CRÉDITO DE CARBONO E GERAÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL A
PARTIR DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: UM ESTUDO PARA
MARINGÁ/PR
Rodrigo Azeredo de Oliveira (PIBIC/CNPq-Fundação Araucária), Ricardo
Luis Lopes (Orientador), e-mail: [email protected].
Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Ciências
Econômicas/Maringá, PR.
Economia, Economia dos Recursos Naturais.
Palavras-chave: Crédito de Carbono, Potencial Energético, Resíduos
Sólidos Urbanos.
Resumo:
O presente estudo tem como objetivo avaliar o potencial energético
proveniente do lixo urbano do município de Maringá/PR e estimar a receita
com a venda dos créditos de carbono. O estudo utilizou a metodologia
desenvolvida pela Agência de Proteção Ambiental Americana e os
resultados revelam que o potencial é de 0,65 MW por ano. A receita mínima,
proveniente dos créditos de carbono, é de aproximadamente R$8,5 milhões.
Conclui-se que o projeto resulta em benefícios para a sociedade, o meio
ambiente e a economia da região.
Introdução
A presente pesquisa insere-se na discussão sobre desenvolvimento
sustentável e mudanças climáticas e prevê alternativas para mitigar as
emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE), trazendo benefícios sociais,
econômicos e ambientais. As mudanças climáticas têm como principal
causa, as emissões antrópicas e desenfreadas dos GEE. Os principais GEE
são: gás carbônico (CO2), clorofluorcarbonos (CFCs), gás metano (CH4) e o
óxido de nitrogênio (N2O).
Diante deste cenário, o estudo enfatiza, especificamente, o gás
metano. Dentre as principais fontes emissoras desse gás, destaca-se o lixo
urbano, acumulado nos aterros sanitários e lixões das cidades. A
decomposição da matéria orgânica desses resíduos libera grandes volumes
desse gás, que além de intensificar as mudanças climáticas, quando não
tratado da forma adequada pode acarretar em problemas sociais,
ambientais, e principalmente de saúde pública.
O tratamento adequado do lixo urbano enfrenta alguns desafios, tais
como os altos custos de investimento em infra-estrutura, saneamento básico
e, principalmente, o desenvolvimento de novas tecnologias. Por falta desses
recursos e por deficiências de organização administrativa, o lixo urbano
acaba sendo despejado de forma indevida, contaminando a água, o solo e a
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atmosfera, por meio do chorume (líquido percolado do aterro) e da liberação
do gás metano.
Neste contexto, a diversificação da matriz energética brasileira por
meio de fontes alternativas de energia passou a ser estratégica para
minimizar as emissões dos GEE. Assim, com o intuito de mitigar essas
emissões e sanar o problema do acúmulo e disposição dos resíduos sólidos
urbanos (RSU), existe a possibilidade de aproveitamento do gás metano
para fins energéticos. Ao captar o gás metano do lixo e transformá-lo em
energia temos uma alternativa para mitigar as emissões de GEE e
conseqüentemente combater as mudanças climáticas, além de melhorar o
saneamento das cidades.
A simples queima do biogás nos flares (queimadores) e o posterior
uso para a produção de energia elétrica possibilitam que os projetos dessa
natureza sejam inseridos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL). Dessa forma, estes empreendimentos são passíveis de
geração de Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) que, no mercado de
carbono, além de gerar divisas, poderá incrementar a taxa de atratividade do
investimento em questão.
Surge à importância do estudo elucidar os aspectos econômicos
destes projetos, uma vez que muitos ainda impõem barreiras financeiras
para investir em energias renováveis, e ilustrar alguns empreendimentos
nacionais e internacionais e suas conseqüências sociais, ambientais e
econômicas para a comunidade e região. Por esses e outros motivos,
pretende-se promover o reaproveitamento dos RSU, a fim de gerar energia
renovável.
Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo principal estimar o
potencial energético contido no aterro sanitário do Município de Maringá-PR
e, posteriormente, estimar os ganhos econômicos provenientes da venda
dos créditos de carbono. A conclusão que será apresentada não é uma
análise de viabilidade econômica do projeto em questão, mas sim,
resultados e estimativas que serão indispensáveis e poderão embasar e
justificar a realização de uma futura análise de viabilidade econômica para o
projeto.
Materiais e métodos
A pesquisa será conduzida segundo um modelo descritivo, ou seja,
destinado a descrever idéias, fenômenos, processos, analisando suas
características, organização e relações entre o objeto investigado e as
variáveis que interferem no seu acontecer.
