DEZEMBRO 2012 FIDELIS ET CONSTANS ANO 14 - Nº 156 PUBLICADO COM APOIO DO INSTITUTO CIÊNCIA E FÉ E INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR www.cienciaefe.org.br NATAL, ALEGRIA JOÃO BATISTA LIBÂNIO| PÁG. 8 ESTADO LAICO NÃO É ESTADO ATEU IVES GANDRA DA SILVA MARTINS | PÁG. 3 VOCÊ SALVOU MEU FILHO PAULO BRIGUET| PÁG. 2 O EMBLEMÁTICO “ANO NOVO” EDMILSON FABBRI| PÁG. 9 O PECADO ORIGINAL SONIA LYRA| PÁG. 13 O CÂNTICO DAS CRIATURAS ORLANDO ANTÔNIO BERNARDI | PÁG. 4 UNIVERSIDADE | DEZEMBRO 2012 | 1 VOCÊ SALVOU MEU FILHO Paulo Briguet é jornalista e colunista do Jornal de Londrina Desde a infância, sempre me assusto um pouco quando o padre diz: “Corações ao alto!” Menino, eu imaginava milhares de corações subindo ao céu, como balões de aniversário. Até hoje, ao escutar a frase na missa, não consigo evitar a mesma imagem infantil, repleta de medo e esperança. Lembro que numa festinha de aniversário resolvi fazer o teste: soltei o meu balão verde para que sumisse nas alturas. Ele foi ficando menor, menor, menor – até se tornar um minúsculo ponto escuro e ser engolido pela imensidão azul. Eu não sabia, mas o desaparecimento do balão era o meu primeiro contato com a morte. Pensei naquele balão perdido ao ver a notícia sobre Bernardo, o menino de 3 anos que morreu afogado na piscina de uma escola em São Paulo. Em entrevista, o pai de Bernardo disse: “Eu morri, assim, eu morri. Esse menino era um menino de ouro. Era inteligente, amoroso, carinhoso, nunca teve nenhum problema de saúde. Ele chamava a mãe de linda. Dizia-me que queria ser como eu. Pra gente é o fim, é o fim. Não sei como vou continuar vivendo”. Li essas palavras lancinantes e mais uma vez vi as fotos de Bernardo, tão parecido com o menino que temos em casa. Senti meu coração ficar minúsculo, dei um abraço em meu filho e imaginei o coraçãozinho de Bernardo subindo ao céu. Mauro Beting, filho do jornalista Joelmir Beting, disse em carta que o pai começou a ir para o céu quando o Palmeiras foi definitivamente rebaixado para o inferno da Segunda Divisão. Joelmir era um palmei- Ilustração/fotomontagem: Jubal S. Dohms PAULO BRIGUET rense tão fanático que trocou o jornalismo esportivo pelo econômico para poder amar livremente o seu time do coração. O filho de Joelmir encerra sua carta de despedida citando um dos maiores craques palmeirenses: “Joelmir José Beting foi encontrar o Pai da Bola Waldemar Fiume nesta quinta-feira, 0h55”. O balão de Joelmir era Nilson Monteiro, escritor e jornalista (foto Nani Goes ALEP) verde – e a sua morte também deixou o meu coração pequeno. Nilson Monteiro era estudante de Jornalismo e presidente do DCE nos anos 70, quando José Richa foi prefeito de Londrina. Ambos tiveram muitos embates públicos por causa do transporte coletivo. Nilson, o líder estudantil, atuava como defensor intransigente do passe livre de ônibus para os universitários. Eram tempos de debates acalorados e agressivos; diversas vezes o líder estudantil e o prefeito brigaram publicamente. Nilson é pequeno, mas tem um coração gigantesco. Nos anos 80, o jornalista e poeta passava férias em Camboriú quando viu um aglomerado de pessoas e um menino caído na calçada. O endereço ficou na memória: Avenida Atlântica, número 1.500. Nilson abriu caminho entre as pessoas. Pelas convulsões, deduziu que o garoto estava sofrendo um ataque de hipoglicemia. “Me deem uma garrafa de Coca-Cola!” “Mas o rapaz é diabético, você vai dar Coca-Cola pra ele?” “Sei o que estou fazendo. Também sou diabético”. Assim que o garoto bebeu o refrigerante, as convulsões terminaram. Minutos depois, o pai do menino apareceu e veio conversar com o jornalista. Era José Richa, o ex-prefeito de Londrina. “Obrigado, você salvou meu filho”, disse Richa, emocionado. E deu um forte abraço no ex-desafeto político. Foram amigos até a morte de Richa, em dezembro de 2003. Não sei por que me vieram à mente essas histórias. O que há em comum entre o balão verde perdido, o menino Bernardo, Joelmir Beting, Nilson Monteiro e José Richa? Talvez a imagem que me persegue desde a infância: “Corações ao alto”. Transcrito da Gazeta do Povo 02.12. 2012 EDIÇÃO 156 - ANO 14 - DEZEMBRO 2012 - Editado por Editora Alma Mater Ltda. (41) 3243.2530 - [email protected] / Editor e Diretor de Arte: Jubal S. Dohms - [email protected] / Produção: Dohms Comunicação (41) 3023.2052 / Jornalista responsável: Aroldo Murá G. Haygert - [email protected] / Colaboram nesta edição: Antonio Carlos Coelho, Edmilson Fabbri, Ives Gandra da Silva Martins, João Batista Athanásio, João Batista Libanio, Orlando Antônio Bernardi, Paulo Briguet, Sonia Lyra Fotografias: Francisco Martins, Mauro Campos // Revisão: Agostinho Baldin // Distribuição dirigida: assinantes, comunidade universitária, profissionais liberais, religiosos e sócios do Instituto Ciência e Fé. // Capa: O Nascimento de Cristo - Sandro Botitcelli, 1500 // Impresso no parque gráfico do jornal I&C 2 | DEZEMBRO 2012 | UNIVERSIDADE DEUS SEJA LOUVADO BUDA SEJA LOUVADO ALÁ SEJA LOUVADO OXALÁ SEJA LOUVADO ZEUS SEJA LOUVADO SHIVA, VISHNU E KRISHNA SEJAM LOUVADOS DEUS NÃO EXISTE ESTADO LAICO NÃO É ESTADO ATEU IVES GANDRA DA SILVA MARTINS Ives Gandra da Silva Martins, 77, advogado, é professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e EstadoMaior do Exército e da Escola Superior de Guerra No “Consultor Jurídico”, leio artigo de Lenio Streck, eminente constitucionalista gaúcho. Ele, até com certa ironia e um misto de humor britânico e local, destrói todos os argumentos da pretensão de membro do Ministério Público que impôs ao Banco Central 20 dias para retirar das cédulas do real a expressão “Deus seja louvado”. Concordo com todos seus argumentos. Lembro que o referido procurador deveria também sugerir aos constituintes derivados, que são todos os parlamentares brasileiros (513 deputados e 81 senadores), que retirassem do preâmbulo da Constituição a expressão “nós, os representantes do povo brasileiro, sob a proteção de Deus, promulgamos esta Constituição”. Creio, todavia, que por ser preâmbulo da lei suprema, é imodificável. Terá o probo representante do parquê de suportar