MATERIAL DE APOIO – PROFA. MARIA LUIZA
1. (Ufes 1999) Levando-se em conta que a pontuação é um dos recursos da língua escrita para a produção de
sentido, pode-se afirmar que a interpretação CONTRARIA o sentido do texto em
1) O acusado não confessou o crime demonstrando sangue-frio.
Significa que o acusado não demonstrou sangue-frio quando confessou o crime.
2) O acusado não confessou o crime, demonstrando sangue-frio.
Significa que o acusado, ao não confessar o crime, demonstrou sangue-frio.
3) Os clientes que estavam descontentes com o novo sistema de cobrança solicitaram o retorno ao sistema antigo.
Significa que todos os clientes estavam descontentes com o novo sistema de cobrança e solicitaram o retorno ao
sistema antigo.
4) Os clientes, que estavam descontentes com o novo sistema de cobrança, solicitaram o retorno ao sistema antigo.
Significa que apenas alguns clientes - aqueles que estavam descontentes com o novo sistema de cobrança solicitaram o retorno ao sistema antigo.
5) O pedreiro mal-humorado empilhou os tijolos sobre o piso.
Significa que o pedreiro que empilhou os tijolos sobre o piso é habitualmente mal-humorado.
6) O pedreiro, mal-humorado, empilhou os tijolos sobre o piso.
Significa que o pedreiro que empilhou os tijolos sobre o piso estava momentaneamente mal-humorado.
a) 1 e 2.
b) 3 e 4.
c) 1, 2, 3 e 4.
d) 1, 2, 5 e 6.
e) 3, 4, 5 e 6.
2. (Uema 2015) Leia com atenção o parágrafo que segue. Nele a linguagem empregada pela autora foge dos
padrões da norma culta (os sinais de pontuação praticamente estão ausentes assim como alguns acentos gráficos).
Verifique:
“Quando eu era menina o meu sonho era ser homem para defender o Brasil porque eu lia a Historia do Brasil e ficava
sabendo que existia guerra. Só lia nomes masculinos como defensor da patria. Então eu dizia para a minha mãe:”
Reescreva o referido parágrafo, pontuando-o adequadamente, mantendo as relações lógicas existentes entre os
períodos. Faça as adaptações necessárias, prescritas pela norma padrão.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como ‘este foi difícil’
‘prateou no ar dando rabanadas’
e faz o gesto com a mão.
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O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
(Adélia Prado, Casamento.)
3. (Uftm 2012) Analisando o verso – É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha – e sua relação com as demais
partes do poema, assim como a mensagem geral do texto, explique:
a) o que o uso da expressão a gente, em vez de nós, revela sobre a relação entre os dois personagens do poema e
sobre a maneira como o eu lírico interage com o leitor.
b) a presença da vírgula, comparando com a mesma frase, mas sem a pontuação: É tão bom só a gente sozinhos na
cozinha.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Alma fatigada
Nem dormir nem morrer na fria Eternidade!
mas repousar um pouco e repousar um tanto,
os olhos enxugar das convulsões do pranto,
enxugar e sentir a ideal serenidade.
A graça do consolo e da tranquilidade
de um céu de carinhoso e perfumado encanto,
mas sem nenhum carnal e mórbido quebranto,
sem o tédio senil da vã perpetuidade.
Um sonho lirial d'estrelas desoladas,
onde as almas febris, exaustas, fatigadas
possam se recordar e repousar tranquilas!
Um descanso de Amor, de celestes miragens,
onde eu goze outra luz de místicas paisagens
e nunca mais pressinta o remexer de argilas!
(CRUZ E SOUSA. Obra completa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1961, p. 191-192.)
Carta a Manuel Bandeira, S.Paulo, 28-III-31
Manú,
bom-dia. Amanhã é domingo pé-de-cachimbo, e levarei sua carta, (isto é vou ainda rele-la pra ver si a posso
levar tal como está, ou não podendo contarei) pra Alcantara com Lolita que tambem ficarão satisfeitos de saber que
você já está mais fagueirinho e o acidente não terá consequencia nenhuma. Esse caso de você ter medo duma
possivel doença comprida e chupando lentamente o que tem de perceptivel na gente, pro lado lá da morte, é mesmo
um caso serio. Deve ser danado a gente morrer com lentidão, mas em todo caso sempre me parece inda, não mais
danado, mas semvergonhamente pueril, a gente morrer de repente. Eu jamais que imagino na morte, creio que você
sabe disso. Aboli a morte do mecanismo da minha vida e embora já esteja com meus trinteoito anos, faço projetos
pra daqui a dez anos, quinze, como si pra mim a morte não tivesse de "vim"... como todos pronunciam. A idea da
morte desfibra danadamente a atividade, dá logo vontade da gente deitar na cama e morrer, irrita. Aboli a noção de
morte prá minha vida e tenho me dado bem regularmente com êsse pragmatismo inocente. Mas levado pela sua
carta, não sei, mas acho que não me desagradava não me pôr em contacto com a morte, ver ela de perto, ter tempo
pra botar os meus trabalhos do mundo em ordem que me satisfaça e diante da infalivel vencedora, regularisar pra
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com Deus o que em mim sobrar de inutil pro mundo.
(MÁRIO DE ANDRADE. Cartas de Mário de Andrade a Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1958,
p. 269-270.)
4. (Unesp 2008) Envolvido, como declara mais de uma vez em suas cartas, na criação de um discurso literário
próprio, culto, mas com aproveitamentos de recursos e soluções da linguagem coloquial, Mário de Andrade
apresenta nos textos de suas cartas soluções de ortografia, pontuação, variações coloquiais de vocábulos e de
regência que podem surpreender um leitor desavisado. Escreve, por exemplo, no último período do trecho citado,
"ver ela de perto", tal como se usa coloquialmente. Aponte a forma que teria essa passagem em discurso formal,
culto.
5. (Fuvest 2007) Preciso que um barco atravesse o mar
lá longe
para sair dessa cadeira
para esquecer esse computador
e ter olhos de sal
boca de peixe
e o vento frio batendo nas escamas.
(...)
Marina Colasanti, "Gargantas abertas".
Gosto e preciso de ti
Mas quero logo explicar
Não gosto porque preciso
Preciso sim, por gostar.
Mário Lago, <www.encantosepaixoes.com.br>
a) Nos poemas apresentados, as preposições "para" e "por" estabelecem o mesmo tipo de relação de sentido?
Justifique sua resposta.
b) Sem alterar o sentido do texto de Mário Lago, transcreva-o em prosa, em um único período, utilizando os sinais de
pontuação adequados.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Na Idade Média, no início dos tempos modernos, e por muito tempo ainda nas classes populares, as crianças
misturavam-se com os adultos assim que eram consideradas capazes de dispensar a ajuda das mães ou das amas,
poucos anos depois de um desmame - ou seja, aproximadamente, aos sete anos de idade. A partir desse momento,
ingressavam imediatamente na grande comunidade dos homens, participando com seus amigos jovens ou velhos
dos trabalhos e dos jogos de todos os dias. O movimento da vida coletiva arrastava numa mesma torrente as idades
e as condições sociais, sem deixar a ninguém o tempo da solidão e da intimidade. Nessas existências densas e
coletivas, não havia lugar para um setor privado. A família cumpria uma função - assegurava a transmissão da vida,
dos bens e dos nomes - mas não penetrava muito longe na sensibilidade.
(...)
A família moderna retirou da vida comum não apenas as crianças, mas uma grande parte do tempo da
preocupação dos adultos. Ela correspondeu a uma necessidade de intimidade e também de identidade: os membros
da família se unem pelo sentimento, o costume e o gênero de vida. As promiscuidades impostas pela antiga
sociabilidade lhes repugnam. Compreende-se que essa ascendência moral da família tenha sido originariamente um
fenômeno burguês: a alta nobreza e o povo, situados nas duas extremidades da escala social conservaram por mais
tempo as boas maneiras tradicionais, e permaneceram indiferentes à pressão exterior. As classes populares
mantiveram até quase nossos dias esse gosto pela multidão. Existe portanto uma relação entre o sentimento da
família e o sentimento de classe. Em várias ocasiões, ao longo deste estudo, vimos que eles se cruzavam. Durante
séculos os mesmos jogos foram comuns às diferentes condições sociais; a partir do início dos tempos modernos,
porém, operou-se uma seleção entre eles: alguns foram reservados aos bem-nascidos, enquanto outros foram
abandonados ao mesmo tempo às crianças e ao povo. As escolas de caridade do século XVII, fundadas para os
pobres, atraíam também as crianças ricas. Mas a partir do século XVIII, as famílias burguesas não aceitaram mais
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essa mistura, e retiraram suas crianças daquilo que se tornaria um sistema de ensino primário popular, para colocálas nas pensões ou nas classes elementares dos colégios, cujo monopólio conquistaram. Os jogos e as escolas,
inicialmente comuns ao conjunto da sociedade, ingressaram então num sistema de classes. Foi como se um corpo
social polimorfo e rígido se desfizesse e fosse substituído por uma infinidade de pequenas sociedades - as famílias e por alguns grupos maciços - as classes. As famílias e as classes reuniam indivíduos que se aproximavam por sua
semelhança moral e pela identidade de seu gênero de vida. O antigo corpo social único, ao contrário, englobava a
maior variedade possível de idades e condições.
Aries, Philippe. Historia Social da Criança e da Família. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1981. pp. 194-6.
6. (Pucrj 2007) a) Em "a partir do início dos tempos modernos, porém, operou-se uma seleção entre eles (...)", a
palavra SE é um pronome apassivador, que constitui também um recurso linguístico de indeterminação do agente da
ação verbal. Transcreva do texto outro exemplo em que a palavra SE tenha sido empregada com essa mesma
função.
b) Reescreva o trecho a seguir , empregando os sinais de pontuação adequados.
