ESCOLA e FAMÍLIA – DUAS REALIDADES, UM MESMO OBJETIVO.
Mariluci Daneluz1
RESUMO: Neste trabalho pretende-se abordar os benefícios da participação da família
na busca de alternativas para amenizar as dificuldades apresentadas quanto ao
rendimento escolar dos educandos do Ensino Fundamental. Neste sentido defende-se a
necessidade de se buscar estratégias de ação envolvendo toda a comunidade escolar:
direção, professores, alunos e pais, na busca pela construção de um compromisso
coletivo em prol do educando. Os alunos nesta fase da educação escolar tendem a ser
agitados, sem limites, apresentam falta de atenção e baixo rendimento. As famílias, por
outro lado, encontram-se, em muitos casos, descomprometidas ou ocupadas demais com
seus problemas do dia-a-dia, passando funções que lhe competem para a escola
resolver, dessa forma sobrecarregando a escola e os professores com funções extras,
ocupando um tempo que seria destinado ao ensino e a aprendizagem. Muitas vezes,
também, a família não tem informação para conduzir o adolescente nesta faixa etária, o
que torna a situação ainda mais problemática. A tentativa da escola de envolver a
família no processo de ensino e de aprendizagem é para buscar alternativas de, unidas e
participantes, ajudarem o jovem a ingressar na adolescência e passar por essa fase com
mais segurança e direcionamento. Considera-se que a escola precisa viabilizar
mecanismos que permitam uma efetiva participação entre os membros da comunidade
escolar para refletir na coletividade os problemas de aprendizagem que acarretam sérias
implicações para a prática pedagógica. Os elementos aqui apresentados buscam servir
como motivadores neste processo e incentivadores nos demais processos de revisão da
atuação escolar, principalmente quando do Ensino Fundamental, e nas atividades que
são (deveriam ser) de competência tanto da escola quanto da família.
PALAVRAS-CHAVE: Escola; Família; Ensino e aprendizagem.
1 Professora da rede pública de ensino no estado do Paraná e aluna PDE
INTRODUÇÃO
A participação da família no ambiente escolar tem se constituído numa constante
necessidade frente à resolução de problemas referente ao desempenho do aluno. Nesta
perspectiva, um dos aspectos importantes para a escola é compreender as diferentes
formações de famílias constituídas na sociedade moderna para descobrir a melhor
maneira de, com elas, poder auxiliar no processo de ensino e de aprendizagem.
Essa questão é um tanto delicada, pois além das particularidades de cada
situação familiar, o referencial de núcleo familiar tem tido uma constituição indefinida e
amplamente diversificada. Hoje, para definir “família”, temos vários conceitos e todos
devem ser respeitados.
A família nuclear conjugal moderna – quer dizer, pai, mãe e filhos – da forma
como é definida hoje em dia, não foi sempre assim. Foi a conseqüência de mudanças na
forma de atuação de outras instituições, como o Estado e a Igreja que, há cerca de três
séculos, começaram a valorizar o “sentimento de família”. Isso significa que os laços
familiares começaram a ser reconhecidos socialmente e a educação e criação de
crianças, nascidas da união de um casal passa a ser, cada vez mais, da responsabilidade
da família (ÁRIES, 1978).
Neste contexto, observa-se que as pessoas ficam divididas entre as formas de
viver de família, que são dadas como modelo, e aquelas que são escolhidas em virtude
das dificuldades por que passam. Com isso, compreender que concepções têm os pais
ou responsáveis acerca de sua participação na vida escolar dos filhos passa a ser uma
questão urgente. Soma-se a isso que uma possível ausência destes nas discussões sobre
o referido problema escolar resulta em indiferença, desconhecimento dos fatores básicos
desta problemática e, na medida em que não há um trabalho conjunto e efetivo com as
famílias, a fim de buscar parcerias para melhor resolver seus problemas, a situação
tende a se agravar.
Nos ambientes família/escola, o jovem assume papeis diferenciados. Na família
ele participa e segue padrões de conduta estabelecidos por seus familiares. Na escola, é
um pouco mais complexo, mais amplo, mas também tende a seguir os padrões e as
normas da entidade, por isso, ambas precisam compartilhar a ação educativa e criar
critérios para serem seguidos.
