“Quem paga o quê?” Analisando os discursos sobre consumo em
casais de camadas médias do Rio de Janeiro
Victoria Tomaz∗
Resumo: Como o dinheiro recebido pelo homem e pela mulher é "acomodado" dentro
das representações de gênero? Partindo do principio de que o consumo pode ser
utilizado como um dos elementos definidores da contemporaneidade, busca-se no
presente artigo indicar as diferenças entre homens e mulheres vivendo em conjugalidade
pertencentes a camadas médias cariocas, no que diz respeito às escolhas e práticas de
consumo a partir dos recursos recebidos pelo casal.
Palavras-chave: consumo: gênero; família.
ABSTRACT: As the money received by men and women are used? Consumption can
be used as one of the defining elements of contemporary, I try to indicate the
differences between men and women with regard to the choices and consumption
practices from money received by the couple.
Keywords: consumption; gender; family.
Este artigo deriva da minha dissertação de Mestrado defendida em Abril de
2011, que objetivou analisar a gestão financeira da família, procurando elucidar as
seguintes questões: “Quem e como se decide o consumo familiar? Como essas escolhas
influenciam no bem-estar individual em casais de camadas médias urbanas do Rio de
Janeiro; e como o dinheiro recebido pelo homem e pela mulher é "acomodado" dentro
das representações de gênero”.
Considerei os critérios que moldam esse consumo e como essas escolhas
influenciam no bem-estar individual em casais de camadas médias urbanas do Rio de
Janeiro. Parti da idéia de que as relações familiares e de gênero são permeadas por
relações de poder e conflitos. Desta forma, procurei saber como as relações de poder
intervêm nas decisões de compra de cada cônjuge. Para este recorte do artigo, analiso
especificamente as diferenças entre os discursos de homens e mulheres vivendo em
conjugalidade que me cederam entrevistas contribuindo para a dissertação.
Nesse estudo qualitativo centrado nas percepções, objetivei conhecer os
significados do consumo para um grupo específico, indo assim além da pesquisa
quantitativa realizada anteriormente na mesma dissertação, incluindo outros aspectos e
variáveis para identificar o que de não diretamente associado com o consumo básico
importa nas decisões e escolhas. Busquei saber como isto varia de perfil para perfil, de
sexo e por quais razões. A partir dessa investigação, pretendi responder as seguintes

Mestre em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (PPCIS-UERJ), especialista em Sociologia Urbana (UERJ), professora de
Sociologia da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ).
1
questões relacionadas com a condição de gênero dos agentes: Como é percebido o
processo de consumo para esses homens e mulheres? Como se dão as escolhas de
consumo dentro do ambiente doméstico e por quais questões ela é mediada? O dinheiro
recebido pela mulher pode ser um mecanismo de autonomia?
Minha perspectiva sociológica se estabeleceu diante do questionamento de como
a decisão sobre o quê e como consumir/comprar entra nas negociações dos papéis de
gênero na família. Deste modo procurei a: i) indicar o caráter dinâmico de uma
modernidade tardia que coloca o consumo como forma de expressão desse caráter; ii)
mas indicar, ao mesmo tempo a característica estruturante do gênero, isto é, o fato de
pensar o gênero como uma variável-chave que estrutura as relações familiares e
conjugais. Esta análise permitiu-me olhar em que medida os gastos de mulheres e
homens se alteram em volume e em conteúdo, sendo o individuo no contexto do casal a
minha unidade de análise.
Procuraram-se as coincidências e desencontros do discurso e do relato referentes
a mesmas situações objetivas referentes ao consumo e a gestão dos recursos na
organização da vida doméstica, incitando a reflexão sobre si mesmo e o outro no
contexto conjugal e em ultima instância, fora dele.
Realizei entrevistas com dez casais de dupla renda de camadas médias do Rio de
Janeiro entre Setembro e Novembro de 2010.
Minha unidade de análise foram famílias com no mínimo duas pessoas (casal –
independente da união formalizada), com idades entre 25 e 55 anos, moradores da
cidade do Rio de Janeiro. Não estabeleci critérios quanto a presença de filhos, pois meu
interesse se constituia em analisar a gestão do casal em conjugalidade incluindo
diferentes despesas, sejam elas objetivas ou subjetivas, porém quando houve, analisei a
presença como indicador importante a ser considerado.
