NOME:________________________________ _______________________________Nº:____ DISCIPLINA: SOCIOLOGIA PROFESSORA: GRASIELA MORAIS 1ª Série do EM TURMA:______ Data: ____/____/_____ Além disso, para Marx, essas relações não são estáticas. Segundo ele, “as relações sociais estão intimamente ligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, e modificando o modo de produção, o seu modo de ganhar a vida, modificam também todas as relações sociais”. Outro autor, o antropólogo Clifford Geertz, defende que os seres humanos são ligados por normas determinadas socialmente. Para ele, os indivíduos tecem teias de significados nas quais eles próprios ficam amarrados. Essas teias seriam a própria cultura, e as Ciências Sociais, desse ponto de vista, seriam as responsáveis pela análise da cultura. 1. AS RELAÇÕES SOCIAIS Alguns estudiosos definem relação social como a forma assumida pela interação social em cada situação concreta. Assim, um professor tem um tipo de relação social com seus alunos, a relação pedagógica. Duas pessoas em uma operação de compra e venda estabelecem outro tipo de relação social, a relação comercial. As relações sociais podem ainda ser políticas, religiosas, culturais, familiares, etc. Da mesma forma que a interação social, a relação social tem por base um comportamento recíproco entre duas ou mais pessoas. Nos termos de Max Weber, essa reciprocidade é dotada de um sentido comum às pessoas envolvidas. Segundo essa definição, as relações de autoridade-obediência, por exemplo, são relações sociais, pois envolvem pessoas que exercem autoridade e pessoas que obedecem, pois aceitam a autoridade reinvindicada pelas primeiras, ou se submetem a ela, às vezes a contragosto. Em uma perspectiva diferente, Karl Marx considerava que as relações sociais eram decorrentes das relações de produção, ou seja, das relações desenvolvidas no processo produtivo, material, da sociedade. Um exemplo típico dessas relações seriam as que existem entre o dono de uma fábrica e seus empregados, ou ainda entre um dono de terra e seus arrendatários. Para Marx, contudo, as relações sociais não se restringem ao processo de produção. Esse último constitui a base em que elas se apoiam, mas as relações sociais são mais amplas. Elas estão também na sala de aula, nos laços familiares, nos vínculos entre as instituições e entre estas e as pessoas, nos laços de amizade e assim por diante. 2. PROCESSOS SOCIAIS A palavra processo vem do latim procedere, que significa “avançar”, “progredir”. Designa a contínua mudança de alguma coisa numa certa direção. Seu significado, portanto, contém as ideias de tempo e de movimento, de pequenas alterações em um fenômeno, de evolução, de mudanças que podem levar a transformações mais profundas. Processo social indica, assim, interação social, movimento, evolução, mudança nas relações sociais e na sociedade. Os processos sociais são as diversas maneiras pelas quais os indivíduos e grupos atuam uns com os outros, a forma pela qual os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais no transcorrer do tempo. Qualquer mudança proveniente dos contatos sociais e da interação social entre os membros de uma sociedade constitui, portanto, um processo social. 2.1 Processos Associativos e dissociativos No grupo social ou na sociedade com um todo, indivíduos e grupos se reúnem e se separam, associam-se e dissociam-se. Dessa forma, os processos sociais podem ser associativos ou dissociativos. Os processos associativos estabelecem formas de cooperação, convivência e consenso no grupo. Geram, portanto, laços de solidariedade. Já os dissociativos estão relacionados a formas de divergência, oposição e conflito, que podem se manifestar de modos diferentes. São responsáveis, assim, por tensões no interior da sociedade. Os principais processos sociais associativos são a cooperação, a acomodação e a assimilação. Já os principais processos sociais dissociativos são a competição e o conflito. Cooperação A cooperação é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para o mesmo fim. São exemplos de cooperação: a reunião de vizinhos para limpar a rua, ou de pessoas para realizar uma festa; mutirões de moradores para a construção de conjuntos habitacionais. A cooperação pode ser direta ou indireta. A cooperação direta compreende as ações que as pessoas realizam juntas, como é o caso do mutirão. Mutirões são atividades que reúnem diversas pessoas em um esforço comum para alcançar determinado objetivo. A cooperação indireta. É aquela em que as pessoas, mesmo realizando trabalhos diferentes, necessitam indiretamente uma das outras, por não serem autossuficientes. Tomemos o exemplo de um médico e de um lavrador: o médico não pode viver sem o alimento produzido pelo lavrador, e este necessita de cuidados médicos quando fica doente. Existe, assim, entre eles, uma relação de complementaridade. Acomodação É um processo social associativo pelo qual o indivíduo ou o grupo se ajusta a uma situação de conflito, sem que ocorram transformações internas. Trata-se, portanto, de uma solução superficial de conflito, pois este continua latente, isto é, pode voltar a se manifestar. Isso acontece porque nos processos de acomodação continuam prevalecendo os mesmos sentimentos, valores e atitudes internas que separam os grupos. As mudanças são apenas exteriores e manifestam-se