FREQUÊNCIA FENOTÍPICA DOS SISTEMAS: ABO E RH NA
POPULAÇÃO DA CIDADE DE XV DE NOVEMBRO – RS
SCHMITT, Bruna Aimée Meinen1; ROSS, Marcelo1; WASKOW, Gabriela1; VIEIRA, Aniúsca1, KORP, Joniel
Ricardo1; POZZATO, Rafael1; DAHLEM, Rodolfo1.
COSER, Janaina2
Palavras-Chave: Grupos sanguíneos. Anticorpos. Frequência fenotípica.
Introdução
Existem quatro grupos sanguíneos: A, B, AB e O que constituem o Sistema ABO. Em
1900 Landsteiner descreveu os grupos sanguíneos A, B e O em 1902 o grupo AB foi descrito pela
primeira vez por De Costello e Starli. A descoberta do sistema Rh foi no ano de 1940 por
Landsteiner e Wiener (BORDIN et al., 2006).
Esta técnica tem como princípio, a utilização de reagentes monoclonais que se ligam as
hemácias e provocam uma aglutinação visível. Os reagentes causam aglutinação direta
macroscópica das hemácias que carregam os antígenos correspondentes. As hemácias que
possuem o antígeno B se aglutinam quando misturadas ao reagente Anti-B e as hemácias que
possuem o antígeno A se aglutinam quando misturadas ao reagente Anti-A (BEIGUELMAN,
2003 apud BARBOSA; CUNHA-LAURA, 2006).
A tipagem sanguínea tem importante papel nas transfusões de sangue, pois os grupos
ABO e Rh podem desencadear incompatibilidade e levar o paciente a óbito. A reação imunológica
na questão transfusional ABO é dependente de anticorpos formados naturalmente pelo indivíduo
contra seus grupos não compatíveis, no caso do fator Rh, a formação desses anticorpos depende
de prévia sensibilização (BEIGUELMAN, 2003 apud BARBOSA; CUNHA-LAURA, 2006).
Outro grande papel da tipagem sanguínea é na prevenção ou tratamento precoce da doença
hemolítica perinatal (DHPN), o que ocorre nesta doença é uma sensibilização materna (mãe Rh
negativo) desencadeando anticorpos anti-D que atravessam a barreira placentária e destroem as
hemácias fetais Rh positivas. A doença hemolítica perinatal ou eritroblastose fetal, apresentou
uma das maiores taxas de mortalidade no período neonatal até a descoberta e o tratamento
profilático dessas gestantes com a gamaglobulina anti-D (PASTORE, 2006).
1
Alunos do Curso de Biomedicina da Unicruz. E-mail:[email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected].
2
Biomédica, Docente do Curso de Biomedicina da Unicruz. E-mail:
[email protected]
A atividade de tipagem sanguínea foi uma proposta do Projeto Solidariedade em
Ação, desenvolvido no Município com o objetivo de vivenciar a cidadania por meio da
participação social, no exercício dos direitos e deveres sociais. Neste contexto, o curso de
Biomedicina, através do seu projeto de extensão “Biomedicina em Ação”, oportunizou à
comunidade escolar do Município de Quinze de Novembro, bem como a população em geral,
a realização de exames de tipagem sanguínea com o objetivo de sanar a dúvida que muitas
pessoas têm, sobre o tipo de sangue que possui. Além disso, objetivou-se avaliar a
distribuição dos grupos sanguíneos eritrocitários, do sistema ABO e Rh em indivíduos desta
cidade, determinando a frequência fenotípica dos grupos sanguíneos.
Materiais e Métodos
A investigação dos grupos sanguíneos, do sistema ABO e Rh foi feita na cidade de
Quinze de Novembro, RS. Segundo Silva (2010), as origens históricas do atual município de
Quinze de Novembro remontam ao final do século XIX e início do século XX, período que
abrange os anos compreendidos entre 1896 e 1914. A colônia teve como seu fundador Alberto
Schmidt e foi povoada por alemães, que se dedicaram à agricultura e a pequenas indústrias.
Possui uma população de 3.564 habitantes. Os dados foram coletados pelos alunos do curso
de Biomedicina no dia 07 de agosto deste ano, sob orientação e supervisão de um profissional
responsável. A amostra foi composta por 166 (4,93% da população) indivíduos residentes
nesta cidade sendo 69 (41,57%) homens e 97 (58,43%) mulheres. A pesquisa dos antígenos
eritrocitários do sistema ABO, foi feita com os anti-soros anti-A e Anti-B e os grupos
sanguíneos do sistema Rh foram pesquisados com o emprego do soro anti-soro anti-D. A
metodologia utilizada foi a de tipagem em lâmina, com observação a olho nu, para verificar a
ausência ou presença de antígenos, através da aglutinação provocada pelo complexo antígenoanticorpo.