Em relação à renda, o recorte considerou camadas médias, indivíduos
consumidores de entretenimento, viagens e lazer, isto é, consumam além do necessário
para sua subsistência. Além disso os casais deveriam ser todos de dupla renda, isto é,
ambos trabalham e auferem renda. Esta opção foi feita por conta do dado de que em
geral, mulheres que trabalham têm percepções mais críticas acerca das práticas
tradicionais e apresentam opiniões mais favoráveis à igualdade de gênero (ARAUJO;
SCALON, 2006) além da possibilidade de comparar prioridades de consumo das duas
partes do casal, como o dinheiro que cada um recebe é utilizado ao longo do mês. A
2
idéia é que através das entrevistas, pudessem ser ressaltadas questões imbricadas nesses
processos de tomada de decisão.
Ponderando a arbitrariedade das definições de faixas de cada classe, creio ser
importante ressaltar que o que importou para a pesquisa foi o consumo a partir do
rendimento individual de cada parte que compõe um casal que vive no mesmo
domicílio. Para tanto, considerei as rendas individuais de cada parte do casal, entre
R$1500,00 e R$6000,00.
Da tentativa de identificar os hábitos de consumo e como se dão as escolhas do
que e de quando comprar determinado produto ou serviço dentro do ambiente
doméstico e as diferenças entre homens e mulheres nesse processo, surgiram alguns
pontos interessantes que se transformaram em capítulos na dissertação, são eles:
“Momento de vida: para cada momento, uma família e um perfil de consumo
diferente”; “Como se define o que é consumo e o que é investimento?” ; “Grupos de
sociabilidade a partir do consumo”; “A centralidade dos filhos que já existem e dos que
ainda estão por vir; “A definição dos papéis na teoria e na prática: a dificuldade do
exercício do discurso”.
Por conta da relevância e adequação ao tema da II Jornada de estudos de gênero
do NUDERG, exponho no presente artigo dois deles, o primeiro e o ultimo ponto.
Momento de vida: para cada momento, uma família e um perfil de consumo
diferente
Através da análise dos dados secundários quantitativos das pesquisas de
orçamento familiar (POF/IBGE), infere-se que os gastos das famílias brasileiras estão
relacionados com fatores como o contexto - modificações que ocorrem na sociedade
(alterações demográficas, de estruturas familiares; na renda e em sua distribuição), o
sexo e a escolaridade do responsável pela “chefia” familiar, também influenciam, além
é claro, dos preços dos produtos.
Em relação a composição das despesas, ela é influenciada principalmente por
dois fatores: a renda familiar e a faixa etária de seus componentes, o que parece lógico,
uma vez que crianças e idosos consomem, mas geralmente não auferem renda, ao passo
que adultos podem e usualmente equacionam a questão renda/consumo. Isto é,
consomem e auferem renda para pagar o que consomem.
Ao realizar a pesquisa qualitativa, percebe-se através da análise das entrevistas,
que a idade irá influenciar através do que chamo de “momento de vida” de cada parte
3
que constitui o casal. Ao estudar as diferentes formas de conjugalidade presentes em
casamentos em Portugal, Torres considera “três andamentos” relacionados a duração do
casamento – até os dez anos de duração, dos onze aos vinte e dos vinte e um e mais anos
– que correspondeu a três tempos: tempo de instalação, tempo das mudanças e das
transições e tempo da conformação ou realização pessoal.
Considero aqui duas faixas que vão variar de acordo com a faixa etária do casal
e do momento de vida. Dependendo desses fatores, os recebimentos e as despesas são
diferentes. Isto é, casais compostos por pessoas com idades variando entre 20 e 35 anos
estariam em um momento de vida de início e/ou estabelecimento da vida adulta,
profissional e financeira, além de vivenciarem atualmente o primeiro casamento,
enquanto casais com idades entre 36 e 60 anos corresponderiam a um momento de vida
já estabelecida profissional e financeiramente, ou ainda de restabelecimento da vida de
casado por conta de eventual recasamento. Isso vai ao encontro a tendência observada
através da PNAD de 2008 onde, o rendimento familiar per capita, em salários mínimos,
por grupos de idade da pessoa de referência da família se apresenta da seguinte forma:
Quadro 01 – Rendimento familiar per capita (em salários mínimos) por faixa etária - 2008
Faixa etária
Rendimento familiar per capita
Até 24 anos
2,13
25 a 34 anos
4,02
35 a 44 anos
4,61
45 anos ou mais
4,81
Fonte: PNAD, 2008
Observa-se que há aumento do rendimento conforme aumento da idade. A
variável idade portanto é um indicador de rendimento e essa tendência pôde ser
observada nas entrevistas.
