TÍTULO: ANÁLISE DO USO DE AGROTÓXICOS E DESTINO FINAL
DAS EMBALAGENS NO MUNICÍPIO DE CAMBORIÚ - SC
Aline Pereira Gomes – [email protected]
Universidade do Vale do Itajaí
Rua Uruguai, 458
88302-202 – Itajaí - SC
Rafaela Picolotto, Esp. – [email protected]
Universidade do Vale do Itajaí
Resumo: A preocupação com o destino das embalagens de agrotóxicos é crescente em decorrência da
grande utilização e consequências danosas que esses produtos podem causar. O objetivo deste
trabalho é realizar uma análise do uso de agrotóxicos e destino final de suas embalagens em
propriedades rurais do Município de Camboriú – SC. Para isso foi realizado um levantamento dos
aspectos legais sobre uso de agrotóxicos e destino das embalagens, definidos grupos amostrais de
acordo com a finalidade do uso dos agrotóxicos e aplicado um questionário aos usuários. A partir das
informações obtidas dos questionários foi possível realizar uma análise do uso dos agrotóxicos
identificando quais são mais usados nas propriedades rurais, tipos de embalagens dos agrotóxicos,
procedimentos realizados com as mesmas após o uso e o destino final que é dado a elas. Também foi
analisada a percepção dos usuários com relação à importância da logística reversa.
Palavras-chave: Política Nacional de Resíduos Sólidos, Pesticidas, Logística Reversa.
ANALYSIS OF THE USE OF PESTICIDES AND THE FINAL
DESTINATION OF PACKAGING IN THE MUNICIPALITY OF
CAMBORIÚ - SC
Abstract: Concern for the fate of pesticide containers is increasing due to extensive use and harmful
consequences that these products can cause. The objective of this work is to analyze the use of
pesticides and disposal of their packaging, focusing on rural properties in the municipality of
Camboriu - SC. A survey on legal aspects of the use of pesticides and the destination of their
packaging was conducted. Sample groups were defined according to the purpose of the use of
pesticides. These sample groups were then given a questionnaire to complete in regards to their
practices with these certain products. From the information obtained from the questionnaires, it was
possible to perform an analysis on the following: which products are most commonly used on farms,
the types of packaging of pesticides and procedures performed after use, and the final destination of
these materials. The users' perception regarding the importance of reverse logistics of their products
was also analyzed in this study.
[Digite texto]
Keywords: National Solid Waste Program, Pesticides, Reverse Logistics.
1. INTRODUÇÃO
O crescimento populacional mundial, associado ao desenvolvimento desenfreado da
economia, faz com que o meio ambiente seja afetado drasticamente de várias formas. Neste contexto,
um dos muitos problemas que surgiram foram aqueles relacionados aos resíduos sólidos e resíduos
perigosos (BARTHOLOMEU et al., 2011).
Outro grande desafio para a humanidade neste início de novo milênio é a produção de
alimentos em grande escala e, diante da disputa das áreas agricultáveis somadas ao crescimento das
áreas de urbanização e industrialização, é necessária a busca da maior produtividade agrícola possível
por hectare e o uso em massa de agrotóxico está sendo considerado indispensável (GRISOLIA, 2005).
Os impactos negativos associados aos agrotóxicos são muitos e estudos confirmam que
baixos níveis de exposição podem causar sérias doenças e desordens na saúde, incluindo câncer, dano
no sistema nervoso, sistema reprodutivo e outros órgãos, também anormalidades no desenvolvimento
e comportamento, disfunção hormonal e disfunção do sistema imunológico. (SILVA; FAY, 2004).
O envenenamento humano e as doenças são certamente o maior impacto causado pelo
uso de agrotóxicos, um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) registra que mais de 3
milhões de pessoas são envenenadas com agrotóxico a cada ano, com cerca de 220 mil mortes e 750
mil pessoas apresentam intoxicação crônica, câncer, problemas neurológicos, entre outros
(PIMENTEL, 1998 apud CAMPANHOLA; BETTIOL, 2006).
Uma grande parte dos envenenamentos e mortes de pessoas causadas por agrotóxicos
ocorre em países em desenvolvimento, pois possuem padrões ocupacionais e de segurança
inadequados, regulamentação e rotulagem dos agrotóxicos insuficientes, alto nível de analfabetismo,
infraestrutura para lavagem e o uso de equipamentos de proteção individuais inexistentes ou
inadequados e os operadores muitas vezes desconhecem os riscos dos agrotóxicos à sua saúde. Além
dessas deficiências, outra razão para o envenenamento é o manuseio inadequado dos resíduos e
embalagens de agrotóxicos e a prática comum de se utilizar os recipientes de agrotóxicos para
armazenar alimentos e água. No caso específico de países em desenvolvimento, estima-se que o
número de pessoas intoxicadas por agrotóxicos possa chegar a 25 milhões por ano (CAMPANHOLA;
BETTIOL, 2006).
A contaminação do solo e dos corpos hídricos pode ser agravada se considerar que vários
agrotóxicos são de difícil biodegradação, tem elevado tempo de meia vida biológica e são
bioacumulados nos organismos que fazem parte da cadeia trófica. A contaminação de um corpo
hídrico usado para abastecimento da população representa um elevado risco, pois os sistemas
convencionais de tratamento de água ainda não são eficientes na remoção de agrotóxicos (VEIGA,
2004 & FERRARI, 1985).
