DIABETES RELACIONADA À FIBROSE CÍSTICA
Karine Santos Ribeiro
Adroaldo Lunardelli
Jarbas Rodrigues de Oliveira
[email protected], [email protected], [email protected]
RESUMO
A fibrose cística (FC), ou mucoviscidose, é uma doença genética autossômica recessiva. No Brasil,
estima-se que a incidência da doença seja de 1:10.000 nascidos vivos. As características clínicas da
FC incluem doença pulmonar, insuficiência pancreática, obstrução intestinal neonatal, cirrose biliar
multifocal, alta concentração de eletrólitos no suor e obstrução dos vasos deferentes. A FC é
causada por mutações em um gene de 230kb do cromossomo 7q que codifica o regulador
transmembrana da fibrose cística (CFTR). O aumento da longevidade destes pacientes tem
proporcionado maior incidência de complicações extrapulmonares, dentre as quais se destaca a
diabetes relacionada à fibrose cística (DRFC). A mortalidade é seis vezes maior em pacientes com
DRFC do que pacientes com FC sem diabetes. A causa de DRFC é resultado da disfunção da ilhota
pancreática causada por inflamação e fibrose, por conseqüência de secreção exócrina viscosa.
Pacientes com FC apresentam, em geral, má-absorção e má-digestão. A perda de peso sem
explicação é o sinal clínico informado com mais freqüência pelos pacientes antes do diagnóstico
confirmatório do DRFC. Pacientes portadores de DRFC, quando comparados a pacientes com FC
sem diabetes, apresentam pior função pulmonar. O teste oral de tolerância à glicose (OGTT) é
recomendado como padrão ouro para diagnóstico de DRFC, sendo que o tratamento deve controlar
os sintomas do diabetes e prevenir complicações. A insulina é o único tratamento farmacológico
recomendado. O apoio multidisciplinar é fundamental para auxiliar na aceitação do DRFC.
Palavras-chave: Fibrose cística. Diabetes. Mucoviscidose.
ABSTRACT
Cystic fibrosis (CF), or mucoviscidosis, is an autosomal recessive genetic disease. In Brazil, it is
estimated that the incidence of this disease is of 1:10.000 live births. The clinical features of CF
include lung disease, pancreatic insufficiency, neonatal intestinal obstruction, multifocal biliary
cirrhosis, high concentration of electrolytes in sweat and obstruction of the vessels deferentes. The
CF is caused by mutations in a gene of 230kb of chromosome 7q that encodes the cystic fibrosis
transmembrane conductance regulator (CFTR). The increase in longevity of these patients has
provided a higher incidence of extrapulmonary complications, among which stands out the diabetes
related to cystic fibrosis (CFRD). The mortality rate is six times greater in patients with CFRD than
CF patients without diabetes. The cause of CFRD is the result of the dysfunction of pancreatic islet
caused by inflammation and fibrosis, as consequence of exocrin viscous secretion. Patients with CF
have, in general, bad absorption and bad digestion. The loss of weight without explanation is the
clinical sign informed more often by patients before the confirmatory diagnosis of CFRD Patients
of CFRD, when compared to CF patients without diabetes, have worse lung function. The oral
glucose tolerance test (OGTT) is recommended as a gold standard for diagnosis of CFRD, and that
treatment must control the symptoms of diabetes and prevent complications. Insulin is the only
pharmacological treatment recommended. The multi-disciplinary support is crucial to help in the
acceptance of the CFRD.
Keywords: Cystic fibrosis. Diabetes. Mucoviscidosis.
1. INTRODUÇÃO
A
fibrose
cística
(FC),
ou
mucoviscidose, é uma doença genética
autossômica recessiva. Há mais de 1.000
mutações
descritas
responsáveis
pela
transmissão da doença, cuja incidência varia
de 1:2.000 a 1:10.000 entre povos de origem
caucasóide, onde a doença se manifesta com
maior freqüência. No Brasil, estima-se que a
incidência da doença seja de 1:10.000
nascidos vivos, embora haja variação na
freqüência das mutações em diferentes
regiões geográficas, o que possivelmente
reflete uma diferente prevalência da doença
[1]
. O distúrbio é raro nos asiáticos [2] e a
freqüência
de
portadores
sadios
(heterozigotos) na população caucásica é
estimado em 1 a cada 25 pessoas [3].
Cerca de 90% dos homozigotos
apresentam
sintomas
que
resultam
predominantemente da lesão das glândulas
exócrinas produtoras de muco, embora as
glândulas exócrinas que não produzem muco
também possam ser afetadas. Na doença, as
glândulas de muco produzem secreções
anormalmente viscosas, que podem se
espessar, bloqueando os dutos das glândulas e
produzindo complicações obstrutivas [2]. As
características clínicas da FC incluem doença
supurativa
pulmonar,
insuficiência
pancreática, obstrução intestinal neonatal (íleo
meconial), cirrose biliar multifocal, alta
concentração de eletrólitos no suor [4] e
obstrução dos vasos deferentes [5]. A FC é o
defeito genético letal mais comum das
populações brancas [6], sendo que a
mortalidade é principalmente atribuída à
doença pulmonar [7] e, quando relacionada à
hepatopatia, é, geralmente, secundária à
hemorragia digestiva e raramente à falência
hepática [8].
A FC é causada por mutações em um
gene de 230kb do cromossomo 7q que
codifica
um
polipeptídio
de
1480
aminoácidos,
nomeado
de
regulador
transmembrana da fibrose cística (CFTR,
cystic fibrosis transmembrane regulator) [9].
