8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
5/8
1
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Campesinato e
Oral
1
Intercambiando valores: A experiência do
Karoline Coelho Ferreira
Universidade
construção política de
método "Camponês a camponês" em grupos
Federal de Sergipe
universos identitários
campesinos do território sul sergipano.
Resumo: Ao estudarmos o campesinato, percebemos as variações que podem ser encontradas dentro desta categoria, por meio de diferentes paradigmas conceituais que embora guardem
singularidades, apontam que muitos grupos campesinos têm conseguido resistir às alterações provocadas pelo contato com a sociedade envolvente. Atribuímos aqui, a esta forma singular de
resistência camponesa a ideia de "valores", onde estes norteiam o trabalho e a relação com a terra configurando-se numa relação entre vida e trabalho que difere os camponeses dos demais
agricultores submetidos à lógicas mais mercantis. A partir deste paradigma, apoiado sobretudo nas teorias da antropologia e sociologia rural, se fez pertinente pensar de que forma os
camponeses assentados no território sul sergipano, (SE) reconstroem seus "valores" ao presenciarem a implementação de uma metodologia ainda inédita no estado, de intercâmbios de
construção do conhecimento agroecológico, baseados no método "Camponês a camponês". Tal metodologia surgiu da experiência de campesinos da Guatemala, onde intercambiavam com os
demais soluções para os problemas com técnicas agrícolas. Para estes camponeses, a metodologia tornou-se uma importante ferramenta para a autonomia e resistência do trabalho no campo.
No Brasil, ainda são poucos os registros de uso desta metodologia, sendo esta experiência a primeira no estado de Sergipe.
O objetivo deste trabalho foi o de investigar a reconstrução dos valores camponeses, focalizando, através do método etnográfico, as ralações de reciprocidade sociabilizadas nas atividades de
intercâmbio, onde, através do estudo da memória, possibilitou-nos identificar um processo de (re)construção de uma identidade coletiva camponesa.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
5/8
1
Sessão Nome
Campesinato e
construção política de
universos identitários
Tipo
Ordem
Oral
2
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
A CONFIGURAÇÃO AGRÁRIA NO PROCESSO
KÍSSILA NEVES SOARES
MARCOS A,.
UENF
DE DESENVOLVIMENTO DOS
PEDLOWSKI
ASSENTAMENTOS RURAIS DE REFORMA
AGRÁRIA NO NORTE FLUMINENSE DO RIO
DE JANEIRO
Resumo: Os assentamentos rurais criados pelo governo federal normalmente decorrem da luta dos excluídos para alterar o quadro da estrutura agrária vigente. Apesar destes assentamentos
não alterarem profundamente o quadro de concentração de terras existente no Brasil, estes vêm se constituindo em instrumentos de desenvolvimento regional ao causar mudanças na estrutura
agrária nos locais onde estão instalados. Por outro lado, a falta de uma política pública coordenada pelo Estado favorece a criação de assentamentos sob o prisma de uma lógica apenas reativa,
produzindo unidades espacialmente dispersas, muitas vezes sem infraestrutura, e com uma oferta limitada de apoio financeiro, técnico e de assistência social. Além disso, os assentamentos não
são unidades internamente uniformes e, deste modo, um amplo processo de reforma agrária deverá propor atuações específicas para ampliar um setor de produtores rurais independentes e
inseridos no mercado. Nesta pesquisa analisamos as ações coletivas, os atores sociais e as organizações existentes dentro dos assentamentos; o nível de participação política e as estruturas
produtivas existentes. Desta forma, foi realizada uma análise acerca da origem sócio-geográfica dos assentados, as formas de integração inter- e intra-assentamentos, as redes sociais das quais
os assentados participam, bem como o nível de evolução socioeconômica após a sua inserção dentro dos assentamentos. Para tanto, a coleta de dados foi realizada em quatro assentamentos Francisco Julião, Ilha Grande, Che Guevara e Dandara dos Palmares - utilizando um arcabouço metodológico envolvendo diferentes instrumentos de coleta de dado (entrevistas e questionários),
permitindo o encaminhamento de uma análise de natureza quali-quantitativa dos dados.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
5/8
1
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Campesinato e
Oral
3
Ser camponês num assentamento urbano:
Vanessa Frazão Lima
Universidade
construção política de
Lutas identitárias num contexto amazônico.