As embalagens de agrotóxicos também são descartadas incorretamente no meio ambiente
e tendo resíduos do produto provocam problemas de contaminação do solo e rios. Atualmente o Brasil
produz cerca de 115 milhões de embalagens para 250 mil toneladas de agrotóxicos, em função deste
volume e os riscos associados ao descarte incorreto das embalagens, é necessário que haja uma
preocupação comeste descarte aleatório no meio ambiente (MACÊDO, 2002).
Para evitar impactos ao meio ambiente e na saúde da população é necessário que algumas
medidas sejam tomadas, sendo a destinação final correta das embalagens de agrotóxicos uma
alternativa para minimizar os riscos de contaminação nas propriedades e no meio ambiente. A
destinação correta das embalagens de agrotóxicos é feita através da logística reversa, que é o retorno
da embalagem através dos canais de distribuição à indústria e está prevista na Lei nº 12.305 de 2 de
agosto de 2010 que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS).
O objetivo deste trabalho é analisar o uso de agrotóxicos e o destino final das embalagens
no Município de Camboriú-SC.
[Digite texto]
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Requisitos legais
Na evolução da legislação ambiental brasileira, a PNRS é muito recente, instituída
somente em 2 de agosto de 2010 pela Lei nº 12.305. Esta reúne um conjunto de princípios, objetivos,
instrumentos, diretrizes, responsabilizando os geradores e o poder público e abrangendo sobre resíduos
perigosos.
É importante ressaltar seu Art. 33. onde “São obrigados a estruturar e implementar
sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de:
I – agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos
cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as
regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou
regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA (Sistema
Nacional de Meio Ambiente), do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância
Sanitária) e do SUASA, (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade
Agropecuária) ou em normas técnicas.”
Existe ainda a Lei Federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989, exclusiva para agrotóxicos,
que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o
armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação,
o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Esta Lei teve
alterações importantes em seus artigos e parágrafos incluídos sobre embalagens de agrotóxicos pela
Lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000.
2.2. Agrotóxicos
De acordo com a Lei Federal nº 7.802 de 11/07/89, regulamentada através do Decreto
98.816 no seu artigo 2, inciso I, define o termo agrotóxico e afins como sendo:
Os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos,
destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de
florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de
seres vivos considerados nocivos e também substâncias e produtos,
empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de
crescimento.
O termo agrotóxico ao invés de defensivo agrícola passou a ser utilizado no Brasil para
denominar os venenos agrícolas, evidenciando a toxicidade desses produtos ao meio ambiente e à
saúde humana, são também genericamente denominados de praguicidas, pesticidas, biocidas,
agroquímicos, produtos fitossanitários, defensivo agrícola, entre outros (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE, 1997).
A humanidade sempre utilizou substâncias químicas para evitar danos às lavouras
causados por pragas, mas só após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que os agrotóxicos
passaram a ser usados em larga escala. No Brasil, esses produtos começaram a ser aplicados de forma
sistemática a partir da década de 1960, como solução científica para o controle das doenças, pragas e
plantas competidoras que atingiam as lavouras (INPEV, 2012).
[Digite texto]
No Brasil, em função da toxicidade de ingredientes ativos destinados ao uso agrícola, a
ANVISA (2012) listou os nomes comum e químico, a classe de uso, a classificação toxicológica e as
culturas para as quais os ingredientes ativos encontram-se autorizados, estabelecendo seus limites
máximos de resíduos e também a relação de ingredientes ativos de agrotóxicos que não possuem
autorização de uso.
O mercado mundial nos últimos dez anos, cresceu 93%, enquanto o mercado brasileiro
cresceu 190%. No ano de 2008 o Brasil assumiu o posto de maior mercado mundial de agrotóxicos,
passando os Estados Unidos e em 2010 representou 19% do mercado mundial, movimentando cerca
de U$ 7,3 bilhões (ANVISA, 2012).
Os agrotóxicos serão classificados quanto ao organismo alvo e grupo químico pertencente
e quanto ao seu poder tóxico.
De acordo com Macêdo (2002), os agrotóxicos classificam-se em:
Inseticidas: possuem ação de combate a insetos, larvas e formigas, pertencem a quatro
grupos químicos principais: organofosforados, carbonatos, organoclorados, piretróides.
Fungicidas: agem no combate a fungos. Existem muitos fungicidas no mercado e os
principais grupos químicos são:
etileno-bis-ditiocarbamatos, trifenilestânico, captan,
hexaclorobenzeno.
Herbicidas: combatem ervas daninhas e nas últimas duas décadas este grupo tem tido uma
utilização crescente na agricultura. Seus principais representantes são: paraquat, glifosato,
pentaclorofenol, derivados do ácido fenoxiacético, dinitrofenóis.
Outros grupos importantes compreendem: raticidas (dicumarínicos), acaricidas,
nematicidas, molusquicidas, fumigantes.
Os agrotóxicos também são classificados segundo seu poder tóxico, sendo esta
classificação fundamental para o conhecimento da toxicidade de um produto e é feita de acordo com
seus efeitos agudos. No Brasil, a classificação toxicológica está a cargo do Ministério da Saúde
(MACÊDO, 2002).
A Tabela 1 relaciona as classes toxicológicas com a dose letal mediana (DL50), que são
miligramas do produto tóxico por quilo de peso, necessários para levar a óbito 50% dos animais de
teste, comparando-a com a quantidade suficiente para matar uma pessoa adulta.
