11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas
Teores de clorofila em plantas de hortelã-verde em função de diferentes níveis de
adubação orgânica
Magda Araújo Brito1; Valéria Gomes Momenté²; Ildon rodrigues do Nascimento3
1
Aluna do Curso de Engenharia de Alimentos ; Campus de Palmas TO; e-mail: [email protected]
Orientador(a) do Curso de Engenharia de Alimentos; Campus de Palmas TO; e-mail: [email protected]
3
Co-orientador(a) do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi TO; e-mail: [email protected]
2
RESUMO
A aplicação de esterco bovino curtido melhora as condições físicas do solo, além de fornecer
nutrientes para as plantas. Nutrientes que contribuem para diversos processos metabólicos no vegetal.
Dentre estes, a síntese e manutenção de pigmentos. O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito de
diferentes doses de adubo orgânico sobre os teores de clorofila de plantas de hortelã verde. Este
trabalho foi realizado na área experimental do setor de olericultura da Universidade Federal do
Tocantins – Campus Universitário de Gurupi, município de Gurupi – TO, de novembro a fevereiro de
2012, utilizando-se plantas de hortelã-verde do horto de plantas medicinais de Palmas – TO. Os
tratamentos constituíram-se de sete doses de adubo orgânico (0, 25, 50, 75, 100, 150 e 300 kg m²),
com três repetições. Mensurou-se os teores de clorofila através de aparelho clorofilômetro digital
ClorofiLOG modelo CFL 1030, com valores expressos em Índice de Clorofila Falker (ICF). Os
resultados indicaram que o fornecimento de nutrientes via adubação orgânica não tem efeito sobre os
teores de clorofila total, clorofila a, clorofila b e a relação clorofila a/b.
Palavras-chave: Mentha spicata L.; plantas medicinais, nutrição mineral, fotossíntese.
INTRODUÇÃO
A hortelã verde (Mentha spicata L.), também conhecida como hortelã-comum, hortelã-pimenta, menta
ou hortelanzinho, é uma planta aromática pertencente à família botânica Lamiaceae. É herbácea, semiperene e com vários usos medicinais, aromáticos e condimentares. Na maioria dos solos brasileiros, e
em especial os de Cerrado, os solos são ácidos e de baixa fertilidade, o que é uma desvantagem para a
produção vegetal, pois é necessário a correção do pH e da fertilidade do solo para se ter bons índices
de produção de biomassa ou de produtos vegetais de interesse.
A adubação orgânica exerce papel importante no fornecimento de nutrientes às plantas, principalmente
de N, P, S e micronutrientes (Pires & Junqueira, 2001). A nutrição mineral exerce influência nas
estruturas e no metabolismo dos vegetais, de maneira que quando uma planta está em estado de
deficiência nutricional pode-se evidenciar diferenciações na estrutura anatômica, inclusive nos
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conteúdos de pigmentos (Corrêa et al., 2009). Segundo Corrêa et al. (2009), alguns nutrientes, como
por exemplo o nitrogênio, podem aumentar a produção de clorofilas, e por consequência influenciar o
rendimento final da cultura.
Os pigmentos vegetais são substâncias que absorvem a energia luminosa, e permite que a mesma
desempenhe seu papel no ciclo biológico vegetal (Engel, 1989), que seria canalizando a energia solar
em energia química por meio de processos fotossintéticos (Raven et al., 2007) . Os principais
pigmentos vegetais são as clorofilas, fitocromos, flavinas carotenoides e antocinina. Entretanto, o
grupo das clorofilas é o mais importante, pois participa diretamente no processo de fotossíntese (Rêgo,
2001). Segundo Rêgo (2001), vários tipos de clorofilas podem ocorrer nos vegetais, sendo as clorofilas
a e b as mais importantes. Devido sua relação direta com a absorção e transferência luminosa, as
clorofilas são frequentemente utilizadas para estimar o potencial fotossintético de uma planta.