A mutação mais freqüente é a deleção do
códon que produz a perda de um resíduo de
fenilalanina na posição 508, denominada
∆F508. Cerca de 70% dos pacientes com FC
exibem esta variedade, embora existam
grandes variações geográficas que oscilam
entre 32 e 82% [10]. O CFTR codifica os
canais de cloro mediados por AMPc [11] –
mostrado na figura 1 – que regula o transporte
de cloro na membrana apical da superfície
epitelial das vias aéreas, dutos pancreáticos,
árvore biliar e ductos do suor [4]. O canal fica
normalmente fechado, mas se abre quando
fosforilado pela proteína quinase A e quando
ATP está presente [12]. Na FC, o canal iônico
para Cl- na membrana celular não é aberto
corretamente, mesmo quando estimulado pelo
AMPc [13].
2
Figura 1. Modelo para secreção epitelial de NaCl, onde o Cl- é concentrado no citosol via transportador NKCCl e
liberado no lúmen via proteína CFTR. ML = membrana luminal, MBL = membrana basolateral ou contraluminal.
Adaptado de [12].
Células pancreáticas acinares secretam
um fluido rico em Na+ e Cl-, que fornece o
veículo para o transporte de enzimas
digestivas dos ácinos para o lúmen do
duodeno [12]. O cloro entra no lúmen acinar
via canais para cloro nas membranas
plasmáticas apicais das células acinares e das
células epiteliais ductulares. Na FC, este
transporte diminuído de cloretos prejudica o
transporte de água e eletrólitos, causando a
obstrução dos dutos pancreáticos pelo muco.
A presença de dois alelos com mutação no
gene da FC provoca ausência de atividade, ou
funcionamento parcial da CTFR, causando
redução na excreção do cloro e aumento da
eletronegatividade intracelular, resultando em
maior fluxo de sódio para preservar o
equilíbrio eletroquímico e, secundariamente,
de água para a célula por ação osmótica.
Ocorre, então, a desidratação das secreções
mucosas e o aumento da viscosidade. Como
resultado, as células acinares e o sistema
ductal do pâncreas são destruídos. Em muitos
bebês com FC, a função exócrina pancreática
pode ser irreversivelmente comprometida no
útero. Devido à quase completa ausência de
enzimas pancreáticas, bebês com FC
freqüentemente têm severas dificuldades
digestivas, especialmente na digestão e
absorção de gorduras [13]. A resultante má
absorção de gordura e de outros nutrientes
diminui o crescimento e pode levar a graus
variáveis de obstrução do intestino delgado. O
fígado e a vesícula biliar podem ser afetados
de forma semelhante. Eventualmente, a
atrofia dos órgãos ou ductos pode ocorrer [14].
A FC é a causa principal de má absorção
infantil [15].
A FC é uma causa comum de
insuficiência pancreática na população
pediátrica. Nesses pacientes, a secreção de
bicarbonato pelo pâncreas para o duodeno
encontra-se alterada, resultando numa
acidificação persistente do conteúdo duodenal
e jejunal. As síndromes de má absorção de
proteínas e de gorduras são os principais
dados clínicos na insuficiência pancreática
secundária à FC. Cerca de 95% de todos os
pacientes com FC que possuem mutações
genotípicas
do
CFTR
apresentam
insuficiência pancreática [15].
A fina camada de muco, fabricado
pelos pneumócitos tipo I e II, que
normalmente reveste as superfícies internas
dos pulmões é, na FC, anormalmente espessa,
obstruindo o fluxo de ar e fornecendo um
3
substrato para a fixação de bactérias
patogênicas, particularmente Staphylococcus
aureus e Pseudomonas aeruginosa [16]. A
doença deve ser suspeitada numa criança com
infecções crônicas ou recorrentes do aparelho
respiratório. A lesão inicial no pulmão é a
obstrução brônquica, que leva a infecções
crônicas e a broncopneumonia, enfisema,
atelectasia
e abscesso.
Pode haver
eventualmente destruição maciça do pulmão.
Usualmente, o aparelho respiratório superior é
também infectado e a infecção crônica dos
seios da face é muito comum. Portanto, a
tosse é um sintoma precoce e pode tornar-se
crônica e, tão freqüente, que pode ocorrer
vômitos. A falência respiratória pode ser, e é
freqüentemente, a causa da morte [6].
Atualmente,
as
mutações
são
classificadas em seis diferentes classes. Na
mutação de classe I o CFTR não é sintetizado;
a classe II resulta de uma falha na síntese da
proteína ou no transporte da mesma através da
membrana celular, é um defeito em seu
processamento; na classe III a proteína está
corretamente localizada, mas é defeituosa em
sua atividade e regulação; a classe IV é
caracterizada por uma proteína corretamente
localizada e regulada, contudo ineficiente na
condutância do cloro; na classe V há reduzida
síntese e processamento de CFTR; e na classe
VI é evidenciada a regulação defeituosa de
outros canais. As mutações de classes I-III
são mais comuns e usualmente estão
associadas com a insuficiência pancreática
[9,10]
.
