, começou sua
atividade na imprensa quando tinha apenas 16 anos como “reportisa” dos jornais cariocas A Rua e Última
Hora. Apesar da importância que teve em sua época, a memória desta personagem não foi transmitida para
as futuras gerações. Depois da morte em 1948, foi sendo esquecida pelos autores, não é citada na maior
parte dos livros de Jornalismo. Pretendemos, então, inserir o nome Eugênia Brandão em campos de estudo
do Jornalismo e incentivar o surgimento de outras pesquisas sobre ela. Este artigo apresenta parte do
trabalho, que foi originalmente publicado em um livro-reportagem-biografia. O ano de 2008, comemorativo
dos duzentos anos da imprensa brasileira, é também um marco na história da primeira repórter: são
sessenta anos da morte de Eugênia Brandão.
Um jornalista proscrito no Brasil Independente: João Soares Lisboa, um português brasileiro.
Nilo Sérgio Gomes
Resumo: A presente comunicação é um esboço do projeto de pesquisa que desenvolvo para o curso de
Doutorado. Ela pretende, através da pesquisa em memória social e micro-história, desvendar quem foi João
Soares Lisboa, editor do jornal Correio do Rio de Janeiro, que circulou entre abril de 1822 e novembro de
1823. E que viria a morrer em 31 de outubro ou 1º de novembro de 1824, em um dos alvéolos do Rio
Capibaribe, lutando como prol da Confederação do Equador. Sua missa foi rezada por Frei Caneca, a poucos
metros de onde tombou
Os diversos formatos na trajetória do Jornal Panorama
Iluska Coutinho, Bianca Alvin e Lívia Fernandes (UFJF)
Resumo: O artigo lança um olhar sobre a história do Jornal Panorama em Juiz de Fora. A cidade é centro
polarizador de municípios menores. Por isso as informações sobre o que ocorre na cidade têm relevância e
as notícias deveriam fluir para toda a Zona da Mata mineira. O jornal Panorama teve a sua primeira
circulação no dia 30 de novembro 2003 e se anunciava não apenas como um novo jornal em Juiz de Fora,
mas como um produto jornalístico inovador, autônomo. O Jornal passou por diversas mudanças registradas
na sua breve história: tornou-se tablóide com menos espaço e informações; inaugurou a distribuição do
jornal gratuito em Juiz de Fora; ampliou o número de exemplares distribuídos e atualmente a sua circulação
concentra-se no site do jornal. O estudo e registro da história do Jornal Panorama teve como recorte
empírico as notícias e reportagens locais publicadas no diário. A pesquisa de campo incluiu observações e
entrevistas com repórteres e editores, e orientou-se pelo referencial teórico das teorias do jornalismo e de
conceitos como os de jornalismo de proximidade e mídia local. Além disso, a investigação foi realizada a
partir da Análise de Conteúdo, tendo como foco o material jornalístico de produção local e as capas do
periódico, e ainda da pesquisa bibliográfica.
"Imprensa e Poder nos anos 1930: uma análise historiográfica"
Nelton Araújo (UERJ)
Resumo: A História da Imprensa no Brasil nos anos 1930 é, não obstante algumas contribuições
importantes nos últimos anos, um terreno ainda semi-virgem de análises historiográficas. Assim, a
respectiva comunicação tem como objetivo apresentar uma leitura dos principais - mas poucos - estudiosos
desse período, visando a constituição de um cenário histórico da imprensa brasileira entre 1930 a 1937.
Destarte, verificaremos a relação dos jornais e dos jornalistas com o poder, observando sua participação na
sociedade enquanto intelectuais, segundo a acepção de Sirinelli de "mediadores culturais" e, segundo
Gramsci, como "produtores de consenso". Dentre dos inúmeros debates políticos da época, pontuaremos a
participação da imprensa na legitimação do discurso autoritário, que se tornaria hegemônico a partir de
1937. Por fim, faremos um estudo de caso, acompanhando a trajetória nos anos 1930 de um dos principais
periódicos da imprensa carioca no período delimitado: O Jornal, o líder da rede dos "Diários Associados",
pertencentes ao "Barão da Imprensa", Assis Chateaubriand.
GT 2 – PUBLICIDADE E PROPAGANDA
Coordenação Geral: Maria Berenice da Costa Machado (FEEVALE – NH)
INVENTÁRIO ACADÊMICO E PROFISSIONAL SOBRE A HISTÓRIA DA PROPAGANDA NO BRASIL
Adolpho Queiroz (UMESP)
Resumo: A historiada propaganda no Brasil, numa visão dos principais jornais, revistas, livros e capítulos
publicados por autores contemporâneos. Este artigo é uma revisão de literatura,construída com o objetivo
de ampliar o conhecimento neste campo na ocasião em que o Brasil comemora seus duzentos anos de
história da imprensa e da propaganda.
SUBVERSIVOS NO LIQUIDIFICADOR
Graça Craidy (PUCRS e ESPM- RS)
RESUMO: Esta reflexão busca entender a relação entre os criadores publicitários brasileiros dos anos 60/ 70
e o imaginário da ditadura militar e do capitalismo, pela análise de famoso anúncio publicado um mês após o
AI-5, em janeiro de 1969, na revista Propaganda, sob a forma de pastiche de um polêmico tema motivador
de perseguições políticas, na época. Com o título Os Subversivos, o anúncio comunicava ao mercado a
chegada de uma nova equipe de criadores publicitários à agência de propaganda Norton, de São Paulo. Sob
o ponto de vista teórico, vale-se dos estudos de Barthes.
A história da propaganda digital no Brasil, sua estrutura e perspectivas de crescimento
Roberto Gondo Macedo (Faculdade de Mauá – FAMA – SP e UMESP)
Resumo: Caracterizada como uma mídia de alta interatividade com seu público consumidor, a propaganda
digital, em seu recente histórico desponta como uma das mídias com maiores perspectivas de crescimento
no mercado nacional e internacional, conquista fatias representativas de campanhas publicitárias e contribui
no fomento ao acesso de recursos tecnológicos visando o enriquecimento do comércio eletrônico e da
propaganda digital no país. O presente artigo visa de forma cronológica explanar a evolução desse novo
canal de comunicação, apresentando sua estrutura de diagramação, perspectivas de crescimento em relação
ao comércio virtual e formas de interatividade com o consumidor. Contempla também a análise de recursos
tecnológicos como a Internet e TV Digital como ferramentas auxiliares na ampliação desse segmento. Utiliza
para análise de propaganda digital dois portais eletrônicos representativos no Brasil, o portal Terra, na
categoria de provedor de acesso e o portal Submarino na categoria de comércio eletrônico.
A pr opa ga n da polít ica no ABC Pa ulist a : re giona lida de e im a ge m pública no j orn a l D iá rio do
Grande ABC
Roberto Gondo Macedo (Faculdade de Mauá – FAMA – SP e UMESP)
Resumo: As técnicas de propaganda política para o fortalecimento de uma imagem foram recursos utilizados
por homens públicos ao longo da história. A utilização de canais de comunicação locais para a disseminação
de feitos e construção de uma credibilidade torna-se estratégico no que tange o fator de competitividade
política. O objetivo deste artigo é de explanar como o jornal regional na região do ABC Paulista, no estado
de São Paulo, o Diário do Grande ABC trata os feitos políticos regionais por intermédio de suas colunas e
qual a influência dessa mídia para os eleitores da região, partindo do pressuposto que a região engloba sete
municípios pertencentes à área metropolitana do estado, tendo por conseqüência relevante influencia
perante demais blocos de municípios de outras localidades estaduais. O artigo visa também apresentar
conceitos da propaganda política com base em teóricos do segmento e integrar suas concepções e análises
com a estrutura apresentada nos dias atuais.
A habilitação Publicidade e Propaganda: um breve histórico
Flávia Mayer dos Santos Souza (UVV - Centro Universitário Vila Velha – ES)
Resumo: O artigo visa refletir sobre o processo de criação do ensino superior em Comunicação Social com
habilitação em Publicidade e Propaganda no Brasil e, especialmente, no Estado do Espírito Santo. Parte,
assim, dos debates e movimentos do início do século XX, que apontavam para a necessidade do surgimento
do curso de Comunicação. Apresenta os tensionamentos que permearam a criação e implantação do curso,
bem como a influência marcante da graduação em Jornalismo na concepção do ensino de Comunicação
Social com suas habilitações. Aborda o processo de construção dos currículos e as diversas interferências
ocorridas, abarcando a discussão sobre a instabilidade curricular decorrente da implantação de uma
seqüência de currículos mínimos, a abertura proporcionada pela Lei de Diretrizes e Bases e a definição das
Diretrizes Curriculares; e também algumas tendências que marcaram os currículos da área. Busca reunir,
desse modo, o processo no âmbito nacional e aproxima-se do percurso vivenciado no Espírito Santo.
Persuadere: uma história social da propaganda
Guilherme Nery Atem (UFF)
Resumo: Este artigo pretende montar um panorama histórico das formas de Publicidade e Propaganda no
Ocidente, a partir do conceito de persuasão (persuadere). Para isso, recorreu-se ao estudo das diferentes
épocas históricas passadas, cada qual com seu contexto sócio-cultural, bem como com suas formas de
difusão de bens de consumo. Se, por um lado, os termos Publicidade e Propaganda são datados na História,
não existindo desde sempre, por outro lado, mesmo sem esses nomes já havia formas de se anunciar os
produtos que chegavam às cidades, mesmo na Antigüidade. Das formas retóricas de se anunciar oralmente
a existência de um produto às formas tecno-midiáticas de se disputar o mercado consumidor, muita coisa
muda: os contextos sociais e econômicos, os valores morais, os meios de expressão etc. Pode-se ver que
cada época e lugar desenvolve suas formas de anunciar suas mercadorias. Entretanto, apesar de se
expressar de modos tão distintos, talvez o espírito persuasivo do comércio seja o mesmo.
Memória da Pele e histórias de consumo: marcas e produtos tatuados no corpo
Eneus Trindade Barreto Filho (USP) e M aria Angela Pavan (Unimep)
Resumo: Este artigo pretende investigar, a história de vida de consumidores, em que se verifica a escolha
de produtos e marcas da cultura de consumo para serem tatuados nos corpos. Segundo o pesquisador
Milton José de Almeida (2000) o que fica com o tempo são as imagens e sons de um tempo vivido. Partimos
do princípio que os comerciais, filmes e a propaganda são uma produção da cultura e que suas marcas são
resíduos que passam a constituir uma memória individual sobre as relações de consumo do sujeitos
social em suas vidas cotidianas. Iniciaremos nossa reflexão com um entendimento a respeito das relações
entre a identidade na pós-modernidade e a escolha da tatuagem para perpetuar produtos na pele , bem
como a relação disso tudo com a cultura midiática e de consumo. Utilizamos como procedimento
metodológico a entrevista, já que as pessoas observadas escolheram a marca por gostarem do símbolo e
não foram pagas por usarem a mesma em seus corpos. Dessa forma, podemos identificar, no momento
dessa escolha, algo que as levaram afetivamente para o ato da tatuagem. Como o pesquisador Muniz Sodré
(2006) discute em obra recente, este exemplo permite verificar um tipo de vínculo sensível da cultura
midiática e do consumo à vida das pessoas . O que nos chama atenção é a escolha do símbolo e do
produto no que diz respeito às novas sensibilidades do "ser e estar na nova sociedade". Como subsídio para
esta reflexão, além dos autores citados, utilizamos os trabalhos de Mauro Wilton de Sousa (2001), Massimo
Canevacci (2005), Mario Perniola (2000) e Stuart Hall (2001).
EXPERIMENTE... E... COMPARE! O texto de anúncios publicitários da década de 1950.
Rafael Araújo Saldanha (PPGH/UFSC)
Resumo: Há aproximadamente 50 anos, quando a economia brasileira a pouco havia se aberto para a
influência das empresas multinacionais, o anúncio publicitário foi largamente utilizado para implantação e
manutenção de produtos estrangeiros no mercado nacional e, para isso, o texto publicitário teve
fundamental importância. Sabendo-se que a publicidade reflete aspectos culturais e econômicos de uma
sociedade e visando um melhor entendimento de sua evolução, em particular do texto publicitário como
elemento de um anúncio, este artigo tentará discutir as conclusões da pesquisa exploratória monográfica do
autor, que se propôs a traçar as principais características do texto publicitário e de anúncios da década de
50, veiculados na revista O Cruzeiro, e para tal considerou a historiografia da década em questão, no mundo
e no Brasil, a definição de Publicidade e Propaganda e sua evolução no país, o histórico do veículo, o estudo
da estrutura do anúncio publicitário, seus elementos e seu desenvolvimento.
Est r a t é gia pa ra ch a m a r a t e nçã o? Um r á pido pa nor a m a da re pr e se nt a çã o da s m inor ia s se x ua is n a
publicidade da televisão brasileira.
André Iribure Rodrigues (PPGCOM/UFRGS)
Resumo: Este texto traz, parcialmente, o corpus da tese de doutorado em andamento e de título provisório
“A Heternormatividade no Regime de Representação das Minorias Sexuais na Publicidade Brasileira” a ser
defendida no PPGCOM/UFRGS. Um levantamento do que se tem da representação das minorias sexuais na
publicidade televisiva brasileira permite traçar um rápido panorama de como estas minorias são
apropriadas, mediadas culturalmente e veiculadas no texto publicitário. Para tanto, se apresenta o que se
entende por minorias sexuais e sua tensão com a heteronormatividade, amparando o olhar sobre a
representação social das homossexualidades na publicidade. Essa atividade contemporânea de divulgação e
sistema de significação de categorias culturais mostra-se como espaço profícuo para análise das disputas de
poder nas relações de gênero e da sexualidade.
Marketing Politico Brasil X Italia: conceitos e perspectivas
Bruna Vieira Guimarães (UMESP)
Resumo: O objeto de estudo deste artigo é o Marketing Político no Brasil e na Itália. A autora confronta
definições de principais autores brasileiros como Rubens Figueiredo, Carlos Augusto Manhanelli, Francisco
Gaudêncio Torquato do Rego e Adolpho Queiroz, com especialistas italianos: Alberto Cattaneo, Paolo
Zanetto, Fabrizio Iaconetti, Gian Luigi Falabrino, Stefano Colarieti e Paolo Guarino. Por meio do resgate no
cenário político brasileiro e italiano na década de 90, a autora traça semelhanças e diferenças na aplicação
do marketing político entre os dois paises. A metodologia adotada foi a Pesquisa Histórica enfatizando o
estudo bibliográfico e documental. Na conclusão constam alguns desafios e perspectivas de aprimoramento
do marketing político nos dois paises e um possível dialogo entre os profissionais envolvidos.
Memória: rastros e marcas da comunicação no Espírito Santo
D a r cilia M oysé s BORGES, Flá v ia M a y e r dos Sa nt os SOUZA e M a r ia Cr ist ina D AD ALTO ( UV V Centro Universitário Vila Velha – ES)
Resumo: O artigo visa lançar as sementes de uma proposta de criação de linha de pesquisa, pelo curso de
Comunicação Social do Centro Universitário Vila Velha - UVV, que busca refletir sobre o processo de
desenvolvimento e consolidação da mídia no Espírito Santo a partir da experiência daqueles que vivenciaram
este processo de construção histórica. Por meio de alguns indícios é possível notar como o percurso do corpo
docente e discente já apontava nessa direção: a quantidade de monografias produzidas pelos alunos, a
implementação da memória como eixo transversal de debate no projeto pedagógico do curso, a criação de
projetos e programas de televisão no Canal Universitário, culminando com a produção de um documentário
sobre a história da comunicação no ES. O vídeo tornou visível toda vivência já acumulada acerca do tema,
uma vez que a base de sua produção foram os estudos monográficos realizados anteriormente. Com tais
informações, os estudantes puderam entrevistar publicitários, jornalistas, fotógrafos, entre outros, que
participaram da construção da comunicação no ES. É essa experiência que buscamos reescrever,
reelaborando, sob o cotejar de documentos, testemunhas de história oral e indícios óticos.
As pe culia r ida de s e cont r a diçõe s do pe r fil dos pr ofissiona is do se t or publicit á rio de Vit ór ia da
Conquista
D I AS, D a n ie la , ARAÚJO, Le ona r do e CARVALH O, Ca r m e n ( Unive r sida de Est a dua l do Sudoe st e da
Bahia)
Resumo: Em Vitória da Conquista, segunda maior cidade do interior baiano, localizada no sudoeste do
estado, a 500 km de Salvador, o setor publicitário é um dos que mais cresce, sendo contemplado com vários
prêmios nos últimos cincos. O presente artigo faz uma reflexão sobre o perfil dos profissionais de
comunicação que atuam nessas agências de publicidade. Por meio de uma pesquisa quantitativa foram
identificadas as empresas do setor existente no município, e a pesquisa qualitativa, com entrevistas
fechadas e abertas, possibilitou encontrar as características dos trabalhadores do mercado publicitário local.
Apesar da existência de um curso de Publicidade e Propaganda em uma faculdade privada na cidade, a
pesquisa empreendida encontrou uma formação ainda incipiente de uma parte dos profissionais das
agências e jornalistas exercendo atividades de publicitário. Peculiaridades de uma cidade do interior que é
premiada na área, mas ainda necessita evoluir na valorização da formação acadêmica do publicitário.
Corpo feminino: do anonimato à super exposição, anúncios publicitários do Jornal NH
Denise Castilhos de Araújo, Claudia Schemes e Bolsista Fapergs Cíntia Ledur (Feevale – RS)
Resumo: O corpo feminino tem sido utilizado pela publicidade como imagem ilustrativa de várias
mercadorias. Seu uso não é algo restrito ao tempo atual, pelo contrário, é possível observar que muitas
vezes esse corpo já se fez presente em jornais, revistas, cartazes, televisão, enfim na mídia de uma maneira
constante. É interessante observar e analisar, e é o que se objetiva com este artigo, os modos como esses
corpos foram anunciados durante as décadas de 60 e 90, no Jornal NH, estabelecendo-se um contraponto
com as imagens e as construções femininas percebidas. Para a análise foram selecionados anúncios
publicitários do jornal mencionado, tendo-se como ferramentas de análise a Semiótica e a Análise de
Discurso.
Qua lifica çã o e re fe rê ncia s pa r a os j ove ns publicit á rios: conside r a çõe s sobr e o Fe st iva l M u ndia l de
Publicidade de Gramado e a Associação Nacional da Memória da Propaganda
Maria Berenice da Costa Machado e Renato Felipe Cauduro Nunes (Feevale- RS)
Resumo: O Festival Mundial de Publicidade de Gramado e a Associação Nacional Memória da Propaganda
são iniciativas de dois gaúchos que escrevem, há mais de trinta anos, algumas páginas na história da
propaganda. Considerando a expansão dos cursos de graduação nos últimos anos, a quantidade de jovens
que iniciam as suas carreiras na publicidade, bem como as demandas do mercado de trabalho favoráveis a
quem tem mais conhecimento, familiaridade com a tecnologia e inserção nas redes de relacionamento,
entendemos que tanto o festival quanto a associação podem oferecer referências, colaborar para a
formação, a qualificação e a inserção de estudantes e estagiários nas atividades acadêmicas e profissionais.
Este artigo deseja apresentar os dois eventos e refletir sobre as suas possíveis contribuições para a
construção e a preservação do campo da publicidade do Brasil.
A trajetória do Jornal O Taquaryense
Elize t e de Aze ve do Kre ut z e M a r cos Rogé r io Kr e u t z ( UN I VATES Ce nt ro Unive r sit á r io –
Lajeado/RS)
Resumo: O Jornal "O Taquaryense", fundado em 1887 pela Família Saraiva na cidade de Taquari/RS, é o
segundo jornal mais antigo do estado e ainda em circulação, com as mesmas características: formato
artesanal de impressão baseado no processo "gutenberguiano" de tipo-a-tipo. Este artigo tem como objetivo
apresentar a trajetória deste semanário que é um ícone da imprensa riograndense e faz da história da
imprensa brasileira que este ano comemora o seu bicentenário, e será realizado por meio da análise da
entrevista de Plínio Saraiva, filho do fundador, bem como da análise do acervo de O Taquaryense. No
decorrer de seus 121 anos, o Jornal registra a história de seu povo através de manchetes, artigos, folhetins
e publicidade. Como resultado, esperamos que este estudo possa contribuir com a construção da História da
Mídia Brasileira.
A publicidade e a Sociedade de Consumo
Eloá Muniz (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Resumo: A publicidade é uma forma de comunicação, pois emite uma mensagem que é assimilada pelo
receptor. A missão da comunicação é facilitar a compreensão da mensagem evitando falhas na recepção,
pois a publicidade é uma com unicação int eressada que está intimamente ligada a persuasão. O discurso
publicitário legitima uma sociedade de consumo, onde a satisfação define-se como a busca constante do
prazer, no qual o consumidor encontra-se implicado num sistema generalizado de troca e de produção de
valores codificados. O consumo constitui uma ordem de significações como a linguagem. A publicidade
funda-se na produção de mensagens informativas de significação objetiva, direcionada a satisfazer as
necessidades humanas, onde a carência e os desejos se sucedem na busca incessante da felicidade ideal,
no qual o consumo, a partir da geração de necessidades, constitui a seqüência lógica e necessária da
produção.
DESCONSTRUINDO A FOLHA MARTIN PILGER: UMA ANÁLISE DO PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
Vera Dones e Deivis Luz (Centro Universitário Feevale)
RESUMO: O artigo apresenta o projeto Nosso Bairro em Pauta, uma proposta que envolve duas
comunidades carentes de Novo Hamburgo (RS) em atividades realizadas a partir da relação entre mídia,
educação, cultura e comunidade, privilegiando o processo de construção de dois jornais. Este trabalho vem
resgatando o respeito e a valorização da opinião dos moradores na reconstrução de sua realidade, pois são
os únicos veículos impressos nos quais são protagonistas. Em destaque, apresentamos os elementos
norteadores da construção do projeto gráfico da Folha Martin Pilger. A abordagem constitui-se a partir da
análise do projeto editorial e da programação visual de 17 edições.
O que muda nos modos de fazer publicidade no Brasil nos últimos dez anos.
Graciela Inés Presas (Universidade Federal de Santa Maria – UFSM)
Resumo: O trabalho é parte do projeto de pesquisa que coordenamos na linha Mídia e Identidades
Contemporâneas no Mestrado de Comunicação da UFSM, que foca a atividade publicitária no Brasil, visando
identificar se, pode-se falar na existência de um “jeito” brasileiro de fazer publicidade, e, como a identidade
do brasileiro é refletida/representada/retratada nesta produção cultural ao longo de sua história registrada
pelos meios de comunicação. Contempla aspectos epistemológicos, teóricos, históricos e metodológicos;
basear-se-á em pesquisas bibliográficas e empíricas situando texto e contexto da produção. Espera-se que a
mesma seja o início de um processo maior que envolva a atividade publicitária latino-americana tendo o
Brasil como paradigma. Inicialmente optou-se por verificar o que está mudando na publicidade no país, nos
últimos dez anos, face ao impacto das novas tecnologias e a globalização. O presente artigo relata parte dos
resultados obtidos nos primeiros levantamentos feitos com a colaboração de quatro estudantes de
graduação que participaram do trabalho de pesquisa aplicada, bibliográfico e empírico; realizando uma
pesquisa exploratória, qualitativa junto a profissionais de agências de referência: locais, regionais e
nacionais.
A cre sce nt e ne ce ssida de do pla ne j a m e nt o pu blicit á r io: Um a visã o dos pr ofissiona is a t ua n t e s no
mercado.
Heloiza Goulart SEVERO (Universidade Federal de Santa Maria)
Resumo: O estudo objeto deste trabalho esta baseado na monografia do TCC do Curso de Comunicação
Social, habilitação em Publicidade e Propaganda da UFSM, defendido em janeiro de 2008. Direcionado para
a área de planejamento de propaganda, a pesquisa compõe-se de um estudo bibliográfico sobre o tema, e,
de uma pesquisa qualitativa exploratória aplicada em algumas das principais agências do mercado, no
segundo semestre do ano de 2007, nas cidades de São Paulo (SP), Porto Alegre e Santa Maria (RS). O
projeto tem a finalidade de buscar informações sobre três setores existentes nas agências de publicidade e
propaganda; planejamento de propaganda, planejamento de mídia e criação. Parte de um projeto maior, o
qual busca identificar as mudanças nos modos de fazer publicidade no Brasil, dirigido pela orientadora do
mesmo; a análise destas informações contrapõe a teoria estudada nas universidades com a prática
publicitária observada do mercado. Verificou-se que os profissionais atuantes nas agências percebem a
crescente contribuição do planejamento publicitário no sucesso de seus trabalhos. E ainda, há um
movimento interno nas agências para que o planejamento de propaganda tenha a mesma equivalência
criativa do próprio setor de criação.
Comunicação e formação inclusiva: Relações no mundo do trabalho no Vale dos Sinos
Margarete Panerai Araújo (Feevale)
Resumo: A pesquisa verifica contribuição dos periódicos locais, estaduais e nacionais na construção de
novos conceitos que envolvem a formação do trabalhador do Vale dos Sinos. A metodologia em duas
etapas, primeiramente reuniu matérias específicas, cujas características sociais, econômicas, políticas e
culturais refletem o cotidiano da região e a segunda parte foi complementada com roteiros de entrevistas
focados nos processos de inclusão junto às agências de trabalho. Visando explorar os veículos de
comunicação e sua grande importância no momento histórico de formação do trabalhador, e na instauração
de diferentes concepções buscou-se investigar esse desvelamento. Os resultados encontrados até o
momento permitem afirmar que os periódicos vêm sistematicamente colaborando com os processos
produtivos da região.
A DEMANDA DA MEMÓRIA DA PUBLICIDADE GAÚCHA
Maria Helena Steffens de Castro (FAMECOS – PUCRS)
Resumo: Centrando-se nos primeiros quarenta anos da publicidade do Rio Grande do Sul, este estudo
apresenta o caminho percorrido para a catalogação de 48.128 anúncios que a famosa Revista do Globo
publicou entre 1929 a 1967, em Porto Alegre. Os resultados desse trabalho permitem recuperar os primeiros
produtos que chegavam ao mercado, os gêneros mais presentes na época, as principais casas de comércio
da capital do Estado, a seleção de marcas e suas estratégias para conquistar clientes, bem como outras
informações que fazem parte da ficha catalográfica. È possível também, estabelecer relações entre os
discursos que utilizavam apelos racionais nas primeiras décadas, quando os reclames orientavam os
consumidores sobre o uso dos produtos e os discursos com apelos emocionais, a partir de 1950, que
indicavam que a industrialização estava de certa forma, consolidada no Brasil.
A comunicação e a mudança de atitude no lançamento do cemitério vertical de Santos
Marco Antonio Batan
Resumo: Sem entrar na polêmica da Escola Atitudinal ou Comportamental dos mecanismos de persuasão,
com a discussão do que vem primeiro se a atitude ou o comportamentp, este estudo de caso aceita a
possibilidade da comunicação interferir no receptor de maneira a conseguir uma mudança de atitude deste
e, assim, influenciar o seu comportamento. No mínimo, o emissor pretende que o alvo concorde com a sua
opinião. A dificuldade na constatação dessas mudanças, via comunicação está em isolar um objeto de
estudo, que seja suficientemente inovador, confinado em tempo e área geográfica específicos para que seja
demonstrável a mudança nos elementos cognitivos, afetivos e comportamentais e o esforço intencional da
mídia e da propaganda com aquele propósito. A implantação da idéia do cemitério vertical em Santos,
realizado como Necrópole Ecumênica Memorial nos anos 80 e que chegou ao Guiness Book na década
seguinte, fornece todos os componentes para uma avaliação da utilização da comunicação na mudança de
atitude, conforme propõe este trabalho
Tipogra fia
ve r na cula r :
a
Vera Lúcia Dones (Feevale – RS)
re voluçã o
sile n ciosa
da s
le t r a s
do
cot idia no
Resumo: A estética vernacular, aplicada à comunicação gráfica, nos remete a uma nova sensibilidade e a
outras formas de saber que chamamos de conhecimento “comum” ou “popular”. A complexidade de
estéticas gráficas visuais dos últimos 50 anos testemunha a superação de modelos universais da tipografia
aplicada à comunicação visual. Este artigo inicia com uma revisão histórica da tipografia ocidental moderna
à pós-moderna, evidenciando os sincretismos entre as formas autênticas e/ou arcaicas e as novas
tecnologias. Segue-se com uma investigação sobre o processo de criação de alguns letristas na região
metropolitana de Porto Alegre.
BELOW TH E LI N E: AS AÇÕES PROM OCI ON AI S E A PROFI SSI ON ALI ZAÇÃO D O M ERCAD O
PUBLICITÁRIO HAMBURGUENSE NA DÉCADA DE 1960
Marcelle Silveira dos Santos (Feevale – Novo Hamburgo/RS)
RESUMO: A atividade publicitária em Novo Hamburgo profissionalizou-se a partir da década de 60, período
de expressivo crescimento da economia local e também da fundação do Jornal NH, das primeiras agências
de publicidade e da realização de ações promocionais que ativaram a indústria e o comércio da cidade.
Neste paper, que é um desdobramento do Projeto de Pesquisa História e Memória da Publicidade e
Propaganda e de uma monografia de graduação, pretende-se apresentar alguns daqueles sorteios, eventos,
brindes e incentivos, oferecendo referências para a história da comunicação local. Para isto, articulam-se
fatos e informações sobre tais iniciativas, buscando compreender a sua relevância no processo de instalação
das primeiras agências e, consequentemente, no desenvolvimento do mercado publicitário hamburguense.
Como metodologia, segue-se o paradigma da complexidade a partir da revisão bibliográfica - onde
privilegia-se autores nos campos da Comunicação, Marketing Promocional e História - a busca documental e
a técnica da História Oral para contemplar os depoimentos coletados ao longo de mais de dois anos de
pesquisa.
Compram- se cor pos ult ra m e didos. Re pre se nt a çõe s do cor po fe m inino na m ídia im pr e ssa no
carnaval brasileiro.
Selma Felerico (PUC- SP)
Resumo: Este artigo é o resultado parcial de meu projeto de doutorado intitulado “Do Corpo Desmedido ao
Corpo Ultramedido. Imaginário e Significação do Corpo Feminino nas Campanhas Publicitárias de Mídia
Impressa, nos períodos de 1950,1970 e 2000”, desenvolvido no Curso de Comunicação e Semiótica da PUCSP. Neste texto são feitas reflexões sobre o corpo feminino e a influência da mídia na construção do modelo
de beleza no país. O período escolhido foram os meses de janeiro e fevereiro, de 2001 até 2008,
considerando-se que o Carnaval é um momento de grande exposição de modelos e atrizes na mídia. Fez-se
necessário o levantamento de matérias com textos e imagens jornalísticas, capas de revistas e anúncios
publicitários em revistas femininas como: Dieta Já, Boa Form a, Corpo a Corpo, Pense Leve, que tratam do
tema corpo e em revistas de interesse geral como: Manchet e e Caras, que registram, também, de forma
significativa a festa do Momo no Brasil. Observa-se no corpus mencionado que a publicidade e os meios de
comunicação têm importância fundamental na comunicação, pois são as principais fontes de informação que
norteiam o imaginário feminino na sociedade contemporânea.
D IÁLOGO ENTRE AS ARTES PLÁSTICAS E A PUBLICIDADE NO B RASIL
Silvana Brunelli (Universidade de São Paulo)
Resumo: Se historicamente as artes plásticas e a publicidade internacionais sempre mantiveram relações
estreitas e até mesmo conflituosas, indagamos como teriam se comportado entre si esses dois campos
profissionais no Brasil quando da passagem da nossa publicidade amadora para aquela moderna,
impregnada, sobretudo, pelos métodos das agências norte-americanas atuantes no eixo Rio-São Paulo. Ao
mesmo tempo em que examinamos se a nossa produção de anúncios e/ou cartazes foi ou não uma
reelaboração particular dos exemplos da arte publicitária internacional em circulação, averiguamos o quanto
a imagem publicitária foi mediadora de valores plásticos e formadora de uma cultura visual que,
antecipando-se às correntes artísticas modernistas em exercício no Brasil. Acreditamos que ao analisarmos
a participação e a produção dos artistas plásticos e gráficos na publicidade brasileira, especificamente na
comercial de produtos e empreendimentos, entre as décadas de 1920-1940, recuperamos uma lacuna
historiográfica tanto da área das artes visuais, como também da propaganda.
A mídia painel eletrônico e a cidade
Ana Paula Cesar Vaz Guimarães Nogueira (Faculdades Integradas Rio Branco - São Paulo)
Resumo: O advento da tecnologia permitiu a invasão das grandes cidades pelos meios e suportes
midiáticos eletrônicos. Dentre eles, destaca-se o painel eletrônico, mídia exterior urbana que, apesar de
recém chegada, integrou-se rapidamente ao movimento e ritmo das cidades, compondo a paisagem ao seu
redor com suas imagens e acelerando o tempo com seu fluxo. São imagens para serem vistas, tanto pelos
olhos apressados dos que caminham por ruas e avenidas, quanto pelos olhos aprisionados no interior dos
automóveis, estejam eles retidos nos lentos engarrafamentos ou libertos na velocidade dos carros em
movimento. Buscou-se analisar as influências recebidas, na construção de suas mensagens, de outros meios
de comunicação, como o outdoor, a televisão e o videoclipe, produto midiático desta última. Sua grade de
programação foi avaliada na ótica do contraste de sua definição como meio a serviço da propaganda e da
utilidade pública. A abordagem foca sua identidade própria e as características únicas no contexto urbano,
como a visibilidade, o dinamismo, as formas e as cores que, muitas vezes, o transformam em referência
urbana.
Estudo de caso da Mídia Impressa – Revista Visão, Jornal Expresso, Revista Única, Revista Actual,
Jor na l de N ot ícia e Re vist a de D om ingo – nos a nos de 2 0 0 2 , 2 0 0 4 e 2 0 0 6 , e nqua nt o const r ut or a
da imagem visual da mulher brasileira em Portugal
DALBOSCO Charlene (Universidade Fernando Pessoa – Porto – Portugal)
Resumo: Este estudo discute qual o impacto visual da mulher brasileira, representada pelas mídias
impressas, em Portugal. Inicia-se contextualizando a mulher e a sociedade baseado no consumo e no
erotismo, em seguida verifica-se a mulher e os meios de comunicação estudando a influência das mídias e a
construção dos padrões estéticos, e por fim analisa-se a mulher brasileira na sociedade portuguesa e as
mídias, através de Morin, Muniz Sodré, Baudrillard, Lipovetsky, Barthes, entre outros autores. O material
teórico fundamentará a análise quantitativa e qualitativa das mídias impressas: Revista Visão, Jornal
Expresso, Revista Única (encarte jornal expresso), Revista Actual (encarte jornal expresso), Jornal de
Notícias dominical e Revista Jornal de Notícias dominical, nos anos de 2002, 2004 e 2006, verificando-se a
imagem apresentada da mulher brasileira, pode ter influência na construção da identidade visual da mesma,
que se reproduz no olhar do povo português, e se esta imagem sofre mudanças com o passar do tempo.
A Propaganda na era JK. Um estudo exploratório da publicidade em jornal da região de Campinas.
Flailda Brito Garboggini (PUC- Campinas) e Felipe Ribeiro Brochado de Almeida (PUC- Campinas)
Resumo: Trata de pesquisa exploratória qualitativa, tendo como objetivo principal conhecer a publicidade
do período JK. Foram observados e analisados alguns anúncios de jornal, veiculados no período de governo
Juscelino Kubitschek (1956-1961). No arquivo do principal jornal campineiro “ Correio Popular” , foram
investigados e selecionados anúncios procurando-se verificar de que forma referiam-se a fatos políticoeconômicos do período, decorrentes da abertura ao capital internacional. Verificou-se como a publicidade
relacionava-se ao crescimento da indústria automobilística no Brasil. Foram analisados, sob a luz da
semiótica, elementos que compõem os anúncios selecionados, procurando-se identificar a forma, estilo da
redação das peças publicitárias. A observação analítica deste material, sob uma perspectiva teórica,
possibilitou realizar reflexões e tecer considerações sobre os progressos da sociedade regional refletidos nos
meios de comunicação.
Resgate da História da Publicidade e Propaganda na Região de São Borja – RS
Fla v i Fe r re ir a Lisboa Filho ( Univ e rsida de Fe de r a l do Pa m pa – Unipa m pa , ca m pus Sã o Borj a e
UNISINOS)
Resumo: Este estudo teve como objetivo realizar um resgate da história da publicidade e propaganda no
município de São Borja – RS e região. Foi o primeiro trabalho desenvolvido no município com esta intenção.
A pesquisa configurou-se como projeto de ensino junto a disciplina de “Fundamentos de Publicidade e
Propaganda”. Os acadêmicos iniciaram o percurso investigativo de descobrir e levantar as formas como
eram veiculados os anúncios, suas principais características e o seu processo de evolução nas diferentes
mídias. Os veículos de comunicação da cidade foram mapeados e agrupados da seguinte forma para
viabilizar a investigação: impresso até 1970; impresso a partir de 1970; rádio AM; rádio FM; televisão;
Internet; e mídias alternativas. Foram realizadas entrevistas, visitas a museus, rádios, jornais, emissora de
tevê e outras organizações para coletar os dados. Como resultado obteve-se um panorama histórico-cultural
que apresenta a história da publicidade e propaganda regional e suas conexões com a evolução das mídias
no município.
O papel da propaganda no processo de popularização do rádio no Brasil (1923- 1926)
Michele Cruz Vieira (PPGCOM – UFF)
Resumo: Edgar Roquette-Pinto, em 1923, quando cria a primeira emissora regular de rádio no Brasil, a
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, manifesta que os rumos do novo meio de comunicação devem seguir um
projeto educativo-cultural, sem fins comerciais, com uma programação que excluiria a propaganda e
músicas populares. Em 1924, esse ideal de Roquette-Pinto é legalizado com o decreto 16.657 que
determinava que os programas deveriam ter fins educativos, científicos, artísticos e de benefício público.
Apesar de estar excluída da programação radiofônica, a propaganda se mostrou presente na revista Radio,
periódico criado em 1923 pela Rádio Sociedade do Rio de Janeiro com o objetivo de vulgarizar os assuntos
sobre o rádio no Brasil. A revista traz em suas páginas propagandas de vários revendedores de peças para
rádio, além de apelos aos comerciantes para divulgarem seus serviços a fim de que o rádio seja difundido no
país. A partir de uma análise de exemplares da revista Radio datados de 1923 a 1926, o artigo pretende
discutir que a propaganda, apesar ter sido vetada nas primeiras programações radiofônicas, esteve ativa
num projeto paralelo da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, e foi fundamental para o processo de
popularização do rádio no Brasil.
Os significa dos e a s prá t ica s socia is re fle t ida s e re fra t a da s nos a nú ncios pu blicit á r ios sobr e
móveis artesanais.
Mariuze Dunajski Mendes (UFSC e Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR - PR)
Resumo: A história dos artefatos e a história da propaganda estão profundamente relacionadas, pois, como
suporte comunicacional, esta circula idéias e valores que influenciam a percepção estética, o consumo e a
produção de bens materiais. O presente artigo objetiva refletir sobre o diálogo permanente entre as imagens
e texto na constituição de significados e práticas sobre os móveis artesanais, a partir de propagandas de
algumas de fábricas da região sul do Brasil, nas décadas 30 e 40 do século XX. As fontes de pesquisa –
periódicos e catálogos - propiciaram perceber o foco das empresas anunciantes, suas formas de produção e
circulação, bem como as relações sociais e representações simbólicas expressas nos anúncios. A
metodologia adotada contemplou o diálogo com artesãos e empresários que vivenciaram o referido tempo
histórico, possibilitando aflorar memórias de acontecimentos que permitiram contextualizar as empresas
pesquisadas no cenário local, revelar aspectos da história da produção moveleira, além de mostrar as
tensões entre a tradição e modernidade presentes no fazer artesanal. Estas tensões são refletidas e
refratadas nos anúncios, enfatizando o ideário nacionalista de desenvolvimento e progresso deste período
histórico. Relacionar a publicidade e a história dos bens materiais aproxima campos teóricos e práticos, que,
por um referencial intertextual, desvelam processos históricos e sociais mais amplos.
A PUBLICIDADE E A PROPAGANDA NO JORNAL ‘O LIBERAL’ NA CUYABÁ DE 1875
BARROS, Manoel Onofre dos Reis (UFMT)
Resumo: Trata-se de uma retomada da memória do povo cuiabano, um resgate histórico das identidades
inseridas no contexto da comunicação na época da Cuiabá do Império. Esse estudo se propõe investigar
como eram feitos os anúncios publicitários a partir das edições do jornal O Liberal do ano de 1875,
contribuindo com a construção de um acervo que conte a história da publicidade regional. O trabalho tem
grande parte do seu encaminhamento analítico e metodológico da Análise do Discurso para a identificação e
descrição do perfil dos anunciantes, do público-alvo, das técnicas de linguagem e do apelo persuasivo.
Dentro da praxe dos procedimentos da análise discursiva, foram realizadas digressões de âmbito sóciocultural e político-econômico que puderam nos dar embasamento sobre o contexto histórico do século 19,
levando em conta o sujeito, a linguagem e o imaginário social para a reconstrução do momento de leitura,
no sentido de guiar-nos sobre o deslizante terreno da ideologia. Um cenário surpreendente e quase
desconhecido da legendária Cuiabá se descortinou de forma inesperada. Foram encontrados sinais que nos
revelaram muito da sociedade, dos mitos e da práxis lingüística num período em que o capitalismo ganhava
terreno, a propaganda se fortalecia e a civilização moderna se constituía.
O PODER ABSOLUTISTA DA MPM NAS DÉCADAS DE 80 E 90
Marino Boeira
Resumo: Em 1964, um golpe militar rompeu o sistema democrático no Brasil e instalou uma ditadura que
se prolongaria por mais de 20 anos. Independentemente de outros aspectos políticos e ideológicos, uma das
características dessa etapa da vida brasileira foi a ambição dos militares de estabelecer uma política de
crescimento econômico que levasse o Brasil a uma posição de liderança na América Latina. É o chamado
“Brasil Grande” que deveria nascer.
Vencida a resistência inicial dos opositores, concentrados principalmente nos meios intelectuais e sindicais
do País, através da violência institucionalizada, era preciso que os governantes militares obtivessem o
consentimento da população brasileira para a sua política ufanista. Seguindo a política norte-americana
durante a chamada “guerra fria”, os estrategistas militares brasileiros (ex. Golbery do Couto e Silva)
trataram de construir uma política de comunicação destinada a conquistar “corações e mentes” da
população. Como os jornais, de um modo geral (principalmente o Correio da Manhã e o Estadão)
mantiveram uma posição crítica em relação ao regime, essa conquista teria que ser feita através de uma
comunicação dirigida e paga: a propaganda comercial. Era preciso então dispor do apoio de uma grande
agência de propaganda com atuação nacional, capaz de oferecer serviços de qualidade em termos de
planejamento, criação e produção para os meios eletrônicos e impressos. Como por lei, as agências
estrangeiras não podiam atender contas públicas, a agência escolhida foi a MPM. Criada em Porto Alegre na
década de 50, ela se assentava num tripé formado pelos diretores Mafuz(M, de Porto Alegre), Petrôneo (P,
de São Paulo) e Macedo(M, do Rio) ela montou uma estrutura física e de pessoal capaz de atender o
governo em todo o País e com isso, valendo-se da condição de que as contas publicitárias não eram objeto
de licitação, amealhou-as praticamente todas. Este estudo pretende mostrar como se deu esse processo. O
trabalho proposto pretende reconstruir esse período e apontar as razões que tornaram a MMP a maior
agência brasileira em faturamento durante 10 anos sucessivos.
Trinta anos de mulher na propaganda
Cinara Augusto
Resumo: É inegável a discriminação da mulher no mercado de trabalho brasileiro, conforme pesquisas e
relatos registrados. Na publicidade não seria diferente mas o resgate de depoimentos torna-se difícil, com a
rara valorização de casos de sucesso feminino na profissão, como se constata na mídia especializada. Nesse
contexto, o depoimento da autora sobre a sua trajetória de 30 anos no mercado publicitário santista desde a
descoberta do interesse pela profissão nos anos setenta, revela aspectos adicionais à problemática. A
vivência profissional sob o olhar feminino destaca as dificuldades enfrentadas na busca de um espaço na
área da criação, dominada pelos homens.
ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS NOS JORNAIS DE TAUBATÉ DO SÉCULO XX
M onica Fr a nchi Ca r nie llo ( Unive r sida de de Ta uba t é / Pr ogr a m a de M e st ra do e m Ge st ã o e
Desenvolvimento Regional) e Francisco de Assis (Umesp).
Resumo: O século XX, em função do acelerado desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação, foi
cenário de uma grande expansão da atividade publicitária, que ganhou força e reconhecimento como
atividade comercial. O presente artigo tem como objetivo verificar a evolução da linguagem dos anúncios
publicitários veiculados nos principais jornais veiculados em Taubaté – SP, no século XX. Para isso, foram
levantados os jornais mais representativos entre o período de 1900 a 2000. Como corpus, foram
selecionados quatro anúncios de cada década, totalizando quarenta peças publicitárias impressas, que foram
digitalizadas e analisadas. As análises buscaram verificar os seguintes aspectos: formato; tipo de
anunciante; relação texto-imagem, estrutura argumentativa do anúncio. Os resultados revelam uma
tendência de uso da imagem a partir da segunda metade do século XX. A linguagem formal marca os
anúncios das primeiras décadas. Marcas da oralidade aparecem nos textos dos anúncios mais recentes.
