ESCOLA e FAMÍLIA – DUAS REALIDADES, UM MESMO OBJETIVO. Mariluci Daneluz1 RESUMO: Neste trabalho pretende-se abordar os benefícios da participação da família na busca de alternativas para amenizar as dificuldades apresentadas quanto ao rendimento escolar dos educandos do Ensino Fundamental. Neste sentido defende-se a necessidade de se buscar estratégias de ação envolvendo toda a comunidade escolar: direção, professores, alunos e pais, na busca pela construção de um compromisso coletivo em prol do educando. Os alunos nesta fase da educação escolar tendem a ser agitados, sem limites, apresentam falta de atenção e baixo rendimento. As famílias, por outro lado, encontram-se, em muitos casos, descomprometidas ou ocupadas demais com seus problemas do dia-a-dia, passando funções que lhe competem para a escola resolver, dessa forma sobrecarregando a escola e os professores com funções extras, ocupando um tempo que seria destinado ao ensino e a aprendizagem. Muitas vezes, também, a família não tem informação para conduzir o adolescente nesta faixa etária, o que torna a situação ainda mais problemática. A tentativa da escola de envolver a família no processo de ensino e de aprendizagem é para buscar alternativas de, unidas e participantes, ajudarem o jovem a ingressar na adolescência e passar por essa fase com mais segurança e direcionamento. Considera-se que a escola precisa viabilizar mecanismos que permitam uma efetiva participação entre os membros da comunidade escolar para refletir na coletividade os problemas de aprendizagem que acarretam sérias implicações para a prática pedagógica. Os elementos aqui apresentados buscam servir como motivadores neste processo e incentivadores nos demais processos de revisão da atuação escolar, principalmente quando do Ensino Fundamental, e nas atividades que são (deveriam ser) de competência tanto da escola quanto da família. PALAVRAS-CHAVE: Escola; Família; Ensino e aprendizagem. 1 Professora da rede pública de ensino no estado do Paraná e aluna PDE INTRODUÇÃO A participação da família no ambiente escolar tem se constituído numa constante necessidade frente à resolução de problemas referente ao desempenho do aluno. Nesta perspectiva, um dos aspectos importantes para a escola é compreender as diferentes formações de famílias constituídas na sociedade moderna para descobrir a melhor maneira de, com elas, poder auxiliar no processo de ensino e de aprendizagem. Essa questão é um tanto delicada, pois além das particularidades de cada situação familiar, o referencial de núcleo familiar tem tido uma constituição indefinida e amplamente diversificada. Hoje, para definir “família”, temos vários conceitos e todos devem ser respeitados. A família nuclear conjugal moderna – quer dizer, pai, mãe e filhos – da forma como é definida hoje em dia, não foi sempre assim. Foi a conseqüência de mudanças na forma de atuação de outras instituições, como o Estado e a Igreja que, há cerca de três séculos, começaram a valorizar o “sentimento de família”. Isso significa que os laços familiares começaram a ser reconhecidos socialmente e a educação e criação de crianças, nascidas da união de um casal passa a ser, cada vez mais, da responsabilidade da família (ÁRIES, 1978). Neste contexto, observa-se que as pessoas ficam divididas entre as formas de viver de família, que são dadas como modelo, e aquelas que são escolhidas em virtude das dificuldades por que passam. Com isso, compreender que concepções têm os pais ou responsáveis acerca de sua participação na vida escolar dos filhos passa a ser uma questão urgente. Soma-se a isso que uma possível ausência destes nas discussões sobre o referido problema escolar resulta em indiferença, desconhecimento dos fatores básicos desta problemática e, na medida em que não há um trabalho conjunto e efetivo com as famílias, a fim de buscar parcerias para melhor resolver seus problemas, a situação tende a se agravar. Nos ambientes família/escola, o jovem assume papeis diferenciados. Na família ele participa e segue padrões de conduta estabelecidos por seus familiares. Na escola, é um pouco mais complexo, mais