A expressão de um gene defeituoso
não é o único determinante que contribui para
os diferentes fenótipos clínicos, existindo
outros modificadores de canais também
afetados. CFTR é mais que um canal de cloro,
é uma proteína complexa, responsável pelo
transporte de íons e outras moléculas, tendo
influência no equilíbrio da água, mecanismos
de defesa e ação sobre os canais de potássio,
bicarbonato e sódio [10]. CFTR é um
transportador membro da superfamília ABC,
que consiste de dois domínios com seis
hélices transmembrânicas cada, duas alças de
ligação a nucleotídeos e um domínio
regulatório globular [12].
Quando
alelos
variantes
são
identificados numa família específica, a
detecção de portadores e o diagnóstico da
doença são possíveis, mas a heterogeneidade
genética impede uma investigação universal
única e o aconselhamento. As recomendações
são para que casais sabidamente de risco e
que aspiram uma gravidez devam ser
conscientizados sobre os exames de DNA
para a FC. Um outro problema com o
aconselhamento genético para a FC é a
gravidade clínica variável da doença e a
inconsistência das correlações genótipofenótipo. Pouco há sobre a gravidade da
doença ou complicações que possam ser
previstas com segurança a partir do
conhecimento de duas mutações em um
indivíduo afetado. Até mesmo homozigotos
∆F508, considerados os protótipos da
mutação “grave”, podem apresentar uma
gama muito ampla de comprometimentos
pulmonares. Por outro lado, existem mutações
que causam doença pulmonar embora
mantenham os teores normais de cloro no
suor. Quando a doença é discreta, ela pode
passar não diagnosticada até a vida adulta.
Dada à heterogeneidade molecular e clínica
da maioria das doenças genéticas, estes
problemas provavelmente sejam a regra e não
a exceção no diagnóstico pela genética
molecular [15].
O diagnóstico de FC deve sempre ser
suspeitado em doença pulmonar e hepatobiliar
crônicas, hipoproteinemia, edema e atrasos no
crescimento não explicados [6]. O teste
conclusivo para FC é a determinação dos
eletrólitos no suor [15], sendo esta análise já
utilizada há mais de 50 anos [4]. Atualmente,
são aceitos intervalos de referência universais
para cloretos no suor, sendo aplicáveis a todos
os pacientes, indiferentemente de sexo ou
idade [4]. Concentração de cloreto no suor
acima de 60mmol/L (60mEq/L) em repetidas
análises é diagnóstico de FC [9], contudo
aproximadamente 5% das crianças com FC
apresentam valores de cloreto no suor inferior
a 50mmol/L [2]. Valores entre 40-60mmol/L
são considerados borderline e concentrações
inferiores a 40mmol/L são ditos normais [4]. O
método padrão consiste em iontoforese
utilizando a metodologia de Gibson-Cooke. O
método é indolor. A produção de suor é
induzida por estimulantes como a pilocarpina.
O aparelho de iontoforese consiste em dois
4
eletrodos pequenos, que geram uma diminuta
corrente elétrica para transportar a droga
estimulante até as glândulas sudoríparas da
pele [2]. Colhe-se o suor em papel filtro. Este é
o método de referência, com resultados
confiáveis, contudo, requer pessoal altamente
qualificado para evitar erros que podem
ocorrer durante a pesagem do papel filtro e a
evaporação da amostra, alterando as
concentrações finais obtidas. A quantidade
mínima de suor requerida é de 100mg, o que
em alguns casos se torna impraticável, como
em recém nascidos [17], sendo mais adequado
aguardar até quatro semanas de vida [2].
Recomenda-se que também seja realizada a
determinação da concentração de Na+ do suor.
Isso serve como checagem do controle de
qualidade interno porque a concentração de
Na+ e a de Cl- deve se encontrar com
diferença de, no máximo, 10mmol/L entre
eles [15].
Desde a descoberta do gene CFTR em
1989, tem sido possível o uso da análise da
mutação gênica como alternativa ao teste do
suor para diagnóstico da FC [4]. A clonagem
do CFTR e a identificação das mutações com
a distribuição étnica e geográfica dos
portadores representam estratégias eficientes
no diagnóstico molecular e na prevenção.
Dentre as estratégias de prevenção, está o
screening neonatal para FC, que possibilita
um tratamento antecipado, facilitado pelo
diagnóstico precoce e resultando na
diminuição da mortalidade, no aumento da
expectativa de vida e no manejo do
planejamento familiar [18]. O diagnóstico prénatal é possível usando-se biopsia da amostra
de vilosidades coriônicas obtida no primeiro
trimestre de gravidez [6]. Deve-se destacar
ainda, a importância de se iniciar
precocemente o tratamento da insuficiência
pancreática e da desnutrição, bem como a
fisioterapia respiratória para manter as vias
aéreas desobstruídas, uma vez que, apesar de
a FC não ter cura, apresenta melhora
significativa com o tratamento sintomático
[19]
. A despeito do grande avanço sobre o
conhecimento da FC, o tratamento da doença
é baseado no tratamento sintomático e na
correção das disfunções orgânicas [20]. Desde
que a FC foi reconhecida como doença, houve
um aumento importante na sobrevida desses
pacientes devido a melhora dos tratamentos
nutricional e antimicrobiano, não podendo
desconsiderar-se, contudo, que o cuidado
durante
a
infância
com
equipes
multidisciplinares em centros especializados
influencia notadamente no desfecho clínico e,
por conseqüência, na sobrevida desta
população [21].
As células de Langerhans são
inicialmente poupadas da fibrose pancreática,
sendo a diabete evento raro na primeira
década de vida do paciente; contudo, sua
prevalência aumenta conforme a idade [9].
