EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A REUTILIZAÇÃO DO ÓLEO DE
COZINHA NA PRODUÇÃO DE SABÃO –
PROJETO “ECOLIMPO”
LOPES, Roberta Cristina – Univille
[email protected]
BALDIN, Nelma - Univille
[email protected]
Área Temática: Diversidade e Inclusão
Agência Financiadora: Associação São Francisco do Futuro (Agenda 21)
Resumo
O Projeto “Educação Ambiental para a Reutilização do Óleo de Cozinha na Produção de
Sabão” – Projeto “ECOLIMPO” foi criado em 2007 na Escola Básica Municipal CAIC Irmã
Joaquina Busarello de São Francisco do Sul – Santa Catarina, a partir de experiências tidas
pelos alunos e professores na disciplina Ciências, tendo, como objetivo geral “evitar a
poluição dos ecossistemas aquáticos, considerando-se que um litro de óleo polui um milhão
de litros de água; evitar o lançamento do gás metano na atmosfera (segundo gás que mais
polui a camada de ozônio) e, principalmente, incluir os estudantes nesse processo, para que
possam trocar informações, facilitando, assim, o ensino e a socialização”. O óleo de cozinha
quando jogado no meio ambiente apresenta alta poluição. Se o produto for para as redes de
esgoto encarece o tratamento dos resíduos e o que permanece nos rios provoca a
impermeabilização dos leitos e terrenos, o que possibilita a ocorrência das enchentes. A
solução para este problema é a reciclagem do óleo vegetal. E existem várias maneiras de
reaproveitar esse produto sem dar prejuízos ao meio ambiente. Nessa direção, o projeto,
respaldado na metodologia qualitativa, tem como foco de atuação a pesquisa participante, ou
seja, professor e aluno participam ativamente no combate à devastação ambiental produzindo
o sabão “ecolimpo” advindo do óleo de cozinha usado, coletado junto à comunidade. Os
resultados obtidos, até o momento, referem-se à inclusão dos jovens - até para o trabalho, em
torno da temática ambiental, principalmente a partir da ampliação das discussões junto à
comunidade onde está sendo executado o Projeto. Ainda, de ações de Educação Ambiental
implantadas nas escolas municipais sobre as consequências que o óleo de cozinha jogado
indistintamente no meio ambiente pode trazer para o nosso planeta.
Palavras-chave: Óleo de cozinha usado. Produção de sabão ecológico. Educação Ambiental.
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Introdução
A água é o bem mais precioso que temos, porém está se tornando um recurso finito
para o mundo. Foi por meio do projeto “Educação Ambiental para a Reutilização do Óleo de
Cozinha na Produção de Sabão” – Projeto “ECOLIMPO”, que alunos e professores,
juntamente com a comunidade presente no entorno de cada escola pública municipal de São
Francisco do Sul – SC, contribuíram e ainda contribuem para a preservação da água e
combate ao Aquecimento Global.
Por ser menos denso que a água, o óleo de cozinha forma uma película sobre a mesma,
o que provoca a retenção de sólidos, entupimentos e problemas de drenagem quando
colocados nas redes coletoras de esgoto. Nos arroios e rios, a película formada pelo óleo de
cozinha dificulta a troca de gases entre a água e a atmosfera, causando a morte de peixes e
outros seres vivos que necessitam de oxigênio. O óleo de cozinha jogado diretamente na pia
pode prejudicar o meio ambiente. Se o produto for para as redes de esgoto encarece o
tratamento dos resíduos em até 45% e o que permanece nos rios provoca a impermeabilização
dos leitos e terrenos, o que contribui para que ocorram as enchentes. A solução para este
problema é a reciclagem do óleo vegetal. E existem várias maneiras de reaproveitar esse
produto sem dar prejuízos ao meio ambiente.
Quem lida diariamente com grandes quantidades de óleo de cozinha muitas vezes tem
dificuldades para descartá-lo. A simples atitude de não jogar o óleo de cozinha usado
diretamente no lixo ou no ralo da pia pode contribuir para diminuir o aquecimento global e
proteger as águas dos rios. A decomposição do óleo de cozinha emite gás metano na
atmosfera. O Metano é um dos principais gases que causam o efeito estufa que contribui para
o aquecimento da Terra, pois o óleo de cozinha que muitas vezes vai para o ralo da pia acaba
chegando aos oceanos pelas redes de esgoto. Em contato com a água do mar, esse resíduo
líquido passa por reações químicas que resultam em emissão de metano. Assim, no mar,
acaba ocorrendo a decomposição e a geração do metano, através de uma reação anaeróbica
(sem ar) de bactérias.
