UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO “A VEZ DO MESTRE” Psicomotricidade e a Alfabetização na Creche da UFRJ Por Elizabeth Aparecida do Sacramento Orientador: Celso Sanches Co-orientadora: Fátima Alves Rio de Janeiro - RJ Junho/2003 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO “A VEZ DO MESTRE” Psicomotricidade e a Alfabetização na Creche da UFRJ Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito básico para a obtenção parcial do título Psicomotricidade. de especialista em 3 Dedico este trabalho a todas as crianças que por ventura tenham sido roubadas de seu direito de ter infância. À Mayara, minha afilhada, que por muitas razões me fez sentir a sentir a alegria de viver. 4 Agradecimentos A Deus por me fazer existir e estar comigo a cada instante da minha vida e dessa pesquisa. Aos meus pais por me educarem e ajudarem a traçar todos os caminhos de minha vida escolar. A todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram para a realização desse estudo. As amigas presentes nesse curso: Bianca, Rosane e Paulina. Os que confiam no senhor serão como o Monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre. (Salmo 125) 5 Reflexão Monte Castelo Ainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua dos anjos, Sem amor eu nada seria É só o amor. É só o amor Que conhece o que é verdade O amor é bom, não quer o mal Não sente inveja ou se envaidece. Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer Ainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor eu nada seria É um não querer mais que bem querer É solitário andar por entre a gente É um não contentar-se de contente É cuidar que se ganha em se perder É um estar-se preso por vontade É servir a quem vence, o vencedor É um Ter com quem nos mata lealdade, Tão contrário a si é o mesmo Amor Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem 6 Agora vejo em parte Mas então veremos face a face É só amor, É só amor Que conhece o que é verdade Ainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor eu nada seria. 7 Resumo Este estudo leva a uma reflexão sobre a importância da Psicomotricidade no processo de alfabetização desde os primeiros anos da criança. Para tanto se faz necessário pensar as práticas pedagógicas e seus objetivos com o intuito de relatar questões sobre movimento, educação infantil, pesquisadas na Creche da UFRJ e a entrevistas feitas pelas educadoras que diretamente lidam com as crianças. Mostrar a importância da estimulação nos vários aspectos da criança, seu desenvolvimento, oferecidos através da rotina da Creche da UFRJ. Todo o trabalho vem de encontro com o meio, com o papel social dentro e fora da instituição e da psicomotricidade como fonte e caminho para uma alfabetização clara e segura. 8 Sumário I. Problema 09 Objetivo 09 II. Introdução 10 III. Metodologia 12 Psicomotricidade 13 Movimento 16 Psicomotricidade na Creche da UFRJ 19 Educação Infantil e a Educação Psicomotora 21 Princípios educativos na Creche da UFRJ 23 Finalidades da Creche 26 Leitura e escrita na Creche da UFRJ 29 Análise de dados 33 Organograma 33 Organização da Creche da UFRJ 34 Entrevistas 39 V. Conclusão 41 VI. Referências bibliográficas 42 IV. 9 I. Problema Qual a importância da psicomotricidade na construção da autonomia, criatividade, cooperação, socialização e a possibilidade de contribuir para a formação da alfabetização da criança na Educação Infantil? O desenvolvimento da linguagem escrita da criança com estímulos diversos através da psicomotricidade contribui para o desempenho na entrada da vida escolar da criança. Objetivo Este trabalho tem por objetivo relatar através de informações técnicas e de opiniões expressas por pessoas na área de educação, o alfabetizar através do desenvolvimento psicomotor da educação infantil na fase da alfabetização. Relatar toda a importância de um trabalho de estimulação em crianças de 0 a 6 anos idade. 10 II. Introdução Relatar o fazer pedagógico da Pintando a Infância, Creche da UFRJ, com profundo sentimento de reviver as mudanças que sofreram do trabalho pedagógico pelos caminhos nestes 21 anos de existência, quando a criança é o ator principal desta Instituição, almejando a preocupação com o prazer, a alegria e a liberdade de expressão nas primeiras faixas-etárias que comporta a Educação infantil na Creche da UFRJ. Os primeiros anos desta Instituição tinham caráter assistencialista, pois a Direção desta, era formada na sua totalidade por médicos, onde todo e qualquer ponto crucial era o bem estar físico, emocional das crianças. Com a segunda direção, passa a ser realizado um trabalho como um todo, através do Projeto Pedagógico e contato com o meio que nos envolve, com uma equipe de psicólogos e educadores (em nível de escolaridade diversas). Ao trocar de direção, o enfoque em contribuir junto ao educador a idéia de um lugar de educação e cuidados coletivos com crianças de 0 a 6 anos de idade. Começa a preocupação na formação geral dos educadores estimulando o permanente objetivo dedicado a ação educativa que privilegia a compreensão e não a memorização. O ato de oferecer um ambiente lúdico e prazeroso, fornece a criança a possibilidade de construir uma identidade autônoma, cooperativa e criativa. “Tradicionalmente, a alfabetização inicial é considerada em função da relação entre o método utilizado e o estado de “maturidade” ou “prontidão da criança”. (Ferreiro, pág. 9, 2000) Através de toda uma estimulação global das crianças na entrada da Instituição, passando por todos os trabalhos com o grupo de educadores e trabalhos pedagógicos, com o projeto das oficinas: música, arte, história, psicomotricidade, leva a criança desta Instituição na última sala (Jardim III), 11 assim chamadas, a estarem completamente familiarizadas com a leitura e a escrita de acordo com sua faixa etária, sem precisar estar diante de um livro didático, lápis e caderno com tempo organizado para “estudos” como algumas escolas procedem diferente do projeto da UFRJ. Que tem a prática pedagógica sócio-interacionista que tem como foco principal a criança e o meio. Tratar a construção do conhecimento não é algo que acontece de maneira mágica ou mecânica. É um processo, um acontecimento, um interação da criança com o educador e com o mundo. 