ÍNDICE Abertura pela Presidente da Câmara Municipal de Odivelas Agradecimento pelo Vereador do Pelouro de Cultura Nota Introdutória Programa dos Encontros sobre D. Dinis Comunicações Grupos Marginais no Período Dionisíaco – Mouros, Judeus e Outros Pedro Gomes Barbosa A Mestria do poema e a poética dionisiana Nuno Júdice D. Dinis e a poesia – Cortes cultas e prática poética (o tema do olhar) Isabel Barros Dias Instrumentos Musicais do tempo de Dom Dinis Victor Palma O bom rei sabe bem morrer. Reflexões sobre o túmulo de D. Dinis Carla Varela Fernandes D. Dinis e Odivelas João Fresco e Sofia Correia de Matos 2 Abertura ABERTURA Proteger e valorizar o património cultural é tarefa de todos nós. Verdadeiramente, ninguém pode ou deve eximir-­‐se deste dever. A lei que estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural integra, neste conceito, todos os bens que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de interesse cultural relevante, mereçam especial protecção e valorização. Esse in-­‐
teresse designadamente histórico, paleontológico, arqueológico, lin-­‐
guístico, documental, artístico, etnográfico, científico, social, industrial ou técnico, será aquele que reflicta valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade. O património cultural constitui, pois, inquestionavelmente, um factor estruturante da identidade e memória colectiva de um povo. Como referiu George Steiner, “as nossas ruas – europeias, têm his-­‐
tória, têm vida, são mais do que mero local de passagem. E quem dá a vida, a alegria, o ânimo, o dinamismo, somos nós.” Odivelas, no seu todo, tem uma notável tradição histórica. E gran-­‐
de parte desse legado foi-­‐nos deixado por El-­‐Rei D. Dinis, vulto incon-­‐
tornável para a nobre e centenária história deste nosso Concelho. Foi um rei fora do seu tempo, um rei ousado, com visão estratégica, preo-­‐
cupado com as questões ambientais, com a arte, ensino e educação porque acreditava que eram os alicerces de um país. Era um homem culto, mais administrador que guerreiro, e terá ti-­‐
do a visão histórica de que para construir o futuro era essencial ter um reino com fronteiras consolidadas, para poder organizar o território a nível administrativo e implementar políticas de povoamento, de de-­‐
senvolvimento económico, florestal e agrícola. D. Dinis foi O Lavrador ou O Rei-­‐Agricultor, pelo impulso que deu à actividade agrícola, e ainda O Rei-­‐Poeta ou O Rei-­‐Trovador, pelas Canti-­‐
gas de Amigo e de Amor que compôs. Evocar o Rei D. Dinis é revisitar a nossa identidade como povo e como nação. Um dos grandiosos símbolos da cidade e da Freguesia de Odivelas é, sem dúvida, o Convento de S. Dinis que está ligado ao imaginário de Odivelas através da sua meritória obra educacional e beneficiente, mas também através do cruzamento da lenda que junta D. Dinis e um urso que o atacou e que levou o Rei aflito a prometer, caso se salvasse de tal ataque, à construção de um convento em nome do santo evocado: S. Dinis. E foi ainda nesse importante Monumento Nacional situado em Odivelas que escolheu para repousar na sua eternidade. Está também associada a esta incontornável figura da nossa histó-­‐
ria o Memorial de Odivelas, prevendo-­‐se que, apesar de poder ser con-­‐
siderado um padrão de couto que marcava os limites territoriais da área jurisdicional do mosteiro, tal monumento tenha sido erguido para comemorar a chegada do seu corpo a Odivelas. Estes referidos locais emblemáticos a par da Casa da Memória, os edifícios recuperados da Quinta da Memória que funciona hoje como os Paços do Concelho e a actual Casa da Juventude, bem como as anti-­‐
gas edificações em seu redor, com o seu traço e fachadas singulares, carregadas de simbolismo e beleza, representam aquilo que é o Centro Histórico de Odivelas. O centro histórico de uma cidade é o seu coração, a sua identidade própria e a sua alma. No caso de Odivelas, este tem vindo a ser recupe-­‐
rado paulatinamente, por forma a garantir melhores acessibilidades, beneficiar ruas, dinamizar o comércio local e, essencialmente, para va-­‐
lorizar a imagem do local que faz parte da nossa história. Pretende-­‐se por isso e sobretudo, promover a valorização e salvaguarda do património construído e dos valores socioculturais, no sentido de criar espaços urbanos de qualidade e edifícios com condições de habitabilidade. A Presidente da Câmara Municipal de Odivelas Susana Amador AGRADECIMENTO A concretização dos “Encontros sobre D. Dinis” em terras de Odive-­‐
las foi possível graças ao empenho e à dedicação da equipa dos técni-­‐
cos do Sector do Património Cultural, aos quais deixo os meus agrade-­‐
cimentos. Aos ilustres professores catedráticos, Professores Doutores Ber-­‐
nardo Sá Nogueira, Hermenegildo Fernandes, Pedro Gomes Barbosa, Isabel Barros Dias, Nuno Judíce e Teresa Alves, bem como aos douto-­‐
