VIVENCIANDO O COTIDIANO ESCOLAR ATRAVÉS DO
DESENVOLVIMENTO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE ROCHAS.
Tamires Gonçalves Tutu - Licencianda e bolsista do PIBID – Ciências Naturais /
FACED-UFBA-CAPES
Ayecha Santos Palagani- Licencianda e bolsista do PIBID – Ciências Naturais /
FACED-UFBA-CAPES
Priscila Pereira de Araújo dos Santos - Licencianda e bolsista do PIBID – Ciências
Naturais / FACED-UFBA-CAPES
Izaura Santiago da Cruz - Coordenadora do PIBID – Ciências Naturais / FACEDUFBA-CAPES
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar a experiência que o PIBID (Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) proporcionou às estudantes do curso de
Licenciatura em Ciências Naturais da UFBA (Universidade Federal da Bahia), ao
estreitar a relação entre os temas estudados nas disciplinas acadêmicas e a prática
pedagógica através da inclusão destes conteúdos no cotidiano do Colégio Estadual
Marcílio Dias. A atividade principal consistiu na elaboração e aplicação de uma
sequência didática sobre rochas, possibilitando que as bolsistas vivenciassem situações
que só seriam conhecidas, provavelmente na disciplina Estágio, ao final da graduação.
Todo esse processo gerou algumas contribuições para formação docente das bolsistas, o
que modificou o olhar das mesmas sobre a ação educativa.
Palavras-chave: formação docente, sequência didática e aprendizagem significativa.
Introdução
A proposta deste trabalho surge da necessidade de implementar uma sequência didática
sobre "Rochas" para alunos do 6o ano Colégio Estadual Marcílio Dias, para
vivenciarmos o cotidiano de um professor de Ciências desde o planejamento até o
momento da avaliação da ação.
O referido Colégio está localizado no bairro de São Tomé de Paripe, região do Subúrbio
Ferroviário de Salvador - Ba. A maioria dos seus estudantes do turno da manhã são
alunos residentes na Ilha de Maré que pertence ao mesmo município.
Nesta Ilha não tem escolas de Ensino Fundamental II e os estudantes precisam se
deslocar utilizando os barcos dos moradores da própria localidade, sendo estes
financiados pela prefeitura.
Para elaborarmos a sequência didática buscamos suporte teórico em Zabala (1998), que
nos forneceu um modelo teórico para a elaboração desta. Sequência didática "são um
conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos
objetivos educacionais, que tem um princípio e um fim conhecidos tanto pelos
professores como pelos alunos" (ZABALA, 1998, p. 18).
Nosso trabalho também se apoia em Freire (1996, p.14), que tece argumentos “sobre a
prática educativo-progressista em favor da autonomia do ser educando”. Prática essa
que só se viabiliza com uma formação docente coerente com seus pressupostos, em que
o profissional se sinta capacitado em permitir que o aluno seja o próprio autor da
construção do seu conhecimento, é dar-lhe o direito de se sentir inserido no processo de
ensino aprendizagem. Desta forma, o PIBID contribuiu para que continuássemos a
aperfeiçoar nossa formação, modificando nossa visão sobre “dar aula”, possibilitando
uma prática pedagógica que favorecesse a autonomia dos/as estudantes.
Outro referencial teórico importante para o nosso trabalho foi o documento dos PCN
(Parâmetros Curriculares Nacionais), o qual indica que,
[...] para o ensino de Ciências Naturais é necessária a construção de
uma estrutura geral da área que favoreça a aprendizagem significativa
do conhecimento historicamente acumulado e a formação de uma
concepção de Ciência, suas relações com a Tecnologia e com a
Sociedade. Portanto, é necessário considerar as estruturas de
conhecimento envolvidas no processo de ensino e aprendizagem — do
aluno, do professor e da Ciência. (BRASIL, 1997 p. 27)
Nesta perspectiva, antes de começarmos a aplicação da sequência didática, visitamos a
Ilha de Maré onde a maioria dos estudantes reside, buscando nos aproximarmos da
realidade dos mesmos, conhecendo antecipadamente, o contexto socioambiental em que
estão inseridos.
Com base neste modelo fornecido por Zaballa (1998) e, entendendo que o "processo de
ensino e aprendizagem na área de Ciências Naturais pode ser desenvolvido dentro de
contextos social e culturalmente relevantes, que potencializam a aprendizagem
significativa" (BRASIL, 1997, p. 28), foram desenvolvidas atividades que buscaram
relacionar os conteúdos científicos propostos com situações vivenciadas pelos alunos no
seu cotidiano e em consonância com os conteúdos programáticos da disciplina.
