AS POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO NA TRANSFORMAÇÃO
DA REALIDADE SOCIAL.
Autor: Cleverson Molinari Mello
U.T.P.
[email protected]
Co-autor: Edmir Bergamo
U.T.P.
[email protected]
RESUMO:
O presente texto aborda o processo de avaliação e parte do pressuposto de que a avaliação poderá ser
instrumento subsidiário significativo da prática educativa, desde que, tanto a prática educativa como a
avaliação seja conduzida com um determinado rigor científico e técnico. Este trabalho em cunho
bibliográfico tem como objetivo geral, levar a um melhor entendimento sobre o processo de avaliação
e, posteriormente, sugerir alternativas para uma nova postura do professor dentro do processo de
avaliação. Logo, a educação é uma tarefa complexa, que exige esforço cooperativo de muitas pessoas,
esforço este dirigido para a obtenção de objetivos claramente traçados. Todos aqueles comprometidos
na ação educativa – estudantes, professores, pais, comunidade – necessitam saber periodicamente, qual
tem sido o sucesso de seus esforços, para poder decidir o que deve ser conservado e o que dever ser
modificado. Portanto, cabe à avaliação propiciar tal conhecimento, uma vez que o ensino sem avaliação
é um esforço pouco produtivo. Dessa afirmação pode-se concluir, portanto, que o processo avaliativo é
essencial a uma educação eficiente, pois, a avaliação visa à promoção do aluno, ocorrendo em todos os
momentos, não centrada no educando e no seu desempenho cognitivo, porém sobre todo o conjunto da
escola e de todos os seus segmentos. Uma pedagogia moderna exige do professor um novo
procedimento que aspire um aluno cidadão, crítico e atuante na comunidade onde vive, ou seja, a
política de avaliação definida em sala de aula poderá ou não ser este instrumento subsidiário
significativo da prática educativa, desde que, contribua para a transformação da realidade social.
Palavras-chave: avaliação; educação; realidade social.
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Introdução
A avaliação é um processo contínuo de pesquisas, visando à interpretação dos conhecimentos,
bem como as habilidades e as atitudes dos alunos, levando em conta às mudanças esperadas no
comportamento, propostas nos objetivos, tendo assim condições de decidir sobre alternativas do
planejamento do trabalho do professor e da escola como um todo. As atividades avaliativas incluídas
no processo educativo devem servir para motivar no estudante um maior empenho na aprendizagem. A
avaliação deve estar longe de ser motivo de temor, mas sim deve ser positiva e auxiliadora do processo.
Segundo SANT’ANNA (1995) enquanto a avaliação permanecer atrelada a uma pedagogia
ultrapassada, a desistência ao estudo permanecerá e o aluno, o cidadão, o povo brasileiro continuará
escravo de uma elite intelectual, voltada para os valores da matéria, e editora, fruto de uma democracia
opressora. Este trabalho em cunho bibliográfico tem como objetivo geral, levar a um melhor
entendimento sobre o processo de avaliação e, posteriormente, sugerir alternativas para uma nova
postura do professor dentro do processo de avaliação. Espera-se com isso, obter um melhor
entendimento sobre o processo de avaliação e sugerir novas posturas e alternativas para o trabalho
docente nas instituições de ensino.
História e evolução da avaliação
Dentro da análise histórica da educação, mais precisamente a questão da avaliação, sempre
esteve ligada a prova escrita ou oral, onde predominava o poder absoluto, do professor que avaliava, e
dava uma nota sobre o que o aluno sabia de determinado conteúdo. O uso de métodos de avaliação era
instrumento a serviço de quem a aplicava, buscava-se sempre em uma série de perguntas com respostas
prontas a serem estudadas e decoradas em dias de provas.
No entender de GADOTTI (1980) é ingênuo pensar na avaliação como um simples processo
técnico, ela é também uma questão política. A avaliação pode ser um exercício automático do poder de
julgar, ou, pode se constituir em um processo e projeto em que o avaliador e avaliando buscam uma
mudança qualitativa.
