MAPEAMENTO DA COBERTURA VEGETAL ARBÓREA DENTRO DO
LIMITE URBANO DE IRATI, PARANÁ
Nara Tudela Haberland, Flávia Caroline Berger Silva, Paulo Costa de
Oliveira Filho (Orientador),
e-mail: [email protected].
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Engenharia
Ambiental/Irati, PR.
CA - Engenharia e Ciências Ambientais e Saneamento
Palavras-chave: Imagens orbitais de alta resolução, gestão de áreas
verdes.
Resumo
A crescente urbanização e consequente impermeabilização do tecido
urbano, tem proporcionado uma redução de áreas verdes nas cidades. Foi
realizado o mapeamento dos fragmentos de áreas verdes arbóreas naturais
dentro do limite urbano de Irati, Paraná. Utilizou-se ortoimagens orbitais
Quickbird de resolução espacial de 0,60 m para interpretar e vetorizar
fragmentos com área acima de 100 m2. Foi realizada um classificação
desses fragmentos sendo que a área verde arbórea natural encontrada foi
de 746,98 ha. Apenas 3,35% desta área é formada por fragmentos com
áreas entre 3 e 15 ha.
Introdução
A partir da década de 70, quando as questões ambientais tomaram
dimensão mundial, observou-se o intuito de preservar o meio ambiente a
partir das transformações decorrentes da crescente urbanização (RUDEK e
MUZZILLO 2007).
O crescimento acelerado das cidades e o aumento do número de
indústrias nas áreas urbanas fizeram com que houvesse uma grande
degradação do ambiente e, consequentemente, destruição das áreas verdes
urbanas. (AVELAR e SILVA NETO 2008).
É notória a ação benéfica que a vegetação proporciona ao ambiente
urbano, pela fixação de poeira e materiais residuais, depuração bacteriana e
de outros microorganismos e pela renovação do ar através de mecanismos
fotossintéticos (RESENDE 2008). PINA, 2009, acrescenta que a
estabilização das superfícies por meio da fixação do solo pelas raízes,
redução da velocidade do vento, proteção da água por impedir o
escoamento de substâncias poluidoras, por manter os índices de umidade
no ar em equilíbrio. Conforme ROCHA 2005, outros pontos positivos são:
embelezamento da cidade, proteção a biodiversidade, atuação no controle
de pragas e doenças urbanas.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Muitos consideram a vegetação como importante indicador de
qualidade ambiental urbana, no entanto há divergências conceituais entre os
pesquisadores, pois nota-se que termos como áreas verdes, espaços livres,
áreas de lazer, por exemplo, são utilizados indistintamente como sinônimos
à presença de áreas verdes (CAPORUSSO e MATIAS 2008).
BUCCHERI e NUCCI, 2006 definem espaço livre de construção como
espaço urbano ao ar livre, destinado em geral, à recreação e ao
entretenimento em horas de ócio. BARBIN, 2008 inclui nesta classe as áreas
verdes, parques urbanos, praças, sistemas de lazer, jardins, áreas de
preservação permanente e áreas particulares existentes dentro dos limites
urbanos. De acordo com CAVALHEIRO, 1992 estão incluídas na classe
espaços livres, tanto as áreas públicas, como as áreas particulares.
Para HARDER et al., 2006, áreas verdes são conceituadas como um
tipo especial de espaços livres, com pelo menos 70% das áreas,
permeáveis, cobertura vegetal predominantemente arbórea ou arbustiva
(excluindo-se as árvores no leito das vias públicas). O mesmo autor afirma
que para calcular o índice de área verde, devem ser consideradas somente
as áreas verdes públicas da zona urbana e ligadas ao uso direto da
população residente nessa área. Outro conceito importante é o de cobertura
vegetal, definida como qualquer área composta por vegetação, seja essa
arbórea, arbustiva ou mesmo herbácea. (FREITAS e SARDINHA 2009)
Para obtenção do índice de cobertura vegetal é necessário o
mapeamento de toda cobertura vegetal da cidade, em m² ou km².
Conhecendo-se a área total estudada, calcula-se à porcentagem de
cobertura vegetal que existe naquele bairro ou município. Estima-se que o
índice de cobertura vegetal recomendável esteja na faixa de 30%, enquanto
índice de arborização inferior a 5% indica características semelhantes a um
deserto. Se mapearmos somente as árvores, então esse índice expressará
somente a cobertura vegetal de porte arbóreo (ROCHA e WERLANG 2005).