Para ZAGURY (2005), é tarefa dos pais atender as necessidades dos filhos.
Assim, os pais, para ter sucesso no processo de desenvolvimento de seus filhos,
precisam ter um eixo direcionador, atitudes que, tomadas sistematicamente, ajudam a
criança a crescer, tornar-se independente e equilibrada emocionalmente. Precisam atuar
com equilíbrio e segurança para estabelecer as bases para uma adolescência sem
maiores problemas.
Neste momento é que é preciso entender os conceitos família/escola, realidades,
contradições, conflitos, dimensões, limites e qual a probabilidade desta participar do
cotidiano escolar. Com o conhecimento dessas dificuldades, é possível repensar o aluno,
sua família, as metodologias e contribuir para ampliar a interação da família na escola,
buscando a efetivação de um relacionamento participativo e fundamentado no bem estar
do jovem.
A construção coletiva, a valorização da contribuição de cada um, a vivência da
participação da família em todos os espaços da escola, além de garantir processos de
aprendizagem, de apropriação de conhecimentos, garantirá a escolarização e poderá
efetivar-se na formação de seres humanos mais bem preparados para uma prática social.
Segundo PAROLIN, (2007), é em família que uma criança constrói seus
primeiros vínculos com a aprendizagem e forma seu estilo de aprender. Nenhuma
criança nasce sabendo o que é bom ou ruim e muito menos sabendo do que gosta e do
que não gosta. A tarefa dos pais, dos professores/escola e dos demais familiares é a de
favorecer uma consciência moral, pautada em uma lógica socialmente aceita, para que,
quando essa criança tiver de decidir, saiba como e por que está tomando determinados
caminhos ou decisões.
Quando a escola se propõe a estabelecer determinadas estratégias com a família,
deve ter o cuidado de manter o respeito e a valorização da mesma, pois é a partir do
respeito e valorização mútuo que é possível desempenhar a difícil tarefa de tomar
decisões sobre a educação dos jovens. Convém lembrar que todas as famílias são
diferentes e vivem em diferentes contextos. Deve-se, assim, evitar desprezar idéias e
sugestões apresentadas por eles e ou de considerar a visão da escola como a mais
adequada e, juntos, construir um modelo de formação capaz de congregar todos os
interesses, quer da família, quer da escola ou m esmo da sociedade em geral.
FAMÍLIA
E
ESCOLA:
INSTITUIÇÕES
DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO
PARCEIRAS
NO
A família e a escola têm, na sociedade moderna, tarefas complementares. No
início dos tempos modernos, as famílias eram extensas e as crianças misturavam-se com
os adultos. A família cumpria a função de assegurar a transmissão da vida, dos bens e
dos nomes, assim como as bases iniciais da educação. Com a ampliação da oferta de
escolas, as crianças passam a receber outro tipo de educação, agora mais formal.
Hoje, ao se lidar com famílias, é preciso deixar de lado o velho modelo nuclear e
ter em mente que cada família constitui um universo, um sistema de relações evitandose os paradigmas de família regular versus irregular. O mais importante é valorizá-las
enquanto espaços de produção da identidade social.
Nesta nova realidade, as relações entre a família e a escola devem proporcionar
um ambiente de respeito mútuo, na confiança e na aceitação de suas peculiaridades.
Neste contexto, a participação da família pode ser benéfica para a escola por diversos
motivos, dentre estes: aproxima os dois mundos, favorece a aprendizagem do jovem e
as funções ficam melhores definidas.
A participação dos pais, por mais estranho que possa parecer, não ocorre
espontaneamente, é um processo de construção coletiva; coloca-se a necessidade de se
prever mecanismos institucionais que viabilizem e incentivem práticas participativas
dentro da escola e que apontem para uma boa qualidade de ensino. Esta constatação
aponta para a necessidade da família participar efetivamente da gestão da escola, de
modo que esta ganhe autonomia e tenha mais força para lutar e alcançar seu objetivo de
melhorar a qualidade do ensino.