12 III – Metodologia Nesta pesquisa foram considerados estudos analisados em cima de conceitos e experiências vividas por profissionais na área da Educação. É um estudo definido em relatos ocorridos na Instituição da UFRJ em relação a psicomotricidade. Foi utilizada a técnica de questionário, com o objetivo de investigar a opinião dos educadores desta Instituição em relação a alfabetização. Os questionários são formulados por uma pergunta por área de cada educador. 13 Psicomotricidade O termo psicomotricidade, apareceu pela primeira vez com Dupré em 1920, significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento. Todo movimento realiza-se sobre um fundo tônico, e um dos aspectos fundamentais e sua ligação com as emoções. A boa evolução de atividades e do comportamento podemos transmitir sem palavras através da linguagem corporal, todo o nosso estado interior. A psicomotricidade auxilia melhor o aluno em sua assimilação das aprendizagens escolares, um bom desenvolvimento psicomotor proporciona ao aluno algumas das capacidades básicas a um bom desempenho escolar. Portanto, a psicomotricidade é a evolução do movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre o pensamento e a ação, englobando funções neurofisiológicas e psíquicas. Desenvolvimento da psicomotricidade Para uma pessoa manipular os objetos da cultura em que vive precisa ter certas habilidades que são essenciais. Ela precisa saber se movimentar no espaço com desenvoltura, habilidade e equilíbrio, ter o domínio do gesto e do instrumento. Coordenação global Diz respeito a atividades dos grandes músculos. Depende da capacidade de equilíbrio postural. A coordenação global e a experimentação levam a criança a adquirir a dissociação de movimentos. 14 Coordenação fina e óculo-manual Diz respeito a habilidade e destreza manual e constitui um aspecto particular da coordenação global. Só possuir uma coordenação fina não é suficiente. É necessário que haja também um controle ocular, isto é, a visão acompanhando os gestos da mão. Esquema corporal O corpo é uma forma de expressão da individualidade. O desenvolvimento da criança é o resultado da interação de seu corpo com os objetos de seu meio, com as pessoas com quem convive e com o mundo onde estabelece ligações afetivas e emocionais. Lateralidade Diz respeito a propensão que o ser humano possuir de utilizar preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro em três níveis: mão, olho e pé. Estruturação espacial É através do espaço e das relações espaciais que nos situamos no meio em que viemos, em que estabelecemos relações entre as coisas, em que fazemos observações, comparando-as, combinando-as, vendo as semelhança e diferença entre elas. 15 Estruturação temporal É através do ritmo que haverá um boa orientação no domínio da escolarização. A estrutura temporal garantirá experiências de acontecimentos passados e condições de enfrentar situações futuras. Tanto a estrutura espacial quanto a estrutura temporal, depende do desenvolvimento cognitivo da criança já mais avançado. Discriminação visual e auditivo Visual envolve a exploração do ambiente auditivo está associado ao cantar, dançar, reproduzir sons e tocar instrumentos. 16 Movimento O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento. Ao movimentar-se, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. A criança e o movimento O primeiro ano de vida Nesta fase, predomina a dimensão subjetivo do movimento, pois são as emoções o canal privilegiado de interação do bebê com o adulto e mesmo com outros crianças. O diálogo afetivo que se estabelece com o adulto, caracterizado pelo toque corporal, pelas modulações da voz, por expressões cada vez mais cheias de sentido, constitui-se um espaço privilegiado de aprendizagem. A criança imita o amigo e cria suas próprias reações: balança o corpo, bate palmas, vira ou levanta a cabeça etc. Ao longo dessas capacidades expressivas, o bebê realiza importantes conquistas no plano da sustentação do próprio corpo, representadas em ações como virar-se, rolar, sentar-se, etc. Ações exploratórias permitem que o bebê descubra os limites e a unidade do próprio corpo, conquistas importantes no plano da consciência 17 corporal. As ações em que procura descobrir o efeito de seus gestos sobre os objetos proporcionam a coordenação sensório-motora, a partir de quando seus atos se tornam instrumentos para atingir situações no mundo exterior. É importante ressaltar que a aceitação da importância da corporeidade para o bebê é relativamente recente, pois até pouco tempo percebia-se que o bebê fosse conservado evoluindo em cueiros e faixas que os imobilizam, tolhendo seus movimentos. Claro sendo feito como forma de proteger o bebê. Por outro lado ao proteger dessa forma, estava-se impedindo sua movimentação. Não tendo como interagir com o mundo físico e tendo menos possibilidades de interagir com o mundo social, era mais difícil expressar-se e desenvolver habilidades necessárias para uma relação mais independente com o ambiente. Crianças de um a três anos Logo que aprende a andar, a criança parece tão encantada com sua nova capacidade que se diverte em locomover-se de um lado para outro, sem uma finalidade específica. O exercício dessa capacidade, somando ao progressivo amadurecimento do sistema nervoso, propicia o aperfeiçoamento do andar, que se torna cada vez mais segura e estável, desdobrando-se nos atos de correr, pular, saltar, desdobrado-se nos atos de correr, pular, saltar, etc. A grande