A evolução da família medieval para a família do século XVII e para a família moderna durante muito tempo se limitou
aos nobres aos burgueses aos artesãos e aos lavradores ricos ainda no início do século XIX uma grande parte da
população a mais pobre e mais numerosa vivia como as famílias medievais com as crianças afastadas da casa dos
pais.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Soneto
Os teus olhos gentis, encantadores,
Tua loira madeixa delicada,
Tua boca por Vênus invejada,
Onde habitam mil cândidos amores:
Os teus braços, prisão dos amadores,
Os teus globos de neve congelada,
Serão tornados breve a cinza!... a nada!...
Aos teus amantes causarão horrores!...
Céus! e hei-de eu amar uma beleza,
Que à cinza reduzida brevemente
Há-de servir de horror à Natureza!...
Ah! mandai-me uma luz resplandecente,
Que minha alma ilumine, e com pureza
Só ame um Deus, que vive eternamente.
(José da Natividade Saldanha. Poemas oferecidos aos amantes do Brasil. 1822.)
Soneto
Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra.
Em seus lábios que os meus lábios osculam
Micro-organismos fúnebres pululam
Numa fermentação gorda de cidra.
Duras leis as que os homens e a hórrida hidra
A uma só lei biológica vinculam,
E a marcha das moléculas regulam,
Com a invariabilidade da clepsidra!...
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Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos
Roída toda de bichos, como os queijos
Sobre a mesa de orgíacos festins!...
Amo meu Pai na atômica desordem
Entre as bocas necrófagas que o mordem
E a terra infecta que lhe cobre os rins!
(Augusto dos Anjos. Eu. 1935.)
Idealismo e Realismo
Eu sou pois associado a estes dois movimentos, e se ainda ignoro o que seja a ideia nova, sei pouco mais ou
menos o que chamam aí a escola realista. Creio que em Portugal e no Brasil se chama realismo, termo já velho em
1840, ao movimento artístico que em França e em Inglaterra é conhecido por "naturalismo" ou "arte experimental".
Aceitemos, porém, realismo, como a alcunha familiar e amiga pela qual o Brasil e Portugal conhecem uma certa fase
na evolução da arte.
(...)
Não - perdoem-me - não há escola realista. Escola é a imitação sistemática dos processos dum mestre.
Pressupõe uma origem individual, uma retórica ou uma maneira consagrada. Ora o naturalismo não nasceu da
estética peculiar dum artista; é um movimento geral da arte, num certo momento da sua evolução. A sua maneira não
está consagrada, porque cada temperamento individual tem a sua maneira própria: Daudet é tão diferente de
Flaubert, como Zola é diferente de Dickens. Dizer "escola realista" é tão grotesco como dizer "escola republicana". O
naturalismo é a forma científica que toma a arte, como a república é a forma política que toma a democracia, como o
positivismo é a forma experimental que toma a filosofia.
Tudo isto se prende e se reduz a esta fórmula geral: que fora da observação dos factos e da experiência dos
fenômenos, o espírito não pode obter nenhuma soma de verdade.
Outrora uma novela romântica, em lugar de estudar o homem, inventava-o. Hoje o romance estuda-o na sua
realidade social. Outrora no drama, no romance, concebia-se o jogo das paixões a priori; hoje, analisa-se a posteriori,
por processos tão exactos como os da própria fisiologia. Desde que se descobriu que a lei que rege os corpos brutos
é a mesma que rege os seres vivos, que a constituição intrínseca duma pedra obedeceu às mesmas leis que a
constituição do espírito duma donzela, que há no mundo uma fenomenalidade única, que a lei que rege os
movimentos dos mundos não difere da lei que rege as paixões humanas, o romance, em lugar de imaginar, tinha
simplesmente de observar. O verdadeiro autor do naturalismo não é pois Zola - é Claude Bernard. A arte tornou-se o
estudo dos fenômenos vivos e não a idealização das imaginações inatas...
(Eça de Queirós. "Cartas Inéditas de Fradique Mendes". In: Obras de Eça de Queirós.)
Prefácio Interessantíssimo
24 Belo da arte: arbitrário, convencional,
transitório - questão de moda. Belo da
natureza: imutável, objetivo, natural - tem a
eternidade que a natureza tiver. Arte não
consegue reproduzir natureza, nem este é seu
fim. Todos os grandes artistas, ora consciente
(Rafael das Madonas, Rodin do Balzac,
Beethoven da Pastoral, Machado de Assis do
Brás Cubas), ora inconscientemente (a grande
maioria) foram deformadores da natureza.
Donde infiro que o belo artístico será tanto mais
artístico, tanto mais subjetivo quanto mais se
afastar do belo natural. Outros infiram o que
quiserem. Pouco me importa.
*
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25 Nossos sentidos são frágeis. A percepção das
coisas exteriores é fraca, prejudicada por mil
véus, provenientes das nossas taras físicas e
morais: doenças, preconceitos, indisposições,
antipatias, ignorâncias, hereditariedade,
circunstâncias de tempo, de lugar, etc... Só
idealmente podemos conceber os objetos como
os atos na sua inteireza bela ou feia. A arte
que, mesmo tirando os seus temas do mundo
objetivo, desenvolve-se em comparações
afastadas, exageradas, sem exatidão aparente,
ou indica os objetos, como um universal, sem
delimitação qualificativa nenhuma, tem o poder
de nos conduzir a essa idealização livre,
musical. Esta idealização livre, subjetiva,
permite criar todo um ambiente de realidades
ideais onde sentimentos, seres e coisas, belezas
e defeitos se apresentam na sua plenitude
heroica, que ultrapassa a defeituosa percepção
dos sentidos. Não sei que futurismo pode existir
em quem quase perfilha a concepção estética de
Fichte. Fujamos da natureza! Só assim a arte
não se ressentirá da ridícula fraqueza da
fotografia... colorida.
(Mário de Andrade. "Pauliceia Desvairada". In: Poesias completas. 1987.)
7. (Unesp 2005) Os processos de coordenação e de subordinação, quando surgem de modo recorrente ao longo de
um mesmo período, podem produzir sequências bastante simétricas, que facilitam não apenas a compreensão, mas
também o reconhecimento da própria estrutura sintática adotada. Releia o último período do segundo parágrafo do
fragmento de Eça de Queirós e, a seguir,
a) indique o substantivo que, repetido simetricamente ao longo do período, apresenta sempre a mesma função
sintática nas orações em que se insere;
b) fazendo as eliminações de conectivos que julgar necessárias e alterando a pontuação, transforme esse período
composto por coordenação e subordinação em três períodos compostos por subordinação também simétricos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O acolhimento que dispensou aos seus projetos o excelentíssimo senhor ministro do Fomento Nacional,
animou o russo a improvisar novos processos que levantassem a pecuária no Brasil. Xandu, com o cotovelo direito
sobre a mesa e a mão respectiva na testa, considerava Bogóloff com espanto e enternecido agradecimento.
- Ah! Doutor! disse ele. O senhor vai dar uma glória imortal ao meu ministério.
- Tudo isso, Excelência, é fruto de longos e acurados estudos.
Xandu continuava a olhar embevecido o russo admirável; e este aduziu com toda convicção:
- Por meio da fecundação artificial, Excelência, injectando germens de uma em outra espécie, consigo
cabritos que são ao mesmo tempo carneiros e porcos que são cabritos ou carneiros, à vontade.
Xandu mudou de posição, recostou-se na cadeira; e, brincando com o monóculo, disse:
- Singular! O doutor vai fazer uma revolução nos métodos de criar! Não haverá objecções quanto à
possibilidade, à viabilidade?
- Nenhuma, Excelência. Lido com as últimas descobertas da ciência e a ciência é infalível.
- Vai ser uma revolução!...
- É a mesma revolução que a química fez na agricultura. Penso assim há muitos anos, mas não me tem sido
possível experimentar os meus processos por falta de meios; entretanto, em pequena escala já fiz.
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- O que?
- Uma barata chegar ao tamanho de um rato.
- Oh! Mas... não tem utilidade.
- Não há dúvida. Uma experiência ao meu alcance, mas, logo que tenha meios...
- Não seja essa a dúvida. Enquanto eu for ministro, não lhe faltarão. O governo tem muito prazer em ajudar
todas as tentativas nobres e fecundas para o levantamento das indústrias agrícolas.
- Agradeço muito e creia-me que ensaiarei outros planos. Tenho outras ideias!
- Outras? fez em resposta o Xandu.
- É verdade. Estudei um método de criar peixes em seco.
- Milagroso! Mas ficam peixes?
- Ficam... A ciência não faz milagres. A cousa é simples. Toda a vida veio do mar, e, devido ao resfriamento
dos mares e à sua concentração salina, nas épocas geológicas, alguns dos seus habitantes foram obrigados a sair
para a terra e nela criarem internamente, para a vida de suas células, meios térmicos e salinos iguais àqueles em
que elas viviam nos mares, de modo a continuar perfeitamente a vida que tinham. Procedo artificialmente da forma
que a cega natureza procedeu, eliminando, porém, o mais possível, o factor tempo, isto é: provoco o organismo do
peixe a criar para a sua célula um meio salino e térmico igual àquele que ele tinha no mar.
- É engenhoso!
- Perfeitamente científico.
Xandu esteve a pensar, a considerar um tempo perdido, olhou o russo insistentemente por detrás do
monóculo e disse:
- Não sabe o doutor como me causa admiração o arrojo de suas ideias. São originais e engenhosas e o que
tisna um pouco essa minha admiração, é que elas não partam de um nacional. Não sei, meu caro doutor, como é que
nós não temos desses arrojos! Vivemos terra à terra, sempre presos à rotina! Pode ir descansado que a República
vai aproveitar as suas ideias que hão de enriquecer a pátria.
Ergueu-se e trouxe Bogóloff até à porta do gabinete, com o seu passo de reumático.
Dentro de dias Grégory Petróvitch Bogóloff era nomeado diretor da Pecuária Nacional.
(Afonso Henriques de Lima Barreto. Numa e a Ninfa.)
