HEMOCENTRO DE CAMPINAS
Serviço de Transfusão do Laboratório de Compatibilidade
2010
A amostra e a requisição transfusional: o primeiro passo antes de inicar os testes
imunohematológicos de uma rotina transfusional....
A conferência das amostras e dos pedidos...
Aceitar se:
- Corresponder ao impresso padronizado para o procedimento solicitado:
Requisição de Procedimento Transfusional - Impresso gráfico
Apresentar campos obrigatórios preenchidos e legíveis (caneta esferográfica azul ou preta):
- Nome do paciente completo e sem abreviações;
- Número de registro hospitalar;
- Localização: hospital, enfermaria e leito;
- Sexo, idade, peso;
- Diagnóstico, indicação de transfusão (deve conter os resultados de exames laboratoriais:
concentrado de hemácias = HB; concentrado de plaquetas = contagem plaquetas; plasma fresco
congelado = RNI);
- Rotina para atendimento (programada, rotina, urgência ou emergência);
- Componente e quantidade ou volume desejado;
- Data, nome / assinatura do médico e CRM;
- Não estiver rasurada e/ou carbonada;
As amostras usadas para os testes transfusionais, devem ser coletadas para este fim específico. Aceitar
as amostras, se forem obedecidos todos os critérios abaixo relacionados:
- Cada amostra deve estar rotulada individualmente (uma etiqueta para cada tubo) e a
identificação deve estar legível;
- O rótulo da amostra deve estar com nome e registro do paciente concordantes com os que
constam na RPT;
O rótulo da amostra deve conter a data da coleta da amostra e o nome de quem coletou .
01 tubo de sangue coletado com anticoagulante (tubo para tipagem)
01 tubo de sangue coletado sem anticoagulante (tubo seco)
Se:
Qualquer um dos critérios não estiverem conformes com os estabelecidos acima:
Reter a amostra não conforme no laboratório,(em local devidamente especificado),devolver a
RPT e solicitar novas amostras;
Assim que chegar as novas amostras solicitadas (e estando conformes com os critérios de
aceitação, desprezar amostras não conformes.)
*Modelo do impresso e amostras
TESTES IMUNOHEMATOLÓGICOS
PRÉ- TRANSFUSIONAIS
Os testes imunhematológicos pré- transfusionais, tem por finalidade assegurar os melhores
resultados possíveis de uma transfusão sanguínea, propiciando a máxima segurança ao
paciente e prevenção de reações transfusionais hemolíticas.
Quais os testes imunohematológicos obrigatórios na rotina transfusional?
O serviço de hemoterapia deve realizar os testes imunohematológicos pré-transfusionais,
segundo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, sendo obrigatórios:
- Tipagem ABO / Rh;
- Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI);
- Prova de compatibilidade;
- Reclassificação ABO/Rh do doador e receptor.
É fundamental o acompanhamento das publicações do Ministério da Saúde com as normas
técnicas que definem os critérios para a atividade hemoterápica no Brasil.
Quais os procedimentos básicos necessários antes de executar os testes imunohematológicos?
1- Limpe a bancada e providencie todos os materiais e equipamentos necessários para a realização do
teste.
2- Antes de iniciar o procedimento, verifique se os equipamentos estão em condições adequadas para
uso.
3- Organize a bancada;
4- Retire os reagentes utilizados em cada teste da geladeira e verifique se eles estão em condições de
uso e o prazo da validade, pois reagentes vencidos possibilitam resultados falso- positivo e falsonegativo.
5- Faça a inspeção visual dos reagentes de hemácias observando se existe hemólise, grumos,
alteração de cor, pois qualquer alteração torna o reagente impróprio para o uso;
6- Confira a amostra e o pedido transfusional e inicie a rotina seguindo os procedimentos
detalhados de cada teste.
Não se esqueçam de identificar os tubos...
Atenção: Proteja-se dos riscos de contaminação, para isso utilize sempre equipamentos de proteção
individual (avental, luvas, óculos e máscara ou protetor facial) e manipule as amostras como material
potencialmente infectante.
Classificação para os Sistemas ABO/Rh
Por que o sistema ABO é considerado o mais importante na medicina transfusional?
A importância do sistema ABO na prática transfusional está relacionada à gravidade das reações
transfusionais hemolíticas devido à presença regular no plasma do receptor de anticorpos "naturais"
contra os antígenos A e B.
Os anticorpos "naturais" causam hemólise predominantemente intravascular
podendo levar o receptor à morte.