O ser humano através dos tempos sempre procurou fazer comparações, medidas e avaliação.
Em todos os momentos da vida as pessoas são obrigadas a tomar decisões, fazer opções que definirão o
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próprio destino. Segundo HOFFMANN (1995) a avaliação dos nossos atos, significa refletir para
mudar, tentando melhorar nossas vidas. O ato avaliar é próprio do saber cotidiano. Em cada fase da
história este processo de avaliação se repete.
LOCH (1995) nos afirma que para uma avaliação ser coerente, é preciso analisar as formas de
pensar, conhecer e construir dos educandos, para assim podermos desenvolver a avaliação dentro do
projeto pedagógico.
Na Idade Antiga os gregos usavam a avaliação para manter a sociedade considerada ideal, onde
nenhum cidadão poderia ultrapassar a sua classe social, pois na sua concepção, alguns haviam nascido
para pensar e outros para trabalhar, sendo que cada cidadão grego atingia o fim ao qual havia sido
predestinado. O objetivo era a garantia de continuidade desta sociedade perfeita e organizada. As
avaliações serviam para verificar o aperfeiçoamento de cada pessoa em sua classe, na função para qual
havia nascido.
Já na Idade Média o Cristianismo teve grande influência, valorizando-se o conhecimento das
Sagradas Escrituras, da espiritualidade e da Teologia. O conhecimento religioso era condição
indispensável para o homem poder atingir seus objetivos. Criaram-se mecanismos de avaliação para
verificar o comportamento das pessoas que pudessem querer submeter à estrutura social já definida por
leis divinas: Inquisição Religiosa. Tentando-se assim evitar novas formas de pensar e de viver, que não
se enquadrassem no contexto religioso. Predominava o mérito racional e o argumento da autoridade. A
atenção e a memória eram valorizadas nas escolas da época. Os estudos nas escolas visavam à
formação de professores, ofertando-se o bacharelado, a licença e o doutorado. O doutorado, só era
concebido aos mestres que liam em público determinado livro, e aqueles que defendiam teses. Mas o
mundo não parou; o modo de trabalhar, viver e pensar vão se alterando.
Foi no Renascimento que o ser humano obtém o conhecimento procurando interrogar a natureza
em função dos fenômenos, desvendando os segredos, descobrindo as causas. O movimento humanista
se divide em duas correntes: o humanista cristão e o humanista pagão. O humanista cristão considerava
as diferenças individuais dos alunos, preparando-os dependendo de suas necessidades, interesses e
aptidões. Já a exaltação da individualidade humana como fim em si mesmo, era a pregação do
humanismo pagão, que não considerava vinculados os valores transcendentais.
Na Idade Moderna as invenções da imprensa, da bússola, da pólvora entre outros marcaram a
nova visão de mundo. A produção obtida através do trabalho, passa a ser comercializada. Surge a idéia
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de igualdade para todos. É na Idade Moderna que o homem torna-se edificante, pois trabalha, planeja e
executa atividades que podem melhorar o mundo. Esta forma de ver o mundo exige novos parâmetros,
exige-se a liberdade para executar as transformações sociais. O trabalho era valorizado e a sociedade
não era mais vista como eterna. Não mais se justifica a escravidão e o poder absoluto dos papas e reis.
Com esta nova visão de mundo, trabalho e de sociedade, os sistemas de avaliação não servem mais. O
mundo exige que o trabalho seja o ponto de referência para as avaliações. Neste período que se
formaram as nacionalidades e que surgiram as obras-primas das línguas modernas. Mas foi a invenção
da imprensa que contribuiu para o desenvolvimento intelectual. Os livros multiplicaram-se e tornaramse acessíveis a todos. Fundaram-se escolas e criaram-se bibliotecas.