Federal do Pará
universos identitários
Resumo: Para este trabalho pretendemos apresentar a problemática do campesinato na Amazônia, especificamente no Pará, com destaque para as questões relativas a autodefinição da
identidade coletiva camponesa em um estudo de caso realizado no âmbito do Assentamento Rural Mártires de Abril (AMA) em Mosqueiro, Região Metropolitana de Belém-Pará, destacando a
emergência de conflitos identitários ocorridos no âmbito do assentamento em um contexto de coexistência urbano-rural. Para tanto, em um cenário político e social brasileiro de reivindicação e
reconhecimento de direitos sociais básicos como o direito à terra , tão caro aos pequenos produtores e agricultores familiares em particular na região amazônica, é salutar que se analise o
crescimento do número assentamentos rurais próximos aos centros urbanos através da ótica antropológica que visa não apenas observar a estratégia política e econômica dos grupos sociais
envolvidos mas, sobretudo compreender desde o processo de reunião de um grupo de pessoas em torno da luta pela terra, com suas histórias de vida, suas representações, seus "desejos de
cidade" e de "campesinidade" e buscar reconstruir com isso a própria historia do assentamento em seus diversos momentos.
Palavras-chave: campesinato, identidade, assentamento rural.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
5/8
1
Sessão Nome
Campesinato e
construção política de
universos identitários
Tipo
Ordem
Oral
4
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
SOBRE COMUNIDADES RURAIS E PROJETOS:
Bárbara Duarte de Souza
Sônia Maria
PPGAS/UnB
UMA ANÁLISE DA CONSTITUIÇÃO DE
Simões Barbosa
ESTRATÉGIAS E MEDIAÇÕES NA
Magalhães Santos
COMUNIDADE QUILOMBOLA SÃO JOSÉ DE
ICATÚ, PARÁ.
Resumo: Neste artigo discuto os resultados de uma pesquisa sobre os líderes de São José de Icatú, um agrupamento rural negro localizado na microrregião do Baixo Tocantins, Pará. Para
entender estas lideranças optou-se pela utilização do conceito de "mediadores sociais", em especial, de um tipo de mediador, aquele denominado de "courtier" (Bierschenk; Chauveau; Olivier de
Sardan, 2000). Este estudo atenta para a complexidade das circunstâncias da manifestação desses indivíduos, para existência de múltiplas estratégias e lógicas sociais e culturais dos atores no
nível local das ações de desenvolvimento (Bierschenk et al, 2000). As implicações antropológicas dos programas direcionados às comunidades rurais e negras se referem aos modos
contemporâneos de circulação e redistribuição destes benefícios. A partir desta compreensão, busca-se explorar a transversalidade do alcance de políticas de desenvolvimento pelos mediadores
de Icatú, na busca por melhoria econômica e social através de projetos, no contexto do associativismo amazônico. Estes mediadores sociais ocupam uma posição de centralidade na interface das
redes sociais que participam como representantes de produtores rurais quilombolas, e demonstram ligações com múltiplos agentes públicos de desenvolvimento. Foi possível identificar
diferentes canais de captação de recursos e dois tipos de mediadores gerados a partir de trajetórias e situações socioeconômicas distintas, com referências nítidas ao sistema de parentesco.
Estes intermediários ampliam a função de líder, pré-existente à Associação, e contribuem para orientar as práticas relativas à organização social e política local através de seus interesses ou em
função das influências externas.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
5/8
1
Sessão Nome
Campesinato e
construção política de
universos identitários
Tipo
Ordem
Oral
5
Título
Campesinato em mudança: processo de
territorialização quilombola no Piauí
Autor/Instituição
carlos alexandre barboza
plínio dos santos
Co-autores
Instituição
Departamento de
Antropologia Universidade de
Brasília
Resumo: O sertão semiárido nordestino, que foi palco histórico de "grandes transformações" das estruturas econômicas agrárias em distintos momentos políticos do país, é o espaço onde, nos
últimos anos, vem ocorrendo um processo de territorialização das comunidades negras rurais quilombolas. Ocorre, nesse processo, uma história de luta e de resistência de mulheres e homens
camponeses que tomaram para si a responsabilidade de reivindicar e exigir seus direitos em nome de suas comunidades. A visibilização dessa luta foi acentuada graças ao processo de luta pelo