A literatura, principalmente a brasileira, é escassa em relação às exigências nutricionais de plantas
medicinais, aromáticas e condimentares.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes doses de adubo orgânico sobre os teores de
clorofila de plantas de hortelã verde.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no setor de Olericultura da Universidade Federal do Tocantins –
Campus Universitário de Gurupi, no município de Gurupi – TO, em solos com as características
apresentadas na Tabela 1. Utilizaram-se matrizes oriundas do Horto de Plantas Medicinais de Palmas –
TO. Os tratamentos consistiram-se de sete níveis de adubação orgânica (esterco bovino curtido), sendo
as doses utilizadas 0, 25, 50, 75, 100, 150 e 300 t ha-1. O delineamento experimental foi em blocos
casualizados, com 3 repetições. Cada parcela constituiu-se de 1,5 m de comprimento e 1,0 m de
largura, perfazendo 1,5 m² de área total. O espaçamento utilizado foi 0,40 m entre linhas de plantio e
0,30 m entre plantas na mesma linha de plantio.
Para a instalação do experimento as plantas foram multiplicadas em casa de vegetação. As mudas
foram obtidas pelo enraizamento de estacas de 4 a 6 cm de comprimento. Na produção das mudas
foram utilizadas bandejas de poliestireno expandido de 128 células e substrato composto de terra de
barranco, esterco bovino e palha de arroz carbonizada na proporção de 1:1:1. As estacas foram
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plantadas em novembro de 2011 e transplantadas em dezembro de 2011. A adubação foi realizada em
plantio conforme tratamento, sendo incorporado aos canteiros em uma faixa de 10 cm.
A colheita foi realizada em fevereiro de 2012, sendo avaliado o teor de clorofila nas plantas. Os teores
de clorofila foram obtidos através do aparelho digital ClorofiLOG modelo CFL 1030, com valores
expressos em unidades adimensionais próprias do aparelho, Índice de Clorofila Falker (ICF) (Falker,
2008). Testou-se modelos de análise de regressão utilizando o software Sisvar (Ferreira, 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A adubação orgânica não influenciou significativamente os índices de clorofila a (28,51 ICF) e b (7,29
ICF), assim como a clorofila total (35,84 ICF) e a relação clorofila a/b (3,93 ICF) (Figura 1). Esses
resultados não corroboraram com os encontrados por Corrêa et al. (2009), que observaram relação
quadrática entre os níveis de esterco bovino e as clorofilas a, b e total em plantas de orégano
(Origanum vulgare L.). De acordo com esses autores os maiores valores de clorofila, obtidos em
função de doses crescentes de adubação orgânica, até o ponto de máxima da curva, podem ser
explicados pela maior disponibilidade de nutrientes como nitrogênio e magnésio na solução do solo, os
quais fazem parte da molécula de clorofila. Enquanto, o decréscimo no teor de clorofila, a partir do
ponto de máxima da curva, pode ser atribuído ao excesso de nutrientes no substrato, causando redução
do pigmento.
O resultado observado neste estudo pode ser explicado pela baixa taxa de mineralização do esterco
bovino durante o período experimental, ou seja, houve um pequeno incremento de nutrientes,
principalmente nitrogênio, na solução do solo. O que pode ter sido determinante para a resposta não
significativa dos diferentes tipos de clorofila em função do acréscimo das doses de adubo orgânico.
Pois de acordo (Van Kessel & Reeves, 2002) em estudo com 107 amostras de esterco incubadas com
solo, observaram que, em média, a mineralização líquida de N foi de 12,8 %, aos 57 dias (Van Kessel
& Reeves, 2002). Entretanto, resultados contrastantes em relação a mineralização do N presente no
esterco bovino podem ser observados, devido a diferenças no teor de água do solo (Menezes e
Salcedo, 2007)
Pode-se concluir que, nas condições avaliadas, a adubação orgânica com esterco bovino curtido não
influencia a clorofila de plantas de hortelã-verde.
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LITERATURA CITADA
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FALKER AUTOMAÇÃO AGRÍCOLA LTDA. 2008. Manual do medidor eletrônico de teor clorofila
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VAN KESSEL, JS; REEVES, JB. 2002. Nitrogen mineralization potential of dairy manures and its
relationship to composition. Biology and Fertility of Soils 36, 118-123.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq – Brasil e teve por honraria a participação de uma orientadora que visa a
excelência e o desempenho do aluno, agradeço primeiramente a Deus por ter me dado saúde para
condução do experimento e à Profº Dr Valéria Gomes Momenté por ter acreditado no meu potencial.
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