a referência ao Senhor. Aliás, é bom lembrar que, sob a proteção de Deus, a Constituição promulgada permitiu que, pelos artigos 127 a 132, tivesse o Ministério Público as relevantes funções que recebeu e que ensejaram ao digno procurador ingressar com a ação anticlerical. Tem-se confundido Estado laico com Estado ateu. Estado laico é aquele em que as instituições religiosas e políticas estão separadas, mas não é um Estado em que só quem não tem religião tem o direito de se manifestar. Não é um Estado em que qualquer manifestação religiosa deva ser combatida, para não ferir suscetibilidades de quem não acredita em Deus. Há algum tempo, a Folha publicou pesquisa mostrando que a esmagadora maioria da população brasileira, mesmo daquela que não tem religião, diz acreditar em Deus, sendo muito pequeno o número dos que negam sua existência. Na concepção dos que entendem que num Estado laico, sinônimo para eles de Estado ateu, só os que não acreditam no criador é que podem definir as regras de convivência, proibindo qualquer manifestação contrária ao seu ateísmo ou agnosticismo. Isso seria uma autêntica ditadura da minoria contra a vontade da esmagadora maioria da população. Deveria, inclusive, por coerência, o procurador mencionado pedir a supressão de todos os feriados religiosos, a partir do maior deles, o Natal. Deveria pedir a mudança de todos os nomes de cidades que têm santos como patronos e destruir todos os símbolos que lembrassem qualquer invocação religiosa, como uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor, para não criar constrangimentos à minoria que não acredita em Deus. O que me preocupa nesta onda do “politicamente correto” é a revisão que se pretende fazer de todo o passado de nossa civilização, desde livros de Monteiro Lobato às epístolas de São Paulo - não ficando imunes filósofos como Aristóteles, Platão ou Sócrates, que elogiavam uma democracia elitista servida por escravos. Talvez o presidente Sarney tenha resumido com propriedade a ação do eminente membro do parquê ao dizer que, com tantos problemas que deve a instituição enfrentar, deveria ter mais o que fazer. A moeda padrão do mundo, que é o dólar, tem como inscrição “In God We Trust”. A diferença é que os americanos confiam em Deus e na sua moeda - nós “louvamos a Deus” na esperança de que também possamos confiar na nossa. Transcrito da Folha de São Paulo de 26.11.2012 UNIVERSIDADE | DEZEMBRO 2012 | 3 Este artigo encerra a série iniciada em edições anteriores, com “Francisco de Assis” publicada no número 153, em agosto, e “A Escola Franciscana”, no número 154, em setembro - ambas disponíveis no site www. cienciaefe.org.br. Orlando Bernardi é autor de “Francisco de Assis: Um Caminho Para a Educação”, publicado pela Editora Universitária São Francisco/IFAN. Utilize seu celular e conheça mais sobre esse atrativo. FILOSOFIA FRANCISCANA 3 - O CÂNTICO DAS CRIATURAS ORLANDO BERNARDI O franciscano Antônio Merino afirma que “Francisco conseguiu o difícil ideal de deslocar o eu, como centro de gravidade e de referência, e de colocar em seu lugar outros centros referenciais aos quais, em todo momento, se remetia e com os quais sempre contava”. Um desses centros referenciais são as criaturas de nosso mundo. A atitude de Francisco frente a essas realidades criadas é poética e mística. É poética enquanto fruto de uma incontida emoção de admiração, êxtase e encantamento que seres tão simples, tão belos e tão bons lhe comovem a alma. É mística porque as mesmas criaturas lhe revelam e falam de um mistério que nelas se esconde e ao mesmo tempo desvelam: o Deus bondoso e amoroso que as sustenta. Sente-se, então, como em casa, cercado de tantas e tão variegadas criaturas. Por estar tão próximo e por vê-las, às vezes, tão desprotegidas e necessitadas, mas ao mesmo tempo tão alegres e contentes, as contempla como sinais de Deus que é Pai. Une-se a elas com sentimentos de amizade e de ternura como irmão de todas e, CURSO DE FILOSOFIA DA FAE Com bases cristãs e franciscanas, o curso de filosofia da FAE Centro Universitário procura oferecer uma formação sólida, exercitando o pensamento e a consciência crítica, desenvolvimento uma visão integral do ser humano construtor do mundo e da histórica. por isso, as vê e as quer como irmãs suas. As legendas, por sua vez, nos transmitem muitas palavras suas e episódios em que o Poverello aparece em intimidade com elas. Há o episódio em que ele adverte o irmão hortelão para que deixe um cantinho de sua horta onde as ervas daninhas pudessem sobreviver. Ou aquele outro ainda em que, extasiado diante da simplicidade e da beleza das flores, as convida para que entoem hinos de ação de graças ao Criador. Não se quer esquecer, de modo algum, o episódio do lobo de Gúbio, ou a fala aos passarinhos e aos peixes. Por um lado, é dentro dessa mundividência que se apresenta o célebre cântico das criaturas. Diz-se de um lado, porque nele se decanta a beleza e a grandiosidade do sol, da lua, das estrelas, etc., mas por outro nada se diz do momento de profundo sofrimento em que se origina esse cântico. Francisco encontra-se prostrado sofrendo por causa de doenças a ponto de desejar a morte. Pois, foi nesse mo- Frei Orlando Antônio Bernardi Doutor em Teologia sistemática. Tradutor e pesquisador das fontes e escritos franciscanos junto ao curso de filosofia da FAE Centro Universitário. Oferece dupla modalidade: - Licenciatura: formação teórico-prática para inserção profissional na docência; - Bacharelado: ênfase na pesquisa. O curso atende as necessidades da formação para funções religiosas e pastorais. Duração: 3 anos Período: noturno Condições de pagamento especiais para religiosos Informações: 41 2105-5113 www.saoboaventura.edu.br mento que descobriu que o plano de Deus a seu respeito é o mais grandioso possível: sua libertação total. Naquela manhã chama um de seus irmãos e lhe pede que escreva o canto que acabara de compor: “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas...” A partir desse momento Francisco se torna a expressão alegre do ser humano reconciliado consigo, com Deus e com o mundo criado. Nesse