UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL – FT
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS
ESTRUTURA E DINÂMICA DE POPULAÇÕES DE
COQUINHO-AZEDO (BUTIA CAPITATA (MART.)
BECCARI; ARECACEAE) EM ÁREAS DE EXTRATIVISMO
NO NORTE DE MINAS GERAIS, BRASIL
VICTOR VINÍCIUS FERREIRA DE LIMA
ORIENTADOR: Dr. ALDICIR SCARIOT
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS
BRASÍLIA/DF: MARÇO – 2011.
i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL – FT
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS
ESTRUTURA E DINÂMICA DE POPULAÇÕES DE COQUINHOAZEDO (BUTIA CAPITATA (MART.) BECCARI; ARECACEAE) EM
ÁREAS DE EXTRATIVISMO NO NORTE DE MINAS GERAIS,
BRASIL
VICTOR VINÍCIUS FERREIRA DE LIMA
DISSERTAÇÃO
DE
MESTRADO
SUBMETIDA
AO
DEPARTAMENTO
DE
ENGENHARIA
FLORESTAL
DA
FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE
BRASÍLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA
A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE.
APROVADA POR:
________________________________________________________________________
Dr. Aldicir Scariot (Embrapa Cenargen); (Orientador)
________________________________________________________________________
Dr. José Roberto Rodrigues Pinto (Universidade de Brasília); (Titular)
________________________________________________________________________
Dr. Raimundo Paulo Barros Henriques (Universidade de Brasília); (Titular)
________________________________________________________________________
Dr. Daniel Luis Mascia Vieira (Embrapa Cenargen); (Suplente)
Brasília, 25 de março de 2011.
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
LIMA, VICTOR VINÍCIUS FERREIRA
Estrutura e Dinâmica de Populações de Coquinho-azedo (Butia capitata (Mart.)
Beccari; Arecaceae) em áreas de extrativismo no Norte de Minas Gerais, Brasil.
2011.
56p., 210 x 297 mm (EFL/FT/UnB, Mestre, Dissertação de Mestrado –
Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Pós-Graduação em Ciências Florestais
1. Ecologia de populações
2. Extrativismo
2. Butia capitata
4. Análises de Matriz
I. EFL/FT/UnB
II. Título (Série)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LIMA, V. V. F. 2011. Estrutura e Dinâmica de Populações de Coquinho-azedo (Butia
capitata (Mart.) Beccari; Arecaceae) em áreas de extrativismo no Norte de Minas Gerais,
Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Florestais. Departamento de Pós-Graduação
em Ciências Florestais, Universidade de Brasília, Brasília – DF, 56p.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: VICTOR VINÍCIUS FERREIRA DE LIMA
TÍTULO: Estrutura e Dinâmica de Populações de Coquinho-azedo (Butia capitata (Mart.)
Beccari; Arecaceae) em áreas de extrativismo no Norte de Minas Gerais, Brasil.
GRAU: Mestre
ANO: 2009
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação
de mestrado somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros
direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida
sem a autorização por escrito do autor.
Victor Vinícius Ferreira de Lima
iii
DEDICATÓRIA
Às comunidades agroextrativistas do Norte de
Minas. Pessoas que se libertaram da
escravatura desenvolvimentista imposta na
região, e hoje são os verdadeiros guardiões do
Cerrado.
iv
AGRADECIMENTOS
À Deus,
Aos meus pais, Silvana Ferreira e Aneir Adriano Rodrigues de Lima, por sempre apoiar e
compreender minhas decisões;
À minha querida companheira Tathiana. Como é bom ter você ao meu lado!
Ao meu orientador e amigo, pois assim o considero, Aldicir Scariot, pela oportunidade,
confiança e aprendizado durante todos esses anos;
Aos amigos do Norte de Minas: Álvaro, Seu Jair e família, Carlito, Dona Maria e Seu João
e Seu Reginaldo, que me receberam com carinho e afeto e sempre apoiaram o nosso
trabalho. Ao Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas Gerais e a
Cooperativa Grande Sertão;
Ao Marcelo Brilhante Medeiros, pelas diversas dicas, por sempre ajudar a superar os
percalços que vão surgindo ao longo do caminho e, principalmente, por me conceder a
bolsa nos primeiros meses de mestrado;
Ao Nilton Ferreira Barbosa, meu companheiro de viagem e professor de campo;
À equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação da Embrapa – Cenargen do qual faço
parte desde minha graduação;
Ao Maurício pela ajuda nas análises de matriz e ao Renato Armelim pelo algoritmo
utilizado para o cálculo do intervalo de confiança;
Ao meu grande amigo Daniel Vieira por sempre estimular minhas perguntas e respostas;
À todos os amigos;
Com amor e amizade, aos amigos da ecologia e da vida: Daniel Vieira, Maurício, Xitão,
Giroldo, Dannyel, Daniel “da Belinha”, Belinha, Vanessa, Taciana, Melo, Tiaguinho,
Ernesto, Elder, Xandão, Priscila, Anderson Sevilha, Helga, Isabel Figueiredo, Isabel
Schmidt pelas conversas, companhia e discussões no laboratório ou na mesa de bar, e
novamente a Priscila por iniciar este trabalho.
À Sérgio Noronha pela ajuda no desenvolvimento do mapa;
À Embrapa Cenargen e ao Programa Biodiversidade Brasil-Itália pelo apoio financeiro. À
CAPES pela bolsa concedida;
E finalmente, à minha mina, minha filha, meu amor. “Você é assim, um sonho pra mim e
quando eu não te vejo, eu penso em você desde o amanhecer até quando eu me deito”.
A TODOS O MEU SINCERO AGRADECIMENTO!
v
RESUMO
O extrativismo dos frutos de Coquinho-azedo (Butia capitata (Mart.) Beccari; Arecaceae)
é um importante recurso para a subsistência e geração de renda às comunidades
agroextrativistas no Norte de Minas Gerais. Com o objetivo de avaliar o efeito do
extrativismo na estrutura e dinâmica populacional de B. capitata foram analisadas: i) a
distribuição de estádios ontogenéticos e a sua frequência em classes de altura em três
populações submetidas a diferentes regimes de coleta e uso da terra; ii) a taxa finita de
crescimento (λ) em duas populações sujeitas ao extrativismo comercial; iii) e os estádios e
parâmetros demográficos prioritários para a persistência populacional. Modelos matriciais
foram utilizados para testar a hipótese de que os atuais níveis de coleta dos frutos não
afetam a viabilidade das populações de B. capitata. A estrutura populacional foi
caracterizada em três áreas de extrativismo, nos municípios de Mirabela, Serranópolis de
Minas e Montes Claros, em 25 parcelas permanentes de 10 x 20 m em cada área. Os
parâmetros demográficos foram avaliados em Serranópolis de Minas e Mirabela, entre
janeiro de 2007 e janeiro de 2010, e usados para calcular a taxa finita de crescimento
populacional (λ). Houve diferença significativa na densidade (Tukey, p<0,05)e na
distribuição de estádios ontogenéticos (Teste G, p<0,001) entre duas das três populações
analisadas. A distribuição em classe de altura diferiu entre as três populações (Teste de
Kolmogorov-Smirnov, p<0,001). A taxa de crescimento populacional foi levemente acima
de 1,0 (Mirabela: λ = 1,0070; Serranópolis de Minas:λ = 1,0007), indicando que estas
populações estão estáveis. Segundo análises de elasticidade, a probabilidade de
sobrevivência dos reprodutivos é a taxa vital que mais contribuiu para o λ e a estabilidade
populacional de B. capitata. Simulações nos parâmetros demográficos mostram a alta
sensibilidade do λ a qualquer alteração na probabilidade de sobrevivência dos indivíduos
reprodutivos, e a baixa sensibilidade do λ a mudanças no potencial reprodutivo da
população. Os resultados indicam que a coleta de frutos tem baixo impacto na estabilidade
populacional e que os atuais níveis de coleta são sustentáveis para ambas as populações.
Análises de elasticidade e análises prospectivas indicam que garantir a sobrevivência dos
reprodutivos deve ser o foco para assegurar a sustentabilidade do extrativismo de frutos em
B. capitata. Entretanto, como os indivíduos reprodutivos não sofrem maiores danos físicos
durante a coleta, não há muitas oportunidades para aumentar a sobrevivência desses
indivíduos, que é bastante alta. Portanto, além de assegurar a sobrevivência dos indivíduos
reprodutivos, proteger os estádios inferiores que, apesar do menor valor de elasticidade,
ainda podem ter sua probabilidade de sobrevivência aumentada, seria uma ótima
alternativa para aumentar o λ e promover a persistência das populações exploradas e
assegurar a sustentabilidade do extrativismo de B. capitata no Norte de Minas Gerais.
vi
ABSTRACT
The harvest of “Coquinho - azedo fruits (Butia capitata (Mart.) Beccari Arecaceae) is an
important source of income and subsistence for extractivists communities in the northern
of Minas Gerais State, Brazil. Aiming to evaluate the effect of fruit harvest on population
structure and dynamics of B. capitata were analyzed: i) the distribution and frequency of
ontogenetic stages and height class in three populations under different harvesting regimes
and land use; ii) the finite growth rate (λ) in two populations subject to commercial
harvest; iii) and stages and demographic parameters priorities for population persistence.
Matrix analyses were used to test the hypothesis that current levels of fruit harvesting does
not affect populations viability. The population structure was characterized in three areas,
in the municipalities of Mirabela, Serranópolis de Minas and Montes Claros, in 2510x20m
permanent plots in each area. The demographic parameters, evaluated in Serranópolis de
Minas and Mirabela between 2007 to and 2010 were used to calculate the population finite
growth rate (λ). Significant differences in density (Tukey, p<0.05) and ontogenetic
distribution (G test, p<0.001) were detected; the height class distribution among the three
populations was significantly different (Kolmogorov-Smirnov, p<0.001). Population
growth rate was slightly above 1.0 (Mirabela: λ=1.007; Serranópolis de Minas: λ=1.0007),
indicting stable populations. The survival probability of reproductive individuals
contributes the most for λ and the stability of B. capitata populations. Simulations on the
demography parameter indicate high sensitivity of λ to any change in the survival
probability of reproductive individuals, and low sensitivity to changes in the reproductive
potential of the population. Results suggest that current fruit harvesting levels have low
impact on population stability and that can be sustainable. Elasticity and prospective
analysis indicate that the survival of reproductive individuals should be the focus to ensure
fruit harvesting sustainability of B. capitata. However, as the reproductive individuals are
not injured during fruit harvesting, there are not many opportunities to increase their
survival, which is already high. In addition to ensuring the survival of reproductive
individuals, promoting the survival of lower ontogenetic stages, despite their low elasticity
value, can contribute to increase λ, promoting populations persistence and ensuring fruit
harvesting sustainability in B. capitata populations in the northern of Minas Gerais.
1
vii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................. 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 4
ESTRUTURA E DINÂMICA POPULACIONAL DE COQUINHO-AZEDO (Butia
capitata (MART.) BECCARI; ARECACEAE) EM ÁREAS EXTRATIVISTAS NO
NORTE DE MINAS GERAIS ......................................................................................... 8
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 8
MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 10
Caracterização da espécie ................................................................................................. 10
Área de estudo ................................................................................................................. 12
Estrutura populacional de Butia capitata .......................................................................... 14
Distribuição espacial ........................................................................................................ 16
Produção de folhas e Taxa de crescimento absoluto ......................................................... 17
Dinâmica populacional de Butia capitata ......................................................................... 18
Análises Matriciais........................................................................................................... 21
RESULTADOS .............................................................................................................. 23
Estrutura populacional .................................................................................................... 23
Distribuição espacial ........................................................................................................ 24
Produção de folhas e taxa de crescimento absoluto ........................................................... 26
Dinâmica populacional: Modelos Matriciais .................................................................... 28
DISCUSSÃO .................................................................................................................. 34
Estrutura populacional ..................................................................................................... 34
Produção de Folhas e Taxa de Crescimento Absoluto ....................................................... 37
Dinâmica populacional: Análises de Matriz ..................................................................... 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 42
Estrutura e Dinâmica Populacional ................................................................................... 42
Recomendações para o extrativismo sustentável ............................................................... 43
Recomendações para estudos futuros ............................................................................... 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 45
viii
LISTA DE FIGRURAS
Figura 1: Ocupação do Cerrado (verde) e distribuição de Butia capitata (pontos em vermelho) no
bioma (Lorenzi et al. 2004). Adaptado de Conservation International (2004). ............................... 11
Figura 2: Mapa destacando o Norte de Minas Gerais e as respectivas áreas de estudo: Montes
Claros (Abóboras), Mirabela (Fazenda Baixa) e Serranópolis de Minas (Campos). Desenvolvido
por Sérgio Noronha, Laboratório de Geoprocessamento, Embrapa/Cenargen. ............................... 14
Figura 3: Estádios ontogenéticos em indivíduos de B. capitata amostrados no Norte de Minas
Gerais nos municípios de Mirabela, Montes Claros e Serranópolis de Minas. A. Plântula; B.
Infantil; C. Juvenil; D. Reprodutivo.............................................................................................. 16
Figura 4: Diagrama exemplificando o ciclo de vida e as possibilidades de transição entre os
estádios de Butia capitata no Norte de Minas Gerais. M = Sobrevivência com permanência no
mesmo estádio; P = Sobrevivência com passagem para o próximo estádio; F = Fecundidade,
contribuição dos reprodutivos para a entrada de novos indivíduos na população (Caswell 2001). .. 19
Figura 5: Proporção de indivíduos em cada estádio ontogenético para três populações de B.
capitata em áreas de Cerrado no Norte de Minas Gerais. Valores sobre as barras indicam o número
de indivíduos amostrados em cada estádio. Letras diferentes indicam diferenças significativas. Pelo
teste G de independência (p < 0.001). ........................................................................................... 24
Figura 6: Distribuição em classe de altura (cm) para plantas de B. capitata na região Norte de
Minas Gerais. Serranópolis de Minas (n=214), Mirabela (282) e Montes Claros (n=201).. Letras
diferentes indicam diferenças significativas pelo teste de Kolmogorov-Smirnov para duas amostras
independentes .............................................................................................................................. 25
Figura 7: Diagrama de box-plot da taxa de crescimento absoluto (TCA) em plantas de B. capitata
com folhas pinadas em Serranópolis de Minas (A) e Mirabela (B), no Norte de Minas Gerais. O
ponto representa a mediana; a caixa, o segundo e terceiro quartis (50% dos dados); e as linhas
verticais o limite superior e inferior. ............................................................................................. 27
Figura 8: Taxa finita de crescimento e intervalo de confiança (95%) para duas populações de B.
capitata na região Norte de Minas Gerais. Intervalo demográfico: 2007-2010. A linha pontilhada
indica o limite mínimo para considerar como população estável. .................................................. 30
Figura 9: Resposta da taxa de crescimento populacional (λ) de B. capitata à variação no potencial
reprodutivo da população. A) Mirabela; B) Serranópolis de Minas. Valores são a mediana e o
intervalo de confiança a 95%. Valores são a mediana e o intervalo de confiança a 95%. ............... 33
Figura 10: Resposta da taxa finita de crescimento à diminuição na sobrevivência dos indivíduos
reprodutivos. A) Mirabela; B) Serranópolis de Minas. Valores são a mediana e o intervalo de
confiança a 95%........................................................................................................................... 34
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Densidade (± 1 DP) de indivíduos por hectare nos referidos estádios em três
populações de B. capitata em áreas de Cerrado no Norte de Minas Gerais. Análise de
variância (F2.71 = 11,73, p< 0,001). Letras diferentes representam diferenças significativas
entre as médias (Tukey, p< 0,05 ....................................................................................... 23
Tabela 2: Distribuição espacial de acordo com o Índice de Dispersão (Id) e o Índice de
Dispersão de Morisita Padronizado (Ip) em três populações de B. capitata no Norte de
Minas Gerais. Id = 1, aleatório; > 1, agregado e; < 1, uniforme e; Ip = 0, aleatório; > 0,
agregado e; < 0, uniforme. Nível de significância do Ip pelo teste F (gl = n-1; p < 0,05).... 26
Tabela 3: Produção de folhas (Média ± EP) nos estádios Juvenil (n=10) e Reprodutivo
(n=20) em duas populações de B. capitata no Norte de Minas Gerais. Teste de MannWhitney: Serranópolis de Minas (Teste U= 3; p< 0,05); Mirabela (Teste U= 32; p< 0,05).