Fazendo um paralelo com a evolução tecnológica dos recursos de produção impressa, nota-se uma
interdependência entre os recursos técnicos disponíveis em cada período e a linguagem publicitária utilizada
nos anúncios dos jornais analisados.
N a cont r a m ã o da com unica çã o: a publicida de e nga nosa e re cla m a çõe s j u nt o a o PROCON no
interior paulista (panorama da Região Metropolitana de Campinas - RMC)
Flá v ia N e gr i Fa va r im – ( Fa culda de Com u n it á r ia de Sa nt a Bá r ba ra – FACSB e Fa culda de
Anhanguera de Piracicaba) e Luciana Fischer ( Faculdade Comunitária de Santa Bárbara – FACSB)
Resumo: A publicidade apresenta-se como recurso fundamental nas ações estratégicas de marketing
desenvolvidas por micro, pequenas, médias e grandes empresas no mercado nacional. No entanto, há de se
considerar que, apesar do importante papel no aspecto comunicacional, por diversas vezes pode-se
identificar a caracterização da publicidade enganosa realizada por parte destas empresas, pois pressupõe-se
que inadvertidamente compram e aprovam campanhas, e/ou peças publicitárias, que agridem os direitos
dos consumidores. Objetiva-se, portanto, identificar junto à Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor
– PROCON, das cidades que compõem a Região Metropolitana de Campinas (RMC), com mais de 100 mil
habitantes, os índices de reclamações que se constituem “publicidade enganosa”, quais empresas são
reclamadas e amostra estatística destas representações para que se possa analisar demandas e
repercussões para o cenário publicitário regional.
Publicidade em cena na revista Capricho (décadas de 1950 e 1960)
Raquel de Barros Pinto Miguel (UFSC – Santa Catarina)
Resumo: Lidar com os anúncios publicitários como uma produção histórica abre a possibilidade de se ter
acesso a transformações culturais e sociais, de hábitos, comportamentos e atitudes; bem como às possíveis
permanências. Dessa forma apresentarei, neste trabalho, os anúncios publicitários como veículos para a
análise dos papéis sociais destinados às mulheres de uma determinada época, refletindo sobre a possível
participação das propagandas na constituição das subjetividades das mulheres e homens de uma geração.
Para tanto, tomo como fonte a publicidade presente em edições da revista Capricho pertencentes às décadas
de 1950 e 1960. Destacarei, outrossim, o fato de a utilização da publicidade como fonte de estudos vir
ganhando cada vez mais adeptos nos mais diversos campos de conhecimento. Cabendo, especialmente
neste trabalho, discutir a valiosa contribuição da publicidade como fonte de informação nos estudos
referentes às histórias das mulheres.
ECOELCE: RESPONSABILIDADE SOCIAL E MARKETING AMBIENTAL.
Klycia Teixeira Medeiros - Universidade de Fortaleza (UNIFOR) - CE
Resumo: A reflexão deste trabalho está centrada na questão da disseminação dos problemas ambientais e
as estratégias de comunicação de marketing desenvolvidas pelas empresas na busca de soluções
amenizadoras. A Coelce é uma companhia de energia elétrica do Estado do Ceará que implantou o programa
Ecoelce de reciclagem de lixo estimulando a população de baixa renda a colaborar com o meio ambiente.
Neste artigo busco o contexto no qual a Coelce desenvolve o programa de sustentabilidade e
responsabilidade social e quais os aspectos do impacto da comunicação sobre a imagem de marca da
empresa. Para tratar desta questão o estudo procura analisar de forma crítica os aspectos estruturadores da
relação comunicação e imagem de marca que podem valorizar uma organização a partir da adoção de
programas sociais. O caso analisado mostra a utilização integrada de ferramentas de comunicação com
marketing social apresentando elementos que sinalizam a sua efetividade com o referencial teórico dos
autores P. Kotler,V. Cruz, Fontes e Jacquelyn Ottman que orientam a especificação das questões tratadas no
objeto.
A Internet como ambiente digital para a propagação de campanhas políticas
Adriane Figueirola Martins (UFRJ e UFF)
Resumo: Partindo da concepção de que a Internet apresenta novos padrões comunicacionais, através dos
quais a comunicação se torna interativa, constante e em tempo real, essa tecnologia se configura como um
novo campo de investigação para a propaganda. Pop- up, botões, banners, blogs, podcast, webcast , fazem
parte de uma nova categoria social da Internet – a web 2.0. Sendo considerada uma das novas tendências
para a disseminação de campanhas políticas, nela o eleitor não é visto como receptor, mas, sim, como
colaborador. A web disponibiliza um maior número de informação, sem passar pelas normas tão rígidas
quanto as que habitam os meios de comunicação tradicionais. Assim, cada indivíduo pode buscar a
informação que deseja. Nas campanhas on- line, não existe uma legislação estabelecida pelo Tribunal
Superior Eleitoral para censurar as informações transmitidas pelos candidatos. Visto que os estudos sobre
propaganda na internet ainda são incipientes, sentiu-se necessidade de estudar sobre essa nova fase em
que se encontra a propaganda política.
Comunicação Multissensorial e Linguagens Publicitárias Contemporâneas.
Vinicius Andrade (PPGC UERJ/ CAEPM- ESPM) e Andréa Hecksher (CAEPM- ESPM)
Resumo: O conjunto de novos meios de comunicação que surgiu com a emergência das tecnologias digitais
impõe uma reavaliação das práticas e das linguagens publicitárias na contemporaneidade. Compreendendo
que no cenário midiático atual as linguagens publicitárias buscam eficácia nos meios digitais, este artigo
pretende investigar como tais linguagens evoluem avançando para um espaço de comunicação novo, que
chamaremos de ambientes midiáticos (Pereira, 2007), privilegiando mensagens que caracterizam a
comunicação multissensorial. Dentro deste escopo, o artigo pretende, ainda, repensar as lógicas que
orientam diferentes práticas publicitárias em diferentes meios(massivos, digitais e am bient es m idiát icos),
bem como pensar as relações com a cultura do entretenimento que as linguagens publicitárias
contemporâneas estabelecem.
A história da publicidade na Internet: do sedentarismo à interação
Edm u ndo M e nde s Be nigno N e t o ( Ce nt r o de Ensino Supe r ior de Juiz de For a - CESJF) e ( Fa culda de
Estácio de Sá - Juiz de Fora)
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de apresentar as catacterísticas da publicidade na Internet a partir
da existência de três espaços hipertextuais: lógico, visível e atuado. Assim, é feito um panorama a respeito
de como o hipertexto permitiu a saída do público da situação de receptor passivo - sedentário - à condição
de co-autor de narrativas publicitárias por meio, principalmente, da interação oferecida pelo ambiente
hipermidiático. É apontada, ainda, a evolução da publicidade na rede a partir de seu aspecto visual e de seu
caráter multimídia obtido quando ela - a publicidade - tornou-se, também, digital.
Anotações sobre a trajetória da propaganda no Paraná – séculos XIX, XX e XXI.
Itanel Bastos de QUADROS Junior (Universidade Federal do Paraná UFPR)
Resumo: A história da propaganda no Paraná teve seu início provável quando o primeiro jornal (“O 19 de
Dezembro”) começa a ser publicado, logo após a emancipação de São Paulo, em 1853. Como em outras
publicações da época, nele são publicados anúncios toscos (venda de casas, remédios, mercadorias e
vendas de escravos). Somente em 1921 surgirá a primeira agência paranaense “A Propagandista”, fundada
por Jorge Deodato Lemoine. Em 1946 é montado o Departamento de publicidade das lojas HERMES MACEDO
(HM), posteriormente transformada em “house”, com o nome de Mercúrio. Na década de 50 a Rádio
Guairacá monta um estúdio para produção de jingles e contrata locutores exclusivos para propaganda. No
início da década de 60 a televisão chega ao Paraná (TV Paranaense Canal 12 e TV PARANÁ - Canal 6,
pertencente a Rede TUPI). Os locutores de rádio mais famosos vão tornar-se garotos propaganda nos
longos intervalos comerciais abertos na programação desse novo meio. No final dos anos 70 Curitiba já
possui agências locais bem estruturadas e escritórios de agências nacionais de grande porte, como o da
Standard. No final da década de 70, início dos anos oitenta, as principais agências do Paraná são a PAZ, a
MÚLTIPLA, a OPUS e a GEMINI. A UMUARAMA (house do Banco BAMERINDUS) desponta como uma das
grandes agências brasileiras, ganhando prêmios nacionais e internacionais. Ainda na década de 80 a
EXCLAM, se tornará a principal agência atuante no mercado paranaense. Com a crise econômica brasileira e
o reposicionamento da política no Paraná algumas agências são extintas e outras se fundem. Na década de
90 a agência MASTER (surgida de uma de uma divisão dos sócios que controlavam a EXCLAM) se destaca
nacionalmente. Atualmente Sindicato das Agências de Propaganda do Paraná – SINAPRO - lista mais de
meia centena de agências operando no mercado paranaense.
GT 3 – RELAÇÕES PÚBLICAS
Coordenação Geral: Claudia Peixoto Moura (PUCRS)
O pioneirismo de Cândido Teobaldo de Souza Andrade na pesquisa em Relações Públicas no Brasil
Waldyr Gutierrez Fortes (Universidade Estadual de Londrina – UEL)
Resumo: Analisa cada um dos livros do Professor Doutor Cândido Teobaldo de Souza Andrade, apresentando
a sua trajetória no campo das Relações Públicas, desde o seu interesse inicial até tornar-se uma das pessoas
mais importantes da área, principalmente nos aspectos do ensino de graduação e pós-graduação e da
pesquisa em Relações Públicas. Uma das principais contribuições do professor foi fixar o “Processo de
Relações Públicas”, aplicável a qualquer tipo de organização, privilegiando o estudo dos grupos para
transformá-los em públicos, base de toda a atuação profissional de Relações Públicas. Destaca-se, ainda, a
definição dos veículos de comunicação dirigida como próprios de Relações Públicas, estabelecendo os
instrumentos reais de comunicação para a criação e informação aos públicos. Conclui-se que cada uma de
suas obras trouxe inovações e todas são fundamentais para o aprendizado de Relações Públicas.
Reconhecimento e Valorização: história e memória de uma campanha que movimentou
profissionais, estudantes, instituições de ensino e entidades de classe em todo o país em 2006 e
2007.
Marcello Chamusca e Marcia Carvalhal (UCSAL e Portal RP- Bahia / Universidade
Salvador/Faculdade Isaac Newton)
RESUMO: Neste trabalho estão compiladas a história e a memória da campanha nacional de valorização da
profissão de relações públicas. Planejada e executada pelo Portal RP-Bahia, a campanha foi iniciada em
fevereiro de 2006 e finalizada em dezembro de 2007. Obteve apoio de praticamente todos os então
dirigentes das entidades de classe do país, incluindo os do Conferp e Conrerps; dirigentes da ABRP Nacional
e de várias Seções Estaduais; da ABERJE; e, da INTERCOM; além de representantes de entidades
estrangeiras como a ALARP e o ICREP. Também foi apoiada pelas principais autoridades acadêmicas e
profissionais, por quase a totalidade dos coordenadores de curso, além de milhares de estudantes e
profissionais de todas as regiões do Brasil. Teve ações incluídas, por duas vezes, no programa oficial do
INTERCOM, em 2006 e 2007; e, no maior e mais importante congresso do planeta na área de relações
públicas, o 3rdWPRF, em 2006. O reconhecimento da campanha, entretanto, não se limitou ao território
nacional. Em duas ocasiões, foi apresentada em fóruns internacionais, além de ter sido foco de reportagens
e matérias de veículos estrangeiros. A campanha consolidou três ações: o Prêmio Relações Públicas do
Brasil; o SEMBRARP; e, o Dia Nacional de Luta pela Valorização da Profissão de Relações Públicas, em 22 de
novembro.
Interdisciplinaridade e pesquisa no Curso de Relações Públicas no Uni- Bh
Valéria Raimundo e Sheila Ferreira Lima (Uni- BH)
Resumo: O curso de Relações Públicas do Centro Universitário de Belo Horizonte - Uni-Bh foi criado em 1970.
Atualmente ele qualifica profissionais para o desenvolvimento de práticas comunicacionais e de Relações
Públicas que consistem em mediar a interação comunicacional entre grupos sociais circunscritos no cenário
econômico e também daqueles de outras esferas da sociedade, como por exemplo a social e a política.
O projeto pedagógico do curso está fundado no reconhecimento de que a área se desenvolve como um
campo de conhecimento científico e que, portanto, tem dado origem a uma diversidade de pesquisas. Ele
centra-se, pois na articulação da pesquisa interdisciplinar - principalmente por seu caráter de busca e
análise do que é desenvolvido na sociedade e nas organizações-, na experimentação e no entendimento da
prática profissional não só nas organizações privadas e públicas, mas em outras organizações, como as não
governamentais. A interdisciplinaridade como orientação da prática profissional e de abordagem nas
pesquisas acadêmicas são elementos nucleadores da conformação do projeto que é estruturado a partir de
sete eixos temáticos.
Uma Contribuição para a Memória do Curso de Relações Públicas da UFRGS
COLISSI, Daniela Esmeraldino e LIEDKE, Enoí Dagô (UFRGS)
Resumo: Este artigo busca resgatar a história da habilitação Relações Públicas, do Curso de Comunicação
Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desde sua criação em 1970 até os dias de hoje.
Utilizou-se pesquisas bibliográficas e documentais, mas sua maior ênfase é baseada em depoimentos das
personagens desta história, onde são mostrados aspectos relevantes da habilitação profissional. Alguns
pontos referentes à questão das trocas curriculares também foram abordados. Obteve-se um panorama
básico desta história, podendo, no entanto, novas incursões serem efetuadas.
O m ode r n o pla ne j a m e nt o e m re la çõe s pública s na fra gm e nt a çã o na r r a t iva do m undo
contemporâneo
Yuji Gushiken (ECCO- UFMT)
Resumo: O artigo aborda a concepção de planejamento em relações públicas como resultado dos estudos
que historicamente transitaram da pesquisa em comunicação de massa para a concepção atualizada de
comunicação dirigida. Busca evidenciar as interfaces estreitas, mas nem sempre explícitas no
desenvolvimento da disciplina no Brasil, entre estudos em comunicação como “ciências sociais aplicadas” e a
incidência dos processos de pesquisa na constituição das práticas de relações públicas. Nos estudos teóricos,
em especial na perspectiva da comunicação como ciência do comportamento, este trânsito do massivo ao
segmentado indica como questões relativas às modernas técnicas de relações públicas buscaram se adequar
às condições de complexidade social como condição de produção e negociação de sentido em políticas
organizacionais no tenso, fragmentado e multilinear mundo contemporâneo.
O Pa r la m e n t o N a ciona l da s Re la çõe s Pública s e a s m e dida s a dot a da s pe lo CON FERP pa ra sua
viabilização prática.
Andréia Athaydes (Universidade de Málaga/Espanha / ULBRA e FACCAT/RS)
Resumo: Este artigo apresenta a evolução legal da profissão de Relações Públicas no Brasil, desde a
promulgação da Lei nº. 5.377, de 11 de setembro de 1967, que a disciplinou, até a organização do
movimento intitulado Parlamento Nacional das Relações Públicas, ocorrido no período de 1992 a 1997. Deste
movimento, cinco anos mais tarde, resultou a Resolução nº. 043/2002, baixada pelo Conselho Federal de
Profissionais de Relações Públicas, o CONFERP, redefinindo as atividades e funções específicas desta
profissão no país e, concretizando, assim, o desejo manifestado pela categoria por ocasião do Parlamento.
Relata, ainda sobre a repercussão dessa alteração legal em alguns segmentos da sociedade brasileira para,
finalmente, tecer comentários sobre algumas estratégias que possam corroborar para a consolidação das
Relações Públicas brasileiras.
Ello Comunicação: o evento como mídia alternativa
LAIA, Evandro José Medeiros e MORAIS, Marco Antônio Ferreira de (Universidade Federal de Juiz
de Fora)
Resumo: A idéia de cooperativismo existe desde os tempos primitivos, quando homens e mulheres
organizavam o trabalho nas tribos de forma que todos pudessem contar com a ajuda do outro.
Historicamente, a fundação da primeira cooperativa foi registrada em 1844, na Inglaterra, no contexto da
Revolução Industrial. O objetivo de uma organização deste tipo é reunir profissionais e fortalecer a atuação
deles. No contexto contemporâneo, o sistema econômico neoliberal exige que as empresas comecem a
terceirizar funções a outras empresas para tentar diminuir os gastos e cuidar do objetivo final do negócio. A
proposta da Ello Comunicação, Marketing e Eventos é reunir uma gama de pessoas com conhecimento para
prestar um serviço específico em caráter temporário. A empresa criada a partir do conceito de
cooperativismo deve oferecer soluções em eventos empresariais, mídia alternativa integrante do mix de
comunicação organizacional.
O ca m po pr ofissiona l de Re la çõe s Pública s e o m om e n t o de r e a be r t ur a polít ica no Br a sil: Um a
análise através da perspectiva da Pesquisa Histórica (1979- 1985)
BECKER, Gisele (FEEVALE) e SILVA, Carla Lemos da (PUCRS)
Resumo: A partir da aplicação da metodologia da pesquisa histórica, que busca a problematização da
realidade em que vivemos com base não apenas em consulta a bibliografias, mas com outras fontes
produzidas pelo ser humano ao longo da história, é possível constatar que o campo de Relações Públicas,
ainda que percebida no início do século XX, fez-se presente com a evolução da trajetória política e
econômica do Brasil no final dos anos 70 e início dos anos 80. A profissão de RRPP ofereceu projeção ao
Secom, ministério que se dedicou a construção da imagem do então presidente, João Baptista Figueiredo.
Este acontecimento marcou o período, bem como levou a atividade a perder parte de seu espaço, devido a
falta de união dos profissionais da área, que mesmo assim passaram a desenvolver as relações públicas
comunitárias, deixando de lado o enfoque governamental e empresarial.
O discurso imagético do destino Brasil antes e depois da criação do Ministério do Turismo.
CASTRO. Diana Costa de (Faculdade Cândido Mendes)
RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar a transformação histórica do discurso do governo brasileiro
em relação ao tratamento da imagem do destino turístico Brasil para o exterior através de suas políticas,
durante os anos de 2001 a 2005, compreendendo períodos que precedem e sucedem à criação do Ministério
do Turismo. Para tal, foram analisados o DVD Brasil Feel t he Passion (EMBRATUR, 2001), o DVD Brasil
(EMBRATUR, 2003) e a marca Brasil (lançada em 2005). A análise sugere que as imagens que foram e estão
sendo divulgadas pelo governo brasileiro têm problemas de clareza, de significação e de posicionamento. Ao
longo do estudo, pôde-se perceber que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer em suas relações
públicas e internacionais, para criar e manter um discurso coeso, atrativo e motivador ao turista estrangeiro.
Aparentemente, há emprenho do governo em fugir dos antigos estereótipos, mas os DVDs e a Marca Brasil
carecem de posicionamento e clareza, acabando por gerar uma expectativa muito diversa da realidade,
culminando em problemas de afirmação do destino Brasil, bem como prejudicando o discurso e a
comunicação.
A m e m ór ia da Com un ica çã o e m inst it uiçõe s biom é dica s: conside r a çõe s sobr e os e fe it os da
Comunicação Organizacional em mudanças na relação biomédico- paciente
MUNIZ, Simone Vaisman (UniRio).
Resumo: Um dos efeitos que vêm surgindo na sociedade contemporânea atribuído à Comunicação
Institucional – ainda que não apenas a ela – é uma transformação no modo como as pessoas consideram as
fontes oficiais de informação da Biomedicina. A Comunicação Institucional em sua história produziu
enunciados em relação à realidade social que parecem hoje impor um modelo hegemônico de cognição às
atividades de pesquisa, de produção de políticas da biomedicina e também no dia-a-dia do relacionamento
entre biomédico e paciente. Qual a relação de longo prazo entre esses efeitos de tematização do cotidiano
biomédico e as condições sociais e históricas que permitiram a emergência da Comunicação Institucional
como a instância que eleva os acontecimentos da Biomedicina à condição de socialmente importantes?
Apropriação dos blogs como ferramenta estratégica de Relações Públicas
Cíntia Carvalho (Centro Universitário Feevale)
Resumo: Este estudo tem como propósitos apontar os blogs como instrumentos estratégicos de Relações
Públicas capazes de construir e fortalecer relacionamentos da organização com seus stakeholders e verificar
por que há uma resistência por parte de empresas do Vale do Sinos focadas no público jovem em adotarem
os blogs – que têm como características o fácil manuseio, o custo baixo e uma abrangência significativa
junto aos consumidores jovens - como ferramentas inovadoras s na gestão da comunicação, haja visto que
estes podem ser facilitadores nos processos de comunicação institucional, de forma a auxiliar as corporações
a mapearem falhas e descobrirem vantagens competitivas. Além da técnica de pesquisa bibliográfica e
documental, a investigação se vale do depoimento de gestores e lojistas do ramo vestuário e acessórios
para o segmento skate e surf de municípios do Vale do Sinos/RS.
RELAÇÕES PÚBLICAS E TURISMO: uma reflexão sobre a Comunicação na Pós- Modernidade
Helaine Abreu Rosa (FEEVALE e PUC- RS) e Mary Sandra Guerra Ashton (FEEVALE)
Resumo: Esse artigo busca uma reflexão a cerca da relação que pode existir entre Turismo e Relações
Públicas com o objetivo de revelar a Comunicação e a Pós-Modernidade que se acham umbricados no
ambiente comum do Turismo e das Relações Públicas. Para tanto, a sustentação teórica será fundamentada
nas noções de Comunicação Integrada, desenvolvida por Kunsch e Pós-Modernidade, conforme Maffesoli,
enquanto se analisa as características intrínsecas e conceituais específicas de cada uma, mas que sugerem
uma interface e uma complementação entre ambas, promovendo o diálogo por meio da relativização e do
estilo proposto para uma pesquisa social qualitativa. As investigações revelaram o Turismo e as Relações
Públicas como um ambiente comunicacional inserido na Pós-Modernidade e formador do corpo social.
As Relações Públicas de artistas da música no Brasil: trajetórias pioneiras.
SPÍNOLA, Patricia (jornalista – SP)
Resumo: O objetivo deste texto é resgatar a trajetória de duas profissionais e demonstrar o percurso da
profissão de Relações Públicas de artistas da música no Brasil. A primeira profissional a trabalhar na
divulgação de discos no país, Edy Silva, assume em 1963 aos 34 anos a direção de Relações Públicas da
gravadora CBS. No ano seguinte dirige a divulgação e imagem do cantor Roberto Carlos. Cuidando de forma
centralizada de todas as ações relativas a execução das músicas do cantor nas rádios, participação em
programas de TV, entrevistas e matérias na imprensa. A outra pioneira na profissão é Ivone Kassu, que
começa em 1968 um trabalho diferenciado na divulgação dos artistas do empresário Roberto Colossi, como
Chico Buarque, Paulinho da Viola, Wilson Simonal, entre outros. Kassu é a primeira profissional na área da
música popular brasileira a criar e oferecer pautas de seus artistas para a imprensa. Criando um modelo de
atuação no mercado da música seguido até hoje. Este texto foi produzido a partir dos depoimentos das duas
profissionais, concedidos à autora em março de 2008.
GT 4 – MÍDIA IMPRESSA
Coordenação Geral: Luis GuilhermeTavares (NEHIB)
1988– 2008: apontamentos críticos para o estudo do trabalho na edição de livros
José de Souza MUNIZ JR (USP)
Resumo: O artigo toma como ponto de partida um texto de Marcos Gomes (1988) para analisar como
evoluiu a situação dos trabalhadores no mercado editorial brasileiro nos últimos vinte anos. O objetivo é
despertar para a necessidade de um olhar crítico sobre as recentes mudanças nas empresas de comunicação
e que parecem conduzir, cada vez mais, ao desmonte do bem-estar físico e mental dos profissionais do livro.
Comentam-se os desenvolvimentos e as possibilidades futuras de pesquisa científica para compreender o
trabalho em editoração sob uma perspectiva histórica. Por fim, propõe-se a articulação (sob a égide da
história) entre as categorias “trabalho” e “discurso” como frutífera na pesquisa que ora realizo, que se
concentra nas percepções de preparadores/revisores de São Paulo a respeito de suas trajetórias laborais. Tal
investigação é parte do projeto “As mudanças no mundo do trabalho nas empresas de comunicação”,
conduzido pelo Grupo Comunicação e Trabalho da ECA-USP sob a coordenação da professora Roseli
Aparecida Fígaro Paulino.
A modernidade pede a libertação: uma análise do jornal abolicionista Libertador
Tiago Coutinho PARENTE (UFC)
Resumo: Esta comunicação discute e analisa o periódico abolicionista Libertador, circulado,
quinzenalmente, no Ceará durante a década de 1880. Criada por intelectuais republicanos, a publicação
cearense tinha como principal intuito realizar a campanha de abolição dos escravos e tornar o Ceará
exemplo para a nação, por ser o primeiro estado a “libertar seus negros”, fincando a alcunha de Terra da
Luz. Em 25 de março de 1884, o Ceará assinou a lei abolicionista, fazendo com que o jornal mudasse sua
linha editorial para uma publicação republicana e cultural, em especial, literária. A análise abrange, no
entanto, o intervalo entre 1881 e 1884, período da campanha. Durante quatro anos, os redatores, além do
jornal, realizaram atividades públicas a fim de expandir as idéias abolicionistas. Tento entender qual o
discurso apresentado por esses literatos e intelectuais acerca da abolição. O Libertador é fruto de uma
pequena elite local. A escravidão é mostrada como um atraso e um descompasso para uma cidade que
almeja se expandir. Distante de contato com os negros-escravos, o discurso abolicionista, nessa publicação,
aparece como elemento estético de uma cidade que busca a modernidade e não pode continuar com a
“mancha” da escravidão.
A imprensa de terra pequena
CARVALHO, Daniela Corrêa e Castro (Faculdades Pitágoras – Guarapari – ES)
Resumo: Estudar a imprensa é como pesquisar entre dedos, entre mãos de pessoas que transpunham para
o papel opiniões de uma época, de um comportamento ou ideologia. Este trabalho pesquisa a imprensa do
interior de Minas Gerais, na região da Zona da Mata em uma época que esta ainda vivia sob a riqueza que
no início dos anos 1900 havia desenvolvido suas cidades e sociedade. Os jornais de Viçosa e Muriaé, Jornal
de Viçosa e O Operário, respectivamente, mostram o cotidiano e a escrita da imprensa mineira, de como se
fazia e se via o jornalismo na década de 1920, da sociedade e da política mineira. São apresentadas
informações sobre os dois jornais e uma análise de como abordavam a própria imprensa, seja falando de si
mesmos ou de jornais nacionais e internacionais.
Por ser parte da dissertação de mestrado, as conclusões e informações que aqui se encontram são breves e
para um total entendimento e conhecimento da imprensa na Zona da Mata Mineira nos anos 1920 se faz
necessário a leitura da dissertação de mestrado, em fase de publicação.
Cadernos de Jornalismo e Comunicação: iniciativa precursora de media criticism no Brasil
JAWSNICKER, Claudia (Universidade Veiga de Almeida)
Resumo: Este estudo analisa os “Cadernos de Jornalismo e Comunicação”, iniciativa precursora de
discussão do desempenho da mídia no país e parte de uma reforma editorial promovida pelo jornalista
Alberto Dines no Jornal do Brasil, a partir de 1962 – consolidando as transformações desenvolvidas pelo
jornal na década anterior. A publicação circulou de 1965 a 1973, em apenas 49 edições. Até 1968 a
distribuição era interna, entre os jornalistas do JB, demonstrando uma inquietação intelectual dos que
produziam a publicação que ultrapassava o interesse pela prática em si, e debruçava-se sobre o caráter
reflexivo do fazer jornalismo. A partir de 68, a publicação passou a ser vendida em livrarias e distribuída em
escolas, com a pretensão de abarcar um público maior: educadores, publicitários e sociólogos, publicando
artigos sobre comunicação e também economia, arte, política, além de pesquisas e reportagens do corpo
editorial do jornal e outros traduzidos da imprensa norte-americana.
Foia dos Rocêro: a cobertura jornalística sátiro- política da Revolta dos Caixeiros.
DANTAS, Neuma (Centro Universitário da Bahia – FIB)
RESUMO: Este artigo propõe-se a contar a história do jornal baiano, Foia dos Rocêro, periódico humorístico,
de sátira política, editado na Bahia de 1899 a 1968. A linguagem cômica e caipira do semanário constituíase um disfarce através do qual, o primeiro redator proprietário, Coroné Zé Perêra Capa Bode (1899/1903),
apresentava um noticiário mais incisivo dos fatos políticos, da Cidade do Salvador, na virada do século XIX
para XX. A “Revolta dos Caixeiros” ocorrida em 13 de novembro de 1899, um dia após a eleição para
intendente da capital baiana, foi o episódio escolhido para analisar e demonstrar como o Foia dos Roceiros
tratava, jornalisticamente, acontecimentos do campo político. O jornal noticiou o conflito de forma
exaustiva, com críticas contundentes, seguindo sua linha editorial de combate à política repressiva do
conselheiro Luiz Vianna, governador do Estado. A cobertura do caso expõe não só o modo satírico que o
veículo atuava, mas também a coragem de um redator, que, sozinho, combatia através das folhas de um
pequeno jornal domingueiro, o rígido poder instalado, praticando um jornalismo rebelde e insurgente.
Gênese da imprensa valeparaibana: os primeiros cinco anos (1859- 1863)
Francisco de ASSIS (Universidade Metodista de São Paulo e Universidade de Taubaté)
Resumo: A pesquisa recupera a criação dos cinco primeiros jornais do Vale do Paraíba, a fim de elaborar
um inventário crítico a respeito das pioneiras experiências de sua imprensa. Baseia-se em pesquisa
bibliográfica e adota como referencial o método de interpretação funcionalista, analisando o fenômeno do
surgimento da imprensa em comparação com as condições sociais do organismo em que se manifestou.
Evidencia, assim, o início de uma trajetória pautada pela autonomia política do jornalismo e pela defesa de
determinados interesses. Também considera o momento de ascensão dos veículos jornalísticos como
decorrência do ciclo cafeeiro, iniciado na região em 1850.
Palavras- chave: Mídia impressa; história da imprensa; imprensa valeparaibana; jornalismo regional.
O Jornalismo e a Imprensa Esportiva do Grande ABC
Valdenizio Petrolli (INTERCOM)
Resumo: As primeiras notícias esportivas apareceram nos raros jornais que circularam no Grande ABC no
inicio do século 20. Os textos privilegiaram o futebol e turfe promovido pelo Jockey Club de São Paulo no
prado da Capital. Outras modalidades como natação, ciclismo e pugilismo foram ignorados a principio pela
imprensa local. E, até mesmo a Copa do Mundo de Futebol, realizada no Uruguai, em 1930, não mereceu
nenhuma nota de rodapé. Em 1949, é lançado o semanário a Voz dos Esport es, que foi a primeira tentativa
de estabelecer um jornal exclusivamente nesse tema. O jornalismo e a imprensa esportiva têm um
crescimento acentuado a partir da década 70 quando se registra um maior número de publicações
especializadas. Os jornais locais reservam mais espaços para a cobertura esportiva, dando ênfase a quase
todas as modalidades profissionais e amadoras. Recentemente destacaram-se no cenário brasileiro o São
Caetano (Azulão) e o Santo André (Ramalhão) e a equipe de Tênis Mesa de São Bernardo do Campo.
Palavras chaves: História da Imprensa. Jornalismo Esportivo. Jornalismo Regional.
Imprensa Piauiense - entre a literatura e a política
Ana Regina RÊGO (UFPI/UMESP)
Resumo: Este trabalho aborda a trajetória da imprensa piauiense desde o seu nascimento em 1832 até as
primeiras décadas do século XX, tendo como enfoque as temáticas: literatura e política. A abordagem
escolhida situa o jornalismo literário em um primeiro momento e em seguida o jornalismo político, ambos a
partir do panorama social e político do período. Trata-se, portanto, de um simples levantamento da
produção jornalística do Piauí no período em destaque.
O ca r ro de bois t r a nsfor m ou- se e m a u t om óve l – a s t r a nsfor m a çõe s da im pr e nsa no início do
século XX
Marta Eymael Garcia Scherer (UNISUL e UFSC)
Resumo: Esta comunicação aponta as importantes mudanças, tanto na parte editorial como na gráfica,
ocorridas nos jornais cariocas na virada dos séculos XIX para o XX, através do olhar de um dos mais
atuantes homens de imprensa do período: Olavo Bilac. O trabalho traz um estudo sobre Bilac não como o
grande poeta parnasiano, mas sim como o jornalista de texto magistral e testemunha de um momento de
grande efervescência cultural e política no país. A imprensa e o exercício da profissão de jornalista são
algumas das principais inquietações de Olavo Bilac e assuntos recorrentes em suas crônicas, o que as torna
documentos relevantes para compreender as transformações ocorridas no jornalismo brasileiro em clima de
Belle Époque. Esse estudo de textos publicados entre 1892 e 1908 pretende demonstrar a
representatividade do pensamento do autor, assim como a importância de sua obra na compreensão do
modelo de imprensa informativa e empresarial que naquela época nascia e que, um século depois, influencia
de forma cabal o jornalismo deste país.
Jornalismo semanal: surgimento, principais exemplos e desenvolvimento na sociedade brasileira
Ingrid Pereira de Assis (UFMA)
Resumo: Em meados do século XIX, surgiu a primeira revista brasileira, As Variedades. A partir de então,
foram produzidos inúmeros periódicos que apresentam um estilo textual e gráfico diferenciado dos já
difundidos jornais diários. As publicações seguiram linhas editoriais bastante diversificadas. Algumas
conseguiram se manter no mercado por um longo período, outras tiveram “vida” curta. O Cruzeiro, Cláudia,
Quat ro Rodas, Vej a, Época, Capricho, Nova, Galileu, Manchet e, estão entre os exemplos que podem ser
destacados. Esses periódicos foram se aprimorando e fortalecendo um “fazer jornalístico” diferenciado do
que era comum aos jornais diários. Estava-se formando o jornalismo semanal. O objetivo deste trabalho é
apresentar de forma sintética uma evolução histórica dessas publicações, tendo em vista explicar como se
configura atualmente a produção desses periódicos, considerando que a Internet e a formação de uma
sociedade cada vez mais imediatista. Trata-se de uma pesquisa histórica que poderá servir de referência
bibliográfica básica para quem necessita de uma breve explanação sobre o desenvolvimento do jornalismo
semanal no Brasil.
José Medeiros e o fotojornalismo na Revista O Cruzeiro
Ranielle LEAL Moura (Universidade Federal do Piauí)
RESUMO: Este artigo é parte do meu trabalho de conclusão do curso de Jornalismo na Universidade Federal
do Piauí, e trata do fotojornalismo praticado por José Medeiros na revista O Cruzeiro nos primeiros anos da
década de 1950. O objetivo é identificar a importância do trabalho do repórter fotográfico já mencionado,
para a consolidação do fotojornalismo brasileiro, através de suas grandes fotorreportagens.
O I N D EPEN D EN TE CON STI TUCI ON AL: I N STRUM EN TO D E GUERRA N OS PRI M ÓRD I OS D A
IMPRENSA BRASILEIRA
J. Péricles Diniz (UFBA/Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e UFBA)
Resumo: O objetivo principal deste texto é contribuir para tornar um pouco mais completo o registro de um
dos mais significativos e emocionantes episódios envolvendo a imprensa nas lutas pela independência
nacional: a fundação do periódico O I ndependent e Const it ucional. Aquartelados na Vila da Cachoeira, no
ano de 1823, os brasileiros utilizaram o jornal como arma de guerra, conclamando, insuflando e motivando
os leitores a investir contra as tropas lusas que se recusavam a entregar a capital baiana ao novo governo
de Dom Pedro. Isto fez desta localidade histórica do Recôncavo a primeira a dispor de um jornal impresso na
Bahia fora de Salvador. Com a vitória, a tipografia e seu periódico foram transferidos à capital, mas a
pequena vila não deixou de lado a vocação de publicar jornais, o que fez intensamente até pelo menos
meados do século passado.
A notícia da morte de Getúlio Vargas nos jornais de São Luís
José FERREIRA JUNIOR (Universidade Federal do Maranhão)
Resumo: Levantamento e análise das notícias sobre a crise política que abalou o país, em agosto de 1954,
e levou ao suicídio o presidente Getúlio Vargas nos jornais diários de São Luís do Maranhão, levando-se em
conta os fluxos de informação e a produção opinativa das publicações. Examinam-se, brevemente, aspectos
sócio-econômicos e políticos do Estado. Os jornais da capital maranhense são vistos sob a ótica da linha
editorial e do posicionamento político na primeira metade da década de 1950. O vínculo entre atores
políticos e os órgãos de imprensa dá margem para uma inferência: os jornais eram verdadeiros porta-vozes
das correntes políticas no Estado do Maranhão. A mudança brusca de posição editorial em função do
desenrolar dos acontecimentos, além da pouca relevância dada às manifestações populares, leva à
constatação de que havia um m odus operandi cuja finalidade era, quase sempre, reprodutora de
posicionamentos partidários.
Perfil dos profissionais que fazem o conteúdo jornalístico impresso no Sul da Bahia
Elia na C. P. Te nório de ALBUQUERQUE ( Unive r sida de Est a dua l de Sa nt a Cr u z, I lhé us – Ba hia ) e
Abel Dias de OLIVEIRA (Faculdade de Tecnologia e Ciências de Itabuna – Bahia)
Resumo: Identificar o perfil sócio-econômico e cultural dos profissionais que atuam nos jornais do sul da
Bahia, apontando suas necessidades, dificuldades, condições de trabalho e de vida, hábitos e perspectivas, é
o objeto deste artigo. Procurou-se identificar ainda quais os conceitos e as práticas de jornalismo que são
utilizados para difundir a informação e como estes podem interferir na mediação. Esta vertente do trabalho
justifica-se no fato de que se pretende dar prosseguimento à pesquisa, construindo um diagnóstico mais
apurado sobre a comunicação regional.
Para responder aos objetivos propostos, foram utilizados
procedimentos metodológicos quanti-qualitativos, que contaram com a aplicação de questionários e
entrevistas semi-estruturadas, direcionados aos profissionais que atuam nos principais jornais regionais,
além da observação não participativa e assistemática.
Palavras- chave: História da Mídia Impressa; Jornalismo Regional; História do Jornalismo
O silêncio da foto e a foto do silêncio
Cássia Maria Popolin (Universidade Estadual de Londrina)
Resumo: Este artigo traz um ensaio fotográfico de vários equipamentos e peças, como os tipos móveis e a
máquina de datilografia, que escreveram a história da imprensa brasileira e hoje foram “silenciados” pelo
desenvolvimento tecnológico. As obras do escritor sulmatogrossense Manoel de Barros foram o ponto de
partida para a produção das imagens. Em seu livro Ensaios Fotográficos o autor encarna um fotógrafo que
retrata o silêncio: “foi difícil fotografar o silêncio, mas tentei....”. E em outra obra, Poemas Rupestres, o
autor fala sobre “o lado azul do silêncio”. Para conseguir o tom azulado nas imagens, foi utilizado o balanço
de branco em luz incandescente, e os equipamentos colocados próximos à uma janela. Com esse recurso
acionado, a luz do dia fica azul. Como referencial teórico deste trabalho foram utilizados livros de vários
autores, entre eles: Philip Dubois, Boris Kossoy, Susan Sontag e Etiene Samain.
Aspectos históricos do jornal Correio do Estado
SCWHENGBER, Isabela de Fátima (UEMS, unidade de Dourados – MS)
Resumo: Este trabalho identifica aspectos históricos do jornal Correio do Est ado, o segundo impresso mais
antigo de Mato Grosso do Sul, com circulação ininterrupta desde sua criação, em 1954. O veículo é
integrante do grupo de comunicação de mesmo nome, que controla boa parte da informação veiculada na
capital Campo Grande. É de propriedade da família Rodrigues, administrado até 2003 por José Barbosa
Rodrigues e desde então por Antonio João Hugo Rodrigues, um de seus filhos. Nasceu com mais de duas mil
edições diárias vespertinas, com circulação municipal, tablóide, monocromático e com oito páginas. Hoje é o
impresso de maior circulação do Estado, com uma média de 20 mil exemplares diários, com circulação
estadual, standart, 100% em policromia e com mais de 20 páginas. O jornal foi lançado por um grupo ligado
à extinta União Democrática Nacional (UDN) com o objetivo de disseminar as idéias do partido. Desde sua
fundação, a linha editorial do Correio do Estado prioriza a política, cujo tema será o foco deste artigo.
Sobre a consolidação do modelo de editorias nos jornais impressos
Gabriela Nora (PPGCOM – ECO/UFRJ)
Resumo: A análise da mídia impressa evidencia que a especialização temática, seguida do processo de
fragmentação do noticiário, é uma tendência mundial que tem se acentuado nas últimas décadas. A história
demonstra que o processo de segmentação foi amplamente incorporado à imprensa brasileira no final do
século XX, a partir das transformações do jornalismo impresso nos anos 1950, que antecederam e foram
fundamentais para a consolidação do modelo de editorias e a valorização do marketing jornalístico, nos anos
1980-90. A fim de que se possam compreender as configurações do jornalismo atual, procura-se verificar
como os jornais impressos brasileiros introduziram o conceito de segmentação no noticiário diário e quais
foram as principais mudanças ocorridas no jornalismo a partir de então. O estudo parte de dois marcos na
história da imprensa brasileira: a Reforma do Jornal do Brasil, nos anos 1950, e o “Projeto Folha”, do jornal
Folha de São Paulo, nos anos 1980, para narrar o percurso rumo à (excessiva) cadernização da imprensa
diária. Com o lançamento do “Caderno B”, foi dado o primeiro passo para o desenvolvimento da
segmentação no jornalismo impresso brasileiro. O processo de cadernização da Folha de S. Paulo, por sua
vez, sistematizou industrialmente a fragmentação, sendo posteriormente seguido pela grande imprensa do
país.
Palavras- chave: jornalismo impresso; cadernização; editorias; anos 1950; anos 1980-90
O M undo dos M ist é r ios: hist ória da I m pre nsa e hist ór ia cult ur a l - o se nsa ciona lism o com o obj e t o
de uma abordagem multidisciplinar
Valéria GUIMARÃES - Centro de Estudos da Oralidade (CEO- COS- PUC- SP) e FAPESP
Resumo: O caso do Sr. Mirabelli, descoberto por seus poderes sobrenaturais, assombra a cidade de São
Paulo em 1916. As páginas do popular jornal A Gazet a trazem entrevistas com o suposto médium, sua
biografia, feitos espantosos, enquetes e até fotos de espíritos sob o título “O Mundo dos Mistérios”. O
sensacionalismo, capítulo da história da imprensa, aqui aparece em seu pleno desenvolvimento. A Imprensa
conhece um primeiro período de modernização, surge a figura do repórter e a discussão sobre a adoção de
uma postura ética no jornalismo. Este artigo tem como objetivo levantar questões sobre uma história
cultural da imprensa, mais especificamente sobre uma história da leitura da imprensa no Brasil. Seus temas,
conceitos, abordagens e o diálogo com outras áreas do conhecimento. Partimos de um estudo de caso que
pode ser considerado uma notícia de “prodígios”. Entre algumas questões que se colocam nesta análise
estão: quais são os parâmetros da história cultural para analisar esta imprensa popular? Os conceitos de
prática e representação podem ser utilizados? São os fait s divers gêneros de fronteira? Onde os estudos
comunicacionais se aliam à história cultural para o estudo do sensacionalismo? Por fim, o que o diálogo
entre fait divers e narrativas tradicionais orais e escritas pode revelar sobre a construção de uma identidade
nacional do Brasil contemporâneo? Neste jogo entre memória, identidade, história, edições populares, oral e
escrito, nosso trabalho espera contribuir para história do sensacionalismo no Brasil.
A mídia impressa como fonte de formação de artistas gráficos e gravadores brasileiros.
Wilson Roberto da SILVA (Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e
Letras (CCL)
Resumo: O artigo que se pretende apresentar procurará estabelecer um panorama geral do surgimento e
desenvolvimento da gravura na Europa e sua transferência oficial para o Brasil com a vinda da família Real e
a conseqüente fundação da Imprensa Régia, embora existam relatos da existência de gravadores, prensas e
impressores na Bahia anteriores a este advento, que produziam principalmente cartas de baralho
clandestinamente. A longa distância do centro cultural do mundo, as dificuldades climáticas, a pouca
liberdade de imprensa e o atraso tecnológico teriam retardado o desenvolvimento gráfico brasileiro em
relação a algumas nações latino americanas como México e Argentina, somente amainadas a partir do
século XX com a modernização do parque industrial gráfico brasileiro. Gravadores importantes como Lívio
Abramo e Marcelo Grassmann dentre outros, entraram em contato com a gravura por intermédio do Liceu
de Artes e Ofícios em São Paulo, porque até meados do século XX muitos clichês em alto relevo
(xilogravura) e baixo relevo (gravura em metal) faziam parte do fluxo de trabalho da mídia impressa e a
aparente desvantagem pelo atraso tecnológico coincidiu com a elevação da gravura como arte na Europa e
conseqüentemente com a valorização da gravura e do artista gráfico brasileiro.