Qual a importância do sistema Rh?
O sistema Rh é o maior e mais complexo sistema de grupos sangüíneos, representando um dos
sistemas de maior interesse clínico, por seu envolvimento na doença hemolítica perinatal, reações
transfusionais hemolíticas e nas anemias hemolíticas auto-imunes.
Os principais antígenos do Sistema Rh são: D, C/c, E/e. Esses cinco antígenos são os que mais
induzem a produção dos anticorpos que estão relacionados com a maioria dos problemas associados a
aloimunização por transfusão e gestação.
Quais as provas realizadas para definir a tipagem ABO?
A tipagem ABO é definida através das provas direta e reversa. Na prova direta pesquisa-se os
antígenos do sistema ABO que estão presentes nas hemácias do indivíduo, enquanto que, na
prova reversa procura-se determinar os anticorpos do sistema ABO que estão presentes no soro
ou no plasma do indivíduo.
PROCEDIMENTOS PARA TIPAGEM ABO/ RH
O procedimento de tipagem ABO/Rh determina o grupo sangüíneo ABO/Rh em
doadores de sangue, gestantes, recém-nascidos e pacientes.
DESCRIÇÃO DA TÉCNICA:
1- Identificar um tubo com o número da amostra do paciente e preparar uma suspensão de
hemácias a 5% (19 gotas de salina + 1 gota do concentrado de hemácia).
2- Identificar 7 tubos com o número da amostra do paciente e as seguintes identificações –
AntiAB, AntiA, AntiB, AntiD, Controle(Ctrl), ReversaA (RA), RervesaB(RB).
3- Colocar uma gota dos anti-soros correspondentes Anti-AB, Anti-A, Anti-B, Anti-Rho(D), Ctrl
Rh em cada tubo.
4- Adicionar uma gota da suspensão de hemácias do paciente aos tubos com os anti-soros.
5- Nos tubos RA e RB, colocar duas gotas de soro/plasma em cada e adicionar uma gota de
suspensão do reagente de hemácias A1 e B, respectivamente.
6- Homogeneizar todos os tubos e centrifugá-los por 15 segundos de 3000 a 3600 rpm. Agitar
levemente os tubos, realizando a leitura, um a um, sobre um fundo branco ou aglutinoscópio. Ler
e anotar a intensidade da aglutinação (de 0 a 4+).
7- Comparar os resultados de aglutinação obtidos nas provas direta e reversa e classificá-los
conforme tabela abaixo:
Prova Direta
AB
+
+
+
+
+
+
O
O
A
+
+
O
O
+
+
O
O
B
O
O
+
+
+
+
O
O
Reversa
D
+
O
+
O
+
O
+
O
C. Rh
O
O
O
O
O
O
O
O
HA1
O
O
+
+
O
O
+
+
= A+
= B+
= O+
HB
+
+
O
O
O
O
+
+
Interpretação
A+
AB+
BAB +
AB O+
O-
= AB+
= OObservações: os resultados das provas direta e reversa devem ser concordantes, caso eles se
apresentem discrepante, deve-se repetir o procedimento completo. Se a discrepância não for
solucionada, comunicar o laboratório de referência.
O controle (-C) do reagente deve ser feito em paralelo com o teste de tipagem Rh
(inclusive ambos deverão ser do mesmo fabricante), para evitar falsos resultados Rh positivos. Se
o controle for positivo, o resultado da tipagem Rh deve ser revisto. Normalmente indivíduos que
possuem anticorpos aderidos às hemácias (Coombs Direto positivo) apresentam controles
positivos.
As amostras com discrepância ABO deverão ser encaminhadas aos centros de pesquisa.
Em relação ao Rh, os indivíduos podem ser: Rh positivo/ Rh negativo CDE positivo/ Rh
negativo CDE negativo.
À todos os resultados de Tipagem Rh “D” negativo se aplica a pesquisa de “D fraco”.
INVESTIGAÇÃO DO ANTÍGENO D FRACO
A pesquisa do antígeno D fraco é realizada em amostras que apresentam reações fracas/nulas
em testes de aglutinação direta com soro anti-D.
O antígeno D fraco se apresenta como uma expressão enfraquecida de D, reagindo de maneira
variável com os antisoros anti-D comerciais. Ele normalmente é determinado através do teste indireto
da antiglobulina humana (AGH).
