Tainá – Projeto de Educação/ Temas Transversais
Prezado(a) Professor/Professora,
Esperamos que tenha sido uma experiência estimulante e agradável assistir ao filme "Tainá, Uma Aventura na
Amazônia", pela força afetiva da história da indiazinha protetora dos animais da floresta, pela beleza da
Amazônia e pela mensagem ambientalista.
O filme TAINÁ, premiado pelo júri popular como o melhor filme do Festival de Cinema Rio BR 2000, tem recebido
inúmeros convites de festivais internacionais. Com um forte apelo universal o filme participou com enorme
sucesso do NEW YORK INTERNATIONAL CHILDREN’S FILM FESTIVAL em fevereiro e agora no mês de maio, do
Festival de MIAMI. Em junho TAINÁ estará no 5º Festival Internacional de Cinema de Xangai e na Alemanha no
FESTIVAL DE CINEMA DE MUNIQUE.
Nosso desafio é mostrar que Tainá, divertimento para toda família, é também um raro filme brasileiro dedicado
ao público infantil que traz um tema caro ao país: nosso futuro e o que queremos com o nosso meio ambiente, e
também dar nossa modesta contribuição para que nossas crianças descubram isto com prazer e alegria.
Poder contar com o apoio dos professores para dar visibilidade a este filme, singelo e encantador, é
fundamental para que Tainá encontre e venha a ser encontrado por seu público.
Será muito importante que V., professor(a), repasse essa emoção aos seus alunos.
Tainá estréia no Brasil no dia 29 de junho, simultaneamente, em 120 cinemas de 80 cidades, sendo
o único filme dedicado ao público infanto-juvenil 100% brasileiro que estará em exibição nas férias.
Para ajudá-lo a passar estas informações aos seus alunos, anexamos a esta carta subsídios sobre os temas
levantados por "Tainá" e sugestões de como desenvolvê-los em sala de aula no segundo semestre. São
propostas elaboradas pelas professoras Magda Frediani Martins e Rosa Helena Mendonça, baseadas em texto
elaborado por Claudia Levay e Emiliano Limberger, de acordo com os parâmetros curriculares do MEC, que
certamente irão auxiliá-lo na abordagem dos Temas Transversais principalmente, Meio Ambiente, Pluralidade
Cultural, Ética, Saúde e Trabalho e Consumo.
Um abraço,
Pedro Carlos Rovai – Produtor
Acesse o site do filme: www.tainá.com.br
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Tainá – Projeto de Educação/ Temas Transversais
II.
Sinopse
O cenário desta aventura na Amazônia, são os belos recantos do Rio Negro, com os igarapés entremeados de
plantas aquáticas, as vilas e povoados ribeirinhos, a mata com sua vegetação exuberante. É neste espaço onde
se conjugam a beleza, os mistérios e os perigos que Tainá, uma indiazinha órfã, vive com seu avô, Tigê. O velho
índio guarda a sabedoria de seus antepassados, os habitantes da floresta. Tendo o avô como mestre,Tainá
conhece as lendas e histórias que fazem parte da tradição oral de seu povo, bem como aprende a utilizar os
recursos que a selva tropical oferece para sua sobrevivência.
Os animais da floresta são seus companheiros. Ela convive intimamente com eles, imita os sons que produzem
para se comunicar e conhece seus hábitos, seus movimentos, seus grupos familiares. Mas a harmonia deste
paraíso está sendo perturbada pelos contrabandistas de animais. O traficante Shoba e sua quadrilha espalham
armadilhas para capturar os belos espécimes da fauna amazônica, que são enviados para o exterior presos em
mínimas gaiolas, com poucas chances de sobreviverem às longas viagens.
Tainá torna-se uma guardiã da floresta, destruindo as armadilhas e impedindo, que muitos animais sejam
capturados. Assim, consegue salvar um macaquinho, que tinha sido preso por Shoba e seus ajudantes, Boca e
Biriba. O filhote e a mãe, por serem da espécie Lagothrix, tinham sido “encomendados” por Miss Meg e seu
assistente, Smith, para serem usados em suas pesquisas no exterior.
Tainá e Tigê dão ao filhotinho o nome de Catu, que significa “bonito”. Ele passa a ser um companheiro
inseparável de Tainá, depois da morte do avô. Mas Shoba, Biriba e Boca não desistiram de capturar o
macaquinho Lagothrix, pois não conseguiram enganar a ambiciosa Miss Meg, enviando-lhe um macaco de outra
espécie. Perseguida pela quadrilha, Tainá conhece Rudi, um solitário piloto de hidroavião que vive num porto
flutuante às margens do Rio Negro.
Rudi leva Tainá para uma pequena vila, onde moram a bióloga Isabel e seu filho, Joninho, que a contragosto
está tendo que viver na selva, acompanhando a mãe em suas pesquisas científicas, longe das delícias dos
shoppings e cheesburguers que ele não consegue esquecer.
Tainá então resolve deixar a vila e voltar para a floresta. Joninho, que já planejava uma “fuga”, para pregar uma
peça em sua mãe, a segue e, agora, ele terá que aprender com ela a sobrevivência na floresta.