Nesse encaminhamento, há de se considerar que por trás do trabalho do professor em
cada escola do mundo estão séculos de reflexão sobre o ofício de educar. Antes mesmo de
existirem as escolas a educação já era assunto de pensadores. Sendo assim, sabe-se que a
educação poderá contribuir para que essa produção desenfreada de gás metano seja reduzida.
E, em especial, essa será uma tarefa da Educação Ambiental, a qual vem estimulando, ao
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longo do tempo, a esperança daqueles que desejam construir um mundo mais harmônico e
mais coerente com as necessidades, possibilidades e desejos reais de cada povo.
Trabalhar com o Projeto “Educação Ambiental para a Reutilização do Óleo de
Cozinha na Produção de Sabão” – Projeto “ECOLIMPO” nas escolas faz gerar agentes
fortalecedores no combate a devastação ambiental e, principalmente, indivíduos com visões
de mundo menos consumistas e mais comprometidos em ajudar a natureza, uma vez que o
compromisso, o conhecimento e a sabedoria dos professores inspiram, nos seus alunos,
admiração e amor pelo Planeta Terra.
Cabe ressaltar que a educação inclusiva é um dos focos principais do projeto, pois este
busca constituir um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos,
que conjuga a igualdade e diferença como valores indissociáveis e que avança em relação à
idéia de equidade formal.
A educação inclusiva não destina-se apenas para os alunos com deficiência, mas sim,
para todos os alunos da escola, pois devemos proporcionar apoio sem segregar, e é através do
Projeto “Educação Ambiental para a Reutilização do Óleo de Cozinha na Produção de Sabão”
– Projeto “ECOLIMPO”, que diversos alunos interagem com a sociedade e o meio ambiente,
trabalhando em grupos.
Relato sobre a experiência - a prática do Projeto
A aplicação do Projeto possibilitou a percepção, com mais clareza, do potencial de
mobilização da juventude em torno da temática ambiental (óleo de cozinha = sabão
“ECOLIMPO”), principalmente a partir da ampliação das discussões e de ações implantadas
nas escolas municipais sobre o fato das consequencias que o óleo de cozinha jogado no meio
ambiente pode trazer para o nosso planeta. Assim, a medida foi a de se tomar uma simples
atitude de reutilizar o óleo de cozinha para fazer sabão. Essa atitude pode salvar milhões de
litros de água, sendo que um litro de óleo polui um milhão de litros de água.
O projeto “Educação Ambiental para a Reutilização do Óleo de Cozinha na Produção
de Sabão” – Projeto “ECOLIMPO” foi criado em 2007 na Escola Básica Municipal CAIC
Irmã Joaquina Busarello de São Francisco do Sul – Santa Catarina, a partir de experiências
tidas pelos alunos e professores na disciplina Ciências.
Assim, a contar dessas iniciativas das aulas de Ciências todos os anos realiza-se, na
cidade, um Concurso Escolar contendo temas socioambientais e vale informar que foi via o
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sétimo concurso que tinha como tema “Aquecimento Global: essa febre tem remédio”, que
teve inicio a idéia de um projeto de Educação Ambiental para a reutilização do óleo de
cozinha na produção de sabão. Em sala de aula, juntamente com os alunos da escola
iniciadora do projeto discutiu-se sobre a questão do óleo de cozinha no meio ambiente.
Conforme argumentava-se sobre o assunto, iam surgindo idéias dos alunos e uma das mais
interessantes foi a de produzir o sabão com o óleo de cozinha usado. Essa campanha de
reciclar óleo de cozinha usado foi tão intensa na cidade que o Projeto foi parar na locução da
rádio local e pessoas da comunidade iam até a escola levar óleo de cozinha usado para a
implementação do projeto. Estabeleceu-se, então, uma troca: as pessoas levavam o óleo e
saiam com sabão nas mãos para uso em casa.