Na Idade Contemporânea o homem passou a dominar a natureza, produzir além de suas
necessidades, criou a fábrica e a divisão de trabalho. Aparece como animal racional que trabalha e tem
sucesso. A sociedade atual não sabe conceituar o homem e não sabe explicar essa contradição entre
riqueza social e miséria acumulada. Surgiram justificativas, questões ligadas à cultura, às raças, ao
subdesenvolvimento, entre outros. Entende-se com isso, que os problemas na educação são reflexos de
nossa sociedade, pois a escola é uma conseqüência social. É dentro de cada crise que emergem novos
paradigmas, novas perspectivas de trabalho, novas formas de relações sociais.
Ainda na Idade Contemporânea, surgem várias teorias da aprendizagem:
Teoria de Gestalt.
Teoria de campo (Kurt, Lewin).
Teoria cognitiva (Jonh Dewey).
Teoria de Jean Piaget.
Todas foram instrumentos das Ciências. Preocupadas com o ensino-aprendizagem, visando à
construção de uma sociedade mais humana. A escola através dos tempos preocupa-se na transformação
da sociedade que pode e deve ser constituída dentro dela. Portanto, a escola deve enfrentar a realidade,
buscando novos paradigmas para a transformação dessa sociedade, pois segundo Vasconcellos (1995,
p. 73) “não está nas possibilidades da escola mudar as características de vida dos alunos ou suas
famílias, mas a escola pode e deve mudar as formas e condições do serviço prestado”.
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Funções da avaliação
A avaliação pode cumprir três funções básicas: diagnosticar, retransformar e favorecer o
desempenho individual.
A função de diagnosticar visa à caracterização do aluno no que diz respeito a interesses,
necessidades, conhecimentos, habilidades e dificuldades de aprendizagem.
A função de retransformar, busca a verificação dos resultados alcançados durante e no final da
realização de uma etapa do processo ensino-aprendizagem, para replanejar o trabalho com base nas
informações obtidas.
Já a função de favorecer o desenvolvimento individual, visa atribuir a avaliação a possibilidade
de atuar como fator que estimula o crescimento do aluno, para que se conheça melhor e desenvolva a
capacidade de avaliar-se.
Ressalta-se a avaliação como facilitadora do processo de auto-conhecimento do aluno.
Quando a avaliação é vista como função diagnóstica, possibilita identificar pontos que
necessitam de mais atenção e propicie a revisão do processo.
Como função formativa e somativa, a avaliação fornece informações para:
- controlar a eficiência dos planos;
- possibilitar a todos os elementos envolvidos no processo educacional um acompanhamento dos
resultados obtidos;
- verificar se os objetivos estão sendo alcançados para redimensionar a aprendizagem e a classificação
dos alunos de acordo com seu nível de aproveitamento.
Tanto os testes como as medidas utilizadas para avaliar referem-se à verificação do rendimento
escolar, porém com significados diferentes.
Para a avaliação adquirir a importância que realmente tem no processo-aprendizagem, é
necessário seguir alguns princípios básicos.
Um dos erros didáticos mais freqüentes é o da não-integração dos critérios e processos de
avaliação na dinâmica geral do ensino. Avalia-se com um quadro de referências diferentes daqueles
com tempo suficiente, não faz convenientemente o controle do rendimento dos alunos e, ao final (na
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hora do exame) oferece as questões memorísticas, em desacordo com as situações de aprendizagem que
ofereceu e que visavam desenvolver pensamento reflexivo e imaginação criadora.
