UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
DIOGO LUDERS FERNANDES
IRATI E PRUDENTÓPOLIS - PARANÁ:
Análise da paisagem urbana enquanto potencial turístico
Balneário Camboriú
2006
DIOGO LUDERS FERNANDES
IRATI E PRUDENTÓPOLIS - PARANÁ:
Análise da paisagem urbana enquanto potencial turístico
Dissertação apresentada como requisito para a
obtenção do titulo de mestre no Programa de Pósgraduação Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria pela
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação
Balneário Camboriú.
Orientadora: Profª. Drª. Josildete Pereira de Oliveira
Balneário Camboriú
2006
DIOGO LUDERS FERNANDES
IRATI E PRUDENTÓPOLIS - PARANÁ:
Análise da paisagem urbana enquanto potencial turístico
Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do titulo de mestre no Programa de Pós-graduação
Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário
Camboriú
Aprovada em: ______________________________________________-
COMISSÃO EXAMINDADORA
__________________________________________________________
___________________________________________________________
ii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que de uma forma
ou outra me auxiliaram a torná-la possível, em
especial aos meus pais, meu irmão e a Danieli,
pelo companheirismo, amor e carinho.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, aos meus
companheiros da turma de 2004, em especial ao
Oswaldo, Isabela, Anna e Alissandra por serem
amigos e em muitas vezes companheiros de
viagens, assim como, para Graziela, por sua
amizade, para tia Fátima pelo apoio
incondicional e confiança na minha pessoal, a
Elieti pelo apoio, carinho e compreensão, e
finalmente mas não menos importante, a uma
pessoal muito especial, minha orientadora,
Josildete Pereira de Oliveira, por sua dedicação,
competência e amizade.
iv
iv
RESUMO
São diversas as motivações que levam o turista a sair de suas residências e se deslocar aos vários destinos
turísticos nacionais e internacionais. Entre eles pode-se encontrar a busca por novas experiências, tranqüilidade,
novas culturas, a aventura, além da fuga da rotina diária. A paisagem possui papel importante, pois é o grande
indicar da mudança física do ambiente percebida primeiramente pelo turista. Sendo o primeiro contato do turista
com o lugar visitado, podemos considerar que a paisagem está no centro da atratividade turística de uma
localidade. Várias são as definições de paisagem, mas o consenso geral é de que a paisagem é o que se vê em um
determinado espaço, é a forma deste. Interpretadas pelo observador de forma subjetiva, conforme seus valores e
experiências. Assim esta pesquisa tem como objetivo analisar o potencial turístico das paisagens urbanas dos
municípios de Irati e Prudentópolis – Paraná. Esta investigação consiste em uma pesquisa descritiva, um estudo
de caso que busca descrever os elementos da paisagem urbana dos dois municípios em questão, e seu potencial
para o uso turístico.
Palavras-chaves: Turismo; Paisagem; Cidades.
v
ABSTRACT
Many are the motivations that make a tourist leaves his residence and moves to the several national and
international touristy destinations. Some of them are the search for new experiences, tranquility, new cultures,
adventure and also the escape from daily routine. The landscape has an important role because it indicates the
physical change of the atmosphere firstly perceived by the tourist. The first contact of the tourist with the visited
place shows that the landscape is in the center of the touristy attractiveness of a town. There are lots of
definitions for the term ‘landscape’, but the general consensus is that the landscape is what it seen in a
determined space, in other words, it is the space form. The observer interprets the landscape in a subjective way,
according to his values and experiences. This work aims to analyze the touristy potential of the urban landscape
from Irati and Prudentópolis, both municipalities of Paraná. This investigation consists in a descriptive research,
a case study that tries to describe the elements of the urban landscape of those two municipalities and their
potential for the touristy use.
Key words: tourism, landscape, towns
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Tipos de Paisagens............................................................................................
07
Figura 2: Localização de Irati...........................................................................................
14
Figura 3: Brasão de Irati ..................................................................................................
17
Figura 4: Estação Irati......................................................................................................
18
Figura 5: Centro Histórico de Irati...................................................................................
19
Figura 6: Aspecto de Irati em 1906..................................................................................
20
Figura 7: Vista panorâmica do centro de Irati..................................................................
22
Figura 8: Vista aérea parcial da cidade de Irati................................................................
23
Figura 09: Localização de Prudentópolis.........................................................................
24
Figura 10: Saltos de Prudentópolis...................................................................................
25
Figura 11: Brasão de Prudentópolis.................................................................................
27
Figura 12: Mapa do Paraná de 1881.................................................................................
28
Figura 13: Barracas dos primeiros imigrantes ucranianos em São João do Capanema,
hoje Prudentópolis, 1896..................................................................................................
30
Figura 14: Vista Panorâmica da Cidade de Prudentópolis, início do Séc. XX................
31
Figura 15: Vista aérea da cidade de Prudentópolis..........................................................
32
Figura 16: A relação objeto sujeito..................................................................................
36
Figura 17: Fachadas da Rodoviária Municipal de Irati....................................................
47
Figura 18: Rua XV de Novembro esquina com a Munhoz da Rocha 1950.....................
49
Figura 19: Rua XV de Novembro esquina com a Munhoz da Rocha 2006.....................
49
Figura 20: Rua XV de Novembro 1937...........................................................................
49
Figura 21: Rua XV de Novembro 2006...........................................................................
49
Figura 22: Rua XV de Julho 1930....................................................................................
49
Figura 23: Rua XV de Julho 2006....................................................................................
49
Figura 24: Casa da Cultura...............................................................................................
51
Figura 25: Monumento a Santa 1957...............................................................................
53
Figura 26: Monumento a Santa 2006...............................................................................
53
Figura 27: Colina Nossa Senhora das Graças 2005.........................................................
53
Figura 28: Recanto Rubens Dallegrave.....................................................................
55
Figura 29: Recanto Rubens Dallegrave em Abril de 2005...............................................
55
Figura 30: Recanto Rubens Dallegrave em Agosto de 2005............................................
55
Figura 31: Igreja Nossa Senhora da Luz década de 1930 e 1940.....................................
57
Figura 32: Igreja Nossa Senhora da Luz 2006.................................................................
57
Figura 33: Praça Etelvina Gomes.....................................................................................
vii
57
Figura 34: Igreja Ucraniana - Igreja Imaculado Coração de Maria.................................
58
Figura 35: Igreja São Miguel década de 1920.................................................................
59
Figura 36: Igreja São Miguel 2006...................................................................................
59
Figura 37: Colégio Nossa Senhora das Graças................................................................
60
Figura 38: Praça Madalena Anciutti.................................................................................
60
Figura 39: Antiga Olaria Santa Therezinha......................................................................
60
Figura 40: Área antes e depois da Construção do Parque Aquático................................
61
Figura 41: Equipamentos e Instalações do Parque Aquático de Irati...............................
62
Figura 42: Centro de Tradições Willy Laars....................................................................
63
Figura 43: Portal Ucraniano.............................................................................................
72
Figura 44: Portal secundário.............................................................................................
73
Figura 45: Estação Rodoviária de Prudentópolis.............................................................
74
Figura 46: Centro da Cidade de Prudentópolis................................................................
76
Figura 47: Igreja Matriz São João Batista........................................................................
78
Figura 48: Santuário Nossa Senhora das Graças..............................................................
80
Figura 49: Casa do Coronel João Lech............................................................................
81
Figura 50: Colégio e Seminário São José.........................................................................
82
Figura 51: Praça Ucraniana..............................................................................................
84
Figura 52: Museu do Milênio...........................................................................................
84
Figura 53: Estátua Taras Chewtchénko............................................................................
84
Figura 54: Ikonostás.........................................................................................................
86
Figura 55: Igreja Matriz de São Josafat............................................................................
87
Figura 56: Rede Viária de Prudentópolis.........................................................................
90
Mapa 01: Mapa de Irati....................................................................................................
65
Mapa 02: Mapa de Prudentópolis.....................................................................................
89
viii
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................
01
2. METODOLOGIA......................................................................................................
05
2.1 Natureza da Pesquisa...............................................................................................
05
2.2 Modelo de referencial para análise..........................................................................
06
2.3 Procedimentos Metodológicos.................................................................................
11
2.3.1 Delimitação da Unidade-Caso..............................................................................
12
2.3.2 Coleta de Dados....................................................................................................
12
2.3.3 Análise e Interpretação dos Dados........................................................................
13
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA.............................................................................
14
3.1 Aspectos geográficos e biofísicos do Município de Irati ........................................
15
3.2 Aspectos Históricos do município de Irati...............................................................
16
3.3 Aspectos geográficos e biofísicos do município de Prudentópolis..........................
23
3.4 Aspectos Culturais do município de Prudentópolis.................................................
25
3.5 Aspectos históricos do município de Prudentópolis................................................
27
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................
33
4.1 Paisagem Turística...................................................................................................
33
4.2 Paisagem Urbana......................................................................................................
37
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS...............................................................................
46
5.1 Paisagem edificada de Irati......................................................................................
46
5.1.1 A infra-estrutura urbana de Irati............................................................................
65
5.1.2 Análise dos Empreendimentos Turísticos de Irati................................................
70
5.2 Análise da paisagem edificada Prudentópolis..........................................................
71
5.2.1 A infra-estrutura urbana de Prudentópolis............................................................
89
5.2.2 Análise dos Empreendimentos Turísticos da cidade de Prudentópolis.................
92
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................
94
REFERÊNCIAS............................................................................................................
98
ix
ix
1. INTRODUÇÃO
Segundo dados da EMBRATUR, em 2002, o Brasil atraiu 3,8 milhões de turistas
estrangeiros, um número bem significativo se comparado aos dados dos anos anteriores, mas
ainda insuficiente para um país com uma diversidade enorme de atrativos.
Dessa forma, buscando um lugar de destaque no cenário turístico mundial, o
Ministério do Turismo lançou, em abril de 2003, o Plano Nacional de Turismo, que tem como
principais metas: elevar o número de turistas estrangeiros de 3,8 para 9 milhões de turistas,
gerar 1.200.000 novos empregos, aumentar o tempo de permanência do turista estrangeiro no
país, sendo que, no turismo interno, o plano busca chegar ao número de 65 milhões de
passageiros nos vôos domésticos com a ampliação da oferta turística nacional. Para tanto,
cada estado deve desenvolver, no mínimo, três produtos de qualidade.
O Estado do Paraná, por sua vez, recebeu no ano de 2002, aproximadamente, 5,5
milhões de turistas, dos quais 48% eram do próprio estado, 35% de outras regiões do país e
17% eram estrangeiros. Gerou-se, assim, uma receita de U$ 899.463.470,00, sendo Curitiba e
Foz do Iguaçu os principais pólos turísticos do estado. Juntas, as duas cidades foram
responsáveis por 39% do total de turistas que visitaram o Paraná no ano de 2002.(PARANÁ,
2003)
Mas a oferta turística do Paraná é bastante diversificada. Dos seus 399 municípios 128
são prioritários para o desenvolvimento do turismo, segundo a Deliberação Normativa
n°432/02 da EMBRATUR.
Portanto estão nas metas e objetivos da Política Estadual de Turismo 2003 - 2007 do
estado do Paraná o crescimento do fluxo turístico, da permanência média do turista no estado,
dos gastos per capita, da receita e do número de produtos turísticos no estado. Para isso, uma
de suas estratégias é identificação dos potenciais e espaços turísticos do estado assim como
seus componentes, assim como realizando seu mapeamento para desta forma identificar as
possíveis diversidades atuais do estado e seu uso para o turismo de forma a promover a
regionalização, por meio de roteiros integrados, e promover ações espcíficas para cada região
do Estado.
Uma região que pode se favorecer desta política é a Centro-Sul do estado, um local de
clima temperado, onde se encontram Florestas de Araucária, uma grande quantidade de
cachoeiras, algumas com até 190 metros de queda d’água. Esta região possui praticamente
40% de seu território protegido em unidades de conservação (Floresta Nacional, APA- Área
de Proteção Ambiental).
A colonização da região centro-sul se deu por meio de várias etnias, entre as quais
estão os imigrantes italianos, alemães e uma grande quantidade de poloneses e ucranianos
que, chegaram à região por volta de 1850 e até os dias de hoje conservam suas tradições de
festas, comida, religião, edificação, entre outras. Tais características culturais influenciaram
os hábitos e costumes dos habitantes, assim como a formação do espaço urbano municipal.
Os municípios da região Centro-Sul do estado possuem uma entidade da qual todos
participam: a ADECSUL (Agência de Desenvolvimento das Regiões Sul e Centro-Sul do
Estado do Paraná). Esta agência é uma entidade civil com pessoa jurídica sem fins lucrativos,
criada com a finalidade de fomentar o desenvolvimento das regiões Sul e Centro-Sul. Trata-se
de uma entidade que agrupa duas associações de municípios: a AMCESPAR (Associação dos
Municípios da região Centro-Sul) e a AMSULPAR (Associação dos Municípios Sul
Paranaense).
A ADECSUL (2003) tem como principal objetivo auxiliar e assessorar no
desenvolvimento em diversas áreas, assim com contribuir para solução de problemas comuns
na região, tal agência surgiu da motivação das oficinas do PNMT, realizadas na região que fez
com seus participantes unissem as duas regiões em uma entidade com os fins já citados.
Entre os municípios da região, encontram-se os de Irati e Prudentópolis, dois
municípios distintos em suas características e nas suas origens, como será observado no
capítulo 3, e que possuem em comum o intuito de desenvolver o turismo em seus territórios.
Irati se caracteriza por ser o maior centro urbano da região, um pólo econômico
regional e também do sub-setor bancário, do transporte rodoviário de passageiros e da área
cultural e de lazer (esportes, cinema e eventos). Como município vizinho, tem-se
Prudentópolis, sendo este de menor porte quanto à área urbana, mas o mais visitado da região
pelos turistas. Prudentópolis possui em todo seu território 32 igrejas e templos religiosos, com
estilos arquitetônicos diferentes, devido à influência das tradições culturais ucranianas. Além
disso há um grande número de cachoeiras que possuem de 50 a 196 metros de queda d’água.
Em função dessa diversidade natural e cultural, com o intuito de colaborar para o
desenvolvimento turístico da região, este estudo tem como perguntas de pesquisa que
nortearam a investigação:
Quais são as oportunidades que hoje influenciam o desenvolvimento do turismo
nos municípios de Irati e Prudentópolis?
2
Os atrativos turísticos, as paisagens urbanas e a infra-estrutura básica e turística
dos municípios de Irati e Prudentópolis possuem real potencial para viabilizar a
formatação de um produto turístico?
Sendo seu objetivo geral analisar o potencial da paisagem quanto ao uso
turístico, nas áreas urbanas dos municípios de Irati e Prudentópolis - Paraná. Para
tanto, faz-se necessário:
Analisar os atrativos da paisagem urbana com potencial para atividade turística nos
municípios de Irati e Prudentópolis;
Inventariar a infra-estrutura básica das cidades de Irati e Prudentópolis;
Inventariar os empreendimentos turísticos das cidades de Irati e Prudentópolis.
Entretanto, esta investigação tem o seu enfoque principal na paisagem urbana dos
municípios, tendo em vista que tal paisagem é um reflexo da dinâmica sociocultural,
econômica e ambiental, ou seja, resulta das ações das sociedades configuradas no espaço.
Sendo assim, as cidades são representações espaciais das sociedades que nelas habitam, em
um processo de constante transformação do meio pelas ações antrópicas e destas pelo meio.
Cada cidade é singular e, conseqüentemente, um espaço de interesse turístico.
Tomando como referencial teórico os estudos de Boullón sobre a paisagem urbana,
salienta-se a necessidade de analisar, além da paisagem, outro elemento do espaço turístico, a
infra-estrutura, pois esta exerce influência direta na qualidade da paisagem.
Entende-se que as paisagens são elementos centrais na atratividade de qualquer destino
turístico, este deve ser investigado e analisado, no intuito de identificar o potencial das
paisagens enquanto recurso decisivo de uma destinação turística.
A metodologia utilizada neste estudo consiste em uma pesquisa descritiva, que busca,
pois, descrever um fenômeno, no caso a paisagem urbana de dois municípios e seu potencial
para a utilização turística. O método adotado se caracteriza como um estudo de caso, que
possui uma grande flexibilidade, podendo se utilizar de qualquer técnica de pesquisa tais,
como: a observação da realidade, pesquisa bibliográfica e documental, entre outros. Portanto,
esta abordagem metodológica possibilita uma análise sob diversos ângulos do objeto de
estudo.
Finalmente, o texto desta dissertação foi estruturado na seguinte ordem: Introdução,
capítulo que foram apresentados a justificativa do estudo assim como, o problemas e objetivos
do estudo; o capítulo da metodologia encontra-se a natureza da pesquisa os procedimentos
metodológicos e o referencial teórico; no terceiro capítulo do trabalha está a caracterização do
objeto de estudo, onde foram descritos os aspectos geográficos e histórico das duas cidades,
3
Irati e Prudentópolis; no capítulo seguinte a revisão bibliográfica, apresenta uma discussão
das temáticas trabalhadas no longo do trabalho, como paisagem turística e paisagem urbana;
análise dos resultados é o quinto capítulo onde foram analisados os resultados da pesquisa
iniciando-se pela paisagem edificada, em seguida a infra-estrutura e os empreendimentos
turísticos dos municípios de Irati e Prudentópolis; o último capítulo consiste nas
considerações finais, que é o fechamento de todo o estudo, seguida das referências, onde estão
as obras utilizadas e analisadas durante o estudo.
4
2. METODOLOGIA
2.1 Natureza da Pesquisa
Trata-se de uma pesquisa descritiva que, para Gil (1991, p. 46) "tem como objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno". O autor
ainda conclui que as pesquisas descritivas, em muitos casos, vão além da simples descrição da
situação, para Gil (1991, 46), "há pesquisas que, embora definidas como descritivas a partir de
seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que
as aproxima das pesquisas exploratórias."
Assim, a pesquisa descritiva é uma das formas utilizadas para o estudo da paisagem.
Nesta investigação, busca não somente descrever a paisagem, como também o potencial para
a utilização turística da mesma, proporcionando uma análise complexa, que envolve os
aspectos tangíveis e intangíveis da paisagem da cidade.