Resultados
Nesta pesquisa foram encontrados 71(42,77%) indivíduos pertencentes ao grupo
sanguíneo “A”, 22 (13,23%) do grupo sanguíneo “B”, 6 (3,61%) do grupo sanguíneo “AB” e
67 (40,36%) pertencentes ao grupo “O”, como se pode observar na figura 1. Em relação ao
fator Rh 148 (89,16%) indivíduos da amostra apresentaram fator Rh positivo e 18 (10,84%)
Rh negatiuvo, esta relação pode ser observada na figura 2.
Figura 1: Frequência fenotípica do sistema ABO na cidade de Quinze de Novembro
AB
4%
A
A
43%
O
40%
B
O
AB
B
13%
Figura 2: Frequências fenotípicas do fator Rh na cidade na cidade de Quinze de Novembro
NEGATIVO
11%
POSITIVO
NEGATIVO
POSITIVO
89%
A alta incidência de sangue tipo “O” encontrada em nossa pesquisa corrobora com a
que, Novaretti e colaboradores (2000) encontraram em seus estudos na cidade de São Paulo,
onde a frequência do grupo “O” em indivíduos caucasoides foi de 46,52%. A frequência de
Rh negativos (10,84%) encontrada neste estudo está de acordo com a literatura, foi encontrada
semelhante frequência por VENTURELLI E MORAES (1986), quando 9,88% dos indivíduos
caucasóides possuíam fator Rh negativos. Na figura 3 podemos observar que os grupos
predominantes são os tipos “O” e “A” Rh positivos.
Figura 3: Frequência dos grupos sanguíneos encontrados na amostra na cidade de Quinze
Novembro
45
40
39,76
35,54
35
30
25
20
15
10,84
10
4,82
3,01
5
2,41
3,01
B-
AB+
0,6
0
O+
O-
A+
A-
B+
AB-
Conclusão
Após levantamento realizado, verificou-se que 80% dos alunos das escolas públicas do
Município de Quinze de Novembro, nunca realizaram exames de sangue referentes à
identificação de Grupo sanguíneo, considerando que saber o tipo de sangue é fundamental nos
casos de transfusão. Verificou-se também nesta pesquisa uma alta incidência do tipo
sanguíneo “O”, na população desta cidade, que pode ser justificada por sua origem alemã, ou
pelo fato da cidade ter se originado de uma colônia com número reduzido de famílias.
Referências
BEIGUELMAN, B. Os Sistemas Sanguíneos Eritrocitários. FUNPEC – Editora, Ribeirão
Preto- SP, 3ª Edição, 234p, 2003.
BORDIN, J.O., COVAS, D.T., LANGHI JÚNIOR, D.M. Hemoterapia: Fundamentos e
Prática. Atheneu, 1ª Edição, 658p, 2006.
COLAGROSSI, P. B.F.; CUNHA-LAURA, A.L.; ZORZATTO, J.R. Hemosul De Campo
Grande, Ms - Levantamento Do Perfil Socioeconômico, Cultural, Tipagem Abo E Do
Fator Rh Dos Doadores De Sangue: Ensaios e Ciência, Vol. 10, Núm. 1, abril-sin mes,
2006, pp. 75-87.
PASTORE, A.R. Dopplervelocimetria da artéria cerebral média fetal: o divisor de águas
no diagnóstico da anemia fetal. Radiologia Brasileira, São Paulo, 39 (1): III 2006.
SILVA,
C.C.
IBGE
-
Histórico:
Quinze
De
Novembro.
Disponível<
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/historicos_cidades/historico_conteudo.php?codmun=43153
5> Acesso em: 24 set 2010
NOVARETTI M..C.Z.et al. Estudo de grupos sanguíneos em doadores de sangue
caucasoides e negroides na cidade de São Paulo. Rev.bras.hematol.hemoter.São Paulo,
22(1):23-32, 2000
VENTURELLI, L.E.; MORAES, M.H.B. Frequências gênicas dos Sistemas ABO, MNSs e
Rh em caucasoides e negroides da cidade de Campinas, SP. Rev. Brasil. Genet. IX, 1, 179185 (1986)
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