Cloud Computing: Qual é a sua relação com as Operadoras de Telecom?
Este tutorial apresenta os conceitos de Cloud Computing e relaciona esses serviços com o estágio atual das
operadoras de telecomunicações tradicionais.
Sérgio Ricardo de Freitas Oliveira
Sócio-diretor da LanLink, onde é responsável pelo Departamento de Engenharia de Soluções, coordenando
equipes de concepção de soluções na área de telecomunicações e infra-estrutura de TI (Redes LAN/WAN,
IP Telephony, Storage, Servers e Segurança da Informação).
É graduado em Ciências da Computação pela UECe (Universidade Estadual do Ceará) e pós-graduado em
Marketing pelo IPAM (Instituto Português de Administração e Marketing). Antes da LanLink, onde já está
desde 1997, trabalhou na Petrobrás por 12 anos.
Email: [email protected]
Categorias: Banda Larga, Infraestrutura para Telecomunicações, Operação e Gestão, Redes de Dados
Wireless
Nível: Introdutório
Enfoque: Técnico
Duração: 15 minutos
Publicado em: 02/02/2009
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Cloud Computing: Introdução
Todos que atuam nas áreas de Telecom e/ou Tecnologia da Informação já se depararam com o desenho de
uma “nuvem” representando uma abstração do backbone de uma rede WAN ou Internet. Dentro daquela
“nuvem” infere-se que pode estar uma miríade de componentes (roteadores, DSLAMs, circuitos, etc.).
Exceto no caso em que a “nuvem” é de propriedade do próprio cliente, no fim do dia o que interessa para o
cliente nela conectado é:
1.
2.
3.
4.
A garantia de banda efetiva.
O índice de disponibilidade.
A qualidade de serviço (QoS) disponível.
Se precisar de um aumento de capacidade (ex: banda) amanhã, em quanto tempo ele poderá ter esse
recurso a sua disposição.
Estas e outras métricas similares compõem o Acordo de Nível de Serviço (Service Level Agreement – SLA)
da “nuvem”, que é o que realmente importa para o cliente. É relevante para o cliente saber por quantos
core-routers trafegam os seus pacotes IP dentro da “nuvem”? Não.
É relevante para o cliente saber quantos circuitos interconectam os core-routers e quais são os tipos de
meios físicos usados? Também não. No fim do dia, essas três letrinhas é que contam: S-L-A. Simples assim.
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Cloud Computing: Compra de Equipamentos
Antes de continuar nesta linha de raciocínio, vamos mudar um pouco o foco desta discussão e tratar de
como o pessoal de T.I. endereça a compra de equipamentos: o que se vê hoje na grande maioria das RFP’s
(Request for Proposals) e editais públicos para aquisição de equipamentos de T.I. é um emaranhado de
detalhes ultra-minuciosos, às vezes irrelevantes.
Por exemplo, os editais/RFP’s para aquisição de servidores especificam tipo de CPU, clock, interfaces,
barramentos, baias, discos, slots, memória, gabinete, altura em U’s, gerenciamento, refrigeração,
compatibilidade com softwares, etc.
Para aquisição de Storage Systems, mais uma infinidade de detalhes; nas aquisições de equipamentos de
rede (switches, etc.), idem. Enfim, a grande maioria dos editais/RFP’s de T.I. mais se parece com datasheets
de fabricantes.
Compare, por exemplo, esses dois textos hipotéticos para aquisição de servidores e storage:
Texto 1: Deverão ser fornecidos: quarenta servidores, sendo dez com 4 GB de RAM, vinte e seis com 32
GB de RAM e dois com 128 GB de RAM. Cada um com 3 discos de 300 GB, 2 processadores x86 com 3
GHz de clock, 2 interfaces 10/100/1000BaseT, etc. etc. etc. Dois subsistemas de armazenamento externo
cada um com 8 TB de espaço líquido, duas controladoras FC de 4 Gbit/s com cache de 8 GB, etc.