No caso dos entrevistados no primeiro momento de vida, iniciando a vida a dois,
fica claro no discurso dos jovens casais, que o foco deles é a busca por uma estabilidade
financeira. A compra de um imóvel próprio1 é vislumbrada como fator facilitador para
realização da vontade de ter filhos.
Eles reconhecem a necessidade um do outro para manter (financeiramente) uma
vida fora da casa dos pais e buscam juntos, cada um fazendo a sua parte, concretizar as
De acordo com reportagem do jornal O Globo publicada em 16 de Abril de 2010, ao fazer uma breve
análise da classe C, focando nos anseios dos indivíduos pertencentes a nova classe média que apesar de
recente, como o próprio nome já coloca, cresce abraçada a dois valores bem tradicionais: a aposta na
educação para subir na vida e a luta pela casa própria. As principais preocupações da classe C seriam
melhorar de vida, dar mais conforto para a família, garantir um futuro para os filhos, e principalmente
comprar a sua casa própria.
1
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vontades dos dois nem que para isso tenham de se privar de luxo ou conforto. Para esses
casais, o lema parece ser: cortar gastos agora para usufruir depois.
Pode ser percebida nesta fase, uma propensão maior ao conflito, os casais
citaram que essa fase é de novidade e adaptação a uma nova vida, diferente do cotidiano
que se tinha anteriormente e por conta das expectativas diferenciadas em relação ao
casamento, dos condicionamentos de gênero adquiridos ao longo da vida além do fato
de terem de dividir o mesmo espaço e as despesas da casa. A fase então é de novidades,
expectativas e conciliação de valores (tanto emocionais quanto financeiros).
O momento de vida irá influenciar também nas perspectivas de futuro e na
prioridades de consumo, uma vez que dependendo da fase da vida do casal (relacionada
com a idade e a renda) as prioridades de consumo vão variar significativamente.
Casais de primeiro momento de vida conjugal, por estarem em um momento de
começo da vida profissional, possuem também dúvidas e anseios sobre o futuro e talvez
por isso, busquem realizações concretas que muitas vezes se traduzem em consumo de
objetos como carro, eletrodomésticos, e a desejada casa própria.
Em geral casais do primeiro momento mostraram-se propensos ao projeto
parental, demonstrando através do discurso a importância e a centralidade dos filhos em
suas vidas. Essa centralidade é ainda mais forte nas mulheres, mesmo aquelas que
trabalham fora colocam a maternidade como projeto identitário central, ficando aparente
assim uma postura tradicional de que para serem parte de uma família é necessário
serem pais.
No segundo momento, quando casais já estão mais estabilizados emocional e
financeiramente, pelos discursos percebe-se que a relação conjugal aparece de forma
menos autônoma, havendo um peso institucional maior (não existindo nos casais
entrevistados compostos por pessoas com idade entre 36 e 60 anos uniões estáveis não
formais e/ou legalizadas). Projetos de homens e mulheres ficam mais divergentes neste
momento as dimensões de ajuda intra casal ficam mais frouxas, o que pode significar
uma conseqüência da idade (geracional) ou do tempo de casado (relacional), através dos
discursos dos entrevistados não se esclarece essa questão.
Nesta fase, alguns nos projetos do primeiro momento forma cumpridos, outros
não. Apesar de haver uma mudança de postura por conta da diferença geracional entre
os casais dos distintos “momentos”, creio que como a pesquisa foi realizada somente
com casais de dupla renda, isso interferiu de forma direta, pois talvez encontrasse uma
postura mais autoritária por parte dos homens provedores em casais que as mulheres
5
fossem apenas donas de casa, não auferirem renda alguma. Como o recorte feito foi
outro, há uma maior igualdade, ao menos no discurso, em relação aos modos de
organização doméstica e gestão da vida financeira da família, porém o que ainda se tem
como norma também para esses casais, na pratica, é a divisão mais clássica dos papéis
complementaridade e não a simetria.
Embora
tenha
havido
mudanças
representativas
no
contexto
da
contemporaneidade que acarretaram mudanças demografia e na organização da vida
doméstica, com aumento da centralidade dos filhos e do afeto como base nas relações
conjugais, elas não acompanharam uma mudança nas práticas no que diz respeito a
gestão financeira das famílias.