Os professores e a família necessitam aprender a conhecer novas dimensões do
jovem, não há dúvida que a escola representa uma ampliação importantíssima no meio
de convivência do jovem, uma vez que é um dos locais onde ele interage com colegas
da mesma idade, com mais novos, mais velhos, com adultos, com espaço físico e
materiais diversos. Trata-se de um conhecimento progressivo e mútuo e pode contribuir
para ter uma visão mais ajustada de si mesmo e se adaptar nos dois contextos.
Segundo PAROLIN, (2000), quando a família ou a escola poupa uma criança de
experimentar frustrações ou insucessos, mesmo que o resultado previsto seja duvidoso,
com o objetivo de não expô-la a momentos difíceis, em verdade, não promove a
aprendizagem de âmbito pessoal e científico. Ao poupar a criança ou o adolescente de
frustrações, impede-se que ele amadureça, que se valorize e compreenda a dinâmica da
vida. Na maioria das vezes a criança desenvolve uma dinâmica acomodada, não se
arriscando a novas tentativas.
Tanto a família como a escola compartilham funções educativas que buscam o
conhecimento e o bem estar do educando. Ambos têm a responsabilidade de apoiar o
que foi decidido no outro contexto e favorecer o desenvolvimento do educando. Assim,
é fundamental a participação destas famílias na escola, tanto no âmbito vinculado a
gestão quanto de cunho pedagógico, na busca por oferecer estratégias para o processo
de formação realmente acontecer.
Em PARO (2005), outro aspecto importantíssimo do problema de participação
da comunidade na escola é apontado, ensejando medidas corajosas, pois que refere-se
ao provimento de condições para que os membros das camadas menos favorecidas
participem da vida escolar. Não basta permitir formalmente que os pais de alunos
participem da administração da escola: é preciso que haja condições materiais
propiciadoras dessa participação.
De outro lado GÓMEZ (1998), ressalta que a igualdade de oportunidades não é
um objetivo ao alcance da escola. O desafio educativo da escola contemporânea é
atenuar, em parte, os efeitos da desigualdade e preparar cada indivíduo para lutar e se
defender, nas melhores condições possíveis, no cenário social. Neste contexto a escola
deve criar as possibilidades mínimas para que sua comunidade consiga participar de
suas atividades. Fazer um levantamento dos principais problemas que impedem ou
dificultam o acesso das famílias e se organizar procurando resolver as particularidades
para que se sintam acolhidos na entidade.
TIBA (1998), já dizia que a escola precisa alertar os pais sobre a importância de
sua participação: o interesse em acompanhar os estudos dos filhos é um dos principais
estímulos para que eles estudem. O importante é a presença deles, e quando os pais
participam, os filhos se sentem valorizados. Os pais precisam entender que eles devem
dar o exemplo. Sua falta sendo entendida na mesma medida de importância que dá ao
estudo do filho. Muitas vezes os pais reclamam que seus filhos não assumem os
compromissos e nem percebem que eles fazem o mesmo e que seus filhos só estão
repetindo o que presenciam.
A grande tarefa dos membros da escola é mobilizar os alunos para o
conhecimento, estimular as interações e as participações, promovendo valores como o
respeito e a cooperação através do empenho coletivo, o que requer a adesão de todos os
envolvidos com a prática pedagógica.
POSSIBILIDADES EDUCATIVAS QUE PODEM SER COLOCADAS EM
PRÁTICA
Nesta ânsia por ampliar as condições de melhora de condições no processo de
ensino e de aprendizagem escolar, leia-se aqui conjugado com a família, algumas
atitudes mínimas podem ser implementadas:
- Promover a criação e a sustentação de um ambiente propício à participação dos
profissionais da educação, os alunos e pais.
- Promover um clima de confiança entre todos os envolvidos.
- Valorizar as capacidades e aptidões dos participantes.
- Estabelecer demanda de trabalho centrado nas idéias e não em pessoas.
- Desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto.
- Enfatizar a importância dos resultados alcançados pelos alunos e manter um clima
escolar positivo à solução de problemas.
- Promover a capacitação de professores e pais, mantendo-os motivados.