amplo, mas também tende a seguir os padrões e as normas da entidade, por isso, ambas precisam compartilhar a ação educativa e criar critérios para serem seguidos. Para ZAGURY (2005), é tarefa dos pais atender as necessidades dos filhos. Assim, os pais, para ter sucesso no processo de desenvolvimento de seus filhos, precisam ter um eixo direcionador, atitudes que, tomadas sistematicamente, ajudam a criança a crescer, tornar-se independente e equilibrada emocionalmente. Precisam atuar com equilíbrio e segurança para estabelecer as bases para uma adolescência sem maiores problemas. Neste momento é que é preciso entender os conceitos família/escola, realidades, contradições, conflitos, dimensões, limites e qual a probabilidade desta participar do cotidiano escolar. Com o conhecimento dessas dificuldades, é possível repensar o aluno, sua família, as metodologias e contribuir para ampliar a interação da família na escola, buscando a efetivação de um relacionamento participativo e fundamentado no bem estar do jovem. A construção coletiva, a valorização da contribuição de cada um, a vivência da participação da família em todos os espaços da escola, além de garantir processos de aprendizagem, de apropriação de conhecimentos, garantirá a escolarização e poderá efetivar-se na formação de seres humanos mais bem preparados para uma prática social. Segundo PAROLIN, (2007), é em família que uma criança constrói seus primeiros vínculos com a aprendizagem e forma seu estilo de aprender. Nenhuma criança nasce sabendo o que é bom ou ruim e muito menos sabendo do que gosta e do que não gosta. A tarefa dos pais, dos professores/escola e dos demais familiares é a de favorecer uma consciência moral, pautada em uma lógica socialmente aceita, para que, quando essa criança tiver de decidir, saiba como e por que está tomando determinados caminhos ou decisões. Quando a escola se propõe a estabelecer determinadas estratégias com a família, deve ter o cuidado de manter o respeito e a valorização da mesma, pois é a partir do respeito e valorização mútuo que é possível desempenhar a difícil tarefa de tomar decisões sobre a educação dos jovens. Convém lembrar que todas as famílias são diferentes e vivem em diferentes contextos. Deve-se, assim, evitar desprezar idéias e sugestões apresentadas por eles e ou de considerar a visão da escola como a mais adequada e, juntos, construir um modelo de formação capaz de congregar todos os interesses, quer da família, quer da escola ou m esmo da sociedade em geral. FAMÍLIA E ESCOLA: INSTITUIÇÕES DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO PARCEIRAS NO A família e a escola têm, na sociedade moderna, tarefas complementares. No início dos tempos modernos, as famílias eram extensas e as crianças misturavam-se com os adultos. A família cumpria a função de assegurar a transmissão da vida, dos bens e dos nomes, assim como as bases iniciais da educação. Com a ampliação da oferta de escolas, as crianças passam a receber outro tipo de educação, agora mais formal. Hoje, ao se lidar com famílias, é preciso deixar de lado o velho modelo nuclear e ter em mente que cada família constitui um universo, um sistema de relações evitandose os paradigmas de família regular versus irregular. O mais importante é valorizá-las enquanto espaços de produção da identidade social. Nesta nova realidade, as relações entre a família e a escola devem proporcionar um ambiente de respeito mútuo, na confiança e na aceitação de suas peculiaridades. Neste contexto, a participação da família pode ser benéfica para a escola por diversos motivos, dentre estes: aproxima os dois mundos, favorece a aprendizagem do jovem e as funções ficam melhores definidas. A participação dos pais, por mais estranho que possa parecer, não ocorre espontaneamente, é um processo de construção coletiva; coloca-se a necessidade de se prever mecanismos institucionais que viabilizem e incentivem práticas participativas dentro da escola e que apontem para uma boa qualidade de ensino. Esta constatação aponta para a necessidade da família participar efetivamente da gestão da escola, de modo que esta