reconhecimento de seus direitos territoriais advindos pela Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo demonstrar, por meio de pesquisa empírica
realizada na comunidade negra rural quilombola Tapuio, as mudanças sociais e políticas ocorridas no meio rural dos municípios de Queimada Nova e Paulistana/PI, mudanças que tem se
espalhado para outros municípios piauienses. Além disso, pretendo evidenciar como esses camponeses, ao elegerem seus próprios mediadores, forjaram alianças políticas fora do município,
assim como do estado, afim de que as relações políticas locais fossem menos hierarquizadas. Também será destacada, além do acionamento de identidades, a atuação política das mulheres
nesse processo de mudança no campesinato do semiárido piauiense.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
5/8
1
Sessão Nome
Campesinato e
construção política de
universos identitários
Tipo
Ordem
Oral
6
Título
TRABALHADORES MIGRANTES: A CARGA
SIMBÓLICA DA ESCRAVIDÃO
CONTEMPORÂNEA
Autor/Instituição
Cristiane Passos Melo e Silva
Co-autores
Instituição
Programa de PósGraduação em
Antropologia
Social da
Universidade
Federal de Goiá
Resumo: TRABALHADORES MIGRANTES: A CARGA SIMBÓLICA DA ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA
Cristiane Passos
A pesquisa em questão pretende analisar os trabalhadores migrantes escravizados no corte da cana-de-açúcar, a carga simbólica presente no indivíduo ao ser resgatado e o processo de opressão
e violência pelo qual o trabalhador passou. Dentro desse contexto, pretende-se analisar o imaginário do trabalhador migrante submetido a condições de trabalho análogas à escravidão, ou
escravidão contemporânea, termo e conceito que serão utilizados no presente trabalho . Da mesma forma, a pesquisa desenvolverá o conceito de campesinato, o processo de desenraizamento
desse camponês que, diante da falta de perspectivas, migra em busca de trabalhos sazonais e acaba ficando suscetível à escravização. Ou então, engrossam as periferias da cidade, devido à falta
de acesso a terra.
Dos casos de escravidão moderna, os encontrados no meio rural, no eito da cana-de-açúcar, chamam a atenção pelo alto contingente de mão de obra utilizada nessa cultura. Em grande parte,
por ser um trabalho sazonal, se configura como mão de obra migrante. Milhares de trabalhadores que saem todos os anos de seu local de origem para tentar juntar dinheiro em alguns meses de
trabalho. Com o avanço do agronegócio, principalmente o focado na produção de agrocombustíveis, para a região centro-sul do país, os casos de trabalho escravo nesse tipo de cultura se
intensificaram nessa região, com destaque para o estado de Goiás. O foco dessa pesquisa, portanto, será trabalhadores que passaram pelo processo de escravização no corte da cana, ainda
vivem no estado de Goiás.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
5/8
1
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Campesinato e
Oral
7
O campeiro e o cavalo na doma: Um estudo
Daniel Vaz Lima
UFPel
construção política de
etnográfico sobre a relação entre humanos e
universos identitários
animais no pampa Sul-Rio-Grandense.
Resumo: Este trabalho compreende um estudo etnográfico das relações entre humanos e animais, buscando a compreensão do significado simbólico do cavalo para o homem campeiro definido
como aquele que vivencia praticas e atividades relacionadas à produção pecuária no extremo meridional da América do Sul. Fez-se uma descrição etnográfica da técnica da doma tradicional ou
gaúcha, onde se privilegiou as entrevistas de dois domadores no intuito de compreender a lógica dessa relação do homem campeiro com o cavalo, no pampa Sul-Rio-Grandense.
A questão norteadora desta pesquisa consiste em entender, a partir da relação entre homens e animais estabelecida no processo da doma, as dinâmicas de invenção da cultura. Entende-se
doma como ação humana que visa a "sujeição" do cavalo, ou seja, consiste num trabalho com o cavalo, constituído de diferentes etapas e tendo como objetivo fazer com que este aceite aos
comandos do cavaleiro adestrando-o para fins de trabalho no pastoreio e para as provas que acionam esse universo. Domador é aquele que tem o conhecimento e pratica desse ofício.