- Estabelecer na escola um sentido comum, de cumplicidade, de família, no
desenvolvimento dos objetivos educacionais.
- Criar oportunidade para freqüentes trocas de idéias, de inovações e criação conjunta
no trabalho.
- Orientar as ações pedagógicas para que, conjuntamente, promovam a aprendizagem
dos alunos e o desenvolvimento profissional do professor somando-se todo este espectro
a uma ação para com os pais.
O PAPEL DA FAMÍLIA FRENTE ÀS DEFICIÊNCIAS NO RENDIMENTO
ESCOLAR
Como a família deve desempenhar sua função formativa? O fundamental é que o
filho seja beneficiado. De outro lado é necessário que entre a escola e a família haja
uma soma, e não atropelamento de uma parte pela outra. É necessária uma educação
homogênea e equilibrada buscada pelo pai, pela mãe e pela escola. Por que pai e mãe,
não simplesmente pais? Porque hoje as diferenças entre os dois, às vezes, é tão grande
que eles não conseguem se compor para uma educação equilibrada dentro de uma única
casa (TIBA: 2006).
Os pais, que tanto buscam amar e querer agradar e poupar os filhos, tendem a
não desenvolver neles limites, disciplina e responsabilidade. São estes erros (por vezes
de excesso de amor) dos pais que acabam desvirtuando os filhos. Por isso, muitas vezes
exageram na falta ou no excesso tanto da liberdade quanto da responsabilidade. Alguns
podem até suportar a má educação dos filhos, mas quando eles vão para a escola, tais
problemas se evidenciam, tornando mais fácil sua detecção e difícil deixar de tomar
algumas atitudes (Idem).
Os pais devem estar conscientes: quanto mais cedo começar a trabalhar com
conceitos como responsabilidade, igualdade, direitos e deveres, solidariedade,
cooperação, mais chances estarão dando aos filhos de se tornarem pessoas íntegras,
produtivas e com objetivos na vida. Os filhos devem saber que os pais se sentem felizes
em colaborar para sua formação e desenvolvimento, mas devem estar cientes também
de que isso não significa aceitar dependência ou improdutividade por toda a vida. Eles
precisam saber que num futuro próximo terão que trabalhar para se sustentar e que os
pais esperam que eles tenham uma carreira na qual trabalhem encontrem realização
pessoal, possam contribuir com a sociedade em que vivem e se tornem cidadãos
produtivos, desempenhando seu papel na sociedade.
Se a família estiver alicerçada em alguns princípios educacionais básicos, se os
pais estiverem realmente imbuídos da importância da transmissão de valores aos filhos,
se tiverem um mínimo de segurança e de clareza de objetivos, excelente! Porque sem
dúvida, seus filhos se espelharão em seus exemplos, em suas atitudes e forma de encarar
a vida (ZAGURY: 2005).
A família é a primeira responsável pela educação dos filhos, e é na escola que se
percebe o quanto os adolescentes estão carentes da educação que é obrigação da família.
Há pais que simplesmente transferem a educação de seus filhos para a escola,
principalmente nas questões nas quais eles perderam o controle. Disciplina e
responsabilidade, valores familiares, são os que os pais mais cobram da escola, mesmo
sendo deles a responsabilidade por tais valores.
A escola entra (ou deveria entrar) com a disciplina e a responsabilidade para
enfrentar comportamentos inadequados por ela percebidos. A educação pode não vir de
casa, mas a escola não pode ser conivente com a falta dela e em muitos casos a
indisciplina também está nos pais. A escola precisa voltar sua atenção para esses pais,
com orientações, exigências, palestras, leituras e encaminhamento para profissionais
especializados, para ajudá-los a serem também “educados”.
Não apresentar aos filhos um futuro todo pronto e pleno de facilidades seria uma
das obrigações dos pais, porém alguns destes não agem assim, pensando estar
protegendo e fazendo o melhor por eles. Na verdade quanto mais responsabilidade os
pais transferirem aos filhos, dentro de suas capacidades e possibilidades, quanto mais
cedo eles entenderem que terão que lutar pelo seu futuro, assumindo suas vidas e as
conseqüências de seus atos, tendo assim mais chances de conseguir realizar seus
objetivos.