Tabela 1 - Classificação Toxicológica dos agrotóxicos segundo a DL 50.
Grupos
DL50 (mg/kg)
Dose capaz de matar um adulto
≤5
1 pitada – algumas gotas
Extremamente tóxicos
5 – 50
1 colher de chá
Altamente tóxicos
50 – 500
2 colher de sopa
Medianamente tóxicos
500 – 5000
2 colheres de sopa – 1 copo
Pouco tóxicos
≥ 5000
1 copo – 1 litro
Muito pouco tóxicos
Fonte: FUNASA(2002) apud Macêdo (2002).
Por determinação legal, todos os produtos devem apresentar no seu rótulo uma faixa
colorida que indica sua classe toxicológica, conforme mostra a Tabela 2.
Tabela 2 - Classe toxicológica e cor da faixa no rótulo de produto agrotóxico.
Classe Toxicológica
Toxidez
Cor
Extremamente tóxicos
Faixa Vermelha
Classe I
Altamente tóxicos
Faixa Amarela
Classe II
Medianamente tóxicos
Faixa Azul
Classe III
Pouco
ou
muito
pouco
tóxicos
Faixa
Verde
Classe IV
Fonte: FUNASA (2002) apud Macêdo (2002).
[Digite texto]
Existem propriedades dos agrotóxicos que centralizam problemas, como: toxicidade
seletiva, persistência no ambiente, potencial de bioacumulação e mobilidade. A persistência no
ambiente talvez seja o fator mais crucial para a sua aceitabilidade e o valor de persistência representa o
tempo necessário para a bioatividade alcançar um nível de 75% a 100% do controle. Os agrotóxicos
mais persistentes são os inseticidas hidrocarbonetos clorados, os herbicidas variam muito de acordo
com o tipo, os carbamatos e ácidos alifáticos persistem poucas semanas, já certas s-triazinas podem
persistir de um ano a um ano e meio. Os inseticidas organofosforados possuem vida curta no solo,
sendo dissipados em poucas semanas (SILVA; FAY, 2004).
2.3. Embalagens de agrotóxicos
Neste item serão abordados: os tipos de embalagens comercializadas, sua classificação em
laváveis e não laváveis e sua segregação.
Tipos de embalagens comercializadas
De acordo com Macêdo (2002), as embalagens de agrotóxicos podem ser classificadas em
embalagens rígidas, embalagens flexíveis e embalagens coletivas.
As embalagens rígidas podem ser classificadas quanto a matéria-prima, como mostrado
no Quadro 1 a seguir:
Quadro 1 - Tipo de embalagem rígida quanto à matéria prima e seu destino
Tipo
Composição
Destino
Aço
Tarugos de aço
Metal
Folha de flandres
Vergalhões
Alumínio
Alumínio reciclado
PEAD – Polietileno de alta densidade
Condúites
Plástico COEX – Polietileno co-extrudado multicamada
Condúites
PET – Polietileno tereftalato
Fios para escovas e carpetes
Vidro
Vidro
Vidro
Fibrolata
Aparas de madeira
Queima
Fonte: ANDEF (2002) apud MACÊDO (2002).
As embalagens flexíveis também podem ser classificadas quanto a matéria prima, como
apresenta o Quadro 2:
Quadro 2 - Tipo de embalagem flexível quanto à matéria prima e seu destino.
Tipo
Composição
Destino
Papelão
Celulose
Queima
Papel Multifolhado
Celulose
Incineração
Cartolina
Celulose
Queima
Plástico
PEBD – Polietileno de baixa densidade
Incineração
Papel + plástico metalizado
Incineração
Mista
Papel + alumínio plastificado
Alumínio reciclado / Incineração
Papel plastificado
Incineração
Fonte: ANDEF (2002) apud MACÊDO (2002).
A embalagem hidrossolúvel é feita de um tipo especial de plástico hidrossolúvel e possui
dosagem determinada a ser depositada diretamente dentro do recipiente. Ao ter contato com a água, a
embalagem dissolve-se completamente em 1 ou 2 minutos, evitando a exposição do operador ao
produto. O saco hidrossolúvel ainda apresenta dispositivo externo de proteção que evita problemas
durante o transporte ou estocagem dos produtos e representa o principal avanço tecnológico no campo
[Digite texto]
das embalagens para produtos fitossanitários (ALENCAR et al., 1998apudVERAS, 2004).
As embalagens coletivas são para acondicionar os demais tipos de embalagens,
geralmente compostas por papelão e não possuem contato direto com a formulação do produto, sendo
consideradas apenas para o transporte.
2.3. Destino final das embalagens de agrotóxicos
As embalagens de agrotóxicos podem ser recicladas ou incineradas.São passíveis de
reciclagem 95% das embalagens vazias de agrotóxicos colocadas no mercado, os outros 5% são de
embalagens incineradas, que são as embalagens não laváveis ou que não foram lavadas corretamente
pelo agricultor. Para que possam ser encaminhadas para reciclagem, as embalagens precisam ser
lavadas corretamente através da tríplice lavagem ou lavagem sob pressão, no momento de uso do
produto no campo (INPEV, 2012).
A logística reversa das embalagens vazias de agrotóxicos é de pós-consumo e são
realizadas por imposição legal, através da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.
Segundo levantamento realizado pelo INPEV, do início do ano até setembro de 2012,
foram retirados do meio ambiente mais de 28 mil toneladas do material em todo o país. Resultado 5%
maior do que o índice obtido no ano anterior.