ganhe autonomia e tenha mais força para lutar e alcançar seu objetivo de melhorar a qualidade do ensino. Os professores e a família necessitam aprender a conhecer novas dimensões do jovem, não há dúvida que a escola representa uma ampliação importantíssima no meio de convivência do jovem, uma vez que é um dos locais onde ele interage com colegas da mesma idade, com mais novos, mais velhos, com adultos, com espaço físico e materiais diversos. Trata-se de um conhecimento progressivo e mútuo e pode contribuir para ter uma visão mais ajustada de si mesmo e se adaptar nos dois contextos. Segundo PAROLIN, (2000), quando a família ou a escola poupa uma criança de experimentar frustrações ou insucessos, mesmo que o resultado previsto seja duvidoso, com o objetivo de não expô-la a momentos difíceis, em verdade, não promove a aprendizagem de âmbito pessoal e científico. Ao poupar a criança ou o adolescente de frustrações, impede-se que ele amadureça, que se valorize e compreenda a dinâmica da vida. Na maioria das vezes a criança desenvolve uma dinâmica acomodada, não se arriscando a novas tentativas. Tanto a família como a escola compartilham funções educativas que buscam o conhecimento e o bem estar do educando. Ambos têm a responsabilidade de apoiar o que foi decidido no outro contexto e favorecer o desenvolvimento do educando. Assim, é fundamental a participação destas famílias na escola, tanto no âmbito vinculado a gestão quanto de cunho pedagógico, na busca por oferecer estratégias para o processo de formação realmente acontecer. Em PARO (2005), outro aspecto importantíssimo do problema de participação da comunidade na escola é apontado, ensejando medidas corajosas, pois que refere-se ao provimento de condições para que os membros das camadas menos favorecidas participem da vida escolar. Não basta permitir formalmente que os pais de alunos participem da administração da escola: é preciso que haja condições materiais propiciadoras dessa participação. De outro lado GÓMEZ (1998), ressalta que a igualdade de oportunidades não é um objetivo ao alcance da escola. O desafio educativo da escola contemporânea é atenuar, em parte, os efeitos da desigualdade e preparar cada indivíduo para lutar e se defender, nas melhores condições possíveis, no cenário social. Neste contexto a escola deve criar as possibilidades mínimas para que sua comunidade consiga participar de suas atividades. Fazer um levantamento dos principais problemas que impedem ou dificultam o acesso das famílias e se organizar procurando resolver as particularidades para que se sintam acolhidos na entidade. TIBA (1998), já dizia que a escola precisa alertar os pais sobre a importância de sua participação: o interesse em acompanhar os estudos dos filhos é um dos principais estímulos para que eles estudem. O importante é a presença deles, e quando os pais participam, os filhos se sentem valorizados. Os pais precisam entender que eles devem dar o exemplo. Sua falta sendo entendida na mesma medida de importância que dá ao estudo do filho. Muitas vezes os pais reclamam que seus filhos não assumem os compromissos e nem percebem que eles fazem o mesmo e que seus filhos só estão repetindo o que presenciam. A grande tarefa dos membros da escola é mobilizar os alunos para o conhecimento, estimular as interações e as participações, promovendo valores como o respeito e a cooperação através do empenho coletivo, o que requer a adesão de todos os envolvidos com a prática pedagógica. POSSIBILIDADES EDUCATIVAS QUE PODEM SER COLOCADAS EM PRÁTICA Nesta ânsia por ampliar as condições de melhora de condições no processo de ensino e de aprendizagem escolar, leia-se aqui conjugado com a família, algumas atitudes mínimas podem ser implementadas: - Promover a criação e a sustentação de um ambiente propício à participação dos profissionais da educação, os alunos e pais. - Promover um clima de confiança entre todos os envolvidos. - Valorizar as capacidades e aptidões dos participantes. - Estabelecer demanda de trabalho centrado nas idéias e não em pessoas. - Desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto. - Enfatizar