Dada a importância clínica da diabete frente
ao paciente acometido pela FC, este desígnio
se mostra pertinente no que tange ao
aclaramento desta nova realidade, uma vez
que tal paciente passa a pertencer a um novo
nicho patológico, graças à sobrevida que
outrora não existia.
2. DIABETES RELACIONADA
FIBROSE CÍSTICA (DRFC)
À
A sobrevivência entre os pacientes
com FC tem aumentado consideravelmente
nas últimas décadas devido às recentes
condutas na prevenção e tratamento da
doença pulmonar e da intervenção precoce no
estado nutricional [20, 22, 23]. O aumento da
longevidade
destes
pacientes
tem
proporcionado
maior
incidência
de
complicações extrapulmonares, dentre as
quais se destaca a DRFC [24, 25].
Diabetes relacionada à fibrose cística
(DRFC) é uma importante co-morbidade da
FC [26], sendo que os principais fatores de
risco associados ao desenvolvimento do
DRFC são o aumento da longevidade, sexo
feminino, insuficiência pancreática exógena,
homozigoze para mutação ∆F508, infecções
pulmonares e corticoterapia [20, 27]. O início do
DRFC freqüentemente não é notado, pois os
sintomas podem ser confundidos com os da
FC [24]. A idade média de início difere entre
autores, mas ocorre aproximadamente aos 20
anos [24, 28].
Estudos retrospectivos mostraram
declínio pulmonar e perda de peso 2 a 4 anos
antes do diagnóstico de DRFC [25, 27]. A
mortalidade é seis vezes maior em pacientes
5
com DRFC do que pacientes com FC sem
diabetes [28,27, 29].
2.1. FISIOPATOLOGIA DO DRFC
Na FC, o metabolismo da glicose é
influenciado pela desnutrição, infecções
crônicas e agudas, aumento do metabolismo
basal, deficiência de glucagon, alteração do
clearance de insulina, disfunção hepática e
aumento do esforço respiratório [20]. As
alterações no metabolismo da glicose nos
pacientes com FC podem ser didaticamente
classificadas em: (1) intolerância a glicose,
(2) diabetes sem hiperglicemia de jejum, (3)
diabetes com hiperglicemia em jejum, e (4)
diabetes intermitente, ocorrendo durante
períodos de infecções, uso de nutrição enteral
e corticoterapia [27]. A fisiopatologia do
DRFC difere do diabetes tipo 1 e tipo 2,
sendo classificado como outro tipo de
diabetes, causado por lesão do pâncreas
exócrino [20, 30].
A causa de diabetes relacionada à
fibrose cística é resultado da disfunção da
ilhota pancreática causada por inflamação e
fibrose por conseqüência de secreção exócrina
viscosa [31, 27, 20]. Como mostra a figura 2,
acredita-se que a deficiência de insulina seja a
primeira causa de DRFC, mas resistência à
insulina também está presente em pacientes
com FC [24].
Figura 2. Mecanismo proposto para a patofisiologia do DRFC. A DRFC é causada pela deficiência de insulina em
concomitância com a resistência à insulina. A fibrose do pâncreas causa destruição das ilhotas, o que reduz a
capacidade do pâncreas em secretar insulina. Por outra via, períodos de estresse, como a inflamação, a infecção aguda e
a terapia com corticosteróides promovem o desenvolvimento de resistência à insulina. A combinação destes dois fatores
leva ao estabelecimento do DRFC que, por sua vez, contribui para o desenvolvimento de infecções, complicações
microvasculares e perda de peso. Adaptado de [24].
6
2.1.1. Insulinopenia
2.1.2. Resistência à Insulina
Acredita-se que a perda da função de
células β produtoras de insulina causada por
destruição progressiva na estrutura da ilhota
pancreática é uma das causas principais de
DRFC. Alguns investigadores relatam
redução significante na área superficial de
células β nas ilhotas de pacientes com DRFC
comparado a pacientes com FC não diabéticos
[24]
. O tempo do pico da concentração de
insulina atrasa cada vez mais de 30-60
minutos em indivíduos saudáveis para 90-120
minutos em pacientes com DRFC [32].
Alguns autores descobriram que a
principal diferença na patologia do pâncreas
entre pacientes com FC que desenvolvem o
diabetes e aqueles que não o apresentam está
na presença de polipeptídio amilóide nas
ilhotas (Islet Amyloid Polypeptide, IAPP). O
IAPP está presente nas ilhotas de pacientes
com diabetes do tipo 2, mas não no tipo 1, e
não se sabe se o IAPP contribui para a
disfunção da célula β, encontrada no diabetes
tipo 2, ou se é simplesmente uma marca da
doença [32]. O acúmulo de substância amilóide
dentro das células β presente nos pacientes
com FC e diabetes e ausentes naqueles com
FC não diabéticos contribui para a
insulinopenia devido ao seu efeito citotóxico
e limitador da secreção de insulina [20].
A
patogênese
subjacente
do
desenvolvimento gradual da insulinopenia se
deve, principalmente, à perda gradual de
grande quantidade de células β, mas outros
fatores também são importantes. A grande
maioria dos pacientes com FC apresenta
insuficiência pancreática exógena. As ilhotas
de Langerhans são preservadas inicialmente,
contudo, com a idade, haverá menos tecido
acinar e as ilhotas existirão em maiores ou
menores grupos fragmentados separados pelo
tecido fibroso ou adiposo. A diminuição da
função nas células das ilhotas resulta
primeiramente da perda de ambas as células
(β e α), mas a função endócrina anormal
também pode ser causada por uma
degeneração no suprimento de sangue, uma
infiltração inflamatória geralmente com
predominância
dos
eosinófilos
e,
hipoteticamente, distúrbio da função parácrina
entre as células das ilhotas [32].