O dinheiro recebido por homens e mulheres é “acomodado” de forma
diferenciada dentro das representações de gênero independente da renda de cada um.
Isto é, independente de renda os casais de camadas médias especificamente da chamada
nova classe média, que alcançaram mobilidade social nos últimos anos, alocam o
dinheiro recebido por homens e mulheres de maneiras distintas.
A definição dos papéis na teoria e na prática: a dificuldade do exercício do
discurso
Para Castells, “o processo de incorporação das mulheres no mercado de
trabalho remunerado gera conseqüências muito importantes na família, a primeira é
que quase sempre a contribuição financeira das mulheres é decisiva para o orçamento
doméstico”, o que acaba por aumentar o poder de barganha da mulher no ambiente
domestico, uma vez que as divergências passaram a ser discutidas sem chegar
necessariamente a repressão patriarcal, além de abalar a legitimidade do patriarcalismo
através da mudança de perspectiva na visão do “homem-pai-provedor”.
Norris e Inglehart estudam as variações nas atitudes em relação à igualdade de
gênero a partir de fatores estruturais e culturais. Considerando as posições dos
indivíduos e também as diferentes regiões geográficas para pensar as tradições culturais,
os autores sugerem que a desigualdade/igualdade de gênero varia sistematicamente de
acordo com o nível de desenvolvimento político e socioeconômico e os padrões
religiosos e culturais de uma determinada sociedade. Isto é, defendem que a
modernização das sociedades implica o enfraquecimento dos papéis tradicionais
baseados no gênero. A modernização ao trazer o ingresso das mulheres no mercado de
trabalho conduziria a mudanças em diversos aspectos da vida social, na família e nas
6
esferas públicas e no trabalho. As mudanças nos estilos de vida de homens e mulheres,
especialmente
na
fase
de
desenvolvimento
pós-industrial,
geram,
também,
transformações inevitáveis em termos de valores culturais que operam como
impulsionadores de diferenças geracionais dentro das mesmas sociedades e também de
diferenças de acordo com os diferentes níveis de desenvolvimento político e econômico
(NORRIS e INGLEHART apud ARAUJO e SCALON, 2006).
Através dos discursos dos entrevistados pode-se inferir a existência de uma
maior igualdade na organização da vida doméstica, ao menos no que diz respeito ao
controle do dinheiro recebido e das despesas.
Olha, sendo sincera, aqui a gente não tem muita divisão. O que
eu ganho e o que ele ganha é relativo, apesar de termos contas
separadas não temos divisão. Eu pago o que tiver a mão, ele
paga o que tiver a mão. O dinheiro é nosso. Nossa contribuição
é igual, é equivalente. Tenho tanto poder de decisão quanto ele,
é bem democrático digamos assim.
G, 38 anos, casada com M, 42 anos
Como a gente tem um foco que é comprar a casa,
experimentamos varias coisas antes e chegamos nesse comum.
Acho que é a melhor coisa porque a gente acaba vendo quanto
se gasta, o que entrou e saiu. Hoje temos esse esquema: a minha
receita e a receita dele. Juntamos na mesma conta tudo que os
dois ganham menos 20%. Porque 10% do que eu ganho eu fico,
10% vai para poupança e 80% vai para as contas da casa. O
dele é a mesma coisa.
V, 26 anos casada com R, 21 anos
A nossa relação é baseada muito em conversar, ‘dá pra fazer
isso, você acha uma boa?’ Ele tem a iniciativa de comprar algo
e me mostra. Ai eu digo que eu acho legal, mas peço para ele
decidir. Acho que isso faz o equilíbrio do casal. Relação é
complicada, na hora que discute, você esta fazendo com que
funcione, porque com muitos anos de união, tudo tem que ser
bem dividido e cada um ceder um pouco para que dê certo.
V, 52, casada com M, 55 anos
Assim, na maior parte dos casais, homens e mulheres responderam que dividiam
as despesas igualmente, porém quando perguntamos como se dava a distribuição dos
gastos, aos homens geralmente cabia as contas maiores (condomínio, luz, telefone,
aluguel, despesas com carro e viagens) e as mulheres ficavam responsáveis pelas
compras de alimentação, vestuário, remédios e despesas esporádicas (lazer nos finais de
semana com amigos ou filhos) além do pagamento de diarista ou empregada.
7
Importante ressaltar que houve coerência nas respostas intra casais, isto é, as duas partes
de um mesmo casal responderam da mesma forma, apontando essa divisão.