cântico não se percebe apenas uma visão da criação, mas nele se concentra de forma sintética como o Poverello se posicionava diante de Deus, do mundo, do ser humano e da própria morte a ponto de se poder reconstituir sua personalidade. De fato, evoca-se nele um conjunto de presenças, todas distintas, necessárias e respeitadas, porém todas da mesma forma cantadas e amadas. Tem-se aqui uma visão cósmica única, expressa numa linguagem dialetal em que sobressaem ainda mais a intimidade, a grandeza e a generosidade de alguém que nascivamente se abre para o simples e o belo. O sol, a lua, as estrelas, a água e o fogo se prestam para transmitir uma visão grandiosa de um homem simples que sabia ver, ouvir e cantar. O que ele mais queria é que outros seres humanos, homens e mulheres, como ele soubessem ouvir e cantar as belezas da vida e do mundo. Tudo isso, os mestres, filósofos e teólogos franciscanos , através de suas investigações e reflexões tentaram traduzir em categorias filosófico-teológicas. Test Drive de Veículo Elétrico Vivencie a experiência de dirigir o carro elétrico do futuro. Experimente a sensação de dirigir um veículo elétrico silencioso e não poluente na maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia. 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(Conclusão) JOÃO BATISTA ATHANÁSIO Este artigo, feito para participação no Grupo de Estudos do Instituto Ciência e Fé para os primeiros debates em torno da mobilidade religiosa brasileira, por João Batista Athanásio, teve publicadas as duas primeiras partes nas edições anteriores, 154/out e 155/nov e estão disponíveis em www.cienciaefe.org.br. O título foi a pergunta proposta aos estudiosos e especialistas para o encontro que aconteceu no dia 01.10.2012, no Instituto Salette, em Curitiba-PR. 4. A migração interna do Cristianismo não é exclusividade brasileira Há apenas 17 mil padres no Brasil. Boff opina que teriam de ser uns 120 mil. Então, as igrejas pentecostais ocupam esse vazio. O povo, então também vai ao centro espírita e à ma-cumba. Elas dão o que o povão busca. Evitam o que ele não quer: os dogmas. Contudo, o fenômeno de migração interna do Cristianismo não é exclusividade brasileira. Na Europa, também os que estudaram estão migrando. Na Alemanha, por exemplo, as maiores perdas ocorreram nas igrejas protestantes, graças à política ateísta da antiga Alemanha Oriental. Mas, desde a queda do Comunismo, a Igreja Protestante continua a perder membros. Os “sem religião” vêm crescendo. Em Hamburgo acontece o mesmo. 4.1. As igrejas evangélicas também sofrem com a migração interna Em suma: porque, segundo o último senso são constituídas, em média, duas mil Igrejas evangélicas por mês no Brasil, segundo informam os Cartórios de Registros de Títulos e Documentos. É possível imaginar que muitos abrem igrejolas em garagens, em lugares que eram bares, mercearias e lojinhas, sem fazer estatutos, atas de fundação, sem alvarás municipais e, portanto, sem a inscrição federal (CNPJ). Tanto que, nas periferias das capitais é notório encontrar uma igreja por quadra em média. Leonildo Silveira Campos6 comenta a diminuição 6 | DEZEMBRO 2012 | UNIVERSIDADE de fiéis da Igreja Universal (IURD), e o futuro das igrejas mediante o surgimento e fortalecimento das mídias digitais, que permite cultos e práticas religiosas possam ser realizadas cada vez mais pela internet. Diz que nos últimos dez anos a IURD perdeu 10% de seus membros, graças à própria competitividade interna no pentecostalismo. Embora a experiência com o Espírito Santo deva ser um fator de unidade, ao que tudo indica, o fator financeiro e social influencia sobremaneira os fiéis na escolha da igreja que devem frequentar. É notável como os pobres são os mais suscetíveis às pregações dos milagres e prodígios. Então, Igrejas como a Mundial (um dos clones da IURD, fundada pelo ex-bispo da Universal, Valdemiro Santiago), a do Evangelho Quadrangular e a Deus é Amor levam vantagem. Este quadro, afinal, resulta em grande parte da globalização, do pluralismo e da diversidade das religiões. 4.2. “Uma igreja em cada quadra” Eis um fato concreto e emblemático: um pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular se queixa da evasão de membros dizendo que há muita igreja por perto! Há vinte anos, contava umas seis igrejas entre a sua casa e a Igreja que dirige, a qual fica a seis quadras. Hoje, no mesmo espaço existem TRINTA E DUAS IGREJAS, entre as quais uma só é Católica. 4.3. Os pastores que perdem membros Os pastores que estão em ação há mais tempo fazem parte do mesmo coro e acrescentam: o mundo evangélico tem sido vítima de epidemias, que são as inovações que surgem de repente e logo se alastram impiedosamente, deixando as sequelas. Ondas de modismos absurdos, principalmente na área da música, que consideram estridentes e sem sentido. O sacolejar dos irmãos ante essas músicas que provocam o movimento corporal tem se tornado comum até mesmo em algumas senhoras veneráveis que antes mal podiam sentar-se nos bancos queixando-se do reumatismo7. Enfim, para os pastores que perdem membros, o motivo é que a igreja acolheu inovações mundanas sem restrições. Alegam que São constituídas, em média, duas mil Igrejas evangélicas por mês no Brasil João Batista Athanásio Professor nas áreas de Filosofia, Psicologia e Direito. Advogado. as igrejas que atraem seus membros tornaram-se circos, teatros ou cinemas cheios de atrações; que em momento algum os profetas, os apóstolos e o próprio Cristo tenham dado margem nos ensinando a que usássemos de artifícios mundanos para atrair pessoas à sua casa de oração. Cristo é suficiente! 