Riscos da Tecnologia Médica
Experiência HMMG
Luís Roberto R. Leite
Engenheiro Clínico
Hospital Municipal Dr. Mário Gatti
Caracterização do Hospital
Hospital Municipal Dr. Mário Gatti
• Autarquia Pública Municipal inaugurada em 14
de Julho de 1974
• Inicialmente apenas um Pronto Socorro,
agregou serviços ao longo dos anos
• Atualmente é um complexo hospitalar com 8
edificações e aproximadamente 17.000 m2
• Mantido com recursos SUS e da Prefeitura
Municipal de Campinas
• Referência para atendimentos de urgência e
emergência no sistema de saúde de
Campinas.
Hospital Municipal Dr. Mário Gatti
• Retaguarda de serviços de apoio diagnóstico,
terapêutico e centro oncológico para a Região
Metropolitana de Campinas
• Reconhecido em 2004 como Hospital de Ensino
e Pesquisa, oferece residência médica,
residência odontológica, estágio em
enfermagem, fisioterapia, psicologia, serviço
social e para cursos técnicos e
profissionalizantes (técnico em enfermagem e
técnico em Rx).
Hospital Municipal Dr. Mário Gatti
Indicadores Gerais (ano de referência: 2005):
•
•
•
•
•
•
•
198 leitos
16 leitos de UTI-Adulto e 6 de UTI-Pediátrica
7 Salas Cirúrgicas
Aproximadamente 1.700 funcionários
Taxa de Ocupação (Média geral): 83,5 %
Atendimento: 1.200 pessoas/dia
Parque de Equipamentos Médicos Estimado em:
R$ 7.800.000,00 ~ US$ 3.600.000,00
Antecedentes
e
Considerações Gerais
Riscos da Tecnologia Médica
• O cuidado ao paciente, assim como em outras
unidades de saúde, está se tornando cada vez
mais complexo
• Presença de aparatos tecnológicos para
auxiliar o cuidador nas mais diferentes tarefas
• O pensamento predominante - tanto por parte
do provedor do cuidado quanto por parte do
paciente – é que na tecnologia se pode confiar
no ser humano não.
Riscos da Tecnologia Médica
TECNOLOGIA = BENEFÍCIO + RISCO
• Risco: probabilidade de que ocorra um dano
ao paciente, ao cuidador ou ao ambiente
como consequência da exposição a um
agente físico, químico ou biológico.
Riscos da Tecnologia Médica
• Incidentes envolvendo a tecnologia médica
muitas vezes permanecem escondidos pela
própria natureza do cuidado: se um paciente
morre num hospital a explicação natural é
que ele “realmente” estava doente
• James Reason (professor de psicologia,
University of Manchester, UK) propõe
modelo para descrever como uma situação
de risco se propaga através de um sistema.
Paradigma do Queijo Suiço
Ameaça ao paciente
Falhas nas etapas
do processo
Incidente
Linha de
defesa
Paradigma do Queijo Suiço
Ameaça ao paciente
Falhas nas etapas
do processo
Incidente
Linha de
defesa
Paradigma do Queijo Suiço
Paradigma do Queijo Suiço
Paradigma do Queijo Suiço
Paradigma do Queijo Suiço
Paradigma do Queijo Suiço
Paradigma do Queijo Suiço
Paradigma do Queijo Suiço
Acidente
Dano ao
Paciente
Paradigma do Queijo Suiço
Acidente
Dano ao
Paciente
(Adaptado de Reason J. “Human Error: models and managenment”.
British Medical Journal. 2000; 320:768-770.)
Paradigma do Queijo Suiço
Ameaça ao paciente
Regulamentação
Incorporação
Manutenção e Controle
Treinamento
O que fazer ?
Gerenciar os riscos !
Identificá-los
Identificar suas causas
Propor correções
Gerência de Risco
e
Engenharia Clínica
Estratégias na Gestão da
Tecnologia
Gerência de Risco no HMMG
• Outubro/2002: Inserção do HMMG no Projeto
Hospitais Sentinela da ANVISA
• Coordenador do Núcleo de Informação (médico)
acumula função de Gerente de Risco
• Sistema de notificação voltada para problemas
detectados nos produtos utilizados
• Descentralização das ações com referências
técnicas para as áreas: farmacovigilância,
tecnovigilância (equipamentos, dispositivos e
diagnóstico “in vitro”) e hemovigilância.