78),
Os estudos descritivos segundo Hernández Sampieri et al. (apud Schlüter, 2003, p.
(...) medem ou avaliam diversos aspectos, dimensões ou componentes do fenômeno
a ser pesquisado. Do ponto de vista científico, descrever é medir. Isto é, em um
estudo descritivo seleciona-se uma série de questões e mede-se cada uma delas
independentemente, para desta forma (pese a redundância) descrever o que se
estuda.
Dessa forma, ao observarmos uma paisagem, devemos levar em conta todos os
elementos que a envolvem, qualificando e desqualificando a mesma para seu uso turístico.
Neste sentido, o presente trabalho se caracteriza como um estudo de caso das cidades de Irati
e Prudentópolis do estado do Paraná e busca analisar os recursos histórico-culturais, bem
como os atributos geográficos da paisagem urbana, ou seja, pretende descrever as
características históricas e culturais de sua formação, os aspectos morfológicos e as
características geográficas do território.
Conforme já mencionamos, o estudo de caso, como abordagem metodológica, possui
uma grande flexibilidade, podendo se utilizar de qualquer técnica de pesquisa, tais como: a
observação da realidade, entrevistas estruturadas e semi-estruturadas, pesquisa bibliográfica e
documental, entre outros, possibilitando uma análise sob diversos ângulos do objeto de
estudo.
2.2 Modelo de referências para análise
Considerando que o foco deste trabalho é a paisagem das cidades, tomou-se como
referencial teórico os estudos desenvolvidos por Boullón (2002). Segundo este autor, as
cidades são espaços criados, inventados e construídos pelo homem; são espaços culturais,
onde cada cidade é diferente da outra, pois cada ser humano possui características diferentes
que refletem diretamente na cidade em que vive:
Homens diferentes construíram cidades com personalidades diversas que além de
adaptarem ao ambiente natural que lhes serviu de base - e que terminaram por
transformar em todos os aspectos, menos climáticos e na estrutura topográfica,
refletiram a energia das forças sociais e econômicas do período em que se
originaram e perduraram. (BOULLÓN, 2002, p. 189)
Sendo a paisagem um grande atrativo turístico, podemos compreendê-la como o
conjunto de elementos naturais e antrópicos, que se encontram na superfície terrestre
apreendida pela visão. Classificando esta paisagem segundo o espaço onde se encontra,
temos, então, dois tipos básicos de paisagens: as naturais e as urbanas.
Considerando a paisagem um conjunto da relação de ações antrópicas e naturais que
existem mediante a observação de um sujeito disposto a apreciá-la, a paisagem pode ser
categorizada, conforme Petroni e Kenigsberg apud Boullón (2002,p. 118), da seguinte
maneira:
Paisagem natural: conjunto de caracteres físicos visíveis de um lugar que não foi
modificado pelo homem.
Paisagem cultural: paisagem modificada pela presença e atividade do homem
(lavouras, diques, cidades, etc.)
Paisagem urbana: conjuntos de elementos plásticos, naturais e artificiais que
compõem a cidade: colinas, rios, edifícios, ruas, praças, árvores, focos de luz,
anúncios, semáforos, etc.
Com base na figura 01, podemos observar que Boullón fez uma adaptação das
definições de Petroni e Kenigsberg. Isto porque o autor considera que a paisagem cultural
também faz parte da natural. Esta, na análise feita por Boullón, não corresponde somente à
natureza intocada, mas também ao espaço natural modificado pela ação do homem (como as
plantações, as represas etc.), que possui sua expressão máxima na paisagem urbana.
6
PAISAGEM NATURAL
PAISAGEM VIRGEM
PAISAGEM URBANA
PAISAGEM CULTURAL
Figura 01: Tipos de Paisagens
Fonte: Boullón (2002, p. 119)
Boullón (2002, p. 195) compreende que a forma é a linguagem de uma cidade e a sua
leitura está apoiada nos signos que melhor a representam. Tais formas são categorizadas em
dois grupos distintos: os edifícios e os espaços abertos, dentre os quais aqueles que possuem
maior destaque são chamados de pontos focais urbanos.
Os pontos focais classificam-se, por sua vez, em seis elementos denominados por
Boullón (2002, p. 215) de elementos de estruturação morfológica do espaço urbano, quais
sejam, Logradouros, Marcos, Bairros, Setores, Bordas e Roteiros.
Segundo Boullón (2002, p. 196), "logradouros são os espaços abertos ou cobertos de
uso público, em que o turista pode entrar e que pode percorrer livremente". São exemplos de
logradouros: praças, mercados públicos, parques, estações rodoviárias ou ferroviárias,
aeroportos etc. Marcos, para o mesmo autor, "são objetos, artefatos urbanos ou edifícios que,
pela dimensão ou qualidade de sua forma, destacam-se do resto e atuam como ponto de
referência exteriores ao observador." São exemplos de marcos: monumentos, fontes, igrejas
etc.
Para Boullón (2002, p. 202), os bairros, compreendidos como seções da cidade, foram
criados para facilitar a administração da mesma. Já os setores, de acordo com o autor, se
caracterizam por constituírem "partes da cidade substancialmente menores que os bairros, mas
que têm as mesmas características destes. Em geral, os setores são os restos que permanecem
de um antigo bairro, cujas edificações originais foram suplantadas por outras mais modernas."
Boullón (2002, p. 208) compreende que as bordas "são elementos lineares que marcam
o limite entre duas partes da cidade.". Portanto, podem ser compreendidas como elementos
que separam os demais componentes da cidade e porque não da própria cidade. Estes podem
ser rios, pontes, avenidas, estradas de ferro etc. Por fim os roteiros, para o mesmo autor, "são
as vias de circulação selecionadas pelo trânsito turístico de veículos e de pedestres, em seus
deslocamentos para visitar os atrativos turísticos e para entrar ou sair da cidade." Estes
7
elementos não podem ser entendidos como tipos de paisagem, pois não o são. Para este
estudo, serão utilizadas as técnicas de análise da paisagem urbana formuladas por Boullón
(2002).
Segundo esse autor (2002, p. 214), para se obter uma definição de paisagem urbana
mais precisa, é necessário combinar uma série de variáveis dispostas em 7 grupos:
Tipo de urbanização;
Nível socioeconômico das edificações;
Estilo arquitetônico;
Topografia;
Tipo de rua;
Tipo de pavimento;
Tipo de árvore.
Cada grupo se subdivide, formando um total de trinta elementos básicos, cujas
combinações formam uma tipologia da paisagem urbana, conforme Boullón (2002, p. 214).
Estes elementos serão descritos a seguir.
Tipo de urbanização:
Área centro em altura;
Área centro baixa;
Habitações em altura;
Habitações de quatro andares;
Habitações de um ou dois andares, com jardins na frente;
Habitações de um ou dois andares, sem jardins na frente;
Conjuntos habitacionais em blocos.
Nível socioeconômico das edificações:
De luxo;
De classe média;
Pobre;
Precário.
Estilo arquitetônico:
Moderno;
Antigo.
Topografia:
Solo plano;
Solo ondulado;
Solo escarpado.
Tipo de rua:
Extensão normal, sem árvores;
Extensão normal, com árvores;
Estreita, sem árvores;
Estreita, com árvores;
Avenida normal, sem árvores;
8
Avenida normal, com árvores;
Avenida com passeios largos, sem árvores;
Avenida com passeios largos, com árvores.
Tipo de pavimento:
Pavimento normal;
Empedrado ou pavimento articulado;
Terra.
Tipo de árvore:
Alta;
Média;
Baixa.
Tais elementos, selecionados cada qual com suas características, exercem influência
sobre a paisagem urbana. Para Boullón (2002, 216): "a segunda variável, nível
socioeconômico, foi escolhida depois de se observar que a paisagem urbana tem grandes
diferenças conforme o nível de riqueza ou pobreza de seus habitantes." Apresentado pelas
construções do entorno dos atrativos, este nível condiciona o tipo de paisagem vivenciada
pelo turista.
De acordo Boullón (2002, p. 216);
A terceira variável, que se refere ao estilo arquitetônico, foi simplificada em dois
tipos (moderno e antigo), pois, do contrário, a lista seria interminável e de pouca
utilidade para o propósito de obter um cálculo aproximado dos diferentes tipos de
paisagem que se pode observar em uma determinada cidade.
Portanto buscando simplificar ou minimizar o número de paisagens que resultará de tal
análise, temos a redução dos estilos arquitetônicos. Estes influenciam a experiência do turista
quando uma cidade apresenta uma arquitetura que pode levá-lo a retornar no tempo ou ainda
uma arquitetura futurista, que pode conduzi-lo a experiências diversificadas conforme seu
interesse.
Assim como os demais elementos da paisagem, Boullón (2002, p. 216) não poderia
deixar de mencionar que
As mudanças na topografia produzem modificações significativas em todas as tipologias
anteriores,[...]. No entanto, como a cidade é vista das ruas, a variável tipo de rua, com suas
oito possibilidades, [...], como uma rua pode mudar de acordo com o material empregado
na pavimentação da calçada e do passeio, bem como pelo tipo de árvore acrescentaram-se
estas duas variáveis, que finalizam a lista. No caso do pavimento, segue-se o mesmo
critério dos estilos arquitetônicos, mas se deixou de lado a análise das calçadas para
concentrar-se no pavimento, pois de ambos os elementos é o que tem mais importância
9
visual. Quanto à árvores, descartou-se a análise por espécies e se reduziu as possibilidades
formais às três que resultam apenas da consideração de seu tamanho.
A topografia implica o grau de dificuldade de percepção da paisagem. A pavimentação
das ruas é um elemento que pode elevar ou diminuir o grau de qualidade de uma cidade,
sendo que cada tipo de pavimentação deve ser utilizado em situações diferentes. Por exemplo,
as cidades ou centros históricos que apresentam pavimentação em paralelepípedo ou
articulado possuem uma originalidade ou característica que aumentará o grau de satisfação ou
a qualidade da paisagem destes locais. Já as ruas arborizadas proporcionarão uma experiência
diferente na percepção da paisagem, influenciando não somente uma melhoria na qualidade
do ar, mas possibilitando percursos mais agradáveis nos roteiros realizados em automóveis ou
por pedestres.
A combinação dos elementos de cada grupo forma uma infinidade de paisagens que
uma cidade pode apresentar. Para Boullón (2002, p. 220), a imagem de um centro turístico é
formada da seguinte maneira: "a captação dos pontos focais de um centro turístico origina a
formação de um número equivalente de imagens fortes, que ao se correlacionarem na mente
dos visitantes permitem elaborar uma síntese do espaço urbano."
Entretanto para isso, é preciso conhecer os pontos que o turista percorre ou aqueles
que lhe interessam. Para Boullón (2002, p. 248), estes pontos, chamados de áreas
gravitacionais, são pontos de passagem obrigatórios do turista em uma dada cidade. São eles:
Estações terminais;
Zonas de concentração do empreendimento turístico e de outros serviços turísticos;
Atrativos turísticos;
Saídas para as estradas que conduzem aos atrativos urbanos incluídos no raio de influência e ruas que
conectam os atrativos urbanos entre si com as zonas de concentração do empreendimento turístico, e este último
com as estações terminais.
As estações terminais abrangem as rodoviárias, ferroviárias, portos, aeroportos e todos
os equipamentos encontrados em seu interior e entorno. As zonas de concentração do
empreendimento turístico e de outros serviços urbanos, segundo o autor, normalmente se
encontram no centro da cidade e estão inter-relacionados. As primeiras dizem respeito aos
hotéis, restaurantes, agências de viagens, e os últimos são representados pelos bares, cinemas,
teatros, bancos, shoppings etc. Os atrativos turísticos urbanos são os principais responsáveis
pela presença do visitante na localidade e podem se encontrar em qualquer local do espaço
urbano. Por sua vez, a ultima área gravitacional está relacionada com as vias de acesso do
município, as linhas de transporte coletivo, os serviços de táxis. Um detalhe importante que
10
Boullón (2002, p. 248) frisa, ao tratar desta última área, é que os usuários da mesma "não
reparam na qualidade da paisagem que atravessam." Tais pontos podem ser encontrados nos
inventários turísticos municipais, de modo que estes documentos são instrumentos essenciais
de coleta de dados.
Outro enfoque da análise foi a infra-estrutura, que, segundo Boullón, é de fundamental
importância para o funcionamento do turismo, pois os atrativos e os equipamentos turísticos
são insuficientes para o pleno funcionamento da atividade turística. Além disso, a infraestrutura possui influência expressiva na paisagem, como fator definidor da qualidade da
paisagem urbana.
Sendo a infra-estrutura condicionante do desenvolvimento turístico, sem ela seria
impossível se pensar em investimentos nos equipamentos e atrativos. De fato, este elemento
do patrimônio turístico de uma localidade tem papel importantíssimo no grau de qualidade da
paisagem. A infra-estrutura torna-se um fator de grande valor quanto à experiência do
visitante, uma vez que pode aumentar ou diminuir seu grau de satisfação.
A abordagem espacial do turismo deve ser compreendida no contexto dos espaços
urbanos, sendo que a infra-estrutura mostra-se fundamental, pois possui papel decisório no
turismo de uma localidade. Isto porque está diretamente relacionada com a qualidade dos
atrativos e do espaço onde o turismo se desenvolve.
Para esta análise, a infra-estrutura foi classificada em quatro grupos: acesso,
telecomunicação, energia elétrica e saneamento.
Sendo a paisagem um elemento que é reflexo do espaço, portanto, um atrativo para o
turismo, esta foi analisada com o intuito de caracterizá-la como um dos mais importantes
elementos do atrativo turístico. Se, por um lado tanto na paisagem urbana quanto na natural
existe uma infinidade de recursos, por outro, nem todos os elementos dessas paisagens podem
ser transformados ou possuem atratividade suficiente para se transformarem em recursos
turísticos. Assim, nem todas as paisagens podem ser consideradas turísticas, pois algumas
possuem certos elementos que as tornam atraentes para o turismo, enquanto outras não.
2.3 Procedimentos metodológicos
Ao tratar dos procedimentos do estudo de caso, Gil (1991, p.121) lembra que esta
abordagem metodológica é bastante flexível, não podendo ser estipulado um roteiro de
pesquisa. Contudo, o autor nos mostra que na maioria dos casos existem três fases:
a.
Delimitação da unidade - caso;
b.
Coleta de dados;
11
c.
Análise e interpretação dos dados
2.3.1 Delimitação da unidade-caso
Esta primeira fase, segundo Gil (1991, p. 121), consiste em "delimitar a unidade que
constitui o caso em estudo." Para este autor, tal delimitação não é uma tarefa fácil, pois exige
muita sensibilidade do pesquisador, devido à dificuldade de se definir os limites do objeto a
ser estudado, assim como determinar a quantidade de informações suficientes para a análise e
compreensão do objeto de estudo como um todo.
Nesta pesquisa, cuja temática envolve o turismo e a paisagem (portanto, dois
conteúdos amplos), a delimitação se faz necessária para se alcançar os resultados definidos
nos objetivos. Por esta razão, optou-se por realizar a investigação em dois municípios
vizinhos, cada qual com características singulares da paisagem edificada, e que, em comum,
procuram desenvolver a atividade turística. Tendo isso em vista, a análise procura relacionar
os atributos das paisagens urbanas como potencial turístico.
2.3.2 Coleta dos dados
No estudo em questão, foram utilizados, como coleta de dados secundários, os acervos
bibliográficos disponíveis e a documentação existente, com a finalidade de fornecer
embasamento teórico à investigação, além de proporcionar um levantamento dos dados
geográficos, ambientais, sociais, econômicos, histórico-culturais, de infra-estrutura, turísticos,
entre outros.
Os inventários turísticos municipais serviram de instrumento de pesquisa para a
definição, localização e descrição dos atrativos que seriam analisados. Outro instrumento de
coleta de dados foram os planos diretores de cada município, principalmente para identificar
elementos da infra-estrutura urbana de cada município.
Para o mapeamento dos atrativos, foi utilizada a base cartográfica fornecida pelas
prefeituras, na qual foram identificados os atrativos pesquisados, a fim de configurar os
recursos das paisagens urbanas de cada município.
Após a pesquisa bibliográfica, foi realizada a pesquisa de campo para coleta de
informações in loco, como também para comprovação da veracidade e atualização dos dados
coletados sobre os atrativos. Além disso, foi feito um minucioso levantamento fotográfico, a
12
fim de proporcionar um conhecimento a partir da realidade observada, procurando identificar
a potencialidade turística da paisagem urbana de cada município estudado.
Assim, a observação in loco procurou identificar a atratividade da paisagem edificada,
correlacionando-a com a análise dos dados coletados nos inventários turísticos. Foram
utilizados também o diário de campo para anotações pertinentes, mapas dos municípios para
identificação do percurso, acervo fotográfico particular de registros antigos e um minucioso
registro fotográfico atual dos dois municípios.
2.3.3 Análise e interpretação dos dados
Esta fase foi marcada pela reflexão e pela conexão dos dados coletados com o
referencial teórico estudado.
Após a coleta, os dados foram sistematizados e interpretados, em uma análise focada e
fundamentada no referencial teórico desenvolvido por Boullón (2002). Este autor caracteriza
o espaço em dois grupos: natural e urbano. Seus estudos também se baseiam nos
equipamentos turísticos e na infra-estrutura, que são os elementos que representam
fisicamente o espaço turístico. Conseqüentemente, trata-se das representações visuais deste
espaço, ou seja, as paisagens turísticas.
Dessa forma, as paisagens foram analisadas conforme os elementos do referencial, que
por sua vez, foi elaborado de forma descritiva. Em um primeiro momento analisou a paisagem
de cada área gravitacional, a infra-estrutura e os empreendimentos turísticos das cidades e,
posteriormente, tudo foi tomado em conjunto, sob a forma como o turista assimila a paisagem
urbana de uma destinação.