Os atores envolvidos na logística reversa das embalagens de agrotóxicos são o agricultor,
os canais de distribuição, a indústria e o poder público, serão descritas as suas responsabilidades a
seguir.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Área de estudo
O Município de Camboriú – SC fica situado a leste do Estado de Santa Catarina e
encontra-se localizado entre as latitude 27º01’31” sul e a uma longitude 48º39’16” oeste (IBGE,
2010),com localização mostrada na Erro! Fonte de referência não encontrada.1.
Figura 1 – Localização do Município de Camboriú – SC.
O Município de Camboriú – SC possui uma área de 214,5 [km²] e possui seu zoneamento
definido a partir da Lei Complementar nº 16 de 2008 que divide o território em 12 unidades
territoriais. A área de estudo da pesquisa se limitou a ZMR – Zona Multifuncional Rural, ZTUR Zona de Transição Urbano-Rural e ZEE2 - Zona de Expansão Especial 2.
[Digite texto]
A Tabela 33 apresenta a evolução populacional no Município de Camboriú, distinguindo
às populações urbana e rural.
Tabela 3 - Evolução da população do Município de Camboriú, SC.
ANO
URBANA
RURAL
TOTAL
% URBANA
%RURAL
1970
2.109
7.753
9.862
21%
79%
1980
9.884
4.154
14.038
70%
30%
1991
23.538
2.268
25.806
91%
9%
2000
39.427
2.018
41.445
95%
5%
2010
59.231
3.130
62.361
95%
5%
Fonte: (IBGE, 2010) Censo Demográfico – (pessoas residentes).
3.2. Definição dos grupos amostrais
O universo amostral dos usuários foi determinado pelas atividades agrícolas que utilizam
agrotóxicos no Município. Ficou definido que dos agricultores, os abrangidos na pesquisa são os
produtores de arroz (rizicultores) e de hortaliças (olericultores), que englobam culturas folhosas,
raízes, bulbos, tubérculos, frutos diversos, pois são os que mais utilizam agrotóxicos e possuem maior
representatividade no Município. A princípio o objetivo era realizar as entrevistas apenas aqueles que
usavam agrotóxicos para algum tipo de cultivo, como arroz e hortaliças, mas em conversa com alguns
agricultores no decorrer da pesquisa, foi percebido que há grandes problemas nos moradores da área
rural que utilizavam herbicidas apenas pra uso domiciliar e na manutenção de pastagem, esses dois
usos são chamados de capina química, houve o relato de que é frequente após chuvas fortes descerem
embalagens de Roundup e Tordon pelo rio. Devido a isso, foram entrevistados alguns usuários de
agrotóxicos que não são agricultores, mas que fazem a capina química no domicílio, como em volta da
casa, no caminho entre as pedras e no pasto para controlar a quantidade de plantas competidoras que
não servem de alimento para o gado.
A quantidade de rizicultores no Município foi definida pelo número de famílias no
Município que cultivam esse produto de acordo com o os levantados feitos pela EPAGRI à campo e
principalmente baseados no LAC – Levantamento Agropecuário Catarinense (2002-2003). Não há um
levantamento mais recente do número de famílias que produzem arroz no Município, por essa razão
foi feito um levantamento dos Planos Anuais de Trabalho da EPAGRI, contidos no escritório
Municipal de Camboriú. De acordo com o levantamento realizado e conversa com o técnico da
EPAGRI do Município, foi possível observar que o número de famílias é estável desde o ano de 1993
a 2010, variando entre 50 e 72 famílias, porém houve uma grande quantidade de arrendamentos de
terra para o cultivo nos últimos anos, devido a mecanização na produção, o que faz com que o número
de famílias tenha uma redução, que não foi possível observar nos últimos Planos de Trabalho da
Epagri por serem baseados principalmente em um levantamento de 2002 a 2003 do LAC. A área em
[ha] de cultivo não teve um grande aumento nem redução, variando em torno de 1.100 [ha] em todos
os anos e houve um aumento na produtividade em [ton/ha],que passou de 5,5 para 7,75 [ton/ha] do ano
de 1992 a 2008.
Foi utilizado o número de 72 famílias como universo amostral e uma área de 970 [ha],
que foram os últimos dados encontrados nos Planos de Trabalho da EPAGRI no Município, sendo do
ano de 2011, mas lembrando que são valores baseados principalmente em um levantamento feito entre
2002 e 2003.
O número amostral de famílias de rizicultores visitados foi de 22, encontrados com certa
[Digite texto]
dificuldade, pois o número de famílias de rizicultores nos últimos anos vem sendo reduzido por causa
dos arrendamentos de terra que estão cada dia mais frequentes no Município. A quantidade de
arrendamentos feita nos últimos anos pelos rizicultores pesquisados foi somada ao número de famílias
pesquisadas para se chegar a uma representatividade mais significativa da pesquisa. Nesta análise do
número de agricultores mais as propriedades que deixaram de plantar e arrendaram suas terras chegouse ao valor de 46 famílias atingidas na pesquisa, representando 63,9% do total.
Nos produtores de hortaliças (olericultores) foi obtido o valor de 32 famílias no
Município e uma área de 52 [ha], que foram os últimos dados encontrados nos Planos de Trabalho da
EPAGRI no Município, sendo do ano de 2011, mas baseados em levantamentos realizados entre 2002
e 2003. A amostra total de olericultores foi de 10 usuários, representando 31,25% do total, porém na
pesquisa à campo verificou-se que esse valor é muito mais representativo, pelas poucas famílias
encontradas que ainda produzem hortaliças no Município.