A pesquisa constatou uma simetria entre o homem e o cavalo onde, de acordo com a perspectiva do trabalho como constituidor do ser campeiro, o homem torna-se adulto no momento em que
começa a trabalhar, o cavalo torna-se sujeito no momento em que está sendo adestrado para o trabalho ou para concorrer em provas. Na doma tradicional a submissão/integração do cavalo se
dá na perspectiva de que este é um agente e possui certos atributos a serem desvendados. O processo de aprendizagem e ensino estabelecido entre o domador e o cavalo marca o processo de
invenção da cultura onde o domador ensina o cavalo dominando-o, e o cavalo, por sua vez, ensina o homem, considerando que este tem de adotar técnicas para submetê-lo.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
6/8
2
Sessão Nome
Campesinato e
intervenções
expropriatórias
Tipo
Ordem
Oral
1
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
O conceito de "atingido" por barragens: lutas
Mariana Corrêa dos Santos
Universidade
Federal
do Movimento de Atingidos por Barragens
por garantias de direitos humanos e
Fluminense
cidadania
Resumo: O presente artigo trata do debate em torno do conceito de "atingido" utilizado especificamente para referir-se aqueles/as impactados direta e indiretamente pela política energética de
construção de barragens no Brasil, e que pode vir a servir de fortalecimento para a construção da compreensão de cidadania e direitos humanos do sujeito político que o reinvindica, o
Movimento de Atingidos por Barragens (MAB). Uma das formas mais específicas do MAB em sua postura contra-hegemônica vem sendo a busca pelo alargamento desse conceito de "atingido",
em que se considere os impactos e mudanças sociais implícitas na implantação de uma barragem, de forma a garantir direitos sistematicamente violados no modelo de desenvolvimento do setor
elétrico adotado no Brasil, em fato, no modelo de desenvolvimento econômico capitalista liberal instalado na sociedade moderna. Através do debate sobre violações de direitos humanos em
contruções de hidrelétricas, consideramos que a definição restritiva do conceito de "atingido" pode ser uma das grandes geradoras dessas mesmas violações, pois garante que não se qualifique
adequadamente famílias e grupos sociais que deveriam ser considerados elegíveis para reparação, e que não se faça uma compensação justa e devida.
Palavras-chave: Atingido, Movimento de Atingidos por Barragens, Movimentos Sociais, Usinas Hidrelétricas, Direitos Humanos, Cidadania
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
6/8
2
Sessão Nome
Campesinato e
intervenções
expropriatórias
Tipo
Ordem
Oral
2
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
CAMPONESES, TERRA E TRABALHO:
CAMILO ANDRÉS SALCEDO
PÓS-GRADUAÇÃO
EM SOCIOLOGIA E
RECONFIGURAÇÕES E CONFLITOS SOCIAIS NO MONTERO
CENTRO DO DEPARTAMENTO DE HUILAANTROPOLOGIA
(PPGSA)/IFCS/UFRJ
COLÔMBIA
Resumo: O trabalho apresentado tem como foco compreender os elementos que explicam a tensão em torno da terra como mercadoria ou como meio de produção. O anterior vai ser
argumentado, a partir dos conflitos que, no centro do Departamento ("Estado") de Huila-Colômbia estão se apresentando pela construção da Hidrelétrica "El Quimbo". A região atingida tem
predominância de população camponesa, onde se apresenta um claro conflito, na medida em que, a empresa de energia (Emgesa) quer pagar compensações em dinheiro, enquanto grupos
sociais das populações atingidas (pequenos proprietários, jornaleiros, mayordomos) pedem terra e o restabelecimento de suas atividades produtivas. Portanto, o trabalho procura argumentar (a
partir de material teórico e empírico) que a terra envolve uma serie de relações sociais que vão além de uma relação contratual (o titulo de propriedade) ou de mercadoria (de compra-venda da
terra), ela faz parte de um sistema social onde, múltiplas relações sociais e econômicas estão sendo modificadas. Deste modo, o trabalho está focado na delimitação em torno de como o
processo anteriormente descrito (de compra-venda da terra e de re-localizações), afeita as cadeias produtivas construídas em torno das relações sociais derivadas dos lassos existentes entre:
jornaleiros-patrões, mayordomos-patrões, mayordomos-jornaleiros, pequenos proprietários-grandes proprietários, arrendatários-donos da terra, etc. as quais estão vinculadas às formas de
funcionamento do trabalho sobre a terra (trabalho familiar, ao "jornal" ou salarial). Portanto, o estudo de pesquisa procura aportar elementos para o entendimento da diferenciação social
camponesa, e a mudança e funcionamento de suas estruturas sociais.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
6/8
2
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Campesinato e
Oral
3
A Terra Amazônica, O Capital e a Liga dos