Descobrindo que foram enganados por Shoba, Miss Meg e Smith, vêm para o Brasil em busca do macaquinho
Lagothrix. Ao chegarem a Manaus, embarcam no hidroavião de Rudi, que os leva à casa de Isabel, onde eles
descobrem que a bióloga está fazendo pesquisa similar à deles e que o resultado deste trabalho está em um
disquete, que Joninho levou, sem saber, em sua mochila. Agora, eles não precisam mais do macaco, basta achar
o disquete e poderão roubar todas as informações.
Tainá, Joninho e Catu são perseguidos por Shoba e sua quadrilha, pois Miss Meg promete pagar o valioso
disquete a peso de ouro... Tainá vai precisar de muita coragem, da ajuda do espírito do seu avô e do precioso
amuleto que ele lhe deixou, o muiraquitã. Também vai precisar descobrir como acabar com o medo de Joninho,
para que ambos sejam verdadeiros “kirimbaus” (corajosos) na defesa da floresta.
Produção: Pedro Carlos Rovai
Direção: Tânia Lamarca e Sérgio Bloch
Concepção Final: Tânia Lamarca
Roteiro e Diálogos: Cláudia Levay e Reinaldo Moraes
Música: Luiz Avellar / Orquestra Petrobrás Pró-Música
Direção de Fotografia: Marcelo Corpanni
Direção de Arte: Oscar Ramos
Montagem: Diana Vasconcellos
Produção Executiva: Virginia Limberger
Planejamento de Comercialização: Marco Aurélio Marcondes
Distribuição: Art Films/MAMarcondes
Tainá: Eunice Baía
Joninho: Caio Romei
Tigê: Rui Polanah
Isabel: Branca Camargo
Rudi: Jairo Mattos
Meg: Betty Erthal
Smith: Luiz Carlos Tourinho
Shoba: Alexandre Zachia
Boca: Charles Paraventi
Biriba: Marcos Apolo
Tikiri: Luciana Rigueira
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Tainá – Projeto de Educação/ Temas Transversais
III.
Objetivos
A narrativa fílmica, bem como as questões culturais, econômicas e ecológicas abordadas em Tainá, uma
aventura na Amazônia, tornam este filme bastante significativo para a discussão na escola de temas da
atualidade, de grande emergência social. Ele permite uma análise da questão indígena no Brasil, apresenta a vida
na floresta e os perigos que a ameaçam, mostra o problema da extinção de espécies e contrabando dos animais
da floresta.
Estas características indicam o potencial oferecido pelo filme para colaborar na abordagem dos Temas
Transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC/ SEF, 1997/1998), como Meio Ambiente,
Pluralidade Cultural, Ética, Saúde e Trabalho e Consumo. Além disso, a narrativa fílmica, por seu caráter lúdico e
mágico, também é muito significativa para o trabalho com Língua Portuguesa e a Arte em sala de aula. O
contexto da história mostra diversos encaminhamentos para projetos interdisciplinares, envolvendo estas áreas já
citadas e também Geografia, História e Ciências.
Desta forma, oferece-se a oportunidade de que o filme seja assistido por professores dos quatro ciclos do Ensino
Fundamental ( de 1a à 8a série), como ponto de partida para debates, entrevistas, pesquisas e propostas
diversificadas nas diversas áreas do conhecimento, dando também origem a projetos de trabalho inter e
multidisciplinares, nas escolas.
Estes são alguns dos principais objetivos, reunidos em dez itens, que se pretende alcançar com a
exibição do filme para professores, tendo em vista oferecer subsídios para os projetos de trabalhos
com crianças e jovens, nas escolas:
1. Promover uma ampla discussão sobre a Amazônia, patrimônio ambiental do planeta, procurando conhecer a
teia da vida que garante o equilíbrio de um dos maiores ecossistemas da Terra;
2. Compreender as noções básicas relacionadas ao Meio Ambiente, partindo do ambiente mais próximo – a
escola e seu entorno, analisando a realidade da região onde vivem os alunos, pesquisando seus possíveis
desequilíbrios, buscando encontrar respostas para os problemas detectados, exercendo assim a participação
social e a cidadania;
3. Perceber o papel das populações indígenas da Amazônia e sua relação com a natureza, da qual todos nós
fazemos parte.
4. Valorizar a presença indígena e reconhecer seus direitos, como povos nativos, percebendo sua ampla e
variada diversidade (ver texto anexo: “Preâmbulo da Carta da Terra”);
5. Conhecer e valorizar a riqueza cultural das sociedades indígenas, transmitidas de geração a geração através
da oralidade, e sua capacidade de manejar de maneira não destrutiva os recursos naturais da floresta;
6. Trazer para a discussão em sala de aula temas emergentes e atuais como extinção de espécies e a
importância da biodiversidade, que consiste na variedade e na pluralidade de seres vivos de uma
determinada região;
7. Ampliar a temática apresentada no filme, relativa à cobiça de grupos econômicos internacionais que desejam
explorar a imensa biodiversidade da Amazônia. (No filme, destaca-se a biopirataria, que consiste no
contrabando de espécimes da fauna e da flora para outros países, um dos crimes ambientais mais praticados
no Brasil. Aves, macacos, peixes ornamentais, plantas e até sapos, cobras e aranhas são transportados e
vendidos ilegalmente e, como é relatado na história, e muitas vezes são “encomendados” para pesquisas
genéticas, desenvolvidas em laboratórios estrangeiros, que se dedicam a descobrir novos medicamentos e
vacinas.);
8. Valorizar a pluralidade cultural de nosso país, formada por diferentes etnias, uma vez que é do
entrelaçamento entre os diversos grupos que formam a nossa nacionalidade que surge esta mistura de
sotaques, saberes, tradições, religiosidade e visão de mundo que constituem a identidade do povo brasileiro;
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9. Incentivar a solidariedade e o respeito mútuo entre crianças e jovens, respeitando as diferenças étnicas e
socioculturais;
10. Difundir contos, mitos e lendas que os povos indígenas, através da oralidade, legaram às gerações atuais,
como as histórias fantásticas mencionadas no filme: o Curupira, guardião da mata; o Saci, moleque
endiabrado que prega peças nos caçadores; a Cobra Grande, e tantas outras.