Pacientes com FC também mostram
graus variáveis de resistência à insulina,
contudo, tal afirmação parece conflitante nos
estudos desenvolvidos atualmente [33]. A
resistência à insulina pode ser causada por
alterações na proteína transportadora de
glicose 4 (Glucose Transporter 4, GLUT-4).
A translocação da GLUT-4 no compartimento
intracelular para superfície é necessária para o
transporte normal de glicose para dentro da
célula. Dependendo do tipo de mutação, a
CFTR poderá ter função deficiente ou mesmo
não ser produzida. Há indícios de que
anormalidades nessa proteína possam alterar a
translocação da GLUT-4 do meio intracelular
para membrana plasmática, contribuindo para
a resistência insulínica [34].
O melhor método para avaliar a
resistência insulínica é a técnica da
hiperinsulinemia euglicêmica, que consiste na
infusão simultânea de insulina e glicose. Se a
produção hepática de glicose for inibida pela
infusão de insulina, então a quantidade de
glicose exógena necessária para manter a
euglicemia será um reflexo da sensibilidade
periférica tissular à insulina [35, 20].
2.2. COMPLICAÇÕES DO DRFC
Cetoacidose é rara, mas pode ocorrer,
especialmente na época do diagnóstico do
diabetes, se a fase de hiperglicemia tiver
passado despercebida. Como no diabetes tipo
2, a maioria dos pacientes com DRFC produz
insulina suficiente para bloquear a
cetogênese. Além disso, a deficiência de
glucagon poderia proteger contra a formação
de cetonas [22].
Infecções causam o aumento na
liberação dos hormônios contraregulatórios
tais como o glucagon, o cortisol, o de
crescimento e catecolaminas, contribuindo
para a resistência à insulina e para a inibição
da liberação de insulina. A resistência à
insulina é também induzida nos tecidos
periféricos pela liberação de citocina em
resposta à infecção. Todas essas mudanças
levam ao aumento dos níveis de glicose no
plasma. Os pacientes não-diabéticos com FC
7
e que apresentam alguma infecção externa
podem ser diabéticos temporariamente e
necessitar de tratamento com insulina. Os
pacientes com FC que fazem tratamento
insulínico para DRFC precisarão aumentar a
dose de insulina freqüentemente durante uma
infecção pulmonar grave [32].
Complicações microvasculares como
retinopatia (incluindo neovascularização e
cegueira), nefropatia (com aumento na
excreção de albumina e insuficiência renal) e
neuropatia são relatadas na DRFC [24, 36].
Existem poucos relatos de complicações
macrovasculares.
Possíveis
explicações
incluem: baixa expectativa de vida, menor
incidência de dislipidemia e hipertensão e
insulinopenia [20]. É recomendado começar a
fazer exames anuais para complicações
microvasculares incluindo exames nos olhos e
pés, bem como pressão sangüínea e exames
de albuminúria, quando o diagnóstico de
DRFC for confirmado [24].
2.2.2. Complicações Respiratórias
Pacientes portadores de DRFC,
quando comparados a pacientes com FC sem
diabetes, apresentam pior função pulmonar,
maior prevalência de bactérias patogênicas
em amostra de escarro, e conseqüentemente,
menor sobrevida [20]. Alguns autores relatam
maior freqüência de asma e sinusite nos
pacientes com DRFC, quando comparados a
não diabéticos com FC [24].
O declínio da função pulmonar em
pacientes com DRFC, está relacionado com o
grau de intolerância à glicose, o que promove
alteração na estrutura do tecido pulmonar e
maior predisposição a infecções [24, 37]. Por ser
um hormônio anabólico e responsável pelo
metabolismo protéico, a deficiência de ação
insulínica reduz a função da musculatura
inspiratória e do diafragma, deteriorando
ainda mais a função pulmonar [20]. O
tratamento do DRFC reverte o declínio na
função pulmonar.
2.2.1 Complicações nutricionais
2.3. DIAGNÓSTICO
Pacientes com FC apresentam, em
geral, má-absorção e má-digestão, que se
tornam clinicamente aparentes após a
destruição de aproximadamente 90% do
pâncreas exócrino. O quadro clínico pode
evoluir para um aspecto de carência global,
com hipotrofia muscular, apesar da ingestão
alimentar e do apetite mantido. A perda de
peso, sem explicação, é o sinal clínico mais
freqüentemente informado pelos pacientes
antes do diagnóstico confirmatório do DRFC
[20, 29]
.
Com o surgimento da deficiência
insulínica no DRFC, ocorre piora do estado
nutricional. Pacientes com DRFC possuem
menor peso e altura para a idade, bem como
menor índice de massa corporal que
indivíduos com FC sem diabetes [20]. O
desafio para profissionais da área de saúde é
combinar os tratamentos nutricionais destas
duas doenças de tal modo que normalize o
crescimento e o peso e também mantenha
próximo do normal os níveis glicêmicos [27].