Elane Andrade Correia Lima
Instituto Federal
intervenções
Camponeses Pobres
da
expropriatórias
Bahia/Conquista
Resumo: A Terra Amazônica, O Capital e a Liga dos Camponeses Pobres
A crise do sistema imperialista mundial que nos assombra há algumas décadas com as suas "simpatias" e "antipatias" globalizadas e políticas neoliberais, emerge enfurecidamente, entranhandose por entre as nossas almas, os nossos desejos e sonhos com o intento de apossar-se deles sem limites e desavergonhadamente, esquecendo-se de manter as suas supostas "simpatias" ou
enganos. A crise econômica e social adentrou no campo sem falsas simpatias e se alargou ao excluir milhões de homens decentes que vivem da terra, aprofundando as contradições de classe no
campo. Em todos os recantos os imperialistas reagem não candidamente aos movimentos de resistência a sua selvageria, mediante assassinatos diários no campo violentas perseguições. A luta
no campo na região amazônica, especialmente em Rondônia, encontra-se acirrada, com absurda violação dos direitos do povo, com metralhadoras giratórias e certeiras apontando para todos os
cantos onde estão assentados os mais firmes idéiais de construção de um mundo livre de amos. Como todo o movimento popular, a luta pela terra na Amazônia, especialmente Rondônia, está
sendo criminalizada pelo Estado e difamada pelos meios de comunicação convencionais. Mesmo assim, os camponeses com seus pés fincados a terra como se fossem raízes de seringueira,
castanheira ou de uma flor de açaí, os denominados Liga dos Camponeses Pobres da Amazônia, estão seguindo em frente na sua luta pela conquista da terra, por hora chamada de "corte de
terra", sob os pilares singulares a cada um conforme a distribuição por igual da produção social. Nos espaços em que se encontram tecendo o tecido social libertário sob os fios da Liberdade,
Igualdade e Fraternidade, tenta-se construir uma vida decente.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
6/8
2
Sessão Nome
Campesinato e
intervenções
expropriatórias
Tipo
Ordem
Oral
4
Título
SER CAMPONÊS, UMA EXPERIÊNCIA VIVIDA
PELA REVOLTA DE TROMBAS E FORMOSO
Autor/Instituição
Maiara Dourado
Co-autores
Instituição
Programa de PósGraduação em
Antropologia
Social Universidade
Federal de Goiás
Resumo: O presente trabalho visa apresentar reflexões sobre a posição do camponês no contexto memorialístico e sócio-politico-cultural da luta de Trombas e Formoso. O movimento camponês
caracteriza-se pela resistência armada de posseiros do norte do Estado de Goiás, em meados da década de 1950, que rebelaram-se contra o processo de expropriação de terra liderada por um
grupo de grileiros fortalecidos pelo legitimado suporte do governo do estado. O evento reconhecido como Revolta de Trombas e Formoso se apresenta como um dos mais importantes conflitos
camponeses do país, pela sua organização e protagonismo político e social, tendo em vista a conquista do título das terras mediante o embate entre grileiros e o próprio Estado.
Em decorrência do golpe militar brasileiro, em 1964, vários lideres e participantes do movimento foram perseguidos e mortos, em um processo de abafamento de um caso exemplar, no qual
camponeses se colocaram contra a espoliação política e social e alcançaram o objetivo almejado, o titulo das terras. O evento nos surpreende pela experiência de luta, mediante um histórico de
conquistas, tendo em vista a dificuldade em nos defrontarmos com narrativas de sucesso e vitória de pequenos grupos como os camponeses.
O campesinato é tido como um polo oprimido da sociedade, ocupando lugar de subordinação aos donos da terra (MOURA, 1986). No entanto, a memória da luta camponesa de Trombas e
Formoso parece apresentar outras configurações e redefinições em relação ao comportamento esperado dentro da tradicional categorização do camponês enquanto subserviente ao poder a ele
imposto. Desse modo, busca-se analisar o comportamento social do camponês dentro do contexto da luta de Trombas e Formoso, por meio de relatos de participantes do movimento e
trabalhos bibliográficos.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
6/8
2
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Campesinato e
Oral
5
Moradores de fazenda no Ceará: estudo
Edgar Braga Neto
Universidade
intervenções
sobre o sertanejo cearense e seus meios de
Federal do Ceará
expropriatórias
sobrevivência.
Resumo: As formas como os moradores de fazenda-os conhecidos moradores de favor-estão garantindo seus meios de sobrevivência constituem o nosso objeto de estudo. Para o
desenvolvimento dessa proposta investigativa, fazemos um estudo de caso na Fazenda Alto Paraíso no município de Várzea Alegre (CE); as técnicas de investigação utilizadas para a realização
desse trabalho constam de observações diretas, questionários e entrevistas gravadas.