res Victor Palma, Carla Varela Fernandes, João Fresco e Sofia Correia de Matos, expresso uma palavra de especial reconhecimento não só pela vossa presença como pelo modo como abordaram, com o vosso saber, uma temática tão importante para nós, como é o Rei D. Dinis e Odivelas. Aos convidados e participantes presentes no Encontro, dirigo também o nosso agradecimento. Aos patrocinadores e comunicação social presente que, em res-­‐
posta à nossa solicitação, se prontificaram a colaborar nesta iniciativa, enviamos o nosso sincero agradecimento. Mário Máximo Vereador do Pelouro da Cultura NOTA INTRODUTÓRIA O Rei D. Dinis nasceu em Lisboa a 9 de Outubro de 1261. Com a morte de seu pai, D. Afonso III, a 16 de Fevereiro de 1279, sobe ao trono de Portugal reinando até ao ano de 1325. Contrai matrimónio em 1281 com D. Isabel, filha de Pedro III de Aragão e de Constança da Sicília. D. Dinis é o responsável pelo arranque das estruturas, nomeada-­‐
mente a nível administrativo e da própria identidade portuguesa. As-­‐
siste-­‐se ao Portugal em definição de fronteiras: económicas, geográfi-­‐
cas e culturais. Verifica-­‐se uma política de povoamento do território que apresenta um sentido organizado, há um surto de povoamento nos intervalos das grandes propriedades senhoriais. Este rei teve um interesse especial pela terra, encorajando a plantação de florestas e um completo desenvolvimento dos recursos agrícolas, ficando-­‐lhe as-­‐
sociado o cognome do “Lavrador” ou “Agricultor”. D. Dinis não só apreciava literatura, como foi um poeta e um dos trovadores do seu tempo. Aos nossos dias chegaram inúmeras cantigas da sua autoria, distribuídas por todos os géneros: cantigas de amor; can-­‐
tigas de amigo e cantigas de escárnio e maldizer, bem como a música original de sete dessas cantigas (descobertas casualmente em 1990 pelo Professor Harvey L. Sharrer, no Arquivo da Torre do Tombo, num per-­‐
gaminho que servia de capa a um livro de registos notariais do século XVI, e que ficou conhecido como Pergaminho Sharrer). Também mostrou grande preocupação com a construção naval e com o alargamento e protecção do comércio. Há um incremento da marinha e é neste contexto que surge o genovês Manuel Pessanha, com a tarefa de organizar militarmente a frota portuguesa, tendo um papel de relevo na defesa da costa contra os ataques muçulmanos e castelhanos. Abertura 8 Inicia o processo de nacionalização das ordens religiosas, à época muito poderosas e tuteladas pelas suas congéneres Castelhanas, dado que do ponto de vista político era desvantajoso para Portugal devido ao poder e dependência de Castela, o que era perigoso para a identi-­‐
dade nacional. Com o intuito de obter do Papa a separação da Ordem de S. Tiago de Espada da sua congénere Castelhana é enviado Manuel Pessanha a Avinhão. É então proposto ao Papa, por parte de D. Dinis, a criação de uma nova ordem, a dos Cavaleiros de Nosso Senhor de Jesus Cristo, com a intenção de tomarem posse dos bens da Ordem dos Templários em Portugal, já que esta tinha sido extinta. A Ordem de Cristo era ex-­‐
clusivamente portuguesa e iria funcionar como um instrumento mili-­‐
tar e religioso do poder régio, para levar a cabo a sua política. Com o rei D. Dinis existiu uma especificidade cultural, o português não é apenas falado mas escrito, passando a documentação das chan-­‐
celarias a ser escrita em português, encorajando, ainda, a utilização do vernáculo tornando o português a língua dos assuntos judiciais e pre-­‐
parou a tradução das “Siete Partidas”, o famoso código do seu avô D. Afonso X. D. Afonso III e D. Dinis tiveram uma intensa actividade na criação de leis, como é exemplo o “Livro de Leis e Posturas” e as “Ordenações de El-­‐Rei D. Duarte”. Fundou a primeira universidade (Estudo Geral) portuguesa em Lisboa, em 1290, após aprovação papal de Nicolau IV. Pouco resta da antiga vila de Odivelas que naceu em redor do mosteiro de S. Sinis, da Ordem de Cister, mandado edificar por D. Dinis. Tendo sido objeto de sucessivas transformações ao longo dos tempos, da primitiva construção existem ainda aa cabeceira gótica, construída pela capela-­‐mor e dois absidíolos, bem como os túmulos góticos do rei e de sua filha, Dona Maria Afonso. O corpo da igreja é posterior ao terramoto. Possui dois claustros do séc. XVI, apresentando o claustro da Moura arcos chanfrados com capitéis. O Mosteiro de S. Dinis è classificado como Monumento Nacional e a sua classificação compreende os túmulos góticos do rei e de sua filha. Morre em Santarém a 7 de Janeiro de 1325 e ordena que seja se-­‐
pultado no Mosteiro de S. Dinis, em Odivelas, mandado edificar por ele, em 1295. Com o “muy alto e muy nobre senhor don Denis Rey de Portugal e do Algarue” temos a construção de uma pátria, de uma língua, de uma ordem jurídica e de uma cultura própria. (do programa dos Encontros sobre D. Dinis) 
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D. Dinis - Índice - Livraria Cultura