O periódico Ultima Hora e sua relevância na história da mídia impressa brasileira
Roberto Gondo Macedo (Faculdade de Mauá – FAMA – SP e UMESP – SP) e Wanderson Fábio de
Melo (Faculdade de Mauá – FAMA – SP / PUC – SP)
Resumo: O presente artigo contribui no arcabouço científico da história da mídia impressa brasileira com
um descritivo do periódico carioca Última Hora, fundado em 1951 por Samuel Wainer. Visa descrever seu
surgimento e sua relação com um período de grandes conflitos e transformações políticas, econômicas e
sociais, no âmbito nacional e internacional, bem como suas características que fluíram como um braço da
mídia nacional apoiador do governo de Getúlio Vargas. Apresenta uma análise de diagramação do periódico
e como as notícias eram tratadas e veiculadas para os leitores, como também sua interação com o público
através de imagens, sendo caricaturas e ilustrações diversas, envolvendo assuntos que permeavam o
cotidiano da época. É também objetivo do artigo apresentar alguns nomes que contribuíram para o seu
crescimento editorial confirmando por intermédio da qualidade de seu quadro técnico ter sido um valioso
veículo de interação e desenvolvimento da reflexão crítica no Brasil.
O la do obscur o do j or na lism o: a hist ória da incorpor a çã o do e nt r e t e nim e nt o nos j orn a is
impressos (do The New York Times à Folha de S. Paulo)
LIMA, Marcus A. Assis - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Resumo: Os primeiros anos deste novo século têm sido marcados pela oferta de entretenimento de uma
forma nunca vista anteriormente. Entretanto, neste novo cenário, onde o conteúdo de diversão passa a ser
valorizado, em termos éticos e filosóficos, no mesmo nível do seu oposto, o conteúdo “sério”, alguns tipos
de passatempo ainda permanecem sendo cultuados e praticados. Mantidos por tradição nas páginas dos
jornais, passatempos como quadrinhos e cruzadas, entre outros, continuam a cativar o público desses
dispositivos midiáticos. Também as previsões zodiacais continuam sendo publicadas, em um mundo onde o
conhecimento humano sobre o universo astronômico tem se desenvolvido quebrando antigos mitos muito
rapidamente. Esse artigo, um excerto da tese de doutorado em Lingüística (POSLIN/UFMG), O ‘cont rat o de
diversão’ do j ornal im presso: cruzadas, horóscopo e quadrinhos, resgata a história da incorporação dos
conteúdos de diversão nas páginas dos jornais diários e a sua consolidação como elemento constituinte da
noção de “jornal impresso” que se tem nos dias contemporâneos.
Imprensa “moderna“, imprensa interiorana: tensões/interações midiáticas e sócio- culturais
Célio José Losnak (FAAC- UNESP- SP)
Resumo: A imprensa pode der identificada como uma instituição que publiciza representações sociais, é um
espaço de discussão da sociedade, de expressão de determinados segmentos sociais e de explicitação de
dinâmicas da vida urbana. Este trabalho analisa dois jornais de Bauru, interior do Estado de São Paulo, no
período entre 1906, ano de lançamento do primeiro jornal local (O Bauru), e 1930, data de encerramento de
um outro periódico (Diário da Noroeste), o mais expressivo da década de 1920. Neste texto, pretendemapear, problematizar e analisar a mediação entre determinada imprensa e os diversos segmentos sociais
locais, e identificar em que medida a produção impressa lança mão de pensamentos que circulam por São
Paulo e pelo país do período, afinam-se a determinadas facções políticas, propõe interpretações baseadas
em representações sociais já estruturadas e atribuidoras de sentido no passado e no presente. O progresso
e a modernidade são enunciados como valores e experiências candentes para redatores e leitores daquele
período, o bandeirantismo é apresentado como chave explicativa para os acontecimentos e para as
transformações que estão se processando ou que deveriam se processar.
O projeto editorial e literário de M onteiro Lobato: paradigmas da literatura de massa brasileira.
Gláucio ARANHA (Instituto de Ciências Cognitivas (ICC), MG) e Guilherme Bezzi CONDE (UFF)
RESUMO: Ao longo do seu processo de consolidação, a literatura de massa instituiu referenciais que
repousam hoje na base valorativa desta produção, tais como o resgate da narrativa mítica, o caráter
informativo-jornalístico, o pedagogismo e a retomada de elementos retóricos estabelecidos na produção
literária erudita, porém com a simplificação da linguagem. Analisamos aqui o projeto editorial e literário de
Monteiro Lobato, buscando evidenciar como os paradigmas valorativos da produção de literatura de massa
contemporânea já se encontravam presente no projeto lobatiano, enquanto estratégias para pensar o livro
como objeto inserido na intercessão do universo literário com o mercado. Destaca-se, ainda, o papel deste
projeto editorial e literário para a formação das bases de uma indústria de literatura de massa no Brasil.
M UI TO ALÉM D O FORRÓ: H I STÓRI A D AS RELAÇÕES EN TRE I M PREN SA E POLÍ TI CA N O I N TERI OR
DO NORDESTE – O CASO DE CARUARU
SI LVA, M . A. , BARROS, L. E. , M ARTI N S, A. M . & M ATOS, E.C. B. - Fa culda de do V a le do I poj uca
(Favip- Pernambuco)
RESUMO: Pesquisar a história da Imprensa escrita de qualquer lugar é importante para melhor
compreendê-lo, buscando explicações quanto ao papel exercido pela mesma e as relações estabelecidas com
a política local. Em 2008, comemora-se 200 anos dessa mídia no Brasil e 150 anos da fundação de Caruaru,
município-pólo situado no interior do Nordeste. De acordo com Nascimento (1994), o primeiro jornal de
Caruaru foi “O Vigia”, publicado em 1899. Desde então, tem-se registro de mais de 100 publicações
diferentes, o que representa uma pujante produção cultural, mesmo em meio a um cenário de baixa
alfabetização popular. A pesquisa, em fase de execução, tem como métodos a história oral e a análise de
conteúdo de manchetes e editoriais dos principais periódicos. O objetivo do estudo é perceber como se da a
relação entre Política e Imprensa no interior do Nordeste. Dentre os resultados parciais obtidos, constata-se
uma contínua diminuição no número de publicações impressas na cidade. Entre as possíveis explicações do
problema está o surgimento de novas mídias eletrônicas, como também as transformações políticas vividas
pelo País ao longo do período. Compreender essas questões é fundamental para perceber como se forja
cidadão e cidadania no Nordeste.
A sorte dos negreiros: o romance- folhetim na campanha abolicionista do jornal Libertador
COSTA. Andréia Oliveira (Universidade Federal do Ceará)
Resumo: O objetivo principal deste trabalho é compreender a forma de utilização do romance-folhetim
como argumento de convencimento utilizado pelo jornal Libertador e a adequação deste à campanha
abolicionista. O estudo tenta perceber como se deu o processo abolicionista no ceará e as estratégias
ideológicas expostas na mídia impressa através da utilização da literatura como forma de atração para que
os leitores simpatizassem com sua causa. Aponta razões que levaram à escolha da literatura para esse
empreendimento. São esclarecidas as origens e os usos do folhetim, assim como a conceituação deste termo
e é traçado um breve histórico sobre a importância deste gênero jornalístico/literário na época em questão.
A pesquisa se dá a partir da contextualização da escravidão no Ceará, assim como dos grupos antiescravistas, e da análise do romance-folhetim A Sort e do Negreiros, primeiro romance publicado pelo jornal
Libertador.
Re pr e se nt a çã o dos m ovim e nt os civ is n a s ca pa s da Re vist a Ve j a ( 1 9 6 8 - 2 0 0 8 ) : e st r a t é gia s da
imagem e a construção do imaginário político
Eduardo Yuji Yamamoto(UNESP/FAAC)
Resumo: Num contexto sócio-cultural em que o tempo de leitura das notícias se comprime, os textos
tornam-se enxutos e a ênfase maior recai sobre as imagens, as capas de revistas tornam-se importantes
suportes informativos para observar algumas estratégias discursivas da mídia hegemônica. A partir dos
estudos sobre as experiências pré-predicativas, de Harry Pross, e da projeção do olhar, de Vilém Flusser,
apresentamos como a revista Veja vem construindo uma imagem negativa dos movimentos civis, por meio
da repetição de uma estrutura simbólica visual. O corpus para estas análises compreende o período de 40
anos da revista (1968-2008), recorte que permite observar a construção de um imaginário político.
As relações do jornalismo com o poder político e econômico nos jornais de Vitória da Conquista
Ana Lú cia Olive ir a , Est e r Ba rr e t o e Ca r m e n Ca rva lho - Unive r sida de Est a dua l do Sudoe st e da
Bahia (UESB).
Resumo: Este artigo analisa a linha editorial dos dois principais jornais circulantes em Vitória da Conquista,
segunda maior cidade do interior baiano, localizada a 500 km de Salvador. Os impressos escolhidos para o
presente estudo, Diário Sudoeste e A Semana, já existem há mais de uma década, mas até hoje ainda não
conseguiram alcançar um número expressivo de leitores. A partir desse cenário, a pesquisa almeja
identificar o tipo de conteúdo jornalístico produzido nessas publicações, buscando encontrar as explicações
para a realidade existente. A metodologia utilizada foi a de análise de discurso, seguindo a perspectiva
francesa, complementada por entrevistas aos editores dos jornais. Os resultados apontam um jornalismo
ainda ligado aos interesses políticos dos partidos locais e aos interesses dos comerciantes da região.
Imprensa, peça- chave na construção do medo
Maria Léa Monteiro de Aguiar (Universidade Federal Fluminense)
Resumo: Na construção do medo do delito, tem sido destacado, ao longo da história, o papel dos meios de
comunicação de massas. Baseando-se nos conceitos da Criminologia Crtítica, o trabalho analisa as correntes
mais comuns de opinião a respeito dessa constante e freqüente associação entre a imprensa e os
comportamentos, delituosos ou não, ao produzir ou reproduzir sistemas morais e culturais de uma época.
Considerada como uma instituição da esfera pública por excelência, a imprensa funcionaria, por outro lado,
como um órgão mediador das tensões político-sociais e não apenas como mera transportadora de
informações. No entanto, a sua ubiqüidade tem levado à crença quase mágica em seu poder e seu papel
pode estar sendo grandemente superestimado.
Lembranças do golpe civil- militar na Bahia – memórias de jornalistas em Tempos de Ditadura
Lucia na Za ca ria s ( Ce nt ro Unive r sit á rio da Ba hia FI B ) , Vict or Buga lh o ( Ce nt ro Unive r sit á r io da
Bahia FIB) e Mônica Celestino (Universidade Federal da Bahia e Faculdade Social da Bahia)
Resumo: A pesquisa aborda o comportamento dos jornais impressos diários de Salvador, durante a
ditadura militar de 64, especialmente nos primeiros momentos após a promulgação do Ato Institucional nº 5
(AI-5). O trabalho, ainda em andamento e desenvolvido por voluntária e bolsista de iniciação científica do
Centro Universitário da Bahia - FIB, confirmou algumas assertivas já levantadas por pesquisadores do tema.
Uma delas, é que a autocensura foi mais eficiente do que a censura como forma de cerceamento de
liberdade e controle dos jornalistas durante os anos de chumbo. Por outro lado, o estudo é inédito ao revelar
informações sobre a rotina produtiva das redações soteropolitanas e, conseqüentemente, da cultura
profissional da época, através de inúmeras entrevistas realizadas com jornalistas atuantes no período.
Imprensa de rua alvorece em Salvador (BA): Breve relato da experiência do jornal Aurora da Rua
CELESTINO, Mônica (UFBA/FSBA - BA)
RESUMO – Estima-se que 1.200 sem-tetos sobrevivam nas ruas de Salvador (BA), a terceira maior capital
do país em número de habitantes (cerca de 2,7 milhões de pessoas). Parte desta população de rua, desde
março de 2007, é responsável por uma ação pioneira no Estado da Bahia, o tablóide Aurora de Rua.
Produzida com participação direta e comercializada por quem vive em espaços públicos, a publicação trouxe
para a região a aplicação de um conceito já consolidado na Europa – o de jornal de rua –, tem propiciado a
reinserção social dos envolvidos no projeto e busca estimular o debate sobre o tema na sociedade. Este
paper relata a experiência soteropolitana, contextualizando-a no cenário nacional e internacional a partir da
memória e de pesquisa bibliográfica, em uma tentativa de reflexão sobre o papel social do jornal de rua.
As edições de Frei Veloso em Lisboa e a circulação de livros técnicos no Brasil nos anos que
antecederam a chegada da Família Real
Aníbal BRAGANÇA (UFF/CNPq)
Resumo: As edições feitas em Portugal entre 1797-1806, sob a supervisão do Frei José Mariano da
Conceição Veloso, naturalista e editor nascido em Minas, responsável pela Casa Literária do Arco do Cego
(1799-1801), tiveram como alvo, ao menos em parte, o leitor brasileiro colonial, especialmente aquele
responsável direta ou indiretamente pela economia rural. Muitas das edições estavam voltadas para o
melhoramento e diversificação da produção agrícola, especialmente O Fazendeiro do Brasil, obra em vários
volumes, coligida diretamente pelo autor de Florae Flum inensis. A circulação dessas obras no Brasil (e mais
ainda os seus leitores) é praticamente desconhecida até agora. Em breve referência, o escritor Mello Moraes,
no livro Phytographia ou Botannica Brasileira aplicada á Medicina, ás Artes e á Industria, publicado em 1881,
afirma que tais edições, tendo sido “repartidas por varias capitanias, a serem distribuidas pelos fazendeiros,
nunca sairam das secretarias dos governos, em modo que se inutilisaram, ou antes foram bem aproveitadas
pelos t res fam osos lit t erat os que temos, que são Mrs. Cupin, Tray e Bichá, (isto é, cupim, traça e bicho)”.
Este artigo, baseado em pesquisas ora em desenvolvimento, com apoio do CNPq, visa contribuir para o
conhecimento do destino desses livros na Colônia.
Tr ibu na da Lut a Ope r á r ia e a s r e pre se nt a çõe s socia is e polít ica s na t r a nsiçã o de m ocr á t ica
brasileira (1979- 1985)
Andréa Cristiana Santos (UNEB)
Resumo: O processo de transição do Regime Militar para uma ordem democrática no Brasil (1979-1985) foi
gestado por uma série de representações sociais e políticas, que culminaram com a reorganização dos
movimentos populares em concomitância à reestruturação da base partidária no país. Esses movimentos
ensejaram greves, movimentos contra a carestia e a luta pelas Diretas Já que se constituíram no momento
de inflexão das práticas sociais e políticas, mediante também a organização dos segmentos de classe e de
representação política. Este artigo analisa como o periódico Tribuna da Luta Operária, que circulou
nacionalmente no período entre 1979 a 1988, instituiu um discurso jornalístico e práticas de leituras sobre
esses movimentos sociais a partir de uma identidade com segmentos populares e camadas médias.
Vinculado a uma tradição de imprensa partidária, o discurso jornalístico presente operou um conjunto de
práticas jornalísticas que trazem contribuições para a história da imprensa brasileira, especificamente para o
diálogo existente entre o jornalismo informativo e o que seria chamado “jornalismo popular” presente no
periódico.
H ist ór ia e m e m ór ia da s for m a s r e pre se nt a t iva s do pathos ur ba no e m m ídia s im pr e ssa s
hegemônicas em diferentes épocas.
Terezinha Tagé (ECA- USP)
Resumo: o artigo apresenta uma contribuição para os estudos da memória textual na história das mídias
impressas em diferentes épocas. Refere-se à história das formas sígnicas de reportar conflitos sócio-urbanos
em livros e reportagens impressas em determinados contextos sócio-políticos considerados hegemônicos no
plano da significação (na semiosfera, segundo I.Lotman). Considera como mídias não apenas os meios
tradicionais de informação social, mas também os dispositivos de mediação impressa nos quais estão
configurados em múltiplas linguagens integradas os sentidos da vida urbana e imediata (gêneros de
discurso, segundo Bakhtin) para cumprir sua função na Comunicação Social. Foram selecionados para
análise textos com repercussões de acontecimentos sociais que envolvem o pathos existencial e cotidiano
das metrópoles em duas épocas: o século XIX e o século XXI. O apoio teórico para o raciocínio desenvolvido
parte da “teoria da estética do pathos” elaborada pelo cineasta russo Serguei Eisenstein em seus estudos
sobre os romances realistas de É. Zola (séc. XIX) e relacionada à leitura de resenhas críticas de
documentários sobre conflitos da atualidade (séc.XXI) escritas pelo historiador Peter Burke e publicadas em
jornais paulistanos.
Revista Senhor: aspectos comunicacionais de um projeto gráfico
CERBINO, Ana Luiza F. (UFRJ/EBA – Departamento de Comunicação Visual)
Resumo: A revista Senhor, editada entre 1959 e 1964, na cidade do Rio de Janeiro, representou um
diferencial em relação aos periódicos em circulação nesse período. Seu arrojado projeto gráfico, concebido
pelo artista plástico Carlos Scliar, aliado a um corpo editorial de importantes nomes da imprensa nacional,
como Nahum Sirotsky, Paulo Francis, Luiz Lobo, Ivan Lessa, entre outros, apresentaram novas
possibilidades para os veículos de circulação mensal. Esse diferencial era percebido não só em seu conceito
e produção gráfica, como também em seu projeto editorial, que priorizava, mais do que a notícia, um
conteúdo cultural e político. O objetivo dessa comunicação é apontar que havia um diálogo entre a sua linha
editorial e a sua concepção gráfica - o processo de impressão, o tipo de papel utilizado, e o formato final -,
contextualizando essa inter-relação com o ambiente em que foi concebido. Para além de uma análise
puramente técnica, trata-se de observar esse projeto a partir dos vestígios que permaneceram no tempo e
permitem reconstruir sua identidade. Traços que mostram sua importância tanto para o jornalismo carioca
quanto para o nacional.
Visões do Inferno: imprensa e o “câncer” comunista na América Latina
CARVALHO, Andréia S. de. (PROEALC– UERJ)
Resumo: Essa comunicação é parte de dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-graduação
em História Política da UERJ. Realizamos uma análise de discurso sobre como a revolução cubana foi
veiculada por periódicos da imprensa escrita brasileira, (re)visitando a percepção contra-revolucionária
através mitos políticos. O recorte cronológico desse trabalho situa-se entre os anos de 1959 a 1964, tendo
como cenário os vários desdobramentos da política interna do país durante o contexto da Guerra Fria, antes
do advento do golpe civil-militar. Nosso objetivo central foi demonstrar como diversos jornais da imprensa
brasileira portaram-se como parceiros privilegiados das forças políticas contrárias às reformas de base,
reutilizando a memória mítica, no interior de suas falas, para transformar a disputa em torno da política
interna brasileira, em luta simbólica contra a disseminação do comunismo na América Latina.
A Imprensa de Belém e o golpe militar de 1964
Paulo Roberto FERREIRA (Faculdade Ipiranga, Belém, Pará).
Resumo: Este trabalho se propõe a abordar as causas que levaram a mídia impressa a se afastar do mito
que ela mesma se aferrou, o mito da neutralidade e, contraditoriamente, defender e preparar a opinião
pública para a quebra da ordem institucional. Os veículos de comunicação impressa de Belém, mais
expressivos na época, Folha do Norte, A Província do Pará e O Liberal, que mesmo defendendo interesses
aparentemente tão diversos no plano local, refletiam uma certa unidade editorial em relação ao plano
federal, a partir da opinião de seus articulistas e redatores responsáveis pela edição das páginas que
tratavam do noticiário político nacional. A exceção do Jornal do Dia, todos os demais defenderam o golpe
militar. Ora mais, ora menos, ora ostensivamente, ora disfarçadamente, a imprensa em geral clamava pelo
golpe. As propostas de Reformas de Base, que tanto mobilizavam os aliados do governo João Goulart,
provocavam reação nos conservadores e seus prepostos, que não toleravam a pauta política, sobretudo,
quando o tema era a reforma agrária. Representantes dos interesses dos fazendeiros do Marajó, região que
concentrava o peso da pecuária regional na época, estavam dentro das redações dos jornais de Belém, ou
como jornalistas, ou como colaboradores, que escreviam seus artigos de forma sistemática e com
regularidade.
Jornal A Notícia: uma extensão do discurso nazista em Santa Catarina
Mario Luiz Fernandes e Bruna Luíza Barcellos - Universidade do Vale do Itajaí (SC)
RESUMO: O Jornal A Not ícia, de Joinville, cidade colonizada por alemães, apoiou o regime nazista desde a
ascensão de Adolf Hitler ao poder. O periódico foi lançado em 1923 por Aurino Soares, um paranaense
radicado em Santa Catarina. Entre 1934 e 1944, várias edições estamparam a figura de Hitler e da suástica
nazista, além de mensagens de exaltação àquele regime. Porém, após a entrada do Brasil no conflito, o
jornal passa a repudiar Hitler e o nazismo. Apesar da relevância histórica do fato, este é o primeiro estudo
de natureza discursiva sobre o caso. Baseado na Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977), o artigo busca
compreender a representação feita pelo jornal A Notícia sobre este marco histórico, ou seja, visa trazer à luz
os reflexos de uma parte da história mundial ocorrida em território catarinense.
I D EN TI D AD ES REGI ON AI S EM REVI STA:
EDITORIAL DAS REGIÕES BRASILEIRAS
TEN D ÊN CI AS
DA
SEGM EN TAÇÃO
NO
M ERCAD O
Virgínia Salomão (UNIP)
RESUMO: Este estudo investiga os modos através dos quais as revistas produzidas além do eixo Globo-Abril
processam as identidades regionais. O foco recai sobre a Nordeste, revista paraibana que é a epítome da
revista regional, e a Encontro, produzida em Minas Gerais, que possui a maior circulação dentre as regionais
brasileiras. A intenção é comparar como diferentes aspectos das identidades regionais são social e
mercadologicamente construídos nas matérias jornalísticas das revistas. Fundamentado em duas bases
metodológicas - uma análise qualitativa a partir de pesquisa quantitativa – introduz-se uma abordagem
geocultural aos estudos da mídia, combinando a análise de conteúdo ao uso pragmático da teoria dos
gêneros jornalísticos. Esta pesquisa constata que há um movimento setorial à procura de um novo mercado,
incrustado nas especificidades regionais que está delineando outros contornos ao chamado jornalismo de
proximidade (CAMPONEZ, 2002). Para além disso, observa-se que esta nova segmentação de revistas está
comodificando a representação simbólica das regiões.
.
GT 5 – MÍDIA SONORA
Coordenação Geral: Ana Baumworcel (UFF)
Música, Civilização e Tecnologia: A Música Erudita e a Transformação do Disco em Bem Cultural
Leonardo De Marchi (UFRJ)
Resumo: nos últimos anos, publicou-se vasta literatura acerca das relações entre meios fonográficos e
música. Inspirada por forte determinismo tecnológico, a maior parte desses trabalhos é dedicada a
investigar os “efeitos” dos discos sobre a poética musical. Por isso, passa-lhes desapercebido que,
primeiramente, foi o prestígio social da música que ajudou a tornar a tecnologia fonográfica (reprodutores e
discos) em um dos mais importantes bens culturais do século XX. Em particular, a música “erudita” foi
utilizada para equivaler a experiência mediada de ouvir discos a estar in loco da execução. Ao prometer a
reprodução técnica “fiel” das melhores vozes da ópera, transformava-se o meio em continente legítimo das
“belas-artes” sonoras e, por conseguinte, em instrumento de “civilização”. Em outros termos, consumir
discos passava a significar cultivar o espírito. Neste trabalho, analisa-se tal uso da música erudita na
construção social das tecnologias de reprodução sonora em bem cultural. Acredita-se que tal discussão seja
fundamental para a compreensão do papel dos meios de comunicação na cultura moderna.
“O RÁDIO ESPORTIVO DO GRANDE ABC”
Domingo Glenir Santarnecchi (Revista Raízes – Fundação Pró- Memória São Caetano do Sul – SP)
Resumo: Nas décadas de 60 e 70 o Rádio Esportivo do Grande ABC chegou ao seu auge de audiência
incomodando as principais emissoras tradicionais da Capital que amealhavam a grande audiência e a fatia
maior do bolo publicitário. Essa popularidade se justificou pelo crescimento das atividades esportivas
profissionais, priorizando o futebol profissional que se desenvolveu como o surgimento das equipes
profissionais, destacam os clubes Saad (São Caetano), Santo André, Palestra (São Bernardo do Campo).
Nesse período, tanto a mídia sonora e imprensa reservaram maior espaço para a crônica esportiva. Mais
recentemente, a partir da década de 90, as televisões regionais também passaram a reservar espaço para o
esporte. Esse crescimento da mídia tem excelentes razões, como a verba publicitária. Os esportes
despontaram grandes audiências do rádio esportivo e em contrapartida, os anunciantes encontraram a
oportunidade de participarem da criação desse cenário, onde se estabeleceram a relação anunciante e
audiência. As emissoras de rádios do Grande ABC descobriram esse grande filão, a partir da década de 50.
Nos anos 70 houve um grande desenvolvimento na área esportiva, seja no que se referem às transmissões,
mesas-redondas e publicidade. Igualmente nos jornais regionais e locais do Grande ABC. Grandes times do
ABC, profissionais se destacaram no Campeonato Paulista e Nacional, participando das divisões principais.
Foram estimulados, também, os esportes amadores. Nesse período também houve um grande crescimento
nos demais esportes, profissionais amadores, como o Basquete, Atletismo, Boxe e Marcha Atlética. A
conquista das Copas de 58, 62 e 70, aqueceu a imprensa esportiva em todo o país e conseqüentemente, no
Grande ABC, que estava na sua fase de crescimento econômico, cultural e educacional. O rádio esportivo do
Grande ABC revelou narradores e comentaristas que marcaram época na região. Estima-se que na região
passaram pelas emissoras mais de 150 profissionais entre locutores, comentaristas e repórteres de campo.
A história dos anos dourados do rádio em Blumenau
REIS, Clóvis Reis (FURB – Universidade Regional de Blumenau) e BAMBINETTI, Gabriela (FURB –
Universidade Regional de Blumenau)
RESUMO: Ao contrário do que ocorre nos grandes centros do Brasil, onde os anos dourados do rádio se
situam entre as décadas de 30 e 60, em Blumenau os anos 60 e 70 constituem o período áureo do meio.
Nesta época, a cidade contava com cinco emissoras de rádio, que emitiam uma programação que marcou
época na voz de profissionais que se tornaram referência para o meio. Entretanto, são escassos os trabalhos
que sistematizem as informações sobre o surgimento das primeiras emissoras e sobre a organização
empresarial do setor. A presente pesquisa propõe uma primeira aproximação ao tema, fazendo um resgate
da trajetória histórica das emissoras, dos programas e dos profissionais do meio, e traçando um panorama
sobre a atual configuração das empresas de radiodifusão de Blumenau. A técnica de pesquisa empregada é
a análise documental, articulada com a realização de entrevistas a profissionais do meio. A pesquisa
apresenta os programas que marcaram época, os profissionais que se destacaram no meio rádio e um
cadastro com informações atualizadas das emissoras, tais como razão social, concessionários, quadro
diretivo, programação, freqüência, potência, área de abrangência, endereço, telefone e e-mail.
O Rádio FM em Campinas: 35 anos de história
Ivete Cardoso do Carmo Roldão (PUC- Campinas)
Resumo: Artigo apresenta um painel histórico do rádio FM em Campinas-SP. desde 1972, quando foi ao ar
a primeira emissora, demonstrando o contexto em que se deu o processo de concessão das seis rádios FM
da cidade e identificando as principais mudanças ocorridas no perfil da programação. Foi utilizado como
método a análise documental e entrevistas semi-estruturadas. No que se refere à concessão, os resultados
apontaram que as relações políticas e econômicas prevaleceram. Assim como em todo o Brasil, os
concessionários de FM de Campinas possuem outras rádios na cidade e/ou em outros municípios. No que se
refere ao perfil da programação, todas as emissoras no início apresentavam uma programação diversificada,
que foi sendo modificada em função da segmentação e/ou da transmissão em rede. Atualmente, quatro
rádios são segmentadas: três musicais, uma que retransmite em rede (Nova Brasil FM) e duas com
programação local (Cidade e Educadora). Apenas duas possuem equipes de jornalismo, sendo que uma
delas também é transmitida em rede (CBN-Campinas) e a outra pertence a prefeitura Municipal (rádio
Educativa). Já a rádio Morena, está arrendada, integralmente, para a Igreja Universal do Reino de Deus
(Rede Aleluia).
MÚSICA E DISCO NO BRASIL: A Trajetória de André Midani
VICENTE, Eduardo (CTR/ECA/USP)
Resumo: Nascido na Síria, criado na França e radicado no Brasil desde o final da década de 1950, André
Haidar Midani é, sem dúvida, o nome mais importante na história da indústria fonográfica no Brasil. O
objetivo do presente texto, ao discutir sua carreira ao longo de companhias como Odeon, Phillips e Warner,
é recuperar um amplo período da história da indústria no país e, simultaneamente, refletir acerca do papel
dos executivos dentro do processo decisório que determinou (e ainda determina) o seu modelo de atuação.
Midani esteve ligado a movimentos musicais como a Bossa Nova, o Tropicalismo, a Black Music e o Rock dos
anos 80, foi o responsável pelo lançamento de inúmeros artistas e, no auge da repressão política motivada
pelo AI-5, pela gravação no exterior dos discos de nomes como Gil, Caetano, Chico e Nara Leão. Não se
trata, no entanto, da apologia a um executivo da indústria, mas da reflexão acerca do modo como ele se
posicionou diante do complexo e delicado relacionamento entre arte e mercado, no âmbito do mais
importante segmento da indústria cultural do país. A produção do texto contou com um longo depoimento
do próprio Midani, concedido ao autor em 2007.
A m ídia dos pobr e s - o rá dio e a for m a çã o de opiniã o da s popula çõe s de ba ix a r e nda – e st udo de
caso no sul da Bahia.
Abe l D ia s de OLI VEI RA ( Fa culda de de Te cnologia e Ciê n cia s de I t a buna , Ba hia ) ; Pe dr o de
Albuque r que OLI V EI RA ( Fa culda de Socia l da Ba hia , Sa lva dor ) e Elia n a Cr ist ina Pa ula Te nór io de
ALBUQUERQUE (Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia)
RESUMO: O presente trabalho investiga a importância do rádio para informação e formação de opinião das
populações de baixa renda no Estado da Bahia - Brasil, onde o meio é, supostamente, o principal canal de
acesso à notícia mediatizada. Para isso, foi escolhido como locus da pesquisa o povoado rural de Vila
Juerana, situado no litoral norte de Ilhéus, no sul da Bahia, onde vivem quase mil moradores, sendo que a
maioria destes ganha até um salário mínimo ao mês (IBGE, 2006: 204). Neste local, foi realizada pesquisa
de opinião pública abrangendo 100 moradores - utilizando como instrumentos questionários semiestruturados e entrevistas - além da observação assistemática, com vistas a identificar a constância com
que o público ouve rádio; com que finalidade o faz; qual a credibilidade que confere às informações ouvidas
e quais os resultados práticos que esta audiência causa na formação da opinião do ouvinte. Como suportes
teóricos, foram consultados autores que lidam com as Teorias do Jornalismo e do Rádio, entre outros que
são capazes de interpretar, à luz da ciência, os fenômenos decorrentes do processo de emissão-recepção
radiofônica regional.
Magro de Aço: a história viva do rádio- jornalismo esportivo piauiense
Gustavo Fortes Said e Raquel de Holanda Rufino (Universidade Federal do Piauí)
Resumo: A história do rádio-jornalismo esportivo no Piauí teve início da década de 50, quando foram
realizadas as primeiras transmissões ao vivo de jogos de futebol no Estado pelo jornalista Carlos Said. Desse
período em diante, o Magro de Aço, como é apelidado carinhosamente o citado jornalista, se tornou um
personagem atuante na construção e consolidação desta prática radiofônica. Para muitos, ele é história viva
do rádio-jornalismo piauiense e uma referência para as gerações posteriores, sendo assim bastante
significativa a sua importância nos estudos do jornalismo esportivo no Piauí, e em particular, em Teresina.
Este artigo propõe analisar: a) a contribuição do jornalista em questão para o desenvolvimento do rádiojornalismo esportivo no Piauí; b) e a forma como esse personagem tão singular da história do jornalismo
piauiense foi se constituindo junto ao imaginário público. Para tanto, os autores fizeram uma ampla pesquisa
documental e realizaram inúmeras entrevistas com o personagem em questão e também com os principais
profissionais que fizeram parte da história das transmissões radiofônicas esportivas no Piauí.
Saulo Gomes: o repórter que queria gravar a própria morte
BESPALHOK, Flávia Lúcia Bazan (Universidade Estadual de Londrina)
Resumo: Busca-se neste artigo recuperar a trajetória do repórter de rádio Saulo Gomes quando atuou na
cidade do Rio de Janeiro nas décadas de 1950 e 1960. Detentor de vários recordes e premiações pertinentes
à função de repórter, Gomes fez parte da equipe dos “Comandos Continental”, da Emissora Continental do
Rio de Janeiro e também chefiou o departamento de jornalismo da Rádio Mayrink Veiga, onde criou “Os
Vigilantes da Mayrink”. Participou de grandes coberturas radiofônicas, furando, muitas vezes, todo o
restante da mídia. Entre esses eventos destacam-se coberturas do carnaval carioca; a chegada dos
campeões mundiais de futebol, em 1958; a participação na Rede da Legalidade, em 1961 e o golpe de 1964.
Um fato curioso da história de Saulo Gomes é que ele pretendia gravar a própria morte. Para isso andava
com um gravador de rolo a tiracolo, o que o levou a registrar e guardar momentos importantes da radiofonia
brasileira. Como metodologia de pesquisa, utilizou-se a técnica da História Oral apoiada em análise
documental do periódico “Revista do Rádio”.
Progr a m a çã o j or na líst ica pione ir a da s e m issora s pública s de rá dio: u m r a dioj or na lism o que nã o
fez escola na radiofonia nacional?
Valci Regina Mousquer Zuculoto (PUCRS e UFSC)
Resumo: O objetivo deste artigo é resgatar as raízes, no período do advento do sistema não-comercial do
rádio no Brasil, da programação jornalística das hoje auto-denominadas emissoras públicas brasileiras – as
educativas, universitárias e culturais. Essas raízes são observadas ainda no primeiro período histórico da
radiofonia nacional, quando também se iniciou o sistema não-comercial. Foi em 1936, com a doação, por
Roquette-Pinto, da sua Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao governo federal, sob a condição de que
mantivesse seus ideais de transmitir educação e cultura. A partir de então, a Sociedade passou a transmitir
como Rádio MEC, transformando-se na primeira emissora pública brasileira. Portanto, com este recorte de
tema e período, evidenciamos, neste artigo, especialmente os modelos, linhas, referenciais dos programas
jornalísticos daquela emissora, tanto quando funcionava como a Rádio Sociedade de Roquette Pinto como
nos primeiros anos em que passou para o comando do Ministério da Educação. Trata-se do período que
categorizei como o do rádio não-comercial pioneiro, entre meados dos anos 30 e o início da década de 40 do
século passado.
Radiojornalismo e Linguagem: as transformações nos modelos de rádio informativo
Juliana Cristina Gobbi Betti (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)
Resumo: As características da linguagem radiofônica, principalmente do radiojornalismo, se modificaram ao
longo dos anos pelas evoluções tecnológicas, questões políticas e disputa de mercado. Assim, buscando
contribuir para o entendimento destas transformações, este trabalho pretende discutir os aportes mais
relevantes do desenvolvimento da linguagem e dos gêneros e formatos da notícia e da programação,
destacando as mediações tecnológicas que influenciaram diretamente os processos de produção da notícia.
Para isso utilizamos como referencial as teorias da linguagem radiofônica, os estudos sobre a história do
rádio e do radiojornalismo e entrevistas com profissionais, analisando brevemente, o modelo adotado pelas
principais redes jornalísticas do país. Entre os acertos e desacertos da importação e criação destes modelos,
podemos concluir que o maior desafio do rádio informativo ainda é explorar melhor os recursos que advém
das inovações tecnológicas, acompanhando a modificação nos hábitos de consumo dos meios, sem perder
sua identidade, principalmente com a implantação da tecnologia digital.
A Rádio Difusora Acreana e o Movimento Autonomista
PI N H EI RO, Fr a ncisco de M our a e GON ÇALVES, M á rcia N e m e t a la D our a do ( I nst it ut o de Ensino
Superior do Acre (Iesacre)
Resumo: Anexado ao Brasil em novembro de 1903, por força da assinatura do Tratado de Petrópolis, após
um sangrento conflito com a Bolívia, o Acre foi transformado em Território Federal em abril de 1904, num
regime onde não lhe cabia nenhuma autonomia político-administrativa. A partir de então, os acreanos
iniciaram vários movimentos contestatórios desse poder, exercido, muitas vezes, à distância, por pessoas
estranhas e quase sempre alheias aos reais problemas locais. Nos anos de 1950, tendo na linha de frente o
deputado federal José Guiomard dos Santos (PSD), o sonho de emancipação dos acreanos ressurgiu com
força, depois de um desânimo temporário nas décadas de 1930 e 1940, face, respectivamente, à ditadura
do Estado Novo e à Segunda Guerra Mundial. Em junho de 1962, finalmente, após anos de tramitação, foi
aprovada no Congresso Nacional a lei que transformou o Acre em Estado. Entre os fatos determinantes para
o desfecho almejado, a participação fundamental da Rádio Difusora Acreana, denominada “A Voz das
Selvas”, a primeira do então Território, inaugurada em agosto de 1944. O que este artigo pretende
descrever é a importância da referida emissora para o sucesso da empreitada autonomista.
A história oral como ferramenta fundamental na reconstituição da história do rádio.
Lia Calabre (FCRB)
Resumo: A partir da década de 1990 começaram a surgir, com maior freqüência, estudos sobre a história
do rádio. Existem variados caminhos que podem ser tomados para a realização de estudos sobre a presença
do rádio no Brasil. Entretanto, existe um “lugar” que me parece ser uma espécie de encruzilhada onde se
cruzam, quase que obrigatoriamente, os diversos caminhos percorridos por estes estudos. Estou me
referindo ao “lugar” ocupado pelos depoimentos, narrativas e memórias daqueles que pertenceram e/ou
pertencem ao conjunto dos profissionais do rádio. Nesse momento, a História Oral se apresenta como uma
alternativa metodológica orientadora do trabalho. A presente comunicação pretende apresentar a história
oral como uma ferramenta metodológica fundamental para a recuperação da história do rádio na Brasil.
Rá dio FM , Rock e Rio de Ja ne iro: um a a ná lise da s e st r a t é gia s de incu r sã o da Flum ine nse " A
Maldita" e da Rádio Cidade "A Rádio Rock" no domínio das guitarras
SILVA, Heitor da Luz (Universidade Federal Fluminense/RJ)
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar as estratégias midiáticas de duas emissoras que
atuaram vinculadas ao rock no Rio de Janeiro em dois momentos distintos: a Rádio Fluminense FM no início
dos anos oitenta e a Rádio Cidade no início dos anos 2000. A pesquisa possui como referência fundamental a
idéia de gênero musical (FABBRI, 1981; FRITH, 1997; JANOTTI JR, 2003) articulada a noção de comunidade
de gosto (FRITH, 1997), destacando também a existência e a importância de capitais simbólicos específicos
à música popular massiva (JANOTTI JR, 2007; THORNTHON, 1997). Trabalha-se com a hipótese de que, em
boa parte, devido ao fato de estabelecerem estratégias diferentes para se configurarem simbolicamente
como emissoras roqueiras frente ao público e demais agentes sociais locais interessados – quer
afetivamente, quer mercadologicamente, quando não de ambas as formas – no gênero que uma delas (a
Fluminense) tende a ter um maior reconhecimento social do que a outra (a Cidade) em seus distintos
contextos de atuação. Como desdobramento desta primeira hipótese, trabalha-se com uma segunda, mas
não menos importante: a de que existe uma relação entre o tipo de configuração simbólica apresentada pelo
modelo de cada emissora e os papéis que ambas desempenhariam no mercado musical local, auxiliando a
movimentá-lo com maior ou menor intensidade ao apresentar níveis distintos de autonomia frente aos
agentes hegemônicos (as grandes gravadoras) graças à maneira com que cada uma se relaciona com a
mediação cultural exercida pela noção de gênero.
As escolas radiofônicas do MEB
Ana Baumworcel (Universidade Federal Fluminense – UFF)
Resumo: Este trabalho reflete sobre o funcionamento das escolas radiofônicas do Movimento de Educação
de Base na perspectiva de avaliar as potencialidades e as limitações dialógicas na utilização do rádio na
experiência de alfabetização e conscientização de camponeses nas áreas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste
do Brasil, na década de 1960. A partir de entrevista com o ex-coordenador do MEB, Osmar Fávero e de
bibliografia sobre o assunto discute o protagonismo da mídia sonora naquele momento histórico.
40 anos sem o Repórter Esso
Luciano Klockner
Resumo: 2008, quando é comemorado o bicentenário da Imprensa no Brasil, também expressa uma data
saudosa para o rádio brasileiro: os 40 anos da última edição de O Repórter Esso, um dos principais
noticiários do País, que influenciou e ainda permanece influenciando a história da mídia global. A última
edição foi ao ar no dia 31 de dezembro de 1968, quando, com a voz embargada, o locutor de O Repórter
Esso se despediu de forma definitiva dos rádios brasileiros.
Rá dio no Re cônca vo da Ba hia – do a lt o fa la n t e à s t ra nsm issõe s ra diofônica s ( u m e st udo de ca so
em Cachoeira e São Félix)
Alene da Sillva LINS (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (BA) e Projeto Memória do
Rádio no Recôncavo – pelo Programa Permanência UFRB MEC/SESu)
Resumo: A primeira emissora de rádio foi implantada na Bahia em março de 1924, em Salvador, e logo
vieram outras, tanto na capital quanto no interior. Mas algumas cidades da Bahia, como Cachoeira e São
Félix, respectivamente a 110 e 120 km da capital, só tiveram emissoras no final da década de 90
(Cachoeira) ou ainda operam no sistema de alto-falante (São Félix). A decadência econômica, vivida pelas
cidades do interior do Recôncavo, explica em parte a falta de investimento na radiodifusão local no período
áureo do rádio. Mas o circuito fechado (sistemas de alto-falantes) teve e ainda têm função estratégica na
comunicação e informação para as duas cidades, já que elas não possuem cobertura de emissoras de TV. O
rádio é muito valorizado nas duas cidades, têm grande audiência e participação de ouvintes. Este artigo é
resultado do Projeto de Pesquisa ‘Memória do Rádio no Recôncavo’, com utilização da metodologia da
História Oral com moradores antigos, muitos, radialistas aposentados, para produção de material sobre o
sistema de radiodifusão ou de rádio circuito fechado para subsidiar a disciplina de radiojornalismo e
realidade regional.
Dial e cotidiano: o rádio na vida de três gerações de cariocas.
Alda de Almeida- UVA
Resumo: O rádio brasileiro é um senhor de 85 anos que, apesar do tempo, ainda exibe uma invejável
vitalidade. Através de entrevistas com ouvintes realizadas pelos alunos de radiojornalismo da UVA tentamos
mapear a importância do rádio no cotidiano de três gerações de cariocas. Os ouvintes foram divididos em
três faixas etárias que correspondem aos avós, pais e jovens, a geração dos alunos. A idéia é acompanhar
ainda as modificações ocorridas nessa relação a partir das mudanças do próprio veículo e também do
cenário midiático. A geração mais antiga, que corresponde à “Era de Ouro”, teve no rádio a primeira mídia
eletrônica, com suas variadas possibilidades de informação e entretenimento. A geração intermediária já
começa a dividir a atenção com a televisão e assiste à chegada de um outro tipo de transmissão radiofônica
que privilegia a música: o FM. Os mais jovens, além da tv aberta e a cabo, têm ainda a internet como fonte
de informação e entretenimento. Mas com ela chegaram também algumas importantes novidades,
principalmente as webrádios. Através das entrevistas tentamos saber também os programas favoritos, que
notícias importantes lembram de ter ouvido no rádio, músicas que marcaram suas vidas, as histórias em
torno delas e ainda programas e emissoras favoritas, em AM e FM.
As personagens- tipo do rádio
Ana Luiza Coiro Moraes (PUCRS)
Resumo: Herdeiras da estética do folhetim — a exacerbação emocional das propostas do Romantismo — e
do fait divers — a fórmula folhetinesca do jornalismo — e transitando entre formatos e gêneros do factual e
do ficcional, as personagens das radionovelas e dos programas de auditório da Era de Ouro do rádio
compõem uma tipologia midiática.
Essas personagens- tipo até hoje se fazem presentes, sobretudo nos programas que alçam sujeitos comuns à
visibilidade midiática, através de sua inserção em algum espet áculo de realidade: novo gênero que inclui o
formato realit y show da televisão, mas, também, as cartas e depoimentos a seções de leitores de jornais e
revistas ou a blogs da internet, bem como as participações de ouvintes em programas de rádio de cunho
“assistencialista”, por exemplo. Apresenta-se, aqui, uma proposta de mapeamento das personagens-tipo dos
espetáculos radiofônicos.