Invibilizados pela Política Nacional de Agricultura Familiar, os moradores vivem sob o sistema misto, constituído de alienações da troca capitalista e alienações do paternalismo. A conjunção
entre a opressão paternalista e a exploração capitalista que provoca relações mais desumanas do que as geradas por um desse sistema isolado, tem sido, porém, vital para esse ator do mundo
rural. Pois, no Ceará, onde há ocorrências de grandes secas, o assalariamento mantém esses trabalhadores rurais fixos no semiárido; e as lavouras de subsistência cultivadas em áreas de fazenda,
que fazem parte das relações de reciprocidade, possibilitam a conservação do tradicional e saudável regime alimentar dos sertanejos, diminuindo assim sua dependência do mercado de
alimentos.
Desse modo, temos como objetivo estudar os efeitos desse sistema misto na garantia dos meios de sobrevivência dos moradores de fazenda no Ceará. Como, portanto, eles criam novas
alternativas de acesso aos alimentos para reduzir esses efeitos, e como também eles resistem às lógicas da reciprocidade e do mercado. Todas essas questões, portanto, giram em torno dos
problemas que os moradores de fazenda enfrentam e das estratégias que desenvolvem para assegurar sua subsistência cotidiana - objeto circunscrito no estudo do mundo rural no Ceará.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
6/8
2
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Campesinato e
Oral
6
Trabalho e família em movimento: os
Jorge Luan Rodrigues
Museu
intervenções
deslocamentos dos moradores das fazendas
Teixeira
Nacional/UFRJ
expropriatórias
de Catarina (CE)
Resumo: Este trabalho parte de uma pesquisa etnográfica em andamento realizada com famílias de moradores do município de Catarina, Sertão dos Inhamuns, Ceará. "Moradores" são
trabalhadores rurais sem terra que vivem com as suas famílias nas fazendas em que trabalham - é, normalmente, por meio do "contrato" de morada com o patrão que os moradores ganham
acesso a uma casa e à terra para plantar. Na região estudada, contudo, os moradores podem ser também vaqueiros, "lutando" com o "gado" (bovino) e/ou com a "criação" (carneiros e bodes) atividades historicamente ligadas à colonização dos sertões cearenses. Ainda que sejam trabalhadores residentes, é comum que os moradores mudem várias vezes de casas e/ou propriedades
ao longo da sua vida. O caráter móvel desses camponeses é justificado por eles de maneiras diversas: desentendimentos com o patrão e gerentes das propriedades, desejo de aproximar-se de
familiares, busca de melhores condições de vida , "vontade de andar", etc. É assim, ao "viver bolando", que a família "se espalha" entre diferentes propriedades (no mesmo município ou não) e
entre cidades. É sobre essa forma de mobilidade que pretendo pensar, tendo como matéria-prima o contato direto com esses trabalhadores e, sobretudo, as suas narrativas sobre os
deslocamentos. Atenção especial será dada àquelas justificativas para a mudança (Por que se muda? Com quem se muda? Para onde se vai?), assim como para as relações entre familiares
dispersos. Não entendo, todavia, a família como uma unidade estática de análise, mas como um processo constante de invenção e reinvenção, inclusão e exclusão. Trata-se, em suma, de
compreender o que os próprios moradores entendem e produzem como "família" no curso das suas vidas em movimento.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
3
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
DAVI SILVA DA COSTA
HERON FERREIRA
IFBAIANO/UFRRJ
Campesinato e
Oral
1
Caminhos para uma fenomenologia das
famílias ribeirinhas do Território do Velho
SOUZA
reconfigurações do
direito de posse da
Chico - Bahia: notas sobre uma proposta de
investigação
terra
Resumo: Este paper objetiva relacionar o estudo de sucessão e herança em um Projeto Agroextrativista (PAE) ribeirinho e as contribuições da fenomenologia para esta análise. Neste contexto
emergem o processo de (re) configuração das territorialidades inerentes à constituição de um PAE assim como a reafirmação de identidades (ribeirinha, campesina, assentados), bem como as
experiências relacionadas às sociabilidades constituídas nos espaços coletivos de produção e preservação ambiental, colocam-se como elementos constitutivos desta realidade. Desta forma, as
contribuições de Alfred Schutz se colocam como importante lente de análise do mundo da vida destes ribeirinhos. Assim, se propõe pensar as famílias como uma teia de (inter) subjetividades e
significados constituídas a partir de suas experiências com o rio (percebido como fonte de trabalho e como lugar simbólico de representações), com o modelo de intervenção e tutela do Estado
bem como as estratégias de reprodução social aventadas por este grupo social. A partir deste espectro, se intenciona pensar os «reinos de experiência» a partir de Schutz, sobretudo o campo
dos significados, para perceber os lugares (vividos, concebidos e percebidos) os quais estas famílias se inserem a partir das múltiplas instâncias sociais aos quais são requeridos, sobretudo
enquanto identidades, grupo social e sobre estas categorias construídas politicamente e socialmente que são acionadas a partir das experiências e do repertório construído por este grupo.