4.4. Os pastores que “ganham” membros E os que “fazem sucesso” se justificam: perdiam membros por obedecerem às tradições. Portanto, para encherem suas igrejas – “dois ou três reunidos” (MT 18, 20) não rende. Dois ou três mil é bem melhor! Não dá para ser conservador, radical, intransigente. O povo procura acolhimento, simpatia, milagres de cura e de prosperidade, nesta ordem. Reggie Joiner8 corrobora com os inovadores com o seguinte argumento: Todo movimento espiritual da história começou porque alguém estava disposto a aproveitar a oportunidade. Eram homens e mulheres que ousaram “repensar” o que eles acreditavam e o que eles eram realmente responsáveis por fazer em nome da igreja. Dois mil anos atrás, o apóstolo Paulo rejeitou a noção de que os Cristãos tinham que preservar as tradições da fé judaica a fim de estabelecer a igreja. Como resultado, congregações se espalharam pelo Império Romano e pelo Mundo Gentio. E continua sua incursão pela História, com Martinho Lutero, que ficou face a face com o conceito de ser “justificado pela fé” e promoveu a Reforma Protestante; e, mais recentemente, homens como Bill Hybels têm desafiado igrejas tradicionais no seu modo de fazer discípulos e atingir suas comunidades. Defende uma reengenharia nas agendas eclesiais. Para ele, o verdadeiro líder de Deus, capaz de impactar uma geração tem estas características: é pessoa controversa, não tem medo de questionar o que é considerado sagrado; e é descompromissado com suas prioridades. acolhimento do pragmático e do mercadológico: antes da salvação eterna o povo busca a salvação das doenças e do bolso Enfim, incentiva a radical modificação de qualquer igreja. Prega o aproveitamento de toda oportunidade neste sentido, o que chama de Laboratório para Repensar. Conclusão Os motivos para a perda de membros da Igreja Católica e das protestantes tradicionais apontados: tradicionalismos, radicalismos, dogmas, poucos padres e desmoralização pelas acusações de pedofilia nos últimos tempos, constituem parte de um conjunto muito maior de causas, que podem ser apontadas e examinadas sob os mais diversos aspectos. Um aspecto que merece destaque é que não só as Igrejas tradicionais estão perdendo membros, mas os próprios novos movimentos religiosos, entre os quais despontam os neopentecostais, também estão perdendo membros para eles próprios, pela migração interna incentivada pelo número descomunal de igrejas que se abrem todos os dias. Neste artigo a análise foi eminentemente à luz das estatísticas e dos fatos (Sociologia). Como se vê, não há discussão de questões teológicas, doutrinárias e filosóficas que mereçam consideração. Daí o destaque dado ao acolhimento do pragmático e do mercadológico: antes da salvação eterna o povo busca a salvação das doenças e do bolso. Por mais ousadamente reduzida, que seja, certamente, esta é a causa por excelência da perda de membros das igrejas tradicionais. 6 Professor titular da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp -, concedeu uma entrevista ao IHU (Instituto Humanitas Unisinos). 7 Pr. José Vasconcelos, da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Ipsep. In http:// ipfi.blogspot.com.br/. 8 Diretor Executivo do Ministério de Família da Igreja de North Point localizada em Alpharetta, GA., Fundador do Grupo de Repensagem. www.reThinkLabs.org. UNIVERSIDADE | DEZEMBRO 2012 | 7 NATAL JOÃO BATISTA LIBÂNIO No Natal trava-se a batalha entre dois imaginários sociais. De mais longe, vem o significado cristão, profundo, religioso do nascimento de Jesus. Todos conhecemos a origem. Cai no solstício de inverno dos países do hemisfério Norte. Desde o Imperador Aureliano (séc. III), celebrava-se nesse dia o Natal do Sol Invicto, festa mitríaca do renascimento do sol. A Igreja de Roma transpõe-na então para o nascimento do Verdadeiro Sol da Justiça, Jesus Cristo a partir do IV século. Nos países cristãos, a festa conservou enorme pureza e significado, embelezando a noite das crianças. A tradição do presépio engalanou-a com símbolos religiosos. A apresentação artística do nascimento de Jesus com 8 | DEZEMBRO 2012 | UNIVERSIDADE Maria e José, cercado de anjos, Reis Magos, pastores e animais, em gruta singela, povoou o inconsciente das crianças e ficou como camada subterrânea no imaginário adulto. Vinculou-se a ela a figura de São Francisco de Assis como iniciador no século XIII da representação do Nascimento de Jesus. Na forma em que hoje conhecemos o presépio, ele é bem mais tardio, remontando ao século XVI. São muitos séculos de piedade, de religiosidade que se consubstanciaram nessa festa. Sempre houve o invólucro da ceia de Natal, mas ela se cercava de símbolos religiosos, de orações, de cânticos próprios, antes prolongando a sacralidade da festa que a rompendo. Aos poucos, o capitalismo desbragado na forma de sociedade de consumo começou a tocar-lhe o coração e transformá-lo em mercadoria. Os sinais religiosos conservam a materialidade visível, o significante, mas perderam o significado para se mercantilizarem. Vende-se a festa de Natal em todos os pormenores. Ela é arrancada da celebração litúrgica de tal modo que pode ser celebrada sem nenhuma referência ao evento fundador. Na prática, vivem-se três situações diferenciadas. Em alguns lugares, predomina ainda a dimensão religiosa. Os mosteiros, comunidades cristãs fervorosas põem o acento na celebração eucarística da meia noite, mesmo que, por razões práticas, o horário vem sendo relativizado. Há lugares do Brasil que a violência urbana impede as pessoas saírem tarde da noite para a celebração. Antecipam-na. Outros jogam com o 50%. Conservam a festa religiosa, mas em proporção igual se munem com os acréscimos seculares de presentes, de consumismo exagerado dos bens natalinos. Nos EUA, a venda de peru cresce enormemente como o prato típico do tempo natalino. As granjas se orientam para tal. Hoje é a forma mais comum de celebrá-lo. Os aparatos externos consumistas tendem a crescer, mas ainda se respeita o imaginário religioso de séculos. Famílias de boa tradição cristã não abandonam a celebração litúrgica, antes de iniciarem as co- milanças, bebedeiras e presentes. Paga-se já tributo considerável ao consumismo. A vitória completa da sociedade secularizada acontece pela redução do Natal à categoria de simples feriado civil. E o lazer ocupa totalmente o espaço disponível. Vincula-se tal evento com o costume de mútuo presentear-se, sem dar-se conta do significado simbólico primigênio. O presente vale pelo presente, pela embalagem, pelo valor material, pelo gozo do consumo. Nada a ver com o grande Presente do Pai na