Medidas que envolvem o meio ambiente urbano com a presença de
vegetação contam hoje com sensoriamento remoto e geoprocessamento,
utilizados para auxiliar os estudos ambientais, que por meio de técnicas
aplicadas e imagens de satélite, apresentam grande eficiência ao identificar,
espacializar e quantificar os atributos individuais de cada entidade mapeada
(FREITAS e SARDINHA 2009). A análise espacial é uma importante técnica
para a compreensão do espaço geográfico, pois permite uma melhor
representação e análise das áreas verdes urbanas e pode contribuir na
elaboração de políticas voltadas ao planejamento territorial (MATIAS e
CAPORUSSO 2008). Este estudo objetivou quantificar e classificar a
cobertura vegetal no Município de Irati-PR como parte da avaliação da
qualidade ambiental da área urbana da cidade.
Materiais e Métodos
A área de estudo limitou-se ao perímetro urbano do Município de Irati/PR. A
área do município é de 998,3 Km², sendo 25,16 Km² de tecido urbano
(IBGE, 2000). O software utilizado para o trabalho foi o SPRING, versão
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
5.1.3. para LINUX, aplicativo de domínio público brasileiro, desenvolvido
pelo INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Foram obtidas, junto à Prefeitura Municipal de Irati, ortoimagens
Quickbird 2008 resolução 0,6 m bem como a base cartográfica digital com o
limite urbano. As áreas de vegetação arbórea natural foram delimitadas
através da vetorização manual. Esse método exige maior capacidade de
interpretação e demanda maior tempo, posto que cada fragmento de mata
deve ser trabalhado individualmente. Todavia, acredita-se esta seja a melhor
forma de trabalho, visto que as classificações automáticas e semiautomáticas incorrem, freqüentemente, em erros de interpretação, sobretudo
quando há imagens de distintos sensores (FELIPPE 2009).
A seguir, os dados foram exportados para o aplicativo Excel e
classificados conforme os valores de área. Essa medida foi definida pela
incidência da menor medida entre os polígonos. Definiu-se 100 m² como
tamanho mínimo de área a ser considerada. A partir da área total dos
polígonos o Índice de Cobertura Vegetal Arbórea bem como o percentual de
cobertura vegetal na área urbana foram calculados.
Resultados e Discussão
A partir das informações levantadas através da vetorização manual, foi
possível calcular dois índices que refletem a presença de vegetação
arbórea:
Índice de cobertura vegetal arbórea (ICVA) = 7469818,32 /45299 = 164,9 m²/
hab
Percentual de cobertura vegetal arbórea = (746,98/2516) x 100% = 29,68%
Os fragmentos obtidos foram classificados de acordo com a área
como mostra a tabela a seguir:
Tabela 01: Classificação dos fragmentos por área
Classificação
Fragmentos Porcentagem
muito pequeno 0,01 a 0,04ha
469
34,10%
pequeno 0,04 a 0,5ha
727
52,87%
médio 0,5 a 3,0ha
133
9,68%
grande 3,0 a 15ha
37
2,70%
muito grande >15ha
9
0,65%
Total
1375
100,00%
Área (ha)
11,6850207
101,9908693
143,5030111
224,0291625
265,7737688
746,9818324
Porcentagem
1,56%
13,65%
19,22%
29,99%
35,58%
100,00%
Conclusões
- A temática verde urbano é bastante citada em trabalhos científicos devido
ao seu numerosos benefícios, porém ainda não há consenso quando ao tipo
e domínio de área conceituada como área verde, espaço livre,etc.
- A metodologia mostrou-se satisfatória, pois através da vetorização manual
e da alta resolução das imagens foi possível detectar uma grande amplitude
de fragmentos;
- A vetorização mostrou que 96,65% da área de vegetação arbórea é
composta por fragmentos entre 0,01 a 3,0ha;
- A área verde arbórea natural encontrada foi de 746,98ha, porém apenas
3,35% desta área é formada por fragmentos entre 3,0 e 15,0 ha;
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
- O resultado do porcentual de cobertura vegetal é de 29,68 % e demonstra
que a cidade não está dentro da faixa recomendada por ROCHA 2005;
Referências
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áreas verdes: uma proposta de planejamento e monitoramento. In Anais do
4º Congresso Nacional de Excelência em Gestão, 2008.
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Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, 2008, 3, 17.
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FELIPPE, M. F.; BUENO, J.; COSTA, A. Desmatamento na Bacia do Rio
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Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
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título do resumo - Anais - Universidade Estadual do Centro