a importância dos resultados alcançados pelos alunos e manter um clima escolar positivo à solução de problemas. - Promover a capacitação de professores e pais, mantendo-os motivados. - Estabelecer na escola um sentido comum, de cumplicidade, de família, no desenvolvimento dos objetivos educacionais. - Criar oportunidade para freqüentes trocas de idéias, de inovações e criação conjunta no trabalho. - Orientar as ações pedagógicas para que, conjuntamente, promovam a aprendizagem dos alunos e o desenvolvimento profissional do professor somando-se todo este espectro a uma ação para com os pais. O PAPEL DA FAMÍLIA FRENTE ÀS DEFICIÊNCIAS NO RENDIMENTO ESCOLAR Como a família deve desempenhar sua função formativa? O fundamental é que o filho seja beneficiado. De outro lado é necessário que entre a escola e a família haja uma soma, e não atropelamento de uma parte pela outra. É necessária uma educação homogênea e equilibrada buscada pelo pai, pela mãe e pela escola. Por que pai e mãe, não simplesmente pais? Porque hoje as diferenças entre os dois, às vezes, é tão grande que eles não conseguem se compor para uma educação equilibrada dentro de uma única casa (TIBA: 2006). Os pais, que tanto buscam amar e querer agradar e poupar os filhos, tendem a não desenvolver neles limites, disciplina e responsabilidade. São estes erros (por vezes de excesso de amor) dos pais que acabam desvirtuando os filhos. Por isso, muitas vezes exageram na falta ou no excesso tanto da liberdade quanto da responsabilidade. Alguns podem até suportar a má educação dos filhos, mas quando eles vão para a escola, tais problemas se evidenciam, tornando mais fácil sua detecção e difícil deixar de tomar algumas atitudes (Idem). Os pais devem estar conscientes: quanto mais cedo começar a trabalhar com conceitos como responsabilidade, igualdade, direitos e deveres, solidariedade, cooperação, mais chances estarão dando aos filhos de se tornarem pessoas íntegras, produtivas e com objetivos na vida. Os filhos devem saber que os pais se sentem felizes em colaborar para sua formação e desenvolvimento, mas devem estar cientes também de que isso não significa aceitar dependência ou improdutividade por toda a vida. Eles precisam saber que num futuro próximo terão que trabalhar para se sustentar e que os pais esperam que eles tenham uma carreira na qual trabalhem encontrem realização pessoal, possam contribuir com a sociedade em que vivem e se tornem cidadãos produtivos, desempenhando seu papel na sociedade. Se a família estiver alicerçada em alguns princípios educacionais básicos, se os pais estiverem realmente imbuídos da importância da transmissão de valores aos filhos, se tiverem um mínimo de segurança e de clareza de objetivos, excelente! Porque sem dúvida, seus filhos se espelharão em seus exemplos, em suas atitudes e forma de encarar a vida (ZAGURY: 2005). A família é a primeira responsável pela educação dos filhos, e é na escola que se percebe o quanto os adolescentes estão carentes da educação que é obrigação da família. Há pais que simplesmente transferem a educação de seus filhos para a escola, principalmente nas questões nas quais eles perderam o controle. Disciplina e responsabilidade, valores familiares, são os que os pais mais cobram da escola, mesmo sendo deles a responsabilidade por tais valores. A escola entra (ou deveria entrar) com a disciplina e a responsabilidade para enfrentar comportamentos inadequados por ela percebidos. A educação pode não vir de casa, mas a escola não pode ser conivente com a falta dela e em muitos casos a indisciplina também está nos pais. A escola precisa voltar sua atenção para esses pais, com orientações, exigências, palestras, leituras e encaminhamento para profissionais especializados, para ajudá-los a serem também “educados”. Não apresentar aos filhos um futuro todo pronto e pleno de facilidades seria uma das obrigações dos pais, porém alguns destes não agem assim, pensando estar protegendo e fazendo o melhor por eles. Na verdade quanto mais responsabilidade os pais transferirem aos filhos, dentro de suas capacidades e possibilidades, quanto mais cedo