Vai ser chute, sou péssimo nisso (definir quanto gasta
mensalmente). Compras de mercado por mês deve ser uns
600,00 a 800,00 reais. Contas de luz? Ih, ferrou. Eu nem olho,
sai direto da conta, é débito automático... Conta é tudo com ela,
quer dizer eu pago, ela controla para ver se estamos gastando o
que podemos (risos).
M, 42 anos, casado com G, 38 anos
Dividimos assim, ele fica com as despesas fixas e eu com as
ocasionais. Acho isso bom, porque acabo sempre gastando
muito com roupas para o (filho) e essas coisas que escola
sempre cobra, material, mochila nova. Tudo sou eu quem
compro.
Z, 33 anos, casada com R, 35 anos
Presentes para ele eu compro sempre, todo mês compro uma
calça, uma blusa porque sou eu que visto ele, ele não compra
nada, fica abandonado na minha mão.
J, 28 anos, casada com C, 26 anos
Os casais do primeiro momento de vida a dois, compartilham de projetos de vida
parecidos e percebe-se que há uma tendência em acharem que a divisão de tarefas e de
gastos é igualitária, contudo, a analise das entrevistas revelou que na prática, ao analisar
os discursos em contraponto intra casais, percebe-se que ainda há um peso da tradição e
das relações de poder desiguais nas relações conjugais, principalmente no que diz
respeito a alocação do dinheiro recebido pela mulher que é considerado auxiliar, bem
como o trabalho da mulher pode ser percebido por Araújo e Scalon (ARAUJO,
SCALON, 2005).
As respostas (à pesquisa) sugerem a seguinte leitura: sobretudo
entre os homens, permanece como percepção uma necessidade
pragmática relacionada com a escassez orçamentária e uma
idéia de trabalho que é aceita, mas com a conotação de
"auxiliar", embora de fato não o seja. Essa percepção
acompanha o aceite do trabalho feminino, mas este não
necessariamente significa alterar as representações simbólicas e
efetivas acerca dos lugares prioritários de homens e mulheres
na condução da vida cotidiana. Em outras palavras, o trânsito
permanece sob forte influência do tradicional modelo dual
"homem provedor" e "mulher cuidadora", embora o primeiro
pólo, de fato, já não seja mais predominante entre os arranjos.
(ARAUJO, SCALON, 2005).
8
A questão do gênero apareceu também no que diz respeito ao planejamento e
controle do orçamento doméstico. Dos dez casais entrevistados, apenas três tinham
orçamento planejado, isto é, antes de receber o pagamento mensal pelo trabalho
remunerado já faziam a previsão do que comprariam, de quanto gastariam e de quanto
reservariam para investimento futuro. Varias formas foram relatadas como forma de
controlar o orçamento doméstico, desde “vou controlando de cabeça conforme gasto” a
planilhas eletrônicas que possibilitam um maior controle. Quando perguntados a cerca
do controle das despesas na casa, sempre que houve uma resposta afirmativa, isto é,
quando havia um controle claro das despesas, uma planilha para controlar e organizar os
gastos, essa função cabia a mulher.
Isto significa que mesmo não cabendo a mulher a maior parte das despesas, cabe
a ela organizar e administrar essas despesas através de planilhas de controle de gastos.
A gente sabe de todo um do outro (em relação aos recebimentos
e gastos). Temos uma planilha de entrada e saídas que eu
controlo todo mês e consultando a planilha eu digo para ele se
podemos gastar mais aqui ou ali.
F, 49 anos, casada com M, 52 anos
Eu não sei das contas, quem toma conta dessa parte das contas
é ela. Ela é mais cabeça-feita, eu sou mais consumista, então
fica tudo com ela.
R, 21 anos, casado com V, 26 anos
Não temos conta conjunta, temos uma conta no meu nome, a
poupança e a conta, e eu administro. Tenho tudo anotado no
computador, posso te mostrar. Faço planilhas de gastos e todo
dinheiro que entra ele me dá e eu coloco lá na planilha. Cabe a
mim alimentar a planilha e analisar os gastos. Ele não quer nem
ver, me passa o que ganha, a gente divide.
V, 26 anos casada com R, 21 anos
C, após responder rapidamente e com precisão os valores das contas da casa,
apontou que somando tudo que paga, acaba consumindo mais do que ganha. Ainda
assim, paga sozinho todas as contas da casa por achar que “eu devo pagar e não me
incomodo, esse é papel do homem, por mim está bom assim”.