........................................................................................................................................ 27
Tabela 4: Matriz contendo as probabilidades de transição entre os estádios ontogenéticos
de B. capitata em Serranópolis de Minas, Mirabela e Dados agrupados. A diagonal
principal indica a permanência dos indivíduos no mesmo estádio; a sub-diagonal inferior
mostra a probabilidade de transição para o próximo estádio. Os valores qx são as taxas de
mortalidade para cada estádio após o intervalo de tempo. ................................................. 29
Tabela 5: Valor reprodutivo (vi), distribuição estável de estádios (wi) e distribuição de
estádios observados (obs.) nas populações de B. capitata no Norte de Minas Gerais. Letras
diferentes indicam diferenças significativas (Teste G) entre a distribuição de estádios
observada (obs.) e a distribuição projetada (wi). Serranópolis de Minas (G = 6,33, p =
0,096); Mirabela (G = 30,88, p< 0,001). ........................................................................... 30
Tabela 6: Análise de elasticidade para duas populações de B. capitata na região Norte de
Minas Gerais. Cada valor da matriz representa a sua contribuição específica para a taxa
finita de crescimento populacional (λ). ............................................................................. 32
x
INTRODUÇÃO GERAL
O extrativismo de produtos florestais não madeireiros (PFNM) contribui para
subsistência e geração de renda de milhões de pessoas em todo o mundo (Hall & Bawa
1993, Hiremath 2004, Ticktin 2004). De acordo com a FAO (2000), aproximadamente
80% da população dos países subdesenvolvidos dependem da extração de PFNM para
suprir suas necessidades básicas. Recentemente, a extração de PFNM tem ganhado
destaque em debates sobre conservação florestal (Ticktin 2004), pois a exploração
adequada desses produtos pode ser uma alternativa capaz aliar a geração de renda com a
conservação e o uso sustentável dos recursos naturais (Nepstad & Schwartzman 1992,
Hiremath 2004, Ticktin 2004).
O uso dos recursos naturais está relacionado aos costumes locais de cada região. No
Brasil, a exploração de PFNM por comunidades rurais e tradicionais é uma prática comum
e amplamente difundida (Albuquerque et al. 2004, Rocha 2004, Schmidt et al. 2007,
Sampaio et al. 2008). Dentro desse contexto, a região do Norte de Minas Gerais tem se
destacado por ter no extrativismo de produtos oriundos do Cerrado e da Caatinga uma
participação considerável na geração de renda e na segurança alimentar de,
aproximadamente, 350 comunidades (Carvalho & Sawyer 2008).
Ocupando aproximadamente 128.000 km2, a mesorregião o Norte de Minas Gerais
abrange 88 municípios e abriga mais de 1,5 milhão de habitantes (IGBE 2000), sendo a
criação de gado extensiva e a agricultura as atividades econômicas com maior impacto na
região (Rodrigues 2000). Caracterizado por uma ampla faixa de transição entre os biomas
Cerrado e Caatinga (Espírito Santo et al. 2009), a região proporciona uma diversidade
única de paisagens, possuindo diversas formações vegetacionais e uma variedade de
plantas com elevado potencial alimentício e econômico, constituindo-se como um território
singular no âmbito dos ecossistemas brasileiros (Gonçalves & Rosa 2005, Carvalho &
Sawyer 2008, Espírito Santo et al. 2009).
A partir do início da década de 1950, a região passa a sofrer grandes transformações
socioeconômicas provocadas principalmente pela criação da Superintendência para o
Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e, posteriormente, na implantação do programa
de modernização política e econômica baseada no tripé: (i) a expansão de projetos
agrícolas, (ii) a industrialização e (iii) o reflorestamento com espécies exóticas como
Eucalyptus e Pinus para o abastecimento energético de indústrias siderúrgicas e produção
de papel e celulose (Rodrigues 2000, Carvalho & Sawyer 2008). Tais ações acabaram por
1
gerar consequências negativas como a desigualdade social e econômica entre os
municípios, a perda da biodiversidade natural, dos recursos hídricos e de outros serviços
ecossistêmicos (Gonçalves 2000, Carvalho & Sawyer 2008). Atualmente, o Norte de
Minas Gerais é uma das regiões mais pobres do estado, com um baixo índice de
desenvolvimento humano (IDH = 0,69, do Estado = 0,77 e do Brasil = 0,75) (IBGE 2000).
Contrário ao processo desenvolvimentista imposto na região surge, em meados da
década de 1980, o CAA-NM (Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, MG).
Formado por pequenos agricultores, lideranças locais e técnicos ambientais, o Centro de
Agricultura Alternativa do Norte de Minas é uma organização não-governamental que
trabalha em prol das comunidades rurais da região, empenhando-se na conquista dos
direitos de acesso à terra, água, biodiversidade e oportunidades de mercado, além de
valorizar as atividades agroecológicas e o uso sustentável dos recursos naturais do Cerrado
e da Caatinga (Gonçalves & Rosa 2005, Carvalho e Sawyer 2008). Com o intuito de
restabelecer alternativas que possibilitassem melhores condições de vida às comunidades
rurais do Norte de Minas Gerais, o CAA-NM inicia, em 1995, a construção de uma
unidade para beneficiamento e comercialização de polpas de frutas nativas e exóticas
(Carvalho & Sawyer 2008). Contudo, após o estabelecimento final desta unidade, em 2003,
culminando com a criação da Cooperativa de Agricultores Familiares e Agroextrativistas
Grande Sertão (CGS), a produção e a comercialização aumentaram consideravelmente, e o
abastecimento de alguns frutos nativos à cooperativa começaram a tornar-se escasso
(Carvalho e Sawyer 2008).
Dentre as espécies nativas comercializadas pela Cooperativa Grande Sertão, destacase a palmeira Butia capitata (Mart.) – Beccari, ou Coquinho-azedo, como é popularmente
conhecida na região.Os frutos dessa espécie são bastante apreciados e altamente
valorizados, o que motiva sua exploração para consumo próprio e para a comercialização e
industrialização (Simões et al. 2006, Silva 2008a, Moura et al. 2010). Atualmente, a polpa
de fruto de B. capitata, processada e congelada, é vendida pela CGS a R$ 12,00/kg,
enquanto as demais frutas nativas e exóticas são comercializadas a R$ 6,00kg.
Devido à ampla aceitação dos produtos de B. capitata nos mercados regionais, o
extrativismo de seus frutos, além de contribuir para necessidades básicas de subsistência,
representa uma fonte de renda extra para várias famílias no norte de Minas Gerais (Simões
et al. 2006, Silva 2008a, Moura et al. 2010). Contudo, a valorização de um produto junto
ao mercado regional em diversas ocasiões modifica a demanda de procura e oferta, e cria
2
situações na qual o recurso torna-se sobre-explorado (Sullivan et al. 1995, Rist et al. 2010),
seja pelo aumento na intensidade de coleta (Sullivan et al. 1995, Schmidt et al. 2007), ou
pelas técnicas de manejo empregados durante a exploração (Hall & Bawa 1993,
Weinsteins & Moegenburg 2004, Varghese & Ticktin 2008). Além disso, nem sempre a
sustentabilidade econômica assegura a sustentabilidade ecológica e vice-versa (Homma
1993). Dependendo da frequência, intensidade ou parte da planta coletada, bem como das
perturbações causadas ao ambiente, o extrativismo de PFNM pode alterar, em diferentes
níveis, os processos biológicos da espécie explorada (Hall & Bawa 1993, Ticktin 2004),
afetando as taxas vitais dos indivíduos (Guedje et al. 2007, Ghimire et al. 2008, Schumann
et al. 2010) e comprometendo os parâmetros demográficos (Dhillion & Gustad 2004,
Guedje et al. 2007 Rist et al. 2010, Delvaux et al. 2010) e genéticos das populações
(Shaanker et al. 2004, Ticktin 2004).
Apesar do intenso uso, tanto para subsistência, como para a comercialização, ainda
há carência de análises quantitativas que avaliem o efeito do extrativismo sobre as
populações de B. capitata (Silva 2008b). Para entender os possíveis impactos causados
pelo extrativismo é fundamental conhecer a distribuição, abundância, sobrevivência, taxa
de crescimento, potencial produtivo e capacidade regenerativa da espécie, e investigar
como estes eventos podem ser influenciados pelo extrativismo (Hall & Bawa 1993, Ticktin
2004, Sampaio et al. 2008).
O conhecimento do comportamento demográfico da população é uma excelente
ferramenta para a elaboração de técnicas que visem à conservação e o uso sustentável dos
recursos naturais (Hall & Bawa 1993, Ticktin 2004, Escalante et al. 2004), principalmente
aqueles sobre pressão do extrativismo. Com base nesta premissa, este trabalho teve como
objetivo foi investigar a dinâmica populacional de B. capitata em áreas sujeitas ao
extrativismo comercial situadas no Norte de Minas Gerais. Para tanto, através de análises
de matriz foram investigados os possíveis efeitos do extrativismo na estabilidade em longo
prazo dessas populações. Resultados obtidos poderão servir como subsídio à adoção de
práticas de manejo que contribuam para a sustentabilidade ecológica e econômica do
extrativismo dos frutos de B. capitata.
3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, U. P., ANDRADE, L. H. C. & SILVA, A. C. O. 2004. Use of plant
resources in a seasonal dry forest (Northeastern Brazil). Acta Botânica Brasílica.
19(1): 27-38.
ANDERSON, P. J. & PUTZ, F. E. 2001. Harvesting and conservation: are both possible
for the palm, Iriartea deltoidea? Forest Ecology and Management 170: 271-283.
CARVALHO, I. S. H. & SAWYER, D. R. 2008. A cooperativa grande sertão e as riquezas
socioambientais do norte de Minas. In: BERSUSAN, N. Unindo sonhos: Pesquisas
ecossociais do Cerrado. Brasília. P. 51-66.
DELVAUX, C., SINSIN, B. & VAN DAMME, P. 2010. Impact of season, stem diameter
and intensity of debarking on survival and bark re-growth pattern of medicinal tree
species, Benin, West Africa.Biological Conservation. 143: 2664-2671.
DHILLION, S. & GUSTAD, G. 2004. Local management practices influence the viability
of the baobab (Adansonia digitata Linn.) in different land use types, Cinzana, Mali.
Agriculture Ecosystems & Environment. 101: 85-103.
ESCALANTE, S., MONTANA, C., & ORELLANA, R. 2004. Demography and potential
extractive use of the liana palm, Desmoncus orthacanthos Martius (Arecaceae), in
Southern Quintana Roo, Mexico. Forest Ecology and Management. 187: 3-18.
ESPIRÍTO-SANTO, M. M., SEVILHA, A. C., ANAYA, C. F., BARBOSA, R.,
FERNANDES, G. W., AZEVEDO, A. S., SCARIOT, A., NORONHA, S. E. &
SAMPAIO, C. A. 2009. Sustainability of tropical dry forests: Two case studies in
southeastern and central Brazil. Forest Ecology and Management. 258: 922-930.
FAO. 2000. Report of workshop on developing needs-based inventory methods for nontimber forest products. Food and Agriculture Organization, Rome, Italy.
GHIMIRE, S. K., GIMENEZ, O., PRADEL, R., McKEY, D. & THOMAS, Y. A. 2008.
Demographic variation and population viability in a threatened Himalayan medicinal
and aromatic herb Nardostachys grandiflora matrix modelling of harvesting effects
in two contrasting habitats. Journal of Applied Ecology. 45: 41-51.
GONÇALVES, C. W. P. 2000. As Minas e os Gerais: breve ensaio sobre desenvolvimento
e sustentabilidade a partir da geografia do Norte de Minas. In: LUZ, C., DAYRELL,
4
Carlos. Cerrado e desenvolvimento: tradição e atualidade. Montes Claros: Centro de
Agricultura Alternativa do Norte de Minas. p.19-46
GONÇALVES, B. & ROSA, H. S. 2005. Cooperativa grande sertão: articulando
populações e diversidades do norte de minas gerais. Agriculturas. 2(2): 1-5.
GUEDJE, N. M., ZUIDEMA, P. A., DURING, H., FOAHOM, B. & LEJOLY, J. 2007.
Tree bark as a non-timber forest product: The effect of bark collection on population
structure and dynamics of Garcinia lucida Vesque. Forest Ecology and Management.
240: 1-12.
HALL, P. & BAWA, K. 1993. Methods to assess the impact of extraction of non-timber
tropical forest products on plant populations. Economic Botany. 47 (3): 234-247.
HIREMATH, A. J. 2004. The ecological consequences of managing forests for non-timber
products. Conservation & Society. 2 (2): 211-216.
HOLM, J. A., MILLER, C. J. & CROPPER-JR, W. P. 2008. Population dynamics of the
dioecious Amazonian palm Mauritia flexuosa: Simulation analysis of sustainable
harvesting. Biotropica. 40 (5): 550-559
HOMMA, A. K. O. 1993. Extrativismo vegetal na Amazônia: Limites e oportunidades.
Embrapa Informação Tecnológica. Brasília. 202p.
IBGE, 2000. Censo Demográfico 2000 – Resultados do Universo: Malha Municipal 1997.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro.
MOURA, R. C., LOPES, P. S., JÚNIOR, D. S. B., GOMES, J. G. & PEREIRA, M. B.
2010. Biometria de frutos e sementes de Butia capitata (Mart.) Beccari (Arecaceae),
em vegetação natural no Norte de Minas Gerais, Brasil. Biota Neotrópica. 10 (2):
415-419.
NEPSTAD, D.C. & SCHWARTZMAN, S. 1992. Non-timber products from tropical
forests: evaluation of a conservation and development strategy. New York Botanical
Garden, New York.
RIST, L. BUNBURY, C. N. K., DOGLAY, F. F., EDWARDS, P., BUNBURY, N. &
GHAZOUL, J. 2010. Sustainable harvesting of coco de mer, Lodoicea maldivica, in
the Vallée de Mai, Seychelles. Forest Ecology and Management. 260: 2224-2231.
5
ROCHA, E. 2004. Potencial ecológico para o manejo de frutos de açaizeiro (Euterpe
precatoria Mart.) em áreas extrativistas no Acre, Brasil. Acta Amazônica. 34 (2):
237 – 250. 237 – 250.
RODRIGUES, L., 2000. Formação Econômica do Norte de Minas e o Período Recente. In:
OLIVEIRA, M. F. M., RODRIGUES, L., MACHADO, J. M. A. & BOTELHO, T.
R. (Eds.), Formação Social e Econômica do Norte de Minas Gerais. Editora
Unimontes, Montes Claros. p. 105–170.
SAMPAIO, M. B., SCHMIDT, I. B. & FIGUEIREDO, I. B. 2008. Harvesting effects and
population ecology of the Buriti palm (Mauritia flexuosa L. f., Arecaceae) in the
Jalapão region, Central Brazil. Economic Botany. 62(2): 171–181.
SCHMIDT, I.B., FIGUEIREDO, I.B. & SCARIOT, A. 2007. Ethnobotany and effects of
harvesting on the population ecology of Syngonanthus nitens (Bong.) Ruhland
(Eriocaulaceae), a NTFP from Jalapão region, Central Brazil. Economic Botany. 61:
73-85.
SCHUMANN, K., WITTIG, K., THIOMBIANO, A., BECKER, U. & HAHN, K.
2010.Impact of land-use type and bark- and leaf-harvesting on population structure
and fruit production of the baobab tree (Adansonia digitata L.) in a semi-arid
savanna, West Africa.Forest Ecology and Management. 260: 2035-2044.
SHAANKER, R. U., GANESHAIAH, K. N., NAGESWARA, M. & ARAVIND, N. A.
2004. Ecological consequences of forest use: From genes to ecosystem – A case
study in the Biligiri Rangaswamy Temple Wildlife Sanctuary, South India.
Conservation & Society. 2 (2): 347-363.
SILVA, P. A. D. 2008a. O Coquinho-Azedo no Norte de Minas Gerais – ecologia
populacional e botânica econômica. In: BERSUSAN, N. Unindo sonhos: Pesquisas
ecossociais do Cerrado. Brasília. P. 85-96.
SILVA, P. A. D. 2008b. Ecologia populacional e botânica econômica de Butia capitata
(Mart.) Beccari no Cerrado do norte de Minas Gerais. Dissertação de mestrado –
Universidade de Brasília. Brasília. 108 p.
SIMÕES, M. O. M., FONSECA, R. S., RIBEIRO, L.M. & NUNES, Y.R. 2006. Biologia
reprodutiva de Butia capitata (Mart.) Beccari (Arecaceae) em uma área de cerrado
no norte de Minas Gerais. Unimontes Científica. 8 (2).
6
SULLIVAN, S., KONSTANT, L. & CUNNINGHAM, A. B. 1995.The impact of
utilization of palm products on the population structure of the vegetable ivory palm
(Hyphaene petersiana, Arecaceae) in North Central Namibia. Economic Botany. 49
(4): 357-370.
TICKTIN, T. 2004. The ecological implications of harvesting non-timber forest products.
Journal of Applied Ecology. 41: 11-21.