IV.
Sugestões de atividades e de projetos interdisciplinares
As obras audiovisuais, nacionais ou estrangeiras, que utilizam a narrativa do espetáculo, podem ser efetivamente
aproveitadas como material didático ou paradidático, que é o que estamos propondo para a audiência de Tainá,
uma Aventura na Amazônia. O filme pode representar uma fonte geradora de projetos a serem desenvolvidos
no âmbito das escolas.
A título de sugestão, uma vez que muitas outras vertentes podem surgir a partir da exibição e das discussões
geradas no corpo docente das escolas, encaminhamos algumas propostas de temas que podem ser trabalhados,
com diferentes níveis de abordagem, com alunos dos quatro ciclos do Ensino Fundamental (1a à 8a série)
•
OBSERVANDO ALGUMAS CARATERÍSTICAS DA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA:
1. O professor deve estar atento para “puxar os fios” e procurar mostrar para os alunos que a obra de arte
cinematográfica oferece múltiplas leituras. O primeiro ponto a ser destacado é o sentimento de valorização
de nossa terra, uma vez que a maior parte da Floresta Amazônica encontra-se em território brasileiro, e é
essencial que as gerações atuais e as futuras possam continuar usufruindo a beleza da fauna e da flora deste
nosso patrimônio ambiental.
2. A partir daí, o professor pode solicitar que os alunos façam diversas observações a respeito dos animais, que
descrevam os movimentos deles e imitem seus gestos e sons. E, ainda, que comentem sobre os diferentes
ambientes, que descrevam o rio, os cursos d’água e os igarapés, que analisem os diferentes tipos de moradia
(casa de taipa, casa flutuante, casa de vila, hotel de luxo etc.), que falem sobre os meios de transporte
utilizados, fazendo comparações entre os que existem em sua cidade etc.
3. É interessante despertar os alunos para os códigos e tecnologias da linguagem audiovisual, ajudando-os a
perceber as modalidades da imagem em movimento, bem como a trilha musical, os efeitos sonoros, o
trabalho dos atores, os diferentes ritmos da narrativa, as simulações que são feitas, os truques utilizados etc.
Comentar sobre a dificuldade de filmar crianças contracenando com animais (Tainá entrega uma cobra a
Joninho, tentando ajudá-lo a superar seu medo).
4. Para desenvolver a memória visual, sugerir que os alunos se expressem oralmente e por escrito, mostrando
que observaram as partes do filme: cenas de que mais gostaram, as características físicas e psicológicas dos
personagens e outros aspectos que os caracterizam, como vestuário, objetos que sempre os acompanham
etc. Para desenvolver a memória auditiva, propor que eles comentem sobre as canções, os efeitos sonoros,
as falas características dos personagens, os diferentes sotaques, o tom de voz, os sons produzidos pelos
animais etc.
5. Outra observação importante que pode ser feita, ao introduzir os alunos na compreensão das características
de uma narrativa fílmica, é de que a câmera se move em diferentes planos, registrando tanto os movimentos
dos animais que vivem no chão ou nos troncos caídos (tartaruga, cágado, louva-deus, onça pintada), quanto
os dos animais que vivem nas árvores, como as aves e os macacos. Durante a aventura, Tainá e Joninho
também precisam se movimentar usando diferentes planos. Estes movimentos podem ser explorados na sala
de aula.
6. Outro aspecto a ser observado é a relação entre o ritmo dos personagens e o ritmo da narrativa. Tainá e seu
avô, bem como os animais da floresta revelam em seus movimentos sua relação harmoniosa com o meio
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ambiente. Este ritmo é alterado quando surgem personagens vindos de outro contexto cultural, que trazem a
pressa e o tumulto, impondo um ritmo acelerado à narrativa.
7. É essencial que o professor atue como um mediador no trabalho de leitura de um produto audiovisual,
problematizando os conteúdos, discutindo e aprofundando as temáticas abordadas, trazendo para o debate
os preconceitos e estereótipos que possam aparecer nos comentários feitos pelos alunos, procurando romper
com a passividade e o conformismo.