O Mundo Assombrado pelos Demônios
Sim, o mundo seria um lugar mais interessante se houvesse UFOS escondidos nas águas profundas, perto
das Bermudas, devorando os navios e os aviões, ou se os mortos pudessem controlar as nossas mãos e nos
escrever mensagens. Seria fascinante se os adolescentes fossem capazes de tirar o telefone do gancho apenas com
o pensamento, ou se nossos sonhos vaticinassem acuradamente o futuro com uma frequência que não pudesse ser
atribuída ao acaso e ao nosso conhecimento do mundo.
Esses são exemplos de pseudociência. Eles parecem usar os métodos e as descobertas da ciência, embora
na realidade sejam infiéis à sua natureza - frequentemente porque se baseiam em evidência insuficiente ou porque
ignoram pistas que apontam para outro caminho. Fervilham de credulidade. Com a cooperação desinformada (e
frequentemente com a conivência cínica) dos jornais, revistas, editoras, rádio, televisão, produtoras de filmes e outros
órgãos afins, essas ideias se tornam acessíveis em toda parte.
(...)
Não é preciso um diploma de nível superior para conhecer a fundo os princípios do ceticismo, como bem
demonstram muitos compradores de carros usados que fazem bons negócios. A ideia da aplicação democrática do
ceticismo é que todos deveriam ter as ferramentas essenciais para avaliar efetiva e construtivamente as alegações
de quem se diz possuidor do conhecimento. O que a ciência exige é tão-somente que façamos uso dos mesmos
níveis de ceticismo que empregamos ao comprar um carro usado ou ao julgar a qualidade dos analgésicos ou da
cerveja pelos seus comerciais na televisão.
Mas as ferramentas do ceticismo em geral não estão à disposição dos cidadãos de nossa sociedade. Mal são
mencionadas nas escolas, mesmo quando se trata da ciência, que é seu usuário mais ardoroso, embora o ceticismo
continue a brotar espontaneamente dos desapontamentos da vida diária. A nossa política, economia, propaganda e
religiões (Antiga e Nova Era) estão inundadas de credulidade. Aqueles que têm alguma coisa para vender, aqueles
que desejam influenciar a opinião pública, aqueles que estão no poder, diria um cético, têm um interesse pessoal em
desencorajar o ceticismo.
(Carl Sagan. O Mundo Assombrado pelos Demônios. Tradução de Rosaura Eichemberg.)
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PREOCUPAÇÃO COM CIGARRO.
QUE FAZER?
Quando você acende um cigarro, acende também uma preocupação?
Bem, se você anda preocupado mas gosta muito de fumar, quem sabe você muda para um cigarro de baixos
teores de nicotina e alcatrão?
Quer uma ideia? Century.
Century é diferente dos outros cigarros de baixos teores, por motivos fundamentais.
Century jogou lá embaixo a nicotina e o alcatrão, mas não acabou com seu prazer de fumar.
Isto só foi possível, evidentemente, graças a uma cuidadosa seleção de fumos do mais alto grau de pureza e
suavidade.
E à competência do filtro especial High Air Dilution, consagrado internacionalmente.
Não é o cigarro sob medida para você também?
Pense nisto.
(Texto de publicidade de cigarros de início da década de 80.)
8. (Unesp 2005) A pontuação serve não apenas para marcar aspectos objetivos do discurso escrito, mas também
aspectos subjetivos, tais como emoções, sentimentos e intenções do autor. Com base nesta informação,
a) levando em conta a pontuação, identifique a modalidade de frase utilizada com frequência pelo ministro Xandu
para manifestar sua atitude entusiasta ante as declarações do russo Bogóloff.
b) considerando a natureza conativa (persuasiva) do texto publicitário, explique a razão pela qual predominam na
primeira parte deste as frases interrogativas e, na segunda, as frases declarativas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
"Pontuar é sinalizar gramatical e expressivamente um texto."
Celso Cunha, Gramática do Português Contemporâneo, p.618.
Texto I
- Que bom vento o trouxe a Catumbi a semelhante hora? perguntou Duarte, dando à voz uma expressão de prazer,
aconselhada não menos pelo interesse que pelo bom-tom.
- Não sei se o vento que me trouxe é bom ou mau, respondeu o major sorrindo por baixo do espesso bigode grisalho;
sei que foi um vento rijo. Vai sair?
- Vou ao Rio Comprido.
- Já sei; vai à casa da viúva Meneses. Minha mulher e as pequenas já devem estar: eu irei mais tarde, se puder.
Creio que é cedo, não?
Lopo Alves tirou o chapéu e viu que eram nove horas e meia. Passou a mão pelo bigode, levantou-se, deu alguns
passos na sala, tornou a sentar-se e disse:
- Dou-lhe uma notícia, que certamente não espera. Saiba que fiz... fiz um drama.
- Um drama! Exclamou o bacharel.
Machado de Assis, Contos.
Texto II
A Chegada
E quando cheguei à tarde na minha casa lá no 27, ela já me aguardava andando pelo gramado, veio me abrir o
portão pra que eu entrasse com o carro, e logo que saí da garagem subimos juntos a escada pro terraço, e assim
que entramos nele abri as cortinas do centro e nos sentamos nas cadeiras de vime, ficando com nossos olhos
voltados pro alto do lado oposto, lá onde o sol ia se pondo, e estávamos os dois em silêncio quando ela me
perguntou "que que você tem?", mas eu, muito disperso, continuei distante e quieto, o pensamento solto na
vermelhidão lá do poente, e só foi mesmo pela insistência da pergunta que respondi "você já jantou?" e como ela
dissesse "mais tarde" eu então me levantei e fui sem pressa pra cozinha (ela veio atrás), tirei um tomate da geladeira,
fui até a pia e passei uma água nele, (...)
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Raduan Nassar, Um copo de cólera.
9. (Uff 2004) a) A diferença de pontuação nos textos I e II revela características de escritores que se expressam
segundo estéticas de composição literária distintas. Identifique, pela forma de expressão de cada fragmento, a
estética literária a que se vinculam.
b) Compare duas diferentes possibilidades de pontuação - uma feita por Machado de Assis e outra por Raduan
Nassar - em estruturas com funções semelhantes, apontando o efeito de sentido que produzem.
10. (G1 - ifsc 2015) Considerando os trechos das músicas a seguir, assinale a alternativa em que a pontuação esteja
CORRETA:
a) “E o tempo, tic taca devagar” (Chimarruts).
b) “Por favor, pare agora, senhor juiz” (Roberto Carlos/Erasmo Carlos).
c) “Eu, quis te conhecer, mas, tenho que aceitar” (Marcelo Camelo).
d) “Mantenho, a história de luz, de glória” (Charlie Brown).
e) “Vou sair na sexta-feira, e só volto, na segunda” (Tchê Garotos).
11. (G1 - col.naval 2015) Em qual opção a pontuação do período está plenamente adequada?
a) Ano passado durante uma reunião, pais, que se sentiam insatisfeitos com a qualidade do ensino oferecido pela
escola, protestaram veementemente e embora a direção procurasse contemporizar algumas mudanças precisaram
ser implementadas.
b) Ano passado, durante uma reunião, pais que se sentiam insatisfeitos com a qualidade do ensino oferecido pela
escola protestaram veementemente e, embora a direção procurasse contemporizar, algumas mudanças
precisaram ser implementadas.
c) Ano passado, durante uma reunião, pais, que se sentiam insatisfeitos com a qualidade do ensino oferecido, pela
escola, protestaram veementemente e, embora a direção procurasse contemporizar, algumas mudanças
precisaram ser implementadas.
d) Ano passado durante uma reunião país que se sentiam insatisfeitos com a qualidade do ensino oferecido pela
escola, protestaram veementemente e embora a direção procurassem contemporizar, algumas mudanças
precisaram ser implementadas.
e) Ano passado durante uma reunião, pais que se sentiam insatisfeitos, com a qualidade do ensino oferecido pela
escola, protestaram veementemente e embora a direção procurasse contemporizar, algumas mudanças
precisaram ser implementadas.
12. (Ufsm 2015) Ele elevou à décima potência a disseminação do conhecimento. Ele nos permite viajar sem sair do
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lugar, mas, além disso, pode guardar informações por séculos. Romanos escreviam em tábuas, egípcios, em
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papiros, e os maias e astecas tinham uma espécie de livro feito com casca de árvore. Mas o papel, desenvolvido no
século 2 pelos chineses, e a prensa de Gutenberg, do século 15, foram as criações mais importantes para o
surgimento do livro da forma como o temos hoje. A primeira impressão ocorreu em 1442. Depois que o uso da prensa
se consolidou, comerciantes lançaram uma variedade de títulos, muitos deles originários de manuscritos antigos. Mas
o boom ocorreu mesmo no século 19. A Revolução Industrial trouxe inovações tecnológicas para o papel, tornando-o
mais barato e acessível às editoras. Sem esses calhamaços de folhas, provavelmente boa parte da história da
humanidade teria se perdido.
Fonte: SUPERINTERESSANTE. As 101 maiores invenções da humanidade. Ed. Especial. 2013, p. 60. (Adaptado).
Com relação ao emprego de recursos de coesão e de pontuação no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. O livro é referido, ao longo do texto, duas vezes pelo pronome “Ele” e duas vezes pelo pronome “o”.
II. A vírgula que sucede “egípcios” (ref. 1 ) foi usada para indicar a elipse da palavra “escreviam” (ref. 2 ), evitando
sua repetição.
III. A vírgula que antecede “e os maias e astecas” (ref. 3 ) poderia ser eliminada, sem prejuízo à norma-padrão.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
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e) I, II e III.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO
1
José Leal fez uma reportagem na Ilha das Flores, onde ficam os imigrantes logo que chegam. E falou dos
2
equívocos de nossa política imigratória. As pessoas que ele encontrou não eram agricultores e técnicos, gente
capaz de ser útil. Viu músicos profissionais, bailarinas austríacas, cabeleireiras lituanas. Paul Balt toca acordeão,
Ivan Donef faz coquetéis, Galar Bedrich é vendedor, Serof Nedko é ex-oficial, Luigi Tonizo é jogador de futebol,
15
Ibolya Pohl é costureira. Tudo gente para o asfalto, “para entulhar as grandes cidades”, como diz o repórter.