Gerência de Risco no HMMG
• Fevereiro/2004: Novo Gerente de Risco (médico)
com dedicação integral ao projeto
• Trabalho intensivo de divulgação do projeto e
estímulo à notificação:
Notificações Recebidas
223
250
183
200
150
100
65
50
0
2002/03
2004
2005
Gerência de Risco no HMMG
• Modificação em diretrizes básicas e ampliação
do enfoque:
Vigilância de Produtos
Vigilância de Processos
• Modelo baseado na visão do hospital como
um sistema onde seus componentes
fundamentais (homens, recursos técnicos e
ambiente) interagem a fim de produzir o
resultado desejado (cuidado ao paciente).
Gerência de Risco no HMMG
Arquitetura
Qualidade
do ar
Ruído
Iluminação
Temperatura
Figura. Visão Simplificada do Hospital como Sistema (Adaptado de Fennigkok L.
“Human Factors and the Control of Medical Error”. Biomedical Instrumentation &
Technology. 2005; :307-312)
Gerência de Risco no HMMG
• Grupo Intersetorial Permanente de Biosegurança
• Projetos (e não mais ações isoladas) voltados
para problemas (riscos) identificados no ambiente
hospitalar. Não necessariamente voltados para as
áreas de fármaco, tecno e hemovigilância ou
vinculados com notificações recebidas
• Projeto em Tecnovigilância: “Racionalização do
uso de respiradores visando redução no índice de
pneumonia associada à ventilação mecânica”.
Gerência de Risco no HMMG
Notificações por Área
Fármaco
23%
Tecno
4%
Hemo
3%
Outros
4%
Saneantes
5%
Dispositivos
61%
Gerência de Risco no HMMG
• Quantidade de notificações em tecnovigilância
(equipamentos) com elevado potencial de agravo à
saúde: 01 evento
- Equipamento: Bomba de Infusão Peristáltica
- Local: UTI-Pediátrica
-Tipo de Evento: “Vazão Livre”
-Equipamento programado para infundir 1,6 ml/h
de dopamina no paciente, infundiu 35 ml em 40
minutos, “sem apresentar qualquer alarme” (sic)
- Usuário treinado, experiente, demonstra
conhecimento na programação do equipamento.
Gerência de Risco no HMMG
- Equipamentos eram novos (com menos de 1 ano
de uso), recebidos em comodato e apresentavam
sistema de alarme/proteção contra vazão livre
- Notificação encaminhada para ANVISA
- Equipamento objeto da investigação é enviado
pela Área de Eng. Clínica do HMMG para análise
em laboratório externo e apresenta funcionamento
normal, em conformidade com especificações do
fabricante
- Pressão da equipe médica, que alega falta de
confiabilidade no produto, resulta na substituição
do fornecedor.
Engenharia Clínica
no
Hospital Municipal
Dr. Mário Gatti
Panorama Inicial
• Lacuna entre as experiências anteriores (não
documentadas) e admissão de Engenheiro
Clínico através de concurso público em 1998
Diagnóstico Situacional (Set/98):
- Central de Equipamentos vinculada ao
Serviço de Patrimônio do hospital com
pequena disponibilidade de recursos
materiais.
Panorama Inicial
Diagnóstico Situacional (continuação):
- Inexistência de cadastro confiável de equip.
médicos e de histórico de ocorrências
- Prazo excessivo para reparos (principal
reclamação dos usuários) realizados
exclusivamente através de terceiros
- Inexistência de uma rotina padronizada para
incorporação de equipamentos médicos
- 01 Contrato de manutenção (preventiva /
corretiva) para aparelhos de anestesia.
Estruturação do Serviço
• Inventário dos equipamentos médicos
existentes e cadastro através de fichário
• Registro de ocorrências em planilha eletrônica
• Admissão de técnicos para manutenção de
equipamentos médicos, ampliação da área
física (oficina e administração) e incorporação
de ferramentas
• Plano de manutenção preventiva para
equipamentos médicos baseados em:
regulamentação, risco e custo-benefício.
Evolução
• Aprimoramento do sistema para cadastro,
controle de ocorrências e histórico dos
equipamentos (informatização)
• Adoção do modelo de gestão proposto pela
nova Diretoria do HMMG: Contrato de Metas
• Plano de Ação Anual com objetivos, metas e
indicadores, focado em: racionalizar
investimentos, garantir disponibilidade e
aumentar confiabilidade.