A família tem importante papel não somente em relação à educação como no
que se refere à parte emocional, afetiva do adolescente. Famílias mal-estruturadas,
brigas freqüentes, falta de amor e de respeito entre as pessoas que convivem na casa,
maus-tratos, alcoolismo, agressões físicas e morais repercutem de forma negativa no
jovem. É inegável a importância de uma família harmônica para o desenvolvimento
saudável do adolescente.
Neste sentido, os pais que ficam fora de casa em horário integral precisam, pelo
no mínimo, conseguir tempo para verificar se os filhos fizeram as tarefas indicadas pela
escola, se arrumaram o material necessário para o dia seguinte, se estudaram para rever
os conteúdos e fazer as avaliações. Mesmo chegando à noite em casa, esta verificação
deverá ser feita. É preciso que haja disponibilidade por parte dos pais e que uma rotina
seja estabelecida. É muito importante não confundir supervisionar com fazer os deveres
junto ou para eles. Não é necessário verificar se há erro no trabalho, isso é tarefa dos
professores na escola. Em casa, o primordial nesta fase de desenvolvimento da criança,
é zelar pelo cumprimento e organização das tarefas e atender as dúvidas ou perguntas
que os filhos espontaneamente façam. Ajudar sim, fazer por eles, jamais! Com o passar
do tempo o jovem vai criando o hábito, vai interiorizando o comportamento e os pais
podem amenizar a supervisão.
Além de rotineiramente estabelecer contato com a escola, os pais precisam
controlar o boletim, acompanhar o desempenho do filho e quando perceber que o
resultado obtido não é o desejado, procurar saber o que está acontecendo. Se não
conseguir a informação com o filho ou se desconfiar que a mesma não é convincente,
deve procurar a escola imediatamente. Deve, também, tomar muito cuidado porque na
adolescência o jovem já está perito em argumentos, para usar em sua defesa e justificar
suas falhas. Se o pai não for atento, vai incorporar as justificativas do filho e irá para a
escola com sua posição, já tomada em defesa do filho. Por isso é muito importante ouvir
ambas as partes e corrigir onde ouve a falha.
Quando os pais percebem que a escola está preocupada e quer ajudar, juntos
devem combinar de tomar algumas atitudes e ambas as partes cumprir seu papel, a
chance de dar certo é bem maior. Logo, se perceberá mudanças no adolescente, mas
enquanto isso não ocorre e os pais partem em defesa do filho sem antes ouvir a escola, a
situação se agrava porque o adolescente percebe que tem apoio da família e passa a
desafiar os professores quando a escola propõe possíveis novas atividades ou regras
disciplinares.
O grande desafio da escola hoje é sem dúvida conseguir conquistar a atenção e a
motivação do jovem para o estudo. Principalmente o jovem que, nessa fase, se torna
atraído por muitas outras coisas. É uma fase de transformações corporais e de
descobertas. O prazer sexual e a atração pelo sexo, as festinhas, o encontro com o grupo
de amigos, tudo isso parece mais interessante, mais atraente, mais fascinante que a
escola.
O professor que atua nesta fase trabalha dobrado. Conviver com adolescentes
nos quais, muitas vezes, há falta de limites, de educação, excesso de rebeldia,
questionamento constante, necessidade de auto-afirmação, insegurança, enfim com as
características próprias de jovens nessa faixa etária, não é uma tarefa fácil par o
professor, principalmente daqueles que anseiam por bem cumprir sua função. Formar e
informar o jovem, atender aos objetivos dos conteúdos de ensino, ter um bom
relacionamento com os alunos, pode ser extremamente difícil para os professores,
sobretudo numa época em que a escola vem sofrendo problemas e pressões crescentes
por parte da sociedade.
Propostas pedagógicas modernas não faltam, mas falta formar bem o professor,
realizar mudanças na infra-estrutura escolar, diversificar as atividades rotineiramente
pensadas para a escola, repensar a participação ativa dos alunos e a criatividade na
elaboração das atividades, dentre outras mudanças possíveis para as quais anda devem
ser somadas aquelas atinentes à família.