Os equipamentos deverão ser instalados em 2 sites distintos interconectados com circuitos óticos
redundantes de 1 Gbit/s, etc. etc. etc... A solução deverá ter 3 anos de garantia on-site com tempo de
atendimento em 4 horas e tempo de solução em 10 horas após a abertura do chamado, prestada diretamente
pelo fabricante, etc.
Texto 2: Deverão ser disponibilizados recursos computacionais e de comunicação para permitir a instalação
inicialmente de 40 sistemas de informação distribuídos em subsistemas virtuais que podem estar sob
Windows Server ou Red Hat Enterprise Linux, a critério do CONTRATANTE. Cada subsistema poderá
necessitar entre 10.000 a 100.000 transações TPC-C por minuto para Oracle 10i ou SQL Server.
Cada subsistema poderá necessitar de 4 GB até 128 GB de RAM, a critério do CONTRATANTE, e o
ambiente como um todo exige inicialmente 8 TB de espaço de armazenamento secundário, que deverá ser
distribuído localmente entre os subsistemas de acordo com as necessidades a serem definidas pelo
CONTRATANTE.
Os subsistemas virtuais devem ter capacidade de realocação dinâmica de recursos de RAM, armazenamento
secundário, CPU e banda, de forma a garantir que nenhum subsistema tenha média diária de utilização
superior a 80% desses recursos em regime contínuo de operação. O ambiente deverá ser dimensionado para
crescer em até 30% num período de 3 anos. O índice de disponibilidade de todas as aplicações deverá ser de
99,99%, etc.
Percebeu as diferenças? No segundo texto:
É descrito o que se quer, e não como se quer.
O foco é no SLA, e não na garantia.
Toda virtualização não só é permitida, como é mandatória.
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Cloud Computing: Tendências
Voltemos para a linha de raciocínio inicial. Agora expanda o conceito de “nuvens” (do qual tratamos na
introdução deste tutorial) para o de “nuvens computacionais”. Lá dentro estão os servidores, os sistemas de
armazenamento, os swiches LAN e SAN, os roteadores, enfim todos os “assets” (reais ou virtualizados) que,
para o cliente, devem ser transparentes, pois, de novo: o que interessa é o SLA.
É isso que o conceito de Cloud Computing vem endereçar.
Em tempo. “Cloud Computing” não significa simplesmente (muito menos necessariamente) acessar os
recursos computacionais pela Internet ou pela WAN, ao contrário da crítica mais comum que se ouve sobre
esta tendência.
Significa, isso sim, virtualizar os recursos computacionais, torná-los transparentes e altamente disponíveis, e
poder provisioná-los “on-demand”. Se o acesso vai ser pela LAN, WAN ou Internet é irrelevante do ponto
de vista desta tecnologia.
Parece inevitável que cada vez mais os clientes irão buscar serviços de TIC (Tecnologia da Informação e
Comunicação) com resultados alinhados ao negócio da empresa, em vez de irem atrás de comprar “coisas”
per-si.
Afinal, o que interessa? É ter uma rede com 40 servidores RISC com clock de 3 GHz, etc., ou ter assegurado
que as aplicações darão o tempo de resposta e a disponibilidade desejados? O conceito de “cloud
computing” vem endereçar justamente essa necessidade emergente.
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Cloud Computing: Operadoras de Telecom
Nos EUA isso já está se tornando realidade. Seguem algumas “manchetes” recentes tratando sobre o caso.
Caso 1: Verizon define como meta o lançamento do serviço de “cloud computing” no 1T09
A Verizon Business desenvolveu nos últimos 18 meses e vai lançar no primeiro trimestre de 2009 um novo
serviço de "cloud computing on-demand" que permitirá que seus grandes clientes empresariais paguem por
uso os serviços de fornecimento de recursos computacionais (mais detalhes no link abaixo).
Clique aqui para acessar o site da NXT Comm Daily News.