6
3
O repórter tem razão. Mas eu peço licença para ficar imaginando uma porção de coisas vagas, ao olhar
essas belas fotografias que ilustram a reportagem. Essa linda costureirinha morena de Badajoz, essa Ingeborg que
faz fotografias e essa Irgard que não faz coisa alguma, esse Stefan Cromick cuja única experiência na vida parece ter
11
16
sido vender bombons – não, essa gente não vai aumentar a produção de batatinhas e quiabos nem plantar
cidades no Brasil Central.
7
É insensato importar gente assim. Mas o destino das pessoas e dos países também é, muitas vezes,
8
insensato: principalmente da gente nova e países novos. A humanidade não vive apenas de carne, alface e motores.
Quem eram os pais de Einstein, eu pergunto; e se o jovem Chaplin quisesse hoje entrar no Brasil acaso poderia?
Ninguém sabe que destino terão no Brasil essas mulheres louras, esses homens de profissões vagas. Eles estão
12
17
procurando alguma coisa : emigraram. Trazem pelo menos o patrimônio de sua inquietação e de seu apetite de
9
vida. Muitos se perderão, sem futuro, na vagabundagem inconsequente das cidades; uma mulher dessas talvez se
18
suicide melancolicamente dentro de alguns anos, em algum quarto de pensão. Mas é preciso de tudo para fazer um
mundo; e cada pessoa humana é um mistério de heranças e de taras. Acaso importamos o pintor Portinari, o
arquiteto Niemeyer, o físico Lattes? E os construtores de nossa indústria, como vieram eles ou seus pais? Quem
10
pergunta hoje, e que interessa saber, se esses homens ou seus pais ou seus avós vieram para o Brasil como
agricultores, comerciantes, barbeiros ou capitalistas, aventureiros ou vendedores de gravata? Sem o tráfico de
escravos não teríamos tido Machado de Assis, e Carlos Drummond seria impossível sem uma gota de sangue (ou
4
uísque) escocês nas veias, e quem nos garante que uma legislação exemplar de imigração não teria feito Roberto
Burle Marx nascer uruguaio, Vila Lobos mexicano, ou Pancetti chileno, o general Rondon canadense ou Noel Rosa
5
em Moçambique? Sejamos humildes diante da pessoa humana: o grande homem do Brasil de amanhã pode
13
descender de um clandestino que neste momento está saltando assustado na praça Mauá , e não sabe aonde ir,
14
nem o que fazer. Façamos uma política de imigração sábia, perfeita, materialista ; mas deixemos uma pequena
margem aos inúteis e aos vagabundos, às aventureiras e aos tontos porque dentro de algum deles, como sorte
19
grande da fantástica loteria humana, pode vir a nossa redenção e a nossa glória.
(BRAGA, R. Imigração. In: A borboleta amarela. Rio de Janeiro, Editora do Autor, 1963)
13. (Ita 2015) De acordo com as normas gramaticais de pontuação,
I. o travessão da referência 11 serve para realçar uma conclusão do que foi dito anteriormente.
II. os dois pontos da referência 12 podem ser substituídos por ponto e vírgula.
III. a vírgula, em “está saltando assustado na praça Mauá, e não sabe”, referência 13, pode ser excluída.
IV. o ponto e vírgula da referência 14 pode ser substituído por ponto final.
Estão corretas apenas
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) II e III.
d) II, III e IV.
e) III e IV.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O texto abaixo servirá como base para a(s) questão(ões) que se segue(m).
“Cruéis convenções nos convocam: estar em forma, ser competente, ser produtivo, mostrar serviço, prover,
pagar, e ainda ter tempo para ternura, cuidados, amor. O curso da existência começa a ser para muitos uma ameaça
real. A sociedade é uma mãe terrível, a vida um corredor estreito, o tempo um perseguidor implacável: belos e
competentes, ou belos ou competentes, atordoados entre deveres e frestas estreitas demais de liberdade ou sonho.
Nós construímos isso.
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Só não prevíamos as corredeiras, as gargantas, os redemoinhos, a noite lá no fundo dessas águas. É
quando toda a competência, a eficiência, o poder, se encolhem e ficamos nus, e sós, na nossa frágil maturidade, sob
o império das perdas que começam a se apresentar sem cerimônia.”
LUFT, 2014, p. 79
14. (Uemg 2015) Em gramáticas e em manuais de língua portuguesa, costuma-se recomendar o uso da vírgula para
indicar a elipse (omissão) de um verbo, como neste exemplo: “Ele prefere filmes de suspense; a namorada, filmes de
aventura”.
Com base nessa regra, seria necessário alterar a pontuação da seguinte passagem:
a) “Cruéis convenções nos convocam: estar em forma, ser competente, ser produtivo, mostrar serviço, prover, pagar,
e ainda ter tempo para ternura, cuidados, amor.”
b) “A sociedade é uma mãe terrível, a vida um corredor estreito, o tempo um perseguidor implacável (...)”
c) “Só não prevíamos as corredeiras, as gargantas, os redemoinhos, a noite lá no fundo dessas águas.”
d) “É quando toda a competência, a eficiência, o poder, se encolhem e ficamos nus, e sós, na nossa frágil maturidade
(...)”
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.
5
6
Viagens, cofres mágicos com promessas sonhadoras, não mais revelareis vossos tesouros intactos! Hoje,
quando ilhas polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões ancorados nos mares do Sul, quando
9
7
as favelas corroem a África, quando a aviação avilta a floresta americana antes mesmo de poder destruir-lhe a
10
14
virgindade, de que modo poderia a pretensa evasão da viagem conseguir outra coisa que não confrontar-nos
15
com as formas mais miseráveis de nossa existência histórica?
18
22
16
Ainda assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das narrativas de viagem. Elas criam a ilusão
1
2
daquilo __________ não existe mais, mas __________ ainda deveria existir. Trariam nossos modernos Marcos
3
Polos, das mesmas terras distantes, desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais _________
11
nossa sociedade experimenta uma necessidade aguda ao se sentir soçobrar no tédio?
É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e
19
26
de destroços. Então, insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo
das verdadeiras viagens, quando um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se oferecia em todo o
20
12
seu esplendor. Uma vez encetado, o jogo de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em
que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia levar a conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido
23
29
27
28
melhor chegar ao Rio no século XVIII? Cada década para trás permite salvar um costume, ganhar uma festa,
17
partilhar uma crença suplementar.
21
Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber que, me privando de um século, renuncio a
perguntas dignas de enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo intransponível: quanto menos as
8
culturas tinham condições de se comunicar entre si, menos também os emissários respectivos eram capazes de
32
30
perceber a riqueza e o significado da diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de uma alternativa: ora
24
viajante antigo, confrontado com um prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe escapava — ainda pior, inspirava
25
31
troça ou desprezo —, ora viajante moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade desaparecida. Nessas
duas situações, sou perdedor, pois eu, que me lamento diante das sombras, talvez seja impermeável ao verdadeiro
4
espetáculo que está tomando forma neste instante, mas __________ observação, meu grau de humanidade ainda
13
33
carece da sensibilidade necessária. Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante
pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou.
Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996. p. 38-44.
15. (Ufrgs 2015) Considere as seguintes sugestões de mudança na pontuação do texto.
I. Acréscimo de vírgula logo após o assim (ref. 22).
II. Inserção de vírgula imediatamente após trás (ref. 23).
III. Substituição dos travessões (refs. 24 e 25) por parênteses.
Quais preservariam a correção das frases em que ocorrem?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
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d) Apenas I e II.
e) I, II e III.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.
1
3
4
5
Hoje os conhecimentos se estruturam de modo fragmentado, separado, compartimentado nas disciplinas.
13
Essa situação impede uma visão global, uma visão fundamental e uma visão complexa. "Complexidade" vem da
palavra latina complexus, que significa a compreensão dos elementos no seu conjunto.
9
As disciplinas costumam excluir tudo o que se encontra fora do seu campo de especialização. A literatura,
10
no entanto, é uma área que se situa na inclusão de todas as dimensões humanas. Nada do humano lhe é estranho,
6
estrangeiro.
A literatura e o teatro são desenvolvidos como meios de expressão, meios de conhecimento, meios de
14
compreensão da complexidade humana. Assim, podemos ver o primeiro modo de inclusão da literatura: a inclusão
15
da complexidade humana. E vamos ver ainda outras inclusões: a inclusão da personalidade humana, a inclusão da
subjetividade humana, e, também, muito importante, a inclusão; do estrangeiro, do marginalizado, do infeliz, de todos
que ignoramos e desprezamos na vida cotidiana.
16
A inclusão da complexidade humana é necessária porque recebemos uma visão mutilada do humano.
11
17
20
Essa visão, a de homo sapiens, é uma definição do homem pela razão; de homo faber , do homem como
21
trabalhador; de homo economicus , movido por lucros econômicos. Em resumo, trata-se de uma visão prosaica,
12
22
mutilada, que esquece o principal : a relação do sapiens/demens, da razão com a demência, com a loucura.
18
Na literatura, encontra-se a inclusão dos problemas humanos mais terríveis, coisas insuportáveis que nela
24
25
se tornam suportáveis. Harold Bloom escreve: "Todas as grandes obras revelam a universalidade humana através
19
de destinos singulares, de situações singulares, de épocas singulares". É essa a razão por que as obras-primas
7
atravessam séculos, sociedades e nações.
2
Agora chegamos à parte mais humana da inclusão: a inclusão do outro para a compreensão humana. A
23
compreensão nos torna mais generosos com relação ao outro , e o criminoso não é unicamente mais visto como
26
criminoso, como o Raskolnikov de Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla.
A literatura, o teatro e o cinema são os melhores meios de compreensão e de inclusão do outro. Mas a
compreensão se torna provisória, esquecemo-nos depois da leitura, da peça e do filme. Então essa compreensão é
que deveria ser introduzida e desenvolvida em nossa vida pessoal e social, porque serviria para melhorar as relações
humanas, para melhorar a vida social.