Mesmo nos casais que admitiram não ter nenhum controle do orçamento, não
sabendo informar quanto gastavam com compras em supermercados, contas mensais de
luz, telefone e gás ou gastos com entretenimento e diversão, a mulher considerava ser
9
do marido a responsabilidade pelo pagamento das contas maiores e a divisão, ainda que
sem controle ou programação era feita dessa maneira.
Olha, vou responder tudo (despesas mensais) começando por
‘deve ser uns’, mas te aviso que ele também não saberá
responder, ele não sabe nada. Não temos muito controle,
principalmente de contas de supermercado. Só sei o que ele
paga e o que eu pago, que ele paga a maioria, as contas fixas e
eu fico com as despesas de final de semana. Será engraçado vêlo responder. Posso ficar do lado dele para ouvir? (risos)
G, 32 anos, casado com M, 42 anos
O que se pode verificar através das entrevistas é que apesar da
incorporação das mulheres no mercado de trabalho remunerado
e da conseqüente contribuição financeira no orçamento
doméstico, contexto que aumenta o poder de decisão, a
distribuição dos papéis de gênero ainda esta presente.
A gente vai junto ao mercado, ainda vai né? Porque sei que
homem chega um dia que não vai mais, mas por enquanto ele
está na fase que ainda vai comigo. Ele geralmente comanda
porque ele morou sozinho e já sabe selecionar legumes. Sabe
aquela cena que é invertida? Do homem segurar o carrinho e a
mulher indo pegando as coisas?(risos) Com a gente é invertido.
Eu só pego besteiras, os produtos congelados da Sadia.
J, 28 anos casada com C, 26 anos
As palavras de J, explicitam a divisão dos papéis, apesar de haver o que segundo
ela é uma “inversão”, ela se surpreende com isso e crê que em pouco tempo o marido
passará a não acompanhá-la na tarefa de fazer as compras do mês, que caberia a mulher.
Em outras palavras, dos casais entrevistados, pertencentes a camadas médias
com dupla renda moradores da cidade do Rio de Janeiro, a análise mostrou que ainda
que a mulher trabalhe fora e contribua financeiramente, no momento da tomada de
decisões, o peso do “ser homem” e “ser mulher” ainda é grande, o que faz com que
recaia sobre a mulher o papel de “auxiliar”.
Assim, ainda que a mulher tenha renda maior do que o homem, o dinheiro
recebido por ela seria “auxiliar”, ajudaria no orçamento, cabendo a elas a decisão e
compra de objetos para a casa, de alimentos e produtos de limpeza, de presentes 2 e
roupas para a família, incluindo muitas vezes as roupas do próprio marido.
Um estudo realizado pela BSM Media, empresa americana especializada em marketing, concluiu que
são as mulheres que fazem parte do grupo dos maiores compradores. Segundo a empresa, 99% das
escolhas dos presentes das crianças são feitas por elas, além de também serem responsáveis por 92% da
seleção dos presentes para os outros membros mais próximos da família.
2
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Pesquisa do instituto SophiaMind publicada na Revista Exame edição de março
de 2010, aponta que 51% das mulheres entrevistadas controlam, de alguma maneira
(comprando ou influenciando) o consumo de vestuário masculino. Entendendo que
consumo se trata de um processo que começa na escolha, quando buscamos critérios
para optar por um ou outro produto, depois a aquisição e a fruição (uso), é interessante
pensar que neste caso, são as mulheres que escolhem e adquirem produtos que serão
usados efetivamente pelos homens.
Seria como se o dinheiro da mulher valesse menos do que o do homem (talvez
porque seu trabalho seja menos valorizado) e assim, caberia a ela despender seu
rendimento na compra de itens não essenciais à manutenção do cotidiano da família
como a “farmacinha de casa”, presentes para a parentes, itens de higiene pessoal e de
alimentação.
E ao homem caberia a decisão efetiva e o pagamento das “contas grandes” como
aluguel, condomínio, contas de luz e telefone, comprar um carro ou fazer uma grande
viagem, já que em relação as decisões de compra de produtos mais dispendiosos como
carro ou eletrodomésticos e viagens o homem sempre foi citado como sendo o
responsável pela ultima palavra.
Conforme um entrevistado coloca:
Eu normalmente decido mais, mas a gente combina bem nesse
tipo de questão. A gente senta e um propõe para o outro.