Para evitar que isso aconteça deve-se seguir alguns princípios básicos, como os recomendados
por (HOFFMANN, 1991, p. 57):
a) Estabelecer com clareza o que vai ser avaliado. Quando não se sabe o que avaliar, não é
possível avaliar de maneira eficiente. Por isso o primeiro passo consiste em estabelecer o
que avaliar se o aproveitamento, a inteligência, o desenvolvimento sócio-emocional etc.
b) Selecionar técnicas adequadas para avaliar o que se pretende avaliar. Nem todas as técnicas
e instrumentos são adequados aos mesmos fins.
c) Utilizar na avaliação uma variedade de técnicas. Para se ter um quadro mais completo de
desenvolvimento do aluno, é preciso utilizar uma série de técnicas. Deve-se utilizar técnicas
que sirvam para avaliar aspectos quantitativos e técnicas que sirvam para avaliar aspectos
qualitativos.
d) Ter consciência das possibilidades e limitações das técnicas de avaliação. Muitas são as
margens de erro que encontrados, não só nos próprios instrumentos de avaliação (provas,
testes, etc.) com também no próprio processo (modos com os instrumentos são usados). No
entanto, a principal fonte de erro, sem dúvida, é a interpretação inadequada dos resultados.
Em geral os professores atribuem aos instrumentos uma precisão que estes não possuem. Na
melhor das hipóteses, os instrumentos e técnicas de avaliação proporcionam somente
resultados aproximados, que devem, portanto serem assim considerados.
O uso da avaliação implica propósitos úteis, significativos. É necessário que a escola, os
professores e os alunos retomem com mais clareza e atenção esse princípio. Isso implica atribuir à
avaliação seu verdadeiro papel, ou seja, de que deve esse processo contribuir, para melhorar as decisões
de natureza educacional – melhorar o ensino e a aprendizagem, bem como o planejamento e o
desenvolvimento curricular.
A tarefa de avaliação deve começar no princípio, no primeiro dia de aula. Logo que os alunos
chegam à escola, o professor deve começar a avaliá-los. Só assim poderá adquirir informações diretas
imprescindíveis e valiosas para planejar o seu trabalho. O trabalho do professor será mais eficiente se
estiver calcado em dados reais, em informações acumuladas sobre os alunos, observação do
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comportamento, entrevistas com pessoas que conheçam o aluno, leitura de fichas, informativas sobre o
aluno, etc.
Papel da avaliação
“Avaliação é um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade tendo em
vista uma tomada de decisões” (LUCKESI, 1978, p. 26). Portanto a avaliação é revestida de grande
importância, uma vez que o homem necessita dela para desenvolver-se, avaliar suas experiências e
reconhecer suas possibilidades e limitações.
“Avaliar significa atribuir algum valor e não implica em desvalorização”.
(SANTANA,
1995, p. 16). Atualmente a prática educativa, considera a avaliação um “fim em si”, aplicando
instrumentos (prova, teste, trabalho) estando assim encerrando o processo de avaliação.
A avaliação apresenta-se como atividade associada à experiência cotidiana do ser humano.
Avaliar é muito mais do que atribuir um número é atribuir valor qualitativo e quantitativo, é um meio
para alcançar fins e não um fim em si mesmo. Mesmo que tais meios sirvam de parâmetros para o
progresso do educando. A avaliação é uma arma potente que pode destruir ou construir, dependendo da
forma com que for conduzida e manuseada.
“A avaliação como vem sendo empregada, está ocupando o valor central do ensinoaprendizagem ao invés de um recurso” (HOFFMANN, 1994, p. 12). Uns autores afirmam, ser um meio
para que os alunos consigam progredir na aprendizagem. Outros, no entanto, que a avaliação é um
instrumento abrangente e que busca não só a quantidade do conteúdo, mas também a qualidade do
ensino.
Segundo Hoffmann (1994), a avaliação é um processo interativo, onde existe uma
aprendizagem mútua entre educadores e educandos, e sobre a realidade escolar.
Deste modo a avaliação tem como função orientar os procedimentos de ensino, obtendo
informações sobre as dificuldades dos alunos. A avaliação é vista como acompanhante da
aprendizagem, devendo ser contínua, para assim poder identificar os problemas e conquistas.