Tarefas Implementadas
• Qualificação do Processo de Incorporação
Tecnológica e Aquisição de Equipamentos:
- Plano para reposição de equipamentos tornase subsídio para elaboração do Plano Diretor de
Investimentos do hospital
- Implantação de rotina para aquisição de bens
permanentes e materiais hospitalares
- Eng. Clínico é responsável pela elaboração
das especificações técnicas de equipamentos
médicos, avaliação de propostas e recebimento.
Tarefas Implementadas
- Revisão das prescrições técnicas para os
Editais de licitação: introdução dos conceitos
de recebimento provisório e definitivo
- Pagamento condicionado a emissão do
certificado de aceite definitivo (instalação,
testes e treinamento)
- Eng. Clínico é nomeado membro da
Comissão de Padronização do HMMG.
Tarefas Implementadas
• Campanha para racionalização do uso de
equipamentos médicos
Mote:
“A maneira como alguém cuida de um equipamento
reflete a maneira como cuida de si mesmo !”
• Treinamentos: operação de equipamentos
médicos, a partir de demandas levantadas
(respirador, cardioversor, ...)
Tarefas Implementadas
• Gerenciamento da Manutenção
- Consolidação da estrutura
-Equipe: 01 Engenheiro Clínico, 02 Técnicos e
01 Assistente Administrativo
- Incorporação de equipamentos para análise e
testes: Simulador p/ ECG, Analisador de
Cardioversor, Analisador de Ventilação
Mecânica, Analisador de Oxímetro de Pulso,
Radiômetro p/ Fototerapia, ...
- 07 Contratos de manutenção preventiva,
corretiva e/ou controle de qualidade.
Tarefas Implementadas
Alguns Indicadores (2005):
- Atendimentos Realizados: 1899
- Tempo Médio p/ Reparos (MTTR): 7,2 dias com 64,6 % das ocorrências resolvidas em
menos de 24 hs e 80,7 % em até 5 dias
- Excluíndo Serviços Terceirizados:
Tempo Médio p/ Reparos: 1,0 dia - com 79,8 %
das ocorrências resolvidas em menos de 24 hs e
97,6 % em até 3 dias.
Resultados Obtidos
Principais Solicitantes
C.Cirúrgico
21%
Outros
24%
Central
Esterilização
7%
UTI-A
21%
UTI-P
8%
PSA
19%
Resultados Obtidos
Percentual de Resolução Interna
150%
100%
50%
0%
1998
2003
2004
2005
Internas
0%
84%
77%
71%
Externas
100%
16%
23%
29%
Resultados Obtidos
Relação Preventiva x Corretiva
100%
80%
60%
40%
20%
0%
93%
87%
81%
18%
12%
4%
2003
2004
Preventiva
2005
Corretiva
Resultados Obtidos
Ocorrências Registradas por Grupos de
Equipamentos (período 2003 - 2006)
Eletrocardiógrafo
7%
Esfigmo
Outros
3%
19%
Monitor de
Parâmetros
18%
RX
2%
Respirador
6%
Bisturi Elétrico
11%
Autoclave
3%
Nebulizador
3%
Bomba de
Infusão
10%
Oxímetro
18%
Resultados Obtidos
Estratificação das Ocorrências nos Grupos
Prevalentes (período 2003 - 2006)
1500
1000
500
0
Monitor de Oxímetro de
Parâmetros
Pulso
Bisturi
Elétrico
Equipamentos
258
324
150
Acessórios
866
746
527
Numero de Ocorrências
Equipamentos
Acessórios
Resultados Obtidos
Evolução da Classificação das Ocorrências
(Excluídos atendimentos p/ equipamentos em comodato)
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2003
2004
2005
Erro de Operação
6%
2%
1%
Desgaste Natural
24%
8%
3%
Não Conformidade
7%
7%
5%
Componente Defeituoso
15%
28%
54%
Mau Uso
48%
55%
37%
Dificuldades
e
Oportunidades de Melhoria
Dificuldades
• Pequena disponibilidade de recursos
próprios para investimento na substituição
de equipamentos
• Planejamento para incorporação e
substituição de equipamentos com “prazo
de validade”: 4 anos
• Treinamento fortemente vinculado ao
processo de instalação dos equipamentos.
Oportunidades de Melhoria
• Obter melhores informações
• Articulação com Comissões de Residência
para Programas Permanentes de
Treinamento
• Aprimorar metodologia para investigação de
eventos adversos
• Responsabilização: elevado número de
ocorrências por má utilização (falta de zelo).
Obrigado
pela
Atenção
Luís Roberto R. Leite
[email protected]
Download

Apresentação