Radiodifusão comunitária no RS: experiências pioneiras e pesquisa acadêmica
Angela Maria ZAMIN (PPGCC/UNISINOS)
Resumo: Ao considerar os dez anos de regulamentação dos canais comunitários de radiodifusão no Brasil, o
artigo versa sobre o rádio comunitário no Rio Grande do Sul por meio de um inventário que congrega duas
perspectivas: as experiências pioneiras e as pesquisas acadêmicas. O primeiro movimento dá conta de
algumas experiências de radiodifusão comunitária no Estado, a partir das emissoras reconhecidas pela
Abraço-RS como pioneiras. Essa abordagem permite, ainda, traçar o perfil da entidade no Rio Grande do
Sul. A segunda perspectiva é resultado de um mapeamento das dissertações e teses desenvolvidas nos
quatro programas de pós-graduação em Comunicação existentes no Rio Grande do Sul – UFRGS, UFSM,
PUCRS e Unisinos – que se ocupam da temática na última década.
Wilson Martins: das ondas do rádio às páginas literárias
Claudia Quadros (UTP, Paraná) e Mônica Kaseker (PUC, Paraná )
Resumo: Wilson Martins, 87 anos, paulista, residente em Curitiba. Este homem, considerado um dos
maiores críticos da literatura brasileira, tem passagem pelo rádio. O depoimento dele registra que essa
passagem foi muito rápida, mas outros testemunhos garantem que a história do rádio não pode ser
dissociada desse cidadão do mundo. Ainda era estudante de Direito, no início dos anos 40, quando foi
locutor por dois anos da antiga PR.B-2, a primeira rádio do Paraná. O perfil de Wilson Martins e a sua
relação com o rádio paranaense fazem parte de um estudo em andamento de personagens importantes
desse meio de comunicação octogenário. Por meio do método biográfico, apresentamos a trajetória de
Wilson Martins muito além do microfone radiofônico. Autor de diversos livros, como Um Brasil diferente, O
Modernismo, História da inteligência brasileira e A crítica literária no Brasil, Wilson Martins ganhou projeção
nacional por seus textos ácidos em diversos jornais brasileiros. Foi professor de literatura francesa na
Universidade Federal do Paraná, além de lecionar por vários anos em instituições americanas como docente
convidado. No rádio, a sua bela voz embalava as noites dos ouvintes da rádio Clube. No programa, lia
clássicos da literatura para cegos.
Do improviso a padronização: a linguagem dos locutores esportivos cearenses (1930- 1950)
HONÓRIO, Erotilde Silva e RODRIGUES, Íkara Ferreira (UNIFOR – Ceará)
Resumo: Este artigo faz parte da pesquisa História e Memória da Radiodifusão Cearense. Temos como
objetivo analisar, no presente trabalho, a linguagem radiofônica utilizada pelos locutores esportivos
cearenses, desde as primeiras transmissões feitas na década de 1930 até a chamada “era de ouro do rádio”,
em 1950, na cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará. Tal recorte temporal é útil, pois, se trata de
um período no qual a linguagem empregada nas locuções esportivas evoluiu do amadorismo a
profissionalização, ao mesmo tempo em que as emissoras fortalezenses sofriam uma forte influência das
emissoras do Sudeste do Brasil. Tomamos como objeto de estudo três emissoras: Ceará Rádio Clube, Rádio
Iracema e Rádio Uirapuru de Fortaleza, dentro das quais analisaremos o processo de desenvolvimento das
transmissões esportivas. A metodologia é história oral de vida do grupo remanescente de radialistas que
fizeram parte ou acompanharam este processo histórico de aperfeiçoamento da linguagem esportiva no
rádio cearense. Tomamos como referências teóricas autores, como Rudolf Arnheim, Bertolt Brecht, Márcia
Vidal, Luiz Ferraretto, Sônia Virgínia, Roberta Manuela Andrade, Erotilde Honório e Heródoto Barbeiro, que
nos serviram de embasamento teórico para as discussões presentes neste trabalho.
Palavras-chave: Rádio; linguagem radiofônica; padronização.
A SECA NO CEARÁ EM 1958 NAS CRÔNICAS PIMENTINHA DE CHEIRO
Jackson de Moura Oliveira - Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Fortaleza – Ceará
Resumo: O trabalho analisa as crônicas do quadro Pimentinha de Cheiro, abertura do programa Disque M
para Música, de Wilson Machado, um dos mais representativos nomes do rádio cearense, veículo no qual
atuou de 1947 a 2006. Foram analisadas cento e treze crônicas escritas durante o ano de 1958, período de
seca que vitimou dois milhões de pessoas no Ceará e parte do Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e
Bahia. Grandes fatos marcaram essa época, como a Copa do Mundo e as eleições municipais de Fortaleza;
esta transtornava o fortalezense política e socialmente, mas predominava, nas crônicas Pimentinha de
Cheiro, o sofrimento e a dor gerados pela seca. A discussão do trabalho se dá em paralelo à importância do
rádio como veículo de divulgação de informações, ao flagelo da seca no Ceará e à sociabilidade da época.
Para delinear interpretações das crônicas é utilizado o método de análise de conteúdo. O estudo é parte da
pesquisa História e Memória da Radiodifusão Cearense.
Das ondas do rádio para as antenas da TV
Kelly Scoralick (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: O objeto de estudo tem por objetivo resgatar a história do rádio – iniciado no Brasil em 1922 – e,
então, fazer um paralelo entre esse veículo de comunicação e a televisão – que chegou por aqui em 1950 - ,
de forma a avaliarmos como o rádio influenciou e ainda influencia no trabalho de televisão. Os dois se
aproximam na linguagem, na programação e/ou no estilo jornalístico? A improvisação tão utilizada no rádio
influencia no trabalho na TV? Através de um traçado histórico sobre o rádio, focado principalmente em
programas de auditório, nas novelas e no jornalismo, é possível verificar que os primeiros programas da TV
brasileira foram trazidos do rádio, que ainda forneceu para o veículo iniciante atores, autores e até mesmo a
experiência de lidar com a precariedade. A telenovela saiu de dentro da radionovela, como também não se
pode negar que a base dos programas de auditório – um dos principais formatos do gênero na TV - está no
rádio. Quanto à linguagem, as semelhanças da televisão com o rádio são bem claras, uma vez que ambos
seguem a comunicação oral, amplamente coloquial. Hoje, o que se vê nos telejornais é tentativa de se
aproximar ao máximo da fala do telespectador. No jornalismo, a TV se apropriou do rádio quando instaurou
os plantões noticiosos e entradas ao vivo. Nesse momento, a televisão concorre com o rádio em agilidade e
adquire características tipicamente radiofônicas: suprime o uso das imagens e usa de um locutor para
informar o fato ocorrido. Com o estudo a ser apresentado, pode-se afirmar que a televisão se apropriou dos
gêneros que fizeram sucesso no rádio e hoje os veste com suas características. O artigo é uma forma de
despertar para a importância do rádio enquanto veículo de comunicação e na descoberta de seu papel
mediador nos trabalhos de televisão.
Cantando a história da música contemporânea maranhense
TÔRRES, Antonia Márcia Sousa (Universidade Federal Fluminense – UFF)
RESUMO: A história da música contemporânea maranhense é fortemente marcada pela influência das
culturas indígena, africana e portuguesa. Suas composições retratam as influências da riqueza rítmica e
histórica da cultura popular da música tradicional. Nosso texto discutirá a história da música popular
produzida no Maranhão na contemporaneidade, tendo iniciada no final da década de 60 com a canção
“Gabriela” de Chico Maranhão, defendida pelo próprio, no III Festival de Música Popular Brasileira da TV
Record, em 1967, há 40 anos, portanto. Ele, que conviveu com Chico Buarque, Renato Teixeira e João do
Vale, quando morou em São Paulo nos anos de 60, onde cursou arquitetura, voltou para São Luis nos anos
70. Nos anos de 70 surgiram outros compositores importantes que viviam no contexto “provinciano”, César
Teixeira, Josias Sobrinho e Sérgio Habibe. Na década seguinte, diversos compositores apareceram para dar
continuidade ao trabalho dos pioneiros da moderna música do Maranhão, entre os quais, César Nascimento,
Gerude, Célia Leite e Zeca Baleiro. Ele e Rita Ribeiro sedimentaram um trabalho de molde cosmopolita, sem
esquecer elementos rítmicos locais, como o bumba-meu-boi, o tambor de crioula, o tambor de mina e o
divino espírito santo.
Estudos sobre o rádio nas academias de Belo Horizonte
Ânge la de M ou ra ( Ce n t r o Univ e rsit á r io de Be lo H or izont e ) ; N a ir Pr a t a ( Ce nt r o Unive r sit á r io de
Be lo H orizont e ) ; Sôn ia Pe ssoa ( Ce nt r o Unive r sit á r io N e w t on Pa iva ) ; W a ldia ne Fia lho ( Fa culda de
Estácio de Sá/MG); Wanir Campelo (Centro Universitário de Belo Horizonte/MG)
Resumo: Nosso artigo visa apresentar um levantamento da produção acadêmica cuja temática é rádio em
Belo Horizonte. Para tal, realizamos pesquisa que reúne Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) de
Comunicação Social - Habilitação Jornalismo, bem como trabalhos finais de curso de especialização com
ênfase em rádio, dissertações de mestrado e teses de doutorado produzidos por estudantes e pesquisadores
na capital mineira. O trabalho contou com pesquisa bibliográfica realizada em bibliotecas de 11 instituições
de ensino superior em Belo Horizonte, com foco no período 2002/2007, além de entrevistas com
coordenadores dos cursos pesquisados. O objetivo é mapear os trabalhos dos estudantes e pesquisadores de
rádio, a freqüência na qual o rádio é abordado por eles e a categoria em que se inserem esses trabalhos:
monografia, produto, livro, dissertação, tese, entre outras.
Zuza Homem de Melo, DJ, produtor, apresentador e operador de áudio. Tudo em um só programa.
Álva r o Bufa r a h Jun ior ( FAAP – Fu nda çã o Ar m a ndo Álv a r e s Pe nt e a do e Ce nt ro Univ e rsit á r io 9
Julho)
Resumo: O mercado de rádio paulista ainda vive um bom momento se comparado aos demais estados
brasileiros. Porém tivemos uma grande perda em criação de novos formatos e na elaboração de novas
linguagens mais adaptadas às novas tecnologias. Mas nem sempre vivemos de cópias rápidas de
programações. Em um momento na década de 70 inovamos com o primeiro DJ apresentador de rádio e
operador de áudio. Zuza Homem de Melo, músico, instrumentista, produtor musical e historiador foi quem
inaugurou um estilo que as rádios FM paulistas iriam utilizar nas décadas seguintes. Anteriormente ele havia
passado pela operação de áudio do Teatro da Record, onde trabalho diretamente com Elis Regina e Jair
Rodrigues no programa “O Fino da Bossa”. As experiências musicais e técnicas de Zuza propiciaram a ele
uma série de características únicas que o levaram a produzir um dos programas mais criativos e diferentes
do rádio paulista. Este é o foco deste trabalho, o resgate desse programa e seus repercussões nas gerações
futuras.
O RADIO CEARENSE E A CHEGADA DA TELEVISÃO: O IMPACTO DA TELINHA SOBRE O MICROFONE
Fabricia de Sousa VIEIRA - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar as décadas de 1950 e 1960, período em que o rádio se viu
diante de um novo e grande desafio: a chegada da televisão. O novo veículo causou deslumbramento e
preocupação pelo fato de se acreditar, na época, que era chegado o fim do rádio. Avalio neste trabalho as
transformações, o declínio e a reestruturação do radio com enfoque na cidade de Fortaleza, localizada no
estado do Ceará. A programação televisiva tomava como referência e modelos os programas radiofônicos,
além de contribuir para migração de artistas, locutores e produtores, dando origem a uma nova ferramenta
de informação e comunicação. Este fato induziu o meio radiofônico a procurar novos meios para sua
reestruturação. Surge a FM, a segmentação de audiência e programas especializados. Este estudo se insere
na pesquisa História e Memória da Radiodifusão Cearense, desenvolvido na Universidade de Fortaleza no
curso de Jornalismo. A metodologia segue a técnica de história oral e de vida, realizada com os radialistas
que fizeram parte da trajetória histórica da radiodifusão no Ceará. Tomamos como base teórica autores
como, Sônia Virginia Moreira, Elizabeth Carvalho, Luiz Ferraretto e Heródoto Barbeiro. A pergunta-chave que
move este estudo é, pois, como se deram as transformações e os desafios enfrentados pelo rádio no período
citado.
Os Primeiros Passos do Rádio
Izabel Souza Furtado e Thiago de Teive e Argolo Vieira (Faculdade Estácio de Sá - Minas Gerais)
Resumo: Este trabalho tem por objetivo a história do rádio no Brasil com o foco voltado para a história do
rádio em Juiz de Fora, Minas Gerais. Em 1922, Epitácio Pessoa (Presidente da República na época), após
dominar a situação política do país, em 5 de julho, anunciava a primeira Exposição do Centenário da
Independência do Brasil para o dia 7 de setembro do mesmo ano, esta contou com dois grandes marcos: o
tão esperado discurso do Sr. Epitácio Pessoa e a primeira transmissão radiofônica no país. A transmissão se
deu através de auto-falantes instalados na exposição, situada em pavilhões entre a Avenida Rio e Branco e a
Praça XV, e de receptores instalados na periferia da cidade do Rio de Janeiro que captavam sinais emitidos
por uma antena transmissora instalada no Corcovado. Em Juiz de Fora, os primeiros passos da rádio, se deu
através de José Cardoso Sobrinho, um apaixonado por rádios, que com recursos próprios montou, com
apenas um autofalante, uma rádio no prédio onde morava. Devido às altas despesas, convidou um grupo de
amigos, e assim fundaram em 1° de janeiro de 1926 a Rádio Sociedade de Juiz de Fora, a décima do Brasil e
a primeira de Minas Gerais.
As pesquisas sobre a história do Rádio paulista.
Antonio Adami (UNIP); Marta Regina Maia (Metrocamp) e Rúbia de Oliveira Vasques
Resumo: Este trabalho tem como objetivo expor o atual estágio da pesquisa sobre a história do Rádio
paulista realizada especialmente nos programas de pós-graduação em comunicação no Estado de São Paulo.
Pretende-se ainda mostrar as produções, relativas a esse tema, do Núcleo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora
da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e da Associação Nacional
dos Programas de Pós Graduação em Comunicação (Compós). Será feita uma análise das principais linhas
de pesquisa desenvolvidas, seguida da apresentação descritiva dos trabalhos desenvolvidos entre 2000 e
2007.
R á d i o B r i s a : Eco s e S o n s d a F a v e l a d a R o ci n h a
R e n a t a N o g u e i r a d a Si l v a ( U n i v e r s i d a d e Est á ci o d e S á – R i o d e Ja n e i r o )
Resumo: O presente artigo analisa a Rádio Brisa localizada na favela da Rocinha no Rio de Janeiro. A Brisa
é uma rádio comunitária criada em 1998 que reproduz em sua programação, o cotidiano dos moradores.
Ao longo da pesquisa, foram analisados símbolos, códigos, linguagens e como todas essas questões
influenciam na comunicação da rádio através da criação , produção e apresentação do programa Música e
Cia com temas ligados à educação, cultura e saúde. Além do trabalho básico - roteiro e produção, foi
estudada a linguagem e as especificidades do próprio veículo, levando em consideração a representatividade
da rádio nas relações que envolvem ouvintes e locutores. O resultado da pesquisa foi apresentado também
em um vídeo de 20 minutos que mostra o funcionamento da rádio através de depoimentos de ouvintes,
moradores, comerciantes e demais pessoas envolvidas.
Gr a m ofone s, t oca - discos, vit r ola s e pick - ups: pist a s pa ra um a hist ór ia cult ur a l dos a rt e fa t os de
reprodução musical
Simone Pereira de Sá (Universidade Federal Fluminense)
Resumo: O trabalho tem por objetivo abordar aspectos da história cultural das tecnologias ligadas à
reprodutibilidade sonora na modernidade, a partir das reconfigurações do toca-discos, tomando-o como um
artefato central da cultura da música popular massiva. Para tanto, propõe-se uma abordagem em três
momentos: o de surgimento das possibilidades de reprodutibilidade musical a partir de gramofones e
fonógrafos; o de consolidação do toca-discos como artefato hegemônico de reprodução da música gravada;
e finalmente o de sua reconfiguração na atualidade a partir da cultura dos DJs (disck jóqueis) da música
eletrônica, articulando cada uma das reconfigurações do artefato tecnológico a novas práticas culturais de
produção, circulação e consumo musical. Buscando evitar uma aproximação determinística e linear do
problema, os principais interlocutores serão Bolter e Grusin – na obra Remediation, que discute a noção de
remediação das mídias e tecnologias; Jonathan Sterne, na obra The Audible Past, que discute o regime de
audição da modernidade; além da abordagem da teoria da materialidade de Gumbrecht e colaboradores.
Cacique Fongue FM: uma emissora comunitária indígena
Vera Lucia Spacil Raddatz (UNIJUI/UFRGS)
Resumo: O estudo propõe o resgate da história da Rádio Cacique Fongue FM, a primeira emissora
comunitária indígena do país, instalada na Reserva Indígena do Guarita, no Rio Grande do Sul, inaugurada
pelo presidente Lula em abril de 2006. A partir da história, o texto permite compreender o impacto que
causa a implantação de uma rádio comunitária em território indígena e o significado que isso adquire para o
desenvolvimento das ações sociais e políticas no quotidiano da comunidade. Por outro lado, a pesquisa
revela as influências que a rádio está causando na manutenção da cultura local e os processos de
comunicação ali desenvolvidos.
RUÍDOS, ASSIMETRIAS E DIÁLOGOS POSSÍVEIS NA TRAJETÓRIA MIDIÁTICA DO POP/ ROCK LUSO- BRASILEIRO
Tiago José Lemos Monteiro (Universidade Federal Fluminense)
Resumo: Este paper, marco inicial da minha futura pesquisa de doutorado junto à Universidade Federal
Fluminense, se propõe a elaborar uma breve trajetória historiográfica comparada dos gêneros populares
massivos vinculados ao universo do pop/rock no Brasil e em Portugal, com vistas ao levantamento de
hipóteses para a ocorrência de um intercâmbio assimétrico entre os dois países na atualidade. A despeito de
Brasil e Portugal possuírem trajetórias bastante semelhantes no que diz respeito ao surgimento e à
consolidação destes gêneros, a produção de bandas veteranas na cena pop/rock lusa, bem como dos novos
nomes que surgiram na década de 90, alcançam uma penetração próxima de zero junto ao mercado
fonográfico brasileiro, sobretudo se comparada ao prestígio de artistas mais vinculados à “tradição musical
portuguesa”, consagrada entre nós, ou mesmo à popularidade desfrutada pela nossa música em Portugal. A
partir dessa cartografia, confronto alguns argumentos que atribuem esta assimetria tanto a uma suposta
dificuldade que nós, brasileiros, teríamos em compreender o português tal e qual falado (e cantado) em
Portugal, quanto à inadequação entre a língua portuguesa e a matriz cultural anglo-americana do pop/rock –
afirmações da esfera do senso comum que meu projeto de pesquisa tem a intenção de problematizar.
A RÁDIO COLMÉIA DE PATO BRANCO NA REVOLTA DOS POSSEIROS DE 1957
PEGORARO, Éve rly . M e st r e ( Unive r sida de Est a dua l do Ce nt r o- Oeste – Un ice nt r o, Gua r a pu a va –
PR)
Resumo: Este artigo apresenta a participação da Rádio Colméia de Pato Branco no levante agrário
conhecido como Revolta dos Posseiros de 1957, que envolveu colonos, posseiros, companhias de terras e o
governo do Paraná na luta pela posse de terra no Sudoeste do Estado. Único veículo de comunicação da
região nessa época, em meio a uma população em sua grande maioria analfabeta, o rádio desempenhava a
função de informador, mediador e conselheiro. Seus radialistas eram tidos em grande consideração pelos
ouvintes. Foi dessa forma que Ivo Thomazoni, radialista da Colméia em Pato Branco, foi gradativamente
assumindo o papel de uma das lideranças do levante. A emissora não apenas fornecia informações sobre as
dificuldades enfrentadas por colonos e posseiros para o público ouvinte, mas também alimentava a imprensa
de Curitiba, pois somente no mês de outubro de 1957 alguns veículos de comunicação enviaram repórteres
para cobrir in loco o conflito. Enquanto a imprensa da capital do Estado, distante do cotidiano de luta,
abordava principalmente o aspecto político do movimento agrário, a imprensa regional tomava parte direta
no confronto, embora sem abandonar os seus próprios interesses partidários.
PÁGI N AS “POLI FÔN I CAS”, SON S GRAVAD OS N A M EM ÓRI A: M EM ÓRI A ESCRI TA E RÁD I O EM
FORTALEZA. (1932- 1944)
Emy Falcão Maia Neto (UFC- CE)
Resumo: Em meio a uma política do descartável, o suporte da memória sonora dos primeiros anos da
radiofonia em Fortaleza foi, em grande parte, perdido. Poucas gravações sobraram, uma vez que muitas
foram feitas em acetato e não resistiram “ao tempo e ao descaso”. No entanto, o “lugar de memória” sonora
não pode ser acessado apenas nos disco e nos cilindros, mas nas lembranças dos sujeitos que vivenciaram
esse período. Assim, buscamos discutir, a partir de alguns memorialistas e cronistas locais, aspectos dessa
memória, que dá lugar de destaque ao rádio e à Ceará Rádio Club (única estação da cidade de 1932 até
1948). Primeiros contatos, vislumbre e desconfiança são alguns dos aspectos que iremos trabalhar nessa
pesquisa, tentando a partir das relações sentimentais que os indivíduos criam com o rádio, como também os
reflexos desse meio/aparelho na vida cotidiana e as disputas pela construção de mitos fundadores, avançar
na pesquisa que busca conhecer o lugar social do rádio em Fortaleza.
SINTONIA FINA: A MEMÓRIA DO RÁDIO A PARTIR DO RELATO DOS OUVINTES SEPTUAGENÁRIOS
João Batista de Abreu Junior (UFF) e Cida Golin (UFRGS)
Resumo: O projeto investiga a relação de proximidade/identidade entre a condição da velhice e a escuta de
rádio, saber por que o rádio é visto como companheiro de todos os dias. Um dos desafios da pesquisa é
mostrar que o fato de trabalhar com pessoas acima de 65 anos não significa partir da premissa de que o
rádio está condenado ao esquecimento. Ao contrário, conhecer estes mecanismos de identidade ajuda a
reconhecer as articulações culturais desta “comunidade etária”, entender semelhanças e conflitos, sejam de
classe, credo ou comportamento. A solidão não é um sentimento monopolizado pelo idoso, mas muitas
vezes uma premissa da sociedade para com o idoso.
A abordagem apresenta como tema central o resgate da memória radiofônica a partir do relato de ouvintes
septuagenários, cuja existência coincide com o percurso histórico e as transformações tecnológicas e
culturais do rádio no País. Pretende-se realizar um estudo científico sistemático que contemple a relação
estabelecida entre o rádio e o idoso, justamente um público fiel, em expansão, exigindo tratamento
segmentado por parte das emissoras. Acredita-se que, ao fazer da escuta de rádio um hábito condutor de
sua rotina, o idoso elabora uma memória sobre o veículo e fornece fragmentos para uma história das
práticas de escuta radiofônica ao evocar diversos modos de audição, atitudes e pragmáticas, algumas já
extintas.
Vácuo Comunicativo: o fechamento da Rádio Fronteira do Sul em São Borja/RS
PEREIRA, Cárlida Emerim Jacinto; RIBEIRO, Mara Regina Rodrigues e RODRIGUES, Cezar Augusto
Gonçalves (Universidade Federal do Pampa – Unipampa – RS)
Resumo: O estabelecimento de um regime autoritário no Brasil, a partir de 1964, criou um processo de
instabilidade que atinge não só a política, mas também a estrutura social e cultural do país. O uso arbitrário
da violência e o desrespeito aos direitos civis e políticos da população repercutem em todas as áreas,
influenciando debates e transformando atitudes. Uma das características da ditadura no Brasil, nas décadas
de 60 e 70, foi a interrupção das atividades de diversas emissoras de rádio, principalmente, aquelas que
eram consideradas contrárias ao regime. O presente trabalho analisa os últimos dez anos de funcionamento
da Rádio Fronteira do Sul AM, de São Borja, emissora que teve suas transmissões interrompidas pelo regime
em 1975, deixando como conseqüência uma comunidade sem veículo de comunicação radiofônica. Para
resgatar a história da emissora e as implicações geradas pelo vácuo comunicativo, que perdurou de 1975 a
1977, utilizou-se como método investigativo a história oral, que propicia a valorização e preservação da
memória, campo efêmero, que, porém guarda questões importantes e complexas para a compreensão de
acontecimentos que marcaram a comunidade são-borjense na década de 70.
SONORIZAÇÃO E TV MARÉ MANSA. UMA FREQÜÊNCIA ALTERNATIVA
CAVALCANTI, Anabel Silveira (Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC – Ilhéus – Bahia)
RESUMO: O presente trabalho pretende fazer um registro do funcionamento da rádio-poste denominada
Sonorização e TV Maré Mansa (SMM), situando-a no contexto da história da Mídia no Brasil. Localizada no
terminal de ônibus urbano da cidade de Ilhéus – Bahia trata-se de uma experiência ou modelo ímpar, que
não se adequa a qualquer conceituação de meio de comunicação uma vez que utiliza mídia sonora e vídeo,
ainda que de maneira precária. Para o presente estudo, foi utilizada a metodologia da História Oral, com
aplicação de entrevistas semi-estruturadas; visitas ao ambiente onde funciona a SMM, e gravações de
arquivos de áudio e vídeo. Os resultados mostram que a SMM foge completamente ao que se poderia querer
identificá-la com o papel de uma emissora comunitária, já que não tem a voz da comunidade em que está
inserida, não abre oportunidade para participação de outros membros da comunidade e nem se integra a
ela, agindo apenas como emissor, sem se preocupar se há efetiva recepção da sua mensagem e como ela se
dá. É uma emissora que se afasta do papel social que qualquer veículo de comunicação de massa deveria
exercer na sociedade.
Projeto Aler Nordeste: uma alternativa de rádio participativa
MEDEIROS, Hélcio Pacheco de. (Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC – BAHIA)
Resumo: Este artigo tem por objetivo situar, no cenário mais amplo da história da mídia sonora no Brasil, a
experiência de rádio participativa com emissoras católicas POR MEIO do Projeto Aler Nordeste. Desenvolvido
no período de 1987 a 1992, uma equipe de capacitadores formada pela Associação Latino-Americana de
Educação Radiofônica (Quito - Equador) buscou impulsionar um novo estilo de fazer rádio nos estados do
Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia, investindo na alternativa de uma
programação participativa. O processo foi construído a partir da prática-teoria-prática, modificações
progressivas na programação das emissoras e reuniões com os bispos e diretores das rádios católicas para
garantir o desenvolvimento do Projeto. A chave dessa sintonia estava focada na relação entre uma ação
educativa que proporcionasse alguma mudança de mentalidade dos profissionais do rádio e no poder de
decisão de seus dirigentes. Algumas emissoras mudaram a forma de fazer rádio. Outras tiveram dificuldades
porque exigiam abertura para o novo.
MEMÓRIA DO RÁDIO: Manchester FM, o espectro mudou.
Gil Horta Rodrigues Couto (UERJ e Faculdade do Sudoeste Mineiro – FACSUM)
Resumo: O objetivo desse artigo é, a partir de um recorte em nosso TCC Hist oria Oral de rádio: da
Manchest er a Panoram a, o FM em Juiz de Fora, apresentar a trajetória da primeira rádio FM da cidade de
Juiz de Fora/ Minas Gerais. Em março de 1981 entrava no ar a rádio Manchester FM na frequência de 100, 1
MHz. Essa poderia ser mais uma das emissoras em FM que começavam a despontar no cenário radiofônico
brasileiro a partir das modificações do veículo FM que, num geral, inovou com locutores, músicas,
programação. Entretanto, a rádio Manchester FM (re)configurou novo cenário radiofônico em Juiz de Fora.
Nesse sentido, alguns detalhes se mostram significativos na trajetória dessa emissora, começando pelo seu
idealizador Glauco Fassheber e o que levou o locutor oficial da Presidência da República, radialista de
renome nacional a colocar no ar uma emissora de FM no interior de Minas Gerais? Perpassando
posteriormente a venda da emissora, de forma peculiar, para o grupo Regional da cidade de Três Rios
criadora de uma rede de rádios entre os Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Esse artigo baseou-se
metodologicamente na história oral onde, através de entrevistas com idealizadores, diretores, produtores,
discotecários, locutores, apresenta a caminhada da rádio Manchester FM que abriu um nicho de mercado na
comunicação do rádio em Juiz de Fora.
M ídia sonor a n a const r uçã o da ide nt ida de n a ciona l br a sile ira : o ca so da obr a m usica l de Ca r m e n
Miranda nos anos 1930.
Alessander Kerber (Centro Universitário FEEVALE)
Resumo: No presente trabalho, proponho uma análise das representações sobre a identidade nacional
brasileira presentes nas canções gravadas por Carmen Miranda na década de 1930. Parto da hipótese de
que estas gravações são relevantes para compreender o imaginário social brasileiro no período mencionado
dado ter sido, esta cantora, a mais famosa do Brasil na época, a maior vendedora de discos e por ter
apresentado uma versão acerca da identidade nacional que dialogou com as existentes naquele tempo, no
espaço de lutas de representações.
GT 6 – MÍDIA VISUAL
Coordenação Geral: Robson Bastos (UNISANTA)
O campo do fotojornalismo nos anos 70 e 80 na construção do olhar do repórterfotográfico Natanael Guedes sobre o Nordeste brasileiro
CARAVELAS, Lucia na ( Unive r sida de Sa lga do de Olive ira – ca m pus Re cife , Pe r na m buco e
Faculdades Integradas Barros Melo)
Resumo: O artigo é fruto de algumas conclusões da tese de doutoramento intitulada A imagem do Nordeste
brasileiro no contexto dos anos 70 e 80. Ele trata da linguagem fotográfica e seus significados sociais,
culturais e históricos sobre o Nordeste brasileiro, a partir da leitura de 70 imagens registradas pelo repórterfotográfico Natanael Guedes nas reportagens publicadas sobre a região no Jornal do Brasil. Aborda o campo
do fotojornalismo no período da ditadura militar e da transição democrática. Analisa a fotografia como
indício da realidade, representação social, buscando mostrar como a identidade regional, a visão de mundo e
o estilo pessoal do fotógrafo interferem no registro fotográfico, nas imagens que são impressas, driblando os
interesses da indústria cultural. O resultado é a imagem de um Nordeste híbrido, exótico, com problemas
sociais, mas rico em cultura, cheio de gente importante, de belas praias com coqueiros e jangadas.
Mídia, Medicina & Fantasmagoria
Simone do Vale (ECO- UFRJ)
Resumo: A despeito da sua especificidade, e da aparente falta de autonomia em relação aos aparatos
midiáticos convencionais, as tecnologias de diagnóstico visual como os raios-X, a endoscopia, a ultrasonografia e os aparelhos de ressonância magnética podem ser consideradas mídias capazes de exercer um
impacto cultural determinante sobre as formas de olhar e perceber o mundo. Essas tecnologias visuais não
são meros desdobramentos da fotografia, do cinema e do vídeo, pois basta lembrarmos que os
experimentos pioneiros com as imagens em movimento se devem aos estudos fisiológicos de Marey, e que
Auguste Lumiére era médico e, em suas pesquisas, utilizou largamente as câmeras que produzia no seu
laboratório em Lyon, entre outras coincidências. Por conseguinte, tais tecnologias não operaram
transformações relevantes restritas apenas ao âmbito científico, pois além de serem apropriadas pelos
diferentes meios - como o filme Viagem Fant ást ica (1966), que lança mão da linguagem da endoscopia cada uma destas tecnologias visuais, assim como a fotografia, o cinema, o vídeo e as tecnologias digitais, de
formas específicas aos seus respectivos contextos históricos, alterou drasticamente as maneiras como os
sujeitos percebem os próprios corpos, atrelados desde o final do século XIX a uma identidade
fantasmagórica que lhes é conferida pela fotografia (como utilizada pela tipologia criminal) e, pouco depois,
pelo duplo nas chapas de raios-X. Este artigo, portanto, propõe uma breve contextualização histórica das
principais tecnologias visuais médicas, buscando explorar e definir o seu caráter midiático, e não raro
espetacular, considerando, principalmente, as inscrições culturais que promovem.
O Estado Totalitário em “V de Vingança”
MENDES, Ivanilson de Melo (UFF)
Resumo: O presente trabalho pretende investigar aspectos que definem um modelo de Estado Totalitário na
história em quadrinhos “V de Vingança” do inglês Alan Moore, publicada no Brasil no ano de 1989 em cinco
edições pela editora Globo. O argumento de “V de Vingança” toma como referências o Fascismo, o Nazismo
e o Estalinismo após a Segunda Guerra Mundial, quando efetivamente o fenômeno do totalitarismo começa
a ser estudado, tendo sido caracterizado nos quadrinhos por um modelo de governo que possui: “olhos,
ouvidos, nariz e boca” materializados em aparelhos de coerção do Estado. O uso da HQ se justifica uma vez
que em seu universo percebemos elementos que ajudam na (re)construção de um determinado discurso,
analisando de que forma é entendido o mundo e seu contexto histórico pelos autores e leitores desta
linguagem.
A mídia fotografia como estratégia de publicização da Companhia de Terras Norte do Paraná
Paulo César Boni; Larissa Aymi Sato (Universidade Estadual de Londrina)
Resumo: Este artigo trata do uso da fotografia como estratégia de publicização da Companhia de Terras
Norte do Paraná para a venda de lotes e colonização da região. O uso da fotografia sempre esteve atrelado a
interesses. Nesse estudo, será focado o da CTNP em divulgar, em outros estados e países, seu ambicioso
projeto de colonização, nas décadas de 1930 e 1940. Nesse período, sem emissoras de rádio na região, a
colonizadora espalhou agenciadores de terras por outros estados, especialmente São Paulo, Minas Gerais e
Bahia, com precários escritos publicitários que ressaltavam a fertilidade das terras vermelhas e destacava
que a região estava livre das “sahúvas” que, à época, eram consideradas a maior praga do Brasil. Contudo,
para atestar a veracidade dos escritos, muniu seus agenciadores com álbuns fotográficos. Para a elaboração
deste trabalho, foram utilizados referenciais teóricos sobre uso e funções da fotografia e sobre a história da
região. Foram reunidas e analisadas fotografias utilizadas para as estratégias de publicização. Apurou-se
que, assim como São Paulo e Rio de Janeiro se utilizaram da fotografia para propagar as emergentes
cidades “moderna” e “maravilhosa”, a CTNP também a utilizou para propagar a fertilidade de suas terras,
atrair compradores e colonizar o Norte do Paraná.
A cont r ibuiçã o dos film e s de M a zz a r opi na const r uçã o da ide nt ida de im a gé t ica do ca ipir a do Va le
do Paraíba Paulista.
Robson Ba st os da Silva ( Univ e r sida de de Ta uba t é - UN I TAU/ Univ e rsida de Sa nt a Ce cília –
UNISANTA) e Viviane Fushimi (Universidade de Taubaté – UNITAU/Faculdades Integradas Teresa
D’Ávila – FATEA)
Resumo: Este estudo integra a produção do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Comunicação - NUPEC – da
Universidade de Taubaté, que visa a conhecer e compreender a região do Vale do Paraíba Paulista. Por meio
da análise da fotografia dos filmes Jeca Tatu e Meu Japão Brasileiro, de Amacio Mazzaropi, produzidos nos
anos de 1959 e 1964 respectivamente, pretende-se identificar os traços culturais representados nas
imagens selecionadas ligadas a dois momentos históricos importantes para o país. No primeiro, Juscelino
Kubtischek e sua política desenvolvimentista e a grande penúria das periferias dos grandes centros e da
zuna rural. No outro, Marechal Castelo Branco no poder, início do regime militar, e as primeiras iniciativas de
reforma agrária. A fotografia dos filmes revela um conteúdo documental significativo que contribui para a
construção da identidade imagética do caipira valeparaibano e sua relação com seu tempo histórico.
Samurais da feira livre: a história dos feirantes de Rolândia através da fotografia
Paulo César Boni e Cássia Maria Popolin (Universidade Estadual de Londrina)
Resumo:Este artigo trata da fotografia como representação e documento histórico e social. A imagem retida
pela fotografia fornece o testemunho visual e material dos fatos aos espectadores ausentes à cena. Assim,
resgata nos feirantes japoneses da cidade de Rolândia, traços dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil,
sua trajetória, a cultura e a memória de seus descendentes. Aliando a técnica ao olhar fotográfico, “escreve”
uma história visual, trazendo o registro cultural às presentes e futuras gerações, para que possam utilizá-la
como vertente e apoio para novas pesquisas da cultura japonesa, num constante vaguear entre o passado e
o presente. Como pontuou Vilém Flusser em seu livro Filosofia da Caixa Preta: “o antes se torna depois e o
depois se torna antes”. Para a elaboração deste trabalho, foram utilizados referenciais teóricos sobre uso e
funções da fotografia e sobre a história da imigração japonesa no Paraná.
Resistência à Caipira na filmografia de Mazzaropi
Fabio Ricci (UNITAU, Taubaté- SP) e Monica Franchi Carniello (UNITAU, Taubaté- SP)
Resumo: O objeto de estudo é a expressão da resistência à dominação de classe por parte das classes
populares. Tem como referência o conceito de cultura. O objetivo é mostrar um modelo de resistência de
não enfrentamento, diferenciando-se do modelo padrão de resistência pelo enfrentamento. Pesquisa
exploratória e descritiva, com base bibliográfica e documental. Evidencia esta resistência utilizando filmes de
Mazzaropi. Conclui que a resistência do não enfrentamento aparece nos filmes de Mazzaropi, que, embora
fora do modelo de enfrentamento, propugnado pela cultura erudita, expressa uma noção de não querer a
dominação. Por estar fora dos padrões acadêmicos de expressão, foi minimizada e desvalorizada.
Pioneiros do Fotojornalismo: A trajetória de Alceu Feijó
BRAGANÇA, Maria Alice e HADLICH, Donaldo (Centro Universitário FEEVALE, NH)
Resumo: Este artigo busca resgatar informações sobre os primórdios do fotojornalismo brasileiro, ainda
carente de publicações exaustivas, a partir do depoimento de Alceu Feijó, o repórter-fotográfico há mais
tempo em atividade no Rio Grande do Sul. Em mais de meio século de dedicação ao fotojornalismo,
trabalhou para o Jornal do Brasil, Correio do Povo, Folha da Tarde, Diário de Notícias, O Cruzeiro, Revista do
Globo e no Jornal NH, onde, atualmente, é diretor do Departamento de Fotografia. O método adotado é
biográfico, conforme Maria Cristina Gobbi (2005), a partir de entrevistas em profundidade, com apoio em
documentação. Como fundamentação teórica, apóia-se em Benjamin (1996), Sousa (2000; 2004) e Hadlich
(2006). Em 12 de junho de 2007, foi inaugurada a Galeria Alceu Feijó, no Centro Universitário Feevale, em
Novo Hamburgo, com a exposição “Fotojornalismo e memória: 57 anos de carreira”, dedicada a ele, com 40
fotos, como forma de preservar e divulgar o acervo de um pioneiros do fotojornalismo brasileiro. Organizada
por Donaldo Hadlich, a exposição, transformada em mostra itinerante, já foi apresentada também no Espaço
Cultural do Grupo Sinos, devendo circular ainda em outros lugares.
Fotografia, do analógico ao digital: hibridizações entre real e virtual
Alba Lívia Tallon BOZI (Faculdade Pinheiro Guimarães)
Resumo: A automatização das técnicas de criação e reprodução de imagens foi uma busca incessante ao
longo da história. A reprodução artesanal feita pelos pintores foi aperfeiçoada pela reprodução automática
promovida pelos fotógrafos, por meio das câmaras escuras, ainda no século XIX, que tirava da reprodução
da imagem qualquer interferência manual. Nesse momento, as técnicas permitiam a representação do
mundo tridimensional em imagens bidimensionais, totalmente correspondentes ao objeto real fotografado. O
advento das tecnologias numéricas, já no século XX, subverteu essa equilavência, pois ao pixel não
corresponde nenhum ponto de um objeto real. Assim, a representação obtida com os meios analógicos dá
lugar a uma simulação, pois a fotografia digital reconstrói numericamente o real, inaugurando o que Edmond
Couchot denominou como uma nova ordem visual. As imagens obtidas pelas tecnologias numéricas podem
facilmente ser modificadas, estão totalmente abertas a intervenções e recriações. Este artigo pretende
refletir, a partir do texto de Edmond Couchot, o percurso das transformações das técnicas figurativas e as
conseqüências da hibridização que essas mudanças promoveram entre o real e o virtual, no que tange a
percepção de mundo real por meio de simulações de real que podem contar com elementos de não
realidade.
O “Tapete Vermelho” e Mazzaropi retratando a imagem da cultura regional
MAIA, Edilene e SANTOS, Moacir (UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ – Unitau. SP)
Resumo: A obra cinematográfica desenvolvida por Amacio Mazzaropi contribui para a consolidação e
recuperação da memória da imagem do caipira no Vale do Paraíba.. Os traços estereotipados apresentados
nos filmes exageram o estranhamento cultural entre o homem do campo e o universo urbano. A fotografia
no filme constitue o registro da agressiva urbanização brasileira, com conseqüências profundas na memória
social. A cidade é apresentada como voraz, os habitantes não se importam em levar vantagem sobre a
suposta incapacidade do caipira em compreender as relações urbanas. O caipira, símbolo da simplicidade e
bondade do homem do campo é apresentado, simultaneamente, como ingênuo, ludibriável, e como
engenhoso, capaz de simular a própria ingenuidade, mas leva vantagem no desfecho das situações em que
está envolvido. No filme Tapete Vermelho essa caracterização do caipira é recuperada, constituindo
metalinguagem que ilumina os traços principais do trabalho de Mazzaropi. O enredo aponta os principais
conflitos que o público dos seus filmes enfrenta, como o fechamento das salas de cinema, transformadas em
templos religiosos e os restantes, concentrados em locais de intenso consumo, shopping centers, não
exibirem produções sobre o homem do campo.
TV Cor oa dos: r e sga t e hist órico e visua l dos 4 5 a nos da pr im e ira e m issor a de t e le visã o do int e rior
do Brasil rumo à digitalização
BON I , Fe rna nda Aie x ( Un ive r sida de Est a dua l de Londr ina ) e
PI VETA, Pa t rícia Rosa n a
( Universidade Estadual de Londrina)
Resumo: Este artigo trata da importância da fotografia e da história oral no processo de resgate histórico
da RPC - TV Coroados, afiliada da Rede Globo. Inaugurada em 1963, em Londrina, a emissora é considerada
a primeira do interior do país em atividade. Até meados dos anos 80, dificuldades técnicas e a pouca
importância dada à preservação da história da empresa fizeram com que boa parte do acervo se perdesse.
Para recuperar esses anos de “história” adotou-se as metodologias de história oral (coleta de depoimentos
com os funcionários mais antigos e ex-funcionários), o resgate iconográfico (coleta de fotografias de época)
e de imagens de vídeos ainda preservados. Para contextualizar a emissora e sua importância, adotamos
referenciais históricos sobre a TV no Brasil, a história de Londrina, a história oral e a fotografia como fonte
de recuperação histórica. Apurou-se que a história oral é uma técnica que deve ser mais intensamente
explorada também para o resgate histórico de cidades, empresas e organizações e ainda que os acervos
fotográficos em mãos de particulares trazem ao conhecimento público riquezas nunca reveladas pela
historiografia oficial. O resgate da memória da TV Coroados neste momento de transição para a tecnologia
digital ajuda a explicar porque a primeira emissora do interior do país continua em atividade.
O Quebra- Quebra de 1942 em sua trama fotográfica.
Carlos Renato Araújo FREIRE (UECE – CE)
Resumo: Em meio à algazarra na Praça do Ferreira, onde se avolumava uma pequena multidão em frente à
coluna da hora, ouve-se o grito "Estão quebrando a padaria do Espanhol!". Assim no dia 18 de agosto de
1942 teria começado, na capital Fortalezense, o chamado Quebra-Quebra. Seria, então, o clímax de uma
série de movimentações em reação ao afundamento de seis navios brasileiros por submarinos alemães em
plena Segunda Guerra Mundial. Em tempos de Ditadura do Estado Novo Varguista, os jornais da época
evitaram falar sobre o ocorrido, porém, uma testemunha registrou o evento em lances fotográficos.
Privilegiando essas fontes iconográficas, de autoria do Sr. Thomaz Pompeu Gomes de Matos, temos como
objetivo fazer um convite ao seu protocolo de leitura do Quebra-Quebra de 1942.
Cultura regional e cultura do spoof: a presença de Mazzaropi em vídeos veiculados na Internet
M onica Fr a nchi Ca r nie llo ( Unive r sida de de Ta uba t é / Pr ogr a m a de M e st ra do e m Ge st ã o e
Desenvolvimento Regional) e Francisco de Assis (UMESP)
Resumo: A Internet, ao potencializar a produção e distribuição de mensagens em um sistema de
comunicação em rede, viabilizou uma explosão criativa pautada nos princípios da refação, da repetição e da
citação, gerando novos espaços de visibilidade para manifestações de indivíduos e grupos. A partir de
referências culturais pré-existentes, são elaboradas e reelaboradas mensagens hipermidiáticas, o que gera a
chamada cultura do spoof, caracterizada pelo desdobramento de um tema por meio de paródias e releituras,
gerando uma infinidade de novas mensagens. O objetivo desse artigo foi verificar as produções de vídeo
veiculadas na Internet que possuem como referência a obra de Mazzaropi, cineasta taubateano que se
destacou por sua produção cinematográfica. O método dessa pesquisa descritiva e documental consistiu em
analisar e categorizar, quanto ao conteúdo, os vídeos veiculados no site Youtube, selecionado como corpus,
listados a partir da palavra-chave Mazzaropi. Dentre os 145 vídeos encontrados, foi possível verificar a
existência de três categorias de vídeos: trechos de filmes selecionados das produções originais de
Mazzaropi, com função primeira de documentação da obra; paródias e releituras da obra de Mazzaropi, com
função primeira ficcional; e vídeos de registro de eventos com função institucional e/ou publicitária. Verificase que o fenômeno da cultura spoof abrange referências regionais e as relê em sim sistema midiático de
alcance global, em novos espaços de manifestação cultural.