DESCRIÇÃO DA TÉCNICA:
1- Rotular 3 tubos: anti-D, anti-CDE, anti-Ctrh (anotar em cada tubo o número da amostra do
paciente);
2- Colocar uma gota da suspensão a 5% (a mesma suspensão preparada para a determinação do
grupo sanguíneo) nos tubos e adicionar 1 gota dos soros correspondentes;
3- Homogeneizar e centrifugar os tubos por 15 segundos (3000 a 3600 rpm);
4- Agitar levemente os tubos, realizando a leitura, um a um, sobre um fundo branco ou
aglutinoscópio;
5- Ler e anotar a intensidade da aglutinação (de 0 a 4+).
6- Em seguida, incubar todos os tubos a 37oC durante 20 minutos ou conforme instrução de cada
fabricante do reagente;
7- Lavar 3 vezes em salina e decantar totalmente o sobrenadante;
8- Adicionar 1 gota de soro anti-IgG e centrifugar por 15 segundos de 3000 a 3600 rpm;
9- Agitar levemente os tubos, realizando a leitura, um a um, sobre um fundo branco ou
aglutinoscópio. Ler e anotar a intensidade da aglutinação (de 0 a 4+);
10- Interpretar resultados conforme a tabela.
Anti- CDE
0
+
+
*
Anti-D
0
0
+
*
Controle Rh
0
0
0
+
Resultado
Rh- CDE- DFRh- CDE+ DFRh+
Teste inválido
Realizar o controle de coombs aos tubos com resultados negativos, adicionando 1 gota de
Controcel. Centrifugar por 15 segundos de 3000 a 3600 rpm. Ler e observar se houve
aglutinação. Este procedimento é obrigatório a presença de aglutinação, pois significa que o soro
antiglobulina está reagindo.
Observações: as reações positivas têm geralmente intensidade de aglutinação de 2+ ou mais. Se
ocorrer reação mais fraca, outros estudos (utilização de uma bateria de soros anti-D policlonais e
monoclonais de lotes e procedências diferentes, adsorção ou eluição) precisam ser realizados
antes da conclusão final.
Os resultados positivos no anti-D são considerado como "D fraco". O antígeno Rh “D
fraco” deve ser interpretado como Rh positivo.
Quando o controle do Rh se apresentar positivo, o teste não pode ser interpretado e um
teste de coombs direto deve ser realizado.
“Se a tipagem Rh do receptor não puder ser definida e a transfusão for essencial, deve ser
administrado sangue Rh negativo”.
PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES
(PAI OU COOMBS INDIRETO)
O P.A.I. tem como objetivo pesquisar no soro do paciente a presença de aloanticorpos
irregulares voltados contra antígenos clinicamente significantes de importância
transfusional e/ou gestacional.
Os anticorpos clinicamente significantes são os anticorpos contra antígenos eritrocitários
(principalmente contra os sistemas Rh, Kell, Duffy, Kidd, Lewis, MNSs), estando eles associados
à diminuição da sobrevida de hemácias transfundidas e à reações transfusionais.
A PAI pode impedir de um receptor com um anticorpo clinicamente significante seja
transfundido com hemácias que apresentam o antígeno correspondente. Esta técnica deve ser feita
no soro de todos os pacientes antes de qualquer transfusão.
As técnicas de rotina normalmente utilizadas podem ser realizadas em tubo ou gel e em
diferentes meios como LISS, PEG e ENZIMAS, os quais têm por finalidade aumentar a
sensibilidade do teste.
Geralmente, a detecção de anticorpos é realizada testando o soro do paciente contra 2 e/ou
3 células de hemácias de reagentes de doadores fenotipados para a maioria dos antígenos comuns,
preparadas comercialmente.
P.A.I. em Polietilenoglicol - (Bio PEG®) - tubo
Bio PEG® (polietilenoglicol) é uma macromolécula que retira a água do meio de suspensão
das hemácias permitindo uma maior concentração dos anticorpos ao redor das hemácias em
suspensão, favorecendo a aglutinação.
DESCRIÇÃO DA TÉCNICA:
1- Marcar dois tubos: I, II (ambos devem ser identificados com o número da amostra teste);
2- Em cada tubo, adicionar 2 gotas de soro do paciente + 1 gota do reagente de hemácia de
triagem I e II, respectivamente;
3- Acrescentar 2 gotas de Bio PEG®, homogeneizar e não centrifugar;
4- Incubar a 370C por 15 minutos;
5- NÃO centrifugar (pois este potencializador forma um precipitado de proteínas que impede a
observação da aglutinação antes da lavagem);
6- Lavar as hemácias 3 vezes com salina (sempre que desprezar os sobrenadantes, agitar os tubos
para que ocorra o desprendimento total do botão formado no fundo do tubo; só depois acrescentar
novamente a salina);
7- Decantar completamente o sobrenadante final, desprender o botão formado e adicionar 1 gota
de soro antigamaglobulina anti-IgG;
8- Homogeneizar e centrifugar por 15 segundos a 3400 rpm;
9- Examinar a aglutinação das hemácias e registrar os resultados de acordo com a ausência ou
presença de aglutinação, anotando sempre a intensidade de aglutinação.