8. “Tainá” emociona o público e, ao mesmo tempo, leva-o a pensar sobre o tema apresentado. O professor
pode ajudar os alunos a perceber que o filme consegue fazer esta ligação de forma equilibrada. A
personagem Tainá vai construindo naturalmente a ponte entre o coração e a mente de cada espectador, pois
ela desperta um sentimento de empatia com a platéia, que ao longo do filme, passa a identificar-se com ela
e com sua missão de guardiã da floresta. Afinal, a defesa da Amazônia é um sonho que sempre esteve
presente no imaginário de todos os brasileiros. A partir do filme, propor que os alunos ampliem os conteúdos
nele abordados fazendo entrevistas e pesquisas em livros, jornais e revistas, organizando debates, jornais
murais e exposições, produzindo textos e peças teatrais, escrevendo cartas para órgãos públicos e
organizações não-governamentais (ONGs) dedicados à defesa do meio ambiente...
•
TRABALHANDO COM OS TEMAS TRANSVERSAIS A PARTIR DE “TAINÁ”
Pluralidade Cultural
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (MEC/SEF, 1997/1998) propõem que questões emergentes
da nossa sociedade sejam debatidas na escola, perpassando os conteúdos das diversas áreas curriculares. Entre
estes Temas Transversais, destaca-se a formação étnica e cultural da sociedade brasileira. Nosso entrelaçamento
de culturas se caracteriza pela existência de múltiplas e recíprocas influências, sem que se possa dizer que uma
cultura se destaque mais do que a outra. É a diversidade a marca determinante da sociedade brasileira.
Contudo, os livros didáticos, até um passado recente, relatavam e/ou mostravam apenas a história do
europeu colonizador. A presença dos índios e dos negros africanos ficava restrita aos períodos da colonização e
da escravidão, deixando de lado a história subseqüente. Com relação aos índios, sabemos que na atualidade
existem cerca de 206 etnias espalhadas por todo o território nacional, mantendo mais de 70 organizações
voltadas para a defesa de seus direitos. Assim como os afrodescendentes, os índios vêm superando a maneira
desumana e criminosa com que foram tratados no passado, destacando-se na política e em outras atividades e
conseguindo manter vivas suas tradições, sua arte, sua religiosidade, sua visão de mundo.
Hoje, a escola não pode deixar de se engajar nesta luta pela valorização da pluralidade étnica e cultural
do povo brasileiro, implementando discussões que visem combater qualquer forma de preconceito e fazendo
valer o que está presente na Constituição Federal brasileira de 1988, que considera um crime qualquer forma de
discriminação racial.
•
Discutir as seqüências do filme que mostram as atitudes preconceituosas de Joninho em relação à Tainá.
Produzir textos que falem sobre a amizade e o companheirismo entre crianças de culturas diferentes.
Meio Ambiente
Existem muitos referenciais no filme que apontam para a temática ambiental, proporcionado caminhos para os
estudos de ecologia na escola, bem como mostrando a importância de trabalhar em busca de uma melhor
qualidade de vida no nosso planeta. Entre eles, podemos destacar:
• A importância da biodiversidade, ou diversidade biológica, que consiste na variabilidade de organismos vivos
de todas as espécies que compõem a vida numa determinada região. Solicitar que os alunos anotem as
observações feitas pela bióloga Isabel a respeito da multiplicidade de espécies que existem na Amazônia e
que comentem sobre isto.
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A necessidade de preservar espécies animais em vias de extinção (No filme, representadas pelo macaco
Lagothrix, jacaré-açu, macaco uacari branco, onça pintada, macaco cuxiu.) Propor pesquisas em jornais,
livros, revistas e vídeos, e também na Internet e elaborar textos, desenhos e jornais murais sobre este
tema.
• A questão da biopirataria: tráfico de animais e plantas importantes para o progresso da ciência, uma vez
que podem levar à descoberta da cura de doenças graves; destacar a cobiça dos laboratórios internacionais,
representados no filme por Miss Meg e seu assistente Smith. Outro ponto polêmico que pode ser discutido a
partir do filme, são os argumentos usados por Shoba, alegando que o comércio de animais silvestres seria
uma maneira de preservá-los da depredação ambiental que está acontecendo na Amazônia. Sugerir que os
alunos discutam sobre esta afirmação do contrabandista.
• As populações indígenas utilizam de maneira não-predatória os recursos naturais: observar que Tainá e Tigê
pescam apenas para se alimentar, respeitam as espécies animais e vegetais, tirando delas seu sustento,
mas sabendo interagir com elas de maneira não-destrutiva. As populações indígenas são hoje consideradas
exemplos de uma postura “ecologicamente correta”, pois conseguiram manter, ao longo de séculos, um
relacionamento harmônico com o meio ambiente, usufruindo dos recursos naturais do planeta, mas sem
exaurir estes recursos, nem degradá-los. E este é um dos princípios básicos de desenvolvimento sustentável.
A partir do filme, trazer para a leitura em sala de aula os contos, mitos e lendas de origem indígena, nos quais
está sempre presente o respeito pelas árvores, rios, animais e por tudo o que existe no universo (Ver textos
anexos extraídos de O livro das árvores, de autoria dos professores Ticuna, organizado por Jussara Gomes
•
Gruber, Benjamim Constant, Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngües, 1997.)
