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Trabalho 2702 - 1/3
ISOIMUNIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA
CABRAL, Ana Cláudia Silva*
COSTA, Roberta Souza Dourado*
CARVALHO, Tattiana Dias de*
GONDIM, Emilainne Trindade Cavalcanti*
OLIVEIRA, Mayza Raphaella P. de**
PINTO, Jackeline Sammer Gomes*
RESUMO
INTRODUÇÃO: A isoimunização consiste na formação de anticorpos (Ac) contra
antígenos (Ag) provenientes de indivíduos da mesma espécie. Na gestação isso
ocorre quando há passagem transplacentária de hemácias fetais para a
circulação materna, desencadeando na gestante uma produção de anticorpos que
posteriormente causarão hemólise fetal¹, etiologia primária da doença hemolítica
do recém-nascido (DHRN). Existem vários tipos de incompatibilidade, dentre elas
a mais frequente é pelo sistema ABO, porém a que desencadeia maior risco de
isoimunização é pelo sistema Rh². Durante a gravidez, o tecido que separa os
vasos placentários (onde circula sangue do feto) do espaço interviloso (onde
circula sangue materno) vai diminuindo de espessura, permitindo que as trocas de
sangue entre mãe e feto aumentem até ao termo da gestação. A partir da 6ª
semana de gravidez, quando o feto Rh positivo começa a ter antígeno Rh em
circulação, é induzida a produção de anticorpos anti-D, nas grávidas Rh negativo,
ficando assim sensibilizadas³. Numa futura gestação, a consequência desta
sensibilização será a DHRN, situação responsável por uma morbi-mortalidade
perinatal significativa³. O mecanismo patogênico básico dessa doença é a
destruição de hemácias fetais Rh positivo por anticorpos maternos causando
anemia e podendo levar à morte4. A isoimunização materna é caracterizada pelo
desenvolvimento de anticorpos contra antígenos eritrocitários. O contato com
antígenos eritrocitários pode ocorrer em diversas situações clínicas ao longo da
vida:
hemoterapia
incompatível,
abortamento,
gravidez
ectópica,
doença
trofoblástica gestacional, hemorragias maternas na segunda metade da gestação,
procedimentos invasivos obstétricos e parto. Mesmo durante a gestação sem
intercorrências, pode haver hemorragia transplacentária feto-materna de volume
suficiente para promover a isoimunização4. Diante do exposto, identificou-se a
necessidade da gestante fazer o acompanhamento pré-natal desde o início da
* Graduandas do sétimo período do curso de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba.
** Graduanda do sétimo período do curso de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba e
pesquisadora vinculada ao CNPq, com endereço eletrônico, [email protected].
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Trabalho 2702 - 2/3
gravidez, realizando uma tipagem do grupo sanguíneo. Quando Rh negativas com
parceiros Rh positivos ou desconhecidos (deve-se considerá-lo como Rh
positivo), essas mulheres devem ser informadas das implicações em termos de
sensibilização e da importância de realizarem imunoprofilaxia5. Considerando a
relevância da temática para o exercício profissional da enfermagem é inegável a
contribuição deste trabalho para ampliação dos conhecimentos das autoras sobre
a referida temática, repercutindo na atuação dos profissionais de enfermagem,
como atores de transformação social. OBJETIVO: O objetivo desse trabalho é
relatar um estudo de caso e analisar os dados de acordo com a literatura
enfatizando a importância da prevenção da isoimunização, evitando-se assim a
doença hemolítica do recém-nascido. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo
exploratório descritivo, com abordagem qualitativa, realizado na clínica obstétrica
do Hospital Universitário Lauro Wanderley, João Pessoa-PB, onde foi analisada
uma puérpera com 30 anos, tipagem sanguínea O negativo, casada (parceiro A
positivo), com 5 gestações antecedentes, sendo o primeiro filho nascido de parto
eutócico, sangue
O positivo; na segunda gestação ocorreu abortamento; na
terceira gestação por intercorrência da sensibilização materna durante a primeira
gravidez, e pelo filho ser O positivo, o mesmo desenvolveu a doença hemolítica
do recém-nascido; já na quarta gravidez ocorreu novamente um abortamento,
neste caso gemelar; a quinta gestação foi interrompida com 34 semanas por uma
cesárea e o recém-nascido desenvolveu a DHRN por ter tipo sanguíneo A positivo
(Coombs direto positivo). CONCLUSÃO: Conclui-se que apesar da existência de
medidas preventivas, estas não estão sendo implementadas devido à falta de
informação dos profissionais de saúde e pelo alto custo da imunoprofilaxia. A
isoimunização deve ser um dos focos da atenção pré-natal, dada a importância de
se rastrear previamente possíveis gestantes com risco de tornar-se sensibilizada,
já que o tratamento está centrado na prevenção. Ao se identificar uma gestante
com tal risco devem-se adotar precauções necessárias para que ela não venha se
isoimunizar. Considerada a amplitude do papel do enfermeiro na prevenção da
isoimunização na gestação, percebe-se a importância da enfermagem desde a
atenção básica até o momento do parto.
Palavras - chave: Isoimunização, prevenção, gravidez.
* Graduandas do sétimo período do curso de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba.
** Graduanda do sétimo período do curso de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba e
pesquisadora vinculada ao CNPq, com endereço eletrônico, [email protected].
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Trabalho 2702 - 3/3
¹TAVEIRA, Marcos Roberto . Isoimunização. 2008. Disponível
<http://www.bibliomed.com.br/book/showdoc.cfm?
bookid=60&bookcatid=26&bookchptrid=1909>. Acesso em: 03.07.09
em:
²SLOTNICK, Robert Nathan. Manual de Obstetrícia: Isoimunização, 2008.
Disponível
em:
<http://www.bibliomed.com.br/book/showdoc.cfm?
bookid=62&bookcatid=26&bookchptrid=2016>. Acesso em: 03.07.09
³BRASIL, Ministerio da Saúde. Profilaxia da Isoimunização Rh. 2007. Disponível
em:<http://www.srsdocs.com/parcerias/normas/circulares/dgs/2007/profilaxia_isoi
munzacao.pdf>. Acesso em: 05.07.09.
4
LAGE, Eura Martins; CABRAL, Antônio Carlos Vieira; LEITE, Henrique Vitor.
Fluxo no ducto venoso e na veia cava inferior dos fetos em gestações
isoimunizadas. Rev. Assoc. Méd. Bras., 2006.
5
VICENTE, Lisa Ferreira; PINTO, Graça; SERRANO, Fátima; SOARES, Clara;
ALEGRIA, Ana Maria. Profilaxia da isoimunização RHD: uma proposta de
protocolo. Acta Médica Portuguesa. 2003; 16: 255-260. São Paulo.
* Graduandas do sétimo período do curso de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba.
** Graduanda do sétimo período do curso de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba e
pesquisadora vinculada ao CNPq, com endereço eletrônico, [email protected].
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