8
Adaptado de: MORIN, Edgar. A inclusão: verdade da literatura. In: RÕSING, Tânia et ai. Edgar Morin: religando
fronteiras. Passo Fundo: UPF, 2004. p.13-18
16. (Ufrgs 2015) Associe cada ocorrência de sinal de pontuação à esquerda com a função, à direita, que tal sinal
auxilia a expressar no contexto em que ocorre.
(
) Vírgulas (refs. 20 e 21)
(
) Dois pontos (ref. 22)
(
) Vírgula (ref. 23)
1. Assinalar elipse.
2. Assinalar a presença de enumeração no
texto.
3. Assinalar a adição de um período, que
apresenta sujeito diferente do período
anterior.
4. Assinalar uma síntese do dito e a inserção
de um argumento que se destaca em relação
aos anteriores.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) 1 - 4 - 3.
b) 1 - 3 - 4.
c) 2 - 4 - 1.
d) 2 - 3 - 4.
e) 4 - 2 - 3.
17. (Insper 2014)
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Os pais já perceberam e reclamam. Os especialistas em comportamento listam vários motivos para o fenômeno –
desde falta de autoestima até gosto por novidades. Mas agora é a vez de os próprios jovens admitirem: "Somos
consumistas mesmo!".
Para economizar sem abdicar das compras, a estudante carioca Camila Florez, 18, chegou a trabalhar, por alguns
meses, em uma loja de um shopping no Rio de Janeiro, onde podia comprar modelos com desconto.
O guarda-roupa cheio motivou Camila e a amiga Roberta Moulin, 18, a criarem o blog "Reciclando Moda", onde
vendem peças que compraram e nunca foram usadas. "Já vendemos muita coisa", comemora Camila, que gasta
parte do dinheiro recebido em... roupas.
(Folha de S. Paulo, 27/07/2008)
Partindo do pressuposto de que a pontuação exerce importante papel na construção de textos escritos, indique a
alternativa que apresenta uma explicação correta sobre o emprego dos sinais de pontuação do excerto acima.
a) No primeiro parágrafo, o travessão tem a finalidade de introduzir uma explicação e poderia ser substituído, sem
alteração de sentido, por ponto-e-vírgula.
b) Ao longo do texto, as aspas foram empregadas, em suas três ocorrências, com a finalidade de demarcar a
presença do discurso direto.
c) Na passagem “(...) sem abdicar das compras, (...)”, a vírgula foi empregada para separar elementos enumerados
que exercem a mesma função sintática.
d) Em “(...), por alguns meses, (...)”, no segundo parágrafo, as vírgulas são necessárias para separar o aposto da
expressão a que se refere: “chegou a trabalhar”.
e) No último período, as reticências foram utilizadas como um recurso retórico para obter efeito de suspense.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O horizonte a um centímetro
Há cidades, como o Rio de Janeiro, em que, ao abrir uma janela, pode-se enxergar o infinito. Ou não, já que
ele é infinito. O mar está à nossa frente e, ao fundo, as montanhas surgem umas por trás das outras, mas não se vê
onde terminam.
Pois, com toda essa imensidão ao nosso alcance, preferimos trazer o horizonte para cinco centímetros do
rosto. Essa é a distância entre os olhos e o visor dos smartphones e similares que as pessoas carregam consigo – e
de que não se desgrudam nem para atravessar a rua, levar a comida à boca ou dirigir o carro. O risco de cair num
bueiro, espetar o garfo na bochecha ou bater num poste não faz com que tentem se livrar desse jugo – mais forte do
que todas as formas de escravidão a que o ser humano foi submetido nos últimos 2.000 anos.
Não contente, o homem conseguiu agora aproximar ainda mais o horizonte – a um centímetro do rosto.
Chegou o Google Glass, um óculos que se equilibra nas orelhas e no nariz, como os óculos comuns, mas, em vez
das lentes, contém uma telinha de uma polegada, equipada com câmera, microfone e internet – enfim, tudo de que
você precisa na vida.
Com ele, pode-se fotografar e gravar imagens, estocá-las, reproduzi-las e transmiti-las, ditar (não digitar) e
mandar mensagens de texto, e ler (aliás, ouvir) o jornal ou o Guerra e Paz*. Serve também como GPS, controle
remoto, relógio, TV, iPod e só falta trazer de volta a pessoa amada.
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Segundo os que já o testaram, o Google Glass provoca dor de cabeça, faz a pessoa tropeçar na rua e criará
uma geração de vesgos se for usado continuamente por menores de 13 anos. E seu design é cafonérrimo. Ou seja,
tem tudo para ser um sucesso de vendas.
(Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 13.05.2013. Adaptado)
*Guerra e Paz: extenso romance considerado uma das obras-primas de Leon Tolstói.
18. (G1 - ifsp 2014) Assinale a alternativa cuja pontuação atende à gramática normativa.
a) No Rio de Janeiro, Santos ou Fortaleza, a beleza do mar e do horizonte está, gratuitamente, disponível para todos
nós; no entanto, preferimos limitar nossa interação com o mundo aos poucos centímetros que separam nossos
olhos dos smartphones e similares.
b) No Rio de Janeiro, Santos ou Fortaleza a beleza do mar e do horizonte, está gratuitamente disponível, para todos
nós, no entanto; preferimos limitar nossa interação com o mundo aos poucos centímetros, que separam nossos
olhos dos smartphones e similares.
c) No Rio de Janeiro, Santos ou Fortaleza, a beleza do mar e do horizonte está gratuitamente disponível, para todos
nós no entanto preferimos, limitar nossa interação com o mundo, aos poucos centímetros que separam nossos
olhos dos smartphones e similares.
d) No Rio de Janeiro, Santos, ou Fortaleza, a beleza do mar e do horizonte está gratuitamente, disponível para todos
nós; no entanto, preferimos limitar nossa interação, com o mundo aos poucos centímetros que separam nossos
olhos dos smartphones e similares.
e) No Rio de Janeiro, Santos ou Fortaleza a beleza do mar e do horizonte está, gratuitamente disponível para todos
nós no entanto preferimos limitar, nossa interação, com o mundo aos poucos centímetros, que separam nossos
olhos dos smartphones e similares.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
As câmeras de vigilância estão em todos os lugares. No começo, a novidade incomodava, evocava um
13
mundo controlado, totalitário. Mas logo nos demos conta de que elas inibem e esclarecem crimes, ajudam em
1
coisas prosaicas, como controlar o trânsito. É uma vigilância barata, segura, muitas mais virão.
4
5
12
Porém, a presença de câmeras na escola coloca outras questões. O objetivo seria o mesmo, proteger e
prevenir. As intenções são louváveis, mas não se pode ignorar um fator fundamental: a escola é a primeira
2
socialização não controlada pelos pais e é necessário que assim seja. Com o olhar vigilante e onipresente da família
6
não se cresce. Crescemos quando resolvemos sozinhos nossos problemas, quando administramos entre os colegas
as querelas nem sempre fáceis. Entre as crianças, inúmeras rusgas se resolvem sozinhas, os pais nem ficam
sabendo, e é ótimo que assim seja.
7
O bullying deve ser combatido, mas não dessa forma. O preço a pagar pela suposta segurança compromete
14
8
a essência de uma das funções da escola, que é aprender a viver em sociedade sem os pais e a sua proteção,
evocada pela presença da câmera.
9
Na sala de aula e no pátio da escola cada um vale por si. É preciso aprender a respeitar e ser respeitado.
16
10
Nós todos já passamos por isso e sabemos como era difícil. Não existe outra forma, é isso ou a infantilização
3
perpétua. A transição da casa para a escola nunca vai ser amena.
Essa proposta de vigilância não se ancora em razões pedagógicas, e sim na angústia dos pais em controlar
15
seus filhos. Não creio que seja a escola que reivindica câmeras, mas quem a paga. São os pais inseguros que
querem estender seu olhar para onde não devem. Existe uma correlação forte entre pais controladores e filhos
imaturos, adolescentes eternos que demoram para assumir responsabilidades. É possível cuidar dos nossos filhos
11
17
mesmo permitindo a eles experiências longe dos nossos olhos. A escola é deles, esse é o seu espaço e seu
desafio.
CORSO, Mário. Câmeras na escola. Zero Hora, 05/06/2013. (fragmento adaptado)
19. (Pucrs 2014) Em relação à pontuação do texto, afirma-se:
I. O uso de dois pontos em lugar da vírgula, na referência 12, reforçaria a coesão entre as ideias.
II. O uso de vírgulas ao invés de “e”, nas referências 13 e 6, denota que a enumeração de tópicos pode conter outros
elementos.
III. Seria correto eliminar a vírgula que segue “escola”, na referência 14, pois ela é opcional.
IV. Seria correto e conveniente colocar uma vírgula após “a escola”, na referência 15, para assinalar uma informação
intercalada.
V. As vírgulas das referências 16 e 17 poderiam ser substituídas por ponto seguido de letra maiúscula, o que daria
mais ênfase às ideias apresentadas.
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Estão corretas apenas as afirmativas
a) I e III.
b) II e IV.
c) III e V.
d) I, II e V.
e) III, IV e V.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O que havia de tão revolucionário na Revolução Francesa? Soberania popular, liberdade civil, igualdade
1
perante a lei – as palavras hoje são ditas com tanta facilidade que somos incapazes de imaginar seu caráter
6
8
explosivo em 1789. Para os franceses do Antigo Regime, os homens eram desiguais, e a desigualdade era uma
2
boa coisa, adequada à ordem hierárquica que fora posta na natureza pela própria obra de Deus. A liberdade
12
13
significava privilégio – isto é, literalmente, “lei privada”, uma prerrogativa especial para fazer algo negado a outras
3
19
16
pessoas. O rei, como fonte de toda a lei, distribuía privilégios, pois havia sido ungido como o agente de Deus na
terra.