Ao resultado negativo é preciso realizar a validação da reação com controle de Coombs:
- Controle de Coombs positivo valida o resultado negativo da PAI;
- Controle de Coombs negativo invalida a reação e indica que o resultado da PAI é falsonegativo. Nesse caso é preciso repetir a PAI.
Os testes positivos devem ser encaminhados para laboratório especializado para
realização da identificação(s) do(s) anticorpo(s). Neste caso, a transfusão de hemácias deve ser
célula antígeno(s) - negativo(s) para o anticorpo identificado.
Não se esquecer... ao encaminhar as amostras para o laboratório especializado, enviar também o
histórico do paciente (idade, diagnóstico, antecedentes transfusionais, gestação/aborto,
medicação, etc.);
Observações: para se evitar reações falso-positivas é melhor utilizar o soro Anti-IgG do que o
soro antiglobulina poliespecífico.
TESTE DIRETO DA ANTIGLOBULINA (TDA) ou COOMBS DIRETO
O TDA tem por finalidade a detecção de anticorpos ou componentes do complemento
fixados às hemácias “in vivo” ou “in vitro".
DESCRIÇÃO DA TÉCNICA:
1- Lavar as hemácias teste 3 à 4 vezes em salina preparar uma suspensão de 3 à 5% em salina.
2- Identificar dois tubos ( IgG, Poli) e acrescentar 1 gota de suspensão de hemácias em cada tubo;
3- Adicionar de 1 a 2 gotas do soro antiglobulina correspondente a cada tubo;
4- Misturar e centrifugar de 3000 a 3600 rpm por 15-20 segundos;
5- Ressuspender gentilmente e examinar a aglutinação. Registrar os resultados.
Quando o Coombs direto for negativo com a leitura imediata, deixar 15 minutos em
temperatura ambiente, centrifugar e ler novamente.
Os resultados negativos deverão ser confirmados adicionando o controle de Coombs,
centrifugando e observando a aglutinação:
- controle de Coombs positivo valida o resultado negativo do Coombs direto;
- controle de Coombs negativo invalida a reação e indica que o resultado do Coombs
direto é falso-negativo. Neste caso é necessário repetir a técnica.
Os testes positivos devem ser encaminhados para laboratório especializado para realização de
estudos. A presença de aglutinação indica que as hemácias podem estar sensibilizadas por
anticorpos ou por componentes do complemento. Para se definir a especificidade do anticorpo
deve ser aplicado testes de eluição.
Observação:
As amostras de sangue de cordão devem ser lavadas 6-8 vezes antes da realização do
TDA, para a retirada da geléia de Wharton que pode interferir no resultado do teste.
PROVA DE COMPATIBILIDADE (PROVA CRUZADA)
A prova de compatibilidade consiste na mistura do soro do receptor com as hemácias do
doador, com a finalidade de investigar no soro ou plasma do receptor, a presença de
anticorpos contra os antígenos de grupos sangüíneos presentes nas hemácias do doador.
Qual a importância da realização da Prova Cruzada na rotina pré-transfusional?
A Prova Cruzada é importante porque é através dela que se pode detectar:
- Erros nas tipagens ABO do doador e do receptor;
- Anticorpos irregulares clinicamente significantes não detectados na PAI do receptor;
- Anticorpos contra antígenos de baixa freqüência presentes nas hemácias do doador.
A prova cruzada não previne a imunização, nem acusa todos os erros de tipagem.
Determinações erradas de tipagem ABO geralmente resultarão em prova cruzada incompatível
devido às isoaglutininas naturais (A e B), mas em relação ao sistema Rh, isto naturalmente não
acontece. Por isso, o sangue de um doador Rh positivo tipado erroneamente como Rh negativo,
será “compatível” com um paciente Rh negativo resultando em aloimunização ao antígeno D,
devido à alta antigenicidade do antígeno D.
A prova cruzada, assim como a PAI, pode ser realizada com a adição de substâncias
potencializadoras. Geralmente utiliza-se solução de PEG a 20%.