13
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
3.1 Aspectos geográficos e biofísicos do Município de Irati
Segundo dados da Prefeitura Municipal de Irati (2004, p. 61), o município
tem uma área de 998,30 km² de extensão, sendo 70,92 % (cerca de 708,00 Km²) ocupada
com atividades agrícolas (agricultura e pecuária), 4,20 % (cerca de 41,92 Km²) com o
perímetro urbano legal (Irati / 33,52 Km² + sede dos Distritos Rurais / 8,40 km²) e 24,88 %
(cerca de 248,38 Km²) com áreas de preservação em geral e áreas não ocupadas, ou não
passíveis de uso por reunirem características planoaltimétricas (relevo) e de declividade
inadequadas para as atividades produtivas.
O município de Irati está localizado na região Centro Sul, segundo planalto do Estado
do Paraná, precisamente no Paralelo 25º 27'56" de latitude Sul, com interseção com o
meridiano 50º 37'51" de longitude Oeste a uma altitude de 812,00 metros.
Figura 02: Localização de Irati no Estado do Paraná
Fonte: Prefeitura Municipal de Irati
Obs: sem definição de escala
O município possui três distritos: Guamirim; Gonçalves Junior; e Itapará, e sua sede se
encontra a nordeste do município, com uma área de 33,52 Km2, localizada a uma distância de
155 km da capital do estado, Curitiba. Pela rodovia BR 277, que liga o litoral do estado ao
município de Foz do Iguaçu, tem-se a principal via de acesso. As outras vias de acesso ao
município são a BR - 153 e a BR - 364, além da ferrovia. Os municípios limítrofes de Irati
são: ao norte, Prudentópolis e Imbituva; ao sul, Rio Azul e Rebouças; a leste, Fernandes
Pinheiro e, a oeste, o município de Inácio Martins.
No que concerne à população, em 2000, havia, segundo o IBGE 52.318 habitantes,
sendo que, em 2003, esse número aumentou para 53.395, de acordo com dados gerais da
Prefeitura Municipal de Irati (2005, p.03). Desse montante, 75% dos habitantes concentram-se
na zona urbana e 25%, na área rural.
O clima é Subtropical Úmido Mesotérmico, com verões frescos, apresentando uma
temperatura média de 22° C, e invernos rigorosos, com ocorrências de geadas severas e
freqüentes e uma temperatura média inferior a 18° C. O ecossistema que compõe a região é a
Floresta Ombrófila Mista, com a presença da Araucária angustifília em todo seu território.
Geologicamente, segundo dados do site de Irati1, o solo pertence ao permiano
carbonífero, com topografia ondulada e acidentada. A Geologia e paleontologia asseguram
que a região, há mais de 250 milhões de anos, foi fundo de mar. Os principais minérios são o
Caulim e o Xisto. Na serra da Esperança, localizada no município, encontram-se as maiores
elevações: o Cerro da Nhá Cota, com 1.024 metros de altitude, e o Morro da Ordenança, com
950 metros.
O município de Irati, por sua posição geográfica e contexto geomorfológico, faz parte
de três bacias hidrográficas e distintas entre si: a Bacia do Tibagi (nascente do Rio das Antas),
Bacia do Iguaçu (nascente dos Rios Corrente e Preto) e Bacia do Ivaí (que nasce em Irati e é
representada pelos Rios do Cocero e dos Patos, afluentes da margem esquerda do Rio Ivaí).
Devido ao relevo, movimento e à presença de diversos rios, o município apresenta várias
cachoeiras e quedas d'água, sendo que as que mais se destacam são a Cachoeira Fillus, a
Cachoeira do Pinho e a Cachoeira do Itapará.
Segundo a Prefeitura Municipal de Irati (2004, p.56), esse município de Irati apresenta
uma,
função microrregional, de caráter complementar, abrigando atividades
agropecuárias e industriais que são essencialmente, salvo poucas exceções, uma
extensão do que é mais significativo no centro-sul do Estado, na qualidade de
economia provedora de insumos básicos, com baixo valor agregado.
Além disso, o município se destaca não apenas como pólo econômico regional, mas
também nos sub-setores bancário, de transporte rodoviário de passageiros e na área cultural e
de lazer (esportes, cinema e eventos).
Abriga atividades agropecuárias e industriais no setor econômico, porém é um
município relativamente modesto e, de certa forma, vulnerável economicamente. Cerca de
1
www.irati.pr.gov.br/dados.htm (acesso em 03-12-2004)
15
71% da área total do município é ocupada com atividades agrícolas (agricultura e pecuária),
4% com perímetro urbano legal e cerca de 25% com áreas de preservação ou de relevo
inadequado à ocupação.
Para a Prefeitura Municipal de Irati (2004, p. 56),
Esta condição vem marcando sua economia por “ciclos de monoculturas”, como a da
madeira (extrativismo predatório e, num segundo momento, florestamentos industriais), da
batata, da cebola e do fumo, com todas as conseqüências características e as seqüelas que
este modelo costuma deixar quando seu ciclo vence e é substituído total ou parcialmente
por outro ciclo.
Segundo fontes do site paranacidade2, a economia do município, devido à participação
no PIB municipal, pode ser caracterizada da seguinte forma: 15,93% agropecuária, que se
desenvolve em sua maioria em minifúndios e pequenas propriedades, 26,18% no setor de
indùstria e 57,89% no setor de serviços. Os principais produtos agrosilvopastoris são o feijão,
o milho, o fumo e a madeira, além da criação de aves de corte, suínos e bovinos. As indústrias
dominantes são a madeireira, a química, a de produtos alimentares, de papel e papelão. O
município ainda recebe o repasse de Royalties de Petróleo.
3.2 Aspectos Históricos do município de Irati
A região que hoje compreende o município de Irati, de acordo com Orreda (1972, p.
1), teria sido habitada pelos índios caingangues, um ramo dos Tupis que habitavam o Paraná.
No início da metade do século XIX, quando as primeiras famílias de povoadores chegaram a
Irati vindos da região de Curitiba, alojaram-se na Vila São João, hoje um bairro do Município.
Esta era uma região de ervais e pinheiros e, segundo o autor, um caminho natural para o oeste.
No ano de 1890, famílias vindas de Campo Largo, Palmeira, Lapa, Imbituva, Itaiacoca
e Assungui (hoje Cerro Azul) começaram a ocupar a localidade de Covalzinho, um povoado
localizado a 6 km ao norte da Vila São João, o que após nove anos transformar-se-ia na área
central da cidade então denominada Irati.
Conforme Orreda (1972, p. 03), entre as motivações econômicas que levaram ao
povoamento de Irati, tem-se principalmente, o fato de que a região era repleta de "pinheirais e
ervais, Irati encontrou na extração do mate e da madeira, assim como na fertilidade do solo, as
principais fontes de riqueza para a motivação de sua economia." Os pinheiros e as erveiras
dominavam a paisagem e constituiriam a força de dois ciclos da economia de Irati,
2
www.paranacidade.org.br/municpio (acesso em 03-12-2004)
16
representados no brasão municipal. Isto porque tanto a madeira quanto a erva mate foram e
ainda são produtos fortes na região.
O brasão do município, segundo o Inventário Turístico de Irati (2002, p. 09), foi
"desenhado e idealizado por José Maria Orreda e instituído pela Prefeitura em 1967 por
ocasião dos festejos de 60 anos do município."
De acordo com o Inventário Turístico de Irati (2002, p. 09), o brasão (figura
03) possui a seguinte descrição:
Tem no alto, em cinza, torre de cinco pontas que, em heráldica, significa cidade e
município. Ao centro, em verde e marrom, a figura do pinheiro, um ciclo da
economia de Irati; à direita, em verde, ramo da erva-mate, outro ciclo da
economia; à esquerda, em amarelo, ramo de trigo, significando a produção
agrícola, fonte de riqueza e valores espirituais. Embaixo, faixa azul une os ramos
da erva-mate e o trigo, contendo a data de instalação do município, 15 de julho de
1907, em preto.
Figura 03: Brasão de Irati
Fonte: Inventário Turístico Municipal de Irati (2002, p. 09)
Fo terceiro ciclo da economia paranaense, o da erva mate, que nasce Irati. A erva foi o
grande produto do município de 1870 a 1890. Com a chegada da estrada de ferro no ano de
1899, fixados os trilhos da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande em Covalzinho e com a
inauguração da estação ferroviária (figura 05) em dezembro do mesmo ano, dá-se início à
dinamização do comércio e às facilidades de comunicação, atraindo novos habitantes ao
município. O desenvolvimento se intensifica em todos os setores e a cidade cresce em torno
da ferrovia, tornando-se um entreposto comercial de grande expressão na região. Segundo
Orreda (1972, p.91),
Comércio, indústria e agricultura são atividades interdependentes. O desenvolvimento da
comunidade é conseqüência de sua produtividade e do comércio, meio estimulador de
17
circulação de riqueza. O crescimento de Irati, no início do século XX, deve-se ao comércio
facilitado pela estrada de ferro, que veio substituir as carroças e cargueiros, únicos meios de
transporte até então existentes. Com a instalação da ferrovia, suas imediações se
transformaram em um ponto de convergência. Um grande número de carroças e cargueiros
de erva, madeira e produtos agricultura começou a afluir para despachar sua carga, levando
no retorno os gêneros que não possuíam. Com base na indústria madeireira, na extração da
erva mate e na agricultura produtiva, o comércio tornou-se intenso, determinando o giro
econômico da riqueza e assim o desenvolvimento social da comunidade.
Figura 04: Estação Irati
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Irati
Devido a este desenvolvimento proporcionado pela ferrovia, a localidade conhecida
como Covalzinho passa a ser chamada de Irati, denominação dada à estação ferroviária ali
instalada. Até então tal localidade era da jurisdição de Imbituva, o acesso até tal município era
difícil, de modo que os moradores de Irati, em função do rápido crescimento proporcionado
pela erva mate, a madeira e a ferrovia, buscam sua emancipação. Segundo o Orreda (1972, p.
07),
As viagens a Imbituva por caminhos difíceis, picadas, banhados e taquarais, para
pagamento de impostos, atos judiciais, casamentos e regularização de papéis, no lombo de
animais, tornou-se sacrifício que o povo não queria admitir e suportar e que a prosperidade
geral se opunha. Nasce o movimento pela autonomia do Distrito Judiciário de Irati, então
pertencente ao município de Imbituva. Os camaristas eleitos, Coronel Francisco de Paula
Pires e Coronel Emílio Baptista Gomes renunciaram seus mandatos e iniciam, apoiados
18
pela comunidade nascente, o esforço visando a criação do Município de Irati. Em 1907,
com apoio do vice-presidente de Estado, DR. João Candido Ferreira, no dia 2 de abril, é
sancionada a Lei nº 716, criando o Município de Irati, instalado no dia 15 de Julho de 1907,
constituído pelos Distritos Judiciários de Irati, Bom Retiro e Imbituvinha.
Emancipando-se de Imbituva em 1907, segundo o PDMI – Plano Diretor Municipal de
Irati (2004, p.67), Irati já contava com aproximadamente 1.000 habitantes em sua área urbana,
espalhados pelos 22 hectares do quadro urbano de então (45 moradores por quadra),
articulado a partir do que hoje é a Rua XV de Julho (Antiga Rua Velha-figura 06), de quadras
regulares adaptadas à sua complexa topografia, fortemente marcada por um relevo ondulado e
nascentes de rios, entre as quais destacam-se a do Rio das Antas e do Arroio dos Pereiras,
como pode ser visto na figura na figura 05 a seguir.
Figura 05: Centro Histórico de Irati
Fonte Prefeitura Municipal de Irati (2004, p. 70)
19
Figura 06: Aspecto de Irati em 1906
Acervo Prefeitura Municipal de Irati
No ano de 1908 chega a Irati o primeiro contingente de colonos holandeses,
ucranianos e poloneses, que se fixa em terras que hoje constituem os distritos do município, a
saber: Colônia; Gonçalves Junior; e Itapará. Em 1909, chegam ao município imigrantes
alemães e, em 1913, os imigrantes italianos provenientes de Campo Largo. Tal movimento
migratório foi iniciado e dirigido pelo governo federal.
De acordo com Orreda (1972, p. 07),
apesar da evasão que se verificou após esse primeiro desbravamento colonizador, em
virtude das péssimas condições de vida e sobrevivência no sertão, as endemias, a falta de
mercado para seus produtos, os colonos holandeses, alemães, ucranianos, poloneses,
italianos e seus descendentes, na fusão de raças com os portugueses, espanhóis e nacionais,
disseminados em todas as áreas do município, tornaram-se a grande força e motivação da
economia de Irati.
No início do século XX, Irati viveu seu ápice no desenvolvimento e crescimento da
cidade, pois havia um comércio forte, uma vida social movimentada, com diversos clubes e
cinema, sendo que a economia local baseava-se na agricultura, no comércio e na indústria
madeireira. Orreda (1972, p. 229) narra esta época da história iratiense:
Irati foi o maior produtor da batata-inglesa do país e dominou o comércio da
madeira ao determinar durante muitos anos o preços nos principais centros
consumidores nacionais. E foi um dos maiores municípios exportadores de erva
mate para o Uruguai, a Argentina e o Chile.
20
Entretanto o município estagnou, devido a uma série de acontecimentos. Para Orreda,
o principal fator foram os baixos valores pagos aos produtos agrícolas. Em uma economia
cuja base é a agricultura, quando tal atividade sofre uma baixa, o comércio também é afetado.
Desde o início, a agricultura em Irati foi realizada em pequenas propriedades, com os
agricultores trabalhando individualmente, fato que pode ser comprovado até os dias de hoje
no município, pois o grande produto de comercialização é o fumo, plantado em pequenas
propriedades. Orreda (1972, p.229) narra tais fatos
a erva mate não tem preço, ninguém quer; pinheiro não há mais; não se planta mais trigo
em escala comercial, setor reservado as áreas de campos onde a moto-mecanização
assegura rentabilidade; a grande maioria das nossas indústrias baseia-se na madeira; não
existe pecuária expressiva no município; a hora e vez da batata-inglesa iratiense já passou;
as terras estão esgotadas, apresentando elevados índices de acidez; apesar dos esforços em
contrário, os lavradores do município permanecem individualistas; a descapitalização é
acentuada com evasão de grandes capitais e da economia popular; não há perspectivas de
aumento crescente do mercado de trabalho no meio urbano.
A cidade está localizada em um vale, e segundo a Prefeitura Municipal de Irati (2004,
p.71 ), apresenta
uma “parte baixa” — mais antiga — e uma “parte alta”, circundante — mais recente, e
onde se localizam alguns ícones da paisagem urbana local, como as igrejas católicas de
Nossa Senhora da Luz e a de São Miguel, bem como os Colégios São Vicente de Paula e de
Nossa Senhora das Graças, além da grande imagem de Nossa Senhora das Graças, com 22
metros de altura, inaugurada em 1957, por ocasião do cinqüentenário da cidade, ícone estes
passíveis de avistamento a partir de quase todos os pontos da cidade.
Existem ainda problemas estruturais na sede municipal, conforme a Prefeitura
Municipal de Irati (2004, p.71)
Os bairros, além de carecerem de uma definição legal (perímetro legal), não têm suas
identidades visuais trabalhadas, tanto numa perspectiva sócio-cultural (sentimento de
unidade) como em termos urbanísticos, na maior parte dos casos. As denominações
comerciais de alguns loteamentos se sobrepõem às denominações dos bairros, gerando
confusão inclusive entre os próprios moradores. As vias não apresentam uma
hierarquização adequada e há vazios em termos de infra-estrutura comercial e de serviços
públicos, principalmente em termos de transporte urbano, pavimentação, passeios e
calçadas, iluminação pública e arborização, isso quando possuem rede de esgotamento
sanitário e um adequado regime de coleta de resíduos sólidos. A cidade não tem ainda seu
CEP — CÓDIGO DE ENDEREÇAMENTO POSTAL (84500-000) detalhado por
logradouro, enquanto seu sistema de TAXI não adota taxímetro como referência para a
cobrança do serviço ao usuário.
Esta é a realidade de Irati, um município que não se utilizou das riquezas
formadas pela agricultura para desenvolver sua indústria, e hoje, com seus 54 mil
21
habitantes, permanece como uma cidade com uma morfologia singular (figura 0708). O município se desenvolve em um vale acidentado, cortado na direção norte-sul
pela linha da Estrada de Ferro São Paulo- Rio Grande, que está ativa até hoje,
cruzando largos espaços urbanos e se tornando um elemento forte que estruturou a
malha urbana do município, reforçada mais tarde pelas rodovias. Nos bairros do
município, não existe uma grande infra-estrutura comercial e de serviços, além dos
serviços públicos, como transporte coletivo, pavimentação, passeios, iluminação
pública e arborização, e as vias não possuem uma hierarquização adequada.
Hoje Irati vive um novo ciclo de desenvolvimento ainda baseado na agricultura, no
plantio de fumo e cebola, e as indústrias começam a despontar no município, com a presença
de duas multinacionais.
Figura 07: Vista panorâmica do centro de Irati
Fonte: Acervo particular do autor
22
Figura 08: Vista aérea parcial da cidade de Irati
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Irati
3.3 Aspectos geográficos e biofísicos do município de Prudentópolis
Localizado no centro-sul do Paraná, Prudentópolis fica a 207km a leste de sua capital,
Curitiba. Ocupando uma área total de 2.402,18km², é considerado o terceiro maior município
em extensão do estado do Paraná. Encontra-se localizado na latitude 25º12”, longitude 50º59”
e a 730 m de altitude. Sua população, segundo o IBGE (2004), sua população é de 46.003 e
sua densidade demográfica é de 18,81 hab/km² distribuída de forma desigual, devido ao
relevo do município,que dificulta sua ocupação. Limita-se ao norte com o município de
Cândido de Abreu; ao sul, com os municípios de Inácio Martins e Irati; a oeste, com
Guarapuava e Turvo; e a leste, com os municípios de Guamiranga e Ivaí.
O município é cortado por duas rodovias federais: a BR-373 no sentido Ponta Grossa –
Guarapuava e a BR-277 no sentido Irati – Guarapuava (figura 09), uma rodovia importante no
estado, tanto para o escoamento da produção quanto para o turismo, pois faz a ligação do
23
litoral paranaense com Foz de Iguaçu. A ligação da BR-277 à sede do município é feito pela
PR-160. Tais rodovias são os principais acessos a Prudentópolis.