VARGHESE, A. & TICKTIN, T. 2008.Regional variation in non-timber forest product
harvest strategies, trade, and ecological impacts: The case of Black Dammar
(Canarium strictum Roxb.) use and conservation in the Nilgiri Biosphere Reserve,
India. Ecology and Society.13(2): 11
WEINSTEINS, S. & MOEGENBURG, S. 2004. Açaí palm management in the Amazon
Estuaty: course for conservation or passage to plantations? Conservation & Society.
2 (2): 315-346.
7
ESTRUTURA E DINÂMICA POPULACIONAL DE COQUINHO-AZEDO (Butia
capitata (MART.) BECCARI,ARECACEAE) EM ÁREAS EXTRATIVISTAS NO
NORTE DE MINAS GERAIS, BRASIL
INTRODUÇÃO
O uso sustentável de produtos florestais não madeireiros (PFNM) depende de fatores
ecológicos e socioeconômicos (Rai & Uhl 2004, Ticktin 2004, Weinsteins & Moegenburg
2004). Um aumento na demanda de mercado, ao mesmo tempo em que agrega valor ao
produto (Schmidt et al. 2007, Afonso & Angelo 2009), modifica também a natureza de sua
utilização (Schmidt et al. 2007, Rist et al. 2010), assim como as intervenções de manejo
dentro do ecossistema (Weinsteins & Moegenburg 2004, Schroth et al. 2006). Embora o
extrativismo
de
produtos
florestais
não
madeireiros
tenha
sido
considerado
economicamente e ecologicamente viável (Nepstad & Schwartzman 1992; Redford &
Padoch 1992), a coleta desses produtos, dependendo da intensidade, frequência e parte da
planta coletada, pode alterar em diferentes níveis os processos ecológicos da espécie alvo
(Hall & Bawa 1993, Ticktin 2004, Varghese & Ticktin 2008, Delvaux et al. 2010).
As palmeiras estão entre as planta com maior utilidade para as populações humanas
(Kahn 1991, Henderson et al. 1995, Lorenzi et al. 2004), fornecendo uma ampla variedade
de PFNM (Reis 2000, Sampaio et al. 2008, Holm et al. 2009, Arango et al. 2010). Na
região Norte de Minas Gerais, o extrativismo dos frutos da palmeira Butia capitata (Mart.)
Beccari – Arecaceae, popularmente conhecida como Coquinho-azedo, por comunidades
agroextrativistas é uma prática comum (Silva 2008a, Moura et al. 2010). Devido à ampla
aceitação no mercado regional, a comercialização desses frutos representa importante fonte
de renda para várias famílias da região, principalmente àquelas mais pobres (Silva 2008a,
Moura et al. 2010). No entanto, a continuidade do extrativismo de B. capitata pode estar
comprometida pela conversão dos ecossistemas naturais em áreas de pastagem, o
reflorestamento com espécies exóticas (Carvalho & Sawyer 2008) e as limitações no
processo de regeneração das populações exploradas (Silva 2008).
Entender o comportamento demográfico e os possíveis efeitos do extrativismo na
estabilidade das populações é o primeiro passo para tentar garantir a conservação e o uso
sustentável do recurso explorado (Hall & Bawa 1993, Peres et al. 2003, Ticktin 2004,
Avocèvou-Ayisso et al. 2009, Rist et al. 2010). Dentro deste contexto, modelos matriciais
baseados em análises demográficas (Casweel 2001) podem ser importantes ferramentas
8
para avaliar os possíveis impactos do extrativismo na dinâmica populacional e predizer
quais os parâmetros demográficos mais importantes para a manutenção da população
(Pinard & Putz 1992, Bernal 1998, Rodríguez-Buriticá et al. 2005, Portela et al. 2010).
Modelos matriciais são comumente usados para projetar a taxa de crescimento
populacional (λ), uma medida de aptidão da população sob um ambiente particular
(Caswell 2001). Valores de λ maior que 1,0 indicam que população está crescendo e é
frequentemente usado para aferir que os níveis de exploração podem ser considerados
sustentáveis (Bernal 1998, Rocha & Viana 2004, Arango et al. 2010).
Mudanças nos parâmetros demográficos, mesmo quando feitas na mesma proporção,
têm diferentes impactos sobre a taxa de crescimento populacional (Caswell 2000, Zuidema
et al. 2007). A importância de cada parâmetro demográfico para a taxa de crescimento
pode ser quantificada através das análises de elasticidade e análises de perturbação
(Silvertown et al. 1993, Caswell 2000, de Kroon et al. 2000, Zuidema et al. 2007).
Análises que permitem identificar a sensitividade do λ às mudanças nos parâmetros
demográficos causados tanto porintervenções antrópicas, como por fatores ambientais
(Caswell 2000, Zuidema et al. 2007), e ajudam a direcionar estratégias de manejo
prioritárias para a conservação da espécie (Caswell 2000, de Kroon et al. 2000, Zuidema et
al. 2007).
Apesar da ampla ocorrência das palmeiras de B. capitata em áreas de Cerrado no
Norte de Minas Gerais e o intenso uso de seus frutos pelas comunidades agroextrativistas
da região, poucos estudos tem focado na ecologia da espécie e o impacto do extrativismo
sobre as populações exploradas ainda permanece desconhecido. Nesse sentido, o objetivo
deste trabalho foi avaliar a estrutura e a dinâmica populacional de B. capitata em áreas
extrativistas no Norte de Minas Gerais. Para tanto, foram analisadas as questões: i) Qual a
distribuição de estádios ontogenéticos e classes de altura em três populações submetidas a
diferentes regimes de coleta e tipos de uso da terra; ii) Qual a taxa finita de crescimento (λ)
em duas populações sujeitas ao extrativismo comercial e; iii) Quais os estádios e os
parâmetros demográficos prioritários para a persistência populacional. Modelos matriciais
foram aplicados para testar a hipótese de que os atuais níveis de coleta dos frutos não
afetam a viabilidade das populações de B. capitata. Respostas a estas questões podem
subsidiar ações de manejo capazes de contribuir com a sustentabilidade ecológica e
econômica do extrativismo de B. capitata, e revelar se os atuais níveis de coleta podem
comprometer a persistência em longo prazo dessas populações.
9
MATERIAIS E MÉTODOS
CARACTERIZAÇÃO DA ESPÉCIE
O gênero Butia é uma monocotiledônea pertencente à família Arecaceae. O gênero de
nove espécies é nativo da América do Sul (Henderson et al. 1995). Popularmente
conhecida como Butiá ou Coquinho-azedo, Butia capitata (Mart.) Beccari é uma palmeira
da subfamília Arecoideae, tribo Cocoeae, subtribo Butiinae (Jones, 1995). No Brasil, a
espécie ocorre principalmente nos estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais, em áreas de
Cerrado (Figura 1), geralmente em solos arenosos (Lorenzi et al. 2004); no sul do país nos
estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande Sul, crescendo junto à vegetação de
restinga; e no Uruguai, ocorrendo em solos gleizados e solos planos relativamente
inundados (Chebatafoff 1971 apud Rivas & Barilani 2004). Contudo, há certa dubiedade
sobre o epíteto específico das populações de Butia no sul do país e no Uruguai, onde
alguns autores a reconhecem como outra espécie, Butia odorata (Henderson et al. 1995,
Lorenzi et al. 2004).
B. capitata é uma palmeira monóica de comportamento heliófilo, de estipe aéreo
solitário com 1 a 4 m de altura e recoberto pelos resquícios das bainhas foliares (Lorenzi et
al. 2004, Martins et al. 2010. Suas folhas são pinadas e fortemente arqueadas formando um
“V”, com pecíolo apresentando pequenos dentes nas margens (Henderson et al. 1995,
Lorenzi et al. 2004, Martins et al. 2010, Marcato & Pirani 2006). A distribuição da espécie
é agregada, formando densas manchas ao longo da paisagem (Silva 2008b).
B. capitata têm crescimento lento, atingindo a idade reprodutiva aos oito anos
(Martins et al. 2010). A espécie floresce entre março a setembro, as inflorescências são do
tipo panículas, protegidas por uma grande bráctea, as flores são unissexuais, pistiladas, de
coloração amarelo-branqueado, medindo aproximadamente 8 mm de comprimento e 6 mm
de largura (Lorenzi et al. 2004, Marcato & Pirani 2006, Martins et al. 2010). A frutificação
ocorre entre junho a janeiro, os frutos são do tipo drupa, o epicarpo quando maduro
apresenta tonalidade amarelada, avermelhada ou arroxeada, o mesocarpo é carnoso, o
endocarpo lenhoso, contendo no seu interior de uma a três sementes; os frutos são
classificados como climatérios, que devido à ação auto-catalítica do etileno, continuam o
processo de maturação mesmo após destacar-se da planta mãe (Broschat 1998, Lorenzi et
al. 2004, Marcato & Pirani 2006, Amarante & Megguer 2008, Moura et al. 2010, Martins
et al. 2010). A polpa dos frutos é bastante fibrosa, de sabor azedo a adocicado, rica em
10
vitamina C, pró-vitamina A, potássio e lipídios (Faria et al. 2008a). A amêndoa da semente
apresenta alto teor de lipídios, gorduras, fósforo e potássio (Faria et al. 2008b). Devido à
rigidez do endocarpo, as sementes demoram até dois anos para germinar, o que pode
dificultar a disseminação natural da espécie (Carpenter 1988, Broschat 1998, Pedron et al.
2004,).
Os frutos de B. capitata são durante certo período do ano, mais especificadamente
entre outubro e fevereiro, importante recurso alimentício para a fauna silvestre, tendo como
principais dispersores aves, mamíferos e coleópteras (Rosa et al. 1998). O fruto é bastante
apreciado na região Norte de Minas Gerais, tanto para consumo in natura, como na forma
de polpa para o preparo de sucos e picolés, entre outros, representando uma importante
fonte de renda para as populações rurais durante a safra (Simões et al. 2006, Silva 2008a,
Moura et al. 2010). A grande quantidade de nutrientes e de fibras no fruto e na amêndoa
contribui para o uso na confecção de doces, pães e biscoitos, dando textura e aumentando o
potencial nutricional desses produtos (Faria et al. 2008a, Faria et al. 2008b). As folhas
fornecem fibras finas e resistentes, usadas na fabricação de vassouras, cestos, cordas e
estofados (Reitz 1974).
Figura 1: Ocupação do Cerrado (verde) e distribuição de Butia capitata (pontos em vermelho) no
bioma (Lorenzi et al. 2004). Adaptado de Machado et al. 2004.
11
ÁREA DE ESTUDO
A definição das áreas de estudo, feita com a participação do Centro de Agricultura
Alternativa (CAA-NM), levou em consideração à atividade extrativista, o acesso ao local e
a integração dos agroextrativistas com a pesquisa a ser desenvolvida. As três populações de
B. capitata estudadas situam-se em áreas de Cerrado no Norte de Minas Gerais, Meso
região Norte de Minas, nos municípios de Montes Claros, Mirabela e Serranópolis de
Minas (Figura 2).
A primeira área localiza-se no povoado de Abóboras (16º54’8.52”S 44º4’15.36”W),
a 27 km do perímetro urbano de Montes Claros, município de maior importância
econômica no Norte de Minas. O município está a uma altitude média de 678 m, clima
Tropical semi-árido, chuvas concentradas de outubro a março, com precipitação anual de
1.100mm e temperatura média de 24,4º C (INMET 2010). Os principais tipos de solo nesta
área são latossolo vermelho e neossolo quartzarênico.
No local, a população de B. capitata ocorre em uma vegetação ecótona entre cerrado
típico (sensu stricto) e mata de galeria, junto a outras espécies típicas como o Pequi
(Caryocar brasiliense Camb.); Cagaita (Eugenia dysenterica DC); Mangaba (Hancornia
speciosa - Gomes); Coco catulé (Attalea geraensis Barb. Rodr.); Lobeira (Solanum
lycacarpum St. Hil.); Macaúba (Acrocomia acuelata (Jacq.) Lodd ex Mart.); Copaíba
(Capaifera langsdorffii Desf.); entre outras.
O extrativismo de frutos do Cerrado nesta área ocorre há mais de 30 anos, porém, a
principal área de coleta pertence à reserva legal da Somai Nordeste S/A, empresa privada
instalada no local. Um acordo entre a empresa e os moradores permite o livre acesso e o
extrativismo na área. Entretanto, este acordo só tornou-se possível após anos de luta e
reivindicações por parte dos moradores de Abóboras, que por inúmeras vezes viram-se
prejudicados pelas ações e o monopólio da empresa (Carvalho & Sawyer 2008).
A segunda área de estudo está localizada na comunidade rural de Campos
(15º53’45.59’’S 42º49’22.88’’W), município de Serranópolis de Minas, Serra do
Espinhaço Meridional, a 200 km de Montes Claros. O local encontra-se a 910 m de
altitude; o clima é classificado como Tropical quente semi-úmido, com 4 e 5 meses sem
chuva e temperatura média anual de 25ºC (IBGE 2008).
Na região de Serranópolis de Minas a vegetação é de transição entre os biomas de
Cerrado e Caatinga, predominando as fitofisinomias de cerrado típico e cerrado rupestre.
Os principais tipos de solo são o Latossolo vermelho, o Neossolo Quartzanêrico e
12
afloramento rochoso derivado de quartzito. Na área, além de B. capitata, as espécies
vegetais mais comuns são Arnica (Lychnophra sp), Caviúna (Dalbergia miscolobium
Benth.), Coco catulé (Attalea geraensis Barb. Rodr.), Cagaita (Eugenia dysenterica
DC),Pimenta de macaco (Xylopia aromatica (Lam.) Mart.), Carne-de-vaca (Roupala
montana Aubl.), Ipê – amarelo - do - cerrado (Tabebuia ochracea Cham.).
Em Serranópolis de Minas, há uma comunidade descendente de quilombolas no
povoado de Campos, que há quase 18 anos praticam o extrativismo dos frutos de B.
capitata (Silva 2008a). Porém, a coleta não era constante, e somente a partir de 2002,
quando os extrativistas passaram a fornecer frutos para a Cooperativa Grande Sertão, a
coleta começou a ser mais freqüente e intensa (Silva 2008a).
A terceira área está localizada em uma fazenda particular, Fazenda Baixa
(16º16’2.31’’S 44º11’45.14’’W), no município de Mirabela, a 70 km de Montes Claros. A
área, com aproximadamente 50 ha de vegetação nativa de Cerrado, localiza-se a uma
altitude média de 789 m, clima Tropical semi-árido, com o período de chuva ocorrendo de
outubro a março, precipitação média anual de 1.060 mm e temperatura média anual de
22,4º C (IBGE 2008). No local não havia o extrativismo comercial de frutos de B. capitata
e a fazenda era usada basicamente para a criação de gado e retirada de madeira. No
entanto, a partir de 2006, o processo de utilização da fazenda muda completamente. A
criação de gado é interrompida, o proprietário passa a investir na comercialização dos
frutos de B. capitata, fornecendo inicialmente à CGS e posteriormente fortalecendo
parcerias para o processamento e fornecimento da polpa a particulares.
Na fazenda, B. capitata cresce junto à vegetação de cerrado típico perturbada, em
solo Neossolo Quartzarênico. Algumas das espécies vegetais presentes na área são Pequi
(Caryocarbrasiliense Camb.), Rufão (Peritassa campestris (Cambess.) A.C.Sm.), Panã
(Annonacrassiflora Mart.), Barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville),
lixeira (Curatella americana L.), Copaíba (Copaifera langsdorffii Desf.), jatobá
(Hymeneastignocarpa Mart. ex Hayne.), Tingui (Magonia pubescens St.-Hil.), Pacari
(Lafoensiapacari St. Hil.), Lobeira (Solanum lycocarpum St. Hil.) e Macambira (Bromelia
sp), entre outras.
13
Figura 2: Mapa destacando o Norte de Minas Gerais e as respectivas áreas de estudo: Montes Claros
(Abóboras), Mirabela (Fazenda Baixa) e Serranópolis de Minas (Campos). Desenvolvido por Sérgio
Noronha, Laboratório de Geoprocessamento, Embrapa/Cenargen.
ESTRUTURA POPULACIONAL
A caracterização do ciclo de vida de um organismo não se dá apenas por sua idade
cronológica, mas também por diversas propriedades morfológicas, fisiológicas e
bioquímicas que, de alguma forma, representam um momento particular do seu
desenvolvimento, denominado estádio ontogenético (Gatsuk et al. 1980, Carvalho et al.
1999). Em alguns organismos com ciclo de vida mais complexo, a idade não é o melhor
preditor para representar o estado de desenvolvimento do indivíduo e da população
(Gatsuk 1980, Caswell 2001). Diferentes características têm sido utilizadas para
representar adequadamente os estádios de uma planta. Além das características
morfologias e fisiológicas, história de vida e medidas quantitativas podem auxiliar na
definição dos estádios (Bernacci et al. 2008).
Em palmeiras, o número de folhas vivas e a partição do limbo foliar (Bernacci et al.