somente enquanto comportamento social. Os escravos, por exemplo, nunca aceitaram a situação de servidão que lhes era imposta. Apenas se acomodavam à dominação, mas sempre que podiam se rebelavam. Revoltas de escravos ocorreram em diversas épocas da História. No Brasil, uma das formas de resistência contra a escravidão foi a formação dos chamados quilombos. O maior e mais duradouro desses aldeamentos foi o Quilombo dos Palmares, situado na capitania de Pernambuco. A acomodação é, assim, o ajustamento de indivíduos ou grupos apenas nos aspectos externos de seu comportamento. Ele atenua ou previne o conflito. Mas este só desaparece com a assimiliação. Assimilação É a solução definitiva e mais ou menos pacífica do conflito social. Trata-se de um processo de ajustamento pelo qual os indivíduos ou grupos antagônicos tornan-se semelhantes. Difere da acomodação porque implica transformações internas nos indivíduos ou grupos, sendo estas geralmente inconscientes e involuntárias. Tais modificações internas envolvem mudanças na maneira de pensar, de sentir e de agir. A assimilação se dá por mecanismos de imitação, exigindo um certo tempo para se completar. É um processo longo e complexo. Um exemplo de assimilação é o do imigrante que se integra inteiramente à sociedade que o acolhe. Ele, que a princípio se acomodou por conveniência ao novo país, vai aos poucos deixando-se envolver pelos costumes, símbolos, tradições e língua do povo desse país. Não se trata, porém, de um processo que atinja todos os imigrantes, mas somente uma parte deles. Concluindo, o aspecto importante da assimilação é que ela implica uma transformação do sentimento de identidade. O processo de assimilação atinge áreas profundas e extensas da personalidade, determinando novas formas de pensar, sentir e agir. Competição Figura 1: Festa de Nossa Senhora do Rosário, padroeira dos negros (1835), gravura de Johann Moritz Rugendas. Segundo o cientista social H. Friedsam, competição é uma forma de interação que envolve luta ou disputa por bens limitados ou escassos. Essa interação é regulada por normas, pode ser direta ou indireta, pessoal ou impessoal, e tende a excluir o uso da força e da violência. Os bens em jogo, acrescenta P. Fairchild, “podem ser objetos físicos ou materiais, assuntos de estima pessoal, dignidade ou recompensa não material. A essência da competição é um choque tal de interesses que o atendimento de um indivíduo ou entidade impede o atendimento de outro indivíduo ou entidade”. Em outras palavras, competição é uma disputa entre indivíduos, grupos ou sociedades por bens que não chegam para todos (bens escassos). A competição pode levar indivíduos a agir uns contra os outros em busca de uma situação melhor. Ela nasce dos mais variados desejos humanos, como ocupar uma posição social mais elevada, ter maior importância no grupo social, conquistar riqueza e poder, vencer um torneio esportivo, ser o primeiro da classe, passar no vestibular, vencer um concurso, etc. sociais, políticos, étnicos, nacionais ou religiosos. Essas situações estimulam o surgimento do extremismo político ou religioso (neste caso, chamado de fundamentalismo). Enquanto todas as formas de conflito, inclusive as guerras, levam a uma solução, seja pelos processos de acomodação, seja pela assimilação, o mesmo não ocorre com o terrorismo. Incapaz de impor-se pela ação política ou pela força das ideias, ele procura destruir o adversário sem medir as consequências. Conflito Quando a competição assume características de elevada tensão social, sobrevém o conflito. Diariamente, lemos e ouvimos no noticiário impresso e eletrônico relatos de conflitos em diversas partes do mundo: combates na Colômbia entre tropas do governo e guerrilheiros e narcotraficantes; ocupações de fazendas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no interior do Brasil, às vezes seguidas (ou precedidas) de assassinatos de líderes sindicais a mando de grandes fazendeiros etc. Figura 3: New York em 11 de setembro de 2001. As torres gêmeas do World Trade Center são destruídas por atentados terroristas e o saldo foi de 3 mil pessoas mortas. Hoje, o terrorismo encontra adeptos entre pessoas e grupos que se sentem excluídos no cenário do mundo globalizado. Alguns deles zelam por suas culturas e tradições religiosas, como ocorre com os fundamentalistas muçulmanos. Outros aderem ao terrorismo porque estão impedidos de ter sua própria pátria – ou seja, seus Estados nacionais e soberanos. Figura 2: Cena de atos violentos em protestos ocorridos em São Paulo (2013). Disponível em: http//:www.atribuna.com.br O conflito social é um tipo de interação que se desenrola no tempo e provoca mudanças na sociedade, tal como a competição. Trata-se, portanto, de um processo social. Em contraste com a competição, ele consiste em uma luta por bens, valores ou recursos escassos, na qual o objetivo dos contendores é neutralizar ou aniquilar seus oponentes. Dessa forma, ao contrário da competição, o conflito envolve, em maior ou menor escala, o emprego da violência. Terrorismo O conflito pode levar ainda a uma forma extrema de violência: o terrorismo, resultado de situações extremas de opressão ou exclusão de grupos Texto adaptado pela professora Grasiela Morais da obra: OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. 2. Ed. São Paulo: Ática, 2011, pp. 57 – 76.