Devido à apresentação clínica ser
freqüentemente insidiosa e o tratamento
inicial poder prevenir a deterioração clínica
associada com a ocorrência de diabetes,
exames sistemáticos são recomendados a
partir dos 14 anos de idade nos pacientes com
FC. Ferramentas viáveis incluem exames de
glicose em jejum, hemoglobina glicada
(HbA1c) e teste oral de tolerância à glicose
(OGTT) [24]. Embora a glicemia de jejum seja
mais fácil de ser realizada, sua sensibilidade é
baixa, porque, como visto, existem formas
clínicas que não apresentam hiperglicemia de
jejum [20, 24]. Por tal, o OGTT é recomendado
como padrão ouro [26].
Tem sido proposto que a combinação
de concentração de insulina elevada,
hemoglobina glicada alta, presença de
sintomas de hiperglicemia e perda
inexplicável de peso, podem ter alta
sensibilidade para identificar pacientes com
DRFC [24]. A dosagem da hemoglobina
glicada, realizada trimestralmente, é útil para
monitoração do DRFC já instalada [36].
8
O diagnóstico do DRFC agrava ainda
mais a dificuldade de conviver com a FC,
devido à necessidade do uso de insulina
injetável, monitoração da glicemia capilar,
restrições alimentares e hospitalizações por
descontrole
metabólico.
O
apoio
multidisciplinar é fundamental para auxiliar
na aceitação desse novo problema [20].
2.3.1. Teste Oral de Tolerância à Glicose
(OGTT)
Para realizar o teste, o paciente não
deve estar sendo tratado com corticóide, nem
ter tido infecções pulmonares agudas há pelo
menos 1 mês, pois os corticóides podem
causar resistência insulínica, e deve estar em
jejum para realizar o exame. Este é realizado
após a ingestão de 1,75g/Kg (máximo de 75g)
de glicose sendo que a ingestão não deve
ultrapassar 5 minutos. Amostras de sangue
devem ser coletadas nos tempos 0, 30, 60, 90
e 120 minutos para medir a glicose plasmática
e a concentração de insulina. Novos casos de
DRFC devem ser confirmados com um
OGTT no prazo de 2 meses [25]. OGTT é
desnecessário quando a glicemia em jejum já
for diagnóstico de diabetes. Os critérios
utilizados para diagnóstico e classificação de
DRFC são expressos na tabela 1.
Tabela 1 – Critérios utilizados para diagnóstico e classificação de DRFC. Adaptado de [20].
Glicemia em jejum
Glicemia 2h após OGTT
(mg/dL)
(mg/dL)
70-99
<140
100-125
140-199
<126
>200
>126
>200
> 126 durante infecções,
> 200 durante infecções,
nutrição enteral e uso de
nutrição enteral e uso de
corticóides
corticóides
Classificação
Tolerância normal
à glicose
Intolerância
à glicose
Diabetes sem
hiperglicemia de jejum
Diabetes com
hiperglicemia em jejum
Diabetes
intermitente
OGTT: teste de tolerância oral à glicose.
2.4. TRATAMENTO
O tratamento para DRFC deve
controlar os sintomas do diabetes e prevenir
complicações [36, 32]. O paciente com DRFC
deve ser tratado por uma equipe
multidisciplinar pelo menos trimestralmente,
ideal em uma clínica com endocrinologistas e
pneumologistas [24].
Não existe consenso sobre a
instituição de farmacoterapia de rotina para
indivíduos com intolerância à glicose ou com
DRFC sem hiperglicemia de jejum. Nestas
situações, o uso de insulina é recomendado se
houver sintomas de diabetes, declínio não
explicado do peso corporal ou função
pulmonar [38, 20].
A DRFC não pode ser tratada só com
dieta [32]. A insulina é o único tratamento
farmacológico recomendado para pacientes
com DRFC, por isso, considerado um
tratamento padrão ouro [38, 24].
9
Devido a problemas pulmonares e
gastrointestinais associados com FC, o
consumo
alimentar
pode
variar
tremendamente de dia para dia. A maioria dos
pacientes necessitará um regime flexível de
insulina, o qual é alcançado com terapia
intensiva, utilizando uma insulina de ação
rápida antes das refeições combinada com
carboidratos [24].
A glicose sangüínea capilar deveria
ser também checada mais cuidadosamente
durante uma infecção aguda e/ou durante o
tratamento de corticosteróide, pois tal estresse
pode causar a necessidade de aumento de
insulina [24], uma vez que nestas situações os
pacientes desenvolvem resistência insulínica
[20]
.
Hipoglicemiantes orais não são
recomendados para o tratamento do DRFC, a
não ser para pesquisas médicas [20].
Sulfoniluréia, por aumentar a secreção de
insulina, pode ser uma opção terapêutica nos
diabéticos que ainda possuam função de
células β [24]. Seus efeitos colaterais incluem
hipoglicemia, toxicidade hepática e inibição
da função do CFTR por acreditar-se ser esta
proteína um receptor para sulfoniluréia [24].
As glinidas, que também estimulam a
secreção insulínica, pode ser uma escolha
para pacientes sem hiperglicemia em jejum.
Seus principais efeitos adversos são
hipoglicemias leves, distúrbios visuais
transitórios e alterações gastrointestinais [20].
Quando comparada à insulina lispro, a
repaglinida foi menos eficaz em controlar a
glicemia pós-prandial [20].
Aumentar a resistência à insulina
poderia ser útil em pacientes com FC. No
entanto, as drogas disponíveis são associadas
com um risco significante na FC. Metformina,
cuja ação principal é reduzir a resistência
insulínica, é contra indicada por aumentar os
sintomas gastrointestinais e aumentar o risco
de acidose lática em pacientes com
insuficiência respiratória [20, 24].