2008); o comprimento da folha (Widyatmoko et al. 2005); o comprimento do estipe e o
comprimento vertical da copa (Sampaio & Scariot 2008); a altura total; aspectos
vegetativos e reprodutivos (Pinard 1993, Rocha 2004, Silva 2008b) são comumente usados
14
para definir os estádios de vida. No presente estudo, a definição dos estádios ontogenéticos
(Figura 3) foi baseada nos caracteres macro-morfológicos como morfologia foliar, altura e
evidência de estruturas reprodutivas (Silva 2008b). Com base nesses parâmetros os
indivíduos amostrados foram classificados nos seguintes estádios:
 Plântula – indivíduos com aparente dependência nutricional da semente, presença
de um a cinco eófilos, inteiros, lanceolados, sem folhas pinadas.
 Infantil – plantas com folhas pinadas, cujas pinas e nervura central são mais finas e
menores que as dos próximos estádios, sem restos de bainhas e pecíolos.
 Juvenil – todas as folhas pinadas, com restos de bainhas e pecíolos, sem estipe
exposto; ausência de estruturas reprodutivas ou evidências anteriores destas. Não
foram observadas plantas não reprodutivas com estipe exposto.
 Reprodutivo – todas as folhas pinadas, com restos de bainhas e pecíolos, com ou
sem estipe exposto; presença de estruturas reprodutivas ou evidência de reprodução
anterior.
Para caracterizar a estrutura populacional de B. capitata, foram instaladas em cada
área de estudo 25 parcelas permanentes de 10 x 20 m dispostas a intervalos de 40 a 50 m,
ao longo das trilhas utilizadas pelos extrativistas. Como as populações estudadas ocorrem
em manchas, as parcelas foram estabelecidas dentro da faixa de ocorrência da espécie. Em
Serranópolis de Minas e Mirabela, a população de B. capitata foi amostrada em janeiro de
2007e, posteriormente, reamostradas em agosto de 2008 e janeiro de 2010. Em Montes
Claros, a amostragem foi feita apenas em janeiro de 2010, já que a população foi
encontrada em junho de 2009.
Os indivíduos foram classificados em estádios ontogenéticos, etiquetados com placa
de alumínio, contabilizado o número de folhas vivas e mensurado a altura, com exceção do
estádio plântula, medida da base no solo até o ponto de inserção da folha flecha. Folha
flecha é a folha fechada, ainda em formação, onde se encontra o meristema apical (Rosa et
al. 1998). No vértice superior direito interno foi delimitada uma sub-parcela de 5 x 5 m,
utilizada para amostragem de plântulas e o recrutamento de novos indivíduos. Como
plântulas não apresentarem folha flecha, foi atribuído à altura de 1,0 cm aos indivíduos
pertencentes a este estádio.
15
A densidade de B. capitata entre as três populações foi comparada através da análise
de variância (ANOVA) (Zar 1999). Já a proporção de indivíduos em cada estádio
ontogenético nas três populações foi comparada pelo o teste G (Sokal & Rohlf 1995). A
diferença na distribuição em classes de altura entre as três populações estudadas foi testada
utilizando-se o teste de Kolmogorov – Smirnov para duas amostras independentes (Sokal
& Rohlf 1995). O teste compara a diferença entre duas distribuições, e sua hipótese nula é
de que as amostras são distribuídas identicamente. Assim o teste é sensível à diferença na
frequência, alocação, dispersão e assimetria dos dados (Sokal & Rohlf 1995). As análises
dos dados foram feitas utilizando os pacotes estatísticos Statistica 7,0 (Statsoft, Inc. 2004)
e BioEstat versão 5,0 (Ayres et al. 2007), adotando o nível de significância: p < 0,05 para
todos eles.
Figura 3: Estádios ontogenéticos em indivíduos de B. capitata amostrados no Norte de Minas Gerais nos
municípios de Mirabela, Montes Claros e Serranópolis de Minas. A. Plântula; B. Infantil; C. Juvenil; D.
Reprodutivo.
16
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL
A distribuição espacial das três populações estudadas foi estimada com o Índice de
dispersão (Id) e o Índice de dispersão de Morisita Padronizado (Ip) (Krebs 1999). O Índice
de dispersão, também chamado de razão entre a variância e a média, é baseado na
observação de que em uma distribuição aleatória, distribuição de Poisson, a variância é
igual à média, assim temos (Krebs 1999):
s2 / x = 1
quando I é maior do que 1,0 indica distribuição espacial agregada, e quando é menor
que 1,0 os indivíduos tendem a distribuição uniforme (Benerjeer 1976). Contudo, o Índice
de dispersão tem a desvantagem de ser influenciado pelo tamanho amostral e a densidade
populacional, o que pode enviesar o resultado da análise, sugerindo que outras medidas de
dispersão são necessárias (Krebs 1999). O Índice de dispersão de Morisita Padronizado (Ip)
é relativamente independente da densidade populacional e tamanho da amostra, sendo um
das melhores medidas de dispersão (Myers 1978, Krebs 1999). O índice varia de – 1,0 a +
1,0, com 95% de intervalo de confiança a – 0,5 a + 0,5. Padrões aleatórios dão valor de Ip
igual a zero, padrões agrupados são maiores do que zero e padrões uniformes abaixo de
zero (Krebs 1999).
A significância do Índice de Dispersão de Morisita foi testada pelo teste F (g.l.= n-1,
p<0,05):
F= [Id (N-1) + (n – N/ n-1)],
sendo n o número de parcelas e No número total de indivíduos em todas as parcelas
(Poole 1974 apud Carvalho et al. 2009). O valor de F observado foi comparado com o
valor de FTabelado, com n – 1 graus de liberdade para o numerador e infinito (∞) para o
denominador.
As análises foram feitas com o programa estatístico Ecological Methodology versão
6.1 (Krebs 2002)
PRODUÇÃO DE FOLHAS E TAXA DE CRESCIMENTO ABSOLUTO
Para investigar a produção de folhas foram acompanhados 30 indivíduos em
Serranópolis de Minas e 30 em Mirabela, sendo 20 reprodutivos e 10 juvenis. Para
quantificar a taxa de produção foliar foi fixado em cada indivíduo selecionado uma placa
17
em volta da folha flecha. Em intervalos semestrais, de fevereiro de 2009 a fevereiro de
2010, o número de folhas ulteriores à folha marcada foi então registrado.
Utilizando-se dos dados de altura, a taxa de crescimento absoluto (TCA) em plantas
de B. capitata com folhas pinadas – infantil; juvenil e reprodutivo – foi calculada pela
razão:
TCA = [(Alt2 – Alt1)/ (∆t)]
sendo Alt1 = altura da planta (cm) no primeiro levantamento; Alt2 = altura da planta
(cm) no segundo levantamento; ∆t = o intervalo de tempo entre as amostras (Benincasa
2003).
Para avaliar se há diferença na TCA entre o estádio infantil, juvenil e reprodutivo foi
usado o teste de Kruskal-Wallis (Zar 1999) e a produção foliar entre os estádios juvenil e
reprodutivo foi testada através do teste de Mann-Whitney (Zar 1999). A escolha por testes
não paramétricos é justificada pela heterocedasticidade e distribuição não normal dos
dados, mesmo quando transformados (Zar 1999). As análises dos dados foram feitas
utilizando os pacotes estatísticos Statistica 7,0 (Statsoft, Inc. 2004) e BioEstat versão 5,0
(Ayres et al. 2007), adotando o nível de significância: p < 0,05 para todos eles.
DINÂMICA POPULACIONAL
A dinâmica populacional de B. capitata foi avaliado em Serranópolis de Minas e
Mirabela, que foram acompanhadas em intervalos demográficos entre janeiro de 2007 (t0)
a janeiro de 2010 (t2). A cada recenseamento foram levantados dados de sobrevivência,
crescimento em altura, número de folhas vivas, transição para o próximo estádio e
recrutamento de novos indivíduos.
Os parâmetros demográficos avaliados foram então utilizados para construir modelos
matriciais de Lefkovich (Lefkovich 1965) baseado em estádios de desenvolvimento
(Figura 4). O uso de modelos matriciais possibilita estimar a taxa finita de crescimento
populacional (λ), predizer a idade ou estrutura de estádios e verificar quais parâmetros
demográficos que mais influenciam na persistência da população em longo prazo (de
Kroonet al. 1986 e 2000, Pinard & Putz 1992, Caswell 2001).
A determinação dos estádios ontogenéticos como variável-estado foi feita de forma
que as diferenças demográficas entre as categorias pudessem ser maximizadas (Gatsuk et
al. 1980). Para a construção do modelo foram necessários os parâmetros probabilidade de
18
sobrevivência (Sx), probabilidade de sobrevivência com permanência na mesma classe (M),
probabilidade de sobrevivência com passagem para próxima classe (P) e fecundidade ou
potencial produtivo (F), calculados da seguinte forma (Silva-Matos et al. 1999):
Probabilidade de sobrevivência (Sx): Número de indivíduos do estádio i que
sobreviveram entre o intervalo de tempo T e T+1/Número de indivíduos do
estádio i no tempo T;
Probabilidade de sobrevivência com permanência (M): Número de indivíduos
que sobreviveram e permaneceram no estádio i no tempo T+1/Número de
indivíduos do estádio i no tempo T;
Probabilidade de sobrevivência com passagem para próxima classe (P):
Número de indivíduos do estádio i que passaram para o estádio j no tempo
T+1/Número de indivíduos do estádio i no tempo T;
Fecundidade ou potencial reprodutivo (F): Número de plântulas recrutadas
entre o intervalo T e T+1/Número de indivíduos reprodutivos no tempo T. As
sementes não foram utilizadas no presente estudo.
Figura 4: Diagrama exemplificando o ciclo de vida e as possibilidades de transição entre os
estádios de Butia capitata no Norte de Minas Gerais. M = Sobrevivência com permanência no
mesmo estádio; P = Sobrevivência com passagem para o próximo estádio; F = Fecundidade,
contribuição dos reprodutivos para a entrada de novos indivíduos na população (Caswell 2001).
19
Os valores de F, M e P, são ordenados em uma matriz quadrática, denominada matriz
de transição, At (Caswell 2001). Cada elemento aij da matriz representa a probabilidade de
permanência ou transição de um estádio de vida a outro através de um intervalo de tempo.
A diagonal principal indica a permanência dos indivíduos no mesmo estádio; a subdiagonal inferior mostra a probabilidade de crescimento para o próximo estádio e a subdiagonal superior a probabilidade de regressão para um estádio inferior; F é a contribuição
de um determinado estádio para entrada de novos indivíduos na população (Caswell 2001).
Por exemplo:
a11 a21 a31
At =
F
a12 a22 a32 a42
a13 a23 a33 a43
a14 a24 a34 a44
A estrutura populacional em cada intervalo de tempo é descrita por um vetor coluna
(Nt), que representa o número de indivíduos em cada estádio. A soma dos valores dentro
do vetor é o tamanho total da população (Pinard & Putz 1992, Caswell 2001). A
multiplicação entre a matriz de transição (At) e os elementos do vetor coluna (Nt) permite
descrever e projetar a estrutura populacional após t períodos de tempo (Pinard & Putz
1992, Caswell 2001). Assim:
Nt+1 = At*Nt..
Caso as condições exibidas pela matriz de transição se mantenham constantes, a
população atingirá uma distribuição etária estável, na qual a proporção de cada estádio na
população tende a não mais se alterar após subseqüentes intervalos de tempo (Caswell
2001). Essa distribuição é representada por um vetor coluna (wi), denominada eigenvector
direito. O eigenvector direito associado a uma raiz dominante, o lambda (λ), representa a
distribuição etária estável da população(Pinard & Putz 1992, Caswell 2001), tal que:
λ*wi= A*wi.
20
ANÁLISES MATRICIAIS
Qualquer população descrita por uma matriz de transição, quando projetada após
inúmeras iterações, atingirá a distribuição etária estável, cujo número de indivíduos em
cada estádio aumenta de acordo com o autovalor dominante (λ) da matriz para determinado
intervalo (Caswell 2001):
Nt+1 = λ*Nt
O λ é uma medida de aptidão capaz de predizer como uma determinada população
está se comportando após um período de tempo (Caswell 2001). Valor de λ igual a 1,0
indica que a população apresenta padrão estável; λ< 1 indica que a população está
declinando; e λ>1 indica que a população está aumentando (Caswell 2000, Caswell &
Fujiwara 2004).
Os parâmetros demográficos, avaliados entre 2007 a 2010, foram utilizados para
construir duas matrizes de transição, uma para cada população (Mirabela e Serranópolis de
Minas). De cada matriz construída foi obtida a taxa finita de crescimento (λ), a distribuição
estável de estádios (wi) e o valor reprodutivo (vi), calculados usando o “power method”
(Caswell 2001). O valor reprodutivo é uma expressão da contribuição de uma classe de
tamanho para as outras demais classes (Pinard 1993). Para avaliar se a distribuição de
estádios observada foi significativamente diferente da distribuição etária estável projetada,
foi utilizado o teste G.
Cada parâmetro demográfico tem sua relativa contribuição para a taxa de
crescimento populacional (de Kroon et al. 1986, 2000). Neste caso, a análise de
sensitividade, calculada pela razão:
Sij = (vi * wj)/(∑ vi * wj)
mede o impacto sobre o λ causado pelas mudanças nos elementos da matriz de
transição. Contudo, análises de sensitividade podem gerar algumas dificuldades de
interpretação, devido a diferentes escalas de magnitude exibidos em uma matriz de
transição (de Kroon et al. 1986 e 2000).
Análises de elasticidade, estimadas a partir da equação (Caswell 2001):
eij= (
/ aij) * (aij/ );
são medidas de sensitividade proporcional (de Kroon et al. 1986 e 2000, Silvertown
et al. 1993 e 1996). A análise de elasticidade (eij) de cada elemento (aij) da matriz ( At)
mensura uma mudança proporcional do λ, resultado de uma mudança proporcional em
21
cada coeficiente da matriz. A elasticidade também quantifica a contribuição de cada
parâmetro (crescimento, sobrevivência e fecundidade) para a taxa de crescimento
populacional, sendo que a soma de todos os elementos eij em uma matriz é igual a 1,0 (de
Kroon et al. 1986, 2000, Silvertown et al. 1993).
A significância do λ (difere significativamente de 1,0) foi comparada pelo intervalo
de confiança a 95% de probabilidade, calculado pelo método de “bootstrap” (Caswell
2001). Para cada população foi construída uma Tabela de Vida e uma matriz de
fecundidade. Esses dados foram então reamostrados 10.000 vezes e, a cada iteração, foi
calculado um novo λ. A partir dos λ calculados, o intervalo de confiança foi estimado pelo
método de percentil, o qual não assume distribuição paramétrica (Caswell 2001).
O crescimento populacional é influenciado por eventos que ocorrem ao longo do
ciclo de vida da planta (Sampaio & Scariot 2010), e qualquer espécie que, na exploração
de seus recursos proporcione uma alternativa de subsistência e geração de renda tende a
sofrer, com menor ou maior intensidade, algum tipo de interferência no seu ciclo de vida
(Hall & Bawa 1993, Ticktin 2004). Embora não seja possível estimar a taxa máxima de
coleta sustentável devido ao delineamento amostral, algumas mudanças nos parâmetros
demográficos de B. capitata foram simuladas e, posteriormente, seus efeitos na
estabilidade populacional analisados.
As simulações foram realizadas modificando os parâmetros de fecundidade
(potencial reprodutivo), com variações de 10 a 95% do coeficiente inicial gerado pelo
modelo matricial; e modificando a probabilidade de sobrevivência dos indivíduos
reprodutivos, com redução de 1 a 10% do valor inicial observado ao longo do estudo. Após
cada simulação foi calculado um novo λ (IC 95%) e observado o impacto na taxa de
crescimento populacional. Essas perturbações, denominadas análise prospectiva (Horvitz et
al. 1997 apud Zuidema et al. 2007), descrevem o quanto o λ mudaria em reposta às
mudanças induzidas em um ou mais parâmetros demográficos (Caswell 2000, Zuidema et
al. 2007). Assim, a análise prospectiva foi usada para testar os resultados da elasticidade,
permitindo identificar quais intervenções de manejo são mais efetivas para alterar o valor
do λ (Caswell 2000, Zuidema et al. 2007). Todas as análises matriciais foram
desenvolvidas utilizando o software matemático MATLAB 7.1 (Mathworks, 2004).
22
RESULTADOS
ESTRUTURA POPULACIONAL
Houve diferença significativa na densidade total de plantas (F2,71 = 11,73, p< 0,001).