Figura 09: Localização de Prudentópolis
Obs: sem definição de escala
Fonte:http://www.achetudoeregiao.com.br/PR/prudentopolis_dados_gerais.htm
De acordo com a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p.
44), o regime climático do município é caracterizado como subtropical úmido
mesotérmico, com média anual de precipitação de 2.057mm e com a presença do
ecossistema da Floresta Ombrófila Mista, onde se encontram exemplares da
Araucária, angustifólia, ou Pinheiro do Paraná
O relevo do município, embutido no Segundo Planalto ao pé da Serra da
Esperança, compreende duas zonas distintas, segundo a Secretaria Municipal de
Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 44). Na parte sudoeste, o relevo é mais suave,
facilitando a mecanização da agricultura.
A hidrografia é composta por vários córregos e rios, e, de acordo com a
Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 44), os principais são o
rio dos Patos e o rio São João. Os rios seguem no sentido noroeste, influenciados
pelo declive acentuado do relevo, formando vales que cortam a paisagem. Aparecem,
assim, inúmeras cachoeiras localizadas em rios que desaguam na Bacia do Rio Ivaí,
de grande importância por sua beleza, potencial hidráulico e turístico para o
município. Talvez por isso Prudentópolis é chamado de “terra das grandes
24
cachoeiras”, motivo pelo qual atrai turistas de muitas regiões do estado e do país.
Conforme a a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001),
devido à rica hidrografia e ao revelo fortemente ondulado, no território de
Prudentópolis, segundo dados fornecidos pela prefeitura, as cachoeiras apresentam
alturas que variam de 50 a 196 metros, como é o caso do Salto São Francisco, com
196 metros, do Salto São João, com 84 metros (figura 11), entre outros. Com muitos
rios, a maioria com fortes corredeiras, altos paredões, grandes cachoeiras e uma
natureza preservada, o município se destaca por ser um local propício para a prática
de esportes radicais, principalmente para modalidades como o rafting (descida em
rios de corredeiras em botes infláveis) , o rapel (técnica de descida de paredões com
auxílio de cordas), canyoning (exploração de canyons ou cachoeiras, utilizando
técnicas de Rapel) e o trekking (que são caminhadas de travessia podendo durar mais
de um dia).
Portanto, o município apresenta potencial para a atividade turística
principalmente em áreas naturais.
Salto São Francisco
Salto São João
Figura 10: Saltos de Prudentópolis
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
3.4 Aspectos Culturais de Prudentópolis
Como em toda a região e praticamente todo o estado, segundo os dados
fornecidos pela Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p.11) o
município de Prudentópolis teve sua economia vinculada à extração de madeira.
25
Hoje, entretanto, o município tem como base econômica a agricultura, tendo como
destaque a produção de feijão, milho e mate, além de ser um potencial apícola.
Desenvolve também há décadas intensa atividade industrial, restrita, porém, à
fabricação de tijolos, devido matéria-prima abundante na região.
Em relação aos aspectos culturais, o município apresenta um artesanato
diversificado, conforme a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001,
p. 14) herdado dos ucranianos e poloneses, que hoje é passado de mãe para filha,
como as pessankas (ovos pintados à mão), bordados, cestas e chapéus. Seus costumes
e tradições são diversos e variados. Tendo sido a maior colônia ucraniana do país,
apresenta, de forma expressiva, os elementos de sua cultura na língua, na religião, no
vestuário e nas construções.
Além disso, a culinária possui características peculiares. Como resultado da
influência da colonização polonesa e ucraniana, há pratos típicos como a krakóvia
(salame), borchtch (sopa azeda), perohê (pastel cozido), holobchi (charuto com
recheio de carne), etc. Tais pratos fazem parte da alimentação da comunidade,
podendo ser degustados em alguns restaurantes da cidade.
Prudentópolis possui uma particularidade quanto a sua ocupação: em vez de
possuir vilas, povoados ou vilarejos, possui linhas, ou seja, encontra-se dividida em
uma série de linhas que obedecem a um sistema geométrico definido, com ângulos
retos, sendo, assim, muito diferente da realidade nacional. Algumas linhas são
diminutas, outras de grande expressão, sendo planejadas de acordo com o traçado das
ruas, que são planas, largas e transitáveis.
O município recebeu, segundo a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente
(2001, p. 44), o “ título popular de ‘Capital da Oração’”. Isto se deve ao fato de 90% de sua
população professar a religião católica e, principalmente, por existir no município mais de 100
templos”.
De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001,
p. 44), os católicos do município encontram-se caracterizados em dois ritos distintos:
o Latino e o Oriental Ucraniano, que possuem diferenças marcantes nos paramentos,
nas orações litúrgicas, na comunhão e na arquitetura dos templos. Os templos latinos
possuem torres esguias, em estilo gótico, enquanto os do Rito Católico Oriental
Ucraniano destacam-se pelas cúpulas abobadadas, em estilo bizantino.
26
A religião, enquanto um fator cultural étnico, exerce influência direta no modo de vida
da população local e encontra-se refletida no espaço. Prudentópolis conta com duas paróquias,
a de São Josafat, com aproximadamente 33 igrejas, e a de São João Batista, com
aproximadamente 45 igrejas.
Um dos símbolos oficiais do município é o Brasão, formado pelos seguintes
símbolos: ao lado direito, encontra-se a erva-mate, um produto que representou um
dos grandes ciclos econômicos do Paraná e do município; ao lado esquerdo, ramos de
trigo representando a produção do grão, um produto muito cultivado pelos imigrantes
que aqui chegaram; ao centro, o pinhão, representante da Araucária árvore símbolo
do Paraná e abundante na região de Prudentópolis; no pinhão, encontra-se
representado o mapa do município onde pode ser observada sua rica hidrografia e
seus três distritos sinalizados por estrelas (figura 11).
Figura 11: Brasão de Prudentópolis
Fonte: Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 13)
3.5 Aspectos históricos do município de Prudentópolis
Segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p.9), o
município surgiu a partir da abertura da estrada que seguia a extensão da linha de telégrafo de
Curitiba até o município de Guarapuava, a maior unidade administrativa do Paraná. Até a
segunda metade do século XIX “seu território se estendia desde o rios dos Patos, na divisa
com o município de Imbituva, até os rios Iguaçu e Paraná, na fronteira do Brasil com as
repúblicas da Argentina e do Paraguai”, como pode ser observado na figura 13.
27
Figura 12: Localização de Prudentópolis no mapa do Paraná de 1881
Fonte: http://www.pr.gov.br/derpr/images/mapa_historico/mapa_1881_g.gif
A idéia da instalação da linha de telégrafo na região foi do então diretor do Telégrafo
Nacional, Barão de Capanema. Celebrava-se, assim, um contrato com o governo da província
do Paraná, segundo dados do Departamento de Cultura (2004, p. 09) “afim de que este
mandasse abrir um caminho para Guarapuava acompanhando os postes da linha telegráfica,
correndo metade das despesas por conta dos cofres da província”.
Com o projeto da estrada oferecendo perspectivas de valorização das terras, a
região começa a receber um contingente de desbravadores em 1882. Entre eles,
encontramos Firmo de Queiroz, descendente de bandeirantes paulistas que, segundo
dados do Departamento de Cultura (2004, p. 09) constrói sua casa a seis quilômetros
do Rio dos Patos, onde pretendia aproveitar a fertilidade da terra. Pela sua
propriedade, deveriam passar a linha telegráfica e a estrada até Guarapuava, de modo
que, mais tarde, sua casa tornar-se-ia um ponto de pouso de viajantes. Devido ao
fluxo de pessoas na região, Firmo decide construir uma pequena casa de comércio
que em pouco tempo, se tornou um centro de operações de trabalhadores e moradores
da mata.
Passando pela região, o então pároco de Guarapuava, Padre Stumbo, observou
que aquele ponto se fazia centro de convergência de sertanistas e propôs a Firmo de
Queiroz a construção de uma capela, pois assim, dar-se-ia início a um povoado e
manter-se-ia o desenvolvimento da localidade. No ano de 1884 foi construída a
primeira capela do município, batizada e consagrada com o nome de São João
Batista. Dessa forma, o local tomou um novo aspecto e no entorno da igreja
28
começaram a surgir novas casas e ruas.
Nesse mesmo ano, Firmo de Queiroz informou ao Barão de Capanema, em
visita ao povoado para fiscalização da construção da estrada e da linha de telégrafo,
que pretendia doar suas terras para que nelas fosse construída uma povoação, a qual
nomeou de São João do Capanema, junção do nome do santo padroeiro e do Barão de
Capanema, amigo e diretor do Telégrafo Nacional na época.
Em pouco tempo, o povoado, que ficou conhecido pelos moradores da região
como “Vilinha”, foi se transformando e aumentando com a chegada de diversas
famílias vindas de várias procedências, como ilustra a figura 13. Segundo Lemos
(1998, p. 27), em 1886, “a lei n° 25 de 26 de janeiro de 1886 transforma o povoado
de Vilinha em distrito, com a denominação de São João do Capanema”.
Ao final de 1894 o Governo Federal decide colonizar a região de
Prudentópolis, cujas terras foram cedidas pelo governo Estadual para estes fins. O
distrito ali existente denominado São João de Capanema, por decisão do então
Diretor da Colônia, o Dr. Cândido Ferreira de Abreu, passa a ser nomeado
Prudentópolis, em homenagem ao Presidente da República Prudente de Morais.
Segundo dados a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente (2001, p. 10),
Foi por essa época que chegou ao Brasil a primeira leva de colonos imigrantes ucranianos,
o quais manifestaram ao Governo Federal o desejo de se estabelecerem nas terras do
Paraná, sendo registrado em 1896 a imigração de 1500 famílias, aproximadamente 8 mil
pessoas para Prudentópolis. O processo de imigração ucraniana para Prudentópolis
continuou até meados da década de 20, porém decrescente em ritmo e número de famílias.
Isto fez com que Prudentópolis se tornasse o município brasileiro que mais imigrantes
ucranianos recebeu. Outros imigrantes também se estabeleceram na região e foram
importantes para o processo de colonização de Prudentópolis, entre eles destacam-se os
poloneses, alemães e italianos.
29
Figura 13: Barracas dos primeiros imigrantes ucranianos em São João do
Capanema, hoje Prudentópolis, 1896.
Fonte:http://www.achetudoeregiao.com.br/PR/historia_de_prudentopolis.htm
Como sede da colônia, a Vilinha tomou um impulso enorme, foi se
desenvolvendo e, no ano de 1895, o distrito de Prudentópolis apresentava aspectos de
uma povoação próspera e movimentada como pode ser vista na figura 14. Isto foi
devido à chegada das famílias de imigrantes poloneses e ucranianos, que seriam
localizados na longa linha aberta a norte e ao oeste da sede.
Para facilitar a administração da colônia, em virtude do elevado número de
imigrantes ali localizados, segundo a Secretaria Municipal de Turismo e Meio
Ambiente (2001, p. 10),
a colônia de Prudentópolis foi dividida nos seguintes núcleos: Ivaí, Piraí,
Maurice Faivre, Inspetor Carvalho, Esperança, Santos Andrade, Sete de
Setembro, Tiradentes, Dr. Vicente Machado, Rio Preto, Quinze de Novembro,
Visconde de Guarapuava, Coronel Bormann, Luiz Xavier, Vinte e Cinco de
Outubro, União, Olinto, Eduardo Chaves, Capanema, Carlos Gomes, Sertório,
Cláudio Guimarães, Vinte e Três de Abril, Iguaçu, Ronda e Mirim.
Considerando que os principais núcleos chegaram a abrigar juntos 9 mil
imigrantes, a colônia de Prudentópolis ficaria quase que exclusivamente habitada por
imigrantes poloneses e ucranianos.
No ano de 1903, o decreto de lei n° 225 de 15 de dezembro, cria uma agência
30
fiscal no distrito que apresenta sólido crescimento.
Figura 14: Vista Panorâmica da Cidade de Prudentópolis, no final do Séc. XIX
Fonte:http://www.achetudoeregiao.com.br/PR/historia_de_prudentopolis.htm
Os colonos dedicavam-se à agricultura, à pecuária e à pequena indústria,
proporcionando um grande progresso à colônia, que prospera extraordinariamente.
Um contínuo desenvolvimento nos vários setores exigia, em contrapartida, uma
administração de acordo com suas necessidades. Assim, em 5 de março de 1906, por
meio da Lei Estadual n.° 615, foi criado o então município de Prudentópolis e
instalado em 12 de agosto do mesmo ano, sendo desmembrado de Guarapuava.
Segundo dados do Inventário Turístico de Prudentópolis, o decreto n° 242 de
14 de junho de 1906 designa a realização das eleições municipais para o dia 8 de
julho, e em “20 de agosto efetuou-se a instalação oficial do município, empossandose as primeiras autoridades municipais. Pela Lei n° 2614, de 14 de março de 1929,
Prudentópolis recebeu foros de cidade, sendo, ao mesmo tempo, criada a comarca de
mesmo nome”.
Hoje, Prudentópolis se caracteriza como uma cidade pequena. De acordo com
dados do IBGE, mais de 50% de sua população reside na zona rural, em pequenas
propriedades, tendo como base econômica a agricultura. Tal fato explica a paisagem
que encontramos na sede do município: uma cidade sem muitas construções verticais
na área central, como pode ser verificado na figura 15 a seguir.
31
Figura 15: Vista aérea da cidade de Prudentópolis
Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Prudentópolis
32
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 Paisagem Turística
A paisagem é um elemento fundamental da oferta turística para alguns autores; este
elemento pode ser o fator decisório para a escolha de visitação a uma determinada destinação,
como apresenta Silva (2004, p. 27)
Os lugares turísticos são escolhidos e admirados por suas paisagens. Neles os
panoramas da natureza e a visão do homem e sua cultura inseridos no território são
prazeres a ser desfrutados e, na maioria das vezes, constituem o motivo condutor do
viajante. Admiradas como cenários, as paisagens são testemunhos visuais de
elementos estéticos e simbólicos construídos historicamente e que, quando
identificados e apropriados pelo viajante, despertam um renovado interesse no lugar
visitado.
Para Rodrigues (2000, p. 223), "a paisagem de um lugar pode ser um recurso turístico
valiosíssimo, pois pode determinar o maior ou menor grau de atratividade do local (...)".
Portanto, parece bastante oportuno seu estudo enquanto elemento do produto turístico. Assim,
Burle Marx (1987, p.58) apud Rodrigues (2000, p. 224) nos coloca uma questão sobre a
problemática da relação do turismo e da paisagem:
Parece-me que esse é o ponto que mais deveria preocupar nossos técnicos de
turismo: como encaminhar essa atividade ainda incipiente no Brasil, de forma que
nossas paisagens sejam realmente compreendidas, no seu aspecto geral, e também
nos seus pormenores mais delicados? Tudo isso, no entanto, sem impedir a
interferência humana, necessária à própria sobrevivência. Há que se estabelecer
critérios.
Existe uma infinidade de definições de paisagem, como o conceito formulado por
George Bertrand apud Conti (2003, p. 59) formulado em 1968, que define paisagem como "o
resultado da combinação dinâmica, portanto instável, em uma determinada porção do espaço,
de elementos físicos, biológicos e antrópicos, os quais, reagindo dialeticamente, uns sobre os
outros, fazem dela um conjunto único e indissociável em perpétua evolução". Neste contexto,
a paisagem é compreendida, segundo Santos apud Rodrigues (2001, p.72), da seguinte
maneira: "a paisagem é o resultado de uma acumulação de tempos".
Para Oliveira (1999), “paisagem é um sistema geográfico formado pela influência dos
processos naturais e das atividades antrópicas e configurado na escala da percepção humana”.
Compactuando com a mesma idéia, Pollete (1999, p. 83) afirma que a
paisagem pode ser definida como um sistema territorial composto por componentes
complexos de diferentes amplitudes formados a partir da influência dos processos naturais
e da atividade modificadora da sociedade humana, que se encontra em permanente
interação e que se desenvolvem historicamente.
Isto quer dizer que a paisagem é resultado de uma complexa interação entre o
indivíduo e o meio, em determinado período, em um determinado lugar. Trata-se de uma
representação do espaço.
A paisagem segundo Meneses (2002, p. 36), "tem história, (...) ela pode ser objeto de
conhecimento histórico e (...) essa história pode ser narrada”. A autora ainda complementa, ao
afirmar que.
A paisagem oferece pistas materiais que permitem perceber seu caracter histórico.
São esses '
traços fósseis’ que conduzem ao entendimento da formação
geomorfológica e social da paisagem contemporânea e de suas sucessivas
fisionomias anteriores, ao longo do tempo.
Podemos afirmar que a paisagem é um registro preciso da atividade do homem em um
determinado ambiente. Conforme Rodrigues (2001, p. 75) "o testemunhos do tempo
correspondem aos recursos turísticos de notável importância", quando estamos tratando da
paisagem sob um enfoque turístico.
Portanto, para Rodrigues (2000, p. 226),
A paisagem é resultante das ações passadas e presentes, da ação não apenas
antrópicas, mas do clima, das intempéries, da temperatura, da composição físico
química e morfológica. Enfim, é a resultante temporal e espacial do conjunto desses
fatores. [...], a paisagem é uma "construção cultural", concretizada através das
diferentes concepções de mundo.
González Bernáldez apud Boullón (2002, p. 117), ao tentar explicar o termo paisagem,
faz a seguinte afirmação:
O exame bibliográfico proporciona mais ou menos dois grupos de acepções: a) a
imagem (seja ela pintada, fotografada ou percebida pelo olho) de um território, e b)
a acepção culta da paisagem geográfica, correspondente ao conjunto de elementos
de um território ligado por relações de interdependência.
Ambas as definições são válidas, uma vez que cada uma possui uma visão diferente do
mesmo termo: a primeira se refere a uma visão estética, enquanto a segunda faz referência a
uma visão científica. Para Boullón (2002, p. 118), tal equívoco pode ser resolvido se
adotarmos para o termo paisagem
34
um enfoque visual, ambos os tipos de paisagem são conseqüência da combinação de
numerosos elementos físicos de diferentes classes (algumas naturais, outras
artificiais), intimamente relacionadas entre si; por isso, podemos apreciá-los como
um conjunto.