17
9
Durante todo o século XVIII, os filósofos do Iluminismo questionaram esses pressupostos, e os panfletistas
14
20
profissionais conseguiram empanar a aura sagrada da coroa. Contudo, a desmontagem do quadro mental do
Antigo Regime demandou violência iconoclasta, destruidora do mundo, revolucionária.
7
18
Seria ótimo se pudéssemos associar a Revolução exclusivamente à Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão, mas ela nasceu na violência e imprimiu seus princípios em um mundo violento. Os conquistadores da
24
21
4
Bastilha não se limitaram a destruir um símbolo do despotismo real. Entre eles, 150 foram mortos ou feridos no
25
assalto à prisão e, quando os sobreviventes apanharam o diretor, cortaram sua cabeça e desfilaram-na por Paris
22
na ponta de uma lança.
Como podemos captar esses momentos de loucura, quando tudo parecia possível e o mundo se afigurava
como uma tábula rasa, apagada por uma onda de comoção popular e pronta para ser redesenhada? Parece incrível
que um povo inteiro fosse capaz de se levantar e transformar as condições da vida cotidiana. Duzentos anos de
26
15
10
experiências com admiráveis mundos novos tornaram-nos céticos quanto ao planejamento social.
27
23
11
Retrospectivamente, a Revolução pode parecer um prelúdio ao totalitarismo.
28
Pode ser. Mas um excesso de visão histórica retrospectiva pode distorcer o panorama de 1789. Os
revolucionários franceses não eram nossos contemporâneos. E eram um conjunto de pessoas não excepcionais em
29
circunstâncias excepcionais. Quando as coisas se desintegraram, eles reagiram a uma necessidade imperiosa de
dar-lhes sentido, ordenando a sociedade segundo novos princípios. Esses princípios ainda permanecem como uma
5
denúncia da tirania e da injustiça. Afinal, em que estava empenhada a Revolução Francesa? Liberdade, igualdade,
fraternidade.
Adaptado de: DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. In: ____. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução.
São Paulo: Cia. das Letras, 2010. p. 30-39.
20. (Ufrgs 2014) A separação de alguns adjuntos adverbiais antecipados é opcional em português, e, em alguns
casos, é realizada para dar-lhes destaque. Considere, nessa perspectiva, as seguintes sugestões de alteração de
emprego de vírgula com relação ao texto.
1. Inserção de vírgula imediatamente após novos (ref. 26).
2. Retirada da vírgula que ocorre imediatamente após Retrospectivamente (ref. 27).
3. Inserção de vírgula imediatamente após histórica (ref. 28).
4. Retirada da vírgula que ocorre imediatamente após desintegraram (ref 29).
Quais preservariam a correção em termos de pontuação?
a) Apenas 1.
b) Apenas 2.
c) Apenas 1 e 4.
d) Apenas 2 e 4.
e) Apenas 3 e 4.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser verdade, ele regula
5
pelos dezessete anos, justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem contato nem notícia.
1
A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe __________ minha hostilidade, não abertamente para
11
6
18
não chocá-lo, mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe perguntasse com todas as letras : que direito
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tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na
cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai
12
com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? Mas depois vou notando que ele não é
2
7
8
totalmente estranho. De repente fere-me __________ ideia de que o intruso talvez seja eu, que ele tenha mais
19
direito de hostilizar-me do que eu a ele , que vive nesta casa há dezessete anos. O intruso sou eu, não ele.
21
Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe perguntas e noto a sua
13
22
avidez em respondê-las, mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, as perguntas parecem-me
23
formais e as respostas forçadas e complacentes.
Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele
20
me olha , e vejo que está me examinando, procurando decidir se devo ser tratado como irmão ou como estranho, e
24
imagino que as suas dificuldades não devem ser menores do que as minhas. Ele me pergunta se eu moro em uma
25
casa grande, com muitos quartos, e antes de responder procuro descobrir o motivo da pergunta. Por que falar em
14
9
26
casa? E qual a importância de muitos quartos? Causarei inveja nele se responder que sim? Não, não tenho casa,
10
há muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha, parece que fascinado, diz que deve ser bom viver em
15
3
hotel, e conta que, toda vez que faz reparos __________ comida, mamãe diz que ele deve ir para um hotel, onde
16
pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, e ele observa que se eu vivo em hotel não
posso ter um cão em minha companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um cão em um
4
17
quarto de hotel. Confirmo __________ proibição. Ele suspira e diz que então não viveria em um hotel nem de
graça.
Adaptado de: VEIGA, José J. Entre irmãos. In: MORICONI, Ítalo M. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 186-189.
21. (Ufrgs 2014) Associe cada ocorrência de sinal de pontuação à esquerda com a função, à direita, que tal sinal
auxilia a expressar no contexto em que ocorre.
(
) dois pontos (ref. 18)
(
) vírgula (ref. 19)
(
) vírgula (ref. 20)
1. Assinala explicação do narrador-personagem.
2. Assinala sujeitos distintos em período coordenado.
3. Assinala a introdução de uma pergunta, em forma
direta, suposta pelo narrador-personagem.
4. Assinala enumeração de ações do irmão do narradorpersonagem.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) 3 – 1 – 2.
b) 3 – 2 – 1.
c) 2 – 1 – 4.
d) 1 – 4 – 2.
e) 1 – 2 – 3.
22. (Insper 2013) O poder da vírgula
Numa prova de português do ensino fundamental, ante a pergunta sobre qual era a função do apóstrofo, um aluno
respondeu: "Apóstrofos são os amigos de Jesus, que se juntaram naquela jantinha que o Leonardo fotografou".
A frase, além de alertar sobre os avanços que precisamos na excelência da educação, é didática quanto aos
cuidados no uso da língua portuguesa, preciosidade que herdamos dos lusos, do galego e do latim.
O erro gritante que o aluno cometeu ao confundir dois termos com sonoridade parecida foi agravado com a
colocação da vírgula depois de "amigos de Jesus".
(Josué Gomes da Silva, Folha de S. Paulo, 02/09/2012)
A respeito da falha de pontuação cometida pelo aluno, é correto afirmar que o emprego da vírgula
a) revela o caráter restritivo da expressão antecedente, indicando uma pausa desnecessária.
b) permite subentender que os apóstolos mencionados não eram os verdadeiros amigos de Jesus.
c) produz uma informação incoerente, pois indica que os apóstolos eram os únicos amigos de Jesus.
d) expressa desrespeito à figura religiosa, pois o aposto está associado a necessidades mundanas.
e) provoca uma ambiguidade, pois o pronome relativo pode se referir a “amigos” ou “Jesus”.
23. (Enem 2013) Jogar limpo
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Argumentar não é ganhar uma discussão a qualquer preço. Convencer alguém de algo é, antes de tudo, uma
alternativa à prática de ganhar uma questão no grito ou na violência física — ou não física. Não física, dois-pontos.
Um político que mente descaradamente pode cativar eleitores. Uma publicidade que joga baixo pode constranger
multidões a consumir um produto danoso ao ambiente. Há manipulações psicológicas não só na religião. E é comum
pessoas agirem emocionalmente, porque vítimas de ardilosa — e cangoteira — sedução. Embora a eficácia a todo
preço não seja argumentar, tampouco se trata de admitir só verdades científicas — formar opinião apenas depois de
ver a demonstração e as evidências, como a ciência faz. Argumentar é matéria da vida cotidiana, uma forma de
retórica, mas é um raciocínio que tenta convencer sem se tornar mero cálculo manipulativo, e pode ser rigoroso sem
ser científico.
Língua Portuguesa, São Paulo, ano 5, n. 66, abr. 2011 (adaptado).
No fragmento, opta-se por uma construção linguística bastante diferente em relação aos padrões normalmente
empregados na escrita. Trata-se da frase “Não física, dois-pontos”. Nesse contexto, a escolha por se representar por
extenso o sinal de pontuação que deveria ser utilizado
a) enfatiza a metáfora de que o autor se vale para desenvolver seu ponto de vista sobre a arte de argumentar.
b) diz respeito a um recurso de metalinguagem, evidenciando as relações e as estruturas presentes no enunciado.
c) é um recurso estilístico que promove satisfatoriamente a sequenciação de ideias, introduzindo apostos
exemplificativos.
d) ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero textual, a qual se concretiza no emprego da linguagem conotativa.
e) prejudica a sequência do texto, provocando estranheza no leitor ao não desenvolver explicitamente o raciocínio a
partir de argumentos.
24. (G1 - utfpr 2013) A frase abaixo está sem pontuação nenhuma. Assinale a alternativa em que a pontuação está
de acordo com as normas do português padrão.
Mais de 2000 quilômetros quadrados de florestas europeias viraram poeira em apenas dezessete anos dizem os
estudiosos em um congresso recente sobre desertificação eles denunciaram que na província de Almería sede do
evento no sul da Espanha 42% da superfície se transformou em terra improdutiva constituindo o maior deserto
europeu.
a) Mais de 2000 quilômetros quadrados de florestas europeias viraram poeira. Em apenas dezessete anos, dizem os
estudiosos em um congresso recente sobre desertificação, eles denunciaram que na província de Almería, sede
do evento no sul da Espanha, 42% da superfície se transformou em terra improdutiva, constituindo o maior deserto
europeu.
b) Mais de 2000 quilômetros quadrados de florestas europeias viraram poeira em apenas dezessete anos. Dizem os
estudiosos em um congresso recente sobre desertificação, eles denunciaram que na província de Almería, sede
do evento. No sul da Espanha, 42% da superfície se transformou em terra improdutiva, constituindo o maior
deserto europeu.
c) Mais de 2000 quilômetros quadrados de florestas europeias viraram poeira em apenas dezessete anos, dizem os
estudiosos, em um congresso recente sobre desertificação. Eles denunciaram que na província de Almería, sede
do evento no sul da Espanha, 42% da superfície se transformou em terra improdutiva, constituindo o maior deserto
europeu.
d) Mais de 2000 quilômetros quadrados de florestas europeias viraram poeira, em apenas dezessete anos. Dizem os
estudiosos. Em um congresso recente sobre desertificação eles denunciaram que; na província de Almería, sede
do evento no sul da Espanha, 42% da superfície se transformou em terra improdutiva; constituindo o maior deserto
europeu.
e) Mais de 2000 quilômetros quadrados de florestas europeias viraram poeira. em apenas dezessete anos dizem os
estudiosos em um congresso recente, sobre desertificação. Eles denunciaram que; na província de Almería sede
do evento no sul da Espanha 42% da superfície se transformou em terra improdutiva constituindo o maior deserto
europeu.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
1
Revista de maior circulação no mundo, a Time mostrou como ficaram tênues os limites entre a ciência e a
11
19
ficção. Em reportagem de capa, intitulada “Jovem para sempre”, não descarta nas entrelinhas a chance de que
3
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um dia, quem sabe, se descubra não a cura das doenças, mas a cura da morte.