Para que a avaliação se torne um instrumento subsidiário significativo da prática educativa, é
importante que tanto a prática educativa como a avaliação sejam conduzidas com um determinado rigor
científico e técnico. A ciência pedagógica, hoje está suficientemente amadurecida para oferecer
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subsídios à condução de uma prática educativa capaz de levar à construção de resultados significativos
da aprendizagem, que se manifestem em prol do desenvolvimento do educando.
A educação é uma tarefa complexa, que exige esforço cooperativo de muitas pessoas, esforço
este dirigido para a obtenção de objetivos claramente traçados. Todos aqueles comprometidos na ação
educativa – estudantes, professores, pais, comunidade – necessitam saber periodicamente, qual tem
sido o sucesso de seus esforços, para poder decidir o que deve ser conservado e o que dever ser
modificado. Cabe à avaliação propiciar tal conhecimento, uma vez que o ensino sem avaliação é um
esforço pouco produtivo. Dessa afirmação pode-se concluir, portanto, que o processo avaliativo é
essencial a uma educação eficiente. Pois, a avaliação visa à promoção do aluno, ocorrendo em todos os
momentos, não centrada no educando e no seu desempenho cognitivo, porém sobre todo o conjunto da
escola e de todos os seus segmentos. Uma pedagogia moderna exige do professor um novo
procedimento que aspire um aluno cidadão. Emprestamos mais uma vez as palavras de DEMO para
afirmar:
...precisamos acabar com as provas mal elaboradas e avaliações quantitativas que resultam na
insatisfação do aluno e na evasão escolar, comprometendo a eficiência do professor, que não
conseguindo atingir objetivos propostos, manifesta o fracasso de sua pedagogia e sua didática.
Diante disso, o professor precisa assim, ser avaliado, não só o aluno (DEMO, 1993, p. 89).
Sabemos que faz parte do trabalho docente verificar e julgar o rendimento dos alunos, avaliando
os resultados do ensino; porém, é também necessário que o professor reconheça as dificuldades na
capacidade de aprender dos alunos, para poder ajudá-los a superar suas dificuldades e dessa forma
avançar na aprendizagem. Precisa-se acreditar que as pessoas são capazes de assumir mudanças pois,
estão vivendo em uma sociedade que necessita de tempo para grandes ensinos de aprendizagem, pois o
saber não é eterno, e o aluno é um corpo ativo, pensante, um ser individual, com estruturas de
raciocínio diferente que deve atuar com tempo para refletir, experimentar, dialogar e testar de modo a
construir seus conhecimentos.
Nas escolas e universidades, o que se vem discutindo é no sentido de entender a avaliação com
um instrumento para investigar, problematizar e ampliar perspectivas.
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A finalidade da avaliação, dentro de um horizonte de uma educação libertadora, numa
abordagem sócio-interacionista é ajudar a escola a cumprir sua função social transformadora, ou
seja, favorecer que os alunos possam conquistar mais e melhor, tendo em vista o compromisso
com uma sociedade mais justa e solidária. A prática excludente da atual sociedade demonstra,
onde a apropriação do conhecimento deverá acontecer de forma significativa, ética, criativa e
duradoura (VASCONCELLOS, 1995, p. 87).
É necessário, portanto que se reflita passo a passo às situações do cotidiano como também as
ações e as manifestações dos alunos para que o trabalho didático não se transforme em verdades
prontas e acabadas. A avaliação como uma função social definida, deve ser vista como um meio de
fornecer informações sobre o processo de construção do conhecimento para o professor, que terá a
chance de verificar os resultados de sua ação pedagógica, como para o aluno, que identifica o seu
desempenho. Para tanto, o professor deve criar laços de companheirismo junto com seus alunos a fim
de participar das fases do processo educacional.
