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Anais da 62ª Reunião Anual da SBPC - Natal, RN - Julho/2010
Minicurso na 62ª Reunião Anual da SBPC
MC-45 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA ECOLÓGICA (ECONOMIA VERDE E A
RESPONSABILIDADE PARA O FUTURO)
Clóvis Cavalcanti
Crescente percepção de que o sistema ecológico de sustentação da vida encontra-se cada
vez mais ameaçado  ponto de partida da reflexão da Economia Ecológica (EE)
consenso do workshop da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE)
no Aspen Institute (Wye Island, Maryland, USA), 24-26.5.1990
EE  campo emergente transdisciplinar (perspectiva biocêntrica)
Interações meio ambiente-economia
EE difere tanto da economia como da ecologia convencionais
EE surge sem dependência de ambas, mas resultando de integração entre elas
Visão de mundo transdisciplinar  Costanza, Daly e Bartholomew (in Costanza, org.,
1991), “[b]y transdisciplinary we mean that ecological economics goes beyond our normal
conceptions of scientific disciplines and tries to integrate and synthesize many different
disciplinary perspectives”
Segmentação das disciplinas  convenção acadêmica; os problemas não se localizam no
âmbito da disciplina A ou B.
A universidade tem disciplinas (unidimensionais); o mundo real tem problemas concretos
(multidimensionais; caso dos sócio-ambientais). Fronteiras disciplinares são construtos
acadêmicos arbitrários
EE não constitui um ramo da economia (nem da ecologia). Tanto poderia se chamar
Economia Ecológica como Ecoeconomia (ecoeco), ou ainda Ecologia Econômica. José
Eli da Veiga tem proposto que se fale de uma perspectiva sócio-ambiental (ele prefere
“socioambiental”). Martinez Alier usa o nome Ecologia Humana (há uma Economia da
Natureza – cf. Joël de Rosnay)
O termo “economia ecológica”, que pode facilmente levar a confusão com a noção de
economia ambiental, é motivo de não poucos equívocos.
A economia como subsistema do ecossistema  não existe sociedade (e economia) sem
sistema ecológico, mas pode haver meio ambiente sem sociedade (e economia)
Importância do conceito de evolução biológica e cultural para a EE (simultaneidade 
coevolução) = processo de mudança em sistemas complexos através da seleção de
caracteres transmissíveis
[tempos históricos e tempos biológicos (Tiezzi)]
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 evolução não quer dizer mudança em uma direção determinada (como se supõe
na idéia de progresso)
A economia-atividade como sistema isolado (visão econômica da economia)
FLUXO S MO N ETÁRIO S
(modelo convencional do sistema econômico)
Compras de
bens e serviços (con sumo)
Famílias
Empresas
Pagamen tos a
fatores produtivos (rendimen tos)
A economia convencional, às vezes, imagina o meio ambiente como apêndice da economiaatividade  ecossistema aparece como berloque, almoxarifado; tentativa de internalizar as
externalidades  Economia Ambiental: visão econômica da ecologia
Economia
 Meio Ambiente
EE  economia-atividade como subsistema aberto do ecossistema (o ecossistema é o todo;
a economia, uma parte)  matéria e energia entram no sistema, passam pelo processo de
throughput (transumo) e viram lixo (visão ecológica da economia)
MO DELO BIO FÍSICO DO SISTEMA ECO NÔ MICO
(fluxos de matéria e energia)
Ecossistema
En ergia
solar
Sistema econômico
Recursos
(fon tes)
Matéria e
en ergia
degradadas
(sumidouros)
En ergia
dissipada
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Implicação da perspectiva econômico-ecológica: a expansão do sistema econômico
envolve custos de oportunidade ambientais positivos (o meio ambiente é escasso). Se
esses custos já foram tão ínfimos que se podia ignorá-los, pode-se dizer que mais
economia implica menos meio ambiente
Confusão entre crescimento (aumento) e desenvolvimento (evolução, transformação,
“promoção da arte da vida”)
Possibilidades: (i) crescimento econômico (quando benefícios marginais do aumento da
economia superam custos marginais ambientais do processo); (ii) crescimento não
econômico ou antieconômico (quando benefícios marginais do aumento da economia se
tornam inferiores aos custos marginais).
Em algum momento, benefícios marginais = custos marginais  tamanho ótimo do sistema
econômico (sustentável)
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Curso Introdutório: A história do pensamento econômico