eles entenderem que terão que lutar pelo seu futuro, assumindo suas vidas e as conseqüências de seus atos, tendo assim mais chances de conseguir realizar seus objetivos. A família tem importante papel não somente em relação à educação como no que se refere à parte emocional, afetiva do adolescente. Famílias mal-estruturadas, brigas freqüentes, falta de amor e de respeito entre as pessoas que convivem na casa, maus-tratos, alcoolismo, agressões físicas e morais repercutem de forma negativa no jovem. É inegável a importância de uma família harmônica para o desenvolvimento saudável do adolescente. Neste sentido, os pais que ficam fora de casa em horário integral precisam, pelo no mínimo, conseguir tempo para verificar se os filhos fizeram as tarefas indicadas pela escola, se arrumaram o material necessário para o dia seguinte, se estudaram para rever os conteúdos e fazer as avaliações. Mesmo chegando à noite em casa, esta verificação deverá ser feita. É preciso que haja disponibilidade por parte dos pais e que uma rotina seja estabelecida. É muito importante não confundir supervisionar com fazer os deveres junto ou para eles. Não é necessário verificar se há erro no trabalho, isso é tarefa dos professores na escola. Em casa, o primordial nesta fase de desenvolvimento da criança, é zelar pelo cumprimento e organização das tarefas e atender as dúvidas ou perguntas que os filhos espontaneamente façam. Ajudar sim, fazer por eles, jamais! Com o passar do tempo o jovem vai criando o hábito, vai interiorizando o comportamento e os pais podem amenizar a supervisão. Além de rotineiramente estabelecer contato com a escola, os pais precisam controlar o boletim, acompanhar o desempenho do filho e quando perceber que o resultado obtido não é o desejado, procurar saber o que está acontecendo. Se não conseguir a informação com o filho ou se desconfiar que a mesma não é convincente, deve procurar a escola imediatamente. Deve, também, tomar muito cuidado porque na adolescência o jovem já está perito em argumentos, para usar em sua defesa e justificar suas falhas. Se o pai não for atento, vai incorporar as justificativas do filho e irá para a escola com sua posição, já tomada em defesa do filho. Por isso é muito importante ouvir ambas as partes e corrigir onde ouve a falha. Quando os pais percebem que a escola está preocupada e quer ajudar, juntos devem combinar de tomar algumas atitudes e ambas as partes cumprir seu papel, a chance de dar certo é bem maior. Logo, se perceberá mudanças no adolescente, mas enquanto isso não ocorre e os pais partem em defesa do filho sem antes ouvir a escola, a situação se agrava porque o adolescente percebe que tem apoio da família e passa a desafiar os professores quando a escola propõe possíveis novas atividades ou regras disciplinares. O grande desafio da escola hoje é sem dúvida conseguir conquistar a atenção e a motivação do jovem para o estudo. Principalmente o jovem que, nessa fase, se torna atraído por muitas outras coisas. É uma fase de transformações corporais e de descobertas. O prazer sexual e a atração pelo sexo, as festinhas, o encontro com o grupo de amigos, tudo isso parece mais interessante, mais atraente, mais fascinante que a escola. O professor que atua nesta fase trabalha dobrado. Conviver com adolescentes nos quais, muitas vezes, há falta de limites, de educação, excesso de rebeldia, questionamento constante, necessidade de auto-afirmação, insegurança, enfim com as características próprias de jovens nessa faixa etária, não é uma tarefa fácil par o professor, principalmente daqueles que anseiam por bem cumprir sua função. Formar e informar o jovem, atender aos objetivos dos conteúdos de ensino, ter um bom relacionamento com os alunos, pode ser extremamente difícil para os professores, sobretudo numa época em que a escola vem sofrendo problemas e pressões crescentes por parte da sociedade. Propostas pedagógicas modernas não faltam, mas falta formar bem o professor, realizar mudanças na infra-estrutura escolar, diversificar as atividades rotineiramente pensadas para a escola, repensar a participação ativa dos alunos