As tiazolinedionas, que reduzem a
resistência insulínica periférica, têm elevado
grau de hepatotoxicidade, não sendo
recomendada para pacientes com FC, pois
estes têm freqüentes anormalidades hepáticas
[24]
. A acarbose, que reduz a glicemia pós-
prandial, está associada a efeitos adversos
gastrointestinais [20].
3. CONCLUSÃO
Devido ao aumento na longevidade
dos pacientes com fibrose cística, a DRFC se
tornou
uma
importante
complicação
extrapulmonar nestes pacientes. DRFC é uma
importante co-morbidade na FC. Pacientes do
sexo feminino, aumento da longevidade,
insuficiência
pancreática
exógena,
homozigoze para mutação ∆F508, infecções
pulmonares e corticoterapia têm maior risco
de desenvolver esta complicação. A
fisiopatologia do DRFC difere do diabetes
tipo 1 e tipo 2, sendo classificado como outro
tipo de diabetes, causado por lesão do
pâncreas exócrino. A insulinopenia é a
principal causa do DRFC, mas a resistência à
insulina também está presente em pacientes
com FC.
Entre as complicações do DRFC, as
nutricionais e respiratórias são as mais
importantes, a perda de peso, sem explicação,
é o sinal clínico mais freqüentemente
informado pelos pacientes antes do
diagnóstico confirmatório do DRFC. Os
pacientes com DRFC apresentam pior função
pulmonar e maior prevalência de bactérias
patogênicas. Com o início do DRFC, muitas
vezes insidioso, exames sistemáticos são
recomendados a partir dos 14 anos de idade
nos pacientes com FC. O teste oral de
tolerância à glicose é recomendado como
padrão ouro como teste diagnóstico para o
DRFC. O tratamento para diabetes
relacionado à fibrose cística deve controlar os
sintomas do diabetes e prevenir complicações.
A insulina é o único tratamento recomendado
para pacientes com DRFC. Com problemas
pulmonares e gastrointestinais associados
com FC, o consumo alimentar pode variar,
necessitando assim de um regime flexível de
insulina. Como diagnóstico do DRFC agrava
ainda mais a dificuldade do paciente em
conviver com a fibrose cística, o apoio
multidisciplinar é fundamental para auxiliar
na aceitação desse novo problema.
10
REFERÊNCIAS
[1] Santos GP, Domingos MT, Wittig EO,
Riedi CA, Rosário NA. Programa de triagem
neonatal para fibrose cística no estado do
Paraná: avaliação após 30 meses de sua
implantação.
Jornal
de
Pediatria
2005;81(3):240-244.
[2] Ravel R. Laboratório clínico – aplicações
clínicas dos dados laboratoriais. 6ª edição.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.
[3] Jay LM, Mateus H, Fonseca D, Restrepo
CM, Keyeux G. PCR-heterodúplex por
agrupamiento: implementación de un método
de identificación de portadores de la mutación
más común causal de fibrosis quística en
Colombia. Colombia Médica 2006;37(3):176182.
[4] Mishra A, Greaves R, Massie J. The
limitations of sweat electrolyte reference
intervals for the diagnosis of cystic fibrosis: a
systematic review. Clin Biochem Rev
2007;28:60-76.
[5] Faria EJ, Faria ICJ, Alvarez AE, Ribeiro
JD, Ribeiro AF, Bertuzzo CS. Associação
entre deficiência de alfa-1-antitripsina e a
gravidade da fibrose cística. Jornal de
Pediatria 2005;81(6):485-490.
[6] Burtis CA, Ashwood ER. Tietz –
Fundamentos de química clínica. 4ª edição.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
[7] Fagundes EDT, Roquete MLV, Penna FJ,
Reis FJC, Goulart EMA, Duque CG. Fatores
de risco da hepatopatia da fibrose cística.
Jornal de Pediatria 2005;81(6):478-484.
[8] Fagundes EDT, Roquete MLV, Penna FJ,
Reis FJC, Duque CG. Triagem diagnóstica da
hepatopatia da fibrose cística. Jornal de
Pediatria 2002;78(5):389-396.
[9] Ratjen F, Döring G. Cystic fibrosis.
Lancet 2003;361:681-689.
[10] Veja-Briceño LE, Sánchez I. Fibrosis
quística: actualización em sus aspectos
básicos. Revista Chilena
2005;76(5):464-470.
de
Pediatria
[11] Puljak L, Kilic G. Emerging roles of
chloride channels in human diseases.
Biochimica
et
Biophysica
Acta
2006;1762:404-413.
[12] Devlin TM. Manual de bioquímica com
correlações clínicas. 6ª edição. São Paulo: E.
Blücher, 2007.
[13] Berne RM, Levy MN, Koeppen BM,
Stanton BA. Fisiologia. 5ª edição. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2004.
[14] Smith C, Marks AD, Lieberman M.
Bioquímica médica básica de Marks – Uma
abordagem clínica. 2ª edição. Porto Alegre:
Artmed, 2007.
[15] Henry JB. Diagnósticos clínicos e
tratamento por métodos laboratoriais. 19ª
edição. São Paulo: Manole, 1999.
[16] Lehninger AL, Nelson DL, Cox MM.
Princípios de bioquímica. 4ª edição. São
Paulo: Sarvier, 2006.
