OTOSCLEROSE: CARACTERÍSTICAS,
DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E TENDÊNCIAS
DE PESQUISA
Amanda Louize Felix MENDES¹; Dayse da Silva SOUZA²; Luana Ramos FERNANDES³
INTRODUÇÃO
A otosclerose caracteriza-se como uma patologia da cápsula ótica (osso
compacto que circunda o labirinto membranoso), na qual os osteoclastos
absorvem o osso, sendo este substituído por um de maior espessura, celularidade
e vascularidade; acomete cerca de 0,5 a 1,0% da população, com predominância
no sexo feminino, quase exclusivamente na raça branca, iniciando-se
normalmente entre a terceira e a quinta década de vida, sendo rara na infância.
A Otosclerose pode ser assintomática ou pode provocar hipoacusia de
transmissão, que é a causa de 18 a 22% destas; clinicamente, representa um fator
relevante de alterações auditivas e vestibulares levando a perdas condutivas e/ou
sensórioneural de caráter progressivo com prevalência a bilateralidade.
(FREITAS, et al, 2006).
Os achados audiológicos característicos da otosclerose clínica são: perda
auditiva condutiva inicialmente nas frequências baixas, que com a evolução do
problema atingem as frequências subsequentes, e com o agravamento, acaba
comprometendo a via óssea e as freqüências altas. Com relação ao índice de
reconhecimento de fala, encontra-se entre 90 e 100%. A imitânciometria
apresenta timpanograma com perfil timpanométrico referente a curva do tipo As e
reflexo estapediano ausente. (RUSSO,1993).
São de fundamental importância para o diagnóstico de otosclerose a
anamnese completa (antecedentes familiares e pessoais de disacusia), exame
otorrinolaringológico e a realização de exames complementares.
O anatomista e cirurgião italiano António Maria Valsava identificou pela
primeira vez, em 1741, durante uma necropsia de um paciente com surdez, a
presença da anquilose da cápsula ótica, porém, apenas em 1869, que o termo
otosclerose foi criado por Troltsch, contudo, a relação histopatológica da doença
a otosclerose só foi atribuída em 1894. (PEREIRA, 2009/2010).
Apesar dos diferentes estudos, da vasta investigação e da diversa literatura
acerca desta patologia, a etiologia e o mecanismo envolvido na Otosclerose
permanecem revestida de muitas incertezas, sendo muitas vezes associados à
genética, infecção viral, fatores endócrinos e imunitários, remodelação óssea e
distúrbios do tecido conjuntivo.
A atualização das pesquisas científicas em otosclerose é de fundamental
importância para o avanço e aprofundamento do conhecimento acerca da
patologia citada, especialmente pela velocidade com que os cenários e as
pesquisas evoluem em todo o mundo.
OBJETIVO
O objetivo deste artigo de revisão bibliográfica é rever e sumariar todos os
achados propostos para o diagnóstico, características, tratamento e as tendências
de pesquisa sobre esta patologia
Quanto a fisiopatologia, as pesquisas referem que a Otosclerose é
considerada uma patologia essencialmente do ouvido médio, que põe em causa
a normal transmissão do impulso mecânico provocado pelo som, originando
uma hipoacusia de transmissão; contudo, esta doença também pode afetar o
ouvido interno, ocasionando uma hipoacusia sensorioneural ou, se afetar os
dois compartimentos, uma hipoacusia mista.
O tratamento pode ser clínico, através de medicamentos (antienzimáticos
ou anti-remodeladores ósseos) ou cirúrgico (estapedotomia ou estapedectomia).
Os aparelhos de amplificação sonora individual (AASI) representam outra
opção terapêutica, principalmente em pacientes com contra indicação cirúrgica,
em casos de perda sensorioneural.
Encontra-se na literatura uma diminuição no número de indicações
cirúrgicas, seja pela eficácia de tratamentos prévios, seja pelo tratamento
alternativo (prótese auditiva, fluoreto), havendo recentemente uma tendência a
substituir a estapedectomia total pela estapedotomia, em função do menor
tempo operatório e menor manipulação estapediana, com relatos de melhor
fechamento do gap aéreo-ósseo em altas frequências e melhor discriminação da
fala pós-operatória, embora alguns autores tenham encontrado resultados
semelhantes nas duas técnicas.