independência que andar propicia na exploração do espaço é acompanhada também por uma maior disponibilidade das mãos. A criança dessa idade é aquela que não para, mexe em tudo, explora, pesquisa. Ao mesmo tempo que explora, aprende gradualmente a adequar seus gestos e movimentos às sus intenções e às demandas da realidade. Outro aspecto da dimensão expressiva do ato motor é o desenvolvimento dos gestos simbólicos, tanto aqueles ligados ao faz-deconta quanto os que possuem uma função indicativa, como apontar, dar tchau, etc. No plano da consciência corporal, nessa idade a criança começa a reconhecer a imagem de seu corpo, o que ocorre principalmente por meio 18 das interações sociais que estabelece e das brincadeiras que faz diante do espelho. Nessas situações, ela aprende a reconhecer as características físicas que integram a sua pessoa, o que é fundamental para a construção de sua identidade. Crianças de quatro a seis anos Nesta faixa etária a criança constata-se uma ampliação de gestos, atos que exigem coordenação de vários segmentos motores e o ajuste a recortar, colar, encaixar pequenas peças, etc. Permanece a tendência lúdica da motricidade, sendo muito comum que as crianças, durante a realização de uma atividade, desviem a direção de seu gesto, a criança está recortando e de repente põe-se a brincar com a tesoura, transformando-a num avião, numa espada, etc. Gradativamente, o movimento começa a submeter-se ao controle voluntário, o que se reflete na capacidade de planejar e antecipar ações, de pensar antes de agir e no desenvolvimento de recursos de contenção motora. Os recursos de contenção motora, se traduzem no aumento de tempo que a criança consegue manter-se numa mesma posição. Isso é um enorme esforço exigido da criança, já que, quando o corpo está parado, ocorre intensa atividade muscular para mantê-lo na mesma postura. O maior controle sobre a própria ação resulta em diminuição da impulsividade motora que predomina nos bebês. 19 Psicomotricidade na Creche da UFRJ A Prática psicomotora Educativa está voltada para as crianças até aproximadamente os seis anos, período que marca uma etapa fundamental do desenvolvimento infantil, no qual a criança tem necessidade de agir para pensar favorecendo sua maturação psicológica por meio da motricidade, sua ação e seu brincar que são a base do desenvolvimento do pensamento. O psicomotricista é, portanto o especialista da compreensão psicodinâmica da criança pela via motora, interessando-se não somente pelo ato motor, mas pelas transformações tônicas, sensorias e emocionais que existem em suas ações pelo processo de transformação interior da criança. Para os educadores da Instituição que trabalham em paralelo com o educador específico da prática psicomotora, é um lugar de conhecimento e troca sobre as crianças, seu desenvolvimento e suas possibilidades pedagógicas sobre o grupo/turma. Suas interações, seus interesses, seus caminhos de evolução. Para a Instituição, pode ser um lugar onde surjam reflexões e discussões sobre a prática pedagógica, sua metodologia, filosofia e coerência. As iniciativas das crianças, suas curiosidades e vontades de explorar, as tornam sujeitos ativos no mundo em que vivem. As atividades propostas devem buscar-se em uma organização do espaço e na oferta de materiais de forma a possibilitar a iniciativa, a ação independente e a imaginação das crianças. Os espaços físicos Todo espaço físico é um território cultural a ser ocupado, construído, bagunçado, organizado, marcado por experiências, sentimentos e ações das pessoas. Os espaços das creches são variados e diferentes. Por isso, eles devem refletir os princípios educativos em que se baseiam e a prática dos profissionais da educação infantil que neles agem. 20 As crianças tem espaço para movimenta-se, esconder-se, olhar-se, engatinhar, andar, saltar, pular, experimentar, mexer e descansar. Os adultos podem criar um ambiente cultural de maneira a proporcionar ao máximo a escolha de atividades das crianças, dentro de um padrão de segurança, de estímulo à autonomia e a cooperação. “Para mim, uma criança que aprende um desenvolvimento harmonioso é aquela criança de acolhida e de abertura em busca de demandas com as pessoas do seu meio. É uma criança que sente prazer em dar e receber, em descobrir e conhecer, é uma criança feliz de viver que, afirma seus desejos sem medo, dúvidas, nem culpa”. (Aucouturier, 1994) Entendemos que o processo educacional se inicia desde o nascimento é pensar que o trabalho pedagógico na Educação Infantil deve partir do universo da criança, de sua realidade e sabedoria criativa, permitindo que ela saia da posição de passivo receptor do saber e conquiste o espaço de criador e gerador de conhecimento, ressaltando, que cabe a nós, termos sempre cuidado de fazer com que esta postura perpasse o cotidiano da escola, empregando todo o fazer pedagógico, no sentido de se tornar possível a construção da autonomia, a cooperação, a criatividade, a capacidade criativa e a formação do auto conhecimento positivo. Para isso torna-se necessário que as crianças se sintam valorizadas e reconhecidas nas suas diferenças. ( Boletim da Creche UFRJ – Dezembro/1993). 21 Educação Infantil e a Educação Psicomotora Educação Infantil Abrangendo a faixa etária que vai de zero a seis anos de idade, a educação infantil se constitui na primeira etapa da educação básica de acordo com a Lei 9394/96 e deverá ser oferecida em creches para crianças até três anos e em pré-escolas para as crianças de quatro a seis anos de idade. A Educação Infantil representa o prazer de agir e o prazer de pensar. A brincadeira com espaço de aprendizagem De acordo com Vygotsky (1984), no início da vida da criança, sua ação sobre o mundo é determinada pelo contexto percentual e pelos objetos nele contidos. O brincar é portanto uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento das crianças pequenas. Através das brincadeiras, a criança pode desenvolver algumas capacidades importantes, tais como: atenção, imitação, memória, imaginação. Ao brincar, as crianças exploram e refletem sobre a realidade a cultura na qual vivem incorporando e ao mesmo tempo, questionando regras e papéis sociais. Educação psicomotora Compreendendo a criança como um ser único e global, é que entendemos a Educação e a Psicomotricidade interligadas. A educação como algo mais amplo do que a transmissão de conhecimentos e a aprendizagem não apenas preparatória da aprendizagem. 