Na parede da memória: representações midiáticas da história de Taubaté- SP
Elia ne Fre ir e de Olive ir a ( Unive r sida de de Sã o Pa ulo/ Unive r sida de de Ta uba t é ) e Fra ncisco de
Assis (Universidade Metodista de São Paulo/ Universidade de Taubaté)
Resumo: O trabalho refaz alguns aspectos da história do município de Taubaté – localizado no Vale do
Paraíba, interior de São Paulo –, por meio do acervo de mídia visual (fotografia) digitalizado pelo Museu da
Imagem e do Som de Taubaté (Mistau). Parte-se da idéia de Kossoy (1989), que compreende as imagens
como documentos da história, para a elaboração de uma leitura a respeito das características da cidade
paulista. A metodologia se ancora em pesquisa qualitativa de imagens, que dá margem à interpretação dos
signos que compõem as cenas registradas em 1329 fotos analisadas e distribuídas em categorias. À guisa de
conclusão, pode-se dizer que o acervo digitalizado do Mistau reflete aspectos singulares do município, com
ênfase para aqueles que identificam sua característica tradicionalista, como as igrejas, os clubes e as
famílias, e que reforçam sua identidade interiorana, por meio do artesanato e das manifestações folclóricas.
En t re a e m a ncipa çã o e a de pe ndê ncia : a s m u lhe r e s na re vist a O Cr uze ir o a t ra v é s da s
fotorreportagens
Leandra Francischett (PPGH- UFF)
Resumo: Este artigo traz a análise das fotorreportagens sobre mulheres, nas edições semanais da revista O
Cruzeiro, referentes aos meses de março e maio de 1956-1960. Partiu-se da heurística, que consiste no
levantamento, seleção e apreciação das fontes. As análises da figura feminina revelam grande ambigüidade,
com deslocamentos dos papéis femininos e masculinos. O primeiro grupo de matérias demonstra a
ingenuidade feminina, certa submissão e o ideal de beleza enfatizados pelos concursos de Miss. Por outro
lado, um segundo grupo mostra algumas mudanças em curso, apresentando uma mulher mais ousada e de
certa forma independente. A cultura de massas revela a ambivalência da imagem feminina da cultura
ocidental, acrescida pelas exigências de emancipação: a hegemonia da figura feminina na publicidade, nas
capas das revistas e nos cartazes, remete para a coincidência entre a mulher como potencial sujeito e a
mulher como possível objeto. Desta forma, enquanto um grupo de matérias enfatiza o tripé mãe-esposadona de casa, outro destaca algumas mudanças em curso, apresentando uma mulher mais liberal e sensual.
FRAGM EN TOS D E M EM ÓRI A - O CARTÃO- POSTAL: A FEBRE E O FASCI N I O N O I N I CI O D O SÉCULO
XX
SOTILO, Caroline Paschoal (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
Resumo: Este artigo propõe refletir sobre um tipo de comunicação muito utilizado no início do século XX: o
cartão-postal. Um suporte no qual a imagem foi trabalhada nas suas mais diversas formas, sendo uma
delas, pouco conhecida nos dias de hoje, o “fotojornalismo” e o cinema. Isto é, o cartão enquanto
“divulgador de noticias”, com imagens de guerras, postais, enchentes, reportagens e do outro, o cinema,
nas representações, sobretudo, amorosas, com encenações, movimento, captando a magia dos primeiros
anos do século XX. Tais representações vão para além do papel narcisistico do postal, demonstrando a sua
diversidade informacional, bem como a sua contribuição para o imaginário da época, tornando-se assim uma
rica fonte de pesquisa e de memória/cultura.
“Nas águas pretas do Sacopã”: o impacto da fotografia na produção da notícia.
Elizabeth Castelano Gama (UFF)
Resumo: O trabalho propõe-se a levantar questões sobre a discussão do impacto da fotografia na
construção da notícia e na transformação do acontecimento em fato histórico a partir do investimento da
mídia em determinada notícia. Para essa discussão conceitos de objetividade e subjetividade serão
avaliados, tanto do veículo de informação (a Revista O Cruzeiro) quanto do fotojornalista no papel de
mediador. O acontecimento selecionado é o famoso Crime do Sacopã, ocorrido em 1959 no Rio de Janeiro,
acontecimento de grande repercussão e investimento de cobertura da Revista O Cruzeiro, cobertura essa
bastante questionada. Será analisado o conjunto formado pelas fotografias e textos jornalísticos que vão da
época do crime até o julgamento. Como complementação, faremos uso de um depoimento do irmão da
vítima do Crime do Sacopã para o site Observatório da Imprensa 50 anos depois, tratando exatamente
sobre a cobertura jornalística do crime em dois momentos históricos diferentes.
Modernização e fotografia na imprensa carioca – a primeira metade do século XX
LOUZADA, Silvana (UFF)
Resumo: O processo que cria as condições para o desenvolvimento de uma imprensa de massa no Brasil se
consolida na primeira metade do século XX com a formação dos jornais-empresas, a modernização do estilo
no texto e na paginação dos veículos. Há um forte investimento tecnicista para modernizar o país e a
fotografia, como imagem técnica por excelência, passa a figurar a aceleração da passagem do tempo que se
acentua a partir da década de 1890. No início do século está sendo construído um novo olhar tecnológico,
mediado pelo aparelho fotográfico e difundido nas páginas dos jornais e revistas ilustradas que proliferam na
capital. A imprensa utiliza a fotografia e uma série de artefatos tecnológicos para adquirir o estatuto da
modernidade e ampliar o número de leitores, mudando os modos de produção e o discurso com que se autoreferencia e passando a ser cada vez mais o ícone da modernidade. As tecnologias capazes de fornecer uma
dimensão à concepção temporal e espacial são decisivas na conformação do novo mundo simbólico que
emerge desde a passagem de século. O mundo se torna próximo e visível, a percepção do “outro” muda
gradativamente e a temporalidade ganha nova dimensão. Este artigo traça um panorama da utilização da
fotografia nos principais periódicos editados na capital do Brasil na primeira metade do século XX buscando
na fotografia os reflexos do processo modernizante por que passa e almeja a sociedade brasileira.
Representações visuais da juventude em instantâneos fotográficos
Tiago Marques Cavalcante da FONTOURA (UFC)
Resumo: O presente artigo pretende articular uma discussão envolvendo as representações de juventude
em instantâneos fotográficos contemporâneos. Apóia-se em questões discutidas no campo de estudos da
Cultura Visual, para realizar uma busca por “ j ovens im agens” cujo frescor e energia são constantes capazes
de questionar a noção de temporalidade, haja vista que a produção de sentidos contidos nessas imagens
costuma ser deslocada para outros contextos e épocas. Ou seja, conforme os indivíduos crescem sendo
fotografados (registros do nascimento, comemorações de aniversários, eventos da escola), certas imagens
somente receberão significados ou serão “descobertas” pela figura ali representada em um tempo posterior
ao de sua feitura. O corpus de análise dessa pesquisa reúne fotografias de crianças e adolescentes de uma
mesma família do Ceará, produzidas desde os anos de 1960 até a atualidade, período que engloba a
popularização das câmeras fotográficas analógicas (década de 60) e a posterior substituição destas pelo
suporte da imagem digital (últimos dez anos). O estudo visa, portanto, encontrar diferenças e aproximações
entre estes dois processos, buscando compreender a leitura e o entendimento imagético a partir de tais
mudanças.
A Se gu nda Gue r r a M undia l na Lingua ge m dos Qua drin hos. Ca pit ã o Am é r ica : “A Se nt in e la da
Libe r da de ” ou “O D e fe nsor da Am é r ica pa r a os Am e r ica n os”? ( Unive r sida de Fe de r a l Rur a l do Rio
de Janeiro)
Aline Martins dos Santos.
Resumo: Na história da Cultura Visual, existem motivos e intenções para que se fabriquem produtos para
entretenimento. Histórias em quadrinhos são adquiridas principalmente para divertir e entreter e por trás
disso está o poder do mercado. Através de seus personagens, as histórias em quadrinhos retratam situações
vividas ou revelam anseios e desejos com os quais os leitores se identificam, de modo que essas histórias e
personagens refletem valores, crenças e ideologias de seus autores, editoras ou grupos. Como objetos
artísticos, as imagens da Cultura Visual também possuem funções e significados implícitos elaborados pela
própria sociedade que a produziu.
Diante disso, acreditamos que os quadrinhos e especialmente o personagem que desejamos trabalhar, o
Capitão América – por ser um personagem que carrega o estigma de ser norte-americano e um dos mais
acusados de divulgar uma “propaganda ideológica” -, seriam mais uma fonte para nos ajudar a entender
como se pensava (autores, editores) a Segunda Guerra Mundial naquela época.
A fotografia de imprensa – o desenvolvimento do moderno fotojornalismo
Jorge Carlos Felz (Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora – FESJF)
Resumo: A imagem técnica, a imagem produzida por aparelhos, foi objeto de uma busca incessante desde
as primeiras observações astronômicas com o uso de câmaras obscuras por volta de 1450. Essa busca pela
fixação da imagem se materializa, em 1839, no anúncio do processo de daguerreotipia, fruto da pesquisa de
Niépce e Daguerre. A fotografia vai, então, se caracterizar como um experimento da ciência / técnica e da
arte. Por razões tecnológicas, a introdução da fotografia na imprensa só ocorrerá a partir de 1880 e
constituiu-se em um momento importante para a forma de se ver o mundo. Se até então, o cidadão comum
apenas podia visualizar fenômenos que ocorriam perto dele, com a utilização de imagens fotográficas pela
imprensa, o mundo tornou-se próximo, pequeno aos olhos da massa. Este trabalho procura analisar como,
nas primeiras décadas do século XX, a fotografia substitui gradativamente as ilustrações nas revistas e
jornais e lança as bases do moderno fotojornalismo ocidental. Para além de uma mera descrição histórica
deste processo, procura-se aqui refletir como se o processo se construiu e se constituiu.
Cultura fotográfica: rupturas e continuidades históricas entre o analógico e o digital
Antônio R. de Oliveira Jr. (Universidade Federal Fluminense)
Resumo: O texto analisa a história recente da cultura fotográfica, que se mostra, em variados aspectos,
tecnologicamente revolucionária e transformadora. Argumenta que é possível ir contra esta posição,
sugerindo que a cultura visual da sociedade ocidental há séculos caminha em uma tradição racionalista da
visão que influenciou, progressivamente, a maneira pela qual, pensamos e produzimos imagem e realidade.
Defende a proposta de que sob a novidade tecnológica da imagem digital, fixa ou em movimento, está em
jogo importantes continuidades culturais.
Uma breve introdução à história das história em quadrinhos no Brasil
Ivan Lima Gomes (UFRJ)
Resumo: As histórias em quadrinhos nacionais, passados mais de cem anos desde os primeiros trabalhos
publicados, já têm muita coisa a dizer para a História. Por isso, o objetivo deste artigo é estabelecer um
quadro preliminar com alguns momentos relevantes desta mídia no Brasil, tais como: a forte inserção junto
a acontecimentos relevantes de cada época; a relação com os quadrinhos estrangeiros; e os limites e as
possibilidades da mídia quadrinhizada no Brasil. Proposta sem dúvida bastante extensa, e por isso opto pelo
seguinte recorte: dos trabalhos pioneiros de Angelo Agostini, ainda no século XIX, até o fim da publicação da
revista Pererê, de Ziraldo, em 1964. Esta publicação, a primeira revista em quadrinhos de um único autor
nacional, tem seu último número lançado em abril de 1964, momento paradigmático também para o
quadrinhos e artistas em geral. Com isso, destaco alguns temas que serão abordados: a revista infantojuvenil Tico- Tico; a presença maciça de super-heróis norte-americanos em um contexto de Segunda Guerra
Mundial e combate ao comunismo; e o preconceito moralista às HQ’s, julgadas como destruidoras de lares e
de mentes infantis.
Eleição Presidencial 2006: Análise discursiva dos jornais impressos: O Globo e Folha de S. Paulo.
CARVALHO, Erika Pettermann da Silva (Universidade de Taubaté, Taubaté SP)
Resumo: Este trabalho propõe-se a apresentar uma análise discursiva dos jornais O Globo e Folha de São
Paulo, durante a eleição presidencial de 2006, para verificar, a partir das imagens e dos aspectos verbais,
como esses meios de comunicação construíram o seu jogo discursivo nesse período. Para isso, foram
analisadas 50 capas do O Globo e 80 da Folha de S. Paulo, de agosto a outubro. Porém, foram separadas 10
edições de cada impresso de forma aleatória devido à quantidade excessiva dos periódicos. A escolha desses
jornais ocorreu pelo fato de serem considerados os mais vendidos do país e por pertencerem aos estados de
maior influência nacional: Rio e São Paulo. A análise foi feita nas primeiras páginas, pois são vistas não só
por leitores dessas mídias, mas por várias pessoas que passam pelas bancas diariamente. Esta pesquisa se
fundamenta, principalmente, na teoria da ADF (Análise de Discurso de Linha Francesa), pois esclarece como
ocorre o funcionamento dos veículos de comunicação. É, também, a partir da história da imprensa, dos
jornais O Globo e Folha, que é possível compreender a relação desses veículos com a verdade, como esses a
produzem. Os jornais, aparelhos ideológicos de Estado, constroem e divulgam a verdade que é permitida por
uma classe dominante.
Análise das imagens fotográficas de Oliviero Toscani
TANNUS, Flaviana Machado (UNESP – Bauru)
RESUMO: O presente artigo pretende analisar a visibilidade e a legibilidade nas imagens fotográficas do
publicitário italiano Oliviero Toscani, produzidas para as campanhas da marca Benetton. Além da provocação
e da dramaticidade, as imagens denunciam e com isto convocam a consciência. Para despertar o debate
necessário, as reflexões de Roland Barthes, Vilém Flusser, Susan Sontag norteiam a análise da produção de
Toscani. No corpo do artigo citações de autores da comunicação, da psicanálise e da sociologia são
entrelaçadas com a intenção de nortear o desenho deste artigo. Este material engendra uma leitura de
imagens que se enreda com o contexto sócio, político e econômico. Com a intenção de tecer palavras
(conceitos) e imagens, este artigo pretende ser um convite ao leitor – espectador a sair de seu lugar seguro
de mundo e se lançar em busca de novas leituras de si, do outro e do mundo diante da inundação que as
imagens provocam.
RETRATOS D O BRASI L - O PRÊM I O ESSO E A CON STRUÇÃO D A M EM ÓRI A D O FOTOJORN ALI SM O
BRASILEIRO
FERREIRA, Soraya Venegas (Universidade Estácio de Sá / FGV Online – RJ)
Resumo: Com seus 52 anos completados em 2007, o Prêmio Esso se firmou como o mais tradicional
reconhecimento da produção jornalística brasileira. Ao observar os agraciados, é possível construir um
quadro das transformações ocorridas nesse período tanto no cenário profissional como no país. Embora
compostas por nomes de destaque no mercado de trabalho, as comissões julgadoras tiveram suas
estruturas alteradas no decorrer das últimas cinco décadas. O mesmo aconteceu com as categorias
contempladas, que passaram considerar a diversidade regional e, acompanhando tanto a evolução
tecnológica quanto o amadurecimento da profissão, vislumbrar novos formatos informativos. O Prêmio Esso,
que sempre representou deferência profissional; agora, devido à longevidade, começa a despertar interesse
acadêmico. Escolher avaliar as fotos premiadas representa a ampliação e o aprofundamento dos temas
abordados em minha tese de doutorado, em que procurei estabelecer as principais transformações pelas
quais passou a fotografia de imprensa nos jornais cariocas de elite desde 1960. Jornalista de profissão e
repórter-fotográfico por opção; nessa pesquisa, proponho um olhar sobre o Esso que priorize a evolução do
profissional de imagem, das técnicas fotográficas e da linguagem fotojornalística, identificando os retratos
do Brasil propostos e construídos durante quase cinco décadas de premiação do fotojornalismo.
GT 7 – MÍDIA AUDIOVISUAL
Coordenação Geral: Ruth Vianna (UFMS)
Cinema, Jornalismo e Publicidade: a representação do jornalismo na mídia audiovisual.
Lisandro Nogueira
Resumo: O cinema brasileiro dos anos noventa busca diagnosticar as rápidas mudanças ocorridas no campo
da comunicação nesse período. O filme Doces Poderes, de Lúcia Murat, mostra como o jornalismo brasileiro,
quando submetido ao marketing político e à publicidade, perde seu papel de fonte primária de informação e
abre espaço para a "notícia enquanto produto". Ainda que o filme aparentemente vise lançar um olhar crítico
sobre a situação do jornalismo dos anos noventa, a linguagem cinemática e a estrutura narrativa nele
usadas solapam seu intento, revelando assim as fragilidades e limitações do cinema brasileiro de viés
político.
Cinema educativo, 1920- 1930: educação das massas e educação do cinema nacional
Rosana Elisa Catelli (UESC- Bahia)
Resumo: Esta comunicação tem por finalidade apresentar uma pesquisa sobre as propostas de cinema
educativo e cinema documentário, entre os anos de 1920 e 1930, no Brasil. A investigação teve por objetivo
refletir sobre as concepções de cinema nacional, cinema educativo e cinema documentário no período, além
de investigar a inserção do cinema no contexto cultural do início do século XX. Para isso foi analisada a
bibliografia referente ao cinema educativo, em especial aquela vinculada aos educadores da Escola Nova,
que foram os principais formuladores desta proposta de uso do cinema na educação. Também selecionamos
as matérias da Revista Cinearte, do período em questão, que trataram do tema. A partir deste material
destacamos a presença das influências do cinema educativo francês e americano no Brasil e observamos
também a contribuição da proposta cinema educativo para uma padronização na forma de realização do
cinema nacional, em especial dos chamados “naturais”. Sendo assim, o cinema educativo teria contribuído
não só para educar as massas, na sua formulação original, mas inclusive para educar o próprio cinema.
A RBS EM SANTA CATARINA: PREFERÊNCIA POLÍTICA E CONCENTRAÇÃO DE MÍDIAS
CARLOS GOLEMBIEWSKI e VERA LÚCIA SOMMER (UNIVALI/SC)
RESUMO: Este artigo discorre sobre a chegada da RBS ao Estado de Santa Catarina. Esclarece que desde o
início das operações, a empresa se aliou a grupos políticos como forma de conseguir apoio para o seu
projeto empresarial no estado. O artigo observa que ao longo de quase 30 anos, a empresa sempre teve a
sua preferência política, ora orientada pela Rede Globo, ora guiada pelos seus próprios interesses locais. E,
que, portanto, o discurso de imparcialidade política é apenas “discurso”, pois os fatos históricos demonstram
o contrário. O artigo ainda aborda a concentração de Mídias da RBS no Estado. São oito emissoras de TV,
quatro jornais e oito emissoras de rádio, uma situação que reduz sensivelmente o número de versões sobre
os acontecimentos em Santa Catarina.
Comunicação Audiovisual – implantação da Tv Paulo Freire no Estado do Paraná
Suyanne Tolentino de Souza (PUC- Paraná)
Resumo: O presente estudo faz uma reflexão sobre a abertura de fronteiras frente a um mercado
globalizado. Descreve a implantação de um projeto audiovisual destinado aos professores da rede pública de
ensino do Estado do Paraná. O canal de tv- TV Paulo Freire, ligado a SEED - Secretária Estadual de Educação
do Estado do Paraná– que tem sua programação concebida para comunidade escolar. Trata-se de uma
forma de capacitação do corpo docente e discente que permite a integração de diferentes realidades no
âmbito da educação, pesquisa e extensão. Mostra como a mídia audiovisual está inserida no processo
histórico de ensino aprendizagem propiciando a construção do conhecimento através de diferentes gêneros e
formatações e sua evolução ao longo da história. Estudo de caso sobre a implantação de canal de televisão
local apontando limites e possibilidades para se trabalhar a interface da comunicação e da educação frente à
revolução tecnológica de distribuição de sinais, desenvolvimento de processos de digitalização e formatação
de linguagem.
Televisão Digital: do Japão ao Brasil
Lívia Cirne de Azevêdo Pereira (UFPB)
RESUMO: Em 1970, no Japão, após o aparecimento do sistema de televisão a cores, nos anos 50, indicouse a necessidade deste veículo proporcionar ao telespectador impressões similares às sentidas por um
espectador de cinema. Isso seria possibilitado com a digitalização dos sinais de vídeo e áudio em todas as
fases do processo: produção, recepção e principalmente a transmissão. Há quinze anos em operação em
diversos locais do mundo, a TV Digital, além de apresentar qualidade de som e imagem, direciona para a
desconstrução do caráter unidirecional da mídia, sugerindo um telespectador cada vez mais atuante. No
Brasil, este modelo está em discussão desde 1994, contudo somente em 2006 foi assinado o decreto N°
4.901 oficializando a escolha do padrão de TVD – que alicerça o Sistema Brasileiro de Televisão Digital
(SBTVD) – e prevendo o fim das transmissões analógicas em dez anos.
Lead e pirâmide invertida: a tevê edita os textos das crianças
TAVARES, Marcus (MULTIRIO/Prefeitura do Rio)
Resumo: Ao analisar o impacto da televisão no dia-a-dia de duas turmas da 4ª série de duas escolas
municipais da Prefeitura do Rio de Janeiro, constata-se o quanto a linguagem da televisão está presente na
fala e na escrita das crianças, que têm entre 9 e 10 anos de idade. Por meio das redações, por exemplo,
observa-se a construção de uma narrativa bastante similar à estrutura do telejornalismo: objetivo e conciso,
sendo perceptível, inclusive, a noção do lead e da pirâmide invertida, conceitos-chave da área. A pesquisa –
que deu origem à dissertação de mestrado defendida no segundo semestre de 2007 – revela que a televisão
impacta, influencia e faz parte da constituição das identidades das crianças. O estudo é fruto de um
cuidadoso processo de observação e de interação com as crianças no próprio ambiente escolar, levando em
conta o contexto socioeconômico, escolar e familiar.
Cinema Latino- Americano e Globalização: Novos Desafios Econômicos, Políticos e Culturais
Lia Bahia Cesário (PPGCOM – UFF)
Resumo: A historiografia dos cinemas nacionais na América Latina é contada essencialmente através da
história de cineastas, filmes, autores e realizadores. O mercado, a legislação, as políticas públicas, o público,
e a relação entre produção, distribuição e exibição sempre ficaram à margem dos estudos sobre esses
cinemas. No século XXI, não é mais possível pensar o cinema unicamente como um meio de expressão
cultural, ele extravasa esse lugar e se torna multifacetado. Entender a evolução histórica das
cinematografias nacionais até chegar à construção da história recente dos cinemas nacionais latinoamericanos, enfocando as vertentes políticas, culturais e econômicas, torna-se fundamental para
compreender aspectos simbólicos e mercadológicos dessas produções. O presente trabalho irá avançar
hipóteses sobre a recomposição e o papel das cinematografias latino-americanas neste novo tempo,
considerando os desafios na época da globalização neoliberal. A investigação toma como referência uma
revisão parcial da literatura latino-americana disponível e informações, provenientes de fontes
governamentais e empresas privadas, sobre a configuração atual do mercado cinematográfico na América
Latina.
O Sítio do Picapau Amarelo da TV: a primeira versão.
Maria Ana QUAGLINO (Pró- Memória – Secretaria de Cultura de Nova Friburgo)
Resumo: Neste trabalho será analisada a primeira versão para a TV da literatura infantil de Monteiro
Lobato, produzida para TV Tupi de São Paulo pelo grupo de teatro TESP, dirigido por Júlio Gouveia e Tatiana
Belinky, nos anos 1950 e 1960. O programa de TV foi um desdobramento de um projeto de teatro infantil do
grupo, apoiado oficialmente pela prefeitura de São Paulo, que tinha como objetivos: levar “teatro popular”
para criança todos os bairros da cidade e, através disso, “formar mentalidades sadias”. Tanto na TV como no
teatro, Belinky e Gouveia pretenderam utilizar o gênero “infantil” de teatro, uma novidade no Brasil de
então, para inculcar “valores universais” que consideravam essenciais para futuros cidadãos. Na análise dos
episódios do programa—feita a partir dos scripts, de fotos e de entrevistas, pois o mesmo não era gravado—
, serão examinadas as representações de raça, gênero e identidade nacional presentes e estas serão
contrastadas com aquelas da versão original de Lobato, na literatura. Através dessa análise, será explorado
o processo de mediação ocorrido entre a versão original e a adaptação para a TV, onde Belinky, Gouveia e
seu grupo introduziram novos sentidos as representações de Lobato.
A inse r çã o da s e m issor a s re giona is de Tv no int e r ior de M ina s Ge ra is – Cida de s da Zona da M a t a
são objetos para um estudo regional
NOLASCO, Walace (UNIPAC)
Resumo: Nesta primeira década do século XXI, a comunicação vive um grande desenvolvimento,
principalmente tecnológico, tornando-se uma das principais ferramentas da globalização planetária. Veículos
de massa, como a televisão, vêm ampliando suas áreas de atuação de forma a se tornar mais acessíveis e
próximos das comunidades, seja nos grandes centros ou nas cidades do interior. Tal fato pode ser estudado
através da história da introdução destes veículos nas cidades de pequenos e médios portes da Zona da Mata
de Minas Geais (cidades com população inferior a 200 mil habitantes). A contextualização deste período no
país, pós-constituição de 1988, quando se iniciaram vários debates através do projeto de lei 256/91,
defendido pela deputada federal Jandira Feghali (PC do B/Rio), que buscava regulamentar um princípio
existente no inciso III, do artigo 221, que prevê essa regionalização da programação cultural, artística e
jornalística das emissoras de rádio e TV, juntamente com o estudo da comunicação regional, sua forma de
atuação e características, são fundamentais para se compreender este processo. Uma trajetória que se
desenvolveu em cinco cidades de médio porte da mesorregião e que fornece subsídios para conclusões de
grande importância a cerca do estudo da comunicação social brasileira.
Amarelo Manga e Baixio das Bestas: identidades e representações no cinema pernambucano
Raquel de Holanda Rufino (Universidade Federal do Piauí)
Resumo: Este artigo consiste numa reflexão acerca das representações das identidades dos pernambucanos
na produção cinematográfica de Cláudio Assis: Amarelo Manga e Baixio das Bestas, propondo-se a analisar a
forma como o diretor constrói essas questões. O aporte teórico dos Estudos Culturais contribui para esta
análise da articulação entre cinema e construção de identidades culturais como um eixo que discute a
cultura da mídia como um cenário de lutas, colocando a cultura no âmbito da teoria da produção e
reprodução social, dando fundamentos para a compreensão das modificações pelas quais passam a
sociedade e a cultura. Para tanto, foi feita inicialmente, uma pesquisa exploratória que revelou, de antemão,
a construção de personagens sempre com base num conceito de violência, sendo esta uma das temáticas
principais dos dois filmes, abrangendo-as nas mais diversas formas. Depois, o pesquisador usou a técnica da
comparação para compreender como Cláudio Assis constrói seus personagens, suas identidades e
representações, nessas produções que mostram a vida recifense e da região da mata sob uma ótica
singular.
Os programas de auditório na TV Industrial: história e memória
Patricia Rocha MAGALHÃES (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: O artigo busca recontar a realidade da emissora juizforana sob a ótica da importância e da
representatividade dos programas de auditório em sua grade. A TV Industrial foi a primeira geradora
autorizada a funcionar em uma cidade do interior. Enquanto nas capitais a tecnologia começava a ganhar
outras proporções, nas produções de emissoras do interior ainda existiam dificuldades. Ainda assim, a TV
Industrial tinha uma programação abrangente e mantinha as características de produção local, livre das
redes de televisão que se formavam. O artigo apresenta uma releitura do processo de produção dos
programas, numa era pré-videoteipe e sem os recursos de edição, em contraste com o que é feito hoje.
Atualmente, quando os programas televisivos representam uma nova tendência, tanto de formato como de
conteúdo, é importante resgatar a cultura do ofício televisivo de anos anteriores, com o propósito de que
sirva como base para a compreensão do que se tem hoje e para que ofereça um parâmetro de comparação
com a produção atual. Este artigo é fruto do projeto de pesquisa “Televisão e imaginário urbano: as
narrativas da cidade no espaço dos telejornais”.
Televisão e identidade: imagens da cidade
Nina SCAFUTTO (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: Este trabalho vai investigar a possível relação de identidade entre a primeira emissora geradora
de imagens do interior do sudeste do Brasil, a TV Industrial, inaugurada em 1964, e a cidade de Juiz de Fora
(MG), onde se localizava a emissora. Pretende-se analisar a representação do espaço local no veículo, num
período ainda não configurado pelas características da globalização e da rede. Juiz de Fora é até hoje
marcada por um discurso mítico, que superdimensiona a sua característica de pioneirismo. No final do
século XIX e início do século XX, a cidade foi uma das mais industrializadas do Sudeste, chegando a ser
chamada de “Manchester Mineira”.
Em 1948, Olavo Bastos Freire realizou a primeira transmissão
audiovisual do Brasil, adicionando à história de Juiz de Fora mais uma experiência inédita no país. Dezesseis
anos depois, foi inaugurada, na cidade, a TV Industrial. A idéia de se estabelecer uma relação de identidade
entre a TV Industrial e Juiz de Fora surge como uma forma de resgatar a tevê local e suas origens já que,
neste início do século XXI, observamos a predominância das emissoras de rede no Brasil, com suas
respectivas programações sendo reflexo da sociedade globalizada.
Telenovela e família: a midiatização da identidade familiar nos processos de recepção
Lourdes Ana Pereira SILVA (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Resumo: Compreendendo a importância da televisão na construção social da realidade brasileira, o
presente artigo coloca a telenovela no centro do campo analítico. Propõe-se estudar o gênero telenovela e a
instituição família para responder à seguinte questão: como se deu o processo de construção (social e
histórica) de sentidos acerca da família na trajetória do gênero telenovela? Objetiva-se identificar, através
desse gênero, os tipos de posicionamentos e construções de sentidos de que este gênero tem feito uso
quando se trata da instituição família. Mas que família é essa constituída pela telenovela brasileira ao longo
da sua trajetória de veiculação diária em aproximadamente quatro décadas? Quais são os dilemas,
comportamentos, valores, configurações representadas? Há práticas sociais decorrentes da assistência de
telenovela? E havendo, em que essas práticas contribuem ou alteram o modo de ser da família brasileira
contemporânea? Como a novela, enquanto gênero vai construindo a família? Para responder a estas
indagações e outras que certamente surgirão, nos parece plausível situar a família não somente no cenário
da teledramaturgia, mas localizá-la diacronicamente também no espaço e no tempo do contexto social da
nação brasileira e no contexto da globalização.
TV Ceará (canal 2): a emissora que deixou de ser cearense
Bruno Marinoni Ribeiro de Sousa (UFPE)
Resumo: O canal 2 de televisão em Fortaleza foi o primeiro a transmitir para a capital cearense sinais de
televisão, a partir de 1960. Inicialmente propriedade dos Diários e Emissoras Associados, com a
desestruturação deste, a TV Ceará foi entregue na década de 1980 para ser explorada comercialmente pelo
empresário Adolfo Bloch, tornando-se uma das emissoras da Rede Manchete. Após a falência desta nos anos
90, o canal 2 novamente passou para a mão de outro proprietário, ligando-se, assim, à emergente Rede TV.
O objetivo deste artigo é contar a história desta primeira emissora de televisão do Ceará, que apesar de ter
tantas vezes mudado de concessionário, nunca foi propriedade de cearense. Apesar de ter em um primeiro
momento dinamizado o mercado profissional local, impulsionando a produção audiovisual local, com a
posterior emergência da indústria cultural no Estado, representada pela chegada das redes nacionais de
televisão com padrões modernos de administração, reduziu a praticamente zero a programação local,
permanecendo nesta condição até o momento.
TV Industrial: “A Pioneira”
Frederico BELCAVELLO (UFJF)
Resumo: O objetivo principal desta comunicação é apresentar uma discussão sobre a relevância histórica e
o papel desempenhado pela TV Industrial de Juiz de Fora, primeira emissora-geradora de televisão no Brasil
a operar oficialmente, mediante concessão, instalada fora de uma capital. O trabalho procura lançar as
bases de reflexão sobre o lugar ocupado pela Industrial nos processos de representação da identidade
juizforana na televisão, uma vez que esta TV se constituiu como única emissora com programação local por
um período de dezessete anos – entre 1964 e 1980. O estudo bibliográfico que baliza estas reflexões recorre
a autores como Zygmunt Bauman, Stuart Hall e Dominique Wolton para tratar da discussão sobre a
construção de identidades na contemporaneidade, aliada aos processos de produção de sentido e
representação na televisão, em especial no âmbito da comunicação local.
O cinema chega às montanhas de Minas
ROCH A, Adr ia no M e de ir os da ( M e st r e e m Com unica çã o Socia l pe la Un ive r sida de Fe de r a l
Fluminense)
Resumo: Este trabalho se propõe ao relato histórico das primeiras exibições cinematográficas ocorridas em
Minas Gerais, bem como ao estudo do momento em que se deu a constituição das primeiras salas fixas de
cinema no mesmo estado. Nosso aprofundamento será para aquelas exibições realizadas no município de
Juiz de Fora, base de nossa pesquisa do mestrado. Para efetuarmos esse percurso, será importante
analisarmos algumas redes de influência para com esta cidade mineira vindas, principalmente, do Rio de
Janeiro. Nessa perspectiva, serão apontados alguns dos pioneiros que mais se destacaram e seus
respectivos mecanismos de atuação. Além disso, vamos analisar o formato documental conhecido como
cinejornal, que foi desenvolvido de forma ininterrupta, durante quase três décadas, pela produtora Carriço
Film, do juizforano João Gonçalves Carriço.
EaD: o audiovisual para o ensino/aprendizado
ROCHA, Adriano Medeiros e VACCARINI, Emmanuelle Dias (UFJF)
Resumo: O intuito dessa pesquisa é trabalhar a Educação a Distância (EaD) como nova proposta
tecnológica de ampliar o processo educacional e investigar a criação e o desenvolvimento histórico. No
conjunto da pesquisa, também será tratada a questão do processo de ensino aprendizagem através dos
elementos existentes e disponíveis na/para a plataforma moodle, utilizada pela Universidade Federal de Juiz
de Fora nas suas atribuições acadêmicas de ensino a distância através da Universidade Aberta do Brasil
(UAB). Outro ponto a ser tratado são os recursos didáticos tecnológicos que envolvem o uso de curtas
metragens através do portal Porta Curtas e textos on line, disponíveis para consultas. Além disso, outro
objetivo deste estudo é conhecer os mecanismos estruturados desde a concepção da EaD até sua utilização
de fato como espaço de ensino-aprendizagem, de uma forma moderna e mais atrativa, através de seus
diversos recursos tecnológicos.
Um olhar histórico na formação e sedimentação da TV no Brasil
Plínio Marcos Volponi Leal (UNESP- SP)
Resumo: O artigo busca sistematizar a história da televisão no Brasil desde momentos que antecederam a
instalação da TV no Brasil. O levantamento é feito com base em estudos de história e comunicação já
realizados e busca, de uma forma resumida, organizar e apresentar os principais fatos da formação da
televisão e sua sedimentação no cenário brasileiro. O estudo buscou observar o contexto da televisão, pois,
como afirma Sérgio Mattos, “a história da TV brasileira reflete as fases do desenvolvimento e as políticas
oficiais adotadas e por isso este veículo não pode ser analisado como objeto independente do contexto no
qual está inserido”. Seguindo nessa mesma perspectiva, deu-se maior destaque para duas emissoras, Rede
Globo de Televisão e TV Cultura, sendo uma comercial e a outra de caráter público.
Além do Equador: A História da mídia Audiovisual em Roraima
Edileuson Almeida (Universidade Federal de Roraima - UFRR)
Resumo:O advento da mídia audiovisual no Brasil ocorre a partir do século XX, fato acompanhado e
registrado ininterruptamente ao longo desse período, por diversos autores. Neste bicentenário da presença
da imprensa no Brasil, dezenas de milhares de veículos de comunicação foram se instalando país a fora. O
cinema, o rádio e a televisão em menos de meio século chegam a um país que décadas depois se tornaria
um grande produtor de audiovisual com raízes em dezenas de países. E no extremo norte, quando a mídia
audiovisual começa a ser parte do dia-a-dia em território brasileiro além da linha do equador? Que fatores
e/ou personagens tiveram direta influência neste processo que se inicia de forma clandestina e hoje coloca
Roraima como o estado com o maior número de canais abertos no ocidente da Amazônia brasileira? É a
partir desta questão norteadora que este trabalho se propõe tratar, numa linha sócio-histórica, sobre a
instalação da mídia audiovisual em Roraima e, mais especificamente, a sua consolidação em terra de
Macunaíma.
Paisagens urbanas: a década de 80 vista pelo cinema gaúcho
Humberto Ivan Keske (Centro Universitário Feevale – Novo Hamburgo – RS)
Resumo: O presente texto visa analisar o panorama cultural dos anos 80 através da problematização de
cinco filmes que marcaram a filmografia gaúcha. Aborda as transformações sociais, culturais e políticas
presentes em “Deu pra ti anos 70”; “Coisa na roda”; “Inverno”; “Verdes anos”; “Me beija”; e “Aqueles dois”,
retratando uma sociedade que rompia com um passado de repressão e iniciava seus primeiros passos em
direção a redemocratização do Brasil e à abertura política. Para tanto, estuda a narrativa cinematográfica
articulada aos signos verbais e não-verbais constituintes de um tecido intertextual de significação capaz de
abrigar categorias de análise comuns às cinco películas, convergindo em um espaço identitário que se
completa na dimensão do plano simbólico. Paralelamente a isso, investiga o processo de construção do
imaginário coletivo conforme apresentado por Cornelius Castoriadis fazendo um contraponto com a teoria
dos mundos possíveis proposta por Umberto Eco.
A televisão no Brasil e a Música Popular Brasileira: histórias que se entrelaçam.
Marildo José Nercolini (UFF)
Resumo: Quando se pesquisa a história da televisão no Brasil, um elemento bastante significativo a ser
destacado é a intensa relação que a televisão estabeleceu com a MPB, sobretudo se nos remetermos aos
anos 60. Para muitos estudiosos foram nos festivais da canção, organizados pelos maiores canais de
televisão então existentes (Excelsior e Record), que foi gestada o que se convencionou chamar Música
Popular Brasileira. No Brasil, a década de 60 tem entre suas marcas o início do processo de massificação da
televisão, tendo em vista ocupar um espaço até então dominado pelo rádio. Uma das estratégias usadas
pelos proprietários dos canais de televisão foi apostar no poder de uma nova geração de cantores e
compositores que despontavam no cenário nacional. O que o rádio representou para os cantores nas
décadas anteriores, a televisão passou a fazê-lo para a geração 60, especialmente através dos Festivais da
Canção e dos programas musicais que buscavam abarcar as diferentes tendências então existentes (Bossa
Nova, Jovem Guarda, Tropicalismo...). Portanto, se, por um lado, a televisão se valeu de uma nova geração
de criadores musicais para firmar-se no mercado, por outro, esses próprios criadores, através da televisão,
tornaram-se conhecidos nacionalmente e tiveram suas canções e idéias divulgadas para um público muito
maior do que aquele que poderia ser atingido por seus espetáculos. Este paper pretende discutir essa
relação.
As alianças entre o cinema e a dança
NUNES, Ana Paula (PPGCOM – UFF)
Resumo: A relação do cinema com a dança está restrita, no senso comum, aos filmes musicais, no entanto,
há muitas outras abordagens possíveis. O artigo propõe uma reflexão sobre três variantes da relação do
audiovisual com a dança ao longo da história do cinema: há filmes que utilizam a dança apenas como
elemento ornamental (cont rat o unilat eral); outros lhe atribuem um papel na ação narrativa (contrato
bilateral); e alguns conseguem uma integração perfeita das duas linguagens (cont rat o consensual), como a
videodança, uma expressão artística resultante do diálogo entre o vídeo e a dança, de tal forma que as duas
linguagens se tornam indissociáveis. Com as câmeras cada vez mais leves e a tecnologia digital mais
acessível, as experimentações em torno do cinema e da dança aumentaram exponencialmente, originando
novas estéticas, novos modos de percepção, novas linguagens. Através de um ponto-de-vista intercultural,
busca-se desmistificar os dois campos de expressão e conhecimento, que estão, na sociedade midiatizada,
apenas no âmbito do entretenimento, investigando o potencial criativo e político que esses elos permitem.
A Const r uçã o da I de nt ida de da s Te le nove la s Br a sileiras: O Pr oce sso de I de nt ifica çã o dos
Telespectadores com a Narrativa Ficcional Televisiva
MARTINS, Simone (UFJF)
Resumo: A proposta deste artigo é a de enfatizar a dimensão discursiva da narrativa ficcional televisiva
enquanto meio de comunicação interventor na sociedade. Analisaremos em que medida ocorre a criação de
vínculos entre as telenovelas produzidas no Brasil e o público a que elas se destinam. A premissa é de que a
veiculação diária de novelas reforce a relação entre TV e telespectadores, auxiliando na transformação da
identidade nacional.Isso porque acreditamos que a novela funcione como instrumento de integração
nacional, como uma espécie de laço social criando vínculos entre público e programa. Outra hipótese é a de
que a identidade criada pelas telenovelas brasileiras para atrair telespectadores traduza-se na busca pela
representação do real. Autores como Hall e Wolton, dentre outros, oferecem suporte teórico para maior
reflexão sobre as estratégias incorporadas no processo de produção das telenovelas para que o público se
identifique com o material audiovisual veiculado.
O SERTÃO VIROU ARTE: uma história do cinema piauiense
ROCHA, Rosa Edite da Silveira (Universidade Federal do Piauí)
Resumo: O trabalho pretende fazer uma análise descritiva e histórica do surgimento do cinema piauiense,
em 1968, até 1980, a fim de identificar as especificidades, contornos e variantes das produções locais;
resultando em um panorama horizontal das produções no Piauí. No trabalho serão levadas em consideração
apenas produções feitas no próprio estado e realizadas por piauienses, além de aspectos como o
isolacionismo cultural e local, a falta de políticas públicas, a falta de estimulo financeiro e de aparato técnico
para as produções audiovisuais no Estado.
Cinema educativo, 1920- 1930: educação das massas e educação do cinema nacional
Rosana Elisa Catelli (UESC – Bahia)
Resumo: Esta comunicação tem por finalidade apresentar uma pesquisa sobre as propostas de cinema
educativo e cinema documentário, entre os anos de 1920 e 1930, no Brasil. A investigação teve por objetivo
refletir sobre as concepções de cinema nacional, cinema educativo e cinema documentário no período, além
de investigar a inserção do cinema no contexto cultural do início do século XX. Para isso foi analisada a
bibliografia referente ao cinema educativo, em especial aquela vinculada aos educadores da Escola Nova,
que foram os principais formuladores desta proposta de uso do cinema na educação. Também selecionamos
as matérias da Revista Cinearte, do período em questão, que trataram do tema. A partir deste material
destacamos a presença das influências do cinema educativo francês e americano no Brasil e observamos
também a contribuição da proposta cinema educativo para uma padronização na forma de realização do
cinema nacional, em especial dos chamados “naturais”. Sendo assim, o cinema educativo teria contribuído
não só para educar as massas, na sua formulação original, mas inclusive para educar o próprio cinema.
Narrativas Televisivas dos anos 1980: uma abordagem preliminar
Marina Caminha (UFF)
Resumo: O projeto apresenta uma proposta de investigação de narrativas televisivas criadas nos anos
1980 para avaliar o momento específico em que a principal característica da televisão incidiu sobre
processos de produção de seus próprios programas, refletindo a consolidação de um campo, no dizer
Bourdieu. Tomamos como hipótese que este tipo de estratégia teve como intenção criar uma pedagogia
meio, antecipando a formação de um espectador atravessado por um saber televisivo.
de
os
de
do
O caso Machado Dias: a TV encara de frente o PCC
Robe r t o Apa re cido M a ncuzo Silv a Ju nior e Tha ísa Sa llum Ba cco ( Unive r sida de Est a du a l de
Londrina
UEL)
Resumo: Este estudo apresenta a experiência inédita na televisão brasileira na cobertura de um momento
ímpar na área policial: o assassinato do primeiro magistrado no Brasil, Antônio José Machado Dias, em
março de 2003, na cidade de Presidente Prudente, a mando de integrantes do Primeiro Comando da Capital.
Tal fato, que a principio tratar-se-ia de apenas mais um crime, mereceu uma reavaliação de toda cobertura
(pautas, reportagens especiais e factuais, investigação paralela à policial e apresentação de vts)
empreendida pela afiliada Rede Globo local, a TV Fronteira Paulista, e também da própria emissora rede por
ser inédito e ter como origem um movimento criminoso que pretendia se fortalecer a partir do episódio.