pessoa de Jesus. É o fim do Natal religioso. Em luta desigual com o afã consumista da sociedade atual, resta-nos conservar a tradição religiosa pelas vias de que dispomos: catequese desde a família, valorização da celebração litúrgica, educação cultural da simbologia religiosa natalina. A religião faz parte da cultura e é-lhe o coração. Tal vinculação permite que ambas se conservem. Feliz Natal! Transcrito de www.jblibanio.com.br O EMBLEMÁTICO “ANO NOVO” EDMILSON FABBRI J. B. Libanio Padre jesuíta, escritor e teólogo. Ensina na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), em Belo Horizonte, e é vice-pároco em Vespasiano Vespasiano Sempre me chamou a atenção a esperança depositada pelas pessoas em um “ano novo”. Que força é essa que as move, e é claro, me incluo entre elas, que as fazem acreditar, muitas vezes em mudanças radicais, baseadas, única e exclusivamente na chegada de um ano novo. “Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso saúde pra dar e vender” Eu diria que é o verdadeiro cântico dos cânticos, e quem de nós já não o cantou? Com que força e vontade proferimos cada palavra desse canto? Na frieza da racionalidade poderiam questionar, mas, o que muda? Saímos do dia 31 de dezembro e entramos no dia 01 de janeiro, como saímos do final dos outros meses entrando nos subsequentes. Eis aí o mistério da fé. A força da crença, duvidar, quem há de? Esse é um momento mágico de sintonia do homem com o universo, quando ao colocar todas as suas esperanças nas mais impossíveis causas, emana toda a positividade de seu do pensamento, fazendo-o ecoar para além das galáxias, estrelas , astros , entrando numa simbiose perfeita entre o querer e o poder. Quer com tanta força e determinação que praticamente atrai para si, justificando o ditado que diz “palavras têm poder”. Parar de fumar, encontrar o grande amor, ou pelo menos o amor (pois o amor já é grande em si mesmo), sempre considerei pleonasmo a expressão grande amor, pois se tudo é amor e esse é o sentimento que redime, que liberta, então, já é grande por si só, comprar a casa própria, trocar de carro, passar no vestibular, livrar-se de uma doença, mudar de trabalho, emagrecer (que na minha opinião representa fazer as pazes consigo mesmo), perdoar alguém, reencontrar alguém, ufa!, o que um ano novo pode trazer… Os céticos com seus questionamentos, e aqui não vai desrespeito nenhum às suas maneiras de pensar, fazem com que a vida perca muito do seu colorido, pois as cores estão ligadas aos sonhos, e a nossa capacidade de sonhar nos dá asas, permite-nos voar alto, muito longe, junto às estrelas, por isso os sonhadores se renovam na mudança de um novo ano, não estão preocupados com o que não aconteceu neste ano que se finda, para além disso, estão muito mais envolvidos com as novas possibilidades vislumbradas no ano novo. Então vamos lá, pular sete ondas, comer sete uvas, fazer três pedidos com três goles de champagne (valem também as sidras) não importa a maneira emblemática que você acredite, faça-a e perpetue a magia, a beleza e a graça de um ano novo. Dr. Edmilson Fabbri clínico e cirurgião geral, dirige a Stressclin - Clínica de Prevenção e Tratamento do Stress, é um dos diretores do Instituto Ciência e Fé. [email protected] (www.stressclin.med.br) Feliz Natal , feliz ano novo! UNIVERSIDADE | DEZEMBRO 2012 | 9 UM JUDEU NO VATICANO (Conclusão) ANTONIO CARLOS COELHO Neste artigo, que teve as partes I e II publicadas no números anteriores, o professor Antonio Carlos Coelho aborda a participação do cardeal Johannes Oesterreicher na elaboração do principal documento da Igreja que estabelece as relações entre católicos e judeus, o Nostra Aetate. Não haveria nada de novidade, se o referido cardeal não fosse um judeu convertido ao cristianismo e não tivesse o papel que teve nas relações entre a Igreja e o Judaísmo. Antonio Carlos Coelho é professor universitário, escritor, colaborador do jornal Visão Judaica, e diretor do Instituto Ciência e Fé. [email protected] 10 | João XXIII foi sucedido pelo Cardeal Giovanni Maria Montini, que escolheu o nome Paulo VI para ocupar a Sé de Pedro. A ele coube a continuidade da condução do Concílio Vaticano II. Apesar de ter mantido o mesmo espírito de aggiornamento10 iniciado pelo seu antecessor, não guardou o mesmo carisma e simpatia às relações da Igreja com o judaísmo. Quando Concílio se encaminhava para sua conclusão manifestou falta de sensibilidade na sua pregação em relação aos judeus. Exatamente, quando tradicionalmente a Igreja salientava em suas pregações e na liturgia a não aceitação, por parte dos judeus a Jesus - Paulo VI, esqueceu o zelo de João XXIII. Na sua pregação do primeiro domingo da Paixão – 4 de abril de 1965, disse: “Ora ló spirito e Il cuore di tutti sono chiamati a meditare alquanto, e in raccoglimento, Il brano Del santo Vangelo teste letto”. “È uma pagina grave e triste. Narra, infatti, lo scontro fra Gesù e Il popolo ebraico. Quel popolo, predestinato a ricevere Il Messia, che Lo aspettava da migliaia di anni ed era completamente assorto in questa speranza e in questa certezza, al momento giusto, quando, cioè, Il Cristo viene, parla e si manifesta, non solo non lo riconosce, ma ló combate, ló calunnia ed ingiuria; e, infine, lo ucciderà” (Osservatore Romano de 7 de abril de 1965) “Agora, o espírito e o coração de todos são chamados a meditar um pouco, e em oração, do som do Santo Evangelho”. DEZEMBRO 2012 | UNIVERSIDADE Cardeal Johannes Oesterreicher Cardeal Bea confere com o rabino Abraham Joshua Heschel o texto do documento no Concílio Ecumênico Vaticano II Fotos: reprodução “É uma página séria e triste. Narra, de fato, o confronto entre Jesus e os judeus. Pessoas destinadas a receber o Messias, que o esperavam há milhares de anos e que estavam completamente absorvidas por essa esperança e essa certeza, e, no momento exato, isto é, quando Cristo estava presente, quando falou e se manifestou, (elas) não só não o reconheceram, mas o combateram, o calúniaram, o injuriaram e, finalmente, o mataram.” (tradução livre) As palavras de Paulo VI soaram como uma bomba no ambiente