CULTURA E POLÍTICA NA REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA: VISÃO
PANORÂMICA SOBRE O V.12, N.23/24 DE 1992.
Autor: Arthur Luduvig de FLÓRIO
Orientador: Prof. Me. Rafael Cardoso de MELLO
Apresentação
Na historiografia brasileira nota-se uma mudança contínua referente aos
conceitos Política e Cultura. A escolha da Revista Brasileira de História como objeto de
pesquisa foi na intenção de observar em como foram tratados esses dois conceitos na
época e considerar comparativamente o que é produzido na atualidade. Vários autores
se dedicaram ao estudo desses termos propostos, nos quais hoje são referências para
os estudantes da ciência História.
A proposta da linha de pesquisa do PIC (Programa de Iniciação Científica) do
Centro Universitário Barão de Mauá - “Teorias Científicas e bases epistemológicas” tem
como interesse promover uma pesquisa de caráter investigativo, de forma a revisar os
estudos que já foram apresentados nas áreas das ciências humanas. A escolha da
Revista Brasileira de História (RBH), que é o principal veículo de comunicação da
ANPUH (Associação Nacional dos Professores Universitário de História) onde são
divulgados os trabalhos mais recentes da área, acontece por conta de que o Centro
Universitário Barão de Mauá tem a intenção de analisar e compreender os novos
estudos que se sucedem e são publicados pelos principais nomes da historiografia
nacional através do principal meio de comunicação dos historiadores (ROSA, et al,
2013).
Compreendemos que a ciência História nos últimos dois séculos passou por
transformações consideráveis, por exemplo, a compreensão do passado por intermédio
dos historiadores “metódicos”, “marxistas” e/ou defensores das perspectivas francesas
do movimentos dos Annales. Nesse sentido, os conceitos “cultura” e “política”
passaram por compreensões diferentes. No século XIX, política (ou História Política)
era a principal maneira de se produzir passado, se observarmos as narrativas
positivistas, já o mesmo não se pode dizer quando da comparação dos trabalhos dos
annalistes (BOURDÉ; MARTIN, s/d; BURKE,1997). Quando do entendimento da
cultura e de como se opera tal perspectiva no passado, os historiadores franceses se
debruçavam em aspectos religiosos, cotidianos, antropológicos, descaracterizando o
campo político como principal. Portanto, uma trajetória complexa se articula na
apresentação de termos como “cultura” e “política”, e no ano de 1992, a RBH se
aventurou em problematizar o campo intersticial dos universos culturais e políticos que
envolveram homens e mulheres do passado tanto na história quanto no “fazer história”
(DE CERTEAU, 1982).
A intenção do trabalho é a divulgação em eventos acadêmicos, como a Semana
de História do Centro Universitário Barão de Mauá de forma a contribuir e enaltecer o
nome do PIC e transmitir as interpretações obtidas a partir das análises, juntamente
com o orientador, baseando-se em historiadores referenciados na atualidade. Para que
assim possa-se legitimar o nome da instituição, do projeto e acarretar publicações que
possam contribuir com a historiografia nacional, alavancando o pesquisador e
orientador.
Justificativa
Ter contato com a revista brasileira de história na qual reflete o que se produziu
referente aos termos Política e Cultura, por historiadores “referência” no Brasil e no
mundo, faz com que o trabalho possa ser apresentado em eventos voltados a este
tema e para públicos que possam fazer uso das análises tanto quantitativas, presentes
neste trabalho, quanto as qualitativas, que seguem no futuro de nossa programação
para a conclusão desta pesquisa.
Tais conceitos carregam um valor especial para o historiador, pois sendo
professores e/ou pesquisadores, irão se deparar a tais termos que os ajudarão nos
seus futuros trabalhos. Também, na historiografia são conceitos que sofreram diversas
mudanças em seus sentidos para o historiador, por conta de contextos sócio históricos
que são utilizados e carecem de maiores estudos a respeito, para que não se caia em
interpretações menos profundas como armadilhas provenientes do senso comum.
A oportunidade de estudar “política” e “cultura” no campo da historiografia, fará
com que um estudo mais aprofundado permita a aplicação dos mesmos no plano
acadêmico mais cautelosa e, portanto, mais embasada e justificada a partir dos artigos
lidos e consultados.
Também contribui com a divulgação de pesquisa que compreende a
necessidade de instigar a investigação historiográfica e evitar a negligencia da
complexidade de conceitos importantes como estes citados, contribuindo assim com a
minha formação docente e com a qualidade das (minhas) pesquisas futuras.
Objetivos
Desta maneira, pretendemos ao final da pesquisa tecer uma interpretação de
como a RBH contribuiu com as visões sobre os conceitos “política” e “cultura”; obter
maior experiência em pesquisa por meio do contato com textos acadêmicos
especializados; participar de eventos (na qualidade de ouvinte e comunicador), levando
a pesquisa e seus desdobramentos para outros pares.