Sendo assim, podemos afirmar que a paisagem é compreendida pelo conjunto de
elementos naturais e antrópicos, que se encontram na superfície terrestre apreendida pela
visão. Podemos dizer que a ação antrópica é um dos elementos fundamentais da paisagem, já
que esta é formada por tal ação, somada aos fatores ecológicos, que se interagem e se
modificam no tempo e no espaço. Dessa maneira, constata-se que a ação do homem contribui
para formação da paisagem.
A paisagem, portanto, deve ser considerada uma construção cultural não apenas pelas
transformações sofridas pelo homem, mas também pela forma como os indivíduos a
interpretam. Para Yázigi (2000, p.13), "paisagem significa mais um modo de ver do que de
agir”.
Pitte apud Castrogiovanni (2002, p. 132) afirma que
a paisagem é uma realidade cultural, pois não é somente trabalho humano mas
também objeto de observações, inclusive consumo. A cultura desempenha um papel
de filtro variável de um para outro indivíduo e de um para outro grupo social.
Para Meneses (2002, p. 32), "não há paisagem sem um observador. A percepção visual
da paisagem é, desta forma, uma condição fundamental para a existência cultural da
paisagem." A mesma autora ainda acrescenta que "a percepção envolve organização e
reorganização de dados a partir de modelizações, valores, aspirações, interesses etc."
Segundo Castro (2000, p.122),
sendo a paisagem o que se vê, ela supõe necessariamente a dimensão do real
concreto, que se mostra, e a representação do sujeito, que o codifica no ato da
observação. A paisagem como fruto dessa observação resulta de um processo
cognitivo, mediado pelas representações do imaginário social pleno de valores
simbólicos.
Assim, o mesmo autor conclui, expondo a idéia de que a paisagem é uma escrita no
espaço e tem de ser interpretada no contexto histórico das sociedades.
A paisagem, se compreendida desta forma, deve ser considerada como uma imagem
sócio-cultural; trata-se, assim, de um produto coletivo em um local e em determinado período
na história. Além disso, a presença de um observador (homem) faz-se necessário para que a
35
paisagem possa existir, pois esta é uma imagem formada pelo homem de um determinado
lugar. Boullón (2002, p.119) explica esta idéia da seguinte forma:
Sem o homem, a paisagem desaparece; mas isso não quer dizer que a paisagem se
esfume e se recomponha magicamente com a ausência ou presença do homem;
naturalmente, quando este se retira, ali permanece o ambiente natural e a cidade. O
que queremos dizer é que a paisagem se vai com o observador porque não passa de
uma idéia da realidade que este elabora quando interpreta esteticamente o que está
vendo.
Desse modo, para que exista a paisagem, é preciso que haja um observador sensível e
disposto a observar um espaço natural ou artificial com qualidade estética; há, assim, uma
relação de existência entre ambos, de acordo com a figura 16 a seguir.
Objeto
(estético)
Sujeito
(observador sensível)
Figura 16: A relação objeto sujeito
Fonte: Boullón (2002, p. 120)
Portanto, esta concepção de paisagem apresenta uma dependência do objeto em
relação ao observador que a avalia com qualidade estética ou não. Nesse sentido, para
Boullón (2002, p. 120), a paisagem pode ser definida
como uma qualidade estética que os diferentes elementos de um espaço físico
adquirem apenas quando o homem surge como observador, animado de uma atitude
contemplativa dirigida a captar suas propriedades externas, seu aspecto, seu caráter e
outras particularidades que permitam apreciar sua beleza ou feiúra.
Tal temática é um tanto complexa, pois não podemos deixar de lado o fato de tal
avaliação ser um tanto subjetiva, já que cada indivíduo possui uma percepção diferenciada da
paisagem. Castro (2000, p.123) compreende esta idéia da seguinte forma:
é preciso compreender a paisagem como, de um lado, vista por um olhar, apreendida
por uma consciência, valorizada por uma experiência, julgada, eventualmente
reproduzida por uma estética e uma moral, gerida por uma política.
Portanto, ao tentar qualificar a paisagem, os profissionais de turismo deverão, segundo
Boullón (2002, p. 122),
generalizar seu próprio critério, em sua busca por obter uma maior coincidência com
o da demanda que se espera que visite o lugar (...). Para tal, é aconselhável controlar
36
as análises por eles realizadas, mediante pesquisas motivacionais que podem mostrar
alguns indícios sobre os gostos de um turista tipo, a fim de determinar quais as
qualidades da paisagem considera mais agradáveis e quais passam-lhe despercebidas
ou francamente não lhe interessam.
Considerando a paisagem como um conjunto da relação de ações antrópicas e naturais
que existem mediante a observação de um sujeito, as paisagens, em seus diferentes ambientes,
natural e urbano, possuem, segundo Boullón (2002, p. 194), uma linguagem própria, sendo
que no espaço natural a paisagem se manifesta por conta própria, ao passo que no espaço
urbano é compreendida como uma manifestação da ação antrópica.
4.2 Paisagem Urbana
A paisagem urbana, conforme Scherer (2000, p. 84), pode ser compreendida como,
o conjunto constituído tanto pelas edificações como pelas relações que entre elas se
estabelecem e sua inserção na malha urbana. A paisagem urbanística dialoga com o
sítio, com a paisagem natural e, deste diálogo, participam tanto edificações
monumentais quanto produtos da arquitetura comum e também as resultantes das
diferentes modalidades de autoconstrução. Isto é, a paisagem urbana e o urbanismo
em seu interior evidenciam o modo como nos núcleos urbanos se relacionam as
instituições e as diferentes classes sociais, em síntese: materializam a um só tempo a
estruturação física e social interna da cidade.
De acordo com o Glossário de Turismo e Hotelaria da UNIVALI (2000, p. 68), a
paisagem urbana
é identificada diante da constatação do meio urbanizado onde predominam as formas
regulares dos elementos artificiais constituintes (edificações e outras obras de
engenharia), interligados por uma rede e corredores geometrizados na forma de ruas,
linhas férreas, viadutos, pontes, rios e canais retificados.
A paisagem urbana não existe simplesmente para ser vista, mas também para ser
explorada, pois relata a história de cada sociedade, possui memória, apresenta registros do
passado e do presente que, juntos, formam um grande atrativo para o turismo. No dizer de
Scherer (2000, p. 87), "a paisagem urbana sempre teve um papel de relevo: a beleza, a
harmonia, a poesia, a magnitude, o pitoresco de diferentes paisagens urbanísticas encantaram
e seguem encantando a todos nós." As cidades, cada qual com suas características
arquitetônicas e de urbanismo, mostram-se como produtos diferenciados para o turista, que ao
se deparar com uma paisagem cheia de simbolismos e códigos, muitas vezes se sente agredido
e, ao mesmo tempo, impulsionado a decodificar essa paisagem. Para Wainberg (2001, p. 13),
37
A percepção é estimulado pelo estranhamento causado por sua arquitetura, vias limites,
bairros, pontos nodais, marcos, avenidas, cafés e bares; Há cores e odores. Hábitos e
costumes. História e memória. No campo estranho, todo detalhe é relevante na
composição do todo.
O mesmo autor ainda complementa da seguinte forma: "a semiótica do ambiente
urbano nos ensina que a cidade deve ser vista como uma escrita, uma fala a ser interpretada
pelo transeunte." Boullón (2002, p. 195) observa que, como linguagem de uma cidade, temos
suas formas; assim sua leitura se apóia naqueles signos e símbolos que melhor a representam.
No entender de Castrogiovanni (2001, p.23),
as cidades são representações fiéis dos macromovimentos sociais. Elas são um
recorte do mundo, onde independentemente de suas dimensões ou relevância
regional, vibram e transformam-se de acordo com as necessidades e solicitações das
políticas e movimentos sociais locais, atrelados aos universais.
Como podemos observar as cidades não se reduzem simplesmente a aspectos políticos
ou às sedes administrativas dos municípios. Castrogiovanni (2001, p.24) as considera como "o
espaço territorializado, apropriado pelas sociedades." Portanto, tais espaços resultam da
evolução social, em meio o qual os espaços são produzidos e reproduzidos através do tempo,
pelas suas sociedades.
Este dinamismo transforma as cidades a cada instante, modificando as paisagens e
dando novos valores aos espaços. Para Castrogiovanni (2001, p.25),
A cada instante há mais do que os olhos podem ver, do que o olfato pode sentir ou
do que os ouvidos podem escutar. Cada momento é repleto de sentimentos e
associações a significados, portanto, há uma constante construção de significações.
A cidade é o que é visto, mas mais ainda, o que se pode ser sentido. É com esse
olhar que devem agir os profissionais do turismo a fim de serem especulativos e com
isto, mais criativos. Sendo assim, é possível sempre descobrir novas possibilidades
para a oferta de atrativos turísticos urbanos.
Isso significa que uma cidade é muito mais do que os olhos podem ver simplesmente.
É preciso conhecer profundamente sua história para que se possa ver as cidades com
verdadeiros "olhos de ver". Assim, não devemos simplesmente ver suas formas, mas o que
estas representam e representaram para uma determinada sociedade, em um determinado
período.
Para Boullón (2002, p. 195), "a cidade - como qualquer obra do homem - tem seus
limites, é possível sintetizar sua estrutura visual em uma série de formas que a representam
38
com maior clareza."; Cada cidade possui um caráter diferente, que se pode interpretar
espontaneamente, tornando-se atrativo nato para o desenvolvimento do turismo. Este deve ser
explorado e admirado pelo turista, que em cada cidade encontrará algo novo que o
surpreenderá.
Assim, podemos afirmar, segundo Castrogiovanni, (2001, p.31) que
A cidade é um mundo de representações. Pode ser pequena ou uma metrópole; ela
pulsa, vive, seduz, agride, transforma-se e transforma aqueles que nela interagem.
(...)
A cidade é viva, possui a sua própria identidade, apresenta um dinamismo de
relações que se alteram ao ritmo de diferentes circunstâncias, portanto sempre é
possível a renovação urbana. A cidade deve ser vista como um bem cultural, em que
devem ser valorizadas funções culturais que atendam à qualidade de vida dos seus
habitantes.
Este dinamismo das cidades proporciona aos espaços urbanos uma atratividade ao
turismo, já que existem lugares com níveis variados de motivação. Em relação à tais
motivações, podemos dizer que o ser humano é insaciável, das mesmas, principalmente em se
tratando de curiosidades. E a forma que temos para saná-las é por meio do conhecimento dos
aspectos culturais, históricos e sociais dos locais visitados. Sendo assim, tais espaços se
encontram na equação do turismo como oferta turística. Conforme Scherer (2002, p. 103)
A melhor coisa que uma cidade tem a oferecer ao turista é ela mesma, na medida em
que cada cidade tem sua feição, seus sons, aromas e paisagens, seus encantos
explícitos ou reservados aos poucos que se dispõe a buscá-los, cristalizados ao longo
do tempo que a tornam única.
Se identidade de uma cidade, sua originalidade, seus hábitos e costumes são diferentes
dos já conhecidos pelo turista, haverá um estranhamento que aguçará o interesse do visitante a
interpretar e conhecer tal espaço. Portanto todo estranhamento é fundamental. Havendo em
consideração as ponderações de Auge, Wainberg (2001, p. 15) assinala que
(...), toda peregrinação tem sabor de simulação de uma investida antropológica. Vaise a campo estranho estimulando por tais patrimônios alheios. Cruza-se a fronteira
demarcada pelos limites urbanos da cidade visitada e, como estrangeiro, vasculha-se
os sinais de tal interação entre comunidade nativa e espaço sob exame. Cada singelo
objeto é artefato arqueológico que demanda observação potencial. A rotina do nativo
é igualmente objeto de exame. Interessa seu hábitos e costumes. Formas de trabalho
e lazer. Vivenda e arte.
A atratividade da cidade será tanto maior quanto maior for densidade de artefatos
diferenciados com capacidade de surpreender o turista a cada momento, de modo a agredir os
39
sentidos do observador, fazendo-o perceber o que está escrito nos signos ou nos códigos da
cidade.
Portanto, segundo Ribeiro (2002, p.148-49) "pensar e planejar áreas de lazer aliadas a
espaços ociosos da urbe e sua posterior valorização através de parques e praças com motivos
culturais e históricos são formas de resgate da cultura e homenagem a etnias que habitam as
cidades." Assim, é necessário transformar lugares degradados em espaços com uma "proposta
de cultura e lazer voltada para os habitantes da cidade bem como para turistas[...]",
valorizando a cultura local, a comunidade e o atrativo para o turista.
Estes são os elementos da atratividade da cidade, sua identidade, cultura, comunidade
e suas heranças, de acordo com Wainberg (2001, p. 14)
o passado é que torna o lugar mais que um espaço; que herança é a possessão que os
atuais fazem de eventos do passado; que sendo o patrimônio de uma razão de
contrariedade de outros, há dissonância, o que demanda resolução do conflito em
torno da memória para que os presentes se apropriem de um ou mais de um
patrimônio capaz de proporcionar desfrute; que tal desfrute não é físico em essência,
mas que proporciona idéias intangíveis e sentimentos sob controle antes de tudo. E
uma experiência com sabor cultural, em primeiro lugar.
Rodrigues (2001, p. 75) confirma tal pensamento, ao afirmar que "os testemunhos do
tempo correspondem aos recursos turísticos de notável importância." Desse modo os
patrimônios tornam-se atrativos fundamentais no desenvolvimento turístico de uma cidade,
pois neles podem ser observadas a identidade e a evolução social de uma comunidade ao
passar do tempo. Assim, é necessário que haja esforços em conjunto para a restauração de
espaços de valor cultural e histórico, para que se possa dar a tais espaços novas utilidades ou
revitalizar seus antigos usos, tendo em mente que o turista procura o diferente, o singular,
algo que o surpreenda.
Contudo a percepção de uma cidade não se dá de forma imediata. Na realidade, ela é
uma soma de imagens que o ser humano captura e retém em sua memória. Portanto, a
formação da imagem de uma cidade, segundo Boullón (2002, p. 193), "se realiza no
transcurso do tempo, pela soma das imagens parciais que o espaço físico transmite e que o
homem registra em sucessivas vivências (visão em série)". Para Kevin Lynch apud Silva
(2004, p.31), "a imagem é formada pelo conjunto de sensações experimentadas ao observar e
viver em determinado ambiente."
Conforme Kevin Lynch apud Boullón (2002, p. 119):
40
Parece haver uma imagem pública de cada cidade que é o resultado da superposição
de muitas imagens individuais. Ou talvez o que exista seja uma série de imagens
públicas, cada uma das quais é mantida por um número considerável de cidadãos.
Essas imagens coletivas são necessárias para que o indivíduo atue acertadamente
dentro de seu ambiente e para que coopere com seus cidadãos. Cada representação
individual é única e tem certo conteúdo que só varia muito raramente ou nunca é
comunicado, apesar de estar próximo da imagem pública, que, em diferentes
ambientes, é mais ou menos forçosa, mais ou menos compreensível.
Estas imagens do meio, segundo Lynch apud Silva (2004, p. 31), " são resultado de
um processo bilateral entre o observador e o meio ambiente." Entretanto, de acordo com
Boullón (2002, p. 194),
Nem todas as cidades apresentam o mesmo grau de dificuldade de captação de sua
paisagem urbana. Em primeiro lugar, o tamanho é o principal obstáculo para se
conhecer uma grande cidade, o traçado é o segundo, e a topografia e o tipo de
arquitetura o terceiro e o quarto.
As imagens públicas de uma cidade são representações da percepção das paisagens
urbanas e, muitas vezes, são utilizadas para promover e identificar uma cidade. É o caso de
Paris, conhecida como uma cidade romântica, ou Nova York, uma cidade de compras, ou
ainda as cidades históricas de Minas. Estas são imagens formadas por indivíduos de uma
determinada paisagem e todas possuem uma identidade que está predefinida no imaginário
dos turistas.
A imagem de uma cidade é formada pelo turista mediante uma visão em série dos
pontos de passagem obrigatórios dessa cidade. Esta imagem, como mencionado
anteriormente, é, para Boullón (2002, p. 193), uma percepção que se realiza "por meio de uma
série de elementos formais - que o homem consegue identificar e reter em sua memória”, de
modo a construir a imagem da paisagem urbana.
Portanto, a imagem de uma paisagem turística é formada elementarmente pela
captação dos pontos gravitacionais, por onde o turista visitou. Esta imagem, segundo Silva
(2004, p. 32), "implica a concepção mental apreendida e estabelecida pelo indivíduo que
resume seu conhecimento, suas avaliações e preferências sobre o ambiente em que vive.".
Trata-se de algo extremamente subjetivo, posto que é variável de indivíduo para indivíduo.
Sendo o estranhamento um fator determinante na atratividade de uma paisagem urbana, Silva
(2004, p. 32) comenta que
Percorrer ruas urbanizadas, com calçadas limpas e fachadas padronizadas,
geralmente causa boa impressão, especialmente se a cidade de origem do turista não
41
apresentar essas características. O que chama a atenção do turista, em qualquer dos
casos, é o diferente e o inusitado.
As paisagens possuem o potencial de despertar todos os nossos sentidos. Como descreve
Boullón (2002, p. 144) ao observarmos uma paisagem, nós percebemos e ativamos oito
componentes sensoriais: a formas, o cheiro, a cor, a luz, a textura, os sons, a temperatura e a
atmosfera. Logo são elementos que interferem diretamente na experiência do turista ao
adentrar uma paisagem e devem ser observados e analisados, para que esta seja melhor
aproveitada para a atividade turística. Silva (2004, p. 32) confirma tal pensamento, ao fazer a
seguinte afirmação:
A percepção do ambiente é mais aguçada quanto se trata de um lugar turístico onde
a paisagem é um fator de atração. O turista é muito sensível aos cenários, pois seu
principal interesse está voltado para o aspecto visual dos lugares e para aquilo que
ele tem de pitoresco, de diferente e atrativo aos sentidos.
Dessa forma, como Castrogiovanni (2001, p. 31), podemos considerar que "a cidade é
um mundo de representações. Pode ser pequena ou uma metrópole; ela pulsa, vive, seduz,
agride, transforma-se e transforma aqueles que nela interagem." Trata-se de um espaço cheio
de signos e códigos a serem interpretados pelo turista, sendo que a paisagem urbana se
destaca como um elemento de atração turística de grande valor.