O sistema educacional, muitas vezes apresenta dificuldades para colocar em prática essa forma
de avaliação. São leis, pareceres, resoluções que determinam a organização do ensino nas escolas e
exigem do professor notas, conceitos e cumprimento de conteúdos. É importante que se faça uma
avaliação para verificar o que os alunos aprenderam ao longo dos períodos anteriores, ou seja, qual a
bagagem que eles levam para a determinada séria. Antes de tudo, é importante verificar se os alunos
dominam ou não os pré-requisitos necessários para as novas aprendizagens, se apresentam habilidades
e com conhecimentos necessários.
A avaliação só tem função social quando está intimamente vinculada a um projeto de vida para
os homens. Educa-se, ensina-se para a sociedade que deseja-se ver transformada (ou não). Se não existe
projeto de vida para os homens é adquirido o que não foi alcançado, não há necessidade social de
avaliação a não ser preencher com notas os boletins. A avaliação começa e termina nas perguntas: Qual
sociedade se pretende? Por que se quer transformar essa sociedade em que se vive? Por que as
sugestões, os métodos, as técnicas, os objetivos das escolas não conseguiram encaminhar respostas
mais eficientes?
A avaliação começa e termina, pois, dentro da escola, sobre o mundo fora da escola, antes de
ser técnica de avaliar alunos é um procedimento para fazer com que cada educando se pergunte: o que
sabe realmente, sobre o mundo dos homens? O que está avaliando?
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Considerações finais
Assumir um papel avaliativo com novos enfoques é o maior desafio para o processo ensino
aprendizagem, na certeza de que só assim, obteremos cidadãos comprometidos com e para a vida.
Existe a certeza de que todas as concepções teóricas aqui citadas credenciam a realizar um trabalho
consciente, pois no que se refere a um ensino inovador, sugere-se uma proposta de avaliação
participativa, a partir de instrumentos adequados para discussão professor/aluno, buscando resultados
efetivos de aprendizagem. Com isso valoriza-se a escola com um ensino de qualidade, uma avaliação
diagnóstica e com certeza qualitativa. Imagina-se ter uma escola onde o conteúdo possa ser trabalhado
de acordo com a realidade do aluno, onde eles caminhem para a busca do conhecimento. Um educador
que esteja preocupado em que a sua prática educacional esteja voltada para a transformação, não
poderá agir inconscientemente e irrefletidamente. A avaliação, neste contexto, não poderá ser uma ação
mecânica. Ao contrário, terá que ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um
encaminhamento decisório a favor da competência de todos para a participação democrática da vida
social. Mas para que a avaliação se torne um instrumento subsidiário significativo da prática educativa,
é importante que tanto a prática educativa como a avaliativa sejam conduzidas com um determinado
rigor científico e técnico. A ciência pedagógica, hoje está suficientemente amadurecida para oferecer
subsídios à condução de uma prática educativa capaz de levar à construção de resultados significativos
da aprendizagem, que se manifestem em prol do desenvolvimento do educando. A educação é uma
tarefa complexa, que exige esforço cooperativo de muitas pessoas, esforço este dirigido para a obtenção
de objetivos claramente traçados. Todos aqueles comprometidos na ação educativa – estudantes,
professores, pais, comunidade – necessitam saber periodicamente, qual tem sido o sucesso de seus
esforços, para poder decidir o que deve ser conservado e o que deve ser modificado. Cabe à avaliação
propiciar tal conhecimento, uma vez que o ensino sem avaliação é um esforço pouco produtivo. Dessa
afirmação pode-se concluir, portanto, que o processo avaliativo é essencial a uma educação eficiente,
ou seja, a política de avaliação definida em sala de aula poderá ou não transformar a realidade social.
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REFERÊNCIAS
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
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Vozes, 1996.
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São Paulo: Cortez, 1991.
SOUZA, Clariza P. de (org.). Avaliação de Rendimento Escolar. Campinas: Papirus,
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VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação: Concepção Dialética-Libertadora do
Processo de Avaliação Escolar. São Paulo: Libertad, 1994.
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