Balões meteorológicos farão medidas no interior da Amazônia pelo projeto
Chuva
No próximo sábado (25/06), serão lançados de Tomé-Açú (PA), a 113
quilômetros de Belém, dois balões meteorológicos que irão penetrar a região
amazônica por centenas de quilômetros. Os lançamentos estão programados para as
10 e 22 horas. Serão coletados dados de pressão, temperatura, umidade, direção e
velocidade dos ventos, que serão comparados posteriormente com os do modelo de
previsão do tempo CATT-BRAMS, do CPTEC/INPE.
Os lançamentos destes balões fazem parte da campanha científica do Projeto
Chuva, que teve início no começo do mês em Belém (PA), com o objetivo de
compreender com maior detalhamento a estrutura das linhas de instabilidades, típicas
na região, que provocam chuvas intensas nesta época do ano.
A campanha, coordenada pelo CPTEC/INPE e com financiamento da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), conta com grande
quantidade de equipamentos instalados em instituições integrantes do projeto em
Belém e regiões próximas, como o INMET, Universidade Federal do Pará, SIPAM, o
Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) e a Secretaria do Meio
Ambiente do Pará.
O experimento com os balões está sendo organizado pela Professora da UFPA,
Júlia Cohen, coordenadora local da campanha, e pelo professor David Fitzjarrald, da
Universidade de Nova York. Ambos são especialistas em convecção e pretendem
entender os mecanismos que mantêm a atividade convectiva das linhas de
instabilidades.
Os balões têm autonomia de 48 horas de voo, aproximadamente, medem 90
centímetros de diâmetro, 3,2 metros de altura e carregam uma sonda de 400 gramas.
Uma vez lançado, serão conduzidos pelos ventos. O deslocamento vertical será
controlado remotamente via satélite, mas o voo ficará em torno de 1000 metros de
altitude, que corresponde ao topo da camada limite da atmosfera.
As medidas nesta região atmosférica são de interesse à pesquisa devido à forte
interação com a superfície (troca de energia), influenciando a formação e o
desenvolvimento das linhas de instabilidade. O voo do balão poderá ser
acompanhado pela homepage: http://www.science.smith.edu/cmet/flight.html.
Esta é a segunda campanha científica do Projeto Chuva de um total de seis
previstas até o final de 2014. O objetivo é compreender os diferentes sistemas
convectivos que atuam no país. A primeira foi em Fortaleza ao longo do mês de
abril. Como em Fortaleza, foi implementado um sistema de observação de tempo
severo, o SOS Belém, com base na operação de um radar de última geração, que
acompanha a evolução das chuvas na região metropolitana, oferecendo informações
e alertas em tempo real à Defesa Civil (http://poitara.cptec.inpe.br/sosbelem/).
O mini-curso “Processos Físicos das Nuvens” também foi reproduzido em
Belém, realizado nos dias 16 e 17, na UFPA, com mais de 200 estudantes inscritos.
As aulas durante o período do experimento foram ministradas por pesquisadores das
instituições que integram o projeto.
Melhoria das previsões – O pesquisador Luiz Augusto Machado, do CPTEC/INPE,
coordenador principal do Chuva, afirma que os processos físicos associados às
nuvens de tempestade, que evoluem em escala de alguns quilômetros, ainda não são
totalmente conhecidos. “Os modelos numéricos de previsão de tempo e clima
descrevem com pouca precisão estes processos”, destaca.
Com o aumento da resolução espacial dos atuais modelos, devido ao maior
poder computacional do novo supercomputador do INPE (batizado de Tupã), os
processos que envolvem as partículas de chuva e gelo nas nuvens terão que ser
descritos com maior detalhamento.
Além da coordenação geral do projeto, o CPTEC/INPE está à frente também de
duas áreas de abrangência da pesquisa, que conta ainda com a liderança de
pesquisadores da USP e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/ DCTA). A
Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Ministério da Ciência e Tecnologia também
apóiam o Projeto Chuva.
Mais informações sobre o projeto e as campanhas podem ser acessadas no portal
do Chuva: http://chuvaproject.cptec.inpe.br/portal/br/.
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