7/8
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
7/8
3
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Campesinato e
Oral
2
Exercício do poder e territorialidade tutelada
Gimima Beatriz Melo da
Universidade do
no Baixo Rio Negro-Am
Silva
Estado do
reconfigurações do
direito de posse da
AmazonasUEA/FAPEAM
terra
Resumo: Neste trabalho, desenvolvido no âmbito da pesquisa de doutorado em Antropologia, contando com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas FAPEAM, no período de 2009 a 2012, propõe-se uma reflexão acerca da estratégia do pagamento por serviços ambientais, adotada em nível da gestão estadual no Amazonas, compreendendo a
adequação de tal estratégia ao propósito da gestão do território e do ambiente a partir de uma institucionalização das práticas produtivas desenvolvidas pelos habitantes das Unidades de
Conservação Estaduais. Neste cenário observa-se uma espécie de regime tutelar no âmbito da relação estabelecida entre habitantes de áreas protegidas e as agências mediadoras dos programas
governamentais direcionados à gestão ambiental na região do Baixo Rio Negro, no Amazonas. Considerando nesse investimento o referencial analítico desenvolvido por BALANDIER (1997)
acerca da perspectiva dinamista do poder na modernidade, pode-se arguir que, pela busca de adequação de estratégias de poder, reelaboradas e praticadas com vistas à conquista de formas
melhor ajustadas para este fim, programas de pagamento por serviços ambientais, que chamam esses atores sociais, de forma simbólica, à corresponsabilidade na gestão das áreas protegidas
onde habitam, tem logrado sucesso no que tange ao propósito do exercício do poder por meio de sua teatralização, tal como propõe BALANDIER (1997). Assim, a parceria que se firma numa
gestão por corresponsabilidade, ganha corpo quando uma parcela significativa desses sujeitos passa a inserir em seus esquemas representativos os termos e valores passados através do discurso
oficial, o qual constitui-se na esfera do poder simbólico, formulado por BOURDIEU (1989) e se faz perceber nesse cenário de relações de poder.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
7/8
3
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Campesinato e
Oral
3
Castanheiros, Remanescentes de Quilombo,
Joyce Drumond Linhares
CPDA/ UFRRJ
Filhos do Erepecuru
reconfigurações do
direito de posse da
terra
Resumo: Estudo realizado com base no método do trabalho de campo etnográfico sobre as formas de organização social e práticas culturais das comunidades ribeirinhas da região amazônica,
auto-identificadas remanescentes de quilombo para fins de reconhecimento territorial pelo Estado brasileiro. Tais comunidades vivem as margens do rio Erepecuru município de Oriximiná/ PA e
seus membros também se utilizam dos termos "filhos do rio" e "castanheiros" como identidade nos contextos de interação social.
Procurei investigar a multiplicidade de relações e significados envolvidos no cotidiano destas pessoas interligadas por laços de parentesco e vizinhança, integrantes das comunidades
remanescentes de quilombos do alto dos rios, que formam universos locais com suas regras de inclusão e exclusão. Proponho então reflexões acerca da identidade "remanescente de quilombo"
utilizada pelos grupos do Erepecuru no presente etnográfico. Tal identidade emerge diante de situações de conflito com grupos sociais, econômicos e agências governamentais que
implementam novas formas de controle político e administrativo sobre o território quilombola e com os quais estão em franca oposição. Em destaque observei a formação de uma cooperativa
(CORQ) pelos quilombolas, como resposta aos desafios colocados pelo "empreendimento capitalista moderno" que lhes impõe formas diversas de manuseio da castanha, assim como formas de
organização e uso do espaço, através do exercício de poder e gestão do Estado sobre o território por eles ocupado, após a titulação.
Palavras-chave: remanescentes de quilombo, identidade, práticas sociais e culturais.