Nos usuários que utilizam agrotóxicos apenas para uso domiciliar não foi possível chegar
a um valor de universo amostral, pois segundo Censo Demográfico de 2010 do IBGE o número de
famílias residentes em domicílios particulares da área rural
do Município é de 980 famílias no
total, não tendo a quantidade correspondente entre essas famílias que utilizam agrotóxico para capina
química. Foram entrevistados 18 famílias/usuários que utilizam agrotóxicos apenas no uso domiciliar.
Na utilização de agrotóxico para uso domiciliar e mais pastagem foram entrevistados6
famílias/usuários e de acordo com Censo Agropecuário de 2006 do IBGE, Camboriú possui 41
unidades de utilização de terras para pastagens plantadas em boas condições, não havendo
representação estatística desse número amostral que foi de 14,6%. A Tabela 44 apresenta o universo
amostral, amostra pesquisada e representatividade de cada finalidade de uso de agrotóxico encontrada,
menos de uso domiciliar que não foi possível identificar o universo amostral.
Tabela 4 - Amostragem dos grupos amostrais de utilização de agrotóxicos do Município de Camboriú,
SC.
Principal finalidade de uso de
Universo
Amostra
Representatividade
agrotóxico
amostral
(%)
Rizicultura
72
46
63,9
Olericultura
32
10
31,25
Domiciliar + Pasto
41
6
14,6
Domiciliar
18
A amostragem dos usuários foi feita de forma aleatória onde todos os indivíduos da
população possuíram a mesma probabilidade de serem selecionados.
3.3. Levantamento de dados
O levantamento de dados foi feito através de entrevistas realizadas in loco, o período que
se estendeu a análise documental e registro fotográfico foi de 21 de março a 14 de maio entre todos os
envolvidos.
Aos agricultores/usuários, total de 56 entre todos os usos,foram feitas as entrevistas
(Tabela 5), com o objetivo de conhecer o seu perfil, caracterizar a propriedade, analisar a
conformidade da gestão das embalagens no campo com a legislação levantada e conhecer a sua
percepção com relação ao assunto.
Tabela 5 - Questionário realizado com os usuários de agrotóxicos da área rural de Camboriú – SC.
QUESTIONÁRIO REALIZADO COM OS USUÁRIOS DE AGROTÓXICOS DAS
PROPRIEDADES RURAIS DE CAMBORIÚ – SC
Data
[Digite texto]
Local da entrevista
CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS AGROTÓXICOS
1 - Onde é realizada a compra dos agrotóxicos?
2 - Quais os tipos de agrotóxicos usados na propriedade?
3 - É utilizada a dose recomendada no receituário?
MANEJO DAS EMBALAGENS VAZIAS
4 - São utilizadas embalagens laváveis na propriedade?
5 - Após o uso dos agrotóxicos, as embalagens laváveis são
lavadas? Como é feita essa lavagem?
6 - São utilizadas embalagens não laváveis na propriedade? De
que tipo?
7 - Após serem lavadas ou não, onde são armazenadas essas
embalagens?
8 - Por quanto tempo ficam armazenadas na propriedade?
9 - São destinadas corretamente de acordo com a indicação na
nota fiscal ou receituário?
10 - Como é realizado o transporte das embalagens até o local de
devolução?
11 - Existe algum tipo de assistência técnica a respeito dos
procedimentos que devem ser realizados com as embalagens após
o uso?
PERCEPÇÃO DO AGRICULTOR
12 - Você acha importante que haja a logística reversa das
embalagens de agrotóxicos? Por quê?
A partir das respostas obtidas da aplicação do questionário foi realizada a análise do uso
dos agrotóxicos nas propriedades, tipos de agrotóxicos usados e destino final das embalagens.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Usuários de agrotóxicos
Ao todo foram entrevistados 56 usuários de agrotóxicos no Município de Camboriú – SC,
agrupados por finalidade de uso como mostra a Tabela 6.
Tabela 6 - Número de usuários para cada finalidade de uso de agrotóxicos do Município de Camboriú
– SC.
Finalidade de uso do agrotóxico
Número de usuários
Rizicultura
22
Olericultura
10
Domiciliar
18
Domiciliar + pasto
6
Total de usuários entrevistados
56
Locais de abrangência da pesquisa
Os questionários foram aplicados em seislocalidades do Município de Camboriú - SC,
sendo estes: Macacos, Cerro, Morretes, Rio Pequeno, Rio do Meio e Braço. As localidades Macacos,
Cerro, Rio do Meio e Braço ficam localizadas na ZMR – Zona Multifuncional Rural, a localidade
Morretes na ZTUR - Zona de Transição Urbano-Rural e o Rio Pequeno fica na ZEE2 - Zona de
Expansão Especial 2.
[Digite texto]
A ZMR é onde há o predomínio do cultivo de arroz pela baixa altitude e proximidade dos
rios que favorecem os alagamentos e o desenvolvimento da cultura.
A Figura 2 está demonstrando as localidades de Camboriú – SC que foram abrangidas e o
percentual de entrevistados de cada uma.
Percentual (%)
Figura 2 - Localidades abrangidas por percentual de entrevistados nas áreas rurais do Município de
Camboriú – SC.