Observa-se que o início dos sintomas ocorre entre 30 e 40 anos de idade
sendo rara sua manifestação na infância, o que justifica a escassez de artigos
referentes à otosclerose infantil, encontrado apenas um relato de caso.
Os
artigos encontrados apresentam tendências de pesquisa que enfatizam a eleição
do tratamento cirúrgico da Otosclerose, porém observa-se uma escassez de
abordagem e tema mais abrangente.
CONCLUSÃO
Conclui-se que não são frequentes estudos abrangentes que
correlacionem as características histopatológicas com dados audiológicos, bem
como há uma maior prevalência de pesquisa que enfatizam o tratamento
cirúrgico da otosclerose, deixando a desejar temas mais abrangentes. Verificase ainda que na literatura especializada há uma carência de estudos que
relacionem o padrão de crescimento da lesão otosclerótica e sua implicação
com perda auditiva sensórioneural, especialmente as que envolvam grande
número de ossos temporais. Diante disso, sugerem-se novas pesquisas que
incluam as características citadas acima.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasileira de Otorrinolaringologia, 1997; 63 (5).
FREITAS, V.A; BECKER. C.G; GUIMARÃES, R.E.S; CROSARA, P.F.T.B; MORAIS, G.A.N; MOURA.M. Tratamento Cirúrgico da
Otosclerose na Residência Médica. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, 2006; 72 (6): 727-30.
HUEB, M.M; GOYCOOLEA, M.V. Aspectos Histopatológicos da Perda Auditiva na Otosclerose. Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia, 1991; 57(1).
METODOLOGIA
No que se refere à caracterização da pesquisa, o estudo é de abordagem
qualitativa, de caráter bibliográfico e exploratório. Com base nos procedimentos
técnicos de coleta e análises de dados, classifica-se como pesquisa teórica e de
levantamento de dados.
Foi realizada uma pesquisa com base nos bancos de dados virtuais do
SCIELO, LILACS, GOOGLE ACADÊMICO e BIREME a partir dos seguintes
descritores: OTOSCLEROSE, TRATAMENTO, AUDIOLOGIA, DIAGNÓSTICO,
utilizados de forma combinada ou isoladamente. Foram selecionados os artigos
condizentes com o tema, publicados nas revistas eletrônicas acima citadas.
A amostra foi composta de nove (09) artigos. Os dados foram pesquisados
em uma única coleta no período de Junho a Julho de 2011.
HUEB, M.M; GOYCOOLEA, M.V; SILVEIRA, J.A.M. Padrões de Crescimento e Expansão da Lesão Otosclerótica. Revista
Brasileira de Otorrinolaringologia, 1997; 63(3).
MURPHY, T.P; WALLIS, D.L. Stapedectomy in the Pediatric Patient: Laryngoscope, 1996; 106:1415-8.
PEREIRA, G.M.N.G; Otosclerose: Etiologia, Histopatologia e Fisiopatologia. 2009/2010. 23f. Dissertação (Mestrado em Medicina) Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Porto, 2009/2010.
RUSSO, I; SANTOS, M. A Prática da Audiologia Clínica.4 ed. São Paulo:
Cortez,1993
SALOMONE, R; RISKALLA, P.E; VICENTE, A.O; BOCCALINI, M.C.C; CHAVES, A.G; LOPES, R; FILHO, G.B.F. Otosclerose
Infantil: relato de caso e revisão da literatura. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, 2008; 74 (2): 303-6.
TESTA, J.R.G; MILLAS, I; VUONO, I.M; NETO, M.E.L.R.B.V; LOBATO, M.F. Otosclerose – resultados de estapedotomias. Revista
Brasileira de Otorrinolaringologia, 2002; 68 (2).
DISCUSSÃO E RESULTADOS
Verifica-se na literatura que o diagnóstico é realizado através de exame
clínico e testes auditivos, como Audiometria e Imitanciometria. É possível
detectar anormalidades na região da janela oval ou próximas a ela, a partir da
tomografia computadorizada de alta resolução de ossos temporais, sendo esta
considerada o exame de eleição.
Em relação à etiologia, considera-se atualmente a associação entre fatores
genéticos e meio ambiente como a etiologia mais provável para a Otosclerose.
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de Fonoaudiologia – UFPB.
²Graduanda de Fonoaudiologia – UFPB.
³Graduanda de Fonoaudiologia – UFPB.
1Graduanda
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