e a criatividade na elaboração das atividades, dentre outras mudanças possíveis para as quais anda devem ser somadas aquelas atinentes à família. Com o surgimento diário de tecnologias avançadas, a escola está ficando a margem desse crescimento e fica muito difícil ser interessante para atrair a atenção dos jovens nas salas de aula. Por outro lado, apesar dessas dificuldades, recaem cada vez mais responsabilidades para a pessoa do professor. Devido a essa defasagem tecnológica na maioria das escolas, esta fica cada vez mais desinteressante do ponto de vista do apelo visual, metodológico e mesmo de conteúdo. As aulas continuam, em sua grande maioria, explanações orais, uso do livro didático, com reduzido ou nenhum apoio audiovisual. Quando a escola recebe algum recurso tecnológico, existe muita burocracia para sua instalação e cursos de preparação aos professores para o uso das mesmas. O professor dificilmente consegue se atualizar, pois sua carga horária de trabalho em sala de aula não permite. O discurso das (necessárias) inovações educacionais envolve mudanças no currículo, nas avaliações dos alunos, no planejamento. No ensino inovador, criar condições para a troca de informações entre professores, melhorias nas práticas em sala de aula, aumentar a integração com os demais segmentos, partindo do princípio que todos são responsáveis e que cada um deverá fazer o seu trabalho da melhor forma possível, não é, contudo, uma tarefa fácil. Para SZYMANSKI, (2007), escola é escola, família é família, o que ambas têm em comum é o fato de prepararem os membros jovens para sua inserção futura na sociedade e para o desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida social. Ambas desempenham um papel importante na formação do indivíduo e do futuro cidadão. A escola tem uma especificidade, a obrigação de ensinar conteúdos específicos da área do saber, escolhidos como fundamentais para a instrução de novas gerações. A família têm de dar acolhimento a seus filhos: um ambiente estável, provedor e amoroso e as bases dos valores socialmente constituídos. É muito importante que haja coerência no uso da linguagem e ações educativas, entre o que os pais e a escola fazem na educação do adolescente, principalmente nas questões que possam prejudicar a auto-estima, cidadania e competência. Devemos lembrar que os pais e a escola devem ser parceiros, cada um com seus princípios educativos. Pais com coerência, firmeza e a escola dando seqüência educativa e aprimorando a essência na construção da cidadania. Os pais e a escola se não se cuidarem mutuamente acabam trabalhando com ideais diversos e o adolescente se beneficia, erroneamente, da discórdia que se criou entre as pessoas à sua volta. FAMÍLIA E ESCOLA: CONTEXTOS DIFERENTES NA BUSCA ASSOCIADA POR SOLUÇÕES EDUCATIVAS. A educação atualmente baseia-se na pessoa do professor, ele ensinando em sala de aula, transmitindo conhecimentos a seus estudantes, fazendo o melhor que sua formação possa oferecer, o que nem sempre é suficiente. Dos estudantes é esperado um bom desempenho, pela escola e família, não sendo levado em conta suas distinções, características e etapas de desenvolvimento. De outro lado, o sistema escolar não é prioridade nos esquemas políticos e começou a deixar de cumprir suas metas prejudicando professores e alunos. As conseqüências dessa situação é o desinteresse dos alunos em aprender e a “diminuição” da capacitação do professor em ensinar, resultando em: repetência, abandono da escola, falta de respeito e convivência social. O que é mais preocupante é que a escola, apesar desta situação decadente, necessita e acaba ficando com as crianças sob sua responsabilidade a cada dia por mais tempo e mais precocemente. As crianças estão indo à escola para serem educadas e algumas, para serem criadas: Será que os professores estão capacitados para mais essa incumbência? O professor não é o único responsável pela aprendizagem. Sua nova tarefa é orientar o estudante na busca e no processamento das informações. O professor ajuda o aluno a chegar às informações desejadas e assim atingir o objetivo, deixando de