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
56,3
50,0
33,3
30,0
22,7
9,1
Macacos
22,7
9,1
Cerro
Morretes
Rio Pequeno
Rio do Meio
66,7
43,8
36,4
20,0
Braço
Localidades
Rizicultura
Olericultura
Domiciliar
Domiciliar + Pasto
De acordo com a Figura 2 é possível observar que 36,4% dos rizicultores foram
entrevistados no Bairro Braço, 50% dos produtores de hortaliças foram entrevistados do Bairro Rio
Pequeno.Os usuários de uso domiciliar (56,3%) foram entrevistadosno Bairro Rio do Meio e os que
utilizam além da capina química de casa também no manejo da pastagem na criação de bovinos em
modo extensivo com herbicida seletivo no pasto (domiciliar mais pasto), foram 66,7% no Bairro
Braço. A maior concentração de todos os tipos de usuários, agrupados por uso do produto, foi no
bairro Braço, que possuiu a junção dos quatro usuários diferentes e onde são encontrados 38,2% de
todos os usuários de agrotóxicos pesquisados. O tipo de utilização de agrotóxico que mais abrange
localidades diferentes é da rizicultura, estando presente em cinco das seis localidades pesquisadas e o
que menos abrange é do uso de domiciliar mais pastagem estando presente em apenas duas localidades
diferentes.
4.2. Tipos de agrotóxicos mais usados nas propriedades
A maior parte dos usuários utiliza mais de um tipo de agrotóxico, sendo que o de uso
apenas domiciliar e domiciliar mais pasto são os que menos utilizam agrotóxicos diferentes.
Na rizicultura os mais utilizados entre os usuários são:
 Basagran (23,3%) - herbicida seletivo e de contato, tendo efeito localizado e não
sistêmico, seu tipo de formulação é concentrado solúvel, são tolerantes a ele as gramíneas em geral,
leguminosas e algumas outras espécies.Possui classificação toxicológica III – medianamente tóxico e
periculosidade ambiental III – perigoso ao meio ambiente.
 Ricer (18,9%) - é um herbicida seletivo recomendado para o controle de plantas
infestantes de folhas estreitas (gramíneas), ciperáceas e folhas largas na cultura de arroz irrigado, em
aplicação em pré-emergência, pós-emergência inicial ou pós-emergência. Possui classificação
toxicológica II – altamente tóxico e periculosidade ambiental III – perigoso ao meio ambiente.
 Roundup (17,8%) - herbicida não seletivo recomendado para o controle não seletivo
de plantas e de ação sistêmica, seu tipo de formulação é concentrado solúvel. Possui classificação
toxicológica IV – pouco tóxico e periculosidade ambiental III – perigoso ao meio ambiente, é
corrosivo ao ferro comum e galvanizado. Agrupando todos os usuários é possível perceber que este é o
agrotóxico mais utilizado entre os usuários.
 Furadan (14,4%) - inseticida nematicida sistêmico, é uma suspensão concentrada para
[Digite texto]
tratamento de sementes. Possui classificação toxicológica I – extremamente tóxico e periculosidade
ambiental II – muito perigoso, sendo tóxico para peixes e aves.
Com relação aos produtores de hortaliças, o mais utilizado é Roundup, com cerca de
22,6% do total e Decis com 16,1% que é um inseticida de contato e ingestão, seu tipo de formulação é
um concentrado emulsionável. Possui classificação toxicológica III – medianamente tóxico e
periculosidade ambiental I – altamente perigoso ao meio ambiente.
No uso apenas domiciliar o mais utilizado é o Roundup, com cerca de 68,2% e no uso
domiciliar mais pasto também é Roundup, com46,2% seguido de Tordon com 38,5% que é um
herbicida seletivo e sistêmico, seu tipo de formulação é solução aquosa concentrada. Possui classe
toxicológica I – altamente tóxico e periculosidade ambiental III – perigoso ao meio ambiente.
4.3. Tipos de embalagens nas propriedades
A Figura 3 apresenta a classificação dos tipos de embalagens em laváveis e não laváveis
utilizadas nos diferentes grupos amostrais. Não houve casos de somente utilização de embalagens não
laváveis, quando elas existiram eram geradas concomitantes as embalagens laváveis.
Percentual (%)
Figura 3 - Tipos de embalagens utilizadas pelos usuários de agrotóxicos do Município de
Camboriú, SC.
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
100,0
90,0
88,0
12,0
Rizicultura
100,0
10,0
Olericultura
Domiciliar
Domiciliar + Pasto
Grupos amostrais
embalagens laváveis
embalagens laváveis e não laváveis
De acordo com a Figura 3 é possível observar que entre os rizicultores há o uso de
somente embalagens laváveis em 88% dos casos e de laváveis e não laváveis em 12%. Na olericultura
cerca de 90% das embalagens utilizadas são passíveis de serem lavadas e 10% utilizam embalagens
laváveis e não laváveis. No uso apenas domiciliar e domiciliar mais pasto todas as embalagens
utilizadas são laváveis.
O tipo de embalagem vai determinar os procedimentos que deverão ser realizados após
seu uso, o armazenamento e transporte. Foi mencionado pelos usuários que utilizam alguns tipos de
embalagens não laváveis, que em sua maioria elas são hidrossolúveis e ao final do uso são dissolvidas
na calda do agrotóxico. Isso mostra que praticamente 100% das embalagens vazias geradas pelos
usuários de agrotóxicos do Município de Camboriú são passíveis de reciclagem, dependendo da
tríplice lavagem para isso.