Fazendo Telejornal – guia multimídia de telejornalismo
GOMES, Marco Aurélio Ignácio e VERDÉLIO, Andréia - UFMS (MS)
Resumo: Um guia multimídia no qual os profissionais de telejornalismo relatam, através de cenas e
depoimentos, as experiências de seu cotidiano no fazer jornalismo para a televisão. O relato demonstra a
forma de tratar o jornalismo na Rede Globo de Televisão, mais detidamente no Jornal Nacional. O vídeo não
esgota o tema, é apenas mais um instrumento que pode ser utilizado na socialização do conhecimento
acumulado pelos protagonistas. Baseado na tese da professora Ruth Vianna “ La palabra, la im agem y el
sonido em los inform at ivos t elevisivos de Brasil y Espanha: est udio com parat ivo y análisis del lenguaj e
audiovisual, t ext ual y narrat ivo” , o vídeo foi editado de forma a preservar a narrativa dos protagonistas e,
dentro da perspectiva paradidática proposta, dividido em capítulos, para que possa ser exibido parcialmente,
conforme a necessidade de orientação do momento da exibição. Para dar voz aos protagonistas e também
para valorizar a palavra, estrela maior do filme, optou-se pela não locução. É ela, a palavra, que tem que
dar sentido à narrativa, sem interferência externa. As imagens foram gravadas em 1998.
O UN I VERSO SI M BÓLI CO E SUA I N TEN CI ON ALI D AD E N A TV. UM ESTUD O D A UTI LI ZAÇÃO D A
GRAMÁTICA TELEVISIVA.
M ARCELO, Joã o Ra nge l ( Unive r sida de de Sã o Pa u lo, SP) ; M ARCELO, Adr ia na Ra be lo Rodr igue s
(Universidade de Taubaté, SP) e MOURA, Jefferson José Ribeiro de (Universidade de Taubaté, SP)
Resumo: Este estudo quer discutir o universo da TV que apresenta informações aos telespectadores
envolvidas em uma linguagem áudio visual eletrônica (planos, ângulo, movimentos de câmera e edição de
imagens). A influência socializadora da televisão, tema de constante debate nos círculos acadêmicos, aponta
para a importância do conhecimento dos mecanismos de penetração desse meio no cotidiano do
telespectador, como afirma Joan Ferrés. Nosso objetivo será estudar a evolução histórica dos modos de se
mostrar os fatos através da indicatividade dos planos e das passagens e principalmente da edição de
imagens em relação as prioridades e objetivos de quem edita, ou determina como deve ser feita a edição. A
intenção de quem utiliza essa linguagem é mais ou menos determinante da visão de quem assiste? O
momento histórico e a evolução tecnológica influenciaram na mudança dessa linguagem? E como utilizar a
gramática televisiva para passar uma mensagem com “sabor” de realidade?
H I STORI AN D O OS M ASS M ED I A: O PROTAGON I SM O TELEVI SI VO RUM O À I N FORM AÇÃO E À
EDUCAÇÃO.
SANTOS, Betânia Moreira dos (Universidade Federal da Paraíba /UFPB)
Resumo: O presente artigo trata, privilegiadamente, da histórica relação do homem, com o mundo não
humano, “o mundo das técnicas”, e com o mundo humano; para tanto, poremos no centro de nossa
focalização o extraordinário fenômeno dos meios de comunicação de massa, em especial a mídia televisiva,
e suas implicações na sociedade e na esfera educacional. Foi indispensável focalizar os m ass m edia,
fazendo-o de forma contextualizada e com análise de épocas, de forma que estudamos o midiático e
midiológico, pois buscamos conhecer o nosso objeto de estudo – a mídia televisiva – no seu processo
mudança. Enfim, neste breve escrito, não pretendemos esgotar tema tão extraordinariamente rico, mas
apresentar como que uma tomada em plano geral das relações entre mídia e educação, tendo em vista
outros desdobramentos em futuras reflexões.
A imaginação atrofiada: indústrias do cinema no Brasil e na América Hispânica
Sebastião Guilherme Albano (Centro Universitário de Brasília - UniCEUB)
Resumo: O estudo descreve alguns dos processos pelos quais passou a produção de cinema no Brasil
que, ao lado da Argentina e do México, respondem por 89 por cento dos filmes realizados na América
Latina. O enfoque parte de um princípio comparativo e está embasado no fato de que o cinema é,
entre outras coisas, um suporte para determinado modo de representação e de simbolização que
encerra uma lógica industrial complexa em seus esquemas de construção de sentido. Ademais,
considera-se que essa representação em geral sinaliza a criação dos consensos que mantêm a
sociedade moderna. Portanto, os marcos gerais dos regimes semióticos da modernidade, tais como o
advento do estado nacional, o desenvolvimento de instâncias capitalistas de relações econômicas e a
burocratização da convivência social, podem ser observados como condicionantes da imaginação
criadora. No caso do Brasil e da América Hispânica, a adoção dos modelos de produção industrial
norte-americano no cinema é uma projeção do prisma ancilar da nossa modernidade. Neste estudo,
ao se combinar estruturas da história econômica e social com as fases de produção, distribuição e
exibição do cinema, redundou-se nos quadros retóricos de elaboração de imagens fílmicas dos
primeiros cinqüenta anos do século XX na região.
TV Mulher: uma experiência local em Alagoas na década de 80
Dalmer Pacheco (Universidade Federal de Alagoas - UFAL)
RESUMO: A trajetória da mídia audiovisual. Da formação das Redes na década de 70 à segmentação de
público e o jornalismo regional e local na Rede Globo de Televisão na década de 80. Do Jornal Hoje à TV
Mulher. A experiência local da TV Mulher na TV Gazeta de Alagoas (afiliada à Rede Globo). O formato
Revista. Os gêneros televisivos; jornalismo, talk-show, entretenimento, utilidade pública. A segmentação de
público. Um programa feito por homens (maioria) e mulheres para as mulheres no auge do Movimento
Feminista. A importância do programa como coadjuvante dos Direitos da Mulher no Brasil. O preconceito
como jornalismo de segunda classe. A ousadia da primeira entrevista com um travesti (Rogéria). A matriz
de programas das televisões abertas do século XXI.
Const r uindo os r e la t os de gue rr a : o t r a ba lho do j or na lism o cine m a t ogr á fico na cobe r t ur a da
Revolução Mexicana
Maurício de Bragança (FAPERJ/UFF )
RESUMO: O registro e a difusão da informação jornalística passaram por profundas transformações a partir
do último quartel do século XIX, sobretudo com a chegada do cinematógrafo na quase virada do século. As
rápidas inovações tecnológicas na captação e tratamento da imagem alteraram a relação do leitor com a
informação, com o estatuto de “verdade” e com o próprio tempo histórico. A suposta isenção do aparato
tecnológico inseria este leitor, em sua grande maioria ainda analfabeto no continente latino-americano, no
centro da informação através da imagem. A criação das primeiras companhias norte-americanas de
jornalismo cinematográfico, no início da segunda década do século XX, coincidiu com o advento da
Revolução Mexicana, a partir de 1910. Este movimento acabou por atrair a atenção destes ainda
inexperientes cinegrafistas, por seu impressionante vigor bélico e dimensão popular, e foi tomado como uma
espécie de laboratório no aperfeiçoamento de equipamentos utilizados nos campos de batalha e no
desenvolvimento de técnicas narrativas próprias às reportagens de guerra, que seriam utilizadas inclusive,
logo depois, na cobertura da Primeira Guerra Mundial. Esta comunicação pretende analisar o trabalho das
pioneiras companhias de cinejornalismo americanas no tratamento da Revolução Mexicana, que deixaram
um material documental relativamente vasto sobre o primeiro grande movimento revolucionário de caráter
popular na América Latina no século XX e que ainda instiga o trabalho de inúmeros historiadores da imagem
jornalística e documental naquilo que Peter Burke identifica como “o uso de imagens como evidência
histórica”.
História da Mídia Audiovisual Hollywoodiana - História, Cinema e Memória - Olhar Estrangeiro.
FLÓRI O, M a r ce lo - Univ e rsida de An he m bi M oru m bi ( UAM ) e Fa culda de Pa ulus de Te cnologia e
Comunicação (Fapcom)
Resumo: O objetivo desta comunicação é discutir uma parte importante da história do cinema norteamericano nos anos 40 e 50. Dentro deste contexto histórico, serão historicizadas as memórias do cineasta
Billy Wilder, de modo a efetuar uma análise sobre sua trajetória fílmica: a saída dos estúdios alemães da
UFA, o contato com o cinema nos estúdios parisienses e a chegada a Hollywood em que foi consagrado pela
indústria cultural do star- system.
Busca-se, sobretudo, enfatizar o mapeamento do percurso de Wilder ao encontro do cinema norteamericano e, como ele se insere esteticamente nesse contexto, a partir de uma interpretação de suas
reminiscências e de sua produção cinematográfica. Esta comunicação, atenta aos pressupostos teóricometodológicos que caracterizam os trabalhos de história e memória, pretende promover uma interlocução
crítica com as memórias wilderianas. Portanto, toma-se como base que há uma dialética entre
lembrança/esquecimento e que as relembranças são constantemente reeditadas, à medida que o presente
reconstrói o passado com imagens consubstanciadas no “agora”, alterando a percepção sobre as vivências
de outrora.
40 anos de Televisão Educativa no Brasil: a expansão do sistema educativo contribui para a
democratização da comunicação?
Ivonete da Silva LOPES (UFF)
Resumo: Neste artigo propomos mostrar um panorama da distribuição das concessões de “TV Educativa” e
discutir se a expansão deste sistema de radiodifusão, a partir de 1997, contribui de alguma forma à
democratização da comunicação. A primeira emissora educativa entrou no ar em 1967, em Pernambuco.
Depois de 30 anos, eram apenas 20 as emissoras da rede em todo o país. O interesse por essas
concessões foi pequeno enquanto esses canais tinham a obrigatoriedade de retransmitir os programas das
TV´s Cultura e Educativa. Com a alteração na legislação, permitindo a inserção de até 100% de
programação local, a mudança de critérios para distribuição das emissoras comerciais, que passaram a ser
concedidas por meio de licitação, despertou o interesse e aumentou a demanda pelas educativas. Até o
final de 2005 já eram 167 o número de concessionários de TV´s do Sistema Educativo de Radiodifusão.
Preto no branco: discursos raciais no cinema brasileiro contemporâneo
LAPERA, Pedro Vinicius Asterito (UFF)
Resumo: A sociedade brasileira assistiu, na última década, a politização das categorias raciais.
Acompanhando a trajetória de diversos movimentos sociais, cujas vitórias no campo político reinscreveram a
raça como categoria discursiva e identitária, os meios de comunicação não saíram incólumes dessa
discussão (debates televisionados, artigos na imprensa escrita, ações na justiça em decorrência do
comportamento de certos meios de comunicação etc). O meio acadêmico também se viu imerso em grupos
de estudos sobre a revisão do papel do negro e do índio na sociedade brasileira, o que conduziu a pesquisas
nas áreas Humanas, notadamente História e Ciências Sociais. Isso ajuda a revelar que a historiografia do
cinema brasileiro necessita de estudos que avaliem como as categorias raciais mobilizadas no pensamento
social e no cotidiano das massas fizeram-se presentes nas representações fílmicas (um dos raros estudos é
O negro brasileiro e o cinem a, do antropólogo José Carlos Rodrigues). Dotada de uma ambição muito
pequena, esta pesquisa possuirá como parâmetro o cinema brasileiro contemporâneo para tentar responder,
através do filme Quant o vale ou é por quilo? (Sérgio Bianchi, 2005), a seguinte questão: de que estratégias
discursivas os filmes brasileiros atuais se valem para instaurar uma visibilidade das categorias raciais,
afirmando ou contestando o lugar do pensamento social e das práticas em torno destas? Para tanto,
partiremos da seguinte hipótese: as práticas discursivas ligadas à raça presentes no filme, contrariando uma
tradição apaziguadora das relações raciais, ressaltam a dimensão do conflito (fílmico e extrafílmico) em que
elas são constituídas.
As t e m pora lida de s e e spa cia lida de s do “ou t r o” no docu m e nt á r io: a im a ge m da t r a diçã o indígena
sob as lentes de Vladimir Kozák e Loureiro Fernandes.
Mariuze Dunajski Mendes (UFSC e Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR)
Resumo: O documentário, como uma forma de registro do real e do imaginário social, abre para
possibilidades de percepção, interpretação e interação virtual com o “outro”, transitando em temporalidades
e espacialidades diversas que são refletidas e refratadas na narrativa visual. As reflexões que seguem neste
artigo são uma incursão inicial pelos caminhos do documentário, à luz de noções teóricas sobre a imagem
documental em relação com a etnografia. Esta análise foi uma tentativa de compreender como foi traduzida
a linguagem do documentário no filme Os Xet á da Serra dos Dourados, de José Loureiro Fernandes e
Vladimir Kozák, constituindo-se em um método de investigação e documentação social. O objetivo foi focar
as análises principalmente nos aspectos relativos ao registro das técnicas de produção artesanal,
consideradas pelo autor como um saber “primitivo” que deve ser resgatado e arquivado por considerar que
esta será inevitavelmente extinta com a industrialização. As fronteiras e interpenetrações entre a tradição e
modernidade apresentadas no filme são problematizadas no decorrer do artigo.
TV Mariano Procópio: representação e pioneirismo na história audiovisual de Juiz de Fora
OLIVEIRA, Livia Fernandes (UFJF)
Resumo: Estudo da história da TV Mariano Procópio, emissora pertencente ao grupo dos Diários Associados
em Juiz de Fora / Minas Gerais, nos primeiros anos da década de 1960. O trabalho utiliza o referencial
teórico sobre a construção de identidade em Stuart Hall e Zygmunt Bauman, e ainda aborda o papel que a
televisão ocupa na sociedade contemporânea na construção da memória e identidade de uma localidade.
Uma das hipóteses do estudo é de que uma parte importante da história da televisão de Juiz de Fora ficou
de fora dos estudos da biografia audiovisual da cidade, pois esta começa a ser narrada oficialmente a partir
de 1964 com a TV Industrial, considerada a primeira emissora de interior na América Latina. Por meio de
pesquisas em acervos da cidade e entrevistas com personagens que fizeram parte da trajetória da TV
Mariano Procópio foi possível buscar vestígios dessa história desconhecida sobre os primeiros anos da
televisão juizforana. O estudo considera a TV Mariano Procópio como um agente que interveio nos processos
e episódios da história e contribuiu para a constituição de identidade da cidade marcada por uma narrativa
de pioneirismo.
Novelas: histórico, empréstimos e doações na construção da indústria cultural brasileira
Larissa Leda Fonseca Rocha (Faculdade São Luís – MA)
Resumo: Dona de inegável importância cultural, identitária e econômica, a novela fala da vida, dos
caminhos e arranjos dos modos de estar na América Latina, dos modos de ser brasileiro. Este trabalho –
resultado do percurso da autora durante a pesquisa de sua dissertação de mestrado na Universidade Federal
Fluminense – foca sua atenção no caminho percorrido desde o folhetim francês até a telenovela brasileira,
sem ignorar o processo paralelo de desenvolvimento da televisão e de uma indústria cultural no Brasil que
permitisse o sustento e a viabilidade econômica do produto telenovela. O movimento de aproximações e
distanciamentos, empréstimos e doações em cima do qual se fez a novela brasileira passa pela experiência
do folhetim francês do século XIX, pela soap- opera norte-americana e pela radionovela cubana. Ao chegar
aqui, ainda é experimentado o teleteatro. Mas a partir dos anos 90 o formato da novela apresenta alguns
desgastes, associados também a novos modos de consumir e produzir cultura e informação. Trata-se,
contemporaneamente, do entendimento do cenário como um mosaico informativo, que vem de canais e
gêneros variados de programação televisiva, deixando claro que a audiência hoje é seletiva e volátil.
Ficção científica e memória de futuro: representações imagéticas do presente
RI BEI RO, Le ila Be a t riz; W I LKE, V a lé ria Cr ist in a Lope s e OLI VEI RA, Ca rm e n I r e ne C. de ( UN I RI O,
RJ)
Resumo: Problematizar o texto fílmico como documento de registro no qual as informações funcionam para
delineamento da memória. Discutir a relação entre informação e memória a partir de produtos culturais que
funcionam para dar forma a determinados projetos. Apresentar análise de um filme de sci-fi, que integra o
campo empírico da pesquisa Texto Fílmico, Informação e Memória, para indicar o potencial das
representações sócio-políticas na construção dessa visão de futuro construída no presente. Um filme de sci-fi
funciona como uma duplicação do presente projetado no futuro, onde temos uma intensificação dos medos e
das expectativas relativas ao contexto de produção do texto fílmico. Eles lançam questões em outros tempos
e espaços e que sustentam a noção do que denominamos memória de futuro. Consideramos que nas
narrativas há modos de subjetivação e realidades possíveis que se cristalizam ou não, apesar de projetadas
e asseguradas numa memória que ecoa construções utópicas ou distópicas.
Cinema de rua e construção de memórias no espaço urbano da Praça Saens Pena
Talitha Gomes Ferraz (UFRJ)
Resumo: A Praça Saens Peña, localizada no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, já foi chamada
de segunda cinelândia carioca, chegando a abrigar, ao mesmo tempo, treze salas de cinema de rua, na
segunda metade do século XX. Partindo de uma pesquisa etnográfica realizada com antigos freqüentadores
dos cinemas atualmente extintos, o artigo discute a construção de memórias coletivas e individuais no
espaço urbano. Verificaremos como o cinema, nos aspectos estéticos e da indústria de exibição, possibilitou
uma sociabilidade baseada nas trocas e nos agenciam ent os colet ivos (CAIAFA, 2007) entre cidade, filmes e
indivíduos. Consideraremos a hipótese de que existem, no relato dos informantes, diferentes memórias,
percepções e apreensões do que foi a Praça Saens Peña como um espaço do cinema de rua, que evocava as
funções noética e estética cinematográficas (DELEUZE, 1992).
A REFLEXÃO E A CULTURA PARA O TELESPECTADOR CEARENSE
D ílson Ale x a ndr e M e ndonça Br u no ( Fa culda de 7 de Se t e m br o e TV O Povo) ; N ilt on ( TV O Povo) e
Va lquíria Apa r e cida Pa ssos Kne ipp ( Fa culda de I nt e gra da da Gr a nde For t a le za e Fa culda de 7 de
Setembro)
RESUMO: Essa pesquisa trata-se de um estudo exploratório a respeito da mais nova emissora do Ceará a
TV O Povo – parte integrante do Grupo de Comunicação O Povo (possui jornal impresso, editora, portal,
emissoras de rádio e uma afiliada da TV Cultura de São Paulo – emissora pública). O que pode essa
combinação trazer ao telespectador Cearense? A proposta da nova emissora não visa à cobertura factual de
todas as notícias, mas sim a cultura, a reflexão, o debate e a interpretação dos acontecimentos da cidade de
Fortaleza. O noticiário Grande Jornal é feito com base na análise. Acontecimentos da política, economia e
esporte local são discutidos por comentaristas trazidos dos veículos do grupo (rádio, jornal impresso e
Internet) e também convidados especialistas nos respectivos temas veiculados pelo telejornal. A TV também
abre espaço mais aprofundado na programação para temas como cultura na revista eletrônica Viva
Fortaleza; economia, no Vertical S/A (programa de entrevista); política, no Jogo Político (programa de
entrevista); e temas específicos da realidade cearense no programa Porto Mucuripe (também com
entrevistas), além de espaço para documentários produzidos na própria emissora. O presente trabalho
pretende traçar um relato do processo de implantação da TV O Povo, a sua proposta de levar informação (de
qualidade). Também é o objetivo deste trabalho, fazer uma aproximação e comparação com exemplos
históricos brasileiros, como foi o Jornal de Vanguarda da TV Excelsior nos anos 60.
N ã o m e son he m ne m m e out r e m . A re - const r u çã o da hist ór ia da TV loca l cont a da pe los próprios
jornalistas em Juiz de Fora.
Jhonatan MATA (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
Resumo: A proposta deste artigo é refletir sobre a construção da história pelo telejornalismo local, através
do DVD comemorativo de 25 anos da TV Panorama, afiliada da Rede Globo em Juiz de Fora. O trabalho
relaciona prioritariamente as estratégias que a emissora, por meio de seus jornalistas, das pautas e fontes
escolhidas, utiliza para recontar nesta produção a própria trajetória. Conseqüentemente, será possível
definir e analisar os assuntos, personagens e personalidades eleitos como representantes históricos de
relevância para a região durante o referido período. A importância da TV na re-construção da memória deste
que foi o primeiro município de interior da América Latina a contar com uma estação geradora de televisão
também é foco do trabalho que integra uma pesquisa mais ampla sobre a estrutura narrativa das notícias no
telejornalismo regional.
Os grupos regionais de mídia - estratégias globais do mercado de comunicações e de cultura
Luiza Lusvarghi (PRODOC – CAPES /UFPE)
Resumo: As etapas iniciais da pesquisa contribuíram para traçar um panorama dos veículos de mídia na
região Nordeste, bem como definir o seu impacto sobre a produção cultural musical regional. Assim, o
objetivo agora é delinear a estratégia adotada pelos grupos locais com relação às grandes corporações
nacionais, mais especificamente aos holdings brasileiros formados a partir das mudanças estabelecidas a
partir da década de 90. As novas tecnologias de informação e comunicação – TV paga, celulares, Internet,
câmeras portáteis, TV digital – ampliaram a demanda por conteúdo audiovisual e estabeleceram novas
possibilidades de produção e difusão da informação para as mídias regionais. A criação do Sistema Jornal do
Commércio de Comunicação – um complexo de comunicação. Tv, jornal impresso, 2 rádios, jornal e CBN,
Internet, acompanha esta tendência. O acordo estabelecido com a Claro, que possibilitou o acesso da
redação a novas mídias, como o equipamento 3 G, que permite ao repórter na rua captar uma noticia,
gravar e colocar no ar, consolida esta tendência. O blog do portal do JC Online, com 3 milhões de acesso, é
o mais acessado do NE. O JC Online pertence ao Grupo Jornal do Commércio, pioneiro dentro do processo
de criação dos grupos de radiodifusão do Nordeste, atualmente um afiliado da SBT, e parte integrante do
SBT Nordeste.
São as lentes de Luís: Discursos de modernização e decadência a partir do ensaio de uma história
do cinema ludoviscence.
Rosilan Dagmar Soares PIORSKI. (UFMA- MA)
Resumo: Em 1909 São Luís ganhou sua primeira sala de cinema. No decorrer de dez anos foram nove no
total. Contudo a vida útil destas parecia diminuir até que no primeiro trimestre de 1919 ocorre a
inauguração do suntuoso Teatro Cinema Éden. Sentindo-se órfã da modernização que atingia o mundo, a
“Athenas brasileira” entrou em êxtase com a construção de um teatro-cinema sem igual por todo Norte.
Freqüentado a principio exclusivamente pela elite, o Éden permanece em funcionamento até 1984, apesar
das crises. Apoiada na abordagem da História Cultural e auxiliada pela característica intrínseca do jornalismo
do período, opinativo e subjetivo, analiso os primeiros quinze anos da trajetória das salas de cinema na
capital maranhense, procurando relatar o ambiente que se desenvolve na sociedade e na imprensa a partir
das notícias veiculadas.
A teoria do espectador à luz das novas mídias audiovisuais
Tadeu Capistrano (Universidade Federal Fluminense - UFF)
Resumo: Um dos temas mais presentes nas pesquisas em Comunicação é o estatuto da imagem diante das
novas mídias e a conseqüente reformulação de seus conceitos, dispositivos e regimes de recepção. Porém,
apesar das radicais mudanças tecnológicas ocorridas nas últimas três décadas, os estudos das mídias
audiovisuais ainda se baseiam em modelos “fixos” de análise, oriundos de áreas como a semiologia e a
semiótica. Embora de inegáveis fins didáticos, quando esses modelos teóricos tradicionais concebem
diferentes tecnologias audiovisuais como estruturas formais autônomas ou independentes de um contexto
histórico, surge um problema metodológico nos estudos do audiovisual. Tal problema se revela, sobretudo,
em um complexo domínio do campo da Comunicação ainda pouco explorado no Brasil: o estudo do
espectador, cujas capacidades perceptivas e cognitivas ainda são analisadas de modo a-histórico, como
estruturas imperturbáveis e, sobretudo, independentes de um contexto sociocultural e tecnológico. A partir
desta constatação, o trabalho visa oferecer contribuições teóricas para a análise dos atuais rumos da
experiência espectatorial no Brasil, inseparáveis das transformações dos dispositivos audiovisuais, novos
modos de recepção e efeitos espetaculares.
Cineclubes Católicos e Imprensa: a formação do espectador cinematográfico modelo
PUHL, Paula Regina e SILVA, Cristina Ennes da Silva (Feevale/RS)
Resumo: O presente estudo problematiza a relação entre o Cinema, considerado como prática
comunicacional, e a construção das identidades culturais mediadas pela Imprensa. Como estudo de caso foi
utilizado o município de Novo Hamburgo, localizado no Rio Grande do Sul. Foram selecionadas matérias do
jornal local da região, chamado NH, entre os anos de 1960 e 1965. Nos primeiros seis anos da década de
sessenta, a cidade contava com diversas atividades ligadas ao Cinema. A localidade possuía quatro salas de
projeção e um cineclube ligado à igreja católica que “pregava” nas colunas Cinema- Or ie nt a çã o e Cotação
dos Film e s, as idéias religiosas indispensáveis que deveriam ser conhecidas pelo um bom cidadão antes de
assistir a um filme. A partir do recorte selecionado foi percebido que a atuação constante do cineclube a partir
dos textos publicados no jornal. As colunas refletiam as mudanças sociais e culturais de uma cidade que
nasceu da valorização do trabalho, mas que também buscou nos filmes uma forma de conhecer outros
mundos, que acabou influenciando a construção identitária dos hamburguenses, que emergiu das telas dos
cinemas e foi disseminada e atualizada pelas páginas do jornal.
O olho variável em Jacques Aumont: da pintura aos vídeos digitais
Lívia BERGO (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
Resumo: A mobilidade do olhar é definida por Jacques Aumont como “olho variável” no livro O olho
interminável. Tendo início ainda na pintura, o olho variável é percebido com maior vigor no cinema, quando
o homem aparece como “visível e vidente” e conta, para isso, com a contribuição de alguns fatores. A
relação entre a máquina fotográfica e a mobilidade do olhar pode ser estabelecida levando-se em conta as
modificações ocorridas na pintura por volta de 1800. Partindo da relação entre os Panoramas e o cinema, o
autor compara a apresentação de um filme à de um quadro, servindo-se, para isso, da noção de dispositivo.
Este artigo busca relacionar o pensamento de Aumont às novas tecnologias audiovisuais, em especial os
vídeos digitais disponibilizados na Internet e suas possibilidades de interação, que inauguram uma era de
dominância do usuário. Após analisarmos uma questão problematizada há mais de dois séculos, nos
percebemos diante de um momento de convergência de características do dispositivo pictórico (mobilidade
do espectador) e do cinematográfico (mobilidade do olhar).
A construção do povo brasileiro no discurso do Jornal Nacional
Lara Linhalis Guimarães (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: A partir da crença de que o telejornalismo contribui na identificação dos “brasileiros” como
membros da família nacional, este artigo propõe reflexões centradas no seguinte questionamento: como o
povo brasileiro é construído discursivamente no Jornal Nacional (JN)? Para tanto, desenvolvemos uma
incursão pelo processo histórico de construção do “povo brasileiro”, empreendido por intelectuais como
Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro e Sérgio Buarque de Holanda, entre outros, a fim de encontrar vestígios
discursivos nas reportagens do JN que estejam em consonância com o que pensavam acerca da “essência”
da brasilidade os intelectuais citados. Também consideramos o papel histórico desempenhado pela Rede
Globo de Televisão, via JN, na integração do país. Para que essa pesquisa se desenvolvesse, contamos com
um estudo teórico interdisciplinar, e norteamos nosso olhar sobre o recorte empírico pela Análise Crítica do
Discurso (ACD). Nesse sentido, buscamos compreender o discurso telejornalístico dentro de uma relação
dialógica entre texto e contexto sócio-histórico, analisando as edições do JN veiculadas no período de uma
semana.
As muitas faces (ou fases) das personagens negras em telenovelas brasileiras
Danubia Andrade (Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF)
Resumo: Neste artigo traçaremos uma retrospectiva das imagens e discursos que se vincularam às
personagens negras em telenovelas brasileiras. Em 2008, as produções de teleficção nacional completam 45
anos de exibições diárias e apenas agora podemos conferir uma personagem negra em papel protagonista
em horário nobre na TV Globo. Ademais de analisar a importância de 'Evilásio Caó', personificado por Lázaro
Ramos em "Duas Caras", há que questionar, nas outras aparições, as formas secundárias e estereotipadas
por meio das quais se constroem personagens para negros. Um vasto rol de empregadas domésticas,
mulatas sensuais e malandros persistem nas telenovelas brasileiras a ratificar valores que associam os
negros à sensualidade, subalternidade e fraqueza de caráter. Quais os sentidos que podemos depreender
das representações sociais desenhadas para os negros diariamente pela telenovela? Como algumas
personagens, entre elas 'Evilásio', podem ser fundamentais para a tessitura de um novo tempo nas
representações teleficcionais de grupos étnicos? Propomos, neste estudo, investigar a fundo estas e outras
questões.
Do cinema verdade à videorreportagem: modos participativos de linguagem audiovisual
Daiane Suelyn Celso Chioquetta (Universidade Estadual de Londrina - UEL)
Resumo: Esta comunicação resgata a história do cinema verdade dos anos 60 e analisa sua influência para
a configuração da linguagem da videorreportagem, uma forma de produção alternativa que começou a ser
experimentada no Brasil no final na década de 80 e se popularizou nos últimos anos. Jean Rouch,
juntamente com o sociólogo Edgar Morin, inaugura com o filme Crônica de um verão (1960) um método de
trabalho de documentário que ficou conhecido como cinéma-verité. È um modo participativo onde o cineasta
é um ator social capaz de interferir na cena, e a entrevista representa uma das formas mais comuns de
encontro entre criador e tema. Isso só foi possível graças ao avanço tecnológico que possibilitou câmeras
mais leves e gravador de som direto, o Nagra. Essas características também podem ser observadas na
videorreportagem, que deixa transparecer ao telespectador o envolvimento do videojornalista no
acontecimento e a participação dele tanto na apuração das notícias quanto na captação das imagens.
Lavoura Arcaica: análise de personagens na literatura e no cinema
GONÇALVES, Érica R. (Universidade Metodista de São Paulo – UMESP)
Resumo: O presente trabalho aborda as principais características das personagens da obra de Raduan
Nassar, Lavoura Arcaica e as simbologias que as circundam. Para a análise, serão levados em consideração
aspectos da narrativa e do período no qual a obra foi escrita e lançada. A adaptação da obra para o cinema
também será tratada ao final do artigo, contextualizando as características levadas para a obra
cinematográfica.
Conce pt o de ca lida d e n la s produ ccione s a udiovisua le s: e st udio cua lit a t ivo e n la s ca de na s de
televisión del Estado español.
Ánge l Rodr ígue z Br a v o; N or m ina nda M ont oy a Vila r ; M igue l Ánge l Ga lle go Gor do; Lluís M a s
M a nchón e M a r ia no Ca st e llbla nqu e Ra m ir o ( LAICOM - La bor a t or io de Aná lisis I nst r u m e nt a l de la
Comunicación de la Universidad Autónoma de Barcelona, Espanha)
Resumo: En estos momentos, aparentemente, existe una conciencia generalizada tanto entre los expertos
como entre los consumidores audiovisuales de que se está produciendo un fenómeno de “mala calidad”
creciente en la programación televisiva. Pero, a la vez, esta programación considerada de “mala calidad”
goza de audiencias importantes que justifican sobradamente su existencia. Y es que la audiencia es hoy el
argumento dominante para mantener su distribución y para seguir trabajando en la misma línea. Al tiempo
que se habla de “telebasura” y del deterioro general de la “calidad de la televisión”, los espectadores siguen
consumiendo con avidez estos “malos productos audiovisuales”.
Con el pretexto de la libertad de
expresión, cualquiera puede difundir cualquier tipo de producto audiovisual a través de cualquier medio de
comunicación y estos quedarán legitimados siempre que tengan audiencia. Tal como ocurre con otros
mercados, es necesario evitar que la concepción de la “calidad” en referencia a los productos audiovisuales
se transforme en un concepto contradictorio y vacío de contenido. Y es imprescindible, por lo tanto, explorar
y definir con precisión el concepto mismo de calidad en un ámbito tan controvertido como el del mercado
audiovisual. Un mercado (radiodifusión, videojuegos, Internet…) que intenta autorregular la calidad de sus
contenidos mediante leyes, sistemas automáticos de clasificación o de filtrado, pero que, como
demostraremos, resultan poco eficaces. En la comunicación que proponemos, se definirá con precisión el
concepto de “calidad” en el entorno del mercado audiovisual, lo que nos permitirá avanzar en el desarrollo
de criterios objetivos y de protocolos de control de calidad para la evaluación de los productos audiovisuales
consumidos por los públicos receptores. Estos protocolos de control de calidad que estamos elaborando en el
LAICOM tienen en cuenta los valores humanos, sociales y educativos de cualquier producto audiovisual y
pueden aplicarse a programas referenciales (vinculados a la realidad objetiva), programas de ficción
(telenovelas, series, etc.) e híbridos (concursos, programas infantiles, etc.).
Definiremos escalas de calidad y presentaremos las conclusiones de un estudio cualitativo realizado en el
seno del LAICOM (Laboratorio de Análisis Instrumental de la Comunicación de la Universidad Autónoma de
Barcelona) sobre los sistemas de control de calidad de los productos audiovisuales que emiten las cadenas
de televisión tanto públicas como privadas del Estado español.
Como primeras conclusiones podemos
avanzar que, en el momento de realización del estudio, los controles de calidad de las cadenas españolas se
limitaban a cuestiones técnicas antes y durante la emisión, y control de audiencias después de la emisión y
que el control de calidad se hacía de forma intuitiva y subjetiva. Tampoco existía ningún tipo de
infraestructura ni protocolos definidos de control de calidad. Asimismo, podemos concluir que los escasos
controles de calidad de los contenidos se hacían de forma personal por parte de los responsables de Área,
Jefes de Programación y Directores de Programas. Por lo que en esta comunicación plantearemos un
procedimiento de control de calidad de los productos audiovisuales basado en criterios científicos y
objetivos.
A digitalizacão da TV no Brasil: Rede Globo a pioneira
Ruth Vianna (UFMS)
Resumo: Como nascem as noticias? Quem toma as decisões sobre qual noticia será publicada? O que é a
notícia? Qual noticia é a mais importante? Quem são as fontes e qual é o seu papel? Como estão
organizados os jornalistas no mercado de trabalho? Como estão organizadas as redações jornalísticas nas
emissoras de televisão? Que idéia o público tem a respeito dos jornalistas? Quais são os estilos e formatos
utilizados? O tipo de tecnologia aplicado pelas empresas de comunicação influi no resultado final da
informação, ou em seu conteúdo? Como se agendam os produtores e editores da notícia televisiva? Enfim, a
quem cabe selecionar as informações que serão, ou não transmitidas? Como é a rotina de trabalho dos
produtores do telejornal, desde os diretores até os repórteres de rua e equipes de cinegrafistas? Que
tecnologia utilizam? Que metodologia, ou filosofia de trabalho empregam? Essas e muitas outras perguntas,
temas polêmicos do jornalismo eletrônico contemporâneo, principalmente com a globalização dos mass
media e com a digitalização da informação tem sido alguns dos pontos mais importantes de nossa pauta de
estudos em campo, ou seja, em nossa pesquisa sobre os participantes nas redações televisivas brasileiras e
espanholas. Pesquisa que em alguns momentos tem sido participativa e em outros não. Para ver por dentro
esta verdadeira fábrica de notícias, foi fundamental a percepção que adquiri nos anos em que trabalhava
regularmente neste mercado como produtora, editora, chefe de reportagem, assistente executiva de
programas informativos em algumas importantes emissoras brasileiras, como Rede Machete/Fortaleza-CE,
Rede Globo/Bauru-SP e Rede Bandeirantes/Cuiabá-MT. Em Campo Grande coordenamos e implantamos a TV
Universitária, além de gerenciar documentários científicos na afiliada à Rede Globo (TV Morena).
TV Mariano Procópio – “Cariocas- do- brejo” entrando no ar
Flávio Lins Rodrigues (UFJF)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo um breve estudo sobre a TV Mariano Procópio de Juiz de Fora, a
primeira emissora local, que existiu entre 1960 e 1965, afiliada à TV Tupi do Rio de Janeiro, que realizou
transmissões esporádicas ao vivo, para a região de Juiz de Fora, entre 1960 e 1963. Nosso foco é uma
análise dos telejornais de 5 minutos, que foram produzidos pela emissora entre 1964 e 1965, em película
e que seguiam prontos, de ônibus, diariamente para o Rio de Janeiro, de onde eram exibidos para todo o
estado do Rio e de Minas Gerais. Entendemos que os noticiários televisivos ao estabelecerem uma série de
enquadramentos e recortes sobre os acontecimentos que ocorrem diariamente, contribuem de uma forma
relevante para a imagem que construímos das cidades e de nós mesmos, no caso da TV Mariano Procópio, a
identidade que se construía dentro e fora da cidade, a partir da representação do “carioca-do-brejo” – como
são conhecidos os juizforanos – na TV. Devido ao pequeno número de aparelhos de televisão na época,
estes telejornais se transformaram em espetáculos públicos, nos bares e restaurantes de Juiz de Fora, que
paravam para ver o juizforano na TV.
Imagética germânica na construção do olhar fotográfico nos tempos do Estado Novo
Miguel Furtado Freire (UFF)
Resumo: O texto discute a estética fotográfica e cinematográfica do Estado Novo, o que estamos chamando
imagética germânica, que, segundo nosso entendimento, possui uma singularidade particular, atingindo a
plasticidade da fotografia e da cinematografia. No estado novo esse movimento de transversalidade da
imgem aparece re-siginficada e igualdo a um novo tempo marcado pela modernização. Que estética
fotográfica e cinematográfica existia nesse período? Como as representações políticas do regime foram
transpostas para uma nova estética fotográfica? Quais os elementos presentes nas representações
imagéticas da Alemanha Nazista figuravam também na imagética do Estado Novo?J
Do reality show Big Brother Brasil ao filme O Show de Truman: Qual é o verdadeiro “Grande
Irmão”?
ALBAN ÊZ, Julia n a de Olive ir a ; CAETAN O, Fe rna nda Alve s e JESUS, Jorda ne Tr inda de ( PUC M ina s
Arcos – MG)
Resumo: Na última década um fenômeno tornou-se tendência mundial e consolidou-se como um gênero
televisivo conhecido como reality show. Este novo gênero possui características próprias como a observação
e exibição de imagens nas quais indivíduos participantes promovem um “show de realidade”, a interação do
segmento com o público telespectador, a incitação à observação e etc. Os realit y shows surgiram
despretensiosos e acabaram tomando conta da mídia em geral. Várias temáticas foram desenvolvidas dentro
desses programas, que incluem desde a sobrevivência em ambiente selvagem até a disputa por perda de
peso. Mas como as audiências percebem esses segmentos televisivos? De que maneira eles influenciam a
sociedade contemporânea? Como as edições contribuem para a formação de opinião do telespectador para
com determinado participante? Estas são algumas questões que são levantadas ao longo deste trabalho. O
ponto de discussão principal deste estudo concentra-se em comparar dois formatos de realit y shows vistos
em mídias diferentes – cinema e televisão – no intuito de perceber qual dos dois se encaixa melhor no
formato de “Grande Irmão” concebido por George Orwell em seu livro 1984. É preciso lembrar que este
estudo compõe parte de um trabalho de monografia que ainda está sendo construído.
Historiando os Mass Media: o protagonismo televisivo rumo à informação e à educação.
SANTOS, Betânia Moreira dos (Universidade Federal da Paraíba /UFPB)
Resumo: O presente artigo trata, privilegiadamente, da histórica relação do homem, com o mundo não
humano, “o mundo das técnicas”, e com o mundo humano; para tanto, poremos no centro de nossa
focalização o extraordinário fenômeno dos meios de comunicação de massa, em especial a mídia televisiva,
e suas implicações na sociedade e na esfera educacional. Foi indispensável focalizar os m ass m edia,
fazendo-o de forma contextualizada e com análise de épocas, de forma que estudamos o midiático e
midiológico, pois buscamos conhecer o nosso objeto de estudo – a mídia televisiva – no seu processo
mudança. Enfim, neste breve escrito, não pretendemos esgotar tema tão extraordinariamente rico, mas
apresentar como que uma tomada em plano geral das relações entre mídia e educação, tendo em vista
outros desdobramentos em futuras reflexões.
A a sce n sã o d a m íd ia e v a n g é lica – u m con q u ist a p olít ica , e co n ô m ica e t e cn o ló g ica .
Heinrich Araújo Fonteles (PUC/SP e Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Resumo: O presente artigo tem por objetivo discutir a presença da mídia evangélica notadamente
televisiva, focando especificamente na cidade de São Paulo. O retrato que se pretende refletir pontua a
trajetória dos programas pioneiros até o boom atual com a presença marcante e quase onipresente dos
televangelistas contemporâneos. Neste percurso histórico apresentamos as estratégias assinaladas por estes
grupos religiosos, cujas ações gravitam em torno de uma Indústria Cultural que se firmava paralelamente à
constituição de alguns destes grupos midiáticos evangélicos. Valeremos-nos das reflexões de Renato Ortiz
acerca do projeto de modernização do nosso país e de Alexandre Brasil, sobre algumas dimensões políticas
desse processo, pois ambos projetam olhares reveladores sobre esta questão. Esta é uma parte da história
que precisa ser lida, compreendida e analisada, pois a presença marcante deste fenômeno é resultado de
algumas transformações que se entrelaçaram configurando esta questão a saber: o domínio da técnica, a
racionalidade econômica e o uso do poder político.
GT 8 – MÍDIA DIGITAL
Coordenação Geral: Walter Lima (FACASPER)
A a plica çã o da m ult im ídia n a const r uçã o de n a r ra t iv a s in for m a t iv a s e poé t ica s: o ca so do Por t a l
Cronópios
Egle Müller Spinelli (Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo)
Resumo: Esta comunicação pretende discutir a aplicação de linguagens hipermidiáticas no portal de
literatura e artes Cronópios (www.cronopios.com.br). Este portal se ramifica em diversos outros sites que
exploram os recursos multimídias na produção de formatos diferenciados: o Cronopinhos (site de literatura
para o público infantil), o Cronópios Podcasts (produção em arquivos de áudio), a Revista Mnemozine
(revista eletrônica que agrega diferentes linguagens – texto, foto, vídeo, animação), o Cronópios Pocket
Books (e-books) e a TV Cronópios (produção de vídeo e narrativas multimídias). A TV Cronópios veicula o
programa Bitniks, um espaço multimídia na internet que apresenta uma estrutura pouco explorada pelos
veículos de comunicação no Brasil. Com o formato de web-entrevista, o Bitniks apresenta uma preocupação
em estruturar uma linguagem específica para web ao contextualizar determinado autor/tema de uma
maneira mais aprofundada, por meio de um levantamento de material biográfico e crítico sobre o
entrevistado, depoimentos em vídeo de pessoas que de certa forma estão ligadas ao convidado, fotobiografia e textos utilizados para ampliar o conteúdo inicialmente captado no momento da entrevista. Dentre
todas as produções do site Cronópios, a TV e a Revista Mnemozine são os espaços em que mais se observa
à experimentação de narrativas multimídias informativas e poéticas, pela presente preocupação de
conservar a memória cultural e também servir como um banco de dados que possibilita a pesquisa de
informações.
Web 2.0 e Espaços Públicos Virtuais: uma análise comparada das conversações realizadas em
blogs e sites jornalísticos
CONSONI, Gilberto Balbela (UFRGS e UCPel)
Resumo: A comunicação mediada tem recebido uma atenção diferenciada dos pesquisadores desde que
possibilidades de maiores níveis de interação mediada passaram a surgir com a expansão da Web. Bertold
Brecht salientava nos anos 30 que o rádio deveria ser mais que um aparelho de distribuição. “Quer dizer:
isto se [o rádio] não somente fosse capaz de emitir, como também de receber”. Ou seja, naquela época já
existia a preocupação com que o ouvinte pudesse se relacionar com o conteúdo do meio. Thompson divide a
interação em três tipos: face a face; mediada (telefone); e quase mediada (MCM). As duas primeiras podem
ser associadas ao Nível 4 de interação de Lemos – a TV Interativa – pois os meios digitais podem possibilitar
um nível de interação mediada próxima à face a face que, segundo o Cubo da Interatividade de Loes de Vos,
seria uma conversação (Dialética). O presente trabalho tem por objetivo estudar essas formas de
conversação entre os interagentes, por partir da hipótese de que a maior participação do receptor, através
das caixas de comentários nos sites e blogs jornalísticos, poderiam contribuir com a socialização da
informação. Possibilitando, assim, diminuir o ponto de tensão entre o que “a coletividade gostaria de saber
e o que a instituição jornalística quer fazer saber” (Melo).