Quais os procedimentos para a realização da prova cruzada com Bio PEG® a 20%?
Etapa 1 (fase temperatura ambiente):
1- Retirar da câmara de conservação o CH que deverá ser cruzado com o receptor;
2- Homogeneizar com muito cuidado o sangue contido no espaguete, evitando assim, os coágulos
e amostra hemolisada;
3- Retirar uma amostra de hemácias do segmento do espaguete do CH e colocar em um tubo de
ensaio devidamente identificado;
4- Lavar as hemácias 3 vezes em salina 0,9% (Teste de Hemólise), decantando bem o
sobrenadante da última lavagem;
5- Fazer uma suspensão aproximadamente 5%;
6- Identificar o tubo de ensaio onde será realizada a Prova de Compatibilidade;
7- Colocar no tubo 2 gotas de soro do paciente e 1 gota da suspensão de hemácias do CH;
8- Centrifugar por 15 segundos à 3000 rpm;
9- Realizar a Leitura Imediata da reação para descartar a imcompatibilidade ABO;
A observação de aglutinação ou hemólise, resultado positivo, indica a presença de anticorpo
frio na amostra ou erro de classificação ABO do doador ou receptor.
Etapa 2 (fase da AGH - teste indireto):
1- Acrescentar ao tubo 2 gotas de Bio PEG®;
2- Homogeneizar e incubar 37ºC por 15 minutos;
3- Lavar 3 vezes em salina 0,9% decantando muito bem o sobrenadante da última lavagem;
4- Acrescentar no tubo 1 gota de Soro de Coombs e homogeneizar;
5- Centrifugar por 15 segundos à 3000 rpm;
6- Realizar a Leitura final da Prova de Compatibilidade;
Resolvendo incompatibilidade na Prova Cruzada:
Um resultado positivo na prova cruzada requer maiores estudos, sendo que o paciente não deverá
ser transfundido até que a causa da incompatibilidade tenha sido completamente esclarecida.
As principais causas dos resultados positivos em uma prova cruzada são:
* Tipagem ABO incorreta do paciente ou doador;
* Aloanticorpo no soro do paciente reagindo com antígeno correspondente nas hemácias do
doador;
* Autoanticorpo no soro do paciente que reage com antígeno correspondente nos eritrócitos
doadores;
* Anticorpos aderidos aos eritrócitos do doador;
* Anormalidades no soro do paciente;
* Contaminação dos reagentes, amostras, vidrarias.
RECLASSIFICAÇÃO ABO/RHO (D) DO DOADOR E RECEPTOR
O elo final da cadeia de eventos que conduz a uma transfusão segura é o restabelecimento
da identidade do doador e o receptor através de uma rápida reclassificação ABO/RH do paciente
e doador (no caso de Concentrado de Hemácias), evitando a incompatibilidade ABO. A redeterminação do grupo sanguíneo do paciente deverá acontecer a cada nova transfusão e não
apenas quando é colhido nova amostra.
ORIENTAÇÕES IMPORTANTES
INTERPRETAÇÃO DAS REAÇÕES DE AGLUTINAÇÃO
Todas as reações devem ser graduadas de acordo com um sistema padrão familiar a todos
aqueles que trabalham no laboratório.
Intensidade
4+
3+
2+
1+
(+)
0
Sistema de Graduação Numérico para Hemaglutinação:
Aglutinação macroscópica
Aglutinação microscópica
Aglutinação completa
nenhuma hemácia livre
Aglutinação quase completa
grandes aglutinados
aglutinação forte
grandes e pequenos aglutinados com
hemácias livres
pequenas aglutinações
numerosos aglutinados com hemácias
livres
pequenos aglutinados granulares
nenhum aglutinado presente
ausência de aglutinação
nenhum aglutinado presente
TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS (CH)
Armazenamento: 2oC a 6oC em câmaras de conservação específicas para esta finalidade.
Lembrando: todo concentrado de hemácias que for ser transfundido, deve-se realizar a
redeterminação do grupo sanguíneo do concentrado de hemácia e a prova de compatibilidade
(amostra do concentrado de hemácia x soro do paciente).
Para realizar a prova de compatibilidade, selecionar e preparar bolsas de sangue do
mesmo grupo sanguíneo do paciente ou compatível. Sempre observar a data de coleta e de
validade do rótulo do CH, e também realizar o teste de hemólise no concentrado de hemácia
(após a terceira lavagem com soro fisiológico, o sobrenadante deverá ser límpido).