Cullen (1971, p. 11) afirma que “(...) embora o transeunte possa atravessar a cidade a
passo uniforme, a paisagem urbana surge na maioria das vezes como uma sucessão de
surpresas ou revelações súbitas. É o que se entende por ‘visão serial’”, ou seja, quanto mais a
visão das pessoas for estimulada, a paisagem urbana será mais interessante, mais animada,
despertando sensações e curiosidade, em relação ao que vier pela frente. Se, ao contrário, a
paisagem for monótona, não causará grandes emoções, passando despercebida.
A paisagem urbana ocupada pode ser um atrativo a mais aos olhos das pessoas.
Pessoas são atraídas por pessoas, que utilizam a paisagem como meio de interação e
integração. Assim, existe uma troca de vivências e experiências, e a paisagem se torna algo
mais próximo, mais palpável, com o jeito de seus moradores. De acordo com Cullen (1971, p.
23 -25),
[...] abrigo, sombra, conveniência e um ambiente aprazível são as causas mais
freqüentes da apropriação de espaço, as condições que levam à ocupação de
determinados locais. [...] a ocupação estática, porém, é apenas uma das formas de
apropriação do espaço exterior. Uma outra consiste na apropriação pelo movimento.
42
A ocupação estática da paisagem diz respeito aos ambientes já construídos, abertos ou
não, como os bancos e mesas nas praças e bulevares. Já o espaço em movimento é o
preconizado pelas próprias pessoas em seu passeio ao encontro de alguém, de maneira que são
elas que fazem o movimento. É uma ocupação vibrante e curiosa, deixando a paisagem mais
atrativa.
No entanto para isso, é preciso conhecer os pontos que o turista irá percorrer ou
aqueles que lhe interessam, isto é, as áreas gravitacionais. Tais pontos podem ser encontrados
nos inventários turísticos municipais; portanto, tais documentos são instrumentos essenciais
de coleta de dados.
Para Boullón (2002, p. 220), o levantamento das áreas gravitacionais da cidade deve
ser feito como uma visão global, pois
Ao se relacionar os pontos focais sem se levar em conta a totalidade da rede de ruas
e outras milhares de edifícios sem importância, obtém-se a nova imagem da cidade
com base em sua organização focal. No entanto, já sabemos, isto só pode ser
elaborado mentalmente com o passar do tempo; de modo que é preciso ajudar o
turista fazendo-o destacar a existência deste esquema focal, que para os habitantes é
evidente.
Boullón (2002, p. 220) ainda completa da seguinte forma:
O procedimento aconselhável é a realização, por parte de técnicos especializados em
desenho urbano e em identificação e avaliação dos atrativos turísticos urbanos, de
um estudo de campo para estabelecer que elementos formais farão parte da
organização focal.
Na realidade, o que ele propõe é que este levantamento seja feito de forma a
hierarquizar e analisar quais elementos devem fazer parte da visitação do turista, de modo a
proporcionar ao mesmo uma imagem agradável da cidade visitada.
Outro enfoque de nossa análise consiste na infra-estrutura, que, segundo Boullón, é de
fundamental importância para o funcionamento do turismo, pois os atrativos e os
equipamentos turísticos são insuficientes para o funcionamento da atividade turística.
Ademais, a infra-estrutura possui influência expressiva na paisagem como fator definidor da
qualidade da paisagem urbana.
Sendo a infra-estrutura condicionante do desenvolvimento turístico, sem ela seria
impossível se pensar em investimentos em equipamentos e nos atrativos. Sem dúvida, este
elemento do patrimônio turístico de uma localidade tem papel importantíssimo no grau de
qualidade da paisagem. A infra-estrutura torna-se, desse modo, um fator de grande valor
quanto à experiência do visitante, já que pode aumentar ou diminuir seu grau de satisfação.
43
Para Conti (2003, p. 68),
Em sua caminhada pela superfície do globo, ao longo da história, o ser humano vem
procurando satisfazer sua infinita curiosidade de conhecer cada recanto do planeta, a
fim de explorá-lo em seu benefício, daí resultando a interação sociedade/natureza e a
organização do espaço com todo seu aspecto multifacetado.
As paisagens podem ser consideradas um sistema em constante construção, pois ao
sofrer a influência de algum de seus elementos, elas reagem, adaptando- se e transformando
suas características. Como afirma Rodrigues (2000, p. 228);
Dessa forma, espaço e paisagem fornecem as bases para o turismo. Na paisagem, as
ações de hoje estarão presentes no futuro. A paisagem '
absorve'as ações, e pode ser
mais ou menos valorizada por isso. Assim, o turismo interfere na paisagem e sofre
dela interferência, sendo tanto um aliado como um devorador.
As paisagens tanto podem influenciar como serem influenciadas pelos homens. Nesse
sentido, elas se transformam em atrativos para o desenvolvimento do turismo, podendo ser
criadas ou transformadas para tais fins. Sendo assim, a paisagem tem uma importância
considerável em se tratando de turismo, pois, segundo Rodrigues (2001 p. 48) é possível
afirmar que
a paisagem em si é um notável recurso turístico. Tendo em vista que o turista busca
na viagem a mudança de ambiente, o rompimento com o cotidiano, a realização
pessoal, a concretização da fantasia, a aventura e o inusitado, quanto mais exótica
for a paisagem, mais atrativa será para o turista.
Sob este ponto de vista, a paisagem é o primeiro elemento que lhe proporcionará esta
fuga do cotidiano, em direção ao novo.
Portanto, as paisagens turísticas devem ser planejadas e organizadas de modo a manter
suas características originais e singulares. Para Castrogiovanni (2001, p. 132), as "paisagens
turísticas devem dar conta das motivações dos visitantes que as contemplam ou as utilizam.
Para tanto, é fundamental o pleno conhecimento/estudo dos elementos que compõem tais
paisagens."
A vida de costumes rurais e a infra-estrutura urbana promovem as atratividades de
cidades como Irati e Prudentópolis, pois como apresenta Silva (2004, p. 68),
Nessas localidades turísticas quase tudo o que envolve a vida cotidiana das antigas
populações imigrantes tornou-se uma atração: a criação de animais, a produção
agrícola, os utensílios domésticos, os objetos de decoração, o vestuário, as comidas
típicas. A arquitetura de casas urbanas e fazendas tem um papel fundamental de
servir de cenário para a apreciação das atrações. Muitos turistas viajam nos fins de
semana apenas para desfrutar de paisagem composta de casas de madeira e campos
cultivados.
44
Estas cidades apresentam realidades regionais de uma cultura rica em elementos
únicos, fatores importantes para a regionalização do turismo, na medida em que são estas
características culturais que demarcam uma região. Nestas localidades do interior o que
encontramos é uma paisagem diferente dos grandes centros ou cidades litorâneas. Conforme
Silva (2004, p. 81), estas comunidades apresentam uma
associação entre o território natural e a cultura local é evidente por paisagens que
agregam elementos naturais (o planalto central, as serras, os morros, a caatinga, os
pampa) - e processo que valorizam o cotidiano e o trabalho nas áreas rurais, como
campos cultivados e pastagens.
O estudo da paisagem não se caracteriza simplesmente por uma análise das formas,
mas implica uma compreensão destas. No caso da avaliação da paisagem com potencialidade
turística, esta análise acompanha as idéias de Boullón (2002, p. 80):
A melhor forma de determinarmos um espaço turístico é recorrermos ao método
empírico, por meio do qual podemos observar a distribuição territorial dos atrativos
turísticos e do empreendimento, a fim de detectarmos os agrupamentos e as
concentrações que saltam à vista.
Assim a melhor forma de determinar as paisagens turísticas seria por meio de uma
análise do espaço, já que a paisagem é o reflexo do mesmo. Para tanto, é preciso ter em mente
que as paisagens são captadas pelo turista de forma seriada, armazenada em sua memória e
avaliada conforme seus valores. Estas paisagens devem atender às motivações dos
transeuntes, assim como de sua comunidade, buscando agregar valor à sua atratividade sem,
entretanto, descaracterizar sua originalidade.
45
5. ANÁLISE DOS RESUTADOS
5.1 Paisagem edificada de Irati
A análise se iniciou não por um dos atrativos da cidade, mas pelas principais áreas
gravitacionais de Irati. Primeiramente foi analisada a área da Estação Rodoviária por se tratar
de um portão de entrada do município. A seguir, foi analisada a área central, ponto de
passagem obrigatório do turista que deseja ir a qualquer atrativo da cidade, assim como
encontrar os equipamentos e instalações turísticas. Depois de analisadas estas duas paisagens
de suma importância para a formulação da paisagem turística do município de Irati, foram
analisados os atrativos turísticos da cidade: Casa da Cultura, Colina Nossa Senhora das
Graças, Recanto Rubens Dallegrave - Cachoeira Fillus, Igreja Nossa Senhora da Luz, Igreja
Imaculado Coração de Maria, Igreja São Miguel, Parque Aquático e de Exposições de Irati e o
Centro de Tradições Willy Laars, finalizando com a análise turística das edificações urbanas
de Irati.
Estas áreas, logradouros e marcos, segundo Lynch e Boullón, compreendem a imagem
que o visitante tem da cidade, constituindo, portanto uma imagem da paisagem turística de
Irati, imagem esta que, associada à análise da infra-estrutura urbana, dos equipamentos e das
instalações turísticas, poderá contribuir para o planejamento da oferta turística do município.
Rodoviária Municipal de Irati
A área da estação rodoviária de Irati está localizada na rua Dona Noca s/n°, em uma
das principais vias de acesso à cidade, a aproximadamente 1Km do centro. A estação
rodoviária é uma edificação sem expressão arquitetônica significativa para a paisagem desta
área urbana, como pode ser visto na Figura 18. Com porte pequeno, apresenta um pátio em
pavimentação articulada (paralelepípedo) e pouca estrutura para o atendimento de turistas,
como posto de informações ou mapa da cidade. No seu entorno, encontram-se edificações
comerciais, lanchonetes, ponto de táxis, hotéis, posto de gasolina e uma pequena praça. As
observações realizadas durante a pesquisa de campo indicam que a paisagem desta área
urbana apresenta uma série de deficiências quanto à sua qualidade, pois não existe harmonia
entre a edificação e seu entorno.
A paisagem desta área merece atenção do poder público municipal, pois a rodoviária,
como expresso por Boullón (2002), não é um atrativo turístico e sim, uma das áreas
gravitacionais de suma importância para o desenvolvimento da atividade turística. Isto porque
consiste em um dos portões de entrada para os visitantes da cidade, e sendo assim, sua
paisagem está em desacordo com o papel que este conjunto desempenha na atividade do
turismo. De fato, trata-se de uma paisagem desqualificada sem o mínimo de informação
pertinente sobre a cidade, além de apresentar uma infra-estrutura deficiente como, banheiros
inadequados, a não existência de um ponto de informação, má conservação do interior do
prédio, etc. Portanto, é uma paisagem que hoje não seria ideal para que possa ser considerada
turística.
Tendo em vista que se trata de um portão de entrada de Irati - geralmente o primeiro
contato que um visitante tem com a cidade, a paisagem desta área deve ser repensada para
melhor atender à cidade, qualificando, assim, o acesso principal ao município. Este local é,
realmente, o primeiro contato visual que o visitante tem com a cidade; portanto, deve ser um
ambiente qualificado, já que é um marco visual e um ponto de referência. Contudo,
atualmente, transmite aos habitantes e visitantes uma imagem negativa.
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 17: Fachadas da Rodoviária Municipal de Irati
Centro da Cidade de Irati
O centro da cidade de Irati é constituído pelas primeiras ruas do município, marcos
iniciais da cidade, onde se encontram as principais ruas comerciais, representadas pela rua
Munhoz da Rocha (figuras 19-20) e pela rua XV de Novembro (Figuras 21-22). Nelas está
instalada a maior parte do comércio, bem como as instituições financeiras do município. Além
47
destas, tem-se a rua XV de Julho (figuras 23-24), também denominada rua velha por se tratar
da primeira rua de Irati, onde está localizado um dos atrativos municipais: a Casa da Cultura.
Este conjunto urbano possui características similares, sendo que suas diferenças são
mínimas. Trata-se de uma área do centro da cidade, em sua maioria ocupada por edifícios
comerciais e onde o estilo arquitetônico, especificamente na Rua Munhoz da Rocha e na XV
de Novembro é contemporâneo, contrastando com o conjunto arquitetônico da Rua XV de
Julho, onde verificamos alguns remanescentes da arquitetura eclética.
A Rua Munhoz da Rocha e a XV de Novembro possuem faixa dupla e estacionamento
nos dois lados. Já a Rua XV de Julho possui fluxo nos dois sentidos, estacionamento nos dois
lados e uma pavimentação mista de asfalto e paralelepípedo. As pavimentações das ruas
citadas encontram-se em bom estado de conservação.
Esta é a área da cidade que está mais bem conservada, com passeios largos, uma boa
iluminação, lixeiras em cada esquina, onde podem ser encontradas floreiras, além de uma boa
limpeza. Em função disso, transmite uma paisagem de qualidade para seus habitantes e,
conseqüentemente, para seus visitantes.
Como esclarece Boullón (2002), as paisagens turísticas das cidades não são formadas
somente por seus atrativos, mas também por suas áreas gravitacionais. Dentre elas,
encontramos os centros das cidades, espaços de circulação ou passagem obrigatórios para o
turista. Portanto, verifica-se que sua caracterização é importante para o entendimento de como
o visitante formula a imagem de uma cidade e, sendo assim, este espaço revela-se
fundamental para a análise da paisagem urbana.
A paisagem é uma expressão real do modo de vida de uma cidade. Por meio dela,
pode-se perceber a qualidade de vida, as tradições, a história e a cultura de seus habitantes,
além do ritmo de vida da cidade. Por meio da paisagem urbana, um transeunte atento pode ler
e compreender uma parte da história de qualquer cidade.
Atualmente, nas ruas centrais de Irati, ainda se encontram alguns remanescentes das
construções antigas, mescladas com novas tipologias arquitetônicas. Em termos de
atratividade, o espaço central de Irati possui algumas edificações de expressivo valor
paisagístico, como a Casa da Cultura e o Posto de Gasolina Obrzut. Este último é uma
construção de 1940, que chama atenção por sua forma ainda conservada e devido ao destaque
existente nas colunas de sustentação.
Portanto, o centro da cidade de Irati pode ser considerado uma paisagem com
qualidade para o uso turístico não simplesmente por sua atratividade, mas também pelo seu
uso como ambiente de comércio, diversão e deslocamento dos turistas. De fato, sua paisagem
48
possui elementos que a qualificam para o uso turístico, como a conservação, a segurança, o
comércio e algumas edificações que podem expressar uma parte da história do município,
além de ser o local de convívio dos habitantes locais, que lá transitam, trabalham ou residem.
Figura 18: Rua XV de Novembro esquina
com a Munhoz da Rocha 1950
Fonte: Prefeitura Municipal de Irati
Figura 20: Rua XV de Novembro 1937
Fonte: Prefeitura Municipal de Irati
Figura 22: Rua XV de Julho 1930
Fonte: Prefeitura Municipal de Irati
Figura 19: Rua XV de Novembro esquina
com a Munhoz da Rocha 2006
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 21: Rua XV de Novembro 2006
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 23: Rua XV de Julho 2006
Fonte: Acervo Particular do Autor
Casa da Cultura
Localizada na rua XV de Julho, n° 329, compreende um antigo casarão de madeira que
data das primeiras décadas do século e que mantém conservadas todas as características
impostas pela cultura urbana então vigente. Residência da família Gomes, foi construída em
1919 por Arcélio Batista Teixeira. O imóvel foi cedido à prefeitura em 1987 em comodato
pela família proprietária e doada ao município em 2004. Hoje, a antiga residência da família
Gomes é utilizada como centro de cultura, onde ocorrem cursos e exposições periódicas de
diversas áreas.
Uma paisagem singular no centro da cidade, trata-se de um casarão de arquitetura
eclética, preservado (figura 25), com jardins laterais, em cujo entorno há residências, que, em
sua maioria, não possuem harmonia com a edificação em questão. À sua frente, encontra-se o
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clube do comércio - o primeiro da cidade que, hoje, possui uma nova forma. Até pouco
tempo, a rua era de paralelepípedo, mas hoje está asfaltada.
Nesta edificação, atualmente denominada Casa da Cultura, encontra-se alojada a
Coordenadoria de Cultura do município um espaço onde são realizadas exposições
permanentes e itinerantes.
O pequeno museu apresenta alguns artefatos da cultura ucraniana predominante na
região, alguns objetos da família Gomes, além de quadros e gravuras de artistas iratienses, que
relatam a história do município, a vida e a cultura de Irati em suas épocas. A casa da cultura é
também um centro de ensino de línguas, artes, música e constitui um espaço onde entidades
diversas promovem atividades culturais.
A casa da cultura é uma imagem rara na paisagem central da cidade de Irati, pois é
uma das poucas edificações da década de 20, do século XX, que se encontram preservadas. É
uma visão de destaque na rua XV de Julho, devido à singularidade da construção em relação
aos demais edifícios do entorno.
Trata-se, portanto, de um marco urbano iratiense que merece, destaque devido ao seu
uso como centro cultural, onde, como foi dito, se encontra um pequeno museu que conta um
pouco da história da família Gomes e da cidade de Irati.
A paisagem desta área possui um grande potencial para o uso turístico, não apenas por
sua forma, que se encontra preservada, mas também pela sua função urbana, já que consiste
em um espaço de cultura que se melhor utilizado, proporcionaria ao turista um resgate da
história e da identidade de Irati. Nesse sentido, a visita orientada pode proporcionar ao turista
informações significativas sobre a história e o desenvolvimento da cidade.
Assim a imagem da Casa da Cultura de Irati se sobressai na paisagem do centro da
cidade, devido à sua forma singular. De fato, sua edificação surpreende o turista, em virtude
dessa singularidade.