A aplicação das ferramentas da internet no jornalismo on- line do sudoeste baiano
SANTOS, Poliana Bomfim; CUNHA, Rodrigo Ferraz ;CARVALHO, Carmen (Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia – UESB)
Resumo: Este artigo apresenta uma análise sobre o jornalismo on-line praticado na segunda maior cidade
do interior baiano, Vitória da Conquista, localizada a 500 km de Salvador. Pretende-se identificar quais
características desse tipo de jornalismo (superficialidade, falta de apuração, temporalidade,
desmembramento das notícias, ou multimídia) são as mais aplicadas nos sites dessa cidade. Para tanto, foi
realizada uma análise de conteúdo durante uma semana nos cinco principais sites jornalísticos
(www.blogdoherzemgusmão.com.br,
ww.nucleouniversitario.com.br,
www.nildofreitas.com,
www.blogdopaulonunes.com e www.navegueaqui.com.br). Os resultados da pesquisa apontam que o
jornalismo on-line, no interior, apesar de ainda incipiente já utiliza as potencialidades da internet, levando
informação e até reflexão aos internautas.
Dos blogs aos microblogs: aspectos históricos, formatos e características
Gabriela da Silva ZAGO (Universidade Católica de Pelotas)
Resumo: Nos últimos três anos, passaram a surgir ferramentas de blogs mais simplificadas, voltadas para
postagens com limitações de tamanho, e muitas vezes associadas à idéia de mobilidade. Essas ferramentas
passaram a ser designadas como microblogs, na medida em que seguem algumas características dos blogs,
mas de forma simplificada. Assim, ferramentas como Twitter e Jaiku passaram a permitir atualizações
rápidas e curtas, o que facilita a integração com outras ferramentas digitais, em especial com dispositivos
móveis, como no caso do envio de atualizações por SMS. O presente trabalho procura traçar o caminho
percorrido do surgimento dos blogs até o advento dos microblogs, explorando histórico, formatos e
características de ambas as ferramentas. Além disso, tendo em vista que o blog seria um formato versátil,
cuja popularização do uso dependeu da existência de ferramentas de publicação, mas que não se restringe à
possibilidade de publicação apenas através de uma plataforma específica (Blood, 2003), discute-se, ainda,
as possíveis semelhanças entre a trajetória dos blogs e o caminho percorrido pelos microblogs até o
momento.
A evolução da mídia para digital não muda o que há na ponta das redes: o homem
SILVANA Aparecida de PAIVA Rodrigues (FAAC/UNESP - Bauru- SP).
Resumo: Do homem primitivo, mudo e analfabeto, até o homem do espaço, da televisão via satélite e da
internet, a comunicação humana passou por etapas bastante significativas. Corpo, fala, escrita, imprensa,
telecomunicações. Esta é, em resumo, a historia da comunicação humana cuja evolução tem como principal
característica ter sido mais cumulativa e integrativa do que substitutiva. Nenhuma etapa acabou com
aquela que a precedeu, ao contrário, incorporou-a. Talvez tenha passado de um estágio mais simples para
outro mais intrincado, mormente a comunicação contemporânea dos megabits. O fato é que o homem está
no centro dessa história, não há tecnologia que desfaça esta constatação. Não há como descartá-lo, mesmo
em se considerando a dimensão de espetáculo dada às inovações tecnológicas em detrimento do fator
humano. Na contramão da espetacularização atribuída aos meios modernos de informação e comunicação,
entendemos que a sociedade da comunicação não é aquela em que tudo se comunica, haja vista ser este o
esquema da sociedade da informação. Para o resgate da comunicação como agregadora de conhecimento,
entendemos também que haverá o retorno da História, das sociedades, das civilizações e das religiões, em
contraste com a vitória das tecnologias e da economia. Teremos que resgatar o outro com quem devemos
nos relacionar: este outro, o homem que está lá, na ponta da rede, seja qual for a tecnologia.
Breve história dos computadores e do ciberespaço: uma abordagem conceitual.
Pablo LAIGNIER (Universidade Estácio de Sá - UNESA)
Resumo: Este trabalho é uma comunicação científica (artigo escrito por docente/pesquisador) que analisa,
de forma breve, a história dos computadores e do ciberespaço. Fundamentais para uma compreensão tanto
do panorama atual da história das mídias quanto do panorama atual da comunicação social, os
computadores são ferramentas que passaram por mudanças consideráveis nos últimos 60 anos. De grandes
máquinas de calcular com finalidades militares até meios pós-humanos de imersão cognitiva, uma série de
dispositivos tecnológicos modificaram o caráter destes aparatos de forma a torná-los parte inerente da vida
de determinados grupos sociais. Assim, através da análise histórica dos principais dispositivos
computacionais surgidos entre as décadas de 40 e o período atual, o artigo procura estabelecer uma
classificação conceitual de diferentes fases na história dos computadores, sugerindo uma classificação
composta por quatro diferentes estágios: a fase inicial (ou militar); a da miniaturização; a da usabilidade; e
a da imersão. A análise histórica dos dispositivos tecnológicos e a proposta de uma classificação original
acerca da história dos computadores instauram uma discussão empírico/teórica que pode servir para outros
estudos futuros a respeito do tema.
A EVOLUÇÃO D OS PORTAI S COM UN I CACI ON AI S COM O I N TEGRAD ORES D E I N FORM AÇÃO EM
TEMPO REAL NA MÍDIA DIGITAL
Robe r t o Gondo M a ce do ( Fa culda de de M a uá – FAM A – SP) E Ja r ba s Tha una hy Sa nt os de Alm e ida
(Faculdade de Mauá – FAMA – SP e Universidade Federal do ABC)
Resumo: O mundo digital, mais precisamente o conceito de transmissão de dados em tempo real obteve
uma evolução acentuada nos últimos dez anos. As mídias que convergiram para esses recursos tecnológicos
agregaram velocidade na informação e um ambiente mais dinâmico com um perfil de usuário mais exigente
e pró-ativo. O objetivo do artigo é de explanar como o processo evolutivo da rede de computadores Internet
fomentou a criação de portais de grande porte com a inclusão de diversos serviços em tempo real, como
boletins eletrônicos e jornais que não apenas reproduzem notícias, mas que criam sua própria linha editorial.
Para tal análise, o artigo focará a análise de dois portais brasileiros que oferecem conteúdos em tempo real,
sendo os portais IG e UOL, sendo prioridade a descrição e apresentação dos principais meios de interação
com o usuário, finalizando o mesmo com um panorama á médio prazo de inovações no cenário tecnológico
digital.
Blogs: mapeando um objeto.
Adr ia na Am a r a l ( Unive r sida de Tuiut i do Pa ra ná ) , Ra que l Re cue r o ( UCPe l/ Unisinos) e Sa ndr a
Portella Montardo (Feevale)
Resumo: Dez anos após o surgimento dos blogs, percebe-se que esta ferramenta tem sido objeto de
pesquisa a partir dos mais variados aportes teóricos e metodológicos. Em decorrência disso, até mesmo
conceitos e definições a seu respeito nem sempre coincidem nestes estudos. Frente a isso, este artigo
consiste em um levantamento das vertentes de estudos sobre blogs no Brasil e no mundo, no sentido de:1 )
propor um breve histórico dos blogs; 2)classificar conceitos e definições de blogs; 3) levantar metodologias
para o estudo de blogs e 4) apontar a abrangência dos usos dos blogs. Este estudo se justifica pela
pertinência em se entender a surpreendente permanência desta ferramenta de comunicação mediada por
computador no dinâmico ambiente web.
Modelo de Negócios em Mídia Digital: Os videogames
Cristiano Max Pereira Pinheiro (Feevale / RS) e Marsal Ávila Alves Branco (Feevale / RS)
Resumo: Diversos fatores tencionam os processos de planejamento, criação e produção de conteúdo
digital. Entre eles, um dos mais importantes remete aos modelos de venda e distribuição de mídia digital:
não apenas no que diz respeito aos formatos adotados, mas também na relação delicada que os fenômenos
da pirataria industrial, a pirataria em rede e a facilidade de cópia (backups) adicionam ao cenário, chegando
às vezes a alterar definitivamente processos de produção consolidados há décadas, como, por exemplo, o da
indústria fonográfica. Através da Internet, o Brasil - que não possui distribuição oficial de diversas
produtoras de conteúdo -, permite a comercialização legal ou ilegal através de distribuição digital. Este
ensaio tem como objetivo investigar os modelos de negócios (históricos e atuais) propostos pelos
videogames para distribuição de conteúdo digital e apontar as tendências de hibridação com outras mídias
digitais.
COLETIVIDADE DIGITAL; UM PARADOXO CULTURAL NA HISTÓRIA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Gisela Pascale de Camargo Leite
Resumo: Esse trabalho levanta as questões contraditórias da “desconexão” entre as situações de
comunicação em que o homem e sua cultura são valorizados e aquelas em que são desprezados. O “digital”
passou a ser um gênero da nossa cultura acompanhado de múltiplas conquistas, incertezas e desafios.
Agora as questões envolvidas estarão sempre ligadas à dependência cada vez maior das infoestruturas e
sucessivamente de seus detentores, à perda total ou parcial da identidade cultural adquirida durante
séculos, à tendência de simulação constante da realidade, ao distanciamento nas relações humanas, ao risco
de incompatibilidades (principalmente nos países em desenvolvimento) e principalmente à construção ética
de seu uso. Mas, por outro lado, apostar nesse cenário é explorar futuros redefinindo necessidades nunca
antes vistas no cotidiano das pessoas e poder usufruir ou pelo menos desejar a tão antropologicamente
sonhada modernidade.
INTERFACES DE ESQUECIMENTO: TEMPO- REAL NO SKYPECAS
Icaro Ferraz Vidal Junior (UFF/FAPERJ)
Resumo: A fim de contribuir para uma genealogia da tecnocultura contemporânea, nos detivemos nos
deslocamentos históricos entre práticas e sentidos, que atravessam os fenômenos cognitivos da memória e
do esquecimento. Partimos do inovador conceito de memória, desenvolvido por Henri Bergson em Mat éria e
memória, obra de 1896, e da perspectiva nietzscheana do esquecim ent o com o força inibidora at iva como
contrapontos às perspectivas sobre memória e esquecimento que se tornam hegemônicas na
contemporaneidade e ao estatuto que articula tecnologias digitais de comunicação à gestão destes processos
cognitivos. Propomos uma análise da interface do espaço destinado à ciber-sociabilidade chamado
Skypecast, disponível no software de comunicação Skype, que leve em conta a natureza histórica dos
regimes de temporalidade e sociabilidade que tal interface implementa.
Apont a m e n t os sobr e a hist ória do conce it o de not ícia no Bra sil – da im pre nsa colonia l a os blogs
políticos
Larissa de Morais Ribeiro Mendes (PPGCOM- UFF)
Resumo: Ao longo da história do jornalismo, o conceito de notícia não foi sempre igual ao que conhecemos
hoje. No Brasil, nos anos da imprensa colonial, informação e opinião não eram vistos como conteúdos
distintos; ambos faziam parte das notícias veiculadas pelos jornais. Mais adiante, na maior parte do período
imperial até o fim do século XIX, predominou um formato mais literário, onde também cabia ao jornalista se
posicionar sobre os fatos dos quais tratava. Foi só a partir dos anos 1950 que as notícias de cunho
informativo passaram a predominar e a opinião tornou-se um conteúdo isolado em espaços específicos dos
jornais. A história do conceito de notícia é, neste ensaio, um caminho para a compreensão das narrativas
dos blogs jornalísticos de política – onde opinião e informação caminham novamente juntos, em textos sem
normas definidas – como tema relevante de estudo do campo do jornalismo. Notas e pequenas matérias dos
blogs dos jornalistas Jorge Bastos Moreno, Ricardo Noblat e Josias de Souza são postos em diálogo com
textos de época do jornalismo brasileiro, na tentativa de estabelecer pontos de encontro e de desencontro
entre o jornalismo de ontem e de hoje.
[Ab] usos Virtuais: Mídia e Imagem na Arte.
Martha Myrrha Ribeiro Soares (Universidade Cândido Mendes. Rio de Janeiro)
Resumo: Histórico e panorama do atual estado das novas mídias e suas implicações na arte. Análise da
convergência entre a imagem e a mídia a partir do paradigma da virtualidade. A experiência sensorial da
arte imersiva e a função representativa da arte sob um olhar multidisciplinar. O tempo e o espaço histórico
em realidades mistas. Apresentação de estudos de casos em ações sociais e culturais.
Lan houses: a defesa do olhar do jovem na discussão sobre inclusão digital
CARVALHO, Olívia Bandeira de Melo (PPGCOM- UFF)
Resumo: O surgimento das lan houses é um fenômeno recente. A idéia surgiu nos Estados Unidos em 1995
e, três anos depois, a primeira lan house brasileira foi aberta em São Paulo. Hoje, especula-se que existam
milhares desses centros de acesso pago ao computador espalhados pelo Brasil, mas não há ainda dados
precisos sobre isso. O número de lan houses tem crescido principalmente em comunidades de baixa renda e
já desperta uma polêmica: para alguns autores, esse fenômeno está promovendo a inclusão digital no
Brasil, enquanto outros acreditam que somente os telecentros públicos são capazes de incluir a população
na sociedade midiatizada que caracteriza nossos dias. Em sua maioria, os usuários das lan houses e dos
telecentros são jovens, e as discussões sobre a inclusão digital em geral desconsideram a cultura e a
identidade própria desse segmento da população e negam o entretenimento como fator de inserção social.
Em fase inicial de pesquisa etnográfica com freqüentadores de lan houses de favelas do município de Niterói,
este trabalho pretende defender a necessidade de se considerar a perspectiva dos jovens na discussão sobre
o acesso à tecnologia, levando em conta o consumo em sua lógica simbólica e não como mero utilitarismo.
Inferno, Purgatório ou Paraíso? Narrativas da morte na mídia digital
Renata REZENDE (PPGCOM – UFF)
Resumo: O presente trabalho refere-se ao estudo da morte e suas transformações a partir do surgimento
de tecnologias midiáticas. Analisando especificadamente a comunidade virtual de mortos do Orkut, Profiles
de Gent e Mort a, objetivamos demonstrar como a Internet, por meio de diversas ferramentas de
comunicação, modificou o estatuto do corpo e, na contemporaneidade, apresenta uma outra possibilidade de
pensar a morte e os mortos. Em um breve percurso pela “história da morte no ocidente”, nos apropriando
do título do livro de Philippe Áries (2003), faremos uma articulação da representação da morte medieval na
Divina Comédia, do poeta italiano Dante Alighieri, à morte midiática, tecnológica, das comunidades virtuais,
levando em conta os conceitos de narrativa, memória e esquecimento.
M ot or e s de busca con ve nciona is X W e b Se m â nt ica : e st udo de ca so com pa r a t ivo a plica do e m
blogs
Sandra Portella Montardo (Feevale) e Priscila Maciel da Rosa (BIC Feevale)
Resumo: Partindo-se do entendimento de que os blogs podem ser vistos como objetos de percepção e
análise de risco para a imagem das organizações, torna-se pertinente a investigação sobre a busca de
informações nessas ferramentas. Nesse sentido, este artigo traz um estudo comparativo entre as buscas
possíveis em blogs a partir de motores de busca convencionais (Pesquisa Google de Blogs e Technorati) e e
da Web Semântica, por meio da construção de uma ontologia. Para este estudo, a marca selecionada foi o
Iphone, supertelefone lançado pela Apple em 2007. Percebe-se que a busca proporcionada pela Web
Semântica é mais refinada no sentido de permitir a construção de relações entre os termos pesquisados, o
que pode garantir vantagem competitiva para a organização que se vale dela ao conferir agilidade na
tomada de decisão em caso de crise da imagem da organização.
O BRASIL E AS DISPUTAS NA CÚPULA DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO (WSIS)
Sergio Amadeu (Cásper Libero)
Resumo: O paper trata do resgate histórico da participação do governo e da sociedade civil brasileira na
Cúpula da Sociedade da Informação, ocorrida em Genebra, em 2003, e, em Tunis, em 2005. A partir de um
conjunto de entrevistas, o texto busca reconstruir o caminho da consolidação das posições brasileiras,
principalmente, a defesa de um novo modelo de governança da Internet e a declaração oficial da
importância do software livre para as políticas de inclusão digital.
Liguem seus celulares no cinema: Breve história, linguagem e perspectivas
BESSA, Márcia (Universidade CCAA) e OLIVEIRA, Wilson Filho (Universidade Estácio de Sá)
Resumo: Esse artigo pretende compreender o status da produção e distribuição de filmes para e com
celulares no Brasil. A idéia é criar um cenário dos projetos advindos com essa nova tecnologia que
representa passo importante para compreender uma nova arte nascedoura na pequena tela dos telefones,
usados cada vez menos como veículo da voz e cada vez mais como espaço da escrita fonética ou da escrita
da luz e da imagem. Projetos como o “Humanóides”, de Rosana Svartman, sessões como a Pocket films em
festivais de cinema, dentre outros começam a criar uma nova possibilidade de pensarmos a recente história
das imagens nos celulares. Narrativo ou experimental, um novo cinema em uma nova mídia surge para
desafiar mais uma vez a arte das imagens em movimento. Um trem saiu da Estação e com alguns aparelhos
na mão, o homem comum se torna agora um novo produtor de imagens em potencial. A televisão já parece
ter percebido a facilidade e a novidade da nova mídia digital de imagens e sons. Programas na MTV e no
Multishow e o próprio telejornalismo investem nas imagens captadas por celular. Acreditamos que é na
posição do cinema frente a esse novo meio, que uma linguagem e novas possibilidades sensoriais podem
aparecer.
O jogo eletrônico vai ao cinema: o Machinima
Maira Gregolin (Unicamp)
Resumo: Este artigo propõe investigar um novo tipo de mídia digital: o Machinima. Do inglês machine e
animation, Machinima é, conceitualmente, tanto um filme feito a partir de jogo eletrônico, quanto um
processo de produção. Ainda, pode ser pensado como um novo produto, que nasce dos sistemas híbridos e
complexos, propiciam novas poéticas e convergem para a estética da interatividade, incorporação e imersão,
palavras-chave que tornam visível a articulação dos sujeitos com as linguagens maquínicas. Tendo como
base discursos que analisam o aparecimento de novos produtos culturais que afetam em todos os sentidos a
sociabilidade contemporânea, este trabalho parte dos seguintes questionamentos: a) em termos de
produção, como se dá a relação entre o Machinima e os gêneros que estão na sua base (jogo eletrônico /
filme)?; b) quais os efeitos da hibridização de gêneros e de técnicas na arquitetura do Machinima? c) quais
deslocamentos a tecnologia digital do Machinima provoca na produção fílmica?
Governo eletrônico, comunicação e linguagens digitais
Júlio César COELHO (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: O trabalho integra o projeto da dissertação de mestrado “Governo eletrônico (e-Gov) e cultura
digital como instrumentos democráticos na Prefeitura de Juiz de Fora”. O ponto central desta pesquisa é o
aproveitamento das Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação (TD-CIs), com ênfase no uso da
Internet, no portal da Prefeitura de Juiz de Fora, levantando as possibilidades e limites de promoção da
democracia e da cidadania por intermédio da ampliação e consolidação do e-Gov, bem como suas
implicações no desencadeamento da Cultura Digital e suas relações com a sociedade. A questão central é: o
e-Gov proporciona uma maior equidade, possibilitando a criação de um espaço comum, ou redefine a
cidadania através de um novo crivo, o da acessibilidade? Este artigo é um recorte do objeto de estudo com
objetivo de relacionar o cenário de impacto dessas novas tecnologias, com ênfase na comunicação e nas
linguagens não-lineares, como a web 2.0 e o hipertexto e a hipermídia, que provocam transformações no
pensamento humano e são ferramentas essenciais na relação do e-Gov com o cidadão, a sociedade e os
próprios interagentes da administração pública. Assim, de que forma a comunicação e as linguagens digitais
podem integrar o e-Gov e mudar as relações no serviço público?
Fa t or e s e st r ut ur a nt e s da s com u nida de s vir t ua is pione ir a s pe r m a ne ce m com o e le m e nt os
primordiais nas redes sociais conectadas
Walter Teixeira Lima Junior (Cásper Líbero)
Resumo: As comunidades virtuais, na atualidade, figuram como instrumentos tecnológicos de comunicação
on-line de sucesso na sociedade contemporânea conectada. Porém, as comunidades virtuais pioneiras como
a WELL e a de troca de informações sobre o Câncer da Compurserv, entre outras, foram as primeiras a
testar empiricamente estruturas e ferramentas para manter seus usuários motivados e colaborativos. O
trabalho analisa os fatores estruturantes das comunidades virtuais pioneiras que permanecem como
elementos primordiais nas redes sociais conectadas.
PERSPECTIVAS MERCADOLÓGICAS DA TELEVISÃO DIGITAL
Luiz Felipe Domingos Silva (Centro Universitário de Belo Horizonte)
RESUMO: Este artigo é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-graduação lat o sensu “Criação
e Produção em Mídia Eletrônica – Rádio e Televisão” oferecida pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. O
trabalho tem como objetivo expor as possibilidades de se explorar mercadologicamente a televisão após a
adoção do sistema digital de transmissão. Foram reunidas as opiniões de vários autores e jornalistas que
exercitam suas conjecturas a respeito do novo cenário da indústria de mídia. O resultado traz hipóteses
sobre as oportunidades e os desafios da instância produtora de conteúdos diante das mudanças tecnológicas
e culturais advindas da emergência de um novo meio: a TV digital.
Mídia, História e Informática: banco de dados, imprensa e pesquisa histórica.
Daiana de Souza Andrade (UFF)
Resumo: A renovação nas formas de pensar e fazer história transformou o estatuto da mídia impressa
como fonte, indício tão usado, mas pouco problematizado. Assim, uma nova abordagem histórica incorporou
os periódicos, tanto como indícios do passado, mas também como objeto de estudo. No marco dessa
renovação, o projeto - Memórias do Contemporâneo: Narrativas e Imagens do Fotojornalismo no Brasil do
Século XX, voltado para o estudo da produção fotojornalística no século XX, definiu como base de apoio a
elaboração de um banco de dados que desse conta do mercado editorial de publicações periódicas – as
conhecidas revistas ilustradas. Constituímos assim, uma ferramenta que armazenasse as informações dos
periódicos, para contemplar o todo do impresso e não só uma parte dele. Neste sentido, desenvolvemos um
banco de dados, provisoriamente em base Excel (Microsoft Windows), para acessar dados do referido
projeto, sendo ele também um auxílio à pesquisa de outros estudiosos da imprensa. Nesta apresentação
tenho como objetivos apresentar esse banco de dados, refletir sobre as suas vantagens e possibilidades
discutindo o uso da informática na pesquisa histórica. Utilizaremos também a análise das informações já
consolidadas para traçar um panorama quantitativo e qualitativo da imprensa no Brasil de 1930-60.
Sistema Brasileiro de Televisão Digital: o princípio e o fim
Lívia BERGO (Universidade Federal de Juiz de Fora, MG)
Resumo: A TV Digital acaba de ser implantada no Brasil e aos poucos, o novo sinal será disponibilizado em
todo o território nacional. Mas essa inovação representa de fato uma mudança significativa na forma como a
população se entretém? Todos os recursos exaltados por seus entusiastas estarão realmente à disposição
dos brasileiros? Para entender esse processo, o presente trabalho busca as raízes da vida digital, que tornou
possível a digitalização de tudo ao nosso redor, a transmissão de dados na velocidade da luz e a tão
anunciada convergência. Já há alguns anos, textos, sons, imagens, vídeos, tudo o que é processado em um
computador é transmitido através da linguagem binária, que se tornou o código universal de transmissão de
dados, criando potencialmente a possibilidade de levar-se, de um lado a outro do globo, gigantescas
quantidades de informação. Essa forma de transmissão, ao mesmo tempo em que tornou possível o
surgimento da TV Digital, também estimula cada vez mais o processo de convergência. Em meio a muitas
dúvidas e sob o risco de já nascer obsoleto, o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T)
trará melhor qualidade de áudio e imagem, porém nenhuma possibilidade de interatividade. E a experiência
de outros países indica claramente um iminente fracasso.
FI LM E A VI D A V OCÊ TAM BÉM ! Apont a m e nt os sobr e or ige ns e t e ndê ncia s dos víde os na
cibercultura
GABRIEL GESUALDI MALINOWSKI (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE / UFF- RJ)
Resumo: A fim de se alavancar fontes para se estudar as novas formas de conceber, divulgar e narrar
vídeos por telefones celulares, máquinas e filmadoras digitais, esse estudo pretende apontar para algumas
mudanças ocorridas nas últimas décadas que contribuíram para esse novo regime de imagens, o qual parece
estar pautado por uma nova lógica entre o homem e a técnica. Visa-se assim, pensar em alguns
agenciamentos formados nas últimas décadas que passaram a fomentar esse novo quadro. Uma confluência
de mudanças culturais e tecnológicas que, mutuamente, teriam permeado esse quadro atual onde tudo se
torna imagem (vide os vídeos da morte de Saddam Hussein, da tragédia de Virgínia Tech, o vídeo de Daniela
Cicarelli, aliados aos vários vídeos íntimos, cotidianos, artísticos ou banais que abarrotam sítios de
relacionamento, como o Orkut e o YouTube). As metáforas homem-máquina da ficção científica (cinema,
literatura, etc), o ensejo crescente de tocar a técnica, a profusão e incremento das formas sociais de
espetáculo. Tais proposições seriam algumas dessas possíveis mudanças. A partir delas, pretende-se fazer
uma historicização que revele ou aponte formas de se entender tal lógica entre o homem, as máquinas e as
imagens “cotidianas” da contemporaneidade.
Ana e Mia na “nova” rede: comunidades reúnem anoréxicas e bulímicas na Web 2.0
Vanessa Alkmin Reis (Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF)
Resumo: O artigo pretende, através de uma contextualização histórica, situar o movimento pró-anorexia e
pró-bulimia difundido na Internet como um dos fenômenos característicos da cultura contemporânea, em
muito pautada pela velocidade dos fluxos de informação e pela organização em rede. Partimos de um
mapeamento cronológico da Internet, desde seu surgimento aos dias atuais, com a chamada Web 2.0. Em
seguida, procedemos a uma descrição do movimento pró-ana e pró-mia, através de pesquisa empírica em
diversos sites e comunidades virtuais. Por fim, efetuamos uma análise deste fenômeno, enfatizando sua
relação com a rede e a cultura que proporcionaram seu desenvolvimento e expansão. Deixamos ainda
questionamentos pertinentes à continuidade do trabalho, que é parte da pesquisa para a elaboração de
dissertação de mestrado na linha de pesquisa Tecnologias da Comunicação.
Construindo o Carnaval Virtual: um relato do desenvolvimento de um CD- ROM
Roberto Tietzmann (PUCRS)
Resumo: O CD-ROM "Carnaval Virtual no Rio de Janeiro" foi desenvolvido pela empresa gaúcha Allure
Multimídia entre os anos de 1996 e 1997. Um híbrido de guia turístico e guia de experiência interativa pelo
evento carioca, o software multimídia revelou-se um produto de realização complexa, difícil conclusão e
mais difícil ainda comercialização, falhando em alcançar o mercado brasileiro e deixando a empresa sem
recursos para chegar ao mercado estrangeiro. O CD-ROM trazia diversas interfaces animadas, pautadas por
conceitos inovadores no mercado brasileiro da época. Em um relato de primeira mão do processo, o autor do
texto recorda seus papéis de produtor de conteúdos fotográficos, videográficos e de diretor criativo do
processo, analisando as interfaces onze anos depois de sua programação original.
A construção do imaginário futuro na mídia brasileira
Francisco Menezes Martins - UTP/FEEVALE e Paula Jung Rocha - FEEVALE/ESPM- RS
Resumo: O texto propõe a análise de publicações (impressas e eletrônicas) cuja temática é a construção do
imaginário do futuro através da divulgação de novos aparelhos/tecnologias e práticas sócio-culturais a partir
dos mesmos. A perspectiva teórica se enquadra nos estudos em cibercultura através da sociologia do
imaginário e da filosofia da comunicação.
Por uma história do jornalismo digital: algumas considerações
Edm u ndo M e nde s Be nigno N e t o - Ce nt ro de Ensino Supe r ior de Juiz de For a ( CESJF) e Fa culda de
Estácio de Sá - Juiz de Fora (FES- JF)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo traçar uma breve história do jornalismo digital - com atenção
particular para o aspecto visual - apresentando conceitos e características do jornalismo a partir do
momento em que seus textos e imagens foram digitalizados. Diferenças entre jornalismo digital, jornalismo
on line e webjornalismo são apontadas e propõe-se, ainda, uma nova classificação a respeito das fases de
implementação do jornalismo digital tendo como referência a utilização de recursos visuais permitidos pelo
ambiente hipermidiático. As novas fases seriam: transposição incompleta, transposição plena, multimídia
incompleta, multimídia inteligente e reposição.
GT 9 – MÍDIA ALTERNATIVA
Coordenação Geral: Karina Woitowicz (UEPG e UFSC)
Humor, Participação e Engajamento Político na Imprensa Alternativa
Maria da Conceição Francisca Pires (Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro).
Resumo: A proposta é apresentar uma análise visual e discursiva da produção humorística presente em
jornais e revistas ilustradas, no século XIX e XX. Através do exame desse material pretende-se: 1) discutir o
modo como o humor esteve atrelado à formação e difusão de uma cultura política; 2) destacar a narrativa
humorística como um instrumento de ação política utilizado pelas múltiplas vozes que compõe de maneira
plural a arena política. Buscar-se-á analisar e valorizar a ação engajada do discurso humorístico,
percebendo-o ora como instrumento de ação política, ora como construtor de um sentimento de pertença
política entre sujeitos que não faziam parte das instituições políticas formais. Ressaltam-se também como
objetivos da exposição colocar em relevo os estudos voltados para as culturas políticas e sociabilidades
produzidas em torno do humor; estimular discussões teóricas e conceituais voltadas para a temática
história, humor e imprensa e sobre os métodos e técnicas de pesquisa com recursos visuais.
Vozes do corde l: os cir cuit os da com un ica çã o popula r e n t re o ora l e o im pre sso, a t r a diçã o e a
modernidade (1900 – 1930)
Sylvia Regina Bastos Nemer (FCRB- RJ)
Resumo: A partir do seu surgimento no final do século XIX, o folheto de cordel assumiu um importante
papel como veículo de comunicação, abrindo para a população pobre das capitais do Nordeste e do sertão
nordestino oportunidades de acesso a informações antes restritas aos segmentos mais intelectualizados da
sociedade brasileira, consumidores de jornais e revistas. Através do folheto, impresso nas grandes cidades e
distribuído em quase todas as localidades do interior nordestino, regiões isoladas, até então, excluídas do
processo de circulação de informações, começaram a receber notícias sobre fatos da história local, nacional
e internacional e a experimentar o consumo de imagens, exibidas nas capas dos folhetos que eram expostos
ao público leitor e/ou ouvinte pendurados em barbantes nas feiras, mercados e outros espaços de grande
fluxo de pessoas. Diferente das mídias impressas convencionais, voltadas para a comunidade leitora, o
folheto, para além desta, voltava-se para a população analfabeta que ouvia as histórias narradas pelos
poetas ou mascates e as passava adiante, fazendo girar, em torno do eixo oral/escrito, o círculo da
comunicação popular.
“Um he r ói de dois sé culos” – o luga r do j or na l A M a n h a e de Apa r ício Tor e lly na m e m ór ia do
jornalismo carioca
Bruno Fernando Castro (UFRJ e CPDOC/FGV).
Resumo: Esse trabalho chama a atenção para as características do jornal A Manha e a relação com o seu
contexto. Período no qual a literariedade, a política e o humor no jornalismo moderno teriam de ser
separados editorialmente da notícia, objetiva e pretensamente imparcial. Para a efetivação desses valores e
o posicionamento em distinção ao que se fazia no jornalismo de então – tomando o campo jornalístico
enquanto uma comunidade discursiva – foi preciso, além das grandes mudanças que realmente o
jornalismo passou, trabalhar a construção de uma memória do jornalismo brasileiro coerente com o projeto
que os agentes hegemônicos do campo jornalístico queriam efetivar.
Muitas vezes o problema da memória manipulada é construído em locus de fragilidade de identidades, o que
provoca abusos de memória. E como a identidade daquele jornalismo anterior à década de 1950 ainda era
frágil, podemos dizer, conceitualmente, que houve abusos dessa memória, manipulando-a através do
esquecimento, buscando construir uma identidade para o campo jornalístico. E o nosso objetivo aqui é
traçar o lugar de A Manha e de Aparício Torelly nesse processo, procurando perceber as múltiplas formas
como este aparece discursivamente e em atos.
Páginas que resistem - A imprensa feminista na luta pelos direitos das mulheres no Brasil
Karina Janz Woitowicz (Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR e UFSC).
Resumo: Com muitos embates, disputas, ganhos e perdas, o movimento feminista no Brasil foi
incorporando, ao longo de sua trajetória, a luta pela conquista e pela efetivação dos direitos das mulheres
nos campos da política, do trabalho, das condições de vida, da autonomia reprodutiva, da sexualidade, entre
outros em que ser mulher implicava no enfrentamento de situações de opressão. A partir do final dos anos
1970, quando estas lutas acontecem de forma orgânica e o movimento de mulheres busca formas de
expressar sua legitimidade, as feministas reconhecem a necessidade de criar veículos de comunicação
capazes de disseminar os ideais do movimento e servir como espaços de articulação e debate entre as
mulheres, em plena ditadura militar. Para compreender a tematização das lutas feministas na mídia
alternativa – a partir dos jornais Brasil Mulher (1975-1979), Nós Mulheres (1976-1978), Mulherio (19811987), entre outros – o presente texto procura voltar o olhar para a história do feminismo no Brasil e para
as diferentes formas de apropriação dos espaços de comunicação, que são aqui entendidos como lugares
estratégicos de um dizer – e de um fazer – feminista.
Um a e x pe riê ncia de rá dio com u n it á ria nos a nos 1 9 4 0 / 6 0 e m Pont a Grossa / PR – A Re de Alt o
Falantes como espaço de prestação de serviço público
Sérgio Luiz Gadini (Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG/PR).
Resumo: O texto conta a história de uma experiência de radiodifusão no interior do Paraná que, entre os
anos 1940 e 60, foi marcada pela prestação de serviço comunitário: a Rede de Alto Falantes dos Campos
Gerais, a RAF. A iniciativa registrada na cidade de Ponta Grossa – num momento em que a radiodifusão
comercial de amplitude modulada era incipiente, e a TV ainda não existia – operou ainda como uma
importante 'escola' para profissionais que iniciaram suas atividades na 'emissora'. Mesmo com um caráter
comercial, veiculando anúncio publicitário, a RAF atuava basicamente na lógica da prestação de serviço,
lazer, informação e entretenimento.
História da imprensa de bairro porto- alegrense
Beatriz Dornelles (PPGCom/PUCRS)
Resumo: A partir do levantamento de 31 jornais de bairro que circulam em Porto Alegre, no período de
2004 a 2007, pretendemos elaborar a história deste segmento da imprensa local, trazendo para a teoria a
prática do jornalismo comunitário, os critérios de seleção da notícia e a forma de produção destes jornais.
Apresentaremos características da administração, comercialização, distribuição e produção editorial, além de
traçarmos um perfil de cada jornalista-proprietário dos jornais de bairro.
Jornais contra visões hegemônicas
Nilo Sergio Gomes (Jornalista e pesquisador. Rio de Janeiro).
Resumo: Até agora temos aceitado, quase tacitamente, sem discussão, o conceito de imprensa alternativa
como que resultante agregado, originário do contexto histórico da última ditadura militar, de 1964-85. Nesta
comunicação buscaremos alargar esta conceituação, para compreender a imprensa alternativa como aquela
ferramenta de luta política para o combate ao pensamento dominante de uma época determinada,
historicamente, que não aceite as diversidades, as diferenças... Em se tratando de imprensa, haverá sempre
denúncias e alinhamentos, sempre uma oposição a fazer. Afinal, a imprensa nasceu fazendo oposição, como
escreveu Scliar (1996). Assim, daremos um salto ao período brasileiro da Independência, destacando três
jornais que, entre 1822 e 1824, especialmente, defenderam idéias de um pensamento não-dominante, até
mesmo porquanto demasiadamente desconhecido e novo: o republicanismo. Refiro-me aos jornais Correio
do Rio de Ja ne iro, de João Soares Lisboa, Se nt ine la da Libe r da de na Gua r it a de Pe r na m buco, de
Cipriano Barata, e Thyphis Pe r na m buca no, de Frei Caneca. Em um outro salto, estaremos no segundo
semestre de 2006, nas eleições presidenciais, período de disputas políticas. Foi através de conteúdos,
denúncias e reportagens produzidas por mídias alternativas, como internet e revista tipo Cart a Capit al, que
se pôs em dúvida a “narrativa” de uma seqüência de episódios relatados pela mídia hegemônica, quase
sempre com o escancarado propósito de produzir sentidos favoráveis a um dos candidatos: o que perdeu.
Ativismo e Política no Jornalismo dos Centros de Mídia Independente no Brasil
Christian Miguel da Silva (UEPG/PR); Larissa Sartori (UEPG/PR,); Kelly Prudêncio (UEPG /PR).
Resumo: A pesquisa tem como objeto de estudo a forma pela qual o site nacional do Centro de Mídia
Independente (CMI) constrói uma linguagem que combina jornalismo com ativismo sem, contudo, tornar-se
alternativo. Conceitos como ativismo, independente e alternativo são abordados na política do site, mas não
são aplicados na prática, o que permite uma análise das contradições existentes na política editorial do
coletivo. Apesar do posicionamento das matérias ser contrário ao da grande mídia, o CMI trata dos mesmos
assuntos encontrados nos seus “adversários”. Embora se proponha um espaço aberto, o que se verifica é a
falta de transparência quanto ao processo de produção da notícia, na medida em que seus produtores se
recusam a dar entrevistas. Criado em 1999, em meio às manifestações contra a reunião da Organização
Mundial do Comércio, em Seattle, EUA, o CMI proliferou-se rapidamente no mundo inteiro
(www.indymedia.org). No Brasil são doze coletivos que mantêm listas de discussão, as quais alimentam o
site nacional (www.midiaindependente.org).
Tapejara - apolítico e independente: Porta- voz do primeiro centro cultural de Ponta Grossa
Marianna Lays Bueno da Silva (graduanda UEPG/PR); Patrícia Augsten (UEPG/PR).
Resumo: O texto resgata a história e a significação cultural e educacional do jornal Tapejara, que circulou
na cidade de Ponta Grossa - PR entre 1950 e 1976. O impresso buscava dar vazão ao discurso oficial do
Cent ro Cult ural Euclides da Cunha e às idéias dos intelectuais que se reuniam na entidade. O standart teve
24 edições em 26 anos de existência e procurou divulgar a mensagem euclidiana no Brasil e na América
Latina. Seus textos eram literários, sua produção era independente e destinada a intelectuais; não defendeu
uma visão política e nem possuía propagandas. As questões centrais do veículo se resumiam em cultura,
vida e obra de Euclides da Cunha, indianismo e nacionalismo.
O referido estudo envolve uma pesquisa sobre a vida da importante figura intelectual de Ponta Grossa e
idealizador do Tapejara, Faris Michaele; pontos principais do movimento euclidiano e uma análise da
instituição Cent ro Cult ural Euclides da Cunha. Também apresentaremos características significativas sobre a
linha editorial, público-alvo, linguagem, composição do texto, temas abordados, periodicidade, perfil
organizacional, discurso cultural e científico e a sua influência na sociedade intelectual.
O alternativo na Comunicação: aplicações e refinamentos do conceito
Henrique Moreira Mazetti (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Resumo: Pretende-se investigar, aqui, como o caráter de alternatividade tem sido conceituado, aplicado e
refinado em diferentes termos por especialistas e pesquisadores brasileiros nas últimas décadas. A partir de
uma pesquisa bibliográfica, são identificados três principais paradigmas que se erigiram ao longo dos anos
na tentativa de apreender os fenômenos da comunicação alternativa: 1) o conceito de im prensa alt ernat iva,
utilizado para descrever as experiências jornalísticas típicas dos anos 1960 e 1970; 2) a emergência da
noção de com unicação popular na década de 1980, empregada para caracterizar manifestações
comunicacionais que dão suporte aos movimentos sociais de base; 3) o fortalecimento, em meados dos anos
1990, da concepção de com unicação com unit ária como forma de distinguir certas modalidades de
comunicação da produção midiática convencional. Após examinar como o alternativo é entendido e
explicitado nestes três momentos, o artigo se encerra com uma problematização acerca da utilização destas
noções nos dias atuais.
O jornalismo radical de Raimundo Rodrigues Pereira
M a ria do Socorr o Fu r t a do Ve loso ( ECA/ USP e Unifa e - Sã o Joã o da Boa V ist a - I sca Fa culda de s /
Lim e ir a e Fa cu lda de Pr ude n t e de M ora e s - I t u, SP) e M a ria Cr ist ina Olive ir a Gonça lve s ( Academia
Brasileira de Educação e Jornalismo Literário – ABJL e TextoVivo).
Resumo: Em 2008 o jornalismo brasileiro completa dois séculos de existência. A maior parte desses 200
anos foi marcada por ações repressoras ao livre pensamento e ao direito de informar a sociedade. Na
resistência a esses atos repressivos, especialmente durante os 21 anos da ditadura militar (1964-1985),
despontou Raimundo Rodrigues Pereira, um dos jornalistas mais importantes e ativos daquela fase.
Raimundo esteve à frente de dois dos mais principais veículos alternativos do período – Opinião e
Movimento – e procura, até hoje, lutar pelo direito à informação em seus projetos jornalísticos, que ele
prefere chamar de “imprensa democrática-popular”. Hoje com 67 anos de idade, 42 dos quais vividos em
redações de jornais e revistas, Raimundo Rodrigues Pereira é um crítico permanente do monopólio exercido
pelos grandes grupos de mídia e das relações promíscuas entre imprensa e Estado. Retratar a trajetória
deste grande nome da imprensa alternativa brasileira é o objetivo do presente artigo.
Do riso ao grito: os jornais impressos alternativos na sociedade teresinense de 1972 – 1977
Marcela Miranda Félix dos Reis (UFPI).
Resumo: A presente pesquisa analisa os jornais impressos alternativos Chapada do Corisco e Gramma na
sociedade teresinense nos anos de 1972 e 1977. Para isso analisam-se as características desses jornais, seu
conteúdo textual e visual em especial as charges, o contexto histórico no qual esta incluído e sua
repercussão frente a sociedade e outros meios de comunicação alternativos ou não. O presente trabalho tem
como base as discussões levantadas pelos historiadores Déa Fenelon, Robert Darnton, Roger Chartier, Hebe
Castro e Jean Noel Jeanneney. Além do uso de fontes documentais e bibliográficas, fez-se uso também de
fontes orais e de jornais de circulação local, no intuito de promover uma leitura analítico-interpretativa dos
jornais alternativos aqui estudados.
Boletim Quinzena: seleção de informações para a disputa da hegemonia
Rozinaldo Antonio Miani (Universidade Estadual de Londrina - UEL/Paraná)
Resumo: Este artigo tem como objetivo recuperar a experiência do boletim “Quinzena”, do Centro de
Documentação e Pesquisa Vergueiro (CPV) que por mais que 15 anos contribuiu de maneira decisiva para a
disseminação de informações, análises e opiniões sobre a situação da luta de classes no país. Dirigido
principalmente às lideranças políticas dos movimentos sociais, a referida publicação trazia uma clipagem de
reportagens, artigos e notas dos mais diversos veículos impressos dos movimentos populares e sindical e
também de partidos políticos, bem como de coberturas e análises de temas políticos relevantes para as
organizações das classes subalternas veiculados pela imprensa burguesa. A pluralidade na seleção dos
textos e a regularidade de sua circulação fizeram do “Quinzena” uma das mais importantes experiências da
mídia alternativa a serviço dos movimentos sociais na perspectiva da disputa da hegemonia no campo da
comunicação.
Fanzines como imprensa alternativa: o caso de “Shape A”
Pedro de Luna (UFF)
Resumo: Na década de 1990, a cena underground brasileira era construída a partir de intensa circulação de
idéias e informações, exclusivamente por cartas e fanzines. Nesse contexto surgiu, em 1996, o zine “Shape
A”, especializado em bandas independentes de rock, skate, quadrinhos, t at t oo e outros fanzines. Através do
intercâmbio postal, circulavam centenas de fitas “demo” em cassete, flyers, zines e, principalmente, de
cartas. A troca de informações acontecia em ritmo lento, porém em larga escala, a ponto de justificar, por
exemplo, o aluguel de uma caixa postal própria do Shape A. A peculiaridade desse zine começava pelas
formas criativas de distribuição (em pontos alternativos, eventos, por correio e, sobretudo, de mão em
mão), passava pela evolução do formato (de fotocópia em papel tamanho A5 diagramada de maneira
artesanal, para um formato A4 impresso em offset e com editoração eletrônica) e, finalmente, pela
dimensão da sua tiragem (que ampliou-se de 100 para 4.000 exemplares). As cartas enviadas ao Shape A
em sua maioria escritas à mão e usando símbolos que expressavam a ideologia dos missivistas ,
mostraram-se fontes privilegiadas de análise do universo de fanzines e do ambiente underground que elas
representavam.
A culpa é minha! O embate pela redenção e visibilidade nos discursos condenados
Flora Daemon (PPGCOM - UFF)
Resumo: O presente artigo pretende fazer uma análise dos usos e invocações da culpa por meio dos
discursos dos condenados ao suplício e à pena restritiva de liberdade. A proposta é investigar três
momentos de evocações da fala condenada: as cantigas supliciantes do século XIX, os libelos do Comando
Vermelho e os jornais produzidos por presos para seus semelhantes no Complexo Penitenciário de Bangu.