Com o surgimento diário de tecnologias avançadas, a escola está ficando a
margem desse crescimento e fica muito difícil ser interessante para atrair a atenção dos
jovens nas salas de aula. Por outro lado, apesar dessas dificuldades, recaem cada vez
mais responsabilidades para a pessoa do professor.
Devido a essa defasagem tecnológica na maioria das escolas, esta fica cada vez
mais desinteressante do ponto de vista do apelo visual, metodológico e mesmo de
conteúdo. As aulas continuam, em sua grande maioria, explanações orais, uso do livro
didático, com reduzido ou nenhum apoio audiovisual. Quando a escola recebe algum
recurso tecnológico, existe muita burocracia para sua instalação e cursos de preparação
aos professores para o uso das mesmas.
O professor dificilmente consegue se atualizar, pois sua carga horária de
trabalho em sala de aula não permite. O discurso das (necessárias) inovações
educacionais envolve mudanças no currículo, nas avaliações dos alunos, no
planejamento. No ensino inovador, criar condições para a troca de informações entre
professores, melhorias nas práticas em sala de aula, aumentar a integração com os
demais segmentos, partindo do princípio que todos são responsáveis e que cada um
deverá fazer o seu trabalho da melhor forma possível, não é, contudo, uma tarefa fácil.
Para SZYMANSKI, (2007), escola é escola, família é família, o que ambas têm
em comum é o fato de prepararem os membros jovens para sua inserção futura na
sociedade e para o desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida
social. Ambas desempenham um papel importante na formação do indivíduo e do futuro
cidadão. A escola tem uma especificidade, a obrigação de ensinar conteúdos específicos
da área do saber, escolhidos como fundamentais para a instrução de novas gerações. A
família têm de dar acolhimento a seus filhos: um ambiente estável, provedor e amoroso
e as bases dos valores socialmente constituídos.
É muito importante que haja coerência no uso da linguagem e ações educativas,
entre o que os pais e a escola fazem na educação do adolescente, principalmente nas
questões que possam prejudicar a auto-estima, cidadania e competência. Devemos
lembrar que os pais e a escola devem ser parceiros, cada um com seus princípios
educativos. Pais com coerência, firmeza e a escola dando seqüência educativa e
aprimorando a essência na construção da cidadania. Os pais e a escola se não se
cuidarem mutuamente acabam trabalhando com ideais diversos e o adolescente se
beneficia, erroneamente, da discórdia que se criou entre as pessoas à sua volta.
FAMÍLIA E ESCOLA: CONTEXTOS DIFERENTES NA BUSCA ASSOCIADA
POR SOLUÇÕES EDUCATIVAS.
A educação atualmente baseia-se na pessoa do professor, ele ensinando em sala
de aula, transmitindo conhecimentos a seus estudantes, fazendo o melhor que sua
formação possa oferecer, o que nem sempre é suficiente. Dos estudantes é esperado um
bom desempenho, pela escola e família, não sendo levado em conta suas distinções,
características e etapas de desenvolvimento. De outro lado, o sistema escolar não é
prioridade nos esquemas políticos e começou a deixar de cumprir suas metas
prejudicando professores e alunos.
As conseqüências dessa situação é o desinteresse dos alunos em aprender e a
“diminuição” da capacitação do professor em ensinar, resultando em: repetência,
abandono da escola, falta de respeito e convivência social. O que é mais preocupante é
que a escola, apesar desta situação decadente, necessita e acaba ficando com as crianças
sob sua responsabilidade a cada dia por mais tempo e mais precocemente. As crianças
estão indo à escola para serem educadas e algumas, para serem criadas: Será que os
professores estão capacitados para mais essa incumbência?
O professor não é o único responsável pela aprendizagem. Sua nova tarefa é
orientar o estudante na busca e no processamento das informações. O professor ajuda o
aluno a chegar às informações desejadas e assim atingir o objetivo, deixando de ser a
fonte única e exclusiva de informações; hoje os alunos estão globalizados via televisão,
canais a cabo, internet, multimídia.