4.4. Procedimentos realizados com as embalagens laváveis
A Figura 414 apresenta os procedimentos que são realizados com as embalagens laváveis
pelos usuários após seu uso. As embalagens não laváveis não foram incluídas por terem
procedimentos diferentes após o uso, necessitando apenas serem esvaziadas completamente e
guardadas dentro de uma embalagem resgate fechada e identificada, algumas ainda são hidrossolúveis
e devem ser dissolvidas na calda junto com o agrotóxico, não gerando resíduo.
[Digite texto]
Percentual (%)
Figura 41 - Procedimentos realizados com as embalagens de agrotóxicos pelos usuários entrevistados
do Município de Camboriú, SC.
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
Rizicultura
Olericultura
Domiciliar
Domiciliar + Pasto
Grupos amostrais
Não são lavadas
Lavadas 1 vez
Lavadas 2 vezes
Lavadas 3 vezes
Lavadas 3 vezes e furadas
Lavagem sob pressão e fura
Conforme a Figura 414, cerca de 9,1% dos rizicultores lavam as embalagens apenas uma
vez, que é feita só para aproveitar melhor o produto e outros 9,1%, lavam apenas duas vezes.Esse
grupo é o único que tem a possibilidade de realizar a lavagem sob pressão, que é um procedimento
realizado no próprio trator, no funil do pulverizador, a partir do ano 2000 os tratores já começaram a
ser fabricados com o acessório acoplado, porém apenas um usuário realiza esse tipo de lavagem. Na
olericultura, 10% dos usuários lavam duas vezes as embalagens e 10% não lavam nem uma vez, o que
dificilmente ocorre, já que a grande maioria passa pelo menos uma água para aproveitar o resto do
produto, que não é barato.
No uso domiciliar 44,4% dos usuários só realizam uma lavagem da embalagem e 16,7%
não são lavadas nem uma vez. No uso domiciliar mais pasto 16,7% dos usuários lavam as embalagens
uma vez e outros 16,7% duas vezes.
Todos esses usuários que não realizam a tríplice lavagem lavando-as apenas uma ou duas
vezes, não terão suas embalagens recicladas mesmo se as retornarem até a agropecuária, elas serão
incineradas. A questão de furar a embalagem seria para segurança dentro da própria propriedade,
evitando sua reutilização, não influenciando no processo de reciclagem.
4.5. Destino das embalagens
A Figura 5 apresenta os principais destinos que as embalagens vazias de agrotóxicos
possuem após seu o uso e tempo de armazenamento.
Figura 5 - Destino das embalagens de agrotóxicos dado pelos usuários entrevistados do Município de
Camboriú, SC.
[Digite texto]
Percentual (%)
100,0
83,3
59,1
50,0
50,0
27,3
13,6
44,4
33,3
22,2
40,0
10,0
16,7
0,0
Rizicultura
Olericultura
Domiciliar
Domiciliar + Pasto
Grupos amostrais
São recolhidas quando trazem algo
São recolhidas em campanhas
São levadas até a agropecuária
Descartadas no lixo comum
Queimadas
O perfil de destino das embalagens não é traçado pelo tipo de usuário de acordo com a
finalidade de uso, mas de acordo com o local de compra do produto, pois dentro do mesmo uso,
domiciliar ou domiciliar mais pasto, foi encontrado um maior descarte incorreto das embalagens
somente naqueles que realizaram a compra em um estabelecimento em específico.
A Figura 6 apresenta o destino das embalagens vazias de agrotóxicos divididas em
correto ou incorreto.
Percentual (%)
Figura 6 - Destino das embalagens vazias
100,0
100,0
50,0
90,0
44,4 55,6
10,0
83,3
16,7
0,0
Rizicultura
Olericultura
Domiciliar
Domiciliar + Pasto
Grupos amostrais
Correto
Incorreto
De acordo com a Figura 6 os rizicultores são o grupo amostral que possui a maior
quantidade e diversidade de embalagens utilizadas, e 100% delas de alguma forma retornam até a
agropecuária. Em seguida os olericultores representam o segundo grupo amostral onde mais se utiliza
embalagens por ano dentro dos que foram pesquisados e cerca de 10% dos usuários desse grupo
descartam as embalagens no lixo comum.Esse alto índice de retorno desses dois grupos se deve à uma
maior cobrança das agropecuárias com os usuários, já que eles vão gerar uma quantidade maior de
embalagens vazias de agrotóxicos que os outros grupos amostrais. No uso domiciliar, a maior parte
dos entrevistados realiza a destinação incorreta de suas embalagens de agrotóxicos, 55,6% e no uso
domiciliar mais pasto apenas 16,7% apresentaram destinação incorreta das embalagens. O grupo
amostral de uso domiciliar e uso domiciliar mais pastagens geram em média por ano uma pequena
quantidade de embalagens vazias, porém a quantidade de usuários que se enquadram nesses gruposé
bastante grande dentro do Município, devendo haver um olhar especial para esses usuários.
4.6. Percepção dos usuários com relação à importância da logística reversa das embalagens de
agrotóxicos
A Figura 7 apresenta a percepção dos usuários frente ao questionamento se consideram
importante que ocorra a logística reversa das embalagens vazias de agrotóxicos.