E assim, na continuidade da execução do projeto, em outubro de 2007 a referida
Escola Básica Municipal CAIC Irmã Joaquina Busarello recebeu o prêmio de melhor
“Campanha e Projeto do Concurso Escolar Vega do Sul”. Vale informar que a Empresa
Arcelor Mittal Vega do Sul, localizada em São Francisco do Sul/SC, é uma das mais
modernas unidades de transformação de aços planos do mundo, operando com avançados
processos de decapagem, laminação a frio e galvanização. A empresa processa bobinas a
quente fornecidas pela ArcelorMittal Tubarão, em Vitória/ES, que são transportadas por meio
de um inovador sistema de barcaças oceânicas. Tem capacidade de produção de 880 mil
toneladas de aço por ano entre laminados a frio e galvanizados, destinados principalmente às
indústrias de automóveis e de eletrodomésticos, à produção de tubos e à construção civil. A
empresa é fruto de um investimento de US$ 420 milhões, o maior investimento privado da
história de Santa Catarina, e gera, no Condomínio Vega, cerca de 900 empregos. A
inauguração oficial foi em 27 de abril de 2004 e fez parte das comemorações dos 500 anos de
descobrimento de São Francisco do Sul. Desde 2001 a referida empresa promove no
município de São Francisco do Sul um Concurso Escolar (com premiação) que tem como
objetivo despertar a conscientização sobre diferentes temas ambientais entre os estudantes do
ensino fundamental da cidade. E foi esse prêmio, portanto, aquele vencido pelo projeto aqui
relatado.
Em vista do recebimento de tal prêmio, o sonho da escola ampliou-se. A partir daí,
queríamos ir mais longe. A professora responsável pelo projeto procurou então a Associação
São Francisco do Futuro (Agenda 21) para conseguir patrocínio para o iniciante “projeto do
sabão” (como ficou conhecido o projeto na cidade). Para tanto, montou-se um relatório
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contendo as informações sobre como estava então o andamento do projeto, levantando-se
pontos objetivos considerados importantes, tais como:
•
Evitar a poluição dos ecossistemas aquáticos; pois 1 litro de óleo de cozinha
polui 1 milhão de litros de água;
•
Conscientizar sobre o aquecimento global;
•
Possibilitar Educação Ambiental nas escolas de ensino fundamental de São
Francisco do Sul;
•
Colaborar para que São Francisco do Sul seja referência em projetos
envolvendo a Educação Ambiental.
Com essas metas traçadas, o projeto “Educação Ambiental para a Reutilização do
Óleo de Cozinha na Produção de Sabão” foi aceito para ser patrocinado pela “Agenda 21” do
município de São Francisco do Sul a qual é, hoje, uma das parceiras na execução do projeto.
Um aluno da escola CAIC, de nome Pablo Pereira, batizou o projeto com o nome de
Projeto “ECOLIMPO” e esse título, incorporado ao nome original do projeto, é, hoje, a sua
maior identificação: Projeto “ECOLIMPO” de São Francisco do Sul.
Atualmente, para que o Projeto continue a todo vapor, a equipe responsável está
percorrendo todas as escolas municipais de São Francisco do Sul, buscando divulgar os seus
objetivos a outros alunos e ensinando sobre a produção do sabão a jovens e pessoas da
comunidade em oficinas no Laboratório de Ciências da escola CAIC. A partir dessa iniciativa,
essas pessoas também passam a produzir o sabão ecológico “ECOLIMPO”.
A escola está orgulhosa por saber que fazendo sabão está contribuindo com a
sustentabilidade do município, tentando provocar uma mudança nos hábitos das famílias da
comunidade por meio da Educação Ambiental numa busca para despertar-lhes a consciência
ecológica com vistas à sustentabilidade. Além, ainda, da possibilidade de ser esta uma forma
de adquirir renda extra para o auxílio das despesas da família para muitos dos alunos
envolvidos com o projeto. Em outras palavras, possibilita-se, nesse caso, a inclusão social
dessas pessoas e famílias.
Pode-se dizer que todos os professores têm um papel importante na vida de seus
alunos pois à medida que mostramos a eles o quão importante é valorizar o meio ambiente e o
ser humano com projetos que desenvolvam suas habilidades, essas ações poderão influir
decididamente formando cidadãos conscientes dos seus direitos e de seus deveres na
sociedade.
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Sabemos que a escola é a porta de entrada para o futuro de uma criança, pois quem
tem muito pouco, ou quase nada, merece que a escola lhe abra horizontes (BAETA, 2002). O
projeto “Educação Ambiental para a Reutilização de Óleo de Cozinha na Produção de Sabão”
– Projeto “ECOLIMPO” oferece aos jovens com idade entre 14 e 17 anos uma oportunidade
de aprender a produzir o sabão ecológico, estando esses no laboratório de Ciências, onde irão
manusear equipamentos de uso laboratorial (vidrarias, pipetas, pissetes, tubo de ensaio,
erlenmeyer entre outros) e trajar EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual: luvas, óculos
de proteção, jaleco e máscara). Assim, o projeto pode alcançar a sua meta, ou seja,
desencadear, nesses alunos, a sensibilização pelos problemas ambientais que estão ocorrendo
no mundo, bem como possibilitar-lhes a aprendizagem de um ofício e uma futura fonte de
renda profissional.