22 Piaget (1987), estudando as estruturas cognitivas, descreve a importância do período sensório-motor e da motricidade, principalmente antes da aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência. Educação Psicomotora, segundo Aucouturier (1996), é um processo de maturação psicológico que a criança percorre do seu nascimento até os sete anos de idade. Neste período constata-se que a sensação, o tônus e o movimento estão intimamente interligados, constituindo-se na origem da representação mental. O eixo norteador dessa intervenção é a ação espontânea da criança na qual lhe é oportunizado agir com liberdade, fazer sua escolha, ela é sujeito do processo, num itinerário de favorecimento à sua maturação psicológica por meio de jogos e de brincadeiras levar a criança gradualmente a transpor os limites do prazer, do agir ao prazer de pensar. 23 Princípios educativos da Creche A palavra creche, de origem francesa, é que significa manjedoura, foi utilizada para designar a primeira instituição criada pelo Padre Oberlin, na França, há mais de duzentos anos, para guardar e abrigar crianças pequenas consideradas necessitadas pela sociedade. A década de 80 passou por um momento de ampliação do debate a respeito das funções das creches para a sociedade moderna. A partir desse período, as creches passaram a ser pensadas e reivindicadas como o lugar de educação e cuidados coletivos das crianças de zero a seis anos. Hoje, as creches com o trabalho pedagógico voltado para a Educação Infantil tem base no foco de trabalho: • A brincadeira é uma atividade educativa fundamental da infância; • A organização do espaço e do tempo é importante para a educação, interação e construção de conhecimentos; • A creche deve desenvolver ações que integrem cuidado e educação; • Deve respeitar a cultura de origem de cada criança; • Deve partilhar com as famílias seus projetos educativos; • É um espaço de socialização, de vivências e de interação; • Deve ter um ambiente cultural que propicie a leitura e a escrita. Elaboração tem como base Pistas teóricas e práticas acumuladas orientam a elaboração da programação para as crianças. As múltiplas interações presentes nas creches são as condições para o crescimento das crianças e devem ser traduzidas em atividades diárias. As diferentes formas de linguagem verbal, corporal, plástica e musical e todas as formas de comunicação e expressão são básicas para que as crianças compreendam, compartilhem e se estruturem na cultura e na sociedade. 24 Objetivos da Creche 1. Propiciar uma vida saudável e de bem estar para as crianças, as famílias e os profissionais; 2. Possibilitar a multiplicidade de expressão; 3. Estimular a construção da auto-estima, da confiança em si, da autonomia e do desejo de aprender; 4. Trabalhar com base nas diferenças individuais; 5. Criar um ambiente propício às interações, à apropriação e produção de saberes, que seja acolhedor e estável; 6. Favorecer a colaboração com os familiares e com a comunidade, criando estruturas de intercâmbio, cooperação e trabalho; 7. Elaborar uma programação ampla, diferenciação contínua e que tenha como centro a aprendizagem direta, experimental e ativa da criança; 8. Encarar a brincadeira, a fala, o silêncio, a expressão e as práticas das crianças como forma de aprendizagem; 9. Elaborar uma programação que contemple momentos de atividades coletivas e individuais, atividades livres e dirigidas, atividades de repouso, de higiene e de alimentação; 10. Formar equipes estáveis e permanentes de profissionais de educação infantil e atualizá-los em serviço. Sabendo-se que trazer os filhos para a creche é uma etapa importante na vida da família, já que o ingresso neste convívio social começa muito cedo na vida da criança. E, a partir dos 4 meses de idade, em horário integral. Sabendo-se como é penoso para os pais e mães separar-se das crianças e entregá-las ao cuidado de uma instituição. Sabendo também que para as crianças a experiência do novo, novo espaço, novas situações de relacionamento, outras e muitas crianças para conviver e brincar é muito rico, mas também pode ser um pouco assustador. O trabalho da Creche da UFRJ é reduzir ao mínimo as perturbações da criança. Nossos esforços serão acostumá-las às novidades, introduzidas na sua vida e nos seus hábitos, a partir do momento em que ela ingresse na 25 creche. Para isso, levamos em conta o tipo de hábito que ela teve em casa até hoje, introduzindo as modificações e a rotina da Creche aos poucos, de maneira flexível. Estaremos atentos às necessidades individuais de cada criança. 26 Finalidades da Creche Universitária da UFRJ • A Creche Universitária tem como objetivo atender adequadamente a criança, promovendo seu desenvolvimento físico, afetivo, emocional, social e intelectual, proporcionando seu desenvolvimento integral e tornando-a um ser seguro, crítico e participante; • A Creche Universitária tem como objetivo atender as necessidades de ensino e pesquisa referentes ao atendimento de crianças de 0 a 6 anos; • Contribuir para que a UFRJ avance no seu papel de proporcionar produção de conhecimentos referentes à educação Infantil, como espaço de desenvolvimento integral da criança; • Atender aos filhos de funcionários técnicos-administrativos e docentes da UFRJ. Concepção pedagógica da Creche da UFRJ Proporcionar um ambiente que possibilite um relacionamento interpessoal onde haja condições plenas para a criança desenvolver seus aspectos cognitivos e afetivos, tendo como elemento norteador o processo educativo na prática pedagógica sócio-interacionista, onde a criança tem a construção social do saber pela socialização diante do seu meio. Área de conhecimento • Comunicação e expressão: Desenvolver a linguagem enquanto instrumento que atende as necessidades sociais da comunicação inserida no contexto social. • Matemática e ciências naturais: Estimular na criança a aquisição de atitudes terminais, que desenvolvam o raciocínio lógico e crítico, através da experimentação concreta. 