Na região de Serranópolis de Minas (3.932 palmeiras ha-1) a densidade é
significativamente maior (Tukey, p< 0,05) que em Mirabela (1.216 palmeiras ha-1) e
Montes Claros (658 palmeiras ha-1), (Tabela 1). A proporção de indivíduos em cada
estádio ontogenético diferiu significativamente entre as populações de Serranópolis de
Minas e Mirabela (Teste G=35,6; p< 0,001), e Serranópolis de Minas e Montes Claros
(Teste G = 66,07; p< 0,001), mas não entre Mirabela e Montes Claros (Teste G = 4,9; p =
0,18). Em todas as populações as maiores densidades relativas ocorrem em plântulas (38,9
– 89,1%) e reprodutivos (9,9 – 41,6%) e as menores no estádio infantil (0,3%, 4% e 7% em
Serranópolis de Minas, Montes Claros e Mirabela, respectivamente (Figura 5)). A maior
disparidade na densidade relativa entre os estádios foi em Serranópolis de Minas, onde
plântula representa aproximadamente 90% de toda a população, enquanto os estádios
subsequentes, infantil e juvenil, representam juntos apenas 1% da densidade relativa da
população. Nas outras duas populações, a densidade relativa dos infantis e juvenis foi
maior, representando juntos 17% em Mirabela e 19% em Montes Claros (Figura 5).
Tabela 1: Densidade (± 1 DP) de indivíduos por hectare nos referidos estádios em três populações
de B. capitata em áreas de Cerrado no Norte de Minas Gerais. Análise de variância (F 2.71= 11,73,
p< 0,001). Letras diferentes representam diferenças significativas entre as médias (Tukey, p< 0,05
Estádios Ontogenéticos
Região
Plântula
Infantil
Juvenil
Reprodutivo
Total
Montes Claros
256 ±18,4
28 ±2,9 100 ± 4,3
274 ±7,1
658 ±23,4 a
Mirabela
640 ± 28,5
84 ±3,5
132 ±7,1
360 ±9,9
1216 ±33,1a
3504 ±182,0
12 ±1,2
26 ±2,5
390 ±11,5
3932 ±1852,0b
Serranópolis de Minas
23
Figura 5: Densidade relativa de estádios ontogenéticos para três populações de B. capitata em áreas de
Cerrado no Norte de Minas Gerais. Valores sobre as barras indicam o número de indivíduos em cada
estádio. Letras diferentes indicam diferenças significativas (Teste G de independência, p< 0,001).
Houve diferença significativa na distribuição de classes de altura entre as três
populações estudadas (Teste de Kolmogorov-Smirnov para duas amostras independentes,
Figura 6). As comparações foram feitas de forma pareadas, assim os resultados foram:
Mirabela x Serranópolis de Minas (Dmax= 0,36; p < 0,001); Mirabela x Montes Claros
(Dmax= 0,29; p< 0,001); Montes Claros x Serranópolis de Minas (Dmax= 0,50; p< 0,001).
Nas três populações estudadas há um maior número de indivíduos na primeira classe
de altura, entre 1-50 cm. Em Mirabela, a distribuição de frequência por classe de altura
tende ao formato em J-reverso, com 79,46% dos indivíduos ocorrendo na primeira classe.
Na população de Montes Claros, 52,72% dos indivíduos ocorre na primeira classe, e
44,54% nas classes intermediárias, entre 51-100 e 101-150 cm. Já em Serranópolis de
Minas, 90,25% dos indivíduos se encontram na primeira classe, seguido por 5,10% dos
indivíduos na classe de altura intermediária, entre 101-151 cm.
24
A primeira classe de altura envolveu tanto plântulas, indivíduos sem folhas pinadas e
ausência de folha flecha, quanto infantis, juvenis e reprodutivos, indivíduos com folhas
pinadas e presença de folha flecha. Nesta classe, o estádio plântula perfez 38,8% dos
indivíduos em Montes Claros, 53,12% em Mirabela e 89,4% em Serranópolis de Minas
(Figura 6).
Figura 6: Frequência relativa das classes de altura (cm) em plantas de B. capitata na região Norte de
Minas Gerais. Mirabela, Montes Claros e Serranópolis de Minas. Barra azul representa a proporção de
indivíduos pertencente ao estádio plântula. Letras diferentes indicam diferenças significativas (p <
0.05) pelo teste de Kolmogorov-Smirnov.
25
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL
Segundo o Índice de dispersão (Id) e o Índice de dispersão de Morisita padronizado
(Ip) as populações de B. capitata apresentam um padrão de distribuição agregado (Tabela
2).
Tabela2: Distribuição espacial de acordo com o Índice de Dispersão (Id) e o Índice de Dispersão de
Morisita Padronizado (Ip)em três populações de B. capitata no Norte de Minas Gerais.Id= 1,
aleatório; > 1, agregado e; < 1, uniforme e; Ip= 0, aleatório; > 0, agregado e; < 0, uniforme.Nível
de significância do Ippelo teste F (gl= n-1; p< 0,05).Em todas as populações, o índice de dispersão
de Morisita padronizado (Ip) foi significativamente maior do que zero (Teste F; p < 0,05).
Região
Mirabela
Serranópolis de Minas
Montes Claros
Estádios
Id
Ip
Valor de F
Id
Ip
Valor de F
Id
Ip
Valor de F
Plântula
15,8
0,52
24,7
113,4
0,53
87,3
16,5
0,55
17,5
Infantil
1,8
0,50
12,7
1,4
0,36
7,5
3,7
0,58
13,5
Juvenil
4,8
0,52
13,1
2,8
0,55
12,1
2,3
0,50
13,0
Reprod.
3,4
0,50
18,4
4,0
0,50
18,9
2,3
0,50
16,6
11,3
0,50
36,1
115,1
0,52
105,9
10,4
0,51
24,9
Total
PRODUÇÃO DE FOLHAS E TAXA DE CRESCIMENTO ABSOLUTO
Em B. capitata as plantas produzem significativamente mais folhas no estádio
reprodutivo que no juvenil (Serranópolis de Minas U= 3; p< 0,05; Mirabela U= 32; p<
0,05) (Tabela 3). Não houve diferença significativa na TCA entre os estádios infantil,
juvenil e reprodutivo (Serranópolis de Minas, Kruskal-Wallis = 0,196; p = 0,90 e Mirabela,
Kruskal-Wallis = 2,79; p = 0,25) (Figura 8).
26
Tabela3: Produção de folhas (Média ± EP) nos estádios Juvenil (n=10) e Reprodutiva (n=20) em duas
populações de B. capitata no Norte de Minas Gerais. Teste de Mann-Whitney: Serranópolis de Minas (Teste
U = 3; p< 0,05); Mirabela (Teste U = 32; p< 0,05).
Estádio
Serranópolis de Minas
Mirabela
Juvenil
5,5 ± 0,4a
6,6 ± 0,5 a
Reprodutivo
8,7 ± 0,3b
8,8 ± 0,3 b
Figura 7: Diagrama de box-plot da taxa de crescimento absoluto (TCA) em plantas de B. capitata
com folhas pinadas em Serranópolis de Minas (A) e Mirabela (B), no Norte de Minas Gerais. O
ponto representa a mediana; a caixa, o segundo e terceiro quartis (50% dos dados); e as linhas
verticais o limite superior e inferior dos dados.
27
DINÂMICA POPULACIONAL: MODELOS MATRICIAIS
No período estudado, de janeiro de 2007 a janeiro de 2010, não houve transição para
dois ou mais estádios subsequentes, nem o retrocesso a algum estádio inferior (Tabela 4).
A proporção de indivíduos que realizou a transição de um estádio para o próximo variou
amplamente ao longo do período de estudo. A maior probabilidade de transição ocorreu do
estádio infantil para o juvenil em Mirabela (69%, n= 29). A sobrevivência das plântulas
ultrapassou 60% em ambas as populações de B. capitata (Tabela 4). A fecundidade, ou
seja, a contribuição do estádio reprodutivo para a entrada de novos indivíduos foi maior na
população de Mirabela (3,1), que na de Serranópolis de Minas (1,19).
Quando se estuda, por um curto período de tempo, a demografia de plantas perenes,
há risco de não detectar certos parâmetros biológicos do seu ciclo de vida, cujas
ocorrências sejam muito baixas e lentas (Bernacci et al. 2006). Quando não foi possível
observar a mortalidade ou a probabilidade de transição de um determinado estádio a outro,
utilizou-se o valor de 0.001 (Piñero et al. 1984, Sampaio & Scariot 2010). Este valor foi
atribuído à probabilidade de transição entre o estádio plântula e infantil, e a mortalidade de
reprodutivos.
A distribuição de estádios observada (obs) em Mirabela diferiu significativamente (G
= 30,88; p< 0,001; Tabela 5) da distribuição estável de estádio (wi) projetada pelo modelo
matricial, mas não em Serranópolis de Minas (G = 6,33; p= 0,096;Tabela 5). Mantida as
condições atuais, tanto dos padrões demográficos, como ambientais, a estrutura estável de
ambas as populações se assemelharia a um formato “bi-modal”, com a maior proporção de
indivíduos presentes no estádio plântula e reprodutivos (Tabela 5).
Em Mirabela a taxa finita de crescimento (λ) foi significativamente diferente de 1,0
(IC95%), indicando crescimento da população, mas não em Serranópolis de Minas, que está
estável (Figura 8). Houve diferença significativa na taxa de crescimento populacional entre
Mirabela e Serranópolis de Minas (IC95%). A maior taxa de crescimento foi observada para
a população de Mirabela (λ= 1,007; IC95% = 1,004 – 1,012), embora também seja a mais
variável. Se as taxas se mantiverem estáveis então a população de Mirabela, crescerá mais
que a de Serranópolis de Minas (λ= 1,0007; IC95% = 0,999 – 1,002), que poderá
eventualmente até diminuir, uma vez que o IC95% pode ficar abaixo de 1,0.
28
Tabela 4: Matriz contendo as probabilidades de transição entre os estádios ontogenéticos de B. capitata em
Serranópolis de Minas e Mirabela. A diagonal principal indica a permanência dos indivíduos no mesmo
estádio; a sub-diagonal inferior mostra a probabilidade de transição para o próximo estádio. Os valores qx são
as taxas de mortalidade para cada estádio após o intervalo de tempo.
Serranópolis de Minas
Intervalo Demográfico: 2007-2010
Estádios
Plântula
Infantil
Juvenil
Reprodutivo
qx
Plântula
0,652
0,001
0,0
0,0
0,347
Infantil
0,0
0,334
0,500
0,0
0,166
Juvenil
0,0
0,0
0,769
0,155
0,077
Reprodutivo
1,19
0,0
0,0
0,999
0,001
Mirabela
Intervalo Demográfico: 2007-2010
Estádios
Plântula
Infantil
Juvenil
Reprodutivo
qx
Plântula
0,649
0,001
0,0
0,0
0,350
Infantil
0,0
0,308
0,691
0,0
0,001
Juvenil
0,0
0,0
0,591
0,395
0,015
Reprodutivo
3,10
0,0
0,0
0,999
0,001
Durante o período de estudo os parâmetros demográficos com maior influência sobre
a taxa de crescimento populacional (λ) foram a probabilidade de sobrevivência com
permanência no mesmo estádio (Serranópolis de Minas= 99%; Mirabela= 97%; Tabela 6),
e a probabilidade de transição para o próximo estádio (Serranópolis de Minas= 0.5%;
Mirabela= 2.3%; Tabela 6). De acordo com os resultados proporcionais de cada elemento
da matriz, a probabilidade de sobrevivência dos reprodutivos foi o parâmetro do ciclo de
vida que mais contribuiu para a taxa finita de crescimento (λ), contabilizando mais de 94%
da elasticidade total. Para a população de Mirabela a probabilidade de sobrevivência com
permanência do estádio plântula é o segundo elemento que mais contribui para o λ, e em
Serranópolis de Minas é a probabilidade de sobrevivência com permanência dos juvenis
(Tabela 6). Ao passo que a elasticidade do potencial reprodutivo influenciou pouco a taxa
de crescimento populacional, não atingindo sequer 1% nas populações estudadas.
29
Tabela5: Valor reprodutivo (vi ), distribuição estável de estádios(wi ) e distribuição de estádios observados
(obs.) nas populações de B. capitata no Norte de Minas Gerais. Letras diferentes indicam diferenças
significativas (Teste G)entre a distribuição de estádios observada (obs.) e a distribuição projetada (wi ).
Serranópolis de Minas (G= 6,33, p= 0,096); Mirabela (G= 30,88, p< 0,001).
Região
Estádio
Mirabela
v
wa
obs.a
v
wa
obs.b
0,01
2,17
2,90
4,36
0,770
0,001
0,002
0,227
0,890
0,004
0,006
0,100
0,02
8,60
8,70
9,20
0,893
0,001
0,002
0,104
0,526
0,070
0,108
0,296
(λ).
Plântula
Infantil
Juvenil
Reprodutivo
Serranópolis de Minas
Figura 8: Taxa finita de crescimento e intervalo de confiança (95%) para duas populações de
B. capitata na região Norte de Minas Gerais. Intervalo demográfico: 2007-2010. A linha
pontilhada indica o limite mínimo para considerar como população estável.
30
Alterações na fecundidade tiveram pouco ou quase nenhum efeito na taxa de
crescimento populacional (λ) de B. capitata (Figura 9). Em Mirabela, mesmo após uma
redução de 90% no valor da fecundidade inicial, o λ não foi significativamente menor que
1,0 (λ = 0.999; IC95%= 0.9994 – 1.0005 (Figura 9a)). Em Serranópolis de Minas, o λ passa
a ser significativamente menor que 1,0 (λ= 0,999; IC95%= 0,9993 – 0,9998), somente
quando a fecundidade é reduzida em 80% do seu valor inicial (Figura 9b). Inversamente à
baixa sensibilidade do λ à fecundidade, qualquer alteração, mesmo que mínima, na
probabilidade de sobrevivência dos indivíduos reprodutivos, resultou em mudanças
significativas na taxa de crescimento populacional (Figura 10). Em Mirabela, o λ passa a
ser significativamente menor que 1,0 (λ = 0.9715; IC95%= 0,9404 – 0,9942) após uma
redução de 4% na sobrevivência dos indivíduos reprodutivos (Figura 10a). Uma
diminuição de apenas 2% na probabilidade de sobrevivência dos reprodutivos já é
suficiente para que o λ fique significativamente menor que 1,0 em Serranópolis de Minas
(λ=0,9815, IC95%= 0,9575 – 0,9991) (Figura 10b). Uma diminuição de 10% na
probabilidade de sobrevivência desses indivíduos teve forte impacto na taxa de
crescimento populacional (Figura 10), prevendo um considerável declínio no tamanho da
população ao longo dos anos.
31
Tabela6: Análise de elasticidade para duas populações de B. capitata na região Norte de Minas
Gerais. Cada valor da matriz representa a sua contribuição específica para a taxa finita de
crescimento populacional (λ).
Serranópolis de Minas
Intervalo Demográfico: 2007-2010
Estádios
Plântula
Infantil
Juvenil
Reprodutivo
Plântula
0,0031
0,0017
0,0
0,0
Infantil Juvenil
0,0
0,0
0,0008
0,0
0,0017 0,0055
0,0 0,0017
Reprodutivo
0,0017
0,0
0,0
0,9838
Mirabela
Intervalo Demográfico: 2007-2010
Estádios
Plântula
Infantil
Juvenil
Reprodutivo
Plântula
0,0138
0,0076
0,0
0,0
Infantil Juvenil
0,0
0,0
0,0034
0,0
0,0076 0,0108
0,0 0,0076
32
Reprodutivo
0,0076
0,0
0,0
0,9414
Figura 9: Resposta da taxa de crescimento populacional (λ) de B. capitata à variação no potencial
reprodutivo da população. A) Mirabela; B) Serranópolis de Minas.Valores são a mediana e o intervalo
de confiança a 95%. Valores são a mediana e o intervalo de confiança a 95%.
33
Figura 10: Resposta da taxa finita de crescimento à diminuição na sobrevivência dos indivíduos
reprodutivos. A) Mirabela; B) Serranópolis de Minas. Valores são a mediana e o intervalo de confiança a
95%.
DISCUSSÃO
ESTRUTURA POPULACIONAL
O uso da terra, bem como o histórico de coleta de frutos e a formação vegetacional
de cada região podem ter influenciado a estrutura populacional de B. capitata nas áreas
estudadas. Esta suposição é corroborada principalmente pela variação na densidade de
plântulas e na proporção de estádios entre as populações.