hebraico. O trabalho de João XXIII parecia ser coisa do passado. Era como se o antigo sentimento antijudaico, aquele que atribuía aos judeus a responsabilidade pela morte de Jesus (deicídio) retornasse com a mesma força dos séculos anteriores. Jornais israelenses consideraram ser o Papa um antissemita. O gran-rabino de Roma manifestou em telegrama enviado ao Secretário de Estado do Vaticano o sentimento de “penosa surpresa” da comunidade hebraica diante das palavras do Papa. Num comunicado lido em Nova York, em 28 de abril de 1965, o Cardeal Bea afirma que se o Papa tivesse sido orientado por estudiosos não teria feito a pregação que fez naquele domingo da quaresma de 196511. Em 30 de abril, o Jerusalem Post publicou uma nota intitulada “O Papa deplora a acusação feita aos judeus”. O texto da nota traz, também, um pedido de desculpas do Papa ao povo judeu. Fato é que, o que Paulo VI disse já estava dito. Refletia o sentimento secular da Igreja em relação aos judeus, como também, traduzia a dificuldade que Paulo VI tinha em aceitar o caminho aberto pelo Concílio e João XXIII para a aproximação com o povo de Israel. Na visita que Paulo VI fez a Israel, apesar de ter sido recebido e acolhido pelo governo, não fez nenhuma menção ao Estado de Israel. E, após seu retorno, agradeceu a acolhida, por telegrama, ao Senhor Zalman Shazar, e não ao presidente de Israel. Com espírito de “boa vontade” poderia dizer que Paulo VI agiu desta forma motivado pela situação política entre árabes e israelenses, que não queria dar uma dimensão política nas relações entre a Igreja, o povo judeu e o Estado de Israel. Todavia, a realidade era outra. Paulo VI, apesar de ter dado continuidade ao Concílio e mantido o espírito do “aggiornamento”, não estava convencido da necessidade de se fazer uma reabilitação das relações com Israel e o povo judeu. A Paulo VI faltava a sensibilidade e a amizade que abundava em João XXIII, João Paulo II e Bento XVI em relação aos judeus. Não obstante aos tropeços diplomáticos e de sensibilidade de Paulo VI, em outubro de 1965 o Concílio terminou, sendo Acima: Cardeal Bea confere com o rabino Abraham Joshua Heschel o texto do documento no Concílio Ecumênico Vaticano II Mais do que um grande passo para a aproximação aos irmãos mais velhos – os judeus – foi para a Igreja uma reconciliação com sua história e sua teologia. À direita: Papa Paulo VI 10 Aggiornamento – termo usado por João XXIII para definir a adaptação e a nova apresentação dos princípios católicos ao mundo atual e moderno, sendo o objetivo fundamental do Concílio Vaticano II. 11 Il Concilio Vaticano II: quarto período, 1965, p. 287, Ed “La Civiltà Cattolica”, Roma, 1968. publicado o mais importante documento da Igreja em relação ao povo de Israel, o “Nostra Aetate”. Não se tem dúvidas quanto ao valor do seu conteúdo. Representa um esforço gigantesco de superação de uma mentalidade antissemita que perdurou do nascimento do cristianismo aos horrores de Auschwitz. Seu conteúdo recupera uma história perdida e contraditória à moral e a caridade expressa nos Evangelhos. Reconhece a origem cristã no berço e no espírito judaico. Mais do que um grande passo para a aproximação aos irmãos mais velhos – os judeus – foi para a Igreja uma reconciliação com sua história e sua teologia. Não seria mais suportável manter-se na sombra do pecado da segregação religiosa e étnica, da inquisição, dos pogroms e da Shoá. O Nostra Aetate talvez não contemple muito do que aqueles que batalharam décadas para transformar a Igreja desejavam. Mas os nomes de Cardeal Oesterreich, do Cardeal Agostinho Bea, do próprio Papa João XXIII, da Congregação de Nossa Senhora de Sion e outras tantas pessoas devem ser lembradas como grandes batalhadoras para essa transformação na Igreja Católica. Artigo publicado nas edições de ago/set/out 2012 de Visão Judaica - Prossegue na próxima edição. O PECADO ORIGINAL SONIA LYRA UNIVERSIDADE | DEZEMBRO 2012 |11 Ilustração: reprodução com intervenção O PECADO ORIGINAL SONIA LYRA Em Assim falou Zaratustra, Nietzsche diz que nosso único pecado é que nos alegramos pouco demais. “Desde que os homens existem, sempre o homem se alegrou pouco demais: é somente este, meus irmãos, o nosso pecado original” (1983, p. 102). Para uma autora de peso, como Hildegard de Bingen, (de quem falamos no artigo Espiritualidade e Saúde) a essência da ascese, isto é, da disciplina é poder alegrar-se sempre. Disciplina vem do latim discapere e significa tomar nas próprias mãos, moldar pessoalmente. Por exemplo, se alguém engole um pedaço de bolo com avidez, sem saboreá-lo, não poderá alegrar-se; ficará apenas chateado por ter ingerido calorias ou porque comeu demais. Quem saboreia, ficará com o gosto daquela alegria, ainda por muito tempo em sua boca. Hazrat Inayat, um mestre Sufi, diz: Deve-se renunciar à cobiça, mas não à alegria. A cobiça chega acompanhada de dor, dissabor e ira. É uma espécie de prazer falso, uma paixão da alma. Rilke por sua vez, exorta: Nunca esqueça, a vida é uma maravilha! Ele não está se referindo a alguma qualidade particular da vida, como o sucesso, o amor, à saúde ou à juventude. Está falando da vida Sonia Regina Lyra, Psicóloga, Analista Junguiana, mestre em Filosofia (PUCPR) e doutora em Ciências da Religião (PUCSP); presidente do Ichthys Instituto de Psicologia e Religião. [email protected] (41) 9990-0575 Instituições de Ensino: PUC-PR, em todos os campi; UFPR, Departamento de Genética; Universidade Positivo; UNIFAE; Studium Theologicum; Faculdades Espírita; Faculdades do grupo UNINTER (FACINTER, FATEC, IBPEX, INFOCO); Faculdade Evangélica do Paraná, curso de Teologia; Universidade Tuiuti; Colégio Nossa Senhora Medianeira; Colégio Bagozzi, Curso de Filosofia dos Padres Xaverianos; FAVI e Ichthys Instituto de Psicologia e Religião, cursos de Pós-graduação Psicologia e Religião e Psicologia Analítica e Religião Oriental e Ocidental; Faculdades ESEI (prof. Eliseu). com seus altos e baixos, com seus lados de luz e sombra, com todos os matizes da alegria e da dor: é uma maravilha! O Salmo diz: Põe tua alegria em Yahweh e ele realizará os desejos