Quando se discute de quem é a tarefa de educar, se é da escola ou da família,
entra-se num jogo de empurra-empurra da responsabilidade. A família cobra que a
educação seja dada pela escola, enquanto a escola diz que esta deveria vir de casa.
Muitas famílias não têm clara a noção de certo e errado e não conseguem estabelecer
limites e responsabilidades, permitindo que os filhos ajam guiados pelo prazer, evitando
qualquer coisa que lhes dê trabalho, pois entendem como sacrifício. O adolescente quer
descobrir as coisas a seu modo, o prazer está muito mais na autonomia e na busca da
própria identidade. Neste contexto, o professor pode ajudar a conseguir resultados
melhores em sala de aula se somar informações sobre o desenvolvimento do
adolescente, as mudanças que ocorrem em seu corpo e, sobretudo sua mente. Para TIBA
(2006), se você conseguir ultrapassar o que aprendeu e aplicar seus conhecimentos no
cotidiano do aluno, fazendo com que ele tenha interesse em aprender, parabéns, você é
um mestre!
O importante e a escola detectar as dificuldades relacionadas ao aluno e iniciar
convocando os pais para uma reunião, ou pacto, no qual, estabelecem-se os padrões que
nortearão o trabalho. O compromisso deve ser de todos em torno de alguns princípios
básicos como: coerência, responsabilidade, presença e atuação. A escola precisa alertar
os pais sobre a importância de sua participação e o interesse em acompanhar os estudos
dos filhos, sendo este um dos principais estímulos para que eles estudem.
Quando os pais são distantes da escola, é preciso trabalhar antes os alunos para
convencê-los da importância da presença destes nas reuniões, de modo que passem a
insistir em casa, motivando os pais a comparecer. Na maioria das vezes os pais que mais
faltam são aqueles que os filhos mais “dão trabalho”, eles, por outro lado, se justificam
dizendo que não adianta, pois o filho não obedece mais, não sabem mais o que fazer e a
escola que resolva. Mesmo assim, deve-se insistir que a presença deles é muito
importante e juntos traçar objetivos comuns, tais como:
- Estabelecer em conjunto, Direção, Professores, Pedagogos, Pais e alunos, um
comprometimento de todos em participar e desempenhar seus papéis.
- Estabelecer em conjunto um compromisso pessoal: de que uns cobrarão dos outros
caso sentirem-se desmotivados e não cumpridores das regras criadas, assumindo que
estarão juntos nas dificuldades, nas barreiras e nas comemorações.
- Promover eventos de capacitação para todos: direção, equipe pedagógica, professores
funcionários, pais e alunos para que se desenvolvam as habilidades necessárias à
atuação de cada um.
- Valorizar as iniciativas de todos em todos os segmentos da organização.
- Procurar estabelecer uma relação construtiva, com clima de respeito e cumplicidade,
combinar estratégias, coisas concretas e alcançáveis, consideradas necessárias para o
desenvolvimento da aprendizagem do educando.
Atitudes como estas visam mobilizar os alunos (mobilizada a escola e a família)
para o conhecimento, estimular as interações e a participação, promovendo valores
como o respeito e cooperação através do empenho coletivo, o que requer a adesão de
todos os envolvidos com a prática pedagógica.
Os educadores devem se preocupar com o destino da educação, se empenhando
para que a escola em conjunto com a família, possa cumprir o seu papel de formar o
jovem para que possa estar inserido na sociedade como um cidadão, poder usufruir de
seus direitos e cumpridor com seus deveres.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A família e a escola têm, na sociedade atual, tarefas complementares, apesar de
distintas em seus objetivos, metodologia de abordagem e campo de abrangência.
Cabe a família a tarefa de estruturar o sujeito em sua identificação, individuação
e autonomia. Isso vai acontecendo à medida que a criança vive o seu dia-a-dia inserido
em um grupo de pessoas que lhe dá carinho, apresenta-lhe o funcionamento do meio
onde vive, oferece-lhe suporte material para suas necessidades e lhe dá proteção.