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
3
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Ruth Ribeiro
Universidade
Campesinato e
Oral
4
Políticas de etnodesenvolvimento no estado
de Sergipe: mediação, etnicidade e relações
Federal de Sergipe
reconfigurações do
direito de posse da
de poder entre lideranças quilombolas e
agentes do governo.
terra
Resumo: Nas últimas décadas as discussões sobre reconhecimento multicultural e direitos territoriais vêm ocupando lugar de importância em arenas públicas e acadêmicas. Tais contextos
discursivos ajudam a dar formato às chamadas políticas de etnodesenvolvimento, manifestadas através de Programas institucionais que visam mudanças sociais para seletivos grupos
populacionais, a exemplo das Comunidades Remanescentes de Quilombo. É preciso considerar, contudo, que a efetivação de Programas dessa magnitude, como o Brasil Quilombola, pressupõe a
disposição de um espaço significativo de comunicação entre agentes "mediadores" e seus "mediados" "em campos determinados de relações". O presente trabalho insere sua discussão nesse
âmbito: a natureza das negociações entre lideranças quilombolas e agentes do Governo inseridos direta ou indiretamente nesse programa. Imbuídos da tarefa de estabelecer ligações,
geralmente entre o campo e a cidade, entre o saber local e o saber formal técnico-burocrático, juntamente à incumbência de planejar, gerenciar e executar projetos e afazeres sempre "em
conjunto", os mediadores, geralmente dispõem de um campo de argumentação diverso, enviesado por inúmeras diferenças socioculturais. Além de outras nuances presentes nesses "diálogos",
investigaremos até que ponto a organização de um campo político referente aos quilombolas favorece a institucionalização de um espaço de argumentação próprio ou até mesmo de uma ética
na ação dos mediadores administrativos e técnicos em relação com seus mediados? Para tal investigação foram realizadas entrevistas e etnografias dos eventos e espaços de contato entre estes
dois grupos de atores, além da investigação bibliográfica bem como observação de leis, programas, atas de reuniões, termos de compromissos e outros documentos
7/8
8. Grupo de Trabalho: Campesinato e projeções sociopolíticas: mudanças de expectativas e construção de territorialidades tuteladas.
Coordenadores:
Delma Pessanha Neves UFF
Marisa Barbosa Araujo Luna
UFRR
Debatedores:
Data
Sessão Nº
7/8
3
Sessão Nome
Tipo
Ordem
Título
Autor/Instituição
Co-autores
Instituição
Campesinato e
Oral
5
Assentamento, um caminho para a
Safira Canto Pinto
UFOPA
regularização fundiária?
reconfigurações do
direito de posse da
terra
Resumo: Neste trabalho, analiso o processo de regularização fundiária na comunidade Santa Maria, município de Santarém. Camponeses, dentre outros grupos, desenvolveram, a partir da
década de 1970, iniciativa de acesso à terra através de posse. Apenas algumas famílias possuem o título definitivo. Nesse contexto, os primeiros chegaram motivados pela busca de melhores
condições para reprodução da atividade e reprodução social, uma vez que o local de origem (ecossistemas de várzea) estava limitado, principalmente por fatores ambientais, inclusive perdas
sucessivas dos bens e cultivos por inundações excepcionais. A comunidade é reconhecida como agroextrativista pelas práticas dos camponeses e pelo reconhecimento oficial dos próprios. A
partir de 2005 teve início o processo de criação do assentamento agroextrativista. A proposta de assentamento visa promover a reforma agrária pautada na sustentabilidade, viabilidade
econômica e no respeito aos destinos sociais dos ocupantes. No entanto, o projeto parece não estar muito claro aos comunitários, principalmente no que diz respeito aos "limites" colocados.
Infringir qualquer cláusula do contrato de concessão de uso pode gera infortúnios ignorados pela maioria. Ocorre que na comunidade há um universo complexo. O assentamento foi criado em
uma área já consolidada socialmente, o que torna sua aplicação delicada. Focalizando a atenção nos produtores rurais, é possível perceber que há uma tensão na busca de equilibrar a situação,
de um lado manter o perfil da reforma agrária e de outro a pressão exercida por fatores emergentes em dinâmicas econômicas e sociais que se desenvolvem na sede do município, a demonstrar
como a comunidade de Santa Maria se configura como espaço de interseção do que se convencionou qualificar rural e urbano.
Download

Veja a programação completa do GT clicando aqui