Ética
A Ética diz respeito às condutas humanas, ao conjunto de regras morais que permitem a convivência das
pessoas em sociedade. Para que cada indivíduo reconheça que essas regras de convivência são legítimas,
aceitando-as e incorporando-as às suas ações cotidianas, é necessário que ele perceba que elas trazem algo de
bom para si e para o grupo social ao qual ele pertence.
•
A partir do filme, discutir o comportamento de Shoba e seus ajudantes, bem como de Miss Meg e Smith. Até
que ponto eles parecem desconhecer a importância da ética nas suas ações cotidianas? De que forma
poderíamos mostrar para eles os prejuízos sociais decorrentes de atitudes como o roubo e a depredação
ambiental? Este tema pode dar origem a uma ampla discussão em sala de aula, para a qual seria
interessante que os alunos convidassem profissionais de diversas áreas, que pudessem esclarecê-los sobre a
importância dos princípios básicos da Ética – respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade – na vida de
todos nós. Depois dos debates, é interessante que os alunos registrem também, em textos dissertativos,
suas idéias e propostas de ações transformadoras na própria comunidade escolar.
•
ELABORANDO PROJETOS DE TRABALHO
Nestes projetos e em muitos outros que podem surgir com os alunos, a abordagem interdisciplinar vai permitir
que professores das diversas áreas/disciplinas curriculares trabalhem de forma integrada, envolvendo toda a
escola e também a comunidade:
1. Tainá e Joninho: heróis brasileiros em defesa da Amazônia
A narrativa do filme apresenta semelhanças com muitas outras narrativas épicas, nas quais os heróis enfrentam
terríveis inimigos, passam por duas “provas de iniciação”, superam grandes obstáculos, fazem alianças com
alguns ajudantes especiais, entre eles animais, e ao final conquistam seus objetivos. Fazer uma analogia entre o
filme e a história de Peter Pan: a voracidade dos jacarés é semelhante à do crocodilo que devora o Capitão
Gancho.)
Acesse o site do filme: www.tainá.com.br
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Tainá – Projeto de Educação/ Temas Transversais
2. A história dos nomes
Pesquisar os significados dos nomes, um dos temas do diálogo entre Tainá e Rudi. Em anexo, encaminhamos o
conto indígena Tainá, recontado por Leonardo Boff, no qual se comenta o significado do nome Tainá. Pesquisar
outros nomes próprios de origem indígena e suas “histórias”. Pesquisar as palavras de origem indígena que
fazem parte de nosso vocabulário, caracterizando produtos e hábitos alimentares, objetos de uso cotidiano, jogos
e brincadeiras etc.
3. Contos, lendas e mitos da Amazônia
No filme, são mencionados a história do Curupira, do Saci, da Cobra Grande (Ver textos em anexo Lendas Indígenas
recontadas por Boff, Leonardo. O casamento entre o céu e a terra – contos dos povos indígenas do Brasil. Rio de Janeiro, Ed.
Salamandra, 2001).
Também é importante pesquisar sobre a lenda do muiraquitã, amuleto de origem indígena que teria sido usado
pelas lendárias Amazonas, que as protegia de seus inimigos. No filme, este amuleto é dado por Tigê à sua neta,
Tainá. Ele também é usado por Tikiri, uma moça da região que trabalha com Shoba. O amuleto proporciona a
Tikiri uma identificação com a luta de Tainá em defesa dos animais. Desta forma, ela recupera sua identidade e
seus valores culturais.
4. Propostas de desenvolvimento sustentável para a Amazônia
Neste projeto, pode-se pesquisar a história de exploração da Amazônia, desde o apogeu da borracha, apontando
para a degradação ambiental e a ameaça de desertificação da região, devido às características do solo. Discutir o
papel do IBAMA e de outras organizações de defesa do meio ambiente. Identificar produtos encontráveis na
cidade originários da Amazônia. Ex.: chiclete (da árvore sorva e caucho), borracha, guaraná, coco verde, açaí na
tigela, couro vegetal, baunilha. Pesquisar as propostas apontadas pelos ecologistas, que levam em conta a
preservação da maior cobertura vegetal do planeta, conhecidas como o desenvolvimento sustentável.
Proposta elaborada pelas professoras Magda Frediani Martins e Rosa Helena Mendonça
baseada em texto elaborado por Claudia Levay e Emiliano Limberger publicado no site
www.taina.com.br
Para maiores informações, e-mail: professores<[email protected]>
Textos Suplementares para a Proposta de Trabalho com o filme Tainá, uma aventura na Amazônia
1.Lendas indígenas (recontadas por Leonardo Boff)
* Reprodução autorizada pela editora.
Boff, Leonardo. O casamento entre o céu e a terra – contos dos povos indígenas do Brasil. Rio de Janeiro, Ed. Salamandra, 2001.
Cobra Norato, a força benfazeja da natureza
O ser humano vive em contínua “inter-ação” com a natureza. Ela é benfazeja e tudo produz. Mas é também ameaçadora, pois
pode meter medo e tirar vidas. Tanto os antigos quanto os modernos procuram interpretar essas energias antagônicas da
natureza.