Para a Semana de História do Centro Universitário Barão de Mauá a intenção é
divulgar o que já foi concluído do projeto de pesquisa, sendo assim transmitir os
resultados quantitativos e antecipar alguns dados e análises qualitativas. Munido de
uma apresentação em gráficos, para melhor visualização dos aspectos quantitativos da
pesquisa, este texto visa considerar a respeito dos resultados parciais de nossa
investigação.
Material e método
Elegemos para o presente estudo um único exemplar da Revista Brasileira de
História. Será o volume 12, número 23/24, publicado em 1992. Ele existe no formato
físico
e
também
digital
(http://www.anpuh.org/revistabrasileira/view?ID_REVISTA_BRASILEIRA=18).
A análise da RBH será pautada tanto pela perspectiva quantitativa quanto pela
qualitativa. Entendemos que a identificação dos autores, por intermédio de seus
currículos lattes foi o primeiro passo da empreitada a fim de compreender quem
escreve para a revista brasileira de história e a quais instituições estes autores estão
ligados. Logo foi estabelecido dados quantitativos conclusivos, para a apresentação no
evento da Semana de História do Centro Universitário Barão de Mauá.
Um mapear dos autores nos permitirá conhecer quais são os intelectuais que
publicam seus escritos em tal periódico. Aspectos como formação, titulação, número de
artigos publicados antes de 1992, que tipo de pesquisas fizeram; são questões
exploradas e que contribuíram minuciosamente para as interpretações deste trabalho.
Posteriormente, entendemos que a leitura crítica dos textos nos permitirá
compreender qual a perspectiva que cada autor carrega sobre o conceito de “Política” e
sobre o conceito de “cultura”. Faremos comparações acerca das propostas e
tomaremos estas comparações como produto de nossa análise qualitativa,
possibilitando uma compreensão para além do conceito, e sim, para os usos (e de
usos) dos mesmos.
Desenvolvimento e resultados
A pesquisa passou por varias etapas. A principio, entramos em contato com a
RBH em leitura e fichamento de todos os artigos. Levantamos os autores e as
instituições que os mesmos declararam estar vinculados, após este passo,
identificamos a abordagem dos conceitos de “cultura” e “politica” em cada artigo. As
análises quantitativas das primeiras investigações estão dispostas nos gráficos abaixo:
A partir destas informações podemos identificar a presença de certas instituições
atreladas aos autores que, de maneira indiciária, nos serve como ponto de partida para
alguns apontamentos. Entendemos que a RBH no V.12, n.23/24, do ano de 1992,
privilegiou instituições como a USP, a UNICAMP e outras IES estrangeiras. Ao passo
que universidades brasileiras como a UNESP, PUC, UFPE, UFPR, UFF e outras, se
fizeram presentes de forma menor.
Quanto a observação das regiões e da presença de historiadores e intelectuais
que as representam, desta vez, observamos a maciça contribuição das regiões sul e
sudeste do Brasil em comparação com as demais. Notamos a inexistência da
contemplação de regiões como norte e centro-oeste, assim como também percebemos
a presença significativa de artigos internacionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Posto que este texto resumo tem como objetivo trazer o atual estado da
pesquisa, nos felicitamos em destacar os aspectos quantitativos de nossa investigação.
Porem, dado os indícios fortes daquilo que destacamos, podemos considerar que a
RBH se faz como um “lugar social” (DE CERTEAU, 1982) de privilegio para os autores
vinculados a um grupo de instituições e não outros. Tal afirmação será melhor
verificada na observação das demais pesquisas em andamento no mesmo projeto.
Desde já nossa pesquisa levanta tal comportamento e fica na expectativa de novos
questionamentos e dos novos dados que serão computados diante do término da
pesquisa qualitativa (em andamento).
REFERÊNCIAS
BOURDÉ, G.; MARTIN, H. As escolas históricas. Portugal: Europa-América, (s/d),
pp.13-27.
BURKE, P. A escola dos Annales (1929/1989): a revolução francesa da historiografia.
São Paulo: UNESP, 1997.
DE CERTEAU, M. A operação historiográfica. In: ___. A escrita da História. Rio de.
Janeiro: Forense, 1982.
REIS, J. C. O lugar da teoria-metodologia na cultura-história. Revista de Teoria da
História. Ano 3, Número 6, dez/2011 Universidade Federal de Goiás, pp 04-26.
ROSA, L. R. O. (et al.) Teorias Científicas e bases epistemológicas das Ciências
Humanas. Projeto interdisciplinar apresentado ao PIC-Programa de Iniciação Científica
do Centro Universitário Barão de Mauá. Centro Universitário Barão de Mauá: Ribeirão
Preto, 2013.
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Cultura e política na revista Brasileira de História