PROGRAMAS DE TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM GRUPO PARA COMPORTAMENTOS
IMPULSIVOSA
impulsividade é descrita como uma característica do comportamento marcada por ações rápidas e não planejadas,
em que a avaliação das consequências não é realizada, ou o é apenas de forma parcial, focando-se em aspectos
imediatos em detrimento das consequências de longo prazo. O objetivo da mesa redonda será discutir e apresentar
dados sobre programas de terapia cognitivo-comportamental em grupo aplicada a sujeitos com comportamentos
impulsivos: transtorno explosivo intermitente, tricotilomania, dependência tecnológica e cleptomania. Serão descritos
programas testados no Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da FMUSP.
PROGRAMA DE
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
TRANSTORNO EXPLOSIVO INTERMITENTE. Liliana Seger,
EM
GRUPO
PARA
TRATAMENTO
DO
Ana Maria Costa (Programa do Ambulatório dos
Transtornos do Impulso, Instituto de Psiquiatria, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo –
SP).
Estudos realizados pela National Comorbity Survey Replication demonstram que o Transtorno Explosivo Intermitente
-TEI afeta 7,3% de adultos ao longo da vida. No Brasil, um estudo da World Mental Health na Região Metropolitana
de São Paulo o TEI foi detectado em 3,1% dos 4,3% dos entrevistados que apresentavam transtornos do impulso.
Este transtorno esta descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM–5, no capítulo dos
Transtornos Disruptivos, do Controle do Impulso e de Conduta. O TEI se caracteriza por episódios agressivos com
frequência e intensidade desproporcionais à situação, provocando danos à objetos, propriedades e/ou pessoas. O
comportamento não é premeditado - produzindo culpa, vergonha e arrependimento - não pode ser justificado por
outro transtorno mental e não decorre dos efeitos de drogas ou condição médica geral. O transtorno produz sérios
prejuízos nas várias aéreas da vida. Em função da alta prevalência, desenvolvemos um programa de TCC em grupo,
no Instituto de Psiquiatria da FMUSP, no ambulatório do Programa dos transtornos do impulso - Pro-Amiti. Sendo o
TEI caracterizado pela falta do controle do impulso para tomada de decisão e tendo o seu constructo psicológico
pautado na agressividade e hostilidade, manifestos através da expressão desordenada de raiva, o objetivo do
programa consistiu em: (a) Ampliar o conhecimento do funcionamento psicológico do paciente
quanto as suas reações agressivas e ou desproporcionais aos eventos “gatilhos, (b) possibilitar uma reavaliação das
interpretações dos eventos vivenciados como ameaçadores a partir do levantamento de crenças subjacentes (c)
desenvolver recursos que permitam o desenvolvimento da assertividade através da instalação de uma melhor
comunicação e uma melhoria da capacidade de enfrentamento e a consequente prevenção de recaídas. O programa
consiste em 02 módulos de intervenções sendo a primeira composta de 15 sessões semanais em grupo de 1h e 30
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Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma
(organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015.
ISBN 978-85-66867-01-5
minutos para até 15 pacientes, seguido de uma segunda etapa para verificação da manutenção dos ganhos
terapêuticos realizados através de 03 sessões quinzenais, 30 dias do término da primeira intervenção. São utilizados
os seguintes instrumentos: STAXI - State-Trait Anger Expression Inventory – (Spielberger), BAI
- Escala de
Ansiedade de Beck., BDI - Escala de Depressão de Beck. EAS - Escada de adequação Social.
Dados complementares serão discutidos na apresentação.
Apoio financeiro: O presente estudo não utilizou apoio de fontes de fomento à pesquisa e/ou bolsas.
Palavras-chave: Transtorno Explosivo Intermitente, impulsividade, raiva.
Área temática: Intervenções em grupo
Avaliação do tratamento cognitivo-comportamental estruturado para grupo de pacientes com tricotilomania .
Edson Luiz Toledo, Enilde de Togni Muniz, Hermano Tavares. (Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do
Impulso, Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo/SP).