27 • Ciência social e integração Estimular na criança a aquisição de atitudes terminais, que levem à compreensão do seu papel na sociedade e sua relação com seu meio. • Desenvolvimento motor Desenvolver o domínio do próprio corpo e de tudo que pode ser realizado por ele e suas partes. Adquirir as qualidades físicas básicas quanto à coordenação motora dos grandes e pequenos movimentos: força, resistência, lateralidade, orientação temporal e estruturação espacial. • Atividades educacionais As atividades educacionais desenvolvidas são as seguintes: Atividades psicopedagógicas: São realizadas diariamente junto com as crianças nas quais procurase estimular/desenvolver a percepção, motricidade, atenção, concentração, memória, raciocínio, linguagem, etc. Atividades nutricionais São realizadas semanalmente junto as crianças com o objetivo de trabalho as funções dos alimentos, os hábitos alimentares, etc. Atividades de saúde São realizadas periodicamente com as crianças e educadoras, com a finalidade de estimular e desenvolver os seguintes aspectos: hábitos higiênicos, prevenção e profilaxia na saúde individual e coletiva. Planejamento anual O planejamento anula caracteriza-se pela articulação das atividades dos diversos setores para que o trabalho mantenha uma funcionalidade entre os setores e uma integração do seu corpo funcional à proposta político-administrativa. 28 Planejamento pedagógico O planejamento pedagógico utiliza a metodologia sócio- interacionalista, onde o saber é construído pela criança através do saber historicamente acumulado pela humanidade. Plano de atividades O plano de atividades caracteriza-se pela previsão das atividades diárias por sala, orientado pelo planejamento pedagógico (anual), com supervisão da pedagogia realizado no mês anterior que antecede a realização do plano de atividades em sala. 29 Leitura e escrita na Creche Como para os educadores e profissionais da área vão de encontro à prática da realidade da criança, esse processo começa antes do seu ingresso na instituição, pois a partir de que a criança começa a enfrentar o mundo que a cerca, ela já está em contato com os sinais da vida e da leitura, feita primeiramente pela mãe. Na Creche as crianças ao entrarem no berçário encontram um ambiente estimulador por várias formas. Através dos recursos humanos e materiais pedagógicos. Esse caminhar vai sendo aperfeiçoado com os anos e com o trabalho nas salas seguintes. Ao chegar no jardim aos três anos, as crianças dão um salto para a leitura e escrita, naturalmente. O interesse apresenta uma certa curiosidade nas crianças em avançar nas suas atividades de escrita. Sua linguagem, na maioria das crianças, por terem esse convívio tão cedo apresenta uma desenvoltura crescente. A leiturização A educação infantil, até pouco tempo de pré-escola, desponta como um dos ambientes onde a criança pode construir e evoluir nas suas hipóteses a respeito dos conceitos de leitura e escrita. Enquanto os adultos dirigem quanto ao ensinar ou não a ler nesta etapa, um significado número de crianças inicia suas experiências de leitura sem pedir-lhes autorização para tanto. O envolvimento desde cedo com escritos variados, manuseando, ouvindo e vendo histórias, vivenciando e interpretando situações, proporcionará à criança o desenvolvimento do gosto pela leitura. Portanto, é através da leiturização que a criança expressa a linguagem do pensamento, tendo contato com a leitura e escrita, fator que antecede o processo de alfabetização. 30 A leitura e a escrita devem ser apresentadas às crianças desde o início de sua vida escolar na creche e educação infantil de forma natural, cotidiana, com histórias lidas, figuras. Mesmo não sabendo ler, no sentido exato da palavra, as crianças podem penetrar no mundo da literatura e interagir com a leitura. Pré escrita Aprender a ler e escreve é como aprender um jogo. O desenvolvimento da escrita não se deve simplesmente a um fazer de exercícios. A escrita é constituída de uma atividade psicomotora extremamente complexa, na qual participam os aspectos da maturação do sistema nervoso, expressado pelo conjunto de atividades motoras, pelo desenvolvimento psicomotor geral. Quem escreve é a criança, mas para fazê-lo necessita de sua mão, de sua orientação espacial, de um ritmo motor e de seu reconhecimento no referido ato. Na Educação Infantil todos os aspectos da percepção devem ser trabalhados: o visual, o auditivo, o tátil, o olfativo e o gustativo. A imagem corporal, que é a impressão que a criança tem de seu corpo pode ser medida a partir de desenhos da figura humana que ela realiza. Maturidade para leitura e escrita Evolução do grafismo: • Rabiscação descontínua É puro prazer de manipulação do instrumento (lápis, caneta ou pincel) e nenhuma interação de comunicação do pensamento. • Rabiscação de linhas contínuas 31 Prazer de manipulação do material e nenhuma intenção de expressão de pensamentos, mas o nível de coordenação de movimentos aperfeiçoouse um pouquinho. • Célula Ocorre por volta dos três anos e meio. Não houve intenção de expressar essa ou aquela idéia, mas evidencia o fato de que o homem tende a atribuir significado à forma fechada, o que