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Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Prefeitura Municipal de Irati 1950
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 24: Casa da Cultura
Colina Nossa Senhora das Graças
A colina Nossa Senhora das Graças é um dos logradouros de maior importância da
cidade. Quanto à sua visitação, este espaço é passagem obrigatória para os turistas que visitam
Irati. Lá se encontra uma imagem de 22 metros de altura de Nossa Senhora das Graças, um
marco do município. Construída no ano de 1957 em comemoração aos 50 anos de Irati (figura
26), a imagem é esculpida em 70 peças pelo artista Ottaviano Papaiz, de Campinas. A
imagem não representa a padroeira da cidade, Nossa Senhora da Luz, pois sua construção se
tornou inviável, devido ao menino Jesus que a imagem da padroeira carrega no colo, detalhe
este que inviabilizava a construção de tal estátua Feita uma eleição, a imagem de Nossa
Senhora das Graças surge, em função da grande devoção popular.
Por ser um atrativo e um marco visual do município, tal monumento se distingue na
paisagem urbana da cidade, tornando-se um símbolo de Irati. O acesso, para os pedestres, se
dá através de uma escada que acompanha o declive da colina ou por duas vias secundárias por
trás da colina.
Além da imagem, que pode ser vista à noite devido a sua iluminação noturna, o local
apresenta algumas instalações para atendimento aos turistas que visitam o logradouro,
sobretudo nos finais de semana a colina está equipada com playground, uma lanchonete,
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sanitários, estacionamento, uma capela, um mirante com vista para a cidade e bancos defronte
a imagem (figura 28).
A tipologia arquitetônica do entorno é, em sua maioria, de habitações de um ou dois
andares, com jardins frontais, de estilo contemporâneo, porém de pouca expressividade, e a
topografia é escarpada. Nesta área, as ruas são pouco arborizadas e possuem pavimentação
asfáltica.
A área urbana correspondente à Colina Nossa Senhora das Graças é intensamente
utilizada, em razão do fluxo significativo de visitantes. A pesquisa de campo identificou
algumas benfeitorias para melhor receber os turistas.
A paisagem deste logradouro apresenta harmonia com a imagem da cidade: um local
tranqüilo, calmo, com vista panorâmica da cidade de Irati. É um espaço público com
paisagem de qualidade, cujas edificações se harmonizam com os elementos naturais.
Observou-se também que a colina possui alguns problemas estruturais, que acabam
dificultando ou prejudicando sua visitação: a falta de sinalização e o deficiente estado de
conservação de seu acesso. Entretanto, as condições das instalações foram melhoradas se
comparadas aos dados coletados por esta pesquisa em abril de 2005: os bancos de madeiras do
mirante foram trocados, as grades do mesmo foram pintadas, houve uma reforma no interior
da capela e foi aparada a vegetação de entorno.
A colina Nossa Senhora das Graças e seu monumento podem ser observados de boa
parte da área central da cidade. Hoje é o espaço mais visitado pelos turistas de Irati. Portanto,
é uma paisagem que merece maior atenção dos responsáveis pela gestão do município, pois é
a imagem que o turista mais vê e a que ele realmente levará consigo. A constante manutenção
e conservação da paisagem da colina da Santa é de suma importância para a qualidade desta
área turística.
Hoje a imagem da Colina Nossa Senhora das Graças não é simplesmente um atrativo
turístico, mas um marco cultural da cidade de Irati. Por representar a cidade esta paisagem
deve transmitir, portanto, uma imagem de qualidade para visitação.
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Figura 25: Monumento a Santa 1957
Fonte: Prefeitura Municipal de Irati
Figura 26: Monumento a Santa 2006
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 27: Colina Nossa Senhora das Graças 2005
Fonte: Prefeitura Municipal de Irati
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Recanto Rubens Dallegrave - Cachoeira Fillus
Pertencente ao senhor Paulo Rubens Dallegrave, a cachoeira fica dentro do
perímetro urbano. Localizada na saída de Irati para Guarapuava, a cachoeira situa-se a
cerca de 800 m do centro, em uma estrada pavimentada até a entrada, que se prolonga por
mais 50 m de estrada de terra. Este logradouro consiste em uma área natural situada na zona
urbana de Irati, possui 121.500 m2, encontra-se no local um remanescente da mata nativa, há
uma queda d'
água com 22 metros de altura (figura 29) que não apresenta área para banho,
além de possuir equipamentos como mirante para a cachoeira, estacionamento, trilha de
acesso à cachoeira, bancos e lixeiras (figura 30).
O atrativo natural está inserido no tecido urbano, sua topografia é escarpada, o acesso
até a cachoeira não é pavimentado e as árvores encontradas no local são de grande porte. Este
ambiente proporciona um contado direto com a natureza a poucos metros do centro da cidade.
Infelizmente, este atrativo é prejudicado pela falta de sinalização e por seu precário
estado de conservação. Além disso, instalou-se em sua vizinhança uma indústria de
reciclagem de papel, que ao exalar odor em determinadas horas do dia, compromete a
visitação da cachoeira. Outro problema é a questão fundiária: como a área se encontra em
terreno particular, torna-se difícil para prefeitura investir no local, o que prejudica seu uso
turístico.
A paisagem de entorno da cachoeira Fillus, enquanto atrativo turístico, não possui
qualidade, principalmente por causa de problemas estruturais como segurança, conservação e
manutenção do espaço. Acarreta-se assim, em uma imagem de abandono, pois tanto a trilha
como os bancos e lixeiras encontram-se tomados pela vegetação em algumas épocas do ano
(figura 30).
Outro problema grave é a falta de segurança e de vigilância, pois é comum famílias ou
grupos de visitantes que se depararem com adolescentes utilizando a área para consumo de
drogas, além de indigentes que utilizam o espaço da cachoeira para banho, e para lavar suas
roupas. Desse modo, desqualifica-se o atrativo e afastam-se seus visitantes.
Devido a tais problemas, o Recanto Rubens Dallegrave - Cachoeira Fillus não pode ser
considerado uma área com grande potencial para utilização turística. Isto porque embora seja
uma área verde com um atrativo de qualidade, ou seja, a cachoeira que se encontra a poucos
metros do centro da cidade, encontra-se desde o início do ano fechado para visitação, devido
ao descaso e ao mau uso.
54
Acervo Particular do Autor
Acervo Particular Autor
Figura 28: Recanto Rubens Dallegrave
Fonte: Acervo Particular do Autor
Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 29: Recanto Rubens Dallegrave em Abril de 2005
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 30: Recanto Rubens Dallegrave em Agosto de 2005
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Igreja Nossa Senhora da Luz
Localizada na Rua Cel. Pires nº 994, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Luz, segundo
dados do inventário turístico de Irati (2000, p. 27), teve sua construção iniciada em 22 de
junho de 1931 (figura 32), sendo que
A Paróquia de Nossa Senhora da Luz surgiu do desejo e da necessidade da população de
Irati dispor de sua própria paróquia. Naquela época a paróquia de Santo Antônio de
Imbituva abrangia todo o território do município de Irati. Entretanto, existia uma certa
resistência por parte de Imbituva, que receava perder para a metade o número de
paroquianos.
Portanto, esta edificação religiosa, que possui como padroeira Nossa Senhora da Luz,
foi a primeira do município.
Uma construção que já passou por várias reformas, hoje toda em alvenaria, com duas
torres, a igreja matriz é um dos atrativos da cidade (figura 33). No seu entorno, encontram-se
residências com jardins frontais, o antigo edifício da Faculdade e a praça Etelvina Gomes, que
apresenta sinais de descaso e abandono. A rua em frente à igreja apresenta pavimentação com
calçamento articulado em paralelepípedo, o que valoriza assim o estilo antigo do lugar.
A arborização, de grande porte, está localizada principalmente na praça em frente a
igreja. A Praça Etelvina Gomes faz parte da paisagem do conjunto deste atrativo, mas hoje
está em péssimo estado de conservação, com bancos quebrados, com dois chafarizes e fonte
desativados, pouca iluminação, além de uma quadra coberta, que prejudica a visão da
paisagem como um todo.
A igreja matriz é uma edificação que pode ser observada de vários pontos da cidade.
Tal construção possui um porte imponente, além de apresentar uma imagem em completa
harmonia com a paisagem da cidade.
A paisagem do entorno da igreja Nossa Senhora da Luz possui elementos que a
desqualificam. Um deles é o abandono e o mau uso da praça Etelvina Gomes, que no passado
consistia em um ambiente de encontros e de lazer para famílias da cidade. Hoje, porém, este
espaço público encontra-se depredado e em péssimo estado de conservação, devido ao
descaso e a falta de utilização.
Sendo assim, apesar de a igreja matriz Nossa senhora da luz ser um dos atrativos
turísticos de Irati, segundo o inventário turístico municipal, o seu entorno, ou seja, a praça
Etelvina Gomes provoca na paisagem em questão uma imagem de abandono. Isto porque a
quadra coberta, localizada em um de seus extremos, encontra-se em desarmonia com a
paisagem, o estado de conservação é precário e verifica-se o uso inadequado deste espaço
para atividades ilícitas.
56
Fonte: Prefeitura de Irati
Fonte: Prefeitura de Irati
Figura 31: Igreja Nossa Senhora da Luz década de 1930 e 1940
Fonte: Acervo Prefeitura de Irati
Figura 32: Igreja Nossa Senhora da Luz 2006
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 33: Praça Etelvina Gomes
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Igreja Ucraniana - Igreja Imaculado Coração de Maria
Em 24 de junho de 1950, foi inaugurada a primeira Igreja Ucraniana do município.
Com o crescimento da cidade de Irati, novas famílias dos municípios vizinhos vieram morar
nesta cidade e, entre elas, muitas famílias ucranianas. Assim, foi necessário ampliar o espaço
da igreja, em virtude do aumento de seus fiéis. Com esse propósito, foi adquirido o terreno na
rua Barão do Rio Branco nº 156 e, em 1970, construiu-se uma igreja maior, que hoje consiste
na sede de todas as outras igrejas ucranianas do município.
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A Igreja tem capacidade para atender 400 pessoas e, as celebrações são feitas em
ucraniano, com exceção da missa aos sábados, celebrada em português, visto que, muitos dos
descendentes não entendem a língua de origem.
Esta edificação religiosa chama atenção por sua forma e construção, que apresenta
algumas particularidades, como a coroa prateada na parte superior e as gravuras na fachada do
prédio em formato cúbico (figura 35).
A igreja está localizada em uma área residencial, onde a maioria das casas possuem
jardins frontais. Além disso, situa-se em uma rua pavimentada com paralelepípedo e pouca
arborizada.
A igreja Ucraniana - Igreja Imaculado Coração de Maria se destaca como um atrativo,
devido à singularidade de sua arquitetura. A forma da igreja é um tanto diferente das demais,
de modo que este marco urbano se sobressai na paisagem, aguçando a curiosidade do turista,
quanto à imagem que transmite e quanto ao rito religioso da Igreja Católica Ortodoxa. Esta
imagem transmite os símbolos da cultura ucraniana e está fortemente atrelada às
características socioculturais de uma grande parte da população de Irati, ou seja, os
descendentes dos imigrantes ucranianos.
A proximidade com a igreja São Miguel torna esta edificação interessante para o
turismo, pois apresentam-se duas construções de templos religiosos distintos que podem ser
observadas caminhando-se poucos metros. Dessa maneira, diversifica-se a paisagem da
cidade e muitas vezes surpreende-se o seu visitante.
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 34: Igreja Ucraniana - Igreja Imaculado Coração de Maria
Igreja São Miguel
Localizada na Praça Madalena Anciutti, anteriormente construída em madeira e hoje
em alvenaria (figura 36), a igreja encontra-se em um dos pontos mais altos da cidade,
58
podendo ser vista de vários locais. Na sua frente, encontra-se uma praça e aos seus fundos o
cemitério municipal. Ao lado, tem-se o Colégio Nossa Senhora das Graças (figura 38), um
edifício antigo que, em seu entorno, há construções, em sua maioria comerciais, com um e
dois pavimentos de arquitetura contemporânea, porém com pouca expressividade. A Rua XV
de novembro em que está localizada apresenta uma pavimentação em paralelepípedo,
característica da cidade, com poucas árvores de pequeno porte, excetuando-se a praça
Madalena Anciutti. Esta está bem arborizada e ainda possui o monumento à Bíblia,
inaugurado em 18 de fevereiro de 2001, considerado um monumento ecumênico que visa a
integração entre todas as crenças cristãs, católicas e evangélicas (figura 39).
A igreja São Miguel é um marco na paisagem urbana de Irati que pode ser vista de
vários ângulos da cidade. Trata-se, portanto, de um marco visual e referencial significativo.
Esta edificação encontra-se inscrita em uma paisagem bem preservada que proporciona uma
qualidade paisagística, devido à harmonia do conjunto edificado.
Como pode ser observado, ao contrário da Igreja Nossa Senhora da Luz, a paisagem
da Igreja São Miguel possui atratividade turística, uma vez que seu entorno agrega maior
valor ao atrativo. Isso significa que o conjunto paisagístico do atrativo em questão encontra-se
em harmonia, qualificando a paisagem desta área urbana para o uso turístico.
Figura 35: Igreja São Miguel década de 1920
Fonte: Prefeitura de Irati
Figura 36: Igreja São Miguel 2006
Fonte: Acervo Particular do Autor
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Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 37: Colégio Nossa Senhora das Graças
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 38: Praça Madalena Anciutti
Fonte: Acervo Particular do Autor
Parque Aquático e de Exposições de Irati
Localizado no Bairro Rio Bonito, na Rua Adão Panka s/n°, este logradouro tem uma
grande importância como paisagem turística e para o lazer da comunidade de Irati, devido ao
seu uso atual e ao seu histórico. Deixando de ser um ambiente degradado da área urbana, este
espaço se transformou em uma área de lazer e visitação da cidade de Irati
Esta área pertencia a Olaria Santa Therezinha 1987 (figura 40), quando foi adquirida
pelo poder municipal entre maio e junho do mesmo ano, Pela lei número 834, de 12 de
dezembro de 1988, transformou-se em parque e passou a ser denominado como Parque
Aquático e de Exposição Santa Terezinha.
Figura 39: Antiga Olaria Santa Therezinha
Fonte: Acervo Prefeitura de Irati
60
Antes de sua revitalização, o terreno em que hoje se encontra o parque era uma área
sem atratividade, um grande banhado que desqualificava o bairro e sua área de entorno. Hoje,
todavia, o que vemos é uma área urbana qualificada, uma área verde propícia para a
realização de atividades de lazer e de eventos (figura 41).
Fonte: Acervo Prefeitura de Irati
Fonte: Acervo Prefeirura de Irati
Figura 40: Área antes e depois da Construção do Parque Aquático
Com 79000 m², o parque é caracterizado como uma área extensa, composta por lago e
um grande gramado. Possui playground, pontes, churrasqueiras, uma mini estrada de ferro de
870 m com estação e uma réplica de Maria fumaça, que faz passeios em torno do parque
(figura 42). Há, Ainda, um mini-zoológico desativado, posto médico e odontológico, canchas
cobertas, pista de cooper/ciclismo em mau estado de conservação, além de um
estacionamento e uma área coberta para a realização de eventos o Pavilhão de Exposições
João Wasilewski.
No seu entorno, encontram-se edifícios comerciais e habitações de um ou dois
andares, com jardins frontais, estilo arquitetônico contemporâneo, mas de pouco
expressividade. A topografia do local é de solo plano, com ruas de mão dupla, estacionamento
nos dois lados da via, árvores médias e pavimentação de paralelepípedo.
O parque aquático é um espaço interessante, pois apresenta algumas características
singulares, como seu portal de entrada. Este marco do parque encontra-se em um acesso
secundário, e não na principal rua de acesso ao logradouro. Nesta entrada, há um
estacionamento pouco utilizado, já que o acesso principal ao atrativo se dá pelo outro lado,
onde existe uma grande área sem edificações ou ajardinamento, que a população usa para
estacionar seus veículos. Outro detalhe que o parque apresenta é uma gruta com algumas
imagens, como a de Santa Terezinha que dá nome do parque.
Conforme mencionado, o Parque Aquático e de Exposições de Irati é um espaço de
uso público, que a população iratiense e os municípios vizinhos utilizam para o lazer nos
61
finais de semana. O local também é muito utilizado para a realização de eventos, entre os
quais se destacam a Festa do Pêssego e a Festa do Kiwi.
Os problemas estruturais para visitação que foram identificados podem ser
classificados da seguinte forma: primeiramente há deficiência de sinalização para orientar os
visitantes; outro empecilho é o mau estado de conservação dos sanitários das lixeiras e das
edificações do parque; mas o principal problema é a falta de segurança, o que resulta em uma
má utilização do espaço.
Essas deficiências produzem uma desqualificação na paisagem do parque, uma vez
que este espaço possui atratividade de abrangência regional. Afinal, trata-se de um
significativo logradouro da cidade, uma área verde que destoa da paisagem urbana de Irati,
uma área de intenso uso pela comunidade local, principalmente durante os finais de semana
de verão.
Trata-se, portanto, de uma paisagem que atualmente se encontra degradada, devido aos
problemas anteriormente citados, mas que poderia ser melhor aproveitada, mediante um bom
planejamento em relação a seu uso. Só assim, a imagem atual pode ser revertida.
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 41: Equipamentos e Instalações do Parque Aquático de Irati
Centro de Tradições Willy Laars
O Centro de Tradições possui uma área de 103086 m2 (figura 43) localizada no Bairro
Rio Bonito e é utilizado exclusivamente para a prática de atividades campeiras em forma de
62
competição. Esta área foi adquirida e construída em 1988 por repasse do governo estadual,
devido ao crescimento do movimento tradicionalista de Irati. Hoje, abriga o maior rodeio
crioulo do Paraná, reunindo em seus três dias de festa aproximadamente 100 mil pessoas,
segundo dados da Prefeitura Municipal.
O Centro de Tradições Willy Laars está localizado em uma área residencial, com
pequenas casas com jardins frontais, em uma rua de pavimentação asfáltica e sem
arborização. A paisagem apresenta construções em estilo contemporâneo, mas de pouca
expressividade. Além de ser muito utilizado para competições e práticas de atividades
campeiras, em seu pavilhão, promovem-se bailes, geralmente gaúchos.