Introdução: Tricotilomania (TTM) é um transtorno prevalente e incapacitante caracterizado pelo repetitivo arrancar
de cabelo, sendo, atualmente, classificada no grupo dos transtornos relacionados ao transtorno obsessivocompulsivo. Diversos estudos foram apresentados na literatura clínica, sugerindo que a TTM é mais comum do que
se acreditava e várias propostas de tratamento foram apresentadas. As pesquisas do comportamento em pacientes
com TTM têm focalizado seus fatores mantenedores. Entretanto, devemos considerar o potencial papel das
cognições que podem operar junto com variáveis de comportamento, na
etiologia e manutenção da TTM. Exceto por três estudos controlados para Terapia de Reversão de Hábito, até o
momento, não foram publicados estudos controlados sobre o uso de Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) em
TTM; apenas relatos e séries de casos. Objetivo: O presente estudo teve como proposta testar um programa
manualizado de TCC em Grupo (TCC-G) para portadores de TTM, diagnosticados de acordo com o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais – 4ª Edição. Método: Foram avaliados 44 pacientes, recrutados de
abril/2009 a maio/2010. Os pacientes com TTM foram alocados aleatoriamente em um dos dois grupos, sendo que
um grupo experimental (n=22) participou de TCC-G e o outro grupo controle (n=22) participou de Terapia de Apoio
em Grupo (TA-G). Durante o estudo, os participantes do grupo experimental participaram de vinte e duas sessões de
um programa de TCC-G manualizado. A principal variável de desfecho foi a Massachusetts General Hospital Hair
Pulling Scale, as demais variáveis secundárias de desfecho foram: Beck Depression Inventory, Beck Anxiety
Inventory, Social Adjustment Scale-Self-Report e a Clinical Global Impression scale. Os grupos experimental e
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Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma
(organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015.
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controle foram comparados em três momentos: na triagem, no início e no final das intervenções, utilizando-se análise
de variância (ANOVA) para medidas repetidas, as variáveis categorial e contínuas foram comparadas usando o
Student’s t-tests (ou o Mann-Whitney U test quando cabível) e o chi-square tests, respectivamente.
Resultado/Discussão: Ambos os grupos apresentaram melhora significativa dos sintomas de TTM e depressão ao
longo do tratamento (F= 23,762, p˂0,001) e (F= 6,579, p = 0,003), respectivamente. Na escala de impressão clinical
global os escores foram p˂0,001. Os ssintomas ansiosos e ajustamento social não apresentaram variação
significativa (p>0,05). O grupo experimental mostrou uma redução significativamente maior dos sintomas de TTM em
comparação com o grupo controle (F= 3,545, p˂0,038) ao fim do tratamento, assim podemos concluir que a TCC-G é
um método válido para o tratamento da TTM.
Apoio financeiro: O presente estudo não utilizou apoio de fontes de fomento à pesquisa e/ou bolsas.
Palavras-chave: Tricotilomania/terapia; Terapia cognitiva; Psicoterapia de grupo; Transtorno obsessivo-compulsivo;
transtorno do controle de impulsos.
Área temática: Intervenções em grupo
CLEPTOMANIA - PROGRAMA DE ATENDIMENTO DE 23 PACIENTES EM TCC
Aparecida Rangon Christianini, Daniela Bertoni, Maria do Carmo de Oliveira. (Programa do Ambulatório dos
Transtornos do Impulso, Instituto de Psiquiatria, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo –
SP),
A cleptomania é classificada como um transtorno de impulso que se caracteriza pelo fracasso recorrente em resistir
ao ímpeto de furtar objetos desnecessários para o uso pessoal, independente do seu valor monetário. Descrita como
rara, com a prevalência na população geral de aproximadamente 0.3% - 0.6%. Dos indivíduos com diagnóstico em
1
cleptomania é mais comum entre as mulheres na razão de 3:1 . O comportamento de furtar acarreta profundo
sofrimento social, conseqüências matrimoniais e comprometimento profissional e índice elevado de tentativas de
2
suicídio .
O presente estudo tem como finalidade descrever um Programa de tratamento pautado na Terapia Cognitivo
Comportamental destinado a pacientes com diagnóstico em Cleptomania, com apresentação do perfil sóciodemográfico da população alvo.
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Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma
(organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015.
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Método: O programa de tratamento em TCC foi aplicado em vinte e três pacientes pertencentes Pro-Amiti/IPqHC/FMUSP (Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso). Os atendimentos são realizados por
uma equipe multiprofissional constituído por psicólogo e psiquiatra. O programa foi estruturado em de 20 semanas,
com duração de 90 minutos para
grupo e de 60 minutos no atendimento individual. Os inventários aplicados
3
Kleptomania Symptom Assessment Scale- K-SAS ; Beck Depression Inventory (BDI)
4
; Beck Ansiety Inventary
5
(BAI) avaliaram três momentos distintos: início, meio e final de tratamento e com follow-up de 1 ano.