O pavor de todos os indígenas da Amazônia é a Cobra-Grande, a sucuri, de cor escura. Ela encarna a natureza
malévola, por isso é aterradora. Vive nas florestas e nos rios. Quando se desloca da terra para água, os sulcos
que deixa se transformam em riachos, igarapés. Vive no fundo das águas. Quando atravessa o rio, deixa atrás
de si cascatas. E sempre que vem à tona seus olhos parecem archotes de luz, amedrontando pescadores.
Engole pessoas, vira barcos e, com seus movimentos, cria as barrancas altas dos rios.
Mas também existe a encarnação da força benévola da natureza, representada pelo Caipora ou Curupira dos Tupi-Guarani do
Sul, mito que emigrou para o Norte. Assume muitas formas, a mais conhecida é a do indiozinho escuro, lépido, nu ou de
tanga, fumando seu cachimbo e sedento de cachaça. Defende os animais, faz pactos com caçadores para não dizimarem a
caça da floresta, chegando até a ressuscitar os animais mortos à toa pelos caçadores. Mas uma outra representação poderosa
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nos vem pela figura da Cobra Norato. Esta é a estória que circula ainda hoje entre os indígenas e as populações dos rios
Amazonas e Trombetas. Os antigos contam:
Certo dia, uma índia se banhava nas águas tranqüilas do rio Claro. Sem saber por quê, tempos depois, descobriu-se grávida.
Será que foi a Cobra Grande que lhe fez mal? Seguramente foi, pois nasceram gêmeos, duas serpentes escuras. A índia, por
superstição, deu-lhes nomes de brancos cristãos, Honorato e Maria. E temerosa de segurá-los em casa, colocou-os nas águas
do Paraná Cachoeri, rio secundário do Amazonas.
Os gêmeos criaram-se nas águas, subindo e descendo os rios e se tornaram muito grandes. Os índios e os ribeirinhos, vendoos se rebolando ao sol, chamaram-nos de Norato e de Maria Caninana.
Ocorre que Maria Caninana era má, da estirpe da Cobra-Grande. Virava as embarcações, matava os náufragos, atacava os
pescadores e botava para correr os peixes pequenos. Mordeu a grande Serpente Encantada que vive em Óbidos. Esta
permanentemente dorme. Sua cauda está fincada no fundo do rio mas seu corpo vai, subterraneamente, terra adentro, até
sua cabeça chegar debaixo do altar da igreja Senhora Sant’ana. Se um dia ela acordar, vai destruir a igreja. Maria Caninana,
querendo provocar essa catástrofe, mordeu a Serpente Encantada. Essa não acordou, apenas se mexeu. Bastou isso para
provocar uma rachadura que vai do mercado até a igreja, como se pode ver até os dias de hoje.
A Cobra Norato era sempre boa. Salvava náufragos, orientava barcos perdidos no meio das águas, protegia peixes pequenos
contra a voracidade dos grandes. Mas era uma cobra encantada.
Em noites de lua clara, deixava o rio e se arrastava até as areias. Aí se despia do corpanzil de Cobra Norato, imensa e
pacífica, e se transformava num belo e simpático jovem. Vestia-se bem e encantava as moças. Conversava com elegância,
comia, bebia e dançava. Gostava especialmente quando havia o mutirão da mandioca. Aí vinha ajudar, conversava com os
rapazes, se entretinha com as moças – era o que mais gostava de fazer – e dava atenção aos velhos.
Todos ficavam contentes. Mas, num dado momento, desaparecia. Só se ouvia um ruído surdo junto ao rio. Era o moço que
voltava a vestir a Cobra Norato e mergulhava nas águas para seguir o seu destino.
Vendo o pavor e dizimação que Maria Caninana, sua irmã gêmea, fazia, Cobra Norato a empurrou pelos igarapés até que
ficasse presa nas ramas profundas de um igarapé muito estreito. Não podendo mais se libertar, acabou morrendo de
inanição.
A partir daí, Cobra Norato vivia sozinha, nos rios grandes e pequenos, sempre cuidando e protegendo as vidas ameaçadas.
Uma vez por ano, entretanto, Cobra Norato pedia a um de seus amigos que a desencantasse. Estava cansada de continuar
serpente, embora benfazeja. Queria associar-se aos humanos e virar gente como todos. Sempre fazia a seguinte combinação:
Ela se deitaria na praia, como morta, com a boca enorme aberta. Para que fosse desencantada, o amigo deveria pingar três
gotas de leite materno e dar cutiladas com ferro virgem em sua cabeça, até que sangrasse. Aí fecharia a boca e deixaria o
sangue escorrer. Com isso, se desencantaria e poderia ser gente para sempre.
Os vários amigos que se dispuseram a fazer o trabalho, na hora aprazada, tiveram medo. Vendo aquela cobra imensa na
areia, com a boca aberta, fugiam apavorados. E Cobra Norato continuava cobra, subindo e descendo os rios e, de vez em
quando, vinha freqüentar as festas e dançar.
Até que um dia, encontrou um amigo corajoso, da estirpe dos índios guerreiros. Esse tomou o leite materno, agarrou um
machado novo que nunca tinha cortado madeira e foi à praia, no lugar onde havia combinado com a Cobra Norato.