A transfusão só deverá ser liberada se os testes forem concordantes e a prova de
compatibilidade for negativa.
Caso o sangue ABO-específico não estiver disponível, grupos sangüíneos alternativos
podem ser escolhidos conforme o quadro a seguir:
Escolha de grupos sangüíneos alternativos quando doadores ABO idênticos não estão disponíveis
GRUPO SANGUÍNEO DO
GRUPO SANGUÍNEO
HEMOLISINA A e B
PACIENTE
ALTERNATIVO
(para CH)
O
não existe
A
O
A negativa
B
O
B negativa
AB
A, B e O
A e B negativas
OBS: Paciente Rh negativo, sempre transfundir Rh negativo.....
TRANSFUSÃO DE PLASMA FRESCO CONGELADO (PFC)
Armazenamento: < -20 à -30oC em câmaras de conservação específicas para esta
finalidade. Deverá ser descongelado à 37oC e protegido da exposição da água do banho-maria
O PFC apresenta três funções básicas: manter o efeito oncótico do sangue, mediar a
coagulação e fibrinólise e propriedades anti-sépticas.
Para fins transfusionais, selecionar plasma do doador do mesmo grupo sanguíneo do
paciente receptor (não é obrigatório ser do mesmo Rh).
TRANSFUSÃO DE CRIOPRECIPITADO
Armazenamento: < -20 à -30oC em câmaras de conservação específicas para esta
finalidade. Deverá ser descongelado à 37oC (protegido da exposição da água do banho-maria) e
administrado em até 2 horas após o descongelamento.
Suas principais funções são reposições de fibrinogênio, fator VIII e fator XIII.
Não é necessário seguir a tipagem ABO/ Rh do paciente, exceto em recém nascidos,
crianças e mulheres em idade fértil (nestes casos, deve ser ABO compatíveis).
TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS
Armazenamento: à temperatura ambiente (20oC a 24oC) em agitação contínua.
Procura-se selecionar plaquetas do mesmo grupo sanguíneo do paciente.
TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES IRRADIADOS
O uso de hemocomponentes celulares irradiados tem por finalidade inativar células
imunocompetentes viáveis dos CHs e CPs para evitar a doença do transplante versus hospedeiro
associada à transfusão.
A irradiação está indicada para pacientes com imunodeficiências congênitas do tipo
celular (exemplos: hipoplasia de timo, síndrome de di George), transfusões intra-uterinas,
transfusões de recém nascidos (RNs) prematuros (menos de 28 semanas e/ ou < 1500g), exsanguíneotransfusões de RNs, paciente após início de condicionamento para transplante de
medula óssea (TMO) até a completa suspensão da imunossupressão, pacientes portadores de
anemia aplásica, pacientes em quimioterapia, pacientes pós transplante de órgãos sólidos (rim,
fígado, coração, pulmão).
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
Equipamentos para conservação:
As câmaras de conservação em que se armazenam os hemocomponentes devem ser apropriados
para esta finalidade e ser de uso exclusivo. Em serviços de pequeno porte, é permitido a
utilização da mesma câmara de conservação para o armazenamento dos hemocomponentes e de
reagentes e amostras envolvidos nos testes pré- transfusionais. Nestas situações, a localização e
identificação dos compartimentos devem ser evidentes e distintas dentro da câmara.
Liberação de sangue para transfusão:
A etiqueta de liberação do hemocomponente que será transfundido, deve conter: nome completo
do paciente, registro do paciente, enfermaria, leito, tipagem ABO/ Rh do receptor, número da
bolsa do hemocomponente com sua tipagem ABO/ Rh, resultado da conclusão do teste de
compatibilidade, data e nome do responsável pela realização dos testes pré- transfusionais e pela
liberação.
Hemocomponentes preparados mas não transfundidos- reintegração ao estoque
Estes hemocomponentes podem ser integrados ao estoque se as condições de transporte e
armazenamento forem conhecidas e adequadas devendo, os mesmos, serem submetidos à
inspeção visual antes da reintegração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Manual de Orientações em Hemoterapia- Hemocentro de Campinas. Versão 2008.
Patrícia T. Pisciotto,MD. Terapêutica Transfusional para médicos. 3a ed. AABB (Associação
Americana de Bancos de Sangue). 1993.
Guia para uso de hemocomponentes. Ministério da Saúde.Brasília, 2009.
Immunohematology Methods and Procedures. First Edition. 1993 by The American National
Red Cross.
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