Como houve grande homogeneidade ambiental entre Mirabela e Serranópolis de
Minas (Silva 2008b), suponha-se que a menor densidade de plântulas em Mirabela pode
ser resultado do recente histórico de exposição à intensa herbivoria e pisoteio pelo gado. O
pastoreio pode danificar diversas estruturas vegetativas e reprodutivas da planta (Molina
2001, Torrano &Valderrábano 2004, Silva 2008b), causar a morte dos indivíduos mais
34
suscetíveis ao pisoteio e herbivoria, e prejudicar a produção de sementes e o recrutamento
e estabelecimento de plântulas (Reed & Clokier 2000, Molina 2001, Torrano
&Valderrábano 2004, Sampaio & Guarino 2007, Schumann et al. 2010). Ademais, a
criação extensiva e permanente de gado pode acelerar a degradação física e química do
solo, aumentando a compactação e dificultando a infiltração da água (Arevaloet al. 1998,
Sampaio & Guarino 2007, Miguelet al. 2009); além de provocar a lixiviação e escoamento
superficial dos nutrientes (Miguelet al. 2009). No sul do Brasil e no Uruguai, o pastoreio
exerceu fator limitante no estabelecimento dos regenerantes de B. capitata (Azambuja
2009, Molina 2001).
Apesar da menor densidade de plântulas, o número de indivíduos nos estádios
intermediários em Mirabela foi maior. Estudos relatam tanto os impactos negativos (Stern
et al. 2002, Vieira & Scariot 2006), como positivos (Posada et al. 2000, Francis & Parrota
2006) do pastoreio na estrutura e dinâmica de ecossistemas tropicais. Portanto, para uma
melhor conclusão sobre o real efeito do gado na estrutura populacional de B. capitata são
necessários estudos mais prolongados e específicos (Molina 2001, Francis & Perrota
2006).
Em Montes Claros, a baixa densidade de plântulas pode estar relacionada à maior
exposição da espécie a eventos de coleta. Na região, a exploração dos frutos de B. capiata
é praticada há mais 30 anos, e por se tratar de uma área de uso comunal, o número de
coletores é maior do que em Serranópolis de Minas e Mirabela. Com o aumento no número
de coletores, é provável que os eventos de coleta sejam maximizados (Homma 1992,
Sullivan et al. 1995, Weinstein & Moagenburg 2004, Schmidt et al. 2007), tornando a
espécie suscetível à sobre-exploração (Sullivan et al. 1995, Weinstein & Moagenburg
2004, Azevedo et al.2009). Considerando que o extrativismo de B. capitata implica na
remoção direta dos diásporos, e o recrutamento de plântulas ocorre exclusivamente por
regeneração via semente (Fernandes 2008, Martins et al. 2010), o aumento na pressão de
coleta pode diminuir a quantidade de sementes viáveis no solo e, conseqüentemente,
prejudicar o recrutamento de novos indivíduos na população (Peres et al. 2003,AvocèvouAyisso et al. 2009, Rist et al. 2010). A exploração intensa dos frutos de Lodoicea
maldivica (Arecaceae) no arquipélago de Seychelles, por exemplo, alterou drasticamente a
estrutura de suas populações, sendo que, atualmente somente uma pequena porção dos
indivíduos pertence ao estádio plântula, e a regeneração tem sido insuficiente para manter a
viabilidade populacional (Rist et al. 2010).
35
A baixa densidade de plântulas em Montes Claros pode também decorrer do mosaico
da vegetação local, caracterizada pela transição cerrado típico (sensustricto), cerradão e
mata de galeria, sendo as últimas fitofisionomias mais fechadas e com menor incidência de
luz (Ribeiro & Walter 1998). Estudos preliminares apontam que a densidade de plântulas
de B. capitata é maior em parcelas com maior incidência luminosa (Silva 2008b). Como
em outras espécies de palmeiras (Lugo & Battle 1987, Runk 1998, Rodríguez-Buriticá et
al. 2005, Bernacci etal. 2008), a transmitância luminosa que atinge os estratos inferiores
parece ser crítico para a regeneração de B. capitata. No entanto, a medida que o dossel
fecha, o sombreamento diminui a faixa fotossinteticamente ativa incidente sobre o solo
(Khan 1986, Balderrama & Chazdon 2005), limitando o desenvolvimento do sistema foliar
fotossintético e a taxa de assimilação de CO2 (Kanagae et al. 2000, Bernacci et al. 2008), e
prejudicando o crescimento e a sobrevivência da plântula (Khan 1986, Balderrama &
Chazdon 2005, Bernacci et al. 2008).
A estrutura ontogenética das populações de B. capitata foi caracterizada pela
predominância de plântulas e reprodutivos e um declínio nos estádios intermediários. A
concentração de indivíduos no estádio inicial é atributo de populações que estão se
regenerando (De Steven 1989, Meyer 1952 apud Pinard & Putz 1992, Hall & Bawa 1993).
Entretanto, a baixa representatividade do estádio infantil nas populações sugere um
“gargalo” na transição de plântulas aos estádios posteriores. Este gargalo é ainda mais
acentuado em Serranópolis de Minas, onde a frequência de infantis e juvenis foi
insignificante.
Como a menor proporção dos indivíduos nos estádios intermediários foi
compartilhada por todas as populações, é provável que este padrão esteja relacionado a
fatores endógenos da espécie (Gatsuk et al. 1980, Emanuel et al. 2005, Sampaio & Scariot
2008). A estratégia de progressão ontogenética de B. capitata pode ser definida como alta
suscetibilidade a danos físicos e lenta transição de plântulas a estádios subsequentes, curta
duração nos estádios intermediários, e longa duração, com alta taxa de sobrevivência, no
estádio reprodutivo. Além dos fatores endógenos, a baixa frequência dos estádios infantil e
juvenil em Serranópolis de Minas pode ter sido intensificada pelas queimadas periódicas,
utilizadas para controlar a cobertura vegetacional (observação pessoal). Em regimes de
queimas prescritas, o efeito do fogo no componente arbóreo é mais expressivo em
indivíduos de menor porte físico (Hoffmann 1999, Medeiros & Miranda 2005, Medeiros e
Miranda 2008), sendo observado que queimadas anuais em áreas de campo sujo causam
36
mais de 90% da mortalidade do componente arbóreo em indivíduos com diâmetro menor
do que 5,0 cm.
A distribuição em classe de altura ilustra a possível idade cronológica das populações
de B. capitata (Gatsuk et al. 1980, Oyama 1993). Devido à grande contribuição do estádio
plântula, a frequência de indivíduos na primeira classe de altura é maior. No entanto, se
considerarmos apenas a participação dos estádios posteriores (infantil, juvenil e
reprodutivo), o número de indivíduos diminui consideravelmente, principalmente em
Serranópolis de Minas e Montes Claros. Em Mirabela, para todos os estádios, a
distribuição de classes de altura mostrou-se um formato em J-reverso, sugerindo ser uma
população mais nova. Já em Serranópolis de Minas e Montes Claros, apesar da maior
frequência de indivíduos na primeira classe de altura, há poucos indivíduos do estádio não
plântula nesta classe, A baixa frequência de indivíduos nos estádios infantil, juvenil e
reprodutivo na primeira classe em Serranópolis de Minas e Montes Claros, onde a maioria
desses indivíduos ocorre nas classes intermediárias, sugere que estas são populações mais
antigas (De Steven 1989, Oyama 1993, Peres et al. 2003, Monteiro & Fish 2005). Além
disso, é possível que a maior suscetibilidade a danos físicos e a lenta transição de plântula
ao estádio infantil possam estar prejudicando o recrutamento de indivíduos na primeira
classe de altura (Negussie et al. 2008, Guilherme & Oliveira 2011), devendo ser uma
preocupação para persistência e a contínua regeneração dessas populações (Mwavua &
Witkowski 2009).
PRODUÇÃO DE FOLHAS E TAXA DE CRESCIMENTO ABSOLUTO
A produção de folhas em B. capitata foi contínua durante o ano, com o número de
folhas produzidas anualmente aumentando de acordo com o estádio de desenvolvimento.
Há correlação positiva entre a produção de folhas e a altura do indivíduo, e a produção de
folhas e o número de folhas na copa (Silva 2008b). Padrão semelhante foi observado para a
palmeira Cyrtostachys renda, cuja produção de folhas/ano cresceu paralelamente com a
progressão ontegenética da espécie (Widyatmoko et al. 2005). A maior produção de folhas
no estádio reprodutivo sugere maior captação de recursos (Piñero et al. 1984) e a constante
atividade metabólica desses indivíduos, que parecem não muito próximos de alcançar a
fase de senescência do seu ciclo de vida (Barot & Gignoux 1999, Sampaio & Scariot
37
2008). A produção de 8,8 folhas/ano para o estádio reprodutivo foi consideravelmente
maior do que para outras palmeiras tropicais, tais como 3,9 Chamaedoria bartlingiana
(Ataroff & Schwarzkopf 1992); 1,75 em Chamaedorea radicalis (Endress etal. 2004); e
3,2 em Geonoma orbignyana (Rodríguez-Buriticá et al. 2005). Além dos componentes
biológicos da planta, as variáveis ambientais e as intervenções de manejo (Endress et al.
2004, Martínez-Ballesté et al. 2008, Legros et al. 2009) também influenciam na produção
de folhas, como em C. radicalis, cuja produção anual de folhas de adultos aumentou com a
remoção de folhas, e foi significativamente correlacionada com a precipitação mensal
(Endress et al. 2004).
A taxa de crescimento absoluto em altura não diferiu entre os estádios avaliados. Em
palmeiras, o crescimento em altura ocorre principalmente pela emissão de novas folhas
junto ao meristema apical (De Steven 1989, Pinard & Putz 1992). No entanto, embora a
produção de folhas aumente com a progressão ontogenética, é possível que outros fatores
determinem o incremento em altura em B. capitata, similar ao encontrado na palmeira
Euterpe edulis, cuja a taxa de produção foliar não foi dependente do estádio, e o
crescimento peciolar e o alongamento da folha também podem influenciar o incremento
em altura (Carvalho et al. 1999),. Não só a dinâmica foliar, mas também os alongamentos
dos entrenós no estipe podem resultar em rápido incremento em altura em palmeiras
caulinares (Lugo & Battle 1987, De Steven 1989).
A produção de folhas e o incremento anual são variáveis que podem ser usadas para
estimar a possível idade biológica da planta, bem como o tempo de permanência em cada
estádio (Lugo & Batlle 1987, Oyama 1993, Rodrígues- Buriticá et al. 2005). No entanto,
devido à impossibilidade de visualizar o número de cicatrizes no estipe, não foi possível
determinar a idade em B. capitata (Silva 2008b).
DINÂMICA POPULACIONAL: ANÁLISES DE MATRIZ
O comportamento demográfico das populações de B. capitata pode ser caracterizado
por eventos reprodutivos regulares (3,0 cachos por planta e 178 frutos por cacho) (Lima et
al. 2010); lenta e baixa taxa de germinação(Silva 2008b, Fernandes 2008); plântulas com
alta suscetibilidade a danos físicos e lenta transição aos estádios ulteriores; curta duração
nos estádios infantil e juvenil, com baixa mortalidade; e longa duração no estádio
reprodutivo, com alta probabilidade de sobrevivência e eventos reprodutivos regulares ao
38
longo dos anos. Em espécies de vida longa, cujos eventos reprodutivos se repetem por
vários anos, à sobrevivência tem maior influência na estabilidade da população (Silvertown
et al. 1993, 1996). Mais especificamente, a sobrevivência dos reprodutivos é o parâmetro
mais crítico para a taxa de crescimento populacional (λ) de B. capitata, tal como ocorre, no
geral, em espécies de vida longa (Silvertown et al. 1993, 1996, Holm et al. 2009, Sampaio
& Scariot 2010, Portela et al. 2010).
Como o extrativismo de B. capitata não implica em maiores danos físicos aos
indivíduos, e o potencial reprodutivo tem uma contribuição relativamente baixa para o λ, o
impacto da coleta de frutos na persistência da população acaba sendo minimizado. De fato,
os resultados das análises matriciais sugerem que os atuais níveis de coleta dos frutos de B.
capitata são sustentáveis, com a taxa finita de crescimento (λ) ligeiramente acima de 1,0. O
λ das duas populações oscilou entre 1,0007 a 1,0070, não sendo significativamente
superior a 1,0 a em Serranópolis de Minas (λ= 1.0007; IC95%= 0,999 – 1,002). Os valores
de λ encontrados para B. capitata são inferiores àqueles registrados em outras espécies de
palmeiras sujeitas à exploração extrativista, como em Phytelephas seemannii, λ=1,059
(Bernal 1998); Geonoma orbignyana, λ=1,074 (Rodríguez-Buriticá et al. 2005); Mauritia
flexuosa, λ=1,046 (Holm et al. 2009), e também aos valores encontrados para outras
espécies de Cerrado, como em Miconia albicans, λ = 1,190; Myrsine guianensis, λ = 1,
100; e Roupala montana, λ = 1.050 (Hoffmann 1999). Ainda assim, caso as condições
ambientais se mantenham, os parâmetros demográficos e os atuais níveis de coleta
permaneçam constantes, o tamanho das populações tende a manter-se estável.
Provavelmente em Mirabela, o pastoreio tenha efeito prejudicial no recrutamento e
na sobrevivência de plântulas de B. capitata. Ao contrário, em Serranópolis de Minas, a
presença do gado revelava-se benéfica para a persistência do banco de plântulas, que até o
ano de 2007, era criado de forma itinerante, em baixa densidade e excluído no período de
floração e frutificação das palmeiras, impedindo a proliferação do Capim - gordura
(Melinis minutiflora P. Beauv.). Contudo, a partir de 2008, a criação do gado foi
totalmente interrompida, o que possibilitou a rápida colonização dessa gramínea, que pode
ter afetado o estabelecimento de plântulas de B. capitata. Devido ao elevado potencial
colonizador e agressividade do M. minutiflora (Martins et al. 2004, 2009), a sua expansão
e estabelecimento tem alterado a estrutura e função de vários ecossistemas de Cerrado
(Pivello et al. 1999. Hoffmann et al. 2004, Martins et al. 2004). A intensa produtividade
dessa gramínea gera grande quantidade de biomassa inflamável que dificulta o
39
estabelecimento de plântulas nativas (Hoffmann et al. 2004, Hoffmann & Haridassan
2008), e contribui para a ocorrência de queimadas com temperaturas mais elevadas
(Pivello et al. 1999, Martins et al. 2009). Portanto, em Serranópolis de Minas,
provavelmente, o potencial reprodutivo da população sofreu impacto negativo pela
competição com M. minutiflora, o que resultou em um menor valor para a taxa finita de
crescimento (λ).
Qualquer população inicial descrita por uma matriz de transição, quando projetada
após múltiplas iterações entre os elementos da matriz e o vetor representando o número de
indivíduos em cada estádio no tempo t, atingirá distribuição estável, com cada estádio
aumentando de acordo com o valor do λ (Piñero et al. 1984, Pinard & Putz 1992, Pinard
1993). A estrutura estável de estádio projetada pelo modelo assume distribuição do tipo
Bimodal para as populações de B. capitata. Em Mirabela, houve diferença significativa
entre a estrutura projetada pelo modelo e a estrutura de estádio observada, sendo que ao
atingir a estabilidade, a distribuição estável de estádios terá grande predominância de
plântulas.
Simulações na probabilidade de sobrevivência reforçaram a grande importância dos
indivíduos reprodutivos para estabilidade populacional de B. capitata. A redução de apenas
2% e 4% na probabilidade de sobrevivência dos indivíduos reprodutivos é suficiente para
colocar a taxa finita de crescimento (λ) abaixo de 1,0 em Serranópolis de Minas (λ=0,9815,
IC95% = 0,9575 – 0,9991) e Mirabela (λ = 0.9715; IC95% = 0,9404 – 0,9942),
respectivamente. Comportamento semelhante foi encontrado para a palmeira Lodoicea
maldivica, no qual uma diminuição de 1% na probabilidade de sobrevivência dos
reprodutivos reduziu o λ abaixo de 1,0 (Rist et al. 2010). A análise de elasticidade é uma
ferramenta bastante usada para decompor a contribuição de cada parâmetro do ciclo de
vida a taxa de crescimento populacional (Kroon et al. 1986, 2000, Caswell 2000, 2001). A
relação entre elasticidade e os possíveis efeitos causados pelo extrativismo podem servir
como base para o manejo de populações naturais (Caswell 2000, Zuidema et al. 2007).
Análises de elasticidade e, posteriormente, análises prospectivas, indicam que assegurar a
sobrevivência dos reprodutivos dever ser o foco para a sustentabilidade do extrativismo de
B. capitata. Entretanto, em espécies nas quais os reprodutivos não sofrem maiores danos
físicos durante a coleta, como é o caso de B. capitata, não há muitas oportunidades de
aumentar a sobrevivência desses indivíduos, já que esta é bastante alta (de Kroon et
al.2000). Portanto, além de assegurar a sobrevivência dos reprodutivos, proteger os
40
estádios inferiores que, apesar do menor valor de elasticidade, ainda possam ter sua
probabilidade de sobrevivência aumentada, seria uma ótima maneira de aumentar o λ e,
consequentemente, contribuir para a sustentabilidade extrativista (Caswell 2000, de Kroon
et al. 2000).