ser a fonte única e exclusiva de informações; hoje os alunos estão globalizados via televisão, canais a cabo, internet, multimídia. Quando se discute de quem é a tarefa de educar, se é da escola ou da família, entra-se num jogo de empurra-empurra da responsabilidade. A família cobra que a educação seja dada pela escola, enquanto a escola diz que esta deveria vir de casa. Muitas famílias não têm clara a noção de certo e errado e não conseguem estabelecer limites e responsabilidades, permitindo que os filhos ajam guiados pelo prazer, evitando qualquer coisa que lhes dê trabalho, pois entendem como sacrifício. O adolescente quer descobrir as coisas a seu modo, o prazer está muito mais na autonomia e na busca da própria identidade. Neste contexto, o professor pode ajudar a conseguir resultados melhores em sala de aula se somar informações sobre o desenvolvimento do adolescente, as mudanças que ocorrem em seu corpo e, sobretudo sua mente. Para TIBA (2006), se você conseguir ultrapassar o que aprendeu e aplicar seus conhecimentos no cotidiano do aluno, fazendo com que ele tenha interesse em aprender, parabéns, você é um mestre! O importante e a escola detectar as dificuldades relacionadas ao aluno e iniciar convocando os pais para uma reunião, ou pacto, no qual, estabelecem-se os padrões que nortearão o trabalho. O compromisso deve ser de todos em torno de alguns princípios básicos como: coerência, responsabilidade, presença e atuação. A escola precisa alertar os pais sobre a importância de sua participação e o interesse em acompanhar os estudos dos filhos, sendo este um dos principais estímulos para que eles estudem. Quando os pais são distantes da escola, é preciso trabalhar antes os alunos para convencê-los da importância da presença destes nas reuniões, de modo que passem a insistir em casa, motivando os pais a comparecer. Na maioria das vezes os pais que mais faltam são aqueles que os filhos mais “dão trabalho”, eles, por outro lado, se justificam dizendo que não adianta, pois o filho não obedece mais, não sabem mais o que fazer e a escola que resolva. Mesmo assim, deve-se insistir que a presença deles é muito importante e juntos traçar objetivos comuns, tais como: - Estabelecer em conjunto, Direção, Professores, Pedagogos, Pais e alunos, um comprometimento de todos em participar e desempenhar seus papéis. - Estabelecer em conjunto um compromisso pessoal: de que uns cobrarão dos outros caso sentirem-se desmotivados e não cumpridores das regras criadas, assumindo que estarão juntos nas dificuldades, nas barreiras e nas comemorações. - Promover eventos de capacitação para todos: direção, equipe pedagógica, professores funcionários, pais e alunos para que se desenvolvam as habilidades necessárias à atuação de cada um. - Valorizar as iniciativas de todos em todos os segmentos da organização. - Procurar estabelecer uma relação construtiva, com clima de respeito e cumplicidade, combinar estratégias, coisas concretas e alcançáveis, consideradas necessárias para o desenvolvimento da aprendizagem do educando. Atitudes como estas visam mobilizar os alunos (mobilizada a escola e a família) para o conhecimento, estimular as interações e a participação, promovendo valores como o respeito e cooperação através do empenho coletivo, o que requer a adesão de todos os envolvidos com a prática pedagógica. Os educadores devem se preocupar com o destino da educação, se empenhando para que a escola em conjunto com a família, possa cumprir o seu papel de formar o jovem para que possa estar inserido na sociedade como um cidadão, poder usufruir de seus direitos e cumpridor com seus deveres. CONSIDERAÇÕES FINAIS A família e a escola têm, na sociedade atual, tarefas complementares, apesar de distintas em seus objetivos, metodologia de abordagem e campo de abrangência. Cabe a família a tarefa de estruturar o sujeito em sua identificação, individuação e autonomia. Isso vai acontecendo à medida que a criança vive o seu dia-a-dia inserido em um grupo de pessoas que lhe dá carinho, apresenta-lhe o funcionamento do meio onde vive, oferece-lhe suporte material para suas necessidades