Metodologia
Ao acompanharmos as aulas de Ciências com a professora regente percebemos que as
aulas eram desenvolvidas sem a participação ativa de estudantes. Observamos que os
mesmos apresentavam dificuldades na escrita e leitura. Após avaliarmos essas
informações, planejamos aulas utilizando recursos variados (slides, construção de
maquetes, imagens, livros) e com atividades que possibilitassem o estímulo à leitura e
produção de texto. As atividades foram elaboradas de modo a relacionar os conteúdos
de ciências com situações vivenciadas no cotidiano dos estudantes, em interação com os
conteúdos programáticos da disciplina. A sequência planejada foi direcionada para os
alunos de três turmas do 6º ano do ensino fundamental II, com o tema “As Rochas” e
executada em um período de cinco aulas.
Para iniciarmos a atividade lançamos a seguinte pergunta norteadora: “Como é formada
uma ilha?”. Após esse questionamento, no primeiro momento coletamos as informações
dos estudantes, que foram expressas em forma de desenhos ou relatos escritos,
finalizando o nosso levantamento de conhecimentos prévios.
No segundo momento apresentamos slides referentes ao conceito, os tipos e exemplos
das rochas e expusemos fotos dos tipos de rochas encontrados na Ilha de Maré
estimulando os estudantes a relacionarem o conteúdo com suas vivências.
No terceiro momento propusemos a elaboração, em sala de aula, de maquetes. Para
tanto, dividimos a turma em equipes de cinco alunos nas quais os estudantes deveriam
construir representações da Ilha de Maré. Para o desenvolvimento da atividade foram
disponibilizados materiais como: isopor, tesoura, papel crepom, papel celofane, tintas,
pincel.
No quarto e último momento pedimos aos estudantes que relatassem em um pequeno
texto o que aprenderam com as atividades realizadas em sala de aula.
Durante a atividade os alunos foram observados e avaliados pelas bolsistas, com relação
a participação individual e coletiva. A avaliação aplicada foi baseada no modelo
proposto por Luckesi (2004). Segundo este autor,
[...] o ato de avaliar a aprendizagem implica em acompanhamento e
reorientação permanente da aprendizagem. Ela se realiza através de
um ato rigoroso e diagnóstico e reorientação da aprendizagem tendo
em vista a obtenção dos melhores resultados possíveis, frente aos
objetivos que se tenha à frente. E, assim sendo, a avaliação exige um
ritual de procedimentos, que inclui desde o estabelecimento de
momentos na construção, aplicação e contestação dos resultados
expressos nos instrumentos; devolução e reorientação das
aprendizagens ainda não efetuadas. (p. 1)
Resultados
Com a atvidade realizada desenvolvermos uma aula mais dinâmica, com recursos
variados e, percebemos alguns aspectos positivos nas turmas em que foi aplicada a
sequência didática tais como: aumento da concentração, do envolvimento e da
participação dos estudantes. Na construção das maquetes, verificamos uma melhora
entre os/as estudantes da turma nos momentos em que trabalharam coletivamente.
Na produção do texto houve o estímulo da escrita e da leitura, e através deste material
obtivemos informações sobre o entendimento dos/as estudantes do conteúdo
desenvolvido e a relação com o seu cotidiano. Percebemos uma modificação na postura
de estudantes em relação à participação e colaboração durante as aulas e também ao
demonstraram maior interesse e dedicação, o que se refletiu nos níveis de
aprendizagem.
Considerações finais
Como futuras docentes, ao nos aproximarmos da realidade da escola, notamos a
importância da inserção de conteúdos pertinentes ao cotidiano dos estudantes assim
como do planejamento, para a execução de uma sequência didática no meio profissional
que vamos atuar, bem como a relevância dessa vivência para a qualificação da nossa
formação docente.
Referências
ALMEIDA, Rosiléia Oliveira (Org.); GODOY, Adriana Pena. Caderno Ambiental Ilha
de Maré. Salvador: Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE), Núcleo de
Publicações,
2011.
Disponível
em:
<http://www.moodle.ufba.br/file.php/11646/CADERNO_AMBIENTAL_COMPLETO_
EM_PDF_-_VERS_O_FINAL_06-01-12.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2013
BRASIL. Secretaria da Educação Ambiental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Ciências Naturais/ Secretaria da Educação Fundamental. Brasília, 1997. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro04.pdf>. Acesso em: 03 mai. 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25.
ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção leitura).
LUKESI, Cipriano, Entrevista concedida à Aprender a Fazer, publicada em IP –
Impressão Pedagógica, publicação da Editora Gráfica Expoente, Curitiba, PR, nº 36,
2004, p. 4-6.
ZABALA, Antoni. . Prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.