Fechamos de comum acordo, em termos de compra maior eu q
opino mais. Eu opino mais na compra do imóvel e ela para
mobiliar.
M, 55 casado com V, 52 anos
Desta forma, ressalta-se que mulheres e homens mesmo recebendo de forma
similar, gastam de forma diferenciada por conta de um “acordo silencioso” que ocorre
entre os casais, o que impacta a autonomia e a forma como mulheres organizam e
orientam suas ações.
Conclusões
A modernização das sociedades, conseqüência de fatores como o ingresso das
mulheres no mercado de trabalho, conduz a mudanças em diversos aspectos da vida
social, dos estilos de vida, na família, nas esferas públicas e privadas. Isso implica no
11
enfraquecimento dos papéis tradicionais baseados no gênero, porém, o deslocamento do
modelo mais tradicional ou de rigidez de papéis - homem provedor/mulher cuidadora em direção a modelos duais mais igualitários de conciliação, apesar de existir, ainda
encontra resistências marcadas pelo desigual envolvimento de homens e mulheres no
que diz respeito a gestão financeira do orçamento doméstico. Isso vai de encontro com o
apontado em trabalhos de autores acerca da modernidade (alta, tardia, reflexiva) ou pósmodernidade, que colocam que os papéis clássicos de homens e mulheres subverteriam
um ao outro, assim não haveria uma destruição dos papéis, mas sim a perda de certezas,
o que ocasionaria insegurança que levaria a negociação, a reflexão e a comunicação
(BECK, 2003; GIDDENS 2003). O que se percebe através dos discursos é que há
mudanças no que diz respeito aos papeis tradicionais de gênero, maior aceitação do
trabalho da mulher, contribuição financeira das duas partes do casal, casamentos
pautados pelo afeto e uniões mais abertas a negociações, porém, nas famílias de
camadas médias cariocas ouvidas, o tradicionalismo ainda perpassa as decisões de
consumo, fazendo com que a partir da análise da gestão financeira da família sejam
demonstradas distinções de percepção e representação de homens e mulheres, deixando
ainda distante nesse processo a ansiada eqüidade.
O que fica aparente é que as mulheres estão longe de serem dependentes
financeiramente dos maridos, algumas ganham mais, e nos discursos afirmam que a
situação de divisão de despesas é boa e estão satisfeitas com ela, porém, na pratica
continua cabendo a elas o papel tradicional de responsável pela organização e tarefas da
casa e ao homem o papel de responsável pelas contas.
É como se fosse uma montagem teatral onde a mulher e homem se travestem de
“modernos”, adotando um discurso de igualdade, mas continuam a fazer as mesmas
divisões das gerações anteriores, ressaltando a permanência de uma representação
tradicional. A percepção é de modernidade, mas a pratica é tradicional.
Torres salienta que a idéia de verdadeira igualdade de oportunidades entre os
sexos no casamento ou fora dele ainda que tenha progredido de forma que parece
irreversível, continua sendo de “concretização lenta e difícil” (TORRES, 2002).
De forma geral infere-se dos dados quantitativos e qualitativos, do referencial
teórico e da vivência de pesquisa que não se pode analisar a conjugalidade, a família e o
consumo sem considerar o contexto no qual ocorrem essas interações, uma vez que
essas variáveis são processuais e estão em constante mudança, não se pode considerar
que há apenas um tipo de família, de relação afetiva ou de consumo. O que se buscou
12
fazer no presente trabalho foi a elaboração de um cenário macro de consumo no país,
onde está inserida uma pequena parcela da sociedade brasileira, casais de dupla renda
pertencentes a camadas médias do Rio de Janeiro, buscando elucidar como esses
indivíduos alocam seus rendimentos e como isso interfere e sofre interferência das
relações construídas e vivenciadas na conjugalidade e em família a partir do gênero.
Pode ser percebido também que fatores socioeconômicos contribuem para
valores morais e percepções mais igualitárias por parte de homens e mulheres. Para as
mulheres, a inserção no mercado de trabalho trás uma percepção mais critica acerca das
práticas tradicionais, porém, como visto a pratica muitas vezes não reflete as opiniões
favoráveis à igualdade de gênero.
Isto é, as tendências de opiniões mais igualitárias não se traduzem em práticas
mais compartilhadas por parte dos homens e muitas vezes por parte das mulheres no
que se refere as escolhas de consumo na esfera doméstica ou fora dela em
conjugalidade.