o torna capaz de ler. • Garatuja Das células saem agora radiais e no seu interior aparecem pontos indicando os olhos, às vezes a boca e o nariz. O desenho livre mostra sempre o que a criança sabe e como ela “vê” as coisas. O desenho é a expressão fiel do seu conhecimento e não cópia da realidade. • Figuras isoladas Por volta dos cinco anos a coordenação de movimentos deve ter-se aperfeiçoado e a percepção e detalhes também evoluídos. Há um maior poder de coordenar movimentos e dirigi-los, sob o comando do cérebro, em movimentos intencionais – as figuras são mais identificáveis, mas mostram que o pensamento devagar ao sabor do acaso. Iniciar uma alfabetização, nesta hora, seria contar com sérios riscos de insucesso, as habilidades psicomotoras da criança não estariam de acordo com sua maturidade. • Cenas simples Revelam um aprimoramento na organização de idéias, um nível possivelmente maior de coordenação motora, maior memória de detalhes mas ainda está insuficiente quanto à orientação espacial. • Cenas completas 32 Por volta dos seis anos, em média, a criança expressa através do desenho espontâneo da cena completa com detalhes, toda uma organização do pensamento que inclui, além de orações coordenadas, algumas orações subordinadas. A cena completa, é a expressão de idéias em conjunto único, portanto, em idéias inter-relacionadas. A colocação dos objetos pousados sobre a linha do chã, a representação do céu por uma linha próxima a borda superior do papel indicam claramente a visão de localização dos objetos no espaço já adquirido pela criança. 33 IV - Análise de dados Organograma Direção Equipe técnica Setor Psicopedagógico Setor Administrativo Setor Saúde Setor Nutrição SCB SECRET OP B M1 M2 RECEP M3 ALM J1 COPA J2 J3 MM REFEITÓRIO SL AUD Legenda OP – oficina pedagógica SCB – sala de cuidados básicos MM – sala de multimeios B – berçário J – jardim M – maternal ALM – almoxarifado AUD - audiovisual 34 Organização • O ensino é laico; • A lotação da Creche é de 110 crianças e se distribui da seguinte forma: 1. Berçário – 10 crianças de 4 meses a 12 meses; 2. Maternal I – 10 crianças de 1 ano a 1 ano e meio; 3. Maternal II – 10 crianças de 1 ano e meio a 2 anos; 4. Maternal III – 10 crianças de 2 anos a 3 anos; 5. Jardim I – 20 crianças de 3 anos a 4 anos; 6. Jardim II – 20 crianças de 4 anos a 5 anos; 7. Jardim III – 20 crianças de 5 anos a 6 anos. • O corpo técnico-administrativo se compõe da seguinte forma: 1. Direção; 2. Equipe técnica: psicóloga, pedagoga, nutricionista, assistente social e fonoaudiologa; 3. Educadoras; 4. Administrativos; 5. Técnico de enfermagem; 6. Copeiras; 7. Limpeza; 8. Manutenção. Direção: Responsável pela política administrativa do setor e pela coordenação de todo trabalho da Creche. Setor psicopedagógico: Tem como base a prática pedagógica a abordagem sóciointeracionista de desenvolvimento do indivíduo compreende o processo educativo escolar como um elemento importante para a democratização do 35 acesso aos conhecimentos acumulados pela humanidade, visando a instrumentar os indivíduos para intervirem na produção de conhecimentos. Objetivos específicos: • Realizar entrevistas de triagem com os pais logo que a criança é matriculada, identificando e avaliando os elementos sócio-econômicosculturais, colhendo a história desde a gestação para que se possa ter uma maior integração família-instituição; • Orientar os pais através de entrevistas solicitadas pela equipe técnica e/ou responsáveis para dissipar dificuldades que possam surgir, de acordo com o enfoque dos elementos envolvidos no processo educativo; • Promover palestras com os responsáveis para esclarecimento em torno de temas relacionados com as crianças nas suas diversas faixa etárias; • Apresentar relatórios do crescimento e desenvolvimento da criança com periodicidade semestral, tornando possível o acompanhamento pelos responsáveis e membros da equipe técnica; • Organizar a pasta com dados relativos à criança, para possibilitar a análise por parte da equipe técnica, permitindo assim um conhecimento global da criança; • Promover uma avaliação diagnostica da criança para que se possa situá-la nas salas de acordo com sua idade cronológica e seu desenvolvimento; • Acompanha a criança e seu responsável na sua inserção junto as outras crianças de sua faixa etária e do seu desenvolvimento, possibilitando maior segurança entre as crianças, a família e a Instituição; • Estimular a independência da criança dentro das possibilidades de sua faixa etária; • Observar o comportamento de cada criança na relação que mantém com seu grupo e nos diversos grupos em situações festivas e excursões; • Realizar observações individuais ou coletivas para acompanhamento nos aspectos afetivo, intelectual, social e motor, possibilitando a confecção dos relatórios entregue aos pais semestralmente; 36 • Facilitar entrevistas com os responsáveis para dissipar junto à família possíveis casos de encaminhamentos a profissionais especializados; • Promover revisão do planejamento anual ao término de cada ano, para avaliar o trabalho realizado e reelaborar o referencial que irá nortear o trabalho do próximo ano; • Promover reciclagem com o quadro funcional para discutir a criança como um ser integral nas diversas áreas do conhecimento; • Orientar o trabalho pedagógico através de reuniões com as educadoras, tendo como referencial teórico a pedagogia social interacionista, onde o saber seja reelaborado constantemente desde a sua concepção inicial; • Acompanhar o plano de atividades de caráter multidisciplinar, através de supervisão do referencial teórico que será o balizamento do trabalho mensal em sala; acompanhar em sala a execução do plano de atividades (P. A) de caráter multidisciplinar pelos diversos profissionais que compõem a equipe técnica; • Promover atualização permanente do quadro funcional; • Orientar funcionários através de entrevistas, visando a dissipar dificuldades no relacionamento interpessoal; • Proporcionar em ambiente fraterno e solidário entre as crianças, onde se possa elaborar e reelaborar o seu próprio conhecimento constantemente. Setor saúde: é o setor responsável pelo atendimento integral à saúde das crianças. Objetivos específicos: • Desenvolver medidas profiláticas através de ações educativas; • Evitar a proliferação de doenças infecto-contagiosa na Creche; • Manter a infra-estrutura para os atendimentos emergenciais e encaminhá-los à estrutura hospitalar da própria Universidade. Setor de nutrição: é o setor responsável pelo planejamento, recebimento, armazenamento, controle e qualidade e confecção de alimentos. 