4
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Menos sutilmente, estimula a esperança de que talvez o ser humano possa chegar aos 300 anos. A revista
5
ancora o sonho em moscas e minhocas que, tratadas em laboratórios, passaram a viver muitas vezes mais. A
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14
21
suspeita é de que, em algum lugar, seria possível desmontar um relógio que determina o aparecimento de
rugas, seios caídos, pernas flácidas, queda de cabelo.
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9
Ao tentar separar fantasias e bom senso, a reportagem estabelece como hipótese realista que, a partir
das descobertas médicas das próximas três décadas, a expectativa de vida suba para 120 anos. Seria a continuação
do impacto provocado pelo inglês Alexander Fleming, que descobriu o primeiro antibiótico.
10
Traduzindo: as crianças de hoje se lembrariam de seus pais – ou seja, nós – como pessoas que
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22
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morreram jovens porque não completaram 80 anos. Assim como achamos que nossos tataravós morriam cedo
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porque não completavam 60 anos de idade.
Os novos mitos nutridos pela tecnologia reforçam o absurdo brasileiro. Dezenas de milhares de crianças que
2
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não completam parcos 12 meses de vida morrem anualmente, porque simplesmente não têm comida ou bebem
água contaminada.
DIMENSTEIN, Gilberto. Expectativa de vida. In: _____. Aprendiz do futuro. São Paulo: Ática: 2004. (fragmento)
25. (Pucrs 2013) Analise as seguintes propostas de alteração da pontuação do texto.
1. Inserir vírgulas antes e depois da expressão “nas entrelinhas” (ref. 19).
2. Substituir por dois-pontos a vírgula que segue o primeiro “que” (ref. 20).
3. Inserir uma vírgula após “relógio” (ref. 21).
4. Substituir o ponto após “anos” (ref. 22) por vírgula seguida de letra minúscula.
As alterações que manteriam o sentido, a coerência e a correção do texto são:
a) 1 e 2, apenas.
b) 1 e 4, apenas.
c) 2 e 3, apenas.
d) 3 e 4, apenas.
e) 1, 2, 3 e 4.
26. (Uftm 2012) Leia os slogans.
• Tem coisas que só a Philco faz pra você. (Philco)
• É um pouco mais cara, mas é muito melhor. (Insetisan)
• Você faz maravilhas com Leite Moça. (Nestlé)
• Leve o bosque para passear no seu pai. (Boticário)
• Não esqueça a minha Caloi. (bicicletas Caloi)
A frase que preserva a mensagem do slogan, e produz o mesmo impacto sobre o público-alvo, após a alteração da
ordem ou da pontuação é:
a) Tem coisas que a Philco faz só pra você.
b) É muito melhor, mas é um pouco mais cara.
c) Com Leite Moça, você faz maravilhas.
d) Leve o seu pai para passear no bosque.
e) Não, esqueça a minha Caloi.
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Gabarito:
Resposta da questão 1:
[B]
Resposta da questão 2:
“Quando eu era menina, o meu sonho era ser homem para defender o Brasil, porque eu lia a História do Brasil e
ficava sabendo que existia guerra, mas só lia nomes masculinos como defensores da pátria. Então, eu dizia para a
minha mãe:”
Resposta da questão 3:
a) A expressão “a gente”, forma popular de se referir à primeira pessoa do plural, é usada para sugerir intimidade
entre o casal e caráter informal à cena. Adélia Prado imprime lirismo ao mundo da mulher concentrado na vida
doméstica, incluindo o leitor numa realidade não idealizada, mas passível de sugerir emoções e vivências
amorosas inesperadas.
b) A presença da vírgula acentua o momento de cumplicidade entre ambos, como a destacar a hora da noite em que
o isolamento do casal do resto da casa é propícia ao desencadear de um erotismo latente, revelador de um mundo
particular e íntimo.
Resposta da questão 4:
Em discurso formal, culto, a passagem "ver ela de perto" teria a seguinte forma: vê-la de perto.
Resposta da questão 5:
a) Não. "Para" dá ideia de finalidade e "Por" dá ideia de causa.
b) Gosto e preciso de ti, mas quero logo explicar: não gosto porque preciso; preciso sim, por gostar.
Resposta da questão 6:
a) "Compreende-se que essa ascendência moral da família tenha sido originariamente um fenômeno burguês (...)"
b) A evolução da família medieval para a família do século XVII e para a família moderna, durante muito tempo, se
limitou aos nobres, aos burgueses, aos artesãos e aos lavradores ricos. Ainda no início do século XIX, uma grande
parte da população, a mais pobre e mais numerosa, vivia como as famílias medievais, com as crianças afastadas da
casa dos pais.
Resposta da questão 7:
a) O substantivo é forma (que funciona sintaticamente como núcleo do predicativo do sujeito e é retomado pelo
pronome relativo "que", na expressão "é a forma ... que").
b) O naturalismo é a forma científica que toma a arte. A república é a forma política que toma a democracia. O
positivismo é a forma experimental que toma a filosofia.
Resposta da questão 8:
a) O ministro Xandu usa frases exclamativas para manifestar seu entusiasmo diante do que lhe apresenta Bogóloff:
"Singular! O senhor vai fazer uma revolução nos métodos de criar!" "Vai ser uma revolução!" "Milagroso!" etc.
b) A mensagem conativa busca influenciar o receptor, determinar o seu comportamento. Na primeira parte da
mensagem, a predominância de frases interrogativas visa a envolver o receptor, despertar o seu interesse. Trata-se,
na verdade, de interrogações retóricas, pois são na verdade afirmações feitas sob forma interrogativa. Na segunda
parte, as frases declarativas, que descrevem o produto que se quer vender, são como respostas às questões com
que se buscou antes envolver o leitor-consumidor, buscando-se, assim, prescrever-lhe um comportamento.
Resposta da questão 9:
a) O primeiro texto refere-se ao Realismo e o segundo refere-se ao Modernismo.
b) O aluno deverá apresentar 02 possibilidades de pontuação, como: marcação de diálogo e uso do ponto.
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Resposta da questão 10:
[B]
[A] Incorreta. A vírgula não pode ser empregada para separar o sujeito (“o tempo”) do predicado (“tic taca devagar”).
A redação correta é “E o tempo tic taca devagar”.
[B] Correta. A expressão de cortesia “por favor”, apesar de não ser classificada como locução adverbial, tem seu
comportamento bastante similar a esta, uma vez que acrescenta uma circunstância ao verbo; o emprego da
vírgula é obrigatório. Caso semelhante de obrigatoriedade ocorre com “senhor juiz”, expressão que desempenha
função de vocativo na oração.
[C] Incorreta. A vírgula não pode ser empregada para separar o sujeito (“eu”) do predicado (“quis te conhecer”). Além
disso, a conjunção adversativa “mas” tem sua posição exclusivamente no início da oração; no caso apresentado,
inicia a 2ª oração, motivo pelo qual a vírgula deve ser empregada apenas antes de tal conjunção. A redação
correta é: “Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar”.
[D] Incorreta. A vírgula não pode separar o verbo (“mantenho”) do seu complemento (“a história”); já a vírgula
empregada entre “de luz” e “de glória” está correta, uma vez que se trata de uma enumeração de adjuntos
adnominais. A redação correta é: “Mantenho a história de luz, de glória”.
[E] Incorreta. Não se emprega vírgula para separar orações coordenadas aditivas; além disso, o uso da vírgula antes
do segundo adjunto adverbial (“na segunda”) está incorreto, uma vez que a expressão está em seu lugar ideal da
frase, ou seja, em seu término. A redação correta é: “Vou sair na sexta-feira e só volto na segunda”.
Resposta da questão 11:
[B]
Ano passado, durante uma reunião, [usa-se vírgula em adjuntos adverbiais antepostos] pais [sem vírgula, pois se
trata de uma oração subordinada adjetiva restritiva, uma vez que não se refere a todos os pais] que se sentiam
insatisfeitos com a qualidade do ensino oferecido pela escola [haveria vírgula aqui apenas no caso de oração
explicativa, em vez de restritiva] protestaram veementemente e, [a oração subordinada adverbial concessiva fica
entre vírgulas] embora a direção procurasse contemporizar, algumas mudanças precisaram ser implementadas.
Resposta da questão 12:
[B]
[I] Incorreta. O livro é referido duas vezes pelo pronome “Ele”, nos dois primeiros períodos do texto; já o pronome “o”
é empregado apenas uma vez com tal função, como se verifica em “tornando-o mais barato e acessível às
editoras”.
[II] Correta. Ao retomar o trecho indicado (“Romanos escreviam em tábuas, egípcios, em papiros”), confirma-se que a
vírgula após “egípcios” é empregada para retomar o verbo sem o repetir. É válido ressaltar que zeugma é uma
figura de linguagem empregada para suprimir uma palavra já mencionada anteriormente; ela é considerada um
tipo de elipse (figura de linguagem relacionada à supressão de palavras).