Dessa forma, pretende-se pensar em que medida estas canções cujo eu lírico figurava no papel de réu eram
pedagógica e melodicamente tratadas para fins moralizantes, bem como a consciência de projeto norteou
ações de visibilidade coordenadas com a distribuição de panfletos do Comando Vermelho e o
desenvolvimento de um jornal dentro do cárcere é capaz de significar algo além de um passatempo para se
tornar “o grito atravessando os muros”. Temporalmente distantes, mas conceitualmente próximas, as
múltiplas vozes da culpa serão aqui retomadas a fim de traçar um histórico que permeia o sistema de
silenciamento e evocação da fala do criminoso com a introdução de um elemento-chave nestes discursos: a
punição.
O discurso sobre meio ambiente na mídia alternativa: uma análise da revista Ecologia e
Desenvolvimento
Leonel Azevedo de Aguiar (PUC- Rio)
Resumo: A proposta desse artigo é analisar uma mídia alternativa especializada na cobertura jornalística de
temas sobre meio ambiente: a revista Ecologia e Desenvolvimento. Publicada mensalmente pela Editora
Terceiro Mundo a partir de março de 1991, o periódico – com uma tiragem média de 40 mil exemplares e
distribuição nacional – resistiu até junho de 2007. A partir da perspectiva conceitual da ecosofia, de
Guattari, e das relações entre saber, poder e verdade de Foucault, esse trabalho avalia as representações
sobre as questões ambientais presentes no discurso jornalístico da revista. Para este empreendimento
teórico, produziu-se dois arquivos das formações discursivas sobre meio ambiente: nos meios de
comunicação de massa, as notícias sobre as catástrofes ecológicas constroem uma representação dos
problemas ambientais segundo o princípio da responsabilidade, no qual a ação da sociedade acaba sendo
impulsionada por uma pedagogia política centrada no sentimento do medo coletivo; no jornalismo ambiental
alternativo, impera uma ordem do discurso que percebe a crise ambiental como crise dos valores da
Modernidade e oportunidade para a construção de uma proposta ética que possibilite a transformação
histórica da sociedade.
A histórica exclusão do Sertão Nordestino – como as comunidades sertanejas do Piauí têm o menor número
de rádios comunitárias legalizadas do Brasil
Orla ndo M a ur ício de Ca rv a lho Be rt i ( UMESP – Unive rsida de M e t odist a de Sã o Pa u lo - Sã o
Ber na rdo do Ca m po – SP; URSA – Unive r sida de R.Sá ( Picos- PI) e UESPI – Univ e r sida de Est a dua l
do Piauí (Teresina- PI e Picos- PI).
Resumo: Este trabalho é um estudo histórico-comparativo-reflexivo de como ocorre a exclusão das
comunidades sertanejas do Nordeste brasileiro, em especial do Piauí (um dos estados mais pobres do País),
tendo como ponto de recorte a exclusão através da distribuição nacional de concessões de rádios
comunitárias. Mostra-se e compara-se que essa exclusão midiática é histórica e reflete-se como hoje se luta
para tentar reverter esse quadro na região sertaneja piauiense (que corresponde a mais de 75% dos
municípios do Estado) e há anos tem poucos meios de midiatização comunitária. Destaca-se através de
estudos teóricos e práticos o que é uma rádio comunitária, como essas emissoras radiofônicas podem ajudar
na transformação social, para depois ser mostrado como ocorrem hoje a distribuição de rádios comunitárias
legalizadas no País e como essa região é a mais excluída do Nordeste e como as regiões mais pobres são as
que menos têm a possibilidade de serem contempladas com as emissoras radiofônicas legalizadas. Apesar
do quadro gritantante a situação tende-se a mudar com a sedimentação das primeiras emissoras de rádio
comunitária legalizadas do Estado.
Segmentação das minorias representativas no site de relacionamentos Orkut
Lívia Bergo e Vanessa Alkmin Reis (Universidade Federal de Juiz de Fora, MG)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a segmentação das minorias
representativas na rede mundial de computadores, tomando como exemplo o site de relacionamentos Orkut,
o mais popular entre os brasileiros. Um segundo objetivo é caracterizar esse tipo de website, e sua
organização em forma de comunidades de interesse, enquanto mídia alternativa. Para tanto, abordamos a
constituição dos novos movimentos sociais, que emergem na realidade de uma cultura individualizante,
pautada pelos valores da globalização, da velocidade, do imediatismo e da aparente apatia política (ao olhar
da política tradicional). Analisamos aspectos importantes da organização em redes, como a ausência de
centros de poder e a auto-regulamentação, essenciais para a compreensão da cultura ocidental que se
apresenta nos dias atuais. Finalmente, procedemos à análise do citado website, focada em comunidades que
têm como tema central as minorias representativas e avaliamos a segmentação existente nestes grupos,
com base em estudos teóricos da comunicação.
Proj e t o Escrit or e s da Própr ia H ist ória : um re la t o da pr á t ica da com un ica çã o com u nit á r ia pa r a o
desenvolvimento humano no âmbito do programa Terra Mais Igual
M ire lla Bra v o de Souza Bone lla ( Fa culda de Est á cio de Sá Vit ór ia / ES e Pr e fe it u ra M u nicipa l de
Vitória).
RESUMO: Este artigo trata da experiência de um projeto de comunicação comunitária, que ocorreu em
Vitória, no Espírito Santo, por iniciativa da Prefeitura Municipal de Vitória, chamado Escritores da Própria
História. Nele, crianças e adolescentes participaram de oficinas de comunicação para compreender a função
da mídia e sua linguagem e fazer um resgate das histórias dos últimos 10 anos do lugar onde vivem,
período em que ocorreram as intervenções sócio-ambientais e urbanísticas do programa Terra Mais Igual.
Como objetivo final, as narrativas serão registradas em um livro. A idéia fundamental é que, se os
personagens só existem no tempo quando são narrados e determinados lugares e atores não obtém da
mídia massiva a atenção narrativa esperada, é preciso criar novos mecanismos de intervenção e visibilidade.
Afinal, mais do que contar fatos, por meio do discurso construímos memórias e identidades. Deixar-se
narrar é delegar que outros digam o que será lembrado e o que será esquecido da história do grupo de
referência. Chega-se ao ponto em que os próprios personagens das histórias passam a crer nessa
perspectiva externa. O jornal, e outras mídias informativas passam a ser senhores da m em ória daquela
comunidade. É preciso mudar esse processo e dar novas opções de manifestação discursiva.
A concretude e a efemeridade das redes informais de comunicação com a mediação das mulheres
Neusa Maria Bongiovanni Ribeiro (Centro Universitário Feevale/RS).
Resumo: O estudo que ora se apresenta no GT de História das Mídias Alternativas, no VI Congresso
Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, resulta da tese de doutorado sobre a MEDIAÇÃO DAS MULHERES NA
CONSTITUIÇÃO DAS REDES INFORMAIS DE COMUNICAÇÃO, finalizada em março de 2007, no Programa de
Pós-graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos, RS. Trata das relações concretas e efêmeras da
constituição das redes inform ais de com unicação, como aquelas redes que se constituem de acordo com os
interesses concebidos por determinados grupos sociais. No caso, de dois grupos de mulheres trabalhadoras,
um deles localizado em Porto Alegre e outro em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Pode-se dizer das
relações comunicacionais presentes nessas redes inform ais, como elementos estruturadores de mediações
realizadas pelas mulheres, que re-elaboram seus discursos a partir das trocas de conhecimento com outras
pessoas, em diferentes grupos onde se inserem. Elementos esses que se diluem nas redes inform ais como
substanciais pilares das relações numa trajetória de tempo que se traduz histórica, e se apresentam como
estímulos a mudanças presentes no cotidiano do tecido social.
Comunicação alternativa em redes digitais: apontamentos para uma historiografia necessária
Maria Lúcia Becker (Universidade Estadual de Ponta Grossa – Paraná)
Resumo: O trabalho propõe elementos a serem considerados imprescindíveis no resgate histórico da
constituição do jornalismo digital. Constatando que a história comumente contada com base na inserção na
web dos jornais The NandO Tim es e The San Jose Mercury Cent er, em 1994 e 1995 respectivamente, é
apenas parte de um processo desencadeado no início dos anos 1970, o texto aborda o desenvolvimento das
primeiras redes alternativas de comunicação e jornalismo no entendimento de que somente com este
reconhecimento se poderá preencher a lacuna existente. A partir da experiência da Com m unit y Mem ory, a
primeira BBS (bulletin board system), criada em 1973, são revisitadas desde as redes fundadoras do
I nst it ut e for Global Com m unicat ions (IGC) e da Associat ion for Progressive Com m unicat ions (APC) até os
casos emblemáticos da rede Tanzania Media Wom en's Associat ion (TAMWA), criada por um grupo de
mulheres jornalistas, em 1987, e da rede Com unicación e I nform ación de la Muj er (CIMAC), mantida por
profissionais da comunicação no México desde 1988, entre outras.
As Vozes da Imprensa Estudantil no Maranhão (1900- 1930)
Nathália Azevedo (Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – São Luís).
Resumo: Este artigo faz uma leitura inicial do perfil dos jornais vinculados aos centros acadêmicos e escolas
que circularam em São Luís-MA no início do século XX (1900-1930), contextualizando com os fatos culturais,
políticos e econômicos que marcaram aquele período histórico. No acervo da Biblioteca Pública Benedito
Leite foram encontrados aproximadamente 18 títulos, que reúnem 110 edições elaboradas por estudantes
ludovicenses, num total de 400 páginas, caracterizadas por dupla face: jornais independentes, idealizados e
elaborados por estudantes, e folhas institucionais, porta-vozes das escolas tendo a participação do
alunado. Foi realizada uma pesquisa qualitativa sobre os periódicos, buscando identificar elementos do
processo de produção jornalística, compreender a relação dos jornais com os poderes instituídos (escolas,
governo e município) e apreender quais as contribuições desses jornais para o debate público sobre as
políticas educacionais.
El Gr a no de Are na : o j or na lism o na for m u la çã o da h ist ór ia ( m idiá t ica ) de u m ce ná r io de
resistência global
Rafael Schoenherr (UniBrasil - PR)
Resumo: Pretende-se identificar características gerais e estratégias de tematização do Informativo
Internacional El Grano de Arena, da ATTAC ( Asociación por la Tasación de las Transacciones financieras
especulativas y la Acción Ciudadana), que circula semanalmente na web em formato newsletter e já
contabiliza mais de 430 edições. Com base em análise dos boletins veiculados em espanhol no segundo
semestre de 2007, procura-se discutir como uma mídia jornalística pode agir na atualização periódica de um
cenário contra-hegemônico global e na visibilidade das situações de contradição social. Explora-se, ainda, a
possível contribuição da informação jornalística para a formulação (midiática) de uma noção de cidadania
latino-americana. Espera-se, assim, coletar materiais e registros midiáticos que apontem para limites e
possibilidades da ação informativa sustentada na perspectiva de uma cidadania/resistência global.
REPRESENTAÇÕES GAYS CONTEMPORÂNEAS – DA IMPRENSA NANICA À MÍDIA DE GRANDE
CIRCULAÇÃO.
SIMÕES JR. Almerindo Cardoso (SEE/RJ)
Resumo: Neste início de século XXI, a proliferação de jornais e revistas direcionados às minorias é uma
realidade inegável, e tal fato não é diferente em relação aos homossexuais. Lutando para fugir de um
imaginário negativo imposto pelo surgimento da AIDS nos anos 80 do século passado, a imprensa gay de
grande circulação na atualidade busca apresentar a imagem de um homossexual chique e bem sucedido,
enquanto na imprensa gay alternativa surgem aqueles que são excluídos pelo próprio gueto. Cenário de
embates e disputas, o discurso reproduzido por muitos desses meios de comunicação da grande mídia acaba
reafirmando o imaginário de um “homossexual heterossexualizado” e da “bicha afetada”, modelos
reprodutores da velha dicotomia binária e opressora do masculino sobre o feminino.
Morreu? Apareceu! – A publicização da morte em Arcos como fenômeno Folkcomunicacional
M ACED O, Fr a ncisca Ca rolina Vida l, COSTA, Fa bya nna M iche lli, OLI VEI RA, Ta t ie lle Sa m a r a de e
BOMFIM, Filomena Maria Avelina (PUC- Minas Arcos – MG)
Resumo: O culto fúnebre é uma prática habitual nas mais diversas sociedades. Em Arcos, no entanto, ele
vem acrescido de particularidades que incluem a utilização da mídia alternativa. Assim, quando um membro
da sociedade arcoense morre, familiares ou amigos dele fazem com que a finitude daquela vida se torne
pública. Para isto, um carro de som percorre as ruas do município, informando o acontecimento, local do
velório e sepultamento, além dos horários. Esta prática se dá numa perspectiva de que a população – ao
tomar conhecimento do que aconteceu – vá prestar condolências àqueles que perderam um ente querido,
numa perspectiva de compartilhação da dor. É neste contexto que a pesquisa nasce. O objetivo é a
investigação científica acerca da interferência da identidade regional nas práticas midiáticas de um povo,
levando em consideração, inclusive, a inferência do folclore neste processo. Por isso, valida-se também do
desejo em comprovar que a Publicização da Morte em Arcos é um fenômeno de Folkcomunicação – teoria
criada pelo doutor Luiz Beltrão e defendida em 1967, na Universidade de Brasília. É importante salientar que
este é um trabalho de monografia que está em desenvolvimento.
Breve histórico da Mega FM, uma rádio comunitária autêntica
Cláudia Regina Lahni (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: Programação diversificada, gestão coletiva e portas e microfones abertos à participação. Essas
são características que marcam a história da Mega FM, uma rádio comunitária autêntica da cidade de Juiz de
Fora. Sua trajetória contribuiu para a identidade dos moradores do Santa Cândida – onde ficava a sede da
emissora -, Vila Alpina e São Benedito, entre outros, bairros da periferia do município. As possibilidades do
exercício da cidadania das pessoas que participaram da “comunitária de verdade” – slogan da rádio – foram
apontadas em estudo, que tem como base teórica trabalhos de Mario Kaplún, Paulo Freire e Cicilia Peruzzo.
Deste, destacamos aqui parte referente à história da Mega FM.
Comunicação Comunitária, Educação e Cidadania: a experiência no bairro Vale Verde, Juiz de Fora
– MG
Aline Silva Correa Maia (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: Este trabalho aborda a mobilização de uma comunidade da periferia sul de Juiz de Fora (MG) para
criação de uma rádio comunitária, bem como a colaboração desta iniciativa para a educação desta mesma
comunidade. Assim, temos um estudo das possibilidades educativas da comunicação comunitária, esta,
comprometida com a realidade cultural do indivíduo, suas necessidades e expectativas, suprindo possíveis
falhas do sistema educacional institucionalizado. Apoiamo-nos, principalmente, nas idéias de Raquel Paiva e
Paulo Freire, que nos emprestam seus conceitos de que a comunidade - caracterizada por critérios de
identificação, partilha de interesses e cultura - é um meio de organização e resistência do indivíduo em
tempos que valores culturais passam por um momento histórico de aproximação e contato com outras
sociedades diversas. Neste contexto, a partir da experiência da Rádio Vale Verde, apresentamos a
comunicação alternativa como espaço legítimo de formação cidadã. Neste artigo, também fazemos um
breve-histórico das rádios comunitárias no Brasil.
Movimento Enraizados: cultura jovem e práticas de comunicação na Baixada Fluminense
Ana Lucia Silva Enne (UFF)
Resumo: Neste artigo, pretendemos abordar a relação entre as práticas políticas e culturais de um grupo de
jovens da região da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, e o uso de múltiplas ferramentas midiáticas como
alternativa na luta pelo direito à expressão. Neste sentido, a partir de pesquisa que estamos realizando,
enfocaremos o Movimento Enraizados, grupo de hip-hop de Morro Agudo, Nova Iguaçu, que desenvolve
diversos projetos de comunicação, como sites, documentários, programas de rádio, newsletters, CDs,
fanzines, videoclipes, dentre outros.
As imagens jornalísticas na Tribuna da Luta Operária e a produção de sentido(s)
Verusa Pinho de Sá (UNEB, Campus III, Juazeiro- BA).
Resumo: Este artigo aborda as imagens jornalísticas e a produção de sentido(s) presentes na Tribuna da
Lut a Operária, periódico vinculado ao Partido Comunista do Brasil, que circulou de 1979 a 1988 em todo o
país. Com a finalidade de ser um organizador do coletivo partidário e de formação da militância, o periódico
popularizou seu discurso para compreensão da realidade social no momento de transição entre o final do
Regime Militar e inicio da redemocratização brasileira. Por meio de contribuições metodológicas dos campos
da Análise do Discurso e da História do Fotojornalismo, faz-se análise das práticas discursivas das edições de
1979 a 1980 de acordo com a unidade de interpretação texto-imagem proposta pelo semiologista Roland
Barthes e da caracterização dos gêneros apresentados nas imagens jornalísticas. Entendemos as imagens
como um documento histórico, pois carregam em si o testemunho de uma época. Comprova-se que as
imagens são elemento constitutivo do discurso jornalístico, ora têm a finalidade de ilustrar o texto em seu
aspecto denotativo, ora existem numa significância construída a partir de uma leitura interpretativa. Por fim,
identifica-se que as imagens passam a dinamizar a leitura dos textos e a construir identidades sociais no
período da transição democrática.
As flor e s do m a l qu e brot a m do underground: cont ra cult ur a e a na rquism o na im pr e nsa
alternativa brasileira (1969- 1992)
João Henrique de Castro de Oliveira (Professor de História da Rede Estadual no Rio de Janeiro).
Resumo: A historiografia da imprensa alternativa no Brasil vem trabalhando, há tempos, com um conjunto
de fontes que acabou se tornando sinônimo de mídia independente. Quando se fala do período de ditadura
civil-militar no país (1964-1985), as referências giram em torno de O Pasquim , Movim ent o, Opinião, Em
Tempo e alguns outros. Contudo, poucos ouviram falar de títulos como O I nim igo do Rei, Barbárie, Tribo,
Ação Diret a, Som a e outros que representam grupos também opostos à ditadura, porém pouco lembrados
(ou até mesmo esquecidos) pelos pesquisadores das esquerdas. A proposta do trabalho, portanto, foi
investigar a atuação desses grupos libertários, entre 1969 e 1992, privilegiando como fontes primárias os
jornais por eles publicados. Partindo de suas idéias-base, tais grupos foram divididos em dois: os que se
reivindicavam anarquistas e os que eram mais prontamente identificados com os chamados “movimentos de
contracultura” dos anos 60/70. Assim, pretendeu-se demonstrar que o espectro tanto dos jornais
alternativos quanto das esquerdas foi bem mais amplo do que se costuma pensar.
Jornal Grimpa: N e m t u do sã o e spin hos na im pr e nsa pa r a na e nse – D e scr içã o e m e m ór ia de um
periódico do interior
Ben- Hur Demeneck (Universidade Federal de Santa Catarina)
Resumo: Este trabalho traz um depoimento sobre uma experiência jornalística no interior do Paraná, um
jornal independente editado em Ponta Grossa. Com apenas seis edições, o jornal Grimpa conseguiu
movimentar uma comunidade de autores e simbolizar um processo alternativo de abordagem cultural.
Circulou entre Julho de 2005 a Setembro de 2006, reunindo mais de trinta colaboradores de formação
heterogênea, sendo a base formada por jornalistas profissionais. Procurando evidenciar os seus conceitos e
processos jornalísticos é que este artigo o aborda de modo descritivo e memorialístico. O Grimpa foi um
jornal bimestral com seu jornalismo voltado para cultura popular e a identidade regional (personagens,
cenários e contextos, apontados em roteiros, perfis e em temas como brincadeiras de ruas, bairros, limites
do Estado). Havia ainda as editorias de Humor (cartoons e textos humorísticos) e Literatura (crítica musical
e de TV, memórias, contos e poesias inéditos). A partir do subtítulo “Nem tudo são espinhos”, afirmava sua
busca de superação da falta de espaços de exposição e debate intelectual. Em seu primeiro editorial
reconhecia uma de suas linhas – “unir interesse público à criatividade”. Em outras ocasiões se definiu como
um folk-jornal. Foi um dos acontecimentos da primeira década do século XXI, no interior do Estado a
destacar alternativas jornalísticas e culturais num cenário de pouco dinamismo. Essa história está aqui
comentada e organizada por um de seus idealizadores e editores.
CASA DOS JEDI: A ENTRADA DO BRASIL NO CIRCUITO INTERNACIONAL DOS FANFILMS
CURI, Pedro. (Universidade Federal Fluminense )
Resumo: Casa dos Jedi é um filme amador, simples e despretensioso que especula como seria o reality
show do SBT, Casa dos Art ist as, se os participantes fossem os personagens da saga Guerra nas Est relas.
Produzido em 2002, para servir como vídeo de abertura da edição da Jedicon, conferência sobre Guerra nas
Estrelas que acontece todos os anos do Rio de Janeiro, Casa dos Jedi é considerado o primeiro fanfilm
brasileiro e foi rodado em um quarto de hotel com roteiro, direção, atuações e ajuda de fãs da série. Foi o
americano Kevin Rubio quem revolucionou a participação dos fãs no universo de Guerra nas Est rela ao
produzir, em 1997, o primeiro fanfilm moderno, unindo a dedicação e o amor de um fã a técnicas
profissionais de filmagem. Com essa iniciativa, muitos fãs perceberam que poderiam tornar real tudo o que
gostariam que o mercado fizesse por eles. O primeiro fanfilm brasileiro, o que possibilitou sua criação, os
meios que permitiram a divulgação desses objetos culturais para um público cada vez maior, o impacto e as
tendências da produção dos fãs são os temas discutidos neste artigo.
GT 10 - MIDIOLOGIA
Coordenação Geral: Rosa Maria Ferreira Dales Nava (UNIPAC)
A HISTÓRIA DA TV EDUCATIVA UNIBH- INCONFIDENTES
Ca r la M a r t oni M e nde s ( UN I PAC) , Luiz Ade m ir de Oliv e ira ( UN I PAC) e M a r ga re t h M a r ia M e nde s
Carvalho (UNIPAC).
Resumo: O artigo tem por objetivo mostrar a trajetória das TVs Educativas tomando como referência uma
tradicional emissora localizada em Ouro Preto, região dos Inconfidentes em Minas Gerais, a TV -UNIBH
INCONFIDENTES. Foram utilizados depoimentos coletados em impresso e em vídeo bem como cenas que
marcaram as transmissões da emissora. O trabalho traz, também, relatos da equipe que produz diariamente
a programação da TV UNI-BH Inconfidentes e opinião quanto à programação dos telespectadores que
residem naquela região. Buscou-se a partir da técnica da História Oral (HO) resgatar momentos importantes
da emissora. Discute-se, com base nos depoimentos, as características de uma TV Universitária e de cunho
educativo.
Luiz Beltrão: um senhor do mundo ... do jornalismo e da comunicação
Fátima Feliciano (UNIPAC)
Resumo: O trabalho recorda a trajetória de Luiz Beltrão, sua visão sobre o jornalismo, no que compete à
filosofia, à ética e ao fazer jornalístico cotidiano Isso tudo vindo de um personagem que ocupou todas as
posições dentro de uma redação jornalística - da revisão à direção de redação - e que, além disso, se propôs
a escrever sistematicamente sobre essas teorias. Mas, a comunicação, em geral, também foi uma
preocupação de Luiz Beltrão. O primeiro centro de estudos de comunicação, em nível acadêmico, foi criado
por ele (ICINFORM/1963), bem como a primeira revista acadêmica na área (Comunicações &
Problemas/1965).A folkcomunicação, disciplina engendrada na troca de correspondência com o folclorista
Câmara Cascudo também será contemplada.
História da Mídia em Pauta: retrospectiva da produção científica no Maranhão (2003- 2007)
Edvania Kátia Sousa Silva (FENAJ) e Roseane Arcanjo Pinheiro ( Instituto Laboro/Universidade
Estácio de Sá e da Faculdade São Luís)
Resumo: Visando os preparativos para o Bicentenário da Imprensa Brasileira (1808-2008), a Associação
Maranhense de Imprensa fundou em 20 de agosto de 2003 o Núcleo Estadual da Rede Alfredo de Carvalho,
quando implementou o projeto Memória Maranhão-Imprensa 200 anos. A partir daí, foram realizados dois
encontros estaduais sobre a história da mídia em São Luís, promovido o IV Encontro Nacional da Rede
Alfredo de Carvalho e o Seminário “60 + 100= antigos e novos desafios do jornalismo no Maranhão”, em
parceria com a INTERCOM. No presente trabalho, fez-se um mapeamento da produção científica sobre a
História da Mídia Maranhense apresentada naqueles eventos científicos, incluindo-se os trabalhos aceitos nos
encontros nacionais de 2003, 2004, 2005 e 2007. Através dessa iniciativa, sistematizou-se os principais
temas e linhas de pesquisa adotados e apontou-se lacunas e avanços nesses estudos. Para obter esses
resultados, foram utilizados o método qualitativo e a técnica de pesquisa documental.
Base de Dados mostra História da Imprensa de São João del- Rei
Guilherme Jorge de Rezende (Universidade Federal de São João del Rei)
Resumo: Ao comemorar 180 anos, a Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’Almeida, de São João del-Rei,
primeira biblioteca pública de Minas Gerais, vai disponibilizar o acesso ao acervo de jornais são-joanenses
que circularam no período de 1829 a 1938. São mais de 18 mil fotos digitalizadas de 47 periódicos,
acessíveis em microfilmes e base de dados na Internet. A consulta à base de dados, ainda em processo de
construção, já pode ser feita através do endereço http://www.dibib.ufsj.edu.br/bibliotecapublicasjdr/, pelos
seguintes itens de informação: ano da edição, nomes do proprietário e do redator-chefe, título dos
periódicos, periodicidade, temática principal, data da edição, notas relativas ao conteúdo e palavras-chave.
No mesmo ano em que inaugurou a Biblioteca, 1827, seu idealizador, Baptista Caetano d’Almeida, promoveu
a implantação da primeira tipografia da cidade, que imprimiu o primeiro periódico são-joanense, O Astro de
Minas e estimulou a proliferação da imprensa: de 1827 a 1844, doze jornais foram publicados em São João
del-Rei. A preservação desse acervo, que reúne exemplares e até coleções completas de periódicos de uma
ampla diversidade cultural, do humorístico ao político e do escolar ao religioso, foi possível graças ao projeto
integrado da direção da Biblioteca Municipal e da Universidade Federal de São João del-Rei-UFSJ, com apoio
integral da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais-FAPEMIG.
A Propa ga n da Polít ica no Br a sil e a s sua s pe culia r ida de s: um olha r sobr e a int e rfa ce e nt r e
Comunicação e Política de Afonso Albuquerque
Luiz Ademir de Oliveira (UNIPAC)
Resumo: Há uma polêmica em torno do discurso de que prevalece uma americanização do modelo da
propaganda política, cada vez mais adaptada à lógica da mídia. Afonso de Albuquerque, um dos principais
teóricos da área de Comunicação no Brasil, argumenta que o nosso país desenvolveu um estilo peculiar de
propaganda política. As suas idéias são trabalhadas em sua tese de doutorado “A batalha pela Presidência. O
Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral na campanha de 1989”, defendida na Universidade Federal
Fluminense (UFF), onde atualmente leciona nos cursos de Mestrado e Doutorado em Comunicação.
Consultor Ad Hoc do CNPq e da CAPES, Albuquerque tornou-se uma das referências na discussão sobre a
interface mídia e política no Brasil, centrando os seus estudos tanto na análise da propaganda política como
no papel da imprensa no jogo político. Por ser um dos pioneiros do campo da Comunicação Política no Brasil,
o artigo descreve a trajetória acadêmica do autor, bem como apresenta as suas principais contribuições
teóricas para o campo da Comunicação e das Ciências Sociais Aplicadas.
Um estudo de midiologia ibérica no contexto barroco da primeira mundialização: A “Jornada dos
Vassalos”, Salvador da Bahia. 1624- 1625.
José Maurício Saldanha Alvarez (UFF)
Resumo: Nesta comunicação praticamos uma arqueologia da produção social de sentido e de comunicação
no episódio situado entre os anos de 1624 e 1625 quando os holandeses capturam a cidade de Salvador, na
Bahia abalando o prestígio do Império Espanhol cujo monarca era denominado de o rei planeta.O
acontecimento catalisador foi mediado por uma trama de sentidos resultando em ações traduzidas numa
intensa mobilização do publico. As estratégias discursivas típicas do Antigo Regime levaram os súditos a
apoiar seu monarca, num dos primeiros conflitos internacionais do mundo moderno Investigaremos as
rudimentares estratégias de convencimento quando numa época de grave crise a representação do poder e
a de um mediador entre o súdito e o real fazendo surgir às relações públicas mediante o uso de um sistema
arcaico de suportes comunicacionais interativas como a gazetilha e o teatro, simultaneamente
comportamental e contextual e de representação da visualidade barroca mediante uma iconografia que
reverbera e publiciza o feito e participantes.
Palavras- Chave: Representação, Poder, Comunicação.
Imagens de Pensamento em Gilles Deleuze.
CARVALHO, Margareth Maria Mendes (Doutora em Psicologia Clínica - PUC- SP).
Resumo: Neste artigo, aborda-se o conceito de Imagens de pensamento em Gilles Deleuze, cuja filosofia
se realizou em estreita relação com a ciência, a arte, o cinema e a literatura. Para Deleuze, o
conhecimento é uma prática, ou melhor, é uma força no homem que sempre foi utilizada como
instrumento da filosofia. Se nas práticas cotidianas o instrumento principal é a opinião, o instrumento da
filosofia é o pensamento; por isso é da filosofia que nós vamos retirar a idéia de imagens de pensamento.
Porém, antes de focalizá-las, tentemos esclarecer o sentido da expressão “imagem de pensamento” na
obra de Deleuze, como orientações de pensamento, geografia do pensamento. No platonismo, um
movimento ascensional; nos pré-socráticos, a profundidade; nos estóicos e outros, um movimento de
superfície. É toda uma geografia mental pré-filosófica em que se constituem as idéias filosóficas. Este
artigo visa provocar no leitor, uma análise crítica, das infinitas possibilidades de imagens de pensamento
que atravessam a comunicação humana.
A Comunicação Ontem – Hoje – Amanhã
Rossana Ferreira de Souza (UNIPAC)
Resumo: A comunicação faz uma reflexão sobre como através dos veículos de comunicação, está-se
construindo o presente, integrando pessoas, consumidores e empresas, transmitindo valores, sensações,
desejos. Reflete, portanto, sobre a história e sobre como as novas tecnologias, contribuindo também para o
aperfeiçoamento e crescimento dos profissionais, poderá no futuro contribuir ainda mais para a inserção da
humanidade num novo patamar.
História e revelação: um breve estudo.
Maria Eliana Facciolla PAIVA (USP/Unicamp)
Resumo: A referência central está em buscar as fronteiras do entendimento para o uso de dois conceitos:
história e revelação. Com a preocupação de expandir o glossário em construção da Midiologia, numa ajuda
às pesquisas das ciências da comunicação. Procuramos compreender e diferenciar os signos ou fórmulas que
cercam a temporalidade na comunicação, e que buscam de maneira significativa as propriedades dos termos
acima citados. Como as significações e evidências dos fatos cronológicos de um lado, e a relação de
momentos importantes e destacados por um outro, podem determinar diferenças para canais pragmáticos,
como roteiros abertos às práticas de representações de sujeitos entre eles e, também, das relações técnicas
dos sujeitos com os objetos. Desenvolvemos nosso trabalho estabelecendo a existência de um plano
midiático que necessita da discussão sobre as atribuições e logus dos dois termos em questão. Ou seja, que
significa, particularmente, interagir conceitos diferente do aparato de simples contigüidade da história, que
indicam as tessituras da revelação como indicadoras de outro tipo dimensão substancial do tempo
cronológico dos fatos e acontecimentos. E que, portanto, desenvolve a necessidade de trabalhar junto às
transformações do léxico padrão para o léxico midiológico, dentro desse pequeno texto crítico.
OS DOIS IDEALISTAS DA HISTÓRIA DA IMPRENSA MINEIRA
Jairo Faria Mendes (PUCMinas)
Resumo: Os principais acervos de jornais antigos de Minas Gerais, e os primeiros estudos sobre a história
da imprensa do Estado, são resultado do trabalho de dois idealistas: José Pedro Xavier da Veiga e Joaquim
Nabuco Linhares. Xavier da Veiga criou o Arquivo Público Mineiro, e doou sua coleção pessoal de publicações
para a instituição. Em sua gestão conseguiu construir um rico acervo de publicações mineiras do século XIX.
Também é dele o primeiro estudo sobre a história dos jornais do Estado, a monografia A im prensa de Minas
Gerais 1807- 1897, que foi publicada, em 1898, na Revista do Arquivo Público Mineiro. Já Linhares, foi
responsável pela conservação da história da imprensa de Belo Horizonte. Ele formou um acervo pessoal com
as publicações que circularam na capital, de 1895 a 1954, são 839 títulos. Em 1976, sua família cedeu este
acervo à UFMG por um preço simbólico. Linhares também é autor do “Itinerário da imprensa de Belo
Horizonte (1895-1954)”, que só foi publicado em 1995, pela Editora UFMG, 39 anos após sua morte.
As Fa ce s de H é ca t e : Lit e r a t ur a , M ídia e H ist ória – for m a s na r r a t iva s na pr odu çã o do
acontecimento na sociedade contemporânea.
Sônia Maria de Meneses Silva (PPGH- UFF e FUNCAP)
Resumo: Esta pesquisa analisa a produção do acontecimento contemporâneo colocando em relevo a sua
formulação a partir de três perspectivas: a Literatura, a Mídia e a História. Tendo como base as proposições
de Paul Ricoeur, investigamos como a ação narrativa efetiva espaços de construção de sentido tanto no
texto como fora dele. Debruçamos-nos sobre a tripla narrativa da obra A Guerra dos Mundos: texto literário
de H. G. Wells, texto midiático de Orson Welles e discussão histórica sobre os efeitos desencadeados pelo
programa de rádio veiculado em 1938. Portanto, em primeiro lugar buscaremos refletir como uma narrativa
enseja estratégias da ação humana e constrói fatos marcantes partir disso; em segundo, pensar como o
tempo, torna-se tempo humano “na medida em que articulado de um modo narrativo” reflexão proposta por
Paul Ricoeur (1994; p. 85) para o qual toda narrativa se constitui uma tríplice mimese. Em terceiro,
buscamos compreender como se relacionam formas diferentes de narrar uma mesma história. Tal elemento
hoje é fundamental para pensarmos como ocorre a formulação de sentidos entre a Literatura, Mídia e
História.
O pode r , a glór ia e os sust os da ve lha se n hor a : a Re de Globo de scobr e que t udo que é sólido se
desmancha "no ar".
Robson Terra (UNIPAC- JF e UNIVERSO – Juiz de Fora)
RESUMO: A partir dos estudos de Sérgio Mattos no livro A Hist ória da Televisão Brasileira o artigo
pretende ampliar a reflexão
sobre as novas páginas da produção audiovisual brasileira, com a
implantação de novas tecnologias, quando a Rede Globo de Televisão dá sinais de perda da hegemonia de
audiência que pontuou os quarenta anos de sua história. A partir da leitura do livro do pesquisador Sérgio
Mattos, pretende-se ampliar a discussão em momento emblemático e significativo para a história da
comunicação audiovisual no Brasil. A pulverização de mídias promove a democratização de audiência,
retorno à fase populista da programação, estimulando a concorrência e estabelecendo a distribuição mais
equilibrada do bolo publicitário.
José Marques de Melo: o mestre de todos nós
M a ria Crist ina Gobbi ( UM ESP / Cá t e dr a Un e sco de Com unica çã o pa r a o D e se nv olv im e nt o
Regional)
Resumo: Nascido em Palmeira dos Índios (Alagoas), José Marques de Melo obteve os títulos de Bacharel em
Jornalismo (Universidade Católica de Pernambuco, 1964), Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais
(Universidade Federal de Pernambuco, 1965) e Pós-Graduado em Ciências da Informação Coletiva (Centro
Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a América Latina, Quito, Equador, 1966). Primeiro
Doutor em Jornalismo titulado por universidade brasileira (1973). Atualmente é Titular da Cátedra Unesco
de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, Presidente (2005-2008) da Sociedade Brasileira de
Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e Sócio Emérito (2004) da Sociedade Brasileira dos
Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). Jornalista, professor, pesquisador, educador, formou várias gerações
de jornalistas e de pesquisadores acadêmicos.
Era no tempo do rei: mídia e oralidade no Brasil de Dom João
José Cardoso Ferrão Neto (UFF)
Resumo: O trabalho pretende mostrar de que maneira a oralidade se configura como o principal regime de
processamento da informação, no Rio de Janeiro do início do século XIX, capital da colônia elevada à
categoria de metrópole com a chegada da Corte portuguesa. Através das marcas, rastros e espaços em
branco deixados pela literatura, busca-se mapear os mecanismos da comunicação oralizada e o modo como
se constitui uma sociedade da informação ainda baseada nas práticas, mentalidades e representações de
mundo tipicamente orais, que prepara o terreno para as mídias impressa, sonora, audiovisual e também às
novas tecnologias da contemporaneidade. O artigo chama a atenção para o caráter oralizado da
comunicação no Brasil, construída historicamente por narrativas individuais e coletivas que tentam organizar
o mundo e dar sentido à experiência humana.
Diferentes visões da mídia: Albuquerque, Sella, Ramonet e Drucker
Rosa Maria Ferreira Dales Nava, (Rede ALCAR/ Unipac- MG)
Resumo: Albuquerque, Sella, Ramonet e Drucker publicaram estudos sobre as profundas e rápidas
transformações no mundo contemporâneo, impostas pela globalização, desde a década de 70. Concordam
com o óbvio: as tecnologias da informação e da comunicação desencadearam a transformação das
civilizações do mundo. Em diferentes visões sobre mídia, economia e sociedade analisam a substituição da
era industrial e da chamada sociedade de consumo pela “sociedade da informação”.
Programa e público brasileiros: a trajetória do Jornal Nacional nas vozes de seus personagens
Iluska Coutinho (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
Resumo: Primeiro programa a ser veiculado em rede na televisão brasileira o Jornal Nacional (JN),
veiculado pela Rede Globo, se constitui em um ator importante para a reflexão sobre as relações entre
história, mídia e sociedade no Brasil. Após quase 39 anos no ar o telejornal mantém sua centralidade
enquanto produto midiático responsável pela obtenção de informação de significativa parcela de nossa
população, e já foi objeto de estudos e teve sua história contada tanto no campo acadêmico da
Comunicação quanto em outras áreas que com ela estabelecem interface. A proposta desse artigo é
apresentar um outro olhar, diverso daqueles lançados pelos analistas, e recuperar a história do JN a partir
dos vestígios lançados por seus personagens, jornalistas e demais profissionais envolvidos com sua
produção. Entre os documentos a serem analisados estão livros e artigos redigidos por integrantes do
universo a ser investigado e ainda material audiovisual que registre suas vozes. Ao abordar a história do
Jornal Nacional segundo seus produtores será privilegiada a relação desse programa, e de seus
personagens, com o público e ainda com a imagem de Brasil(leiro) que pode ser depreendida a partir desses
olhares.
A imprensa de Belo Horizonte sob o olhar de Maria Ceres
Sandra Mara da Silva (UNIPAC) e Simonia Dias Jardim (UNIPAC)
Resumo: Maria Céres Pimenta Spinola Castro é uma das poucas pesquisas sobre os meios de comunicação
de massa de Belo Horizonte. Ela não é jornalista, pois possui graduação em Serviço Social pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (1970), mestrado em Educação pela Universidade Federal de Minas
Gerais (1982) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1994). Atualmente
é Diretora de divulgação e Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na
área de Comunicação, com ênfase em Comunicação e Política. Atuando principalmente nos seguintes temas:
comunicação, sociabilidade. Maria Ceres é autora das obras: Folhas do Tempo: imprensa e cotidiano de
Belo Horizonte, editado em 1995. Itinerários da Imprensa de Belo Horizonte, também em 1995 e Meios de
Comunicação em Belo Horizonte: interlocução e imaginário na construção da cidadania, além de outros.
Um breve estudo sobre a Teoria Comunicacional do Direito
Boanerges Lopes (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Resumo: A partir do pensamento de Gregório Robles, catedrático da Universidade de Palma de Majorca e
especificamente de sua obra "O Direito como Texto", procura-se entender o direito como fenômeno de
comunicação e não apenas como uma ordem coativa da conduta humana, um meio de controle social ou um
ideal de justiça. Questões como o que é a teoria comunicacional do direito e o direito como um sistema de
comunicação são tratadas neste breve estudo sob a ótica de que na vida social dos homens, o direito é
linguagem, o direito é texto. Assim sendo, a teoria comunicacional do direito assume o caráter lingüístico do
Direito e, conciliando os métodos analítico e hermenêutico, procura investigar diferentes discursos que se
produzem em seu âmbito.
TEM CONVERGÊNCIA NO SAMBA
Daniel Viafora
Resumo: Sabemos que a convergência das mídias encurta o tempo, agiliza e facilita nosso acesso
instantâneo às informações; mas sabemos também que a convergência digital e conseqüentemente essa
acessibilidade ao mundo, de forma irrestrita, negligenciam a possibilidade do estar errado, e que, além de
se fazer verdade uma mentira, pode perpetrar com que tudo se torne igual a tudo. Mas não tomemos como
princípio, a discussão da convergência entre o bem e o mal, afinal a convergência já é fato e segundo a
Professora Doutora Rosa Maria Ferreira Dales Nava, “não adianta discutir; nada se pode fazer contra a
convergência; não adianta lutar; ela já se fez parte do nosso dia-dia”. Diante desta nova percepção
mundializada, apontaremos neste artigo uma tendência de convergência ou o ato de convergir, situada na
atmosfera da música brasileira; tanto promovida pela indústria fonográfica – para sobreviver diante da
acessibilidade em massa das novas tecnologias, tentando desta forma manter sua hegemonia mercantil –
quanto pelos músicos, compositores e produtores musicais brasileiros, que desenvolvem alternativas,
convergindo ritmos, sons e truncando melodias diferenciadas, para manter e enriquecer o desenvolvimento
da música no Brasil. Por isso vamos nos apoiar no ato de convergir, e assim, misturá-lo ao complexo ato
digital das possibilidades convergentes, para entendermos estrategicamente ações no mundo da música
popular brasileira. O objetivo deste artigo é desenvolver uma análise situacional a qual reflita a realidade
dos músicos brasileiros independentes e quais as estratégias, apoiadas nesta convergência, estão sendo
desenvolvidas para a sua sobrevivência mercadológica. É bom lembrar que não é intenção do artigo encerrar
o tema, aliás, o assunto é amplo e o tema tem muitas variações e por isso não se inicia e nem se esgota
neste artigo. A intenção é elucidar partes de um caminho, que até então, se mantinham trancafiados em
cofres internacionalizados; cofres que evadem fronteiras e bloqueiam variadas possibilidades de liberdade e
desenvolvimento musical.
A I m pr e nsa I nform a t iv a - Té cnica da N ot ícia e da Re por t a ge m no Jor na l D iá r io do Pr ofe ssor Luiz
Beltrão: Comentários a um Clássico do Jornalismo Brasileiro
José A. Argolo - Centro de Estudos Estratégicos da ESG.
Resumo: Esta obra seminal do Professor Luiz Beltrão foi lançada em 1969 pelo Editor Folco Masucci (SP) e,
desde então (isto é, há exatos 36 anos), dela não se fizeram novas impressões. Uma lástima para o ensino
do Jornalismo no País. Escreveu Luiz Beltrão em A Impressa Informativa sobre a complexidade, na época
(dificuldade esta ainda prevalente), da disseminação de uma metodologia para o ensino do Jornalismo,
embora ressaltasse a sua convicção de que se podia realmente aprimorar a dinâmica das aulas e aprender
Jornalismo na universidade, e de que somente nela — não apenas nos cursos de Jornalismo — seria possível
formar agentes de comunicação coletiva capacitados a responder aos reclamos de nosso país, em fase de
afirmação no mundo civilizado.
O jornal Estado de Minas e o Golpe Militar de 1964.
Sandra Freitas (PUC- MG)
Resumo: O Jornal Estado de Minas completa 80 anos agora em 2008 e continua como o mais vendido e
conhecido como "O Grande Jornal dos Mineiros". Motivo de teses e dissertações o jornal é, ao mesmo tempo
amado e odiado, por diferentes setores da sociedade. Pesquisa realizada com utilização com metodo
qualitativo, especificamente da história oral, por meio do resgate de trajetórias de vida de 5 jornalistas do
Estado de Minas destaca o papel que o jornal teve durante o golpe político militar de 1964. Professoras dos
cursos de História e de Comunicação ouviram um cronista político, um cronista esportivo, um cronista
cultural e dois jornalistas que além de, como os demais, terem trabalhado naquele diário, passaram por
diversas outras redações como a de O Globo, a do Jornal do Brasil e vivenciaram outras experiências que
contribuíram para interessantes análises sobre a vida do jornal e o jornalismo praticado em Minas.Os
jornalistas são: Guy de Almeida, Luis Fernando Peres, Plínio Barreto, Mauro Zállio e Carlos Herculano. As
professoras pesquisadoras são: Carla Ferretti (mestre em História), Lucília de Almeida Neves (pós-doutora
em História) e Sandra Freitas (doutora em Comunicação)
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