Para PAROLIN, (2007), a família é o núcleo constitutivo do sujeito. É um
sistema que une as pessoas que a compõem, não apenas sobre o mesmo teto e com o
mesmo sobrenome, mas fundamentalmente, pelas representações que se constroem à
medida que vão compartilhando o cotidiano, formando, em sua intimidade, uma rede de
significações a que estão vinculados aos seus mitos, ritos, crenças, segredos, medos e
ideais.
É na convivência que a família marca sua presença, portanto, pensar em família
é pensar em um grupo de pessoas que têm uma organização típica, normas, valores,
formas de conduta e que, enquanto compartilhar uma série de coisas, fatos, afetividades
e emoções, dando suporte umas às outras, também formam sua própria individualidade.
A escola tem como uma de suas funções desenvolver um pensamento reflexivo
na comunidade escolar, ajudando-a a construir uma compreensão coerente da realidade,
resgatando os princípios éticos e desenvolvendo ações que visam a promoção e difusão
de valores (já recebidos na família) de solidariedade, respeito, honestidade,
responsabilidade, fraternidade e de convivência que parecem estar sendo deixados de
lados.
Segundo PAROLIN (2007), a escola é uma instituição potencialmente
socializadora. Ela abre um espaço para que os aprendizes construam novos
conhecimentos, dividam seus universos pessoais e ampliem seus ângulos de visão assim
aprendam a respeitar outras verdades, outras culturas e outros tipos de autoridade. Nessa
instituição, o mundo do conhecimento, da informação, ou seja, o mundo objetivo,
mistura-se ao dos sentimentos, das emoções e da intuição, ao dito mundo subjetivo. É
emoção e razão que se fundem em busca de sabedoria.
É preciso fazer com que os jovens e suas famílias estejam certos de que devem
partilhar com a escola seus anseios, perspectivas e juntos traçar estratégias que
priorizem as relações internas da escola com a família. Assumir um compromisso de
promover projetos enfatizando o diálogo e o respeito aos ideais dos jovens, viabilizando
a participação familiar através de propostas de ação local.
Para SZYMANSKI (2007), a elaboração de projetos que visem a implementar a
participação das famílias na escola e desta na vida da comunidade, necessita ter como
ponto de partida o (re)conhecimento mútuo. O conhecimento das escolas a respeito das
famílias e o seu inverso é muitas vezes, baseado em preconceitos. O preconceito se
limita a uma interpretação fechado do outro e seu mundo e define atitudes, sentimentos
e ações que guardam a mesma característica de rigidez. Reconhecer significa sair dos
limites estreitos do preconceito e abrir-se para as novas possibilidades de ser do outro e
de ser com o outro. Num primeiro momento, é preciso encarar os próprios preconceitos
e, depois, desejar sair dessa perspectiva limitada e ensaiar um novo olhar, de preferência
interrogativo, curioso.
Considera-se, enfim, que as escolas precisam viabilizar mecanismos que
permitam uma efetiva participação da família para refletir os problemas de
aprendizagem que acarretam sérias implicações para a prática pedagógica, mecanismos
para os quais este trabalho espera ter contribuido.
REFERÊNCIAS
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Guanabara, 1981.
2ª ed., Rio de Janeiro:
ELLIS, E. M. Educando Filhos Responsáveis. São Paulo: Ática, 1997.
PARO, V.H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2005.
PAROLIN, I. Professores formadores: a relação entre a família, a escola e a
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SACRISTÁN, J. G; GÓMEZ, A. I. P. Compreender e transformar o ensino. 4ª ed,.
Porto Alegre: Artemed, 2000.
SZYMANSKI, H. A relação família/escola – Desafios e perspectivas. 2ª ed., Brasília:
Líber, 2007.
TIBA, I. Ensinar aprendendo. 26 ed. São Paulo: Integrare Editora, 1998.
_____. Ensinar aprendendo: novos paradigmas na educação. São Paulo: Integrare,
2006.
ZAGURY, T. O Adolescente por Ele mesmo. Rio de Janeiro: Record, 1996.
_____. Educar sem culpa – A gênesi da ética. 21 ed., São Paulo: Record, 2005.
_____. Limites sem trauma. 69ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2005.
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ESCOLA e FAMÍLIA