Em B. capitata, o λ mostrou-se insensível às mudanças na fecundidade. Em
Serranópolis de Minas somente após redução de 80% no valor inicial observado na
fecundidade, a estabilidade populacional foi afetada, resultando em taxa finita de
crescimento abaixo de 1,0,
λ = 0,999 (IC95%= 0,9993 – 0,9998). Resultado semelhante foi
observado para a palmeira Phytelephas seemannii, que pode tolerar uma intensidade de
coleta de até 86% das sementes, sem que o λ ficasse abaixo de 1,0 (Bernal 1998) e em
Sclerocarya birrea (Anacardiaceae), que suporta uma redução de até 92% no potencial
reprodutivo da população (Emanuel et al. 2005).
Os resultados gerados pelo modelo de matriz podem servir como subsídio para a
exploração sustentável dos frutos de B. capitata. No entanto, é importante salientar suas
limitações. O modelo empregado neste estudo não é dinâmico, ignora vários processos
bióticos e abióticos, e trabalha com matrizes estáticas, considerando apenas o impacto da
colheita e do comportamento demográfico da espécie num intervalo curto de tempo.
Contudo, nos últimos anos, houve avanço nos estudos demográficos usando modelos
matriciais com a incorporação da estocasticidade ambiental, como fogo (Hoffmann 1999,
Souza & Martins 2003), heterogeneidade ambiental (Svenning & Macía 2002, Svenning
2002), herbivoria (Sampaio & Scariot 2010) e dependência de densidade (Silva Matos et
al. 1999, Freckleton et al. 2003, Caswell & Takada 2004). Dessa forma, incorporação
dessas variáveis junto ao modelo daria maior robustez aos resultados (Hoffmann 1999,
Silva Matos et al. 1999, Svenning & Macía 2002, Sampaio & Scariot 2010), pois além de
trabalhar com o comportamento demográfico da população, consideraria também a relação
da população com as possíveis variações ambientais.
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ESTRUTURA E DINÂMICA POPULACIONAL
O uso da terra e a frequência e intensidade dos eventos de coleta parecem ter
influenciado diretamente no recrutamento de plântulas nas populações de B. capitata. Em
Mirabela, a recente histórico de exposição da população herbivoria e pisoteio, devido à
extensiva criação de gado, principal atividade econômica da fazenda até 2005, pode ter
prejudicado o recrutamento e a persistência do banco de plântulas. Em Montes Claros, a
frequência e intensidade dos eventos de coleta, além da formação de dossel, dificultando a
entrada de luz nos estratos inferiores, podem estar dificultando o recrutamento de plântulas
de B. capitata.
A estrutura ontogenética nas três populações de B. capitata é caracterizada pela
predominância de plântulas e indivíduos reprodutivos, e baixa proporção de infantis e
juvenis, o que permite supor que este padrão seja dependente de fatores endógenos e do
comportamento demográfico da espécie. A distribuição em classes de altura em Montes
Claros e Serranópolis de Minas, com a maioria dos indivíduos nas classes entre 50 e 150
cm, sugere que estas são populações mais velhas e que o componente regenerante não está
conseguindo se estabelecer, o que pode ser um risco a viabilidade dessas populações em
longo prazo.
Avaliação dos parâmetros demográficos revelou que a probabilidade de
sobrevivência em todos os estádios é relativamente alta, com exceção das plântulas com
taxa de mortalidade anual de 11,7% em Mirabela e 11,3% Serranópolis de Minas. A lenta
transição e a maior taxa de mortalidade em plântulas podem ser os principais gargalos para
o recrutamento de infantis e juvenis nas populações estudadas. Portanto, delinear
estratégias de manejo capazes de otimizar a sobrevivência de indivíduos nesses estádios
pode ser uma alternativa para a conservação das populações de B. capitata na região Norte
de Minas Gerais.
42
RECOMENDAÇÕES PARA O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL
Os resultados das análises de matriz corroboram a hipótese de que os atuais níveis de
coleta dos frutos não comprometem a viabilidade das populações de B. capitata nas áreas
analisadas, pois a taxa finita de crescimento (λ) esteve levemente acima de 1,0. A
estabilidade dessas populações se deve principalmente à baixa contribuição da fecundidade
para a taxa de crescimento populacional, e a baixa sensibilidade do λ às mudanças nesse
parâmetro. A probabilidade de sobrevivência dos indivíduos reprodutivos é o parâmetro
demográfico de maior influência para o λ e a estabilidade populacional de B. capitata.
Dessa forma, qualquer diminuição, mesmo que mínima, na sobrevivência dos indivíduos
reprodutivos pode provocar um declínio no λ, e comprometer a persistência dessas
populações.
Como ação de manejo, assegurar a sobrevivência dos indivíduos reprodutivos deve
ser uma estratégia prioritária para a sustentabilidade ecológica e econômica do
extrativismo de frutos de B. capitata. No entanto, como os indivíduos reprodutivos não são
danificados no momento da coleta, não há muitas possibilidades de aumentar a
probabilidade de sobrevivência desses indivíduos, que já é alta, > 99%.
Por outro lado, a adoção de técnicas capazes de aumentar a sobrevivência dos
estádios mais suscetíveis à mortalidade por fatores estocásticos pode ser uma alternativa
para a conservação das populações naturais de B. capitata e, consequentemente, a
sustentabilidade extrativista de seus frutos. Uma dessas técnicas seria o desenvolvimento
de mudas em viveiro, até que as plantas apresentam todas as folhas pinadas, e o posterior
transplante dessas nas áreas de extrativismo. O adensamento das áreas com mudas de
maior porte físico poderia mitigar o “gargalo” na transição de plântulas aos estádios
subsequentes. Como infantis e juvenis apresentam alta taxa de sobrevivência, e o tempo de
permanência nesses estádios parece ser relativamente mais curto, com poucos anos poderia
haver o ingresso de novos indivíduos reprodutivos na população. Além do plantio de
mudas, limpar a vegetação em volta das palmeiras e retirar as folhas secas da planta de B.
capitata pode contribuir para o surgimento de novas plântulas, aumentar a sobrevivência
dos indivíduos presentes nesse estádio e acelerar o seu crescimento (Lima et al.2010).
43
RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Este estudo retrata algumas características demográficas de B. capitata em áreas de
extrativismo no Norte de Minas. No entanto, conforme os trabalhos vão se desenvolvendo,
novas questões vão surgindo, assim como a necessidade de informações mais profundas
em determinados aspectos específicos.
Baseados nas informações geradas são feitas as seguintes recomendações para
estudos futuros:
i. O real efeito do pastoreio na dinâmica populacional de B. capitata deve ser
investigado com o delineamento de estudos mais direcionados. A utilização do
gado em baixa densidade e com sua exclusão das áreas de extrativismo no período
de floração e frutificação das palmeiras pode ser uma alternativa de manejo da
paisagem, principalmente contra proliferação de gramínea exóticas e proteção
contra o fogo;
ii. Os efeitos de outras variáveis como o fogo, dependência de densidade e
heterogeneidade ambiental, na estrutura e dinâmica populacional de B. capitata
devem ser explorados com maior precisão. A incorporação dessas variáveis junto às
análises matriciais permite a elaboração de modelos mais dinâmicos, capazes de
agregar os diferentes componentes bióticos e abióticos que influenciam no
comportamento demográfico da espécie;
iii. Qual seria o efeito do adensamento das áreas de extrativismo através do plantio de
mudas produzidas em viveiro, simulando a transição de plântulas aos estádios
subsequentes, na taxa finita de crescimento populacional (λ)?
44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFONSO, S. & ÂNGELO, H. 2009. Mercado dos produtos florestais não-madeireiros do
cerrado brasileiro. Ciência Florestal. Santa Maria.19(3): 317-328.
AMARANTE, C. V. T. & MEGGUER, C. A. 2008. Qualidade pós-colheita de frutos de
butiá em função do estádio de maturação na colheita e do manejo da temperatura.
Ciência Rural. Santa Maria. 38 (1): 46-53.
ARANGO, D. A., DUQUE, A., J. & MUÑOS, E. 2010. Dinámica poblacional de la palma
Euterpe oleracea (Arecaceae) en bosques inundables del Chocó, Pacífico
colombiano. Rev. Biol. Trop.58 (1): 465-481.
AREVALO, L. A., ALEGRE, J. C., BANDY, D. E. & SKOTT, L. T. 1998.The effect of
cattle grazing on soil physical and chemical properties in a silvopastoral system in
the Peruvian Amazon. Agroforestry Systems. 40: 109-124.
ATAROFF, M. & SCHUWARKOPF, T. 1992.Leaf production, reproductive patterns, field
germination and seedling survivla in Chamaedores bartlingiana. Oecologia. 92: 250256.
AVOCÈVOU-AYISSO, C., SINSIN, B., ADÉGBIDI, A., DOSSOU, G &VAN DAMME,
P. 2009. Sustainable use of non-timber forest products: Impact of fruit harvesting on
Pentadesma butyracea regeneration and financial analysis of its products trade in
Benin. Forest Ecology and Management. 257:1930–1938.
AZAMBUJA, A. C. 2009. Demografia e fenologia de Butia capitata em Arambaré, Rio
Grande do Sul. Dissertação de Mestrado (Botânica). UFRGS. Porto Alegre, RS. 53p.
AZEVEDO, A. J., MARTINS, H. T. & DRUMMOND, J. A. L. 2009. A dinâmica
institucional de uso comunitário dos produtos nativos do Cerrado no município de
Japonvar (Minas Gerais). Sociedade e Estado. 24 (1): 193-228.
BALDERRAMA,S. I. V. & CHAZDON, R. L. 2005. Light-dependent seedling survival
and growth of four tree species in Costa Rican second-growth rain forests. Journal of
Tropical Ecology. 21:383–395.
BAROT, S. & GIGNOUX, J. 1999.Population structure and life cycle of Borassus
aethiopum Mart.: Evidence of early senescence in a palm tree. Biotropica. 31 (3):
439-448.
45
BASTRENTA, B., LEBRETON, J. D. & THOMPSON, J. D. 1995. Predicting
demographic change in response to herbivory: A model of the effects of grazing and
annual variation on the population dynamics of Anthyllis vulneraria.The Journal of
Ecology. 83 (4): 603-611.
BENEJEE, B. 1975.Variance to mean ratio and the spatial distribution of animals.
Specialia. 993-994.
BENINCASA, M. M. P. 2003. Análise de crescimento de plantas: noções básicas. 2ed.
FUNEP. São Paulo, BRA. 41p.
BERNACCI, L. C., MARTINS, F. R. & SANTOS, F. A. M. 2006. Dinâmica populacional
da palmeira nativa jerivá, Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman, em um
fragmento florestal no sudeste do Brasil.
BERNACCI, L. C., MARTINS, F. R. & SANTOS, F. A. M. 2008. Estrutura de estádios
ontogenéticos em população nativa da palmeira Syagrus romanzoffiana (Cham.)
Glassman (Arecaceae). Acta Botânica Brasílica. 22 (1): 119-130.
BERNAL, R. 1998. Demography of the vegetable ivory palm Phytelephas seemannii in
colombia, and the impact of seed harvesting. The Journal of Applied Ecology. 35 (1):
64-74.
BIOESTAT. 2007. Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas. Belém,
Brasil.
BROSCHAT, T. K. 1998. Endocarp removal enhances Butia capitata (Mart.) Becc. (Pindo
Palm) seed germination. Hor. Technology. 8(4): 586 - 587.
CARPENTER, W. J. 1988. Seed after-ripening and temperature influence Butia capitata
germination. HortScience, v. 23, p. 702-703.
CARVALHO, R. M., MARTINS, F. R. & SANTOS, F. A. M. 1999. Leaf ecology of prereproductive ontogenetic stages of the palm tree Euterpe edulis Mart. (Arecaceae).
Anals of Botany. 83: 225-233.
CARVALHO, I. S.H. & SAWYER, D.R. 2008. A cooperativa grande sertão e as riquezas
socioambientais do norte de Minas. In: BERSUSAN, N. Unindo sonhos: Pesquisas
ecossociais do Cerrado. Brasília. P. 51-66.
46
CARVALHO, F. A., JACOBSON, T. K. B., COSTA, A. F., SANTOS, A. A. B. & HAY,
J. D. V. 2009. Estrutura e distribuição espacial do Barbatimão (Stryphnodendron
polyphyllum) em uma área de cerrado no sudeste de Goiás. Revista Trópica: Ciências
Agrárias e Biológicas. 3 (1): 14-20.
CASWELL, H. 2000. Prospective and retrospective perturbation analyses: Their roles in
conservation biology. Ecology. 81 (3): 619-627.
CASWELL, H. 2001. Matrix population models: construction, analysis and interpretation.
2nd Edition. Sinauer Associates. Massachusetts, USA. 722p.
CASWELL, H. & FUJIWARA, M. 2004. Beyond survival estimation: mark–recapture,
matrix population models, and population dynamics. Animal Biodiversity and
Conservation. 27 (1): 471-488.
CHAZDON, R. L. 1992. Patterns of growth and reproduction of Geonoma congesta, a
clustered understory palm. Biotropica. 24 (1): 43-51.
DELVAUX, C., SINSIN, B. & VAN DAMME, P. 2010. Impact of season, stem diameter
and intensity of debarking on survival and bark re-growth pattern of medicinal tree
species, Benin, West Africa.Biological Conservation. 143: 2664-2671
de KROON, H., PLAISIER, A. VAN GROENENDAEL, J. & CASWEL, H. 1986. The
relative contribution of demographic parameters to population growth rate. Ecology.
67 (5): 1427-1431.
de KROON, H., VAN GROENENDAL, J. & EHRLÉN, J. 2000. Elasticities: A review of
methods and model limitations. Ecology. 81 (3): 607-618.
de STEVEN, D. 1989. Genet and ramet demography of Oenocarpus mapora ssp. mapora,
a clonal palm of Panamanian Tropical moist forest. Journal of Ecology. 77 (2): 579596.
EMANUEL, P. L., SHACKLETON, C. M. & BAXTER, J. S. 2005. Modelling the
sustainable harvest of Sclerocarya birrea subsp. caffra fruits in the South African
lowveld. Forest Ecology and Management. 214: 91–103.
ENDRESS, B. A., GORCHOV, D. L., PETERSON, M. B. & SERRANO, E. R. 2004.
Harvest of the palm Chamaedorea radicalis, its effects on leaf production, and
implications for sustainable management. Conservation Biology. 18 (3): 822-830.
47
ESCALANTE, S., MONTANA, C., & ORELLANA, R. 2004.Demography and potential
extractive use of the liana palm, Desmoncus orthacanthos Martius (Arecaceae), in
southern Quintana Roo, Mexico. Forest Ecology and Management. 187: 3-18.
FARIA, J. P., ARELLANO, D. B., GRINALDI, R., SILVA, L. C. R., VIEIRA, R. F.,
SILVA, D. B. E AGOSTINI-COSTA, T. S. 2008a Caracterização da polpa do
Coquinho-azedo (Butia capitata var capitata). Rev. Bras. Frutic. 30 (3): 827-829.
FARIA, J. P., ARELLANO, D. B., GRINALDI, R., SILVA, L. C. R., VIEIRA, R. F.,
SILVA, D. B. E AGOSTINI-COSTA, T. S. 2008b. Caracterização química da
amêndoa de coquinho-azedo (Butia capitata var capitata). Rev. Bras. Frutic. 30 (2):
549-552.
FERNANDES, R. C. 2008. Estudos propagativos do Coquinho-azedo (Butia capitata
(Mart.) Becc.). Dissertação de mestrado (Ciências Agrárias). URMG. Montes Claros.
Minas Gerais. 95p.
FRANCIS, J. K. & PARROTTA, J. A. 2006. Vegetation response to grazing and planting
of Leucaena leucocephala in a Urochloa maximum-dominated grassland in Puerto
Rico. Caribbean Journal of Science. 42 (1): 67-74.
FRECKLETON, R. P., SILVA MATOS, D. M., BOVI, M. L. A. & WATKINSON, A. R.
2003.Predicting the impacts of harvesting using structured population models: the
importance of density-dependence and timing of harvest for a tropical palm
tree.Journal of Applied Ecology. 40: 846–858.
GATSUK, L.E., SMIRNOVA, O.V., VORONTZOVA, L.I., ZAUGOLNOVA, L.B., &
ZHUKOVA, L.A. 1980. Age states of plants of various growth forms - a review.
Journal of Ecology. 68: 675-696.
GUILHERME, F. A. G. & OLIVEIRA, A. S. 2011. Estrutura populacional de Butia
purpurascens Glassman (Arecaceae) em duas áreas de Cerrado sensu stricto no
Estado de Goiás. Rev. Biol. Neotrop. 7(1): 37-45.
HENDERSON, A., GALEANO, G. & BERNAL, R. 1995. Field guide to the palms of the
Americas. Princeton University Press, New Jersey.
HOFFMANN, W. A. 1999. Fire and population dynamics of woody plants in a neotropical
savanna: matrix model projections. Ecology 80: 1354–1369.