Como se lê em Boff (2004), a Educação Ambiental vem se tornando essencial para a
população na medida em que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social,
cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza.
Assim, ela deve orientar-se para a comunidade na proposta traduzida na frase expressa pelo
Relatório Brundtland (1998): “Pensamento global e ação local”.
Segundo Reigota (2004), é por meio da Educação Ambiental em todos os níveis
sociais, intelectuais, técnicos e científicos que podemos atingir a meta do desenvolvimento
sustentável, criando condições para a sobrevivência futura. Nesse sentido, a atuação
individual do ser humano se somará coletiva na busca de soluções para os problemas
ambientais e sociais que hoje se somam, tendo em vista que conscientemente se percebe as
conseqüências da degradação ambiental.
O sábio chinês Confúcio, que viveu a mais de cinco mil anos atrás, já ensinava que se
alguém quisesse mudar o mundo, teria de começar por si próprio, pois mudando a si próprio
sua casa mudaria. E que mudando sua casa, a rua mudaria. Mudando a rua, o bairro mudaria.
Mudando o bairro, mudaria o município e assim por diante, até chegar a mudar o mundo.
Considerações Finais
Atuar com a temática ambiental exige olhares mais atentos a princípios e orientações
gerais, além de se constituir num processo de engajamento social, político, cultural e ético.
Há inúmeros desafios na atualidade e muitos outros que virão pela frente, o que
exigirá de cada cidadão e cidadã maior preparação para o enfrentamento dessa conjuntura
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planetária que cada vez mais vem sendo percebida a partir das questões locais. Perceber como
a juventude brasileira vem se envolvendo nesse debate é mais do que identificar a chegada de
novos sujeitos em um campo aparentemente novo e enigmático, é encará-los como um
segmento, diverso entre si que trás consigo uma série de significados, valores, experiências,
habilidades e pensamentos próprios. Traz consigo formas peculiares de se organizar e de atuar
em prol do tema.
As chamadas gerações do futuro vêm sentindo na pele os efeitos dos processos de
degradação socioambiental do planeta no tempo atual. É no presente que os jovens, mais do
que perceber e constatar, podem interferir nesses problemas ou contribuir para sua
manutenção, agravamento ou superação.
Sendo assim, foi de importância chamar a atenção das pessoas do município de São
Francisco do Sul para a questão ambiental que está inserida em cada momento das nossas
vidas. E com esses resultados, entende-se, portanto, que os alunos que participam do projeto
“Educação Ambiental para a Reutilização do Óleo de Cozinha na Produção de Sabão” –
Projeto “ECOLIMPO” sintam-se motivados com o trabalho. Tanto que escreveram o poema e
também criaram a música Preservando São Francisco do Sul (abaixo), com o objetivo de
chamar a atenção da sociedade sobre os problemas de degradação ambiental que enfrentamos.
MÚSICA: Preservando São Francisco do Sul
Autoria: alunos da Escola de Educação Básica Municipal CAIC “Irmã Joaquina
Busarello” - São Francisco do Sul/SC
Vamos viver em união
Combatendo a poluição
São Francisco do Sul um doce olhar
Cidade querida vamos cuidar
O que adianta eu combater a poluição
Se não tenho cuidado com a preservação
Por isso vamos cuidar, vamos preservar
São Francisco vai ficar muito contente
De saber que nós lutamos pelo ambiente
São Francisco vai se alegrar
São Francisco do Sul, vamos cuidar
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O óleo que polui o mar
As folhas murchas no jardim
Se eu começar a preservar
Vou fazer bem também pra mim
Cidade de amor e de esperança
Cidade de muitas lembranças
Cidade querida de muito amor de um brotinho pequeno
Nasce uma grande flor
Vamos cuidar, vamos preservar
A São Francisco iremos ajudar
Eu preservo o ambiente venha você também preservar
REFERÊNCIAS
BAETA, Anna Maria Bianchini (org). Educação Ambiental: repensando o espaço da
cidadania. São Paulo: Cortez, 2002.
BRUNDTLAND, Gro Harlem. Nosso futuro em comum: Discurso/Relatório da Ex-Primeira
Ministra da Noruega. Pronunciado na 51 World Health Meeting. Genebra, 13 de maio de
1998.
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 11ª ed. Petrópolis RJ:Vozes, 2004.
REIGOTA, Marcos. Meio Ambiente e representação social. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2004.
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