Caso 2: 10 Razões pelas quais as Telcos dominarão o mercado Corporativo de “Cloud Computing”
Novos ícones da economia mundial como Google e Amazon, com inovação na velocidade da Internet no seu
DNA, anunciaram uma estonteante variedade de serviços de “cloud computing”, e a InformationWeek
atribuiu ao CEO do Google Eric Schmidt a afirmação de que, com exceção dos requisitos de segurança, "não
há muita diferença entre a nuvem da empresa (enterprise clouding) e a nuvem do consumidor final
(consumer clouding)".
Se isso for verdade, não deve ser muito difícil para o Google ou para a Amazon alavancar uma forte franquia
de sucesso junto aos consumidores finais, e rapidamente penetrar no mercado das 500 maiores empresas da
revista Fortune (mais detalhes no link abaixo).
Clique aqui para acessar o site da On-Demand Enterprise.
Caso 3: Companhia anuncia serviço de hospedagem sob demanda AT&T Synaptic Hosting
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Seguindo iniciativas de empresas como IBM, Amazon e Google, a AT&T anunciou investimentos em cloud
computing, lançando um serviço mundial chamado AT&T Synaptic Hosting (mais detalhes no link abaixo).
Clique aqui para acessar o site da IDG Now!.
Caso 4: Telcos na altura das nuvens
O setor de telecomunicações é o que está melhor equipado para se beneficiar das vantagens oferecidas pela
cloud computing, conforme afirmação da IBM (mais detalhes no link abaixo).
Clique aqui para acessar o site da Computer World.
Isso tem a ver com diferenciação, serviços agregados e outsourcing. Esses são os ingredientes que as
operadoras precisam para melhorar sua receita. Mas para isso, elas precisam investir em parcerias para
desenvolver novas especialidades que hoje elas não detêm (talvez até tenham para seu uso interno, mas não
para oferta ao mercado): Virtualização, ITIL, COBIT, LAN Services, SAN, Storage Systems, Blade Systems,
Segurança da Informação, Software as a Service (SaaS), etc.
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Cloud Computing: Considerações Finais
O principal argumento contrário alega que os custos de comunicação inviabilizam esse tipo de oferta. Esse
argumento pode até ser válido se a infra-estrutura estiver fora do site do cliente.
Mas estando dentro do site do cliente e sendo administrada pelo prestador de acordo com os princípios de
Cloud Computing, o argumento cai por terra.
O barateamento dos custos de comunicação apenas facilitará a aceitação desta oferta no mercado, e como as
operadoras já possuem a infra-estrutura de comunicação e algumas até já hospedam datacenters, elas podem
ser vistas como futuros grandes players na prestação de serviços de T.I. para as corporações.
É esse o nosso entendimento.
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Cloud Computing: Teste seu Entendimento
1. No contexto deste tutorial, qual é o maior interesse do Cliente quando se conecta a uma “nuvem” ou
rede de um provedor de serviços de Telecomunicações?
A garantia da banda efetiva.
O índice de disponibilidade.
A Qualidade de Serviço (QoS) disponível.
Se precisar de um aumento de capacidade (ex: banda) amanhã, em quanto tempo ele poderá ter esse
recurso a sua disposição.
Todas as alternativas anteriores.
2. No contexto deste tutorial, qual é a definição de Cloud Computing?
Significa poder virtualizar os recursos computacionais, torná-los transparentes e altamente disponíveis,
e poder provisioná-los “on-demand”.
Significa acessar computadores físicos (não virtuais) conectados à redes LAN.
Significa poder acessar computadores colocados no espaço aéreo.
Nenhuma das anteriores.
3. Quais são os principais requisitos para facilitar a oferta de serviços de Cloud Computing pelas
operadoras de Telecom?
Ser fabricante de computadores e equipamentos de rede.
Ter a propriedade da infra-estrutura de comunicação e possuir datacenters próprios.
Ter a propriedade da infra-estrutura de comunicação e ser fabricante de computadores.
Ser fabricante de computadores e possuir datacenters próprios.
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