Em outras palavras, apesar das mudanças em curso que alteram os arranjos
familiares e as relações intra-familiares, marcando a sociedade contemporânea as
atribuições de homens e mulheres relacionadas às decisões de consumo apresentam-se
como um aspecto onde discurso e pratica encontram-se desalinhados.
Conforme expõe Torres: “Os condicionamentos de gênero continuam a
funcionar e impõem-se à vontade dos indivíduos, mas estes não deixam de explorar a
ampliação possível das margens de manobra” (TORRES, 2002).
Atualmente as margens são exploradas e possibilitam algumas mudanças no
cotidianos desses casais, os homens já assumem mais alguma divisão do trabalho,
embora sempre de forma muito limitada em relação ao volume de tarefas que as
mulheres desenvolvem; não vivemos hoje como há cinqüenta anos, as percepções e
representações mudaram conforme já apontado em estudos anteriores e os dados
secundários das pesquisas quantitativas nos oferecem, percebe-se uma maior
permeabilidade à mudança, porém, através da analise fica clara uma diferença entre
teoria e prática, entre o discurso e o exercício.
Em outras palavras: “se no plano das idéias a situação para as mais novas
parece ter melhorado, já no plano das condições objetivas é mais duvidoso que assim
seja” (TORRES, 2002).
13
Apesar de não haver em nenhum dos casais entrevistados uma demonstração
direta de assimetria entre homens e mulheres, ela aparecida indiretamente no discurso
dos entrevistados, independente da idade, renda, escolaridade ou forma de união.
Em relação à gestão financeira da família, através das entrevistas em
profundidade com casais de camadas médias cariocas, pode ser verificada uma maior
igualdade nas divisões do orçamento quando mulheres ganham mais do que os homens.
As despesas tendem a ser mais partilhadas, mas ainda assim, geralmente reserva-se o
dinheiro das mulheres para o consumo de itens de mantimento das pessoas da casa –
alimentação, remédios e roupas, além de artigos de decoração, presentes e pagamento
de empregada doméstica ou diarista - enquanto o dinheiro dos homens é destinado a
manutenção da própria casa – contas de luz, gás, condomínio, aluguel, prestação da casa
e do carro. Recorrente nos discursos dos entrevistados o uso da divisão entre coisas
grandes e coisas pequenas, contas maiores e menores, maior parte e auxiliar.
A pesquisa mostrou ainda que o trânsito das mulheres do doméstico para o
público não vem sendo acompanhado pelo movimento masculino no sentido inverso. O
modelo tradicional do homem provedor e da mulher dona de casa é só parcialmente
questionado: a despeito das aspirações de melhor divisão do trabalho doméstico e do
cuidado infantil, expressa por homens e, principalmente mulheres, o trabalho feminino
ainda é percebido como auxiliar.
A entrevista realizada com G. e M., por exemplo, foi dificultada em razão da
presença dos filhos do casal e do cachorro da família no momento da entrevista,
realizada a noite após um dia de trabalho do casal. As crianças de seis e dois anos
brincavam, corriam e queriam atenção acionando a todo o momento a mãe que passou o
tempo da entrevista com a filha mais nova no colo, ao mesmo tempo em que servia o
jantar para o filho mais velho, enquanto o pai assistia a TV.
No momento da entrevista com o pai, as crianças permaneceram no quarto, com
a mãe.
Ressalta-se a partir da pesquisa que o dinheiro recebido por homens e mulheres é
“acomodado” de forma diferenciada dentro das representações de gênero. Isto é, apesar
de haver diferenças na forma de decisão e prioridades de consumo a partir da renda,
idade ou momento de vida, os casais de camadas médias especificamente da chamada
nova classe média, que alcançaram mobilidade social nos últimos anos, alocam o
dinheiro recebido por homens e mulheres de maneiras distintas, sendo o dinheiro
recebido pelo homem visto como mais importante e principal, enquanto que o auferido
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pelas mulheres recebe menos importância e é despendido para coisas menores,
auxiliares, secundárias. Parece assim que não só a percepção, mas também a alocação
real dos recursos recebidos é distinta entre os sexos.
Deste modo, apesar da maior permeabilidade à mudança de forma geral, homens
e mulheres tangibilizam o consumo, elemento central que pode ser utilizado como um
dos definidores da contemporaneidade, de forma diferenciada.
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"QUEM PAGA O QUÊ?" Analisando os discursos sobre consumo em