[17] Sánchez I, Perret C, Kolbach M,
Schwerter MT, Quiroga T. Comparación entre
dos métodos de determinación del test del
sudor en el diagnóstico de la fibrosis quística.
Revista Chilena de Pediatria 1999;70(4):281287.
[18] Scotet V, Braekeleer M, Roussey M, et
al. Neonatal screening for cystic fibrosis in
Brittany, France: assessment of 10 years’
experience and impact on prenatal diagnosis.
Lancet 2000;356:789-794.
[19] Alvarez AE, Ribeiro AF, Hessel G,
Bertuzzo CS, Ribeiro JD. Fibrose Cística em
um centro de referência no Brasil:
características clínicas e laboratoriais de 104
pacientes e sua associação com o genótipo e a
gravidade da doença. Jornal de Pediatria
2004;80(5):371-379.
[20] Alves CAD, Aguiar RA, Alves AC,
Santana MA. Diabetes melito: uma
importante co-morbidade da fibrose cística.
11
Jornal
Brasileiro
2007;33(2):213-221.
de
Pneumologia
[21] Chakr VCBG, Silveira MR, Vendrusculo
FM, Leites GT, Donadio MVF, Paim TF,
Marostica PJC. Análise descritiva dos
pacientes
com
fibrose
cística
em
acompanhamento na unidade de pneumologia
Pediátrica de um hospital universitário em
Porto Alegre – RS. Scientia Medica
2006;16(3):103-108.
[22]
Manna
TD.
Avaliação
do
comprometimento endocrine do pancreas em
crianças e adolescentes portadores de fibrose
cística[Tese]. São Paulo (SP): Universidade
de São Paulo; 2005.
[23] Adler AI, Gunn E, Haworth CS, Bilton
D. Characteristics of adults with and without
cystic fibrosis-reated disbetes. Diabetic
Medicine 2007;24:1143-1148.
[24] Costa M, Potvin S, Berthiaume Y,
Gauthier L, Jeanneret A, Lavoie A, et al.
Diabetes: a major co-morbidity of cystic
fibrosis. Diabetes Metab 2005;31:221-232.
[25] Costa M, Potvin S, Hammana I, Malet A,
Berthiaume Y, Jeanneret A, et al. Increased
glucose excursion in cystic fibrosis and its
association with a worse clinical status.
Journal of Cystic Fibrosis 2007;2:376-383.
[26] Lee KMN, Miller RJH, Rosenberg FM,
Kreisman SH. Evaluation of glucose tolerance
in cystic fibrosis: Comparison of 50g and 75g
test. Journal of Cystic Fibrosis 2007;6:274276.
[27] Moran A, Hardin D, Rodman D, Allen
HF, Beall RJ, Borowitz D, et al. Diagnosis,
screening and management of cystic fibrosis
related diabetes mellitus. Diabetes Research
and Clinical Pratice 1999;45:61-73.
[28] Brennan AL, Gyi KM, Wood DM,
Johnson J, Holliman R, Baines DL, et al.
Airway glucose concentrations and effect on
growth of respiratory pathogens in cystic
fibrosis. Journal of Cystic Fibrosis
2007;6:101-109.
[29] Preumont V, Hermans MP, Buysschaert
M. Diabetes in cystic fibrosis: A 2008 state of
de art. Diabetesb & Metabolic Syndrome:
Clinical Research & Reviews 2008;2:77-80.
[30] Casas L, Berry DR, Logan K, Copeland
KC, Royall JA. Cystic fibrosis related
diabetes in an extremely young patient.
Journal of Cystic Fibrosis 2007;6:247-249.
[31] Elder DA, Wooldridge JL, Dorlan LM,
D'Alessio DA. Glucose Tolerance, Insulin
Secretion, and Insulin Sensitivity in Children
and Adolescents with Cystic Fibrosis and
Prior History of Diabetes. The Journal of
Pediatrics 2007;151:653-658.
[32] Lanng S. Glucose intolerance in cystic
fibrosis patients. Paediatric Respiratory
Reviews 2001;2:253-259.
[33] Bismuth E, Laborde K, Taupin P, Velho
G, Ribault V, Jennane F, et al. Glucose
Tolerence and Insulin Secretion, Morbidity,
and Death in Patients with Cystic Fibrosis.
The Journal of Pediatrics 2007;152:540-545.
[34] Hardin DS, Leblanc A, Marshall G,
Seilheimer DK. Mechanism of insulin
resistence in cystic fibrosis. Am J Physiol
Endocrinol Metab 2001;281:1022-1228.
[35] Brennan AL, Geddes DM, Gyi KM,
Baker EH. Clinical importance of cystic
fibrosis-related diabetes. Journal of Cystic
Fibrosis 2004;3:209-222.
[36] Brennan AL, Gyi KM, Wood DM,
Hodson ME, Geddes DM, Baker EH.
Relationship
between
glycosylated
haemoglobin and mean plasma glucose
concentration in cystic fibrosis. Journal of
Cystic Fibrosis 2006;2:27-31.
[37] Milla CE, Warwick WJ, Moran A.
Trends in pulmonary function in patients with
cystic fibrosis correlate with the degree of
glucose intolerance at baseline. Am J Resp
Crit Care Medicine 2000;162:891-895.
[38] Moran A, Milla C. Abnornal glucose
tolerance in cystic fibrosis: why should
patients be screened? The Journal of
Pediatrics 2003;142:97-99.
12
Download

Baixar este arquivo PDF