Aproximou-se do corpo adormecido e da boca aberta. Gotejou três gotas de leite e desferiu várias pancadas de machado na
sua cabeça. A boca se fechou e o sangue jorrou. Cobra Norato contorceu-se, aprumou-se e aí ficou parada.
De repente, daquele monstro benfazejo nasceu um jovem luzidio. Honorato estava livre, virara homem. Ainda ajudou a
queimar a carcaça que havia usado por tantos e tantos anos. Veio um pé de vento e carregou as cinzas para as águas.
Honorato saiu pela estrada e foi morar em Cametá, no Pará. Viveu muito, freqüentava festas, fez inúmeros amigos, casou
teve filhos e filhas e mereceu a morte dos justos e bons.
Até hoje se conta, nas terras e águas do Pará, a saga de Cobra Norato. Quem passear pelas águas do Amazonas, perto de
Óbidos, ouve os canoeiros dizerem com convicção, apontando recantos de águas profundas e tranqüilas:
– Por aí passava com freqüência Cobra Norato. E nós víamos o dorso escuro dela.
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Tainá – Projeto de Educação/ Temas Transversais
Nascemos para brilhar: Tainá
O céu profundo com suas estrelas rutilantes sempre exerceu fascínio sobre o espírito humano. Deitado entre o céu estrelado
e a fina areia da praia do rio Araguaia, no Brasil Central, estremecemos e nos enchemos de encantamento. Vem-nos
instintivamente à memória cósmica reminiscências ancestrais, de quando estávamos todos juntos no coração das grandes
estrelas vermelhas. Pois lá se encontra o nosso berço e de sua explosão, há bilhões de anos, é que se formaram todos os
tijolinhos que compuseram as galáxias, as estrelas, o sol, a lua, a Terra e cada um de nós. E, porque nascemos das estrelas,
existimos para brilhar e irradiar.
Iameru, bela jovem Karajá, era cheia de graça e de magia, embora insegura em seus sentimentos. À tardinha, à margem do
Araguaia, gostava de contemplar Tainá-Can, a estrela-d’alva, que bruxuleava, por primeira, no firmamento. Estranhamente,
tomou-se de paixão por ela.
Não agüentando mais a dor de amor, dirigiu-se ao pajé para que invocasse ardentemente os espíritos da tribo para que
fizessem descer a estrela Tainá em forma humana. Prometeu até casar-se prontamente com Tainá-Can, caso fosse atendida
em sua súplica.
Com efeito, no dia seguinte, numa noite de luar, um raio iluminou um canto da praia. Tainá-Can descera à Terra. E veio,
calmamente, caminhando na direção de Iameru. Sua aparência era de um velho encurvado, cansado de dias e de anos e
cheio de rugas.
Iameru, ao vê-lo, encheu-se de decepção e de espanto.
– Como pode uma estrela tão brilhante aparecer numa forma tão miserável?
Imediatamente o repudiou e lhe disse, gritando:
– Velho feio e enrugado, vá embora. Como pretende me tocar, se sou ainda tão jovem e bela? Erguendo ainda mais a voz,
disse, irritada:
– Suma daqui e não me apareça mais!
Tainá-Can, estrela rutilante do céu, assumira a forma de um velho repugnante para testar o amor de Iameru e colocar à
prova sua ardente paixão. Decepcionou-se com o fogo de palha do sentimento da jovem Karajá e se entristeceu com os maus
tratos. Seus olhos se encheram de lágrimas.
Estava pensando em regressar ao céu, quando lhe veio em socorro a irmã de Iameru, a jovem Denaquê que, de longe, tudo
acompanhara. Não era bela de rosto nem de forma, mas possuía qualidades que faltavam à fútil Iameru: bondade,
amorosidade, gentileza, compaixão e especial capacidade de cuidado.
Aproximou-se do velhinho Tainá-Can, enxugou-lhe as lágrimas e pediu-lhe desculpas pela rudeza da irmã. E lhe disse:
– Se não se importar, vou cuidar do senhor e, se gostar de mim, posso até ser sua esposa.
O rosto de Tainá-Can se transfigurou. E, agradecido, beijou suavemente a testa de Denaquê. E lhe disse, com voz decidida:
– Vou ser um bom marido para você. Agora mesmo vou cultivar a terra, para que nada lhe falte e tenha sempre muita comida
em seu jirau.
Denaquê não entendeu a palavra “cultivar”, pois até aquela época os Karajá somente comiam peixes e caça. Não cultivavam a
mandioca, o milho e o ananás, atualmente suas principais fontes de alimento.
Denaquê nem teve tempo de pedir explicações, pois o bom velhinho, exultante de alegria, foi à roça fazer o cultivo do milho,
da mandioca, do ananás e de tantas coisas boas para os Karajá.
Todos na tribo se perguntavam quem seria aquele velhinho todo enrugado. Mas respeitavam o amor de Denaquê e
admiravam sua assiduidade no trabalho.
Certo dia, Tainá-Can não regressou na hora costumeira. Denaquê, como mulher amorosa, teve um pressentimento:
– Alguma coisa deve ter acontecido ao bom velhinho. Vou procurá-lo na roça.
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E ao chegar, encheu-se de estupor. Viu um jovem guerreiro, todo iluminado, com o corpo pintado dos mais belos desenhos.