37 Setor administrativo: é o setor responsável pelos serviços burocráticos e administrativos, garantindo toda infra-estrutura para o funcionamento da Creche: recepção, secretaria, almoxarifado, administração financeira e limpeza da Creche. Serviço social: é responsável pela inscrição, seleção e admissão e pelo trabalho social com os pais e funcionários da Creche, quando do surgimento de problemas ligados à criança ou à família. Psicologia: o setor de psicologia realiza um trabalho enfocando três aspectos: a criança, a família e as educadoras. Em relação às crianças, o trabalho consiste em observação participativa, com objetivo de proporcionar às crianças as condições para seu amplo desenvolvimento cognitivo e social. Em relação as famílias, é feito um trabalho de orientação que é realizado quando solicitado pelos pais (dúvidas, momentos de crise, etc.) ou solicitado por nós quando percebemos mudanças comportamentais nas crianças. Com as educadoras também é realizado um trabalho de orientação específica em relação à cada criança em reuniões realizadas com as educadoras de cada turma. Fonoaudiologia: o trabalho de fonoaudiologia na Creche é realizado através de ação pedagógica e tem caráter preventivo e de estimulação, atendendo as necessidades da fala, articulação, voz e da linguagem nas diferentes faixas etárias. As alterações do desenvolvimento que venham a se manifestar nos primeiros anos de vida podem se refletir no processo de aprendizagem, não apenas nesta faixa etária, como nas etapas subsequentes do ensino caso não sejam observadas, diagnosticadas e devidamente trabalhadas. Neste sentido a Fonoaudiologia está atenta as observações e as intervenções que se façam necessárias, no momento adequado, atuando de maneira preventiva em relação a possíveis conferenciais das funções. Neste contexto uma Fonoaudiologa atua em equipe e está em relação com os profissionais de outras áreas, trabalham no processo de aprendizagem próximo a psicologia, assistente social, 38 pedagogia, nutricionista. Abrange a orientação às educadoras no que diz respeito a observação, acompanhamento. Orientação aos pais: encaminhamento e atendimento clínico quando se fizer necessário. 39 Entrevistas Os dados foram coletados através de perguntas (em anexo) feitas aos profissionais que trabalham na Instituição, sendo assim distribuídos: três educadoras de sala, uma supervisora, uma educadora de psicomotricidade. Quanto a importância do brincar como forma de estimulação no processo da leitura e escrita, as educadoras foram claras em explicar que para compreender o processo de construção da linguagem e da escrita a criança precisa primeiro interagir com o seu meio, com outras crianças, adultos, ambientes diferentes. É através do brincar que a criança inicia sua interação social. Brincando, a criança desenvolve seu lado emocional e afetivo bem como algumas áreas do domínio cognitivo, tais como capacidade de síntese, jogo simbólico, etc. Toda a construção desse processo, deve ser feita através de experiências concretas e plenamente vividas com o corpo inteiro das crianças, pois atuando, brincando, falando, controlando e descobrindo seu corpo e movimento, ela será capaz de iniciar seu processo de alfabetização com interesse e prazer. Quanto ao momento adequado para a alfabetização, as educadoras relataram que o processo da leitura e escrita compreende variadas formas de interação da criança com o mundo. É importante que a criança já tenha contato com a leitura desde pequeninos, pois os bebês devem ser estimulados a manusear livros de tecidos e plástico. Não há uma idade pré definida, mas há um princípio fundamental: despertar a paixão pelo mundo. O ingresso na educação infantil encontrará um ambiente facilitador propício. Quanto a preparação adequada a criança na educação infantil a supervisora foi categórica em responder a “preparação adequada”, está em oferecer um ambiente estimulante de leitura, criar jogos, inventar brincadeiras. Possuir uma boa sala de leitura ou biblioteca é fundamental. Fazer passeios, brincar com rótulos e embalagens. Ler o mundo, ler a vida. 40 Quanto a importância da psicomotricidade na relação da leitura e da escrita na faixa etária da educação infantil, a educadora psicomotricista da Instituição relatou que a psicomotricidade utiliza um movimento como meio onde as experiências vividas pelo corpo vão transmitindo lentamente essas informações para o cérebro, permitindo-lhes pouco a pouco uma representação mental de seu corpo e gestos. São umas sensações captadas pelos seus corpos que lhes serão úteis no momento de tentar os primeiros traços da escrita e da leitura. A realização e atividades de representação (desenho, pintura, colagem, etc) após as atividades motoras auxilia no processo de interiorização e representação. Isso é muito importante pois a representação é o eixo de todas as aprendizagens, como a alfabetização, a matemática e outras. 