do teu coração (Salmo 37,4). A alegria é um estado da alma, que pode vir ou não acompanhada da diversão no sentido como a entendemos hoje. Quem corre de uma diversão para a outra, torna-se incapaz para a alegria diz a escritora austríaca Marie von Ebner-Eschenbach. Diversão pode causar doença, vício, porque a pessoa se torna insaciável. A alegria não. A invenção da indústria da diversão tenta levar as pessoas para experiências extraordinárias, mas a verdadeira alegria, não pode ser produzida, nem induzida artificialmente. Ela acontece quando se vive inteiramente o momento presente. É o que Abraham Maslow chama de experiência de cume. Um nascer do sol, ou a vista maravilhosa de uma paisagem qualquer indicam que precisamos apenas estar de “olhos abertos”, despertos, para que a experiência da alegria aconteça. São João Crisóstomo disse que Deus deixou para os seres humanos algumas coisas do paraíso: as estrelas do céu, as flores do campo e os Paróquias e Igrejas: São Francisco de Paula; São João Batista Precursor; Santo Antonio Maria Claret; N. S. de Salette; do Espírito Santo; Igreja da Ordem; Sagrado Coração Pinheirinho (Igreja Preta), Santíssimo Sacramento (pe. João Carlos Veloso), Paróquia São Marcos - Barreirinha, Pilarzinho (seminarista Leandro); Paróquia de Santo Agostinho, Ahu (com Suzy, pastoral da Liturgia), em Curitiba; São Pedro e N. S. Perpétuo Socorro, em São José dos Pinhais; Capela São Miguel Arcanjo, em Pinhais. Livrarias: Ave Maria, Letternet, Paulinas, Paulus, Vozes, e Chain. olhos das crianças. E Santo Tomás de Aquino completa dizendo que Crisóstomo esqueceu duas coisas: o queijo e o vinho. Crisóstomo teve que pagar com o exílio suas pregações e enaltecimentos à vida, pois anunciava Jesus Cristo com tal alegria que as pessoas se sentiam tocadas. Alegria é um pouco diferente do prazer. O prazer do queijo e do vinho se torna alegria, se saboreados devagar, intensamente. Numa noite de recepção perguntaram ao teólogo Johann Baptist Metz porque as pessoas da Baviera eram consideradas tão especiais: ele respondeu que elas têm uma alegria natural na religião, e uma alegria mística na cerveja! Claro, isso não deve valer somente para a Baviera! No entanto algo ocorre: não se pode pretender prender a alegria. Ela só pode ser desfrutada quando renunciamos à vontade de detê-la para nós ou de segurá-la. Em última análise, é uma experiência espiritual: desprender-se de si mesmo e entregar-se à Vida. Somente a pessoa que pode ir transformando seu ego (que sempre quer ter e agarrar) pode sentir autêntico prazer. Autorrenúncia aqui, é o pressuposto para o prazer autêntico, a verdadeira alegria. Vida tem a ver com fluidez, solução. A vida não é somente um problema a ser resolvido. Quando a vida flui, isso já é solução. É quando a Vida se torna um mistério inefável. Um provérbio chinês diz: Se guardo em meu coração um galhinho verde, um pássaro gorjeador virá e pousará nele e encherá nosso coração com alegria, ficamos maravilhados. Para Beethoven, em sua Nona Sinfonia, Schiller criou a “Ode a Alegria”. Ela se tornou uma música para a humanidade que ressoa em momentos de grande alegria e gratidão. Melodia e texto são uma unidade e fazem vibrar os corações. Schiller chama a alegria de uma bela filha do Elísio, uma belíssima centelha divina que as divindades colocaram no coração do homem, mas que, provém da terra dos bem-aventurados. É louvada como a mansidão que conecta as pessoas; é a alegria a grande motriz. A grande engrenagem que faz as flores brotarem inspira novas ideias e faz transbordar uma vida feliz: redimida do pecado original! D O H M S Um espaço de silêncio e encontro para você A 20 minutos de Curitiba por asfalto, doze mil metros de área verde e mata nativa é o melhor exemplo de quanto pode oferecer um local para retiros, estudos universitários, reuniões empresariais ou treinamento profissional. À sua disposição na CASA PE. REUS: bosque e paisagem de serra, lobby para eventos, moderno auditório para 100 pessoas, área aberta e cobertura, campo poliesportivo; refeitório e cozinha. Instituições de Saúde: Hospital de Clínicas da UFPR; Hospital Nossa Sra. das Graças. Outras Instituições: Biblioteca Pública do Paraná; CNBB Regional Sul II, Conferência dos Religiosos do Brasil CRB-PR. Outros Recebedores Permanentes (via correios ou malote): Lideranças do magistério em Campinas-SP (pelo Dr. Evaristo de Miranda); juízes, desembargadores, promotores de Justiça e procuradores de Justiça de Curitiba (cortesia Garante Condomínios Garantidos do Brasil); sócios e colaboradores do Instituto Ciência e Fé e assinantes. Para assinar o Jornal e recebê-lo por correio, favor enviar o pedido pela e-mail [email protected]. O custo anual é de R$ 30,00 12 | DEZEMBRO 2012 | UNIVERSIDADE Morro Anhangava, área de preservação permanente, paisagem inspiradora. Informações e reservas: (41) 8809-4144 e (41) 3243-2530 [email protected] UNIVERSIDADE | DEZEMBRO 2012 |13 www.cienciaefe.org.br Fotos: Leandro O CAMINHO ABERTO POR JESUS José Antônio Pagola ANJOS NATALINOS Anselm Grün Nesta obra Anselm Grün segue os vestígios dos anjos ao longo das narrativas do Natal no Novo Testamento, esclarecendo seu significado e os efeitos de sua ação. Nestes textos de meditação, ele nos convida a receber a alegre mensagem dos anjos de coração leve e desapegado, pois, assim como faz o autor, quem deseja deixar-se tocar pelos anjos natalinos, deve abrir-se à sua palavra. Assim, a alegria anunciada por eles também ecoará em cada um de nós. Depois de presentear o leitor brasileiro com dois clássicos do autor - Jesus, aproximação histórica e Pai-nosso, orar com o espírito de Jesus - a Vozes lança esta reflexão sobre o Evangelho de Lucas. Um livro que nasce da vontade de recuperar a Boa Notícia de Jesus para os homens e mulheres de nosso tempo. O evangelho de Lucas é, sem dúvidas, o primeiro que temos que ler para descobrir com satisfação a Jesus, o Salvador enviado por Deus. Também é o mais acessível para captar a mensagem de Jesus como Boa Notícia de um Deus compassivo, defensor dos pobres, curador dos enfermos e amigo dos pecadores. PARA ALÉM