[III] Incorreta. Ao retomar o trecho indicado (“Romanos escreviam em tábuas, egípcios, em papiros, e os maias e
astecas tinham uma espécie de livro feito com casca de árvore.”), percebe-se que a vírgula que antecede “e os maias
e astecas” não pode ser suprimida. Caso isto ocorresse, a conjunção “e” poderia ser considerada como adição ao
produto (papiro) e não a povos anteriormente citados.
Resposta da questão 13:
[B]
Apenas a proposição [II] é incorreta, pois, no período “ Eles estão procurando alguma coisa: emigraram.”, os dois
pontos introduzem a conclusão do que foi postulado anteriormente, podendo ser substituídos pela locução conjuntiva
“por isso”. Já o ponto e vírgula assinala separação de orações, mas sem explicitar a relação estabelecida entre elas.
Como [I], [III] e [IV] são corretas, é válida a opção [B].
Resposta da questão 14:
[B]
[A] Neste exemplo as vírgulas estão corretas por pontuarem uma enumeração.
[B] Correta. Considerando a regra da elipse para vírgulas, o verbo ser no presente é aparece elíptico e sem vírgulas
nos dois parênteses destacados na oração abaixo:
“A sociedade é uma mãe terrível, a vida (é) (,) um corredor estreito, o tempo (é) (,) um perseguidor implacável (...)”
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[C] Neste exemplo as vírgulas estão corretas por pontuarem uma enumeração metafórica para a descrição de uma
ideia.
[D] Neste exemplo as vírgulas estão corretas por pontuarem uma enumeração metafórica para a descrição de uma
ideia.
Resposta da questão 15:
[C]
[I] Falsa. No trecho “É assim que me identifico”, a ocorrência da vírgula após o “assim” tornaria incorreto o período
por separar a Oração Principal da Oração Subordinada Substantiva Subjetiva.
[II] Falsa. No trecho “Cada década para trás permite salvar um costume, ganhar uma festa, partilhar uma crença
suplementar”, uma vírgula inserida após a palavra “trás” tornaria incorreto o período por separar o sujeito do
predicado.
[III] Verdadeiro. No trecho “ora viajante antigo, confrontado com um prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe
escapava — ainda pior, inspirava troça ou desprezo —, ora viajante moderno, correndo atrás dos vestígios de uma
realidade desaparecida”, os travessões podem ser substituídos por parênteses, pois ambos, neste caso, indicam a
inserção de um comentário do autor.
Resposta da questão 16:
[A]
Em relação às referências 20 e 21 (“Essa visão, a de homo sapiens, é uma definição do homem pela razão; de homo
20
21
faber , do homem como trabalhador; de homo economicus , movido por lucros econômicos”), as vírgulas marcam a
elipse (figura de sintaxe segundo a qual não se repete uma palavra ou expressão, marcando o local com vírgula) da
expressão “é uma definição”.
22
Em relação à referência 22 (“Em resumo, trata-se de uma visão prosaica, mutilada, que esquece o principal : a
relação do sapiens/demens, da razão com a demência, com a loucura”), o contexto indica um resumo e inserção de
um argumento (“a relação do sapiens/demens”).
23
Em relação à referência 23 (“A compreensão nos torna mais generosos com relação ao outro , e o criminoso não é
unicamente mais visto como criminoso, como o Raskolnikov de Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla”), a vírgula
une dois períodos com o sentido de adição; nesse caso, tal pontuação torna-se obrigatória, pois o sujeito de cada um
deles (respectivamente “a compreensão” e “o criminoso”) é diferente.
Resposta da questão 17:
[E]
[A] O travessão especifica os “vários motivos”, e o uso do ponto-e-vírgula interferiria na coesão da frase.
[B] O segundo uso das aspas ("Reciclando Moda") indica o nome do site.
[C] A vírgula foi empregada pois a ordem direta do período está invertida: o período é iniciado pela Oração
Subordinada Adverbial Final Reduzida de Infinitivo.
[D] As vírgulas separam o Adjunto Adverbial de Tempo.
[E] Correta, pois as reticências indicam a intenção do autor em prender a atenção do leitor em clima de suspense.
Resposta da questão 18:
[A]
[A] Correta. Todos os períodos estão corretamente pontuados.
[B] Em Santos ou Fortaleza a beleza do mar (...) há necessidade da vírgula, por estar enumerando lugares. A vírgula
antes do verbo de ligação está é proibitiva, por separar o verbo do sujeito. Aos poucos centímetros, que separam
(...) vírgula proibitiva porque não se separam as adjetivas restritivas.
[C] O termo gratuitamente é um advérbio que, neste caso, precisa vir entre vírgulas por fazer papel sintático
semelhante ao do aposto. No entanto é uma adversativa, devendo vir sempre precedida ou entre vírgulas,
dependendo do caso.
[D] Está gratuitamente ou vem sem vírgula ou entre vírgulas. Como está, serve apenas para separar
equivocadamente o verbo do termo a que se refere. Não se separa com vírgulas: limitar nossa interação, com o
mundo (...) Vírgula proibitiva porque não se pode separar um verbo do seu complemento.
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[E] Não há vírgulas na enumeração inicial. Gratuitamente aparece com uma vírgula imprópria, no entanto aparece
sem vírgula, não pode nas adversativas. Não se separa o verbo do seu complemento: preferimos limitar, nossa
interação, com o mundo. E no período final, vírgula proibitiva porque não se separam as adjetivas das restritivas.
Resposta da questão 19:
[D]
Os itens [III] e [IV] são incorretos, pois
[III] a vírgula indica que a oração seguinte é adjetiva explicativa e, se fosse suprimida, haveria alteração de sentido,
transformando-a em restritiva;
[IV] no excerto “Não creio que seja a escola que reivindica câmeras” não existe informação intercalada.
Assim, é correta apenas a alternativa [D].
Resposta da questão 20:
[B]
Apenas em [2] seria possível a correção, pois nos excertos:
[1] “Duzentos anos de experiências com admiráveis mundos novos tornaram-nos céticos”, a vírgula não pode separar
sujeito de predicado;
[3] “um excesso de visão histórica retrospectiva pode distorcer”, seria incorreto usar a vírgula para separar o adjunto
adnominal;
[4] “Quando as coisas se desintegraram, eles reagiram...”, a vírgula é obrigatória para separar a oração subordinada
adverbial deslocada da oração principal.
Assim, é correta a alternativa [B].
Resposta da questão 21:
[A]
No trecho “que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais
íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à
margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a?”, os dois
pontos assinalam a introdução de uma pergunta: (3).
No segmento “que ele tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele, que vive nesta casa há dezessete anos”, a
vírgula serve para assinalar explicação através de uma oração subordinada adjetiva: (1).
Em “Ele me olha, e vejo que está me examinando”, a vírgula assinala a presença de sujeitos distintos em período
coordenado, “ele” e “eu” na primeira e segunda orações, respectivamente (2).
Assim, é correta a alternativa [A].
Resposta da questão 22:
[C]
A colocação da vírgula antes do pronome relativo “que” transformou o que deveria ser uma oração adjetiva restritiva
em adjetiva explicativa, gerando uma informação incoerente ao admitir que os apóstolos eram os únicos amigos de
Jesus, como se afirma em [C].
Resposta da questão 23:
[C]
Na transcrição por extenso do sinal de pontuação está configurada a função metalinguística da linguagem, o que
tornaria válida a alternativa [B]. No entanto, a alternativa [C] também está correta, pois a transcrição dos dois pontos
por extenso enfatiza as afirmações que são apresentadas imediatamente depois (função de aposto) para exemplificar
que a violência não é física e sim emocional. “Um político que mente descaradamente pode cativar eleitores. Uma
publicidade que joga baixo pode constranger multidões a consumir um produto danoso ao ambiente.”
Resposta Oficial: [C]
Resposta da questão 24:
[C]
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Para promover a correção do texto, é necessário separar as orações “Mais de 2000 quilômetros quadrados de
florestas europeias viraram poeira em apenas dezessete anos” e “dizem os estudiosos”. O isolamento do adjunto
adverbial de lugar “em um congresso recente sobre desertificação” com vírgula é opcional, mas a pontuação gera
mais clareza.
Para que a frase não fique muito longa e com diferentes sujeitos, é ideal inserir ponto final antes de “eles
denunciaram”. É necessário também isolar o aposto “sede do evento no sul da Espanha” com vírgulas. O verbo no
gerúndio também pede pontuação com vírgula. Assim, é correta apenas a frase [C].
Resposta da questão 25:
[B]
[1] CORRETA. Não afetaria a correção gramatical, mas daria um realce na expressão: não descarta, nas
entrelinhas, a chance (...).
[2] Vejamos o exemplo: A suspeita é de que: em algum lugar, seria possível (...) o erro consiste em separar com dois
pontos o verbo de seus complementos, sem necessariamente tratar-se de uma enumeração de ideias.
[3] Ao pensar no exemplo: desmontar um relógio, que determina o aparecimento de rugas (...) tem-se que nas
orações adjetivas restritivas não se separam por vírgulas.
[4] CORRETA. Em completaram 80 anos, assim como achamos (...) percebe-se que esta substituição em nada
muda o sentido nem confere erro gramatical à oração.
Resposta da questão 26:
[C]
Apenas a alternativa [C] mantém o sentido original e produz o mesmo impacto sobre o público alvo, pois em:
[A] o advérbio “só”, inicialmente, referia-se à empresa Philco, única em determinadas ações que beneficiariam os
consumidores, enquanto que deslocado para o predicado e associado ao termo verbal “faz” expressa a finalidade
da ação, direcionada exclusivamente para um único comprador;
[B] a inversão das orações coordenadas diminui o impacto da mensagem, pois, na frase original, a restrição inicial é
justificada e enfatizada posteriormente por critérios de qualidade;
[D] a alteração da ordem do objeto direto e do adjunto adverbial da frase publicitária reduz o impacto e o efeito de
surpresa da mensagem que personifica um bosque em passeio pelo corpo de uma pessoa;
[E] a presença da vírgula transforma a frase inicial que era claramente negativa em outra de sentido afirmativo.
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