Reconheceu ser Tainá-Can, revestido do esplendor da estrela-d’alva. Seu estupor aumentou ainda mais ao ver aos pés do
guerreiro plantas desconhecidas.
– É milho e mandioca para alimentar você e todos de sua tribo –- disse Tainá-Can, fazendo um gesto largo com as mãos.
E se abraçaram amorosa e longamente. Contentes, voltaram abraçados para a maloca. A notícia se difundiu por toda a
floresta e todos participaram daquela nova felicidade.
Iameru, ao ver Tainá-Can tão belo e a irmã tão feliz, se encheu de ressentimento e de inveja. Recriminava-se a si mesma por
não ter sabido ver, por detrás dos traços rudes do velhinho, o esplendor da estrela-d’alva, de Tainá-Can, de quem outrora se
havia enamorado ardentemente. Desesperada, desapareceu na floresta.
Soube-se depois que Tupã a havia transformado no pássaro urutau. Até hoje, em noites de luar, quando a estrela d’alva,
Tainá-Can mais brilha, emite sons estridentes e tristes, lamentando haver perdido um amor tão cobiçado.
Depois de ter vivido feliz com Denaquê muitos e muitos anos e ter ensinado aos Karajá a cultivar o milho, a mandioca e
tantas coisas saborosas, Tainá-Can voltou ao céu para continuar a brilhar eternamente. E levou consigo a sua amada
Denaquê. Por isso, como companheira inseparável, brilha no céu, sempre junto da estrela-d’alva, uma estrela singela e de
brilho esmaecido. É a Denaquê, a adorável esposa de Tainá-Can.
2. O livro das árvores
O Livro das Árvores, de autoria dos professores Ticuna, organizado por Jussara Gomes Gruber, Benjamim
Constant, Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngües, 1997.
* Os pedidos de compra deste livro podem ser feitos pelo fax: 061-468-2620.
AS ÁRVORES E SEUS DONOS
A floresta é a coberta da terra.
É a casa dos animais.
É onde nós vivemos.
É onde também vivem outros seres.
Alguns desses outros seres nós chamamos de nanatü,
que significa "dono",
"pai" ou "mãe" das árvores,
dos animais, dos peixes, das águas.
São seres que cuidam há milhares de anos
de tudo que existe na natureza,
assim como nós cuidamos de nossos
filhos e de nossas roças.
O buritizal tem dono,
o açaizal tem dono,
o seringal tem dono,
o caranazal tem dono,
a sorveira tem dono.
CURUPIRA é o dono da mata e mora nas sapopemas da samaumeira.
Ele gosta de silêncio e está sempre andando para cima e para baixo na floresta.
Quando cansa, senta-se sobre um jabuti, que lhe serve de banco. Dizem os velhos que ele tem os cabelos compridos, corpo
peludo, olhos pretos e pés virados.
Existem vários tipos de Curupira:
o pai da samaumeira, o dono do jabuti, o dono dos outros animais, o Curupira macho e o Curupira fêmea.
O Curupira faz medo aos caçadores batendo nas raízes das árvores.
Ele atrai e encanta as pessoas.
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QUALQUER VIDA É MUITA DENTRO DA FLORESTA
Se a gente olha de cima, parece tudo parado.
Mas por dentro é diferente.
A floresta está sempre em movimento.
Há uma vida dentro dela que se transforma sem parar.
Vem o vento.
Vem a chuva.
Caem as folhas.
E nascem novas folhas.
Das flores saem os frutos.
E os frutos são alimento.
Os pássaros deixam cair as sementes.
Das sementes nascem novas árvores.
E vem a noite.
Vem a lua.
E vêm as sombras que multiplicam as árvores.
As luzes dos vagalumes são estrelas na terra.
E com o sol vem o dia.
Esquenta a mata.
Ilumina as folhas.
Tudo tem cor e movimento.
3. Preâmbulo da “Carta da Terra” (Declaração aprovada no Fórum Internacional das Organizações NãoGovernamentais – Rio de Janeiro, Fórum Global 92)
In: Gadotti, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo, Editora Fundação Peiropólis,2000.
"Nós somos a Terra, os povos, as plantas e animais, gotas e oceanos, a respiração da floresta e o fluxo do mar. Nós
estimamos a Terra, pela sua beleza e diversidade de vida. Nós louvamos a Terra, pela sua capacidade de regeneração, sendo
a base de toda a vida. Nós reconhecemos a especial posição dos povos indígenas da Terra, seus territórios e seus costumes, e
sua singular afinidade com a Terra. Nós reconhecemos que o sofrimento humano, pobreza e degradação da Terra são
causados pela desigualdade do poder. Nós aderimos a uma responsabilidade compartilhada de proteger e restaurar a Terra
para permitir o uso sábio e eqüitativo dos recursos naturais, assim como realizar o equilíbrio ecológico e novos valores sociais,
econômicos e espirituais. Em nossa inteira diversidade somos unidade. Nosso lar comum está crescentemente ameaçado.
Assim sendo, levando em consideração sobretudo as necessidades especiais das mulheres, povos indígenas, do Sul, dos
diferentes capacitados e de todos aqueles que se encontram em situação de desfavorecimento, nos comprometemos
a...(seguem-se 10 Compromissos)."
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