48
HOFFMANN, W. A., LUCATELLI, V. M. P. C., SILVA, F. J., AZEUEDO, J. M. C.,
MARINHO, S., ALBURQUERQUE, A. M. S., LOPES, A. O. & MORAES, S. P.
2004. Impact of the invasive alien grass Melinis minutiflor at the savanna-forest
ecotone in the Brazilian Cerrado. Diversity and Distributions. 10: 99–103.
HOFFMANN, W. A. & HARIDASAN, M. 2008. The invasive grass, Melinis minutiflora,
inhibits tree regeneration in a Neotropical savanna. Austral Ecology. 33: 29–36.
HOLM, J. A., MILLER, C. J. & CROPPER-JR, W. P. 2008. Population dynamics of the
dioecious Amazonian palm Mauritia flexuosa: Simulation analysis of sustainable
harvesting. Biotropica. 40(5): 550-559.
HOMMA, A. K. O. 1992. Viabilidade econômica da extração de produtos florestais não
madeiráveis. Embrapa Amazônia Oriental Belém, PA.
IBGE. 2008. Cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.Acesso
em 29 mar. 2008.
INMET Instituto Nacional de Meteorologia. 2010. Superfície Automática. Disponível em:
http://www.inmetgov.br/sonabra/maps/automaticas.php.Acesso em 31 dez. 2010.
JONES, D. L. 1995. Palms throughout the world. Foreword by John Dransfield. Royal
botanic gardens, Kew. Washington, D.C, USA.410 p.
KHAN, F. 1986. Life forms of Amazonian palms in relation to forest structure and
dynamics. Biotropica. 18 (3): 214-218.
KAHN, F. 1991. Palms as key swamp forest resources in Amazonia. Forest Ecology and
Management. 38(3): 133-142.
KREBS, C. J. 1999. Ecological Methodology.2º Ed. Addison - Welsey Educational
Publishers, Inc., Menlo Park. University of British Columbia. Vancouver, CAN.
624p.
LEGROS, S., MIALET-SERRA, I., CALIMAN, J. P., SIREGAR, F. A., CLÉMENTVIDAL, A. & DINGKUHN, M. 2009. Phenology and growth adjustments of oil
palm (Elaeis guineensis) to photoperiodand climate variability. Annals of Botany
104: 1171–1182.
49
LORENZI, H., SOUZA, H. M., COSTA, J. T. M., CERQUEIRA, L. S. C. & FERREIRA,
E. 2004. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto
Plantarum.
LUGO, A. E. & BATLLE, C. T. R. 1987. Leaf production, growth rate, and age of the
palm Prestoea montana in the Luquillo Experimental Forest, Puerto Rico. Journal of
Tropical Ecology. 3 (2): 151-161.
MACHADO, R. B.; NETO, M. B. R.; PEREIRA, P. G. P.;CALDAS, R. F.;
GONÇALVES, D. A.; SANTOS, N. S.; TABOR, K. & STEINIINGER, M. 2004.
Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro. Conservação Internacional –
Programa do Brasil. Brasília. 26p.
MARCATO, A. C. & PIRANI, J. R. 2006.Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Palmae
(Arecaceae). Boletim de Botânica (USP), São Paulo. 24 (2): 1-8.
MARTÍNEZ-BALLESTÉ, A., MARTORELL, C. & CABALLERO, J. 2008. The effect of
Maya traditional harvesting on the leaf production, and demographic parameters of
Sabal palm in the Yucatán Peninsula, Mexico. Forest Ecology and Management.
256: 1320–1324
MARTINS, C. R., LEITE, L. L. & HARIDASAN, A. 2004. Capim - gordura (Melinis
minutiflora P. Beauv.), uma gramínea exótica que compromete a recuperação de
áreas degradadas em unidades de conservação.Revista Árvore. 28 (5): 739-747.
MARTINS, C. R., HAY, J. D. V. & CARMONA, R. 2009. Potencial invasor de duas
cultivares de Melinis minutiflora no Cerrado brasileiro – Características de sementes
e estabelecimento de plântulas. Revista Árvore. 33 (4): 713-722.
MARTINS, R. C., SANTELLI, P. E FILGUERAS, T. S. 2010. Coquinho-azedo. In:
VIEIRA, R. F., AGOSTINI-COSTA, T. S., SILVA, D. B., SANO, S. M. E
FERREIRA, F. R. Frutas Nativas da Região Centro-Oeste do Brasil. Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia. Brasília. pág. 163-173.
MATLAB. 2004. MATLAB Version 7.1. MathWorks, Inc. Natick, Massachusetts. USA.
MEDEIROS, M. B. & MIRANDA, H. S. 2005. Mortalidade pós-fogo em espécies
lenhosas de campo sujo submetido a três queimadas prescritas anuais. Acta Botânica
Brasílica. 19 (3): 493-500.
50
MEDEIROS, M. B. & MIRANDA, H. S. 2008. Post-fire resprouting and mortality in
Cerrado woody plant species over a three-year period. Edinburgh Journal of Botany.
65 (1): 53-68
MIGUEL, F. R. M., VIEIRA, S. R. & GREGO, C. R. 2009. Variabilidade espacial da
infiltração de água em solo sob pastagem em função da intensidade de pisoteio. Pesq.
Agropec. Bras. 40 (11): 1513-1519.
MYERS, J, H. 1978. Selecting a measure of dispersion. Environmental Entomology. 7:
619-621.
MONTEIRO, E. A. & FISH, S. T. V. Estrutura e padrão espacial das populações de
Bactris setosa Mart e B. hatschbachii Noblick ex a. Hend (Arecaceae) em um
gradiente altitudinal, Ubatuba (SP). Biota Neotrópica. 5 (2): BN00505022005.
MOLINA, B. 2001. Biologia y conservación del palmar butiá (Butia capitata) em la
Reserva de La Biosfera Bañados Del Este. Avances de investigación. PROBIDES, nº
34. 33p.
MWAVUA, E. N. & WITKOWSKI T. F. 2009. Population structure and regeneration of
multiple-use tree species in a semi-deciduous African tropical rainforest:
Implications for primate conservation. Forest Ecology and Management. 258: 840–
849.
NEGUSSIE, A; AERTS, R; GEBREHIWOT, K & MUYS, B. 2008. Seedling mortality
causes recruitment limitation of Boswellia papyrifera in northern Ethiopia. Journal of
Arid Environments. 72: 378–383
OYAMA, K. 1993. Are age and height correlated in Chamaedorea tepejilote (Palmae)?.
Journal of Tropical Ecology. 9 (3): 381-385.
PEDRON, F.A., MENEZES, J.P. & MENEZES, N.L. 2004. Parâmetros biométricos de
fruto, endocarpo e sementes de butiazeiro Butia capitata (Marc.) Becc. Cienc. Rural.
34(2): 585-586.
PERES, C. A., BAIDER, C., ZUIDEMA, P. A., WADT, L. H., KAINER, K. A., GOMESSILVA, D. A., SALOMÃO, R. P., SIMÕES, L. L., FRANCIOSI, E. R.,
VALVERDE, F., GRIBEL, R., SHEPARD, G. H., KANASHIRO, M., COVENTRY,
P., YU, D. W., WATKINSON, A. R. & FRECKLETON, R. P. 2003. Demographic
threats to the sustainability of Brazil nutexploitation.Science. 302: 2112-2114.
51
PINARD, M. A. & PUTZ, F. E. 1992. Population matrix models and palm resource
management. Bull Inst. Éstudes Andines. 21 (2): 637-649.
PINARD, M. 1993. Impacts of stem harvesting on populations of Iriartea deltoidea
(Palmae) in an Extrative Reserve in Acre, Brazil.Biotropica. 25 (1): 2-14.
PIÑERO, D., MARTINEZ-RAMOS, M. & SARUKHAN, J. 1984. A population model of
Astrocaryum mexicanum and a sensitivity analysis of its finite rate of increase.
Journal of Ecology.72: 977-991.
PIVELLO, V. R., CARVALHO, V. M. C., LOPES, P. F., PECCININI, A. A. & ROSSO,
S. 1999. Abundance and distribution of native and alien grasses in a Cerrado
(Brazilian savanna) biological reserve. Biotropica. 31: 71–82.
PORTELA, R. C., BRUNA, E. M. & SANTOS, F. A. M. 2010. Demography of palm
species in Brazil’s Atlantic forest: a comparison of harvested and unharvested
species using matrix models. Biodivers Conserv. 19: 2389-2403
POSADA, J. M., AIDE, T. M. & CAVELIER, J. 2000. Cattle and weedy shrubs as
restoration tools of tropical montane rainforest. Restoration Ecology. 8 (94): 370379.
RAI, N. D. & UHL, C. F. 2004. Forest product use, conservation and livelihoods: the case
of Uppage fruit harvest in the Western Ghats, India.Conservation & Society. 2 (2):
289-313.
REED, M. S. & CLOKIE, M. R. J. 2000. Effects of grazing and cultivation on forest plant
communities in Mount Elgon National Park, Uganda. African Journal of Ecology. 32
(2): 154-162.
REDFORD, K. H., & C. PADOCH.1992. Conservation of neotropical forests. Columbia
University Press. New York.
REIS, M.S., FANTINI, A.C., NODARI, R.O., REIS, A., GUERRA, M.P., &
MANTOVANI, A. 2000. Management and conservation of natural populations in
Atlantic rain forest: The case study of palm heart (Euterpe edulis Martius).
Biotropica. 32: 894-902.
REITZ, R. 1974. Palmeiras. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí.
52
RIBEIRO, J.F & WALTER, B.M.T., 1998. Fitofisionomias do Bioma Cerrado. In: SANO,
S. M. & ALMEIDA, S. P. Cerrado Ambiente e Flora. EMPRAPA-CPAC. Brasília.
89-166 p.
RIST, L. BUNBURY, C. N. K., DOGLAY, F. F., EDWARDS, P., BUNBURY, N. &
GHAZOUL, J. 2010. Sustainable harvesting of coco de mer, Lodoicea maldivica, in
the Vallée de Mai, Seychelles. Forest Ecology and Management. 260: 2224-2231
RIVAS, M. & BARILANI, A. 2004. Diversidad, potencial productivo y reproductivo de
los palmares de Butia capitata (Marc.) Becc. de Uruguay. Agrociencias. 8 (2): 11-20.
ROCHA, E. 2004. Potencial ecológico para o manejo de frutos de açaizeiro (Euterpe
precatoria Mart.) em áreas extrativistas no Acre, Brasil. Acta Amazonica. 34 (2):
237 – 250.
RODRÍGUEZ-BURITICÁ, ORJUELA, M. A. & GALEANO, G. 2005. Demography and
life history of Geonoma orbignyana: An understory palm used as foliage in
Colombia. Forest Ecology and Management. 211: 329–340.
ROSA, L., CASTELLANI, T. T. & REIS, A. 1998. Biologia reprodutiva de Butia capitata
(Martius) Beccari var. odorata (Palmae) na restinga do município de Laguna, SC.
Revista Brasileira de Botânica. 21 (3).
RUNK, J. V. 1998. Productivity and sustainability of a vegetable ivory palm (Phytelephas
aequatorialis, Arecaceae) under three management regimes in northwestern Ecuador.
Economic Botany. 52 (2): 168-182.
SAMPAIO, M. B. & GUARINO, E. S. G. 2007. Efeitos do pastoreio de bovinos na
estrutura populacional de plantas em fragmentos de floresta ombrófila mista. Revista
Árvore. 31 (6): 1035-1046.
SAMPAIO, M. B., SCHMIDT, I. B. & FIGUEIREDO, I. B. 2008. Harvesting effects and
population Ecology of the Buriti palm (Mauritia flexuosa L. f., Arecaceae) in the
Jalapão Region, Central Brazil. Economic Botany. 62(2): 171–181.
SAMPAIO, M. B. & SCARIOT, A. 2008.Growth and reproduction of the understory palm
Geonoma schottiana Mart. in the gallery forest in Central Brazil. Revista Brasileira
de Botânica. 31 (3): 433-442.
53
SAMPAIO, M. B. & SCARIOT, A. 2010. Effects of stochastic herbivory events on
population maintenance of an understorey palm species (Geonoma schottiana) in
riparian tropical forest. Journal of Tropical Ecology. 26: 151-161.
SCHROTH, G., MOTA, M. S.S., LOPES, R. & FREITAS, A. F. 2004. Extractive use,
management and in situ domestication of a weedy palm, Astrocaryum tucuma, in the
central Amazon. Forest Ecology and Management 202: 161–179.
SCHMIDT, I.B., FIGUEIREDO, I.B. & SCARIOT, A. 2007. Ethnobotany and effects of
harvesting on the population ecology of Syngonanthus nitens (Bong.) Ruhland
(Eriocaulaceae), a NTFP from Jalapão Region, Central Brazil. Economic Botany. 61:
73-85
SCHUMANN, K., WITTIG, K., THIOMBIANO, A., BECKER, U. & HAHN, K. 2010.
Impact of land-use type and bark- and leaf-harvesting on population structure and
fruit production of the baobab tree (Adansonia digitata L.) in a semi-arid savanna,
West Africa.Forest Ecology and Management. 260: 2035-2044.
SILVA MATOS, D.M., FRECKLETON, R.P. & WATKINSON, A.R. 1999. The role of
density-dependence in the population dynamics of a tropical palm. Ecology. 80:
2635–2650.
SILVA, P. A. D. 2008a. O Coquinho-Azedo no Norte de Minas Gerais – ecologia
populacional e botânica econômica. In: BERSUSAN, N. Unindo sonhos: Pesquisas
ecossociais do Cerrado. Brasília. P. 85-96.
SILVA, P. A. D. 2008b. Ecologia populacional e botânica econômica de Butia capitata
(Mart.) Beccari no Cerrado do Norte de Minas Gerais. Dissertação de mestrado –
Universidade de Brasília. Brasília. 105 p.
SILVERTOWN, J. , FRANCO, M., PISANTY, I., & MENDOZA, A. 1993. Comparative
plant demography--relative importance of life-cycle components to the finite rate of
increase in woody and herbaceous perennials. Journal of Ecology. 81 (3): 465-476.
SILVERTOWN, J., FRANCO, M. & MENGES, E. 1996. Interpretation of elasticity
matrices as an aid to the management of plant populations for conservation.
Conservation Biology. 10 (2); 591-597.
SOKAL, R. R. AND F. J. ROHLF. 1995. Biometry: the principles and practice of statistics
in biological research.3rd edition. New York, USA. 887p.
54
SOUZA A. F & MARTINS F. R. 2004. Population structure and dynamics of a neotropical
palm in fire-impacted fragments of the Brazilian Atlantic forest. Biodiversity
Conservations 13:1611–1632
SULLIVAN, S., KONSTANT, L. & CUNNINGHAM, A. B. 1995. The impact of
utilization of palm products the population structure of the vegetable ivory palm
(Hyphaene petersiana, Arecaceae) in North Central Namibia. Economic Botany. 49
(4): 357-370
STATSOFT. 2004. STATISTICA: data analysis software system. Version 7.
STERN, M., QUESADA, M. & STONER, K. E. 2002. Changes in composition and
structure of a tropical dry forest following intermittent cattle grazing. Rev. Biol.
Trop. 50 (3-4): 1021-1034.
SVENNING, J.C. & MACIA, M.J. 2002. Harvesting of Geonoma macrostachys Mart.
leaves for thatch: an exploration of sustainability. Forest Ecology and Management
167: 251-262.
TORRANO, L. & VALDERRÁBANO, J. 2004. Review: Impact of grazing on plant
communities in forestry areas. Spanish Journal of Agricultural Research. 2 (1): 93105.
VIEIRA, D. L. M. & SCARIOT, A. 2006. Effects of logging, liana tangles and pasture on
seed fate of dry forest tree species in Central Brazil. Forest Ecology and
Management. 230: 197–205.
WEINSTEIN, S & MOAGENBURG, S. 2004. Açaí palm management in the Amazon
estuary: Course for conservation or passage to plantations? Conservation & Society.
2 (2): 315-330
WIDYATMOKO, D., BURGMAN, M. A., GUHARDYA, E., MOGEA, J. P., WALUJO,
E. B. & SETEADI, D. 2005. Population status, demography and habitat preferences
of the threatened lipstick palm Cyrtostachys renda (Blume) in Kerumutan Reserve,
Sumatra. Acta oecologica. 28: 107-118.
ZAR, J. H. 1999. Biostatistical analysis. 4 ed. New Jersey: Prentice Hall. .662p.
55
ZUIDEMA, P. A., de KROON, H. & MARINUS J. A. WERGER, M. J. A. 2007.Testing
sustainability by prospective and retrospective demographic analyses: evaluation for
palm leaf harvest. Ecological Applications, 17 (1):118–128
56
Download

estrutura e dinâmica de populações de coquinho