e lhe dá proteção. Para PAROLIN, (2007), a família é o núcleo constitutivo do sujeito. É um sistema que une as pessoas que a compõem, não apenas sobre o mesmo teto e com o mesmo sobrenome, mas fundamentalmente, pelas representações que se constroem à medida que vão compartilhando o cotidiano, formando, em sua intimidade, uma rede de significações a que estão vinculados aos seus mitos, ritos, crenças, segredos, medos e ideais. É na convivência que a família marca sua presença, portanto, pensar em família é pensar em um grupo de pessoas que têm uma organização típica, normas, valores, formas de conduta e que, enquanto compartilhar uma série de coisas, fatos, afetividades e emoções, dando suporte umas às outras, também formam sua própria individualidade. A escola tem como uma de suas funções desenvolver um pensamento reflexivo na comunidade escolar, ajudando-a a construir uma compreensão coerente da realidade, resgatando os princípios éticos e desenvolvendo ações que visam a promoção e difusão de valores (já recebidos na família) de solidariedade, respeito, honestidade, responsabilidade, fraternidade e de convivência que parecem estar sendo deixados de lados. Segundo PAROLIN (2007), a escola é uma instituição potencialmente socializadora. Ela abre um espaço para que os aprendizes construam novos conhecimentos, dividam seus universos pessoais e ampliem seus ângulos de visão assim aprendam a respeitar outras verdades, outras culturas e outros tipos de autoridade. Nessa instituição, o mundo do conhecimento, da informação, ou seja, o mundo objetivo, mistura-se ao dos sentimentos, das emoções e da intuição, ao dito mundo subjetivo. É emoção e razão que se fundem em busca de sabedoria. É preciso fazer com que os jovens e suas famílias estejam certos de que devem partilhar com a escola seus anseios, perspectivas e juntos traçar estratégias que priorizem as relações internas da escola com a família. Assumir um compromisso de promover projetos enfatizando o diálogo e o respeito aos ideais dos jovens, viabilizando a participação familiar através de propostas de ação local. Para SZYMANSKI (2007), a elaboração de projetos que visem a implementar a participação das famílias na escola e desta na vida da comunidade, necessita ter como ponto de partida o (re)conhecimento mútuo. O conhecimento das escolas a respeito das famílias e o seu inverso é muitas vezes, baseado em preconceitos. O preconceito se limita a uma interpretação fechado do outro e seu mundo e define atitudes, sentimentos e ações que guardam a mesma característica de rigidez. Reconhecer significa sair dos limites estreitos do preconceito e abrir-se para as novas possibilidades de ser do outro e de ser com o outro. Num primeiro momento, é preciso encarar os próprios preconceitos e, depois, desejar sair dessa perspectiva limitada e ensaiar um novo olhar, de preferência interrogativo, curioso. Considera-se, enfim, que as escolas precisam viabilizar mecanismos que permitam uma efetiva participação da família para refletir os problemas de aprendizagem que acarretam sérias implicações para a prática pedagógica, mecanismos para os quais este trabalho espera ter contribuido. REFERÊNCIAS ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. Guanabara, 1981. 2ª ed., Rio de Janeiro: ELLIS, E. M. Educando Filhos Responsáveis. São Paulo: Ática, 1997. PARO, V.H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2005. PAROLIN, I. Professores formadores: a relação entre a família, a escola e a aprendizagem. Curitiba: Positivo, 2007. SACRISTÁN, J. G; GÓMEZ, A. I. P. Compreender e transformar o ensino. 4ª ed,. Porto Alegre: Artemed, 2000. SZYMANSKI, H. A relação família/escola – Desafios e perspectivas. 2ª ed., Brasília: Líber, 2007. TIBA, I. Ensinar aprendendo. 26 ed. São Paulo: Integrare Editora, 1998. _____. Ensinar aprendendo: novos paradigmas na educação. São Paulo: Integrare, 2006. ZAGURY, T. O Adolescente por Ele mesmo. Rio de Janeiro: Record, 1996. _____. Educar sem culpa – A gênesi da ética. 21 ed., São Paulo: Record, 2005. _____. Limites sem trauma. 69ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2005.