DO ESPÍRITO DO IMPÉRIO Novas perspectivas em política e religião AJoerg Rieger, Jung MoSung e Néstor Miguez Este livro, que trata do Império global, se produz como sintoma dessa mesma globalização. É uma reflexão crítica do que vivem seus autores, nutre-se da própria ambiguidade daquilo que questiona. Assim, veem o Império a partir de distintos ângulos, a partir de experiências diferentes, com formações que são dessemelhantes, em seus enfoques e alcances, embora coincidam em torno de uma necessidade compartilhada: a de pensar a vida humana “a partir de baixo”, dos lugares dos mais necessitados, da vítima do despojo e do preconceito, dos excluídos... SER UM ENTRE BILHÕES Leituras de alter-ajuda. A mística dos últimos lugares José Fernandes de Oliveira Nesta obra, Pe. Zezinho desmistifica a importância do primeiro lugar, por isso sugere a alter-ajuda. O ser humano é chamado não apenas a ajudar a si mesmo, autoajuda, mas a ajudar ao outro, alter-ajuda, sair de si para cuidar do outro. O tema alter-ajuda sai do lugar comum que já tomou os vários livros de autoajuda. O autor faz um convite a sairmos de nós mesmos em diversas situações do dia a dia, deixando assim um “espaço” para o outro. É um convite à prudência e à percepção do outro Rua Voluntários da Pátria 225 Curitiba PR (41) 3224.8550 www.paulinas.com.br Rua Emiliano Perneta 332 (41) 3233.1392 - Curitiba PR www.vozes.com.br AGOSTINHO BALDIN faz revisão de teses, e monografias com competência e rapidez. Tel. (41) 3203-2823 DEZEM DEZEMBRO BRO2012 2012 || Jung leitor de Nietzsche: acerca da “morte de Deus” e Nicolau de Cusa: visão de Deus e teoria do conhecimento, obras de fôlego Sem eufemismo: o controverso e sábio Luiz Felipe Pondé, psiquiatra, colunista da Folha de São Paulo e um dos intelectuais mais debatidos (contestado e apoiado) Brasil afora, extasiado, chorou (de alegria) diante do notável trabalho gráfico (desenho da capa, sobretudo - design de Jubal Sergio Dohms) e editorial do livro “Nicolau de Cusa, Visão de Deus e Teoria do Conhecimento”, quando a autora, a psicóloga e escritora Sônia Lyra mostrou-lhe a obra que nasceu de sua tese de mestrado e que também foi tema do doutorado na PUC-SP, proposto pelo próprio Pondé. No lançamento, neste 5 de dezembro, em Curitiba, na Livraria Cultura, além de “Nicolau de Cusa, Visão de Deus e Teoria do Conhecimento” outra obra de fôlego de Sônia Lyra estava sendo apresentada: “Jung Leitor de Nietzsche: acerca da Morte de Deus” - uma analise sob a perspectiva da leitura feita por Jung sobre “Assim Falou Zaratustra”. Com o parceiro Jubal Dohms, alegria de criadores. COLEÇÃO VOZES DO PARANÁ - RETRATOS DE PARANAENSES do jornalista Aroldo Murá G. Haygert A DANÇA DAS ENERGIAS Uma Abordagem da Energia Mental Edson Tristão (org) CELEBRAR O ANO LITÚRGICO Tempo dos homens em Jesus Cristo Guillermo D. Micheletti A obra nos leva a uma ousada viagem de descobrimento pelos labirintos misteriosos da energia mental e nos convida a um estudo maduro a respeito da importância do ato de pensar e suas repercussões no ambiente em que se vive. Circulação energética, Psicoesferas, Energia mental no passe, Laços fluídicos, Formação e cura das doenças, nos são apresentados por uma equipe de 34 colaboradores do Centro Espírita Luz da Caridade, entidade que será beneficiada com a venda. Para os cristãos o Ano Litúrgico é uma realidade teológica, litúrgica e catequética, estruturada e organizada ao longo do tempo a partir das primeiras experiências celebrativas de suas comunidades, com o objetivo de ser eterna na memória/presença do Cristo Crucificado/Ressuscitado. Diante disso, mesmo que coincidindo com o ano civil (365 dias), a duração do Ano Litúrgico tem um outro valor, que aproxima cada vez mais o homem do Deus vivo no tempo e o espaço próprios. [email protected] 14 | Livraria Cultura promove lançamento das obras da psicóloga Sonia Lyra “A característica mais essencial para o lançamento destes livros, além da presença dos amigos, é estarmos juntos, Jubal e eu. Jubal é o criador das capas, dos tons, da arte que evocou tantos elogios. Os textos já começam a surtir seus efeitos nos leitores falam em termos de profundidade e conhecimento, que foi o que se buscou seriamente nestas obras. Fiquei muito feliz com a acolhida da Livraria Cultura e de os livros estarem agora à disposição para todo o país” - conclui Sonia. Doutor em Letras- UFSC, dissertações A psicóloga Sonia Lyra entre amigos no lançamento: colegas de profissão, alunos e clientes de sua clínica... UNIVERSIDADE UNIVERSIDADE Rua Gal. Carneiro 441 Curitiba PR (41) 3264.3484 www.livrariadochain.com.br NOVENA DOS PAIS QUE ORAM PELOS FILHOS Pe. Nilton César Boni A obra tem por objetivo objetivo reavivar a fé e a esperança nos lares cristãos, especialmente naqueles divididos pela discórdia, pela falta de diálogo e pela ausência do amor fraterno. O autor busca incentivar os pais a consgrar a vida de seus filhos como dádiva divina, para que eles sejam no mundo o sla e a luz de Cristo, irradiando amor em seus corações. Praça Osório 389 Curitiba PR (41) 3223.8916 www.avemaria.com.br A obra vem reunindo significativos nomes da história contemporânea do Paraná Os personagens do volume 4, recém-lançado, são: Adilson Simão, Almira de Cerjat, Cida Borghetti, Dante Mendonça, Darci Piana, Edson Luiz Campagnolo, Fábio Campana, Francisco Simeão, Gilmar Piolla, Henrique Paulo Schmidlin, José Dionísio Rodrigues, José Wille, Madre Belém, Manoel de Andrade, Maurício Schulman, Ney José de Freitas, Regina Casillo, Rosicler Hauagge do Prado e Tato Taborda. Disponível na LIVRARIA DO CHAIN, rua General Carneiro, 441 - Centro; também no SOLAR DO ROSÁRIO, rua Duque de Caxias, 4 - Centro Histórico; nas LIVRARIAS CURITIBA; no site da ROSEA NIGRA (www.roseanigra.com.br), ou ainda pelo telefone (41) 8809-4144, falar com Hélio. UNIVERSIDADE | DEZEMBRO 2012 | UNIVERSIDADE 15 | DEZEMBRO 2012 |15 Se você precisa, a gente A Fomento Paraná tem as menores taxas para o seu negócio e o Paraná crescerem. Acesse o site e faça uma simulação. www.fomento.pr.gov.br 16 | 7000 DEZEMBRO 2012 | UNIVERSIDADE 41 3883 financia.