[Digite texto]
Percentual (%)
Figura 7 - Percepção do agricultor quanto a importância da logística reversa
100,0
40,9
50,0
4,5
36,4
18,2
20,0
30,0
40,0
33,3
27,8 33,3
10,0
33,3
5,6
16,7
33,3
16,7
0,0
Rizicultura
Olericultura
Domiciliar
Domiciliar + Pasto
Grupos amostrais
Risco de intoxicação
Material Inútil
Destino Correto
Não considera importante
Preservar o Meio Ambiente
De acordo com a Figura 7 é possível observar que entre os agricultores, 40,9% considera
importante a logística reversa pelo fato da embalagem não ter serventia nenhuma após o uso, sendo
material inútil dentro da propriedade e 36,4% para dar um destino correto ao material, demostrando
uma sensibilização maior as questões ambientais nesses agricultores.
Na olericultura, a maioria dos usuários, cerca de 40% considera importante porque é um
destino correto dado a embalagem e 30% para preservar o meio ambiente, porém cerca de 10% dos
entrevistados não considera importante haver a logística reversa dos frascos, pode-se observar que
com exceção desta minoria, em geral os olericultores possuem bastante sensibilização quanto a
devolução da embalagem.
No uso domiciliar, 33,3% dos usuários consideram importante porque são minimizados
riscos de intoxicação por pessoas e animais e 33,3% por se dar um destino correto, também 27,8%
considera importante por causa da preservação do meio ambiente, mas 5,6% não consideram
importante ficando indiferente aos riscos. No uso domiciliar mais pasto, 33,3% considera importante
porque o material fica inútil na propriedade e outros 33,3% porque é o destino correto.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos da pesquisa foram todos alcançados, o levantamento dos aspectos legais
relacionados à logística reversa de embalagens de agrotóxicos foi realizado através de pesquisas
principalmente bibliográficas.
A definição dos grupos amostrais dos atores envolvidos foi feita de acordo com a
identificação das principais atividades agrícolas do Município que utilizavam agrotóxicos, que foram
arroz e hortaliças, e após o início da coleta de dados foram definidos mais dois grupos amostrais de
usuários que possivelmente faziam o descarte incorreto das embalagens, que utilizavam o produto
apenas para capina química no uso domiciliar e domiciliar mais pasto.
A elaboração e aplicação das ferramentas de coleta de dados referentes à gestão ambiental
das embalagens de agrotóxicos das propriedades rurais foram feitas baseadas nas legislações e foram
aplicadas através de visitas in loco.
Os acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor
empresarial, como determinada na Lei nº 12.305 de 10 de agosto de 2010, são alternativas para
implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usados, disponibilizar posto de
entrega de resíduos reutilizáveis e recicláveis e atuar em parcerias com cooperativas ou outras formas
de associação, aprimorando todo o sistema de logística reversa das embalagens vazias de agrotóxicos.
Os resultados encontrados nessa pesquisa mostraram que ainda há muito a ser feito na
área de uso e retorno das embalagens vazias de agrotóxicos em todos os elos da cadeia de logística
[Digite texto]
reversa.
O cenário que foi encontrado no Município de Camboriú provavelmente não é diferente
de outros Municípios com características semelhantes da região e do Estado, que possui base na
agricultura familiar, sendo interessante a repetição desta pesquisa em outros Municípios.
REFERÊNCIAS
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Seminário: Mercado de
Agrotóxicos
e
Regulação
(2009).Disponível
em:
<
http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Agrotoxicos+e+Toxicologia/Assu
ntos+de+Interesse/Informes/20100322>. Acesso em: 10 out 2012.
BARTHOLOMEU, Daniela Bacchi; CAIXETA-FILHO, José Augusto Vicente;
GAMEIRO, Augusto Hauber (Org.). Logística Ambiental de Resíduos Sólidos. São Paulo: Atlas,
2011. 250 p.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 28 ago.
2012.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Disponível
em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=316>. Acesso em: 28 ago. 2012.
CAMPANHOLA, Clayton; BETTIOL, Wagner; editores técnicos. Métodos alternativos
de controle fitossanitário. Jaguariúna, SP: EMBRAPA Meio Ambiente, 2006. 279 p.
GRISOLIA, Cesar Koppe. Agrotóxicos: mutações, câncer & reprodução. Brasília:
UnB, 2005. 392 p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE (2010). Censo
Demográfico - pessoas residentes. Rio de Janeiro. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/>.
Acesso em: 12 set 2012.
INSTITUTO NACIONAL DE PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS
(INPEV).
Responsabilidades.
Disponível
em:
<http://www.INPEV.org.br/institucional/INPEV/INPEV.asp>. Acesso em: 23 out. 2012.
MACÊDO, Jorge Antonio B. de. Introdução a química ambiental: química & meio
ambiente & sociedade. Juiz de Fora: Ed. do Autor, 2002. ix, 487 p.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Manual de Vigilância da Saúde de
populações Expostas a Agrotóxicos. Brasília: Representação do Brasil, 1997.
SILVA, Célia Maria Maganhotto de Souza; FAY, Elisabeth Francisconi (Ed.).
Agrotóxicos e ambiente. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 400 p.
VEIGA, Marcelo M.; VEIGA, Lilian Bechara E.; SILVA, Dalton Marcondes. Eficiência
da Intervenção Legal na Destinação Final de Embalagens Vazias de Agrotóxicos. Florianópolis.
2004.
[Digite texto]
Download

instruções para a preparação e submissão de trabalhos - Abes-RS