Resultados:A análise comparativa dos inventários aplicados (BDI; BAI e K-SAS) apontou uma diminuição
decrescente nos sintomas depressivos (p=0.005 entre níveis 1 e 2), ansiosos (p=0.084 entre níveis 2 e 3) e no
comportamento de furto (p=0.002 entre níveis 1 e 2; p<0.001 entre níveis 2 e 3). Ao final do tratamento N=21
pacientes estavam sem o comportamento de furto (K-SAS=11.5 ± 4.4). Após 12 meses, N=19 pacientes se
apresentaram para o seguimento, sendo que N=17 estavam sem o comportamento de furto (K-SAS= 8.5 ± 1.96) e
N=2 furtavam (K-SAS= 23.5), com o abandono de 4 participantes.
Discussão: Conclui-se que um programa de tratamento para Cleptomania em TCC, num modelo de atendimento
individual e em grupo possibilitou melhora do comportamento de furto, bem como nos traços depressivos e ansiosos.
O perfil dos pacientes desse estudo apresentou uma faixa etária de indivíduos produtivos, com alto grau de
escolaridade e uma elevada taxa de desemprego, sugerindo um prejuízo socioeconômico gerado por esse transtorno.
Os dados socioeconômicos e do perfil da amostra estudada condizem aos descritos na literatura.
Apoio financeiro: O presente estudo não utilizou apoio de fontes de fomento à pesquisa e/ou bolsas.
Palavras-chave: Cleptomania, impulsividade.
Área temática: Intervenções em grupo
PROGRAMA ESTRUTURADO EM PSICOTERAPIA COGNITIVA PARA DEPENDENCIA TECNOLÓGICA
Dora Sampaio Góes e Cristiano Nabuco de Abreu (Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso,
Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo/SP).
Introdução: As abordagens em psicoterapia disponíveis para o tratamento da dependência tecnológica ainda são
raras e pouco conhecidas na literatura. O principal componente do modelo da TCC para tratar a dependência da
internet é o de Davis, onde afirma que são as cognições mal-adaptativas do usuário a respeito do eu e do mundo e
como elas juntas afetariam diretamente para o uso da Internet se tornar um grande problema. Pensamentos e
reflexões sobre o “self” são geralmente caracterizados por uma autoavaliação negativa somado a um senso de baixa
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Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma
(organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015.
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autoeficácia, por exemplo. Como a terapia cognitivo-comportamental contabiliza bons resultados no tratamento de
outros transtornos do controle dos impulsos, tais como Jogo Patológico, Compras Compulsivas, Bulimia Nervosa,
Compulsão Alimentar Periódica - transtornos estes semelhantes nas características de impulsividade e compulsão,
esta abordagem torna-se naturalmente como uma opção preferencial, embora trials envolvendo grupos-controle no
tratamento desta dependência ainda sejam. A dependência da internet é tratada em nosso ambulatório a partir do
Programa Estruturado em Psicoterapia Cognitiva e vem sendo aplicado há mais de seis anos na população. A partir
dos eixos teóricos e práticos, nossa intervenção ocorre em formato de grupo e conta com a duração de 18 semanas
no atendimento de adolescentes e de adultos. Concomitante à psicoterapia, os pacientes são acompanhados pelos
psiquiatras sempre que for necessário para tratamento das comorbidades associadas. O objetivo de nosso programa
em psicoterapia visa primariamente restituir o controle do uso adequado da Internet, ou seja, implementar uma rotina
adaptativa de um uso controlado e saudável. Objetivo: apresentar os estudos existentes, bem como a descrição da
dimensão terapêuticas destas aplicações. Na seqüência, descrevemos o procedimento padrão de intervenção em
psicoterapia utilizado em nosso Ambulatório dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da Universidade
de São Paulo e que vem sendo aplicado na população. Método: foram pesquisados nas bases de dados PUBMED,
LILACS, SCIELO, Google Acadêmico e na literatura em geral descrições de intervenções em psicoterapia que são
apontadas na literatura. Em nosso programa apresentaremos o modelo de dezoito semanas elaborado pelos autores.
Resultados: Ao final do Programa Estruturado, espera-se: (1) Um melhor controle no uso da Internet, (2)
Desenvolvimento de novas habilidades pessoais de manejo e de enfrentamento das situações de estresse e de
impasse emocional, (3) Exibição de um novo repertório de reações emocionais e finalmente (4) A restituição e/ou
reparo do grupo social.
Apoio financeiro: O presente estudo não utilizou apoio de fontes de fomento à pesquisa e/ou bolsas.
Palavras-chave: Dependência da Internet, uso patológico da Internet; Terapia cognitiva; Psicoterapia de grupo;
transtorno do controle de impulsos.
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