41 V. Conclusão Está fora da escola uma parcela significativa das crianças em idade escolar. Isso se agrava quando se trata da Educação Infantil, onde menos de 6% da população com idade de zero a seis anos, mesmo com a conquista do direito legal à educação de creches e pré-escolas, faltam mais ofertas dessas instituições públicas e com qualidade para atenderem às classes populares. Se a educação infantil deve ou não alfabetizar parece ainda confuso, com posições a favor e contra. Mas existe a clareza em relação a atender a criança nesta faixa etária com responsabilidade, importância de que ela será atendida em todos os aspectos: social, emocional, cognitivo, motor, etc. As ações pedagógicas determinam um espaço compromissado com as crianças, espaço que lhes garantam a apropriação de novas linguagens que expressam sua própria forma de representar o mundo. Portanto, quando a instituição atende as crianças, tendo um olhar pedagógico e afetivo sabendo-se que os primeiros anos, são os anos mágicos da criança, ela poderá seguir o seu caminho escolar e na vida com mais segurança e sem medo de errar. Pois trabalhar o lado humano das pessoas nos reflete a ampliação e a aquisição de novos conhecimentos. Formar a criança ao prazer de comunicar é, antes de tudo, socializála, como também ajudá-la a sair de si mesmo (Aucouturrier, 1994). 42 VI. Referências bibliográficas ABRAMOWICZ, Anete. Creches: atividades para crianças de zero a seis anos. São Paulo, Moderna, 1995. ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro, Wak, 2003. AUCOUTURIER, Bernard. Formação em Prática Psicomotora educativa, apostilas. Rio de Janeiro, Espaço Néctar, 1996-1999. AUCOUTURIER, Bernard. A ação pedagógica da prática psicomotora. Apostila, Conferência Ministrada em Lille, 1994. Boletim da Creche Universitária Pintando a Infância – UFRJ – N.º 1. Rio de Janeiro, 1993. FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo, Editora Cortez, 2000. LIMA, Ana Flávia de Oliveira. Pré-escola e alfabetização – Uma proposta baseada em Paulo freire e Jean Piaget. Petrópolis, 1999. OLIVEIRA, Gislene de Campos.Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. Petrópolis, RJ, Vozes, 1997. PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia – tradução de Maria Alice M. D’Amorim e Paulo S. L. Silva. Rio de Janeiro, Editora Fiorense, Universitária LTDA, 1987. POPPOVIC, Ana Maria & Colubi, Geny de Moraes. Prontidão para a alfabetização – programa para específicas, São Paulo, Vetor, 1996. o desenvolvimento de funções 43 VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1984. WALLON, Henri. Do ato do pensamento – ensaio de Psicologia Comparada – Tradução de J. Seabra Diniz. Lisboa, Morães Editores, 1979. 44 Anexo Entrevista – perguntas 1. Antes de iniciar-se no processo da linguagem e escrita, a criança utiliza um sistema simbólico como forma de representação da realidade. Na sua opinião qual a importância do brincar estimular neste estágio preparatório? 2. Quanto a introdução no processo de leitura e da escrita qual o momento adequado na sua opinião? Explique porque. 3. Na sua opinião, qual é a preparação adequada à criança na Educação Infantil? Porque? 4. Qual é a relação da psicomotricidade com a leitura e a escrita na faixa etária da Educação Infantil ? 45 ÍNDICE I. Problema 9 Objetivo 9 II. Introdução 10 III. Metodologia 12 III. I Psicomotricidade 13 III. I. I Desenvolvimento da Psicomotricidade 13 III. I. II Coordenação Global 13 III. I. III Coordenação Fina e Óculo-manual 14 III. I. IV Esquema Corporal 14 III. I V. Lateralidade 14 III. I. VI Estruturação Espacial 14 III. I. VII Estruturação Temporal 15 III. I. VIII Discriminação Visual e Auditiva 15 III. II Movimento 16 III. II. I A criança e o movimento 16 III. II. II Os primeiros anos de vida 16 III. II. III Crianças de um a três anos 17 III. II. IV Crianças de quatro a seis anos 18 III. III Psicomotricidade na Creche da UFRJ 19 III. III. I Os espaços físicos 19 III. III Educação Infantil e a Educação Psicomotora 21 III. III. I Educação Infantil III. III. II A brincadeira 21 como espaço de 21 aprendizagem III. III. III Educação Psicomotora III. IV. Princípios educativos na Creche da UFRJ 21 23 III. IV. I Objetivos da Creche 24 III. V. II Concepção pedagógica da Creche da 26 46 UFRJ IV. III. V. Finalidades da Creche da UFRJ 26 III. V. I Área de conhecimento 26 III. V. II Comunicação e expressão 26 III. V. III Matemática/ Ciências naturais 26 III. V. IV Ciência social/ Integração 27 III. V. V Desenvolvimento motor 27 III. V. VI Atividades Educacionais 27 III. V. VII Atividades Psicopedagógicas 27 III. V. VIII Atividades Nutricionais 27 III. V. IX Atividades de Saúde 27 III. V. X Planejamento anual 27 III. V. XI Planejamento pedagógico 28 III. V. XII Plano de atividades 28 III. VI. Leitura e escrita na Creche da UFRJ 29 III. VI. I A leiturização 29 III. VI. II Pré escrita 30 III. VI. III Evolução do grafismo 30 III. VI. IV Rabiscação descontínua 30 III. VI. V Rabiscação de linhas contínuas 30 III. VI. VI Células 31 III. VI. VII Garatujas 31 III. VI. VIII Figuras isoladas 31 III. VI IX Cenas simples 31 III. VI. X Cena completa 31 Análise de dados 33 IV. I Organograma 33 IV. II Organização da Creche da UFRJ 34 IV. II. I Direção 34 IV. II. II Setor Psicopedagógico 34 IV. II. III Setor Saúde 36 IV. II. IV Setor de Nutrição 36 47 IV. II. V Setor de Administração 37 IV. II. VI Serviço Social 37 IV. II. VII Setor de Psicologia 37 IV. II. VIII Setor de Fonoaudiologia 37 IV. III Entrevistas 39 V. Conclusão 41 VI. Referências bibliográficas 42 VII. Anexos 44 48 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “Lato Senso” Título: Psicomotricidade e Alfabetização na Creche da UFRJ Data da Entrega: 28 de junho de 2003. Auto avaliação: Este livro foi útil a partir do momento em que comecei a pesquisar a fundo o meu próprio trabalho de uma forma organizada e especializada nas minhas experiências de vida e trabalho com crianças de 0 a 6 anos na Instituição pesquisada. Avaliado por: ________________________________Grau:______________ ___________________. ____de__________de_____.