Primeiramente, será realizado um levantamento bibliográfico sobre o
assunto, por meio do uso de livros, manuais, trabalhos científicos e internet,
a fim de dar um suporte teórico para a pesquisa. Em seguida, será feito um
levantamento sobre o problema supracitado da pesquisa e, após a coleta e
análise de dados secundários, a pesquisa será redigida e concluída.
A ferramenta escolhida para a confecção dos cálculos, gráficos e
tabelas deste estudo é o software “BIOGÁS – Geração e Uso Energético –
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aterro versão 1.0”. O programa desenvolvido pelo Governo do Estado de
São Paulo, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e da
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) em parceria
com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) emprega o modelo
matemático usado pela USEPA. A partir do uso do software, pretende-se
estimar a geração do gás metano, em seguida o potencial energético do
antigo aterro sanitário de Maringá, e por fim, a receita com a geração dos
créditos de carbono.
A estimativa calculada é válida para os resíduos sólidos urbanos
depositados a partir de 1973 até 2009, ano em que o aterro municipal foi
fechado. Após o cálculo, obtiveram-se os resultados almejados.
Resultados e Discussão
Em simulação realizada para um projeto de MDL compreendido entre 2010 a
2019, isto é, disponibilidade de 10 anos de aproveitamento de energia, a
potência de energia elétrica disponível é de 0,65 MW ao ano. Esta potência
disponível a partir do lixo urbano é equivalente ao consumo energético de
2.355 domicílios por ano.
A estimativa do ganho econômico proveniente dos créditos de
carbono revela que no mesmo período as emissões evitadas foram de
301.379 toneladas de carbono equivalente (t.CO2- eq.) a partir da queima do
gás metano, e 14.256 (t.CO2-eq.) oriunda da transformação do gás em
eletricidade. Portanto, dado que 1 RCE é equivalente a 1 (t.CO2-eq) ,o total
de RCEs foi de 315.635, distribuídos no período de 2010 a 2019. Dessa
forma, os possíveis ganhos de divisas no mercado de carbono com o preço
da tonelada de carbono mínimo de €12,00 é de R$8.484.269,00. Caso o
preço seja de €16,00 por tonelada, a renda possível será de
R$11.312.358,00.
Conclusões
Diante do exposto, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
demonstra ser uma importante fonte de recurso para o projeto em questão,
sendo responsável pela elevação da taxa de atratividade do investimento.
Contudo, como os investimentos necessários para a geração de energia em
aterros sanitários são muito elevados, somente será viável a geração de
energia caso esta possa ser vendida a um preço suficiente para suprir os
custos de investimento e operação. Caso contrário, deve-se realizar apenas
a queima do gás metano, a fim de obter as receitas com os créditos de
carbono.
Portanto, no contexto das atuais mudanças climáticas, em conjunto
com a crescente geração de resíduos sólidos urbanos nas cidades, o
presente estudo apresentou uma alternativa a fim de contribuir com o
desenvolvimento sustentável. A procura por fontes “limpas” de energia vem
crescendo e o lixo urbano apresenta ser uma possível fonte energética, além
de ser eliminado o passivo ambiental.
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Os projetos de geração de energia renovável a partir dos resíduos
sólidos urbanos acarretam diversos benefícios para a sociedade, para o
meio ambiente e para a economia da região. No âmbito ambiental, a
captação do biogás para fins energéticos reduz a geração de chorume no
aterro sanitário e contribui para a diminuição das emissões dos GEE.
A sociedade também é beneficiada, pois transformar o lixo em
energia é uma forma de melhorar o saneamento das cidades e diminuir os
problemas de saúde pública associado às doenças ao redor dos lixões e
aterros. No âmbito econômico, ocorre o aumento da renda, com a geração
de impostos, elevam-se os investimentos privados, geram empregos e
amplia-se a diversidade e segurança do abastecimento de eletricidade,
contribuindo para a redução das importações de combustíveis.
Cabe ressaltar que empreendimentos desta natureza geram
benefícios de oportunidade, ou seja, a prefeitura ou iniciativa privada que
conduzir o aterro e a geração de energia pode aproveitá-la em indústrias,
serviços públicos, pólos industriais, de acordo com suas necessidades e
fazendo um planejamento racional de seu uso.
Assim, aconselha-se uma análise prévia de viabilidade econômica a
fim de obter os benefícios mencionados anteriormente. As políticas e
incentivos públicos, aliados a uma gestão integrada dos resíduos sólidos
urbanos é de fundamental importância para o sucesso do empreendimento
em questão.
Referências
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Doutorado. Programa de pós- graduação em Engenharia de Energia da
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Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.