A paisagem do Centro de Tradições Willy Laars transmite uma imagem da cultura
gaúcha, fortemente encontrada não apenas em Irati, mas também em boa parte dos municípios
da região.
Este espaço é utilizado esporadicamente para a realização de eventos. Desse modo, nas
demais épocas do ano, a paisagem se torna desqualificada para o uso turístico, devido a falta
de manutenção e conservação, o que inviabiliza a visitação turístico fora da dadas dos
eventos.
Figura 42: Centro de Tradições Willy Laars
Fonte: Acervo da Prefeitura de Irati.
A paisagem urbana de Irati pode ser compreendida como a soma dos ambientes
descritos anteriormente, que também são atrativos turísticos (Mapa 01) e, portanto, elementos
formadores da paisagem turística do município. Porém, a infra-estrutura da cidade também
possui condições para atender aos turistas, tais como, restaurantes, bancos, farmácias, bares
etc.
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Dessa forma, observamos que a imagem do município de Irati se caracteriza como
uma paisagem de cidade pequena, pacata e tranqüila, As casas em sua maioria, são bem
cuidadas e as ruas embora limpas, apresentam alguns problemas de conservação. No caso de
alguns atrativos religiosos, está muito presente a fé do povo.
Tais imagens normalmente caracterizam as cidades calmas, onde a vida de seus
habitantes possuem um vínculo direto com o campo e onde a cultura local e o regionalismo se
apresentam acentuados, proporcionando, assim, atrativos ao turismo. Verifica-se uma cultura
regional, particular com traços marcantes da cultura local. Enfim, trata-se de uma paisagem
agradável, tranqüila, propícia e com potencial para o desenvolvimento da atividade turística.
Por meio das marcas no espaço, constata-se que a imagem transmitida pela paisagem possui
apelos significativos para o segmento do turismo religioso e cultural, além de proporcionar ao
visitante a tranqüilidade de uma pequena cidade.
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Mapa 01: Mapa de Irati
5.1.1 A infra-estrutura urbana de Irati
A análise da infra-estrutura vem a complementar o estudo, já que ela possui papel
importante na qualidade da paisagem urbana, sendo um dos três elementos físicos do
patrimônio turístico de uma localidade, conforme Boullón (2002, p. 66). A infra-estrutura
pode ser classificada em quatro grupos: acesso, telecomunicação, energia elétrica e
saneamento.
Para Boullón as redes viárias, assim como as áreas urbanas centrais, e seus atrativos
são responsáveis pela construção da paisagem de uma cidade. O sistema viário de Irati
encontra-se em estado razoável de preservação, mas não pode ser considerado ideal para a
recepção de turistas. O sistema viário compreende as vias arteriais, coletoras e locais. As vias
arteriais são as espinhas dorsais da cidade, com os principais fluxos e velocidades mais altas.
As vias coletoras têm a função de coletar os fluxos das vias locais e levá-los aos seus destinos.
Na cidade de Irati, tais vias são representadas pelas seguintes ruas:
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XV de Julho: localizada no centro da cidade, possui mão dupla e estacionamento nos
dois lados da via. Sua pavimentação é mista – 30% paralelepípedo e 70% asfalto.
Apresenta arborização de espécies de pequeno porte.
Munhoz da Rocha: localizada no centro da cidade em uma área comercial, apresenta
mão única e estacionamento nos dos dois lados da via. Verificam-se árvores de maior
porte em seu percurso. Esta rua, assim com a XV de Julho, localiza-se no centro
histórico da cidade, e, apesar de tais ruas constituíram as primeiras ruas de Irati, ainda
apresentam bom estado de conservação.
19 de Novembro: localizada na área central, possui mão dupla e estacionamento nos
dois lados da via. Apresenta bom estado de conservação, é arborizada e os prédios são,
em sua maioria, comerciais.
As vias locais da cidade segundo dados da Prefeitura Municipal de Irati (2003, p.29)
contam com 652,76 Km de vias urbanizadas, sendo que os tipos de pavimentação usuais são a
asfáltica (normal), paralelepípedos e a poliédrica (articulado). Em geral, a arborização é de
pequeno porte.
Os acessos ao município se dão pelas rodovias federais BR - 277, BR - 153 e pela BR
– 364. A principal via de acesso é a BR - 277, uma rodovia importante no estado, pois liga
Foz do Iguaçu ao Porto de Paranaguá - uma das principais rotas de transporte do país. Os
acessos aos atrativos e aos pontos de interesse dos turistas também devem ser levados em
consideração. Estes estão em estado de conservação comprometido, como ao monumento de
Nossa Senhora das Graças e as vias secundárias.
O município abriga um terminal rodoviário, localizado na Rua Nhá Noca nº 508, que
possui um movimento mensal de 15.000 passageiros, segundo a Prefeitura Municipal (2005,
p.29). É servido por cinco companhias de transporte rodoviário, sendo que uma delas é
responsável pela linha interestadual de Irati à capital de São Paulo e as outras, pelo transporte
regional e estadual.
A sinalização é outro elemento deficitário da infra-estrutura de Irati, segundo o Guia
Brasileiro de Sinalização Turística, "a sinalização de orientação turística visa orientar os
usuários das vias dos sítios turísticos, direcionando e auxiliando a atingir seus destinos
pretendidos." O município carece de tal sinalização, responsável por indicar os pontos de
interesse turístico e sem a qual o turista tem dificuldade de encontrar determinados atrativos,
ficando muitas vezes confuso e perdido em Irati.
O transporte municipal conta ainda com uma empresa de transporte coletivo, a
Transiratiense, que atende aos bairros Riozinho, Rio Bonito, Lagoa, Vila Nova e São João,
66
além do Conjunto Fernando Gomes e do centro. Para isso, essa empresa se utiliza do espaço
da estação rodoviária do município, como terminal urbano.
As telecomunicações são os serviços de telefonia que, de acordo com a Prefeitura
Municipal de Irati (2005, p. 28) possuem 10.150 terminais, 13 postos, e 355 telefones
públicos. Por sua vez, as companhias de telefonia móvel que possuem cobertura no município
são três, segundo dados da Prefeitura Municipal de Irati (2005, p.28). No entanto, foi
contatado que mais uma se instalou na cidade.
Além da telefonia, os correios fazem parte desta categoria da infra-estrutura. Em Irati,
há um total de cinco agências, sendo três comunitárias (encontradas nos distritos da cidade),
uma agência franquiada e uma própria.
O município possui ainda dois jornais semanais, a Folha de Irati e o jornal Hoje Centro
Sul, de abrangência regional, além de uma revista, a Revista Visual, com periodicidade
mensal. As emissoras de rádio FM são quatro: Najuá de Irati Ltda., Najuá FM, Vale do Mel e
Difusora Cultural Ltda.
Quanto ao suprimento de energia elétrica, a força é gerada por usinas hidroelétricas e
termoelétricas. A distribuição de energia no município é realizada pela COPEL (Companhia
Paranaense de Energia), através de uma subestação de 138 KV, que se encontra no bairro Rio
Bonito. Esta subestação está interligada ao sistema de transmissão da Copel, que recebe e
transmite energia para as subestações de Sabará (P. Grossa), Guarapuava e Rio Azul. O
sistema de distribuição, é constituído por mais de 2.500 km de linhas e redes nas tensões de
13,8kV e 34,5kV, atende 98% dos domicílios da área urbana e 85% da área rural, segundo a
Prefeitura Municipal de Irati (2005, p.29).
Os cabos aéreos de energia encontrados por toda a cidade são colocados de forma
desordenada. Nos locais de maior concentração de atrativos turísticos, comprometem e
desqualificam a paisagem urbana para o fim turístico, ao impedir uma melhor visualização da
mesma.
A infra-estrutura de saneamento é constituida por quatro categorias:
Rede de abastecimento de água potável;
Rede de esgoto sanitário;
Rede de drenagem de água pluvial;
Monitoramento de resíduo sólido.
As duas primeiras redes podem ser consideradas redes opostas e simétricas: a primeira
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leva água potável para o interior das casas e a segunda retira das residências a água utilizada.
A rede de abastecimento de água potável é formada resumidamente, por quatro etapas: a
captação, que consiste na retirada da água de rios, lagos, represas e outros; o tratamento; a
armazenagem em reservatórios; e a distribuição cuja responsabilidade é da SANEPAR
(Companhia de Saneamento do Paraná), concessionária estadual. Segundo a Prefeitura
Municipal de Irati (2005, p. 28), a cidade é abastecida pelas águas do rio Imbituvão, mais
precisamente na BR - 277, Km 234/235 onde se localiza a estação de captação da SANEPAR.
A estação de tratamento de água, por sua vez, está localizada na rua Marechal Mallet s/n°, no
bairro Alto da Glória. Após ser tratada, a água do município vai para nove reservatórios
espalhados pela cidade, sendo que sete são apoiados, um elevado e um enterrado. A rede de
distribuição possui uma extensão de 301.019 metros, abastecendo 37.276 habitantes o que
corresponde a 99,94% da população urbana de Irati.
Contudo, segundo dados da Secretaria de Planejamento (2003, p.36),
A estação elevatória, o sistema de adução e a estação de tratamento necessitam de
ampliação para atender a demanda do Município. Estes sistemas operam no limite da
capacidade, sendo que nos meses de outubro a março, quando ocorre aumento de consumo,
há racionamento em alguns períodos do dia. Com relação à captação, está sendo concluído
um poço com capacidade para 80,00 m³/h a fim de amenizar o problema no período crítico.
No tratamento estão sendo instalados 2 decantadores e 4 filtros, todos metálicos.
Conforme dados da Prefeitura Municipal de Irati (2005, p. 28), a rede de esgoto
municipal possui a extensão de 148.894 metros, atendendo a uma população de 23.782
habitantes, o que equivale a 60,84% da população urbana do município. Nos locais onde não
há rede de esgoto, como é o caso de alguns bairros e dos três distritos, o tratamento é feito
individualmente, através de fossa séptica e sumidouro. Entretanto, segundo dado das
Prefeitura Municipal de Irati (2005), sabe-se que certo volume de dejetos é lançado
diretamente em cursos hídricos, poços negros e rede pluvial não cadastrada.
De acordo com a Secretaria de Planejamento (2003, p.36),
O Município possui 60,00 Km de galerias de águas pluviais já canalizadas, restando
cerca de 118,50 Km a canalizar. Estes dados são aproximados, necessitando de um
novo estudo contemplando todas as sub-bacias da área urbana.
O monitoramento de resíduos sólidos segundo a Prefeitura Municipal de Irati (2003,
p.42), fica a cargo da própria prefeitura. Dados do IBGE encontrados no site do órgão
mostram que 10.381 domicílios são favorecidos pela coleta de lixo. Sua deposição, cujo
68
funcionamento iniciou-se em 1999, é feita em um aterro sanitário fora dos limites urbanos do
município, em Pinho de Cima a 21 Km de Irati, em uma área de 87000 m² devidamente
legalizada junto ao Instituto Ambiental do Paraná.
Segundo a Secretaria de Planejamento (2003, 42), o município recolhe diariamente
cerca de 20 toneladas de lixo de natureza não seletiva. Esse trabalho é realizado pela
Secretaria de Obras, Viação e Urbanismo, que destina para a coleta 12 funcionários: 4
motoristas e 8 coletores, que trabalham com 4 caminhões hidráulicos, com capacidade de 12
m³ cada.
O município já possui uma coleta seletiva e uma coleta específica de lixo hospitalar.
Esta última é realizada às terças e sextas, uma vez por semana em cada estabelecimento. No
total, há 54 estabelecimentos compreendendo clínicas odontológicas e médicas, hospital,
postos de saúde, farmácias e laboratórios. Há necessidade de melhoria no serviço, pois este é
realizado por veículo não apropriado e verifica-se uma mistura de materiais impróprios.
A coleta seletiva é realizada por dois caminhões específicos para este tipo de coleta.
No Centro e no Bairro Alto da Glória é diária e nos demais locais a coleta é realizada em dias
diferentes da coleta convencional.
O trabalho de capina e varrição de ruas conta com 14 funcionários, onde 12 são
serventes, 1 tratorista e 1 feitor. É utilizado para este serviço um trator com carreta. O trabalho
se concentra na região central e comercial da cidade, na região comercial, onde as ruas são
varridas uma vez por semana entre segunda a sábado.
A maior dificuldade observada está na manutenção das praças e dos parques da cidade,
que conta com uma equipe reduzida de funcionários e um maquinário insuficiente para
realizar os serviços, como pode ser visto nas figuras 31 e 32 da p. 59. Além disso, em alguns
locais turísticos constatou-se problemas estruturais, como: falta de lixeira, a deteriorização de
edificações públicas e particulares, entre outros.
Portanto, podemos observar que a cidade de Irati possui uma infra-estrutura que,
embora não seja ideal, mostra-se adequada para atender às necessidades de sua comunidade.
Contudo possui alguns problemas em setores determinados, principalmente no que diz
respeito à sinalização turística, à má conservação da pavimentação de algumas vias que levam
a determinados atrativos e a falta de lixeiras em alguns espaços. Outro item que deve ser
levado em conta é o problema de abastecimento de água e do esgoto sanitário, que devem ser
ampliados para melhor atender aos munícipes e turistas, já que tem havido um aumento no
consumo de forma sazonal.
69
Assim, através da análise empreendida, constatou-se que as condições de infraestrutura do município atendem às necessidades básicas dos moradores, mas algumas
melhorias são necessárias para que a cidade se torne mais adequada ao atendimento dos
turistas.
5.1.2 Análise dos Empreendimentos Turísticos de Irati
Os empreendimentos turísticos são as organizações responsáveis pela elaboração e
prestação de serviços turísticos e podem ser classificados em quatro categorias, segundo
Boullón (2002):
•
Hospedagem;
•
Alimentação;
•
Agenciamento;
•
Entretenimento.
Estas quatro categorias fazem parte dos empreendimentos turísticos que, juntamente
com a infra-estrutura e os atrativos de uma localidade, são os elementos básicos para que o
turismo possa se desenvolver em um determinado município.
A categoria hospedagem, responsável pelo serviço de acomodação dos turistas,
oferece serviços de pernoite e seus agregados. Nesta categoria, encontramos hotéis, motéis,
camping, pousadas, entre outros meios de hospedagem.
No município de Irati, tal categoria segundo o Inventário Turístico Municipal de Irati
(2002, p. 34 ), é representada por sete hotéis. Entretanto, a pesquisa verificou que este dado
se encontra desatualizado, pois hoje existem oito hotéis. Destes, somente quatro, porém
podem ser classificados como turísticos devido às suas instalações e aos tipos de serviços
prestados aos hóspedes. Além disso, há dois motéis na saída da cidade.
Na categoria alimentação, verificou-se novamente que os dados do Inventário
Turístico Municipal de Irati encontravam-se desatualizados A pesquisa constatou a existência
de 13 restaurantes: 8 abrem para almoço e 11, para janta. Estes 13 estabelecimentos ainda
podem ser classificados conforme o tipo de serviço: 5 oferecem comida por kilo, 4 são a La
Carte, 2 são pizzarias que servem rodízio, 1 churrascaria e 4 oferecem o serviço de buffet
livre.
Na categoria agenciamento, encontramos as agências de viagens e locadoras de carros.
O Inventário trazia o dado de que havia duas agências na cidade, mas, conforme a pesquisa,
foi constatado que somente um estabelecimento ainda opera na cidade, à saber: uma agência
70
de viagem e turismo, que se caracteriza como uma agência de turismo emissiva que oferece,
se solicitado com antecedência, programas receptivos. Há apenas uma locadora de carro.
Na categoria entretenimento, encontramos os estabelecimentos noturnos, como bares e
boates, assim como lojas de artesanato, cinemas, teatros, entre outros. Na cidade de Irati,
constatamos nesta categoria 3 boates, 4 bares, 1 cinema, 1 auditório com capacidade para 300
pessoas, 1 pavilhão para exposições e eventos e 1 loja de artesanato com produtos locais.
Assim, verificamos que os empreendimentos turísticos de Irati são em número
adequado para atender à demanda atual dos turistas que se deslocam à cidade. Portanto, até o
presente momento, não se revela necessário um aumento na oferta de tais serviços.
5.2 Análise da paisagem edificada de Prudentópolis
A análise da paisagem edificada de Prudentópolis tomou como marco inicial o
principal portal de entrada do município. A seguir, foram analisados os portais secundários
pelo fato de representarem a entrada na cidade. Na seqüência, foi analisada a paisagem da
Estação Rodoviária e do centro da cidade por constituírem áreas de suma importância na
visitação dos turistas a Prudentópolis. Depois foram analisadas as paisagens dos atrativos da
cidade: Igreja Matriz de São João Batista, Santuário Nossa Senhora das Graças, Casa do
Coronel João Lech, Colégio e Seminário São José, Praça Ucrânia e Igreja Matriz de São
Josafat. Tais paisagens, juntamente com as quatro anteriores mais a análise da infra-estrutura
e dos empreendimentos turísticos do município, formam a imagem turística de Prudentópolis.
Portal Ucraniano
É o principal portal de entrada de Prudentópolis, localizada na rua São Josafat, em
uma das entradas da cidade, na BR – 373, se diferencia dos demais portais por sua
composição, que apresenta diversos elementos característicos do município e da região,
conforme mostra a figura 44. Podemos encontrar no portal símbolos como o pinhão,
representando o Paraná, desenhos semelhantes aos bordados ucranianos e, na torre à direita,
uma cúpula em abóboda, característica das igrejas em estilo bizantino do rito católico oriental
ucraniano e que pode ser encontrada em todo o território do município.
Este monumento é um marco na entrada da cidade e possui uma arquitetura cujo
objetivo é chamar atenção e indicar ao transeunte que ele está entrando em um local novo,
diferente da rodovia. O portal representa a porta de entrada da cidade e consiste em um
monumento que dá as boas vindas ao viajante, apresentando elementos do cotidiano e da
cultura do município.
71
O portal atinge seus objetivos, pois se encontra em bom estado de conservação, em um
local bem ajardinado, com canteiros (um frontal e dois laterais), compostos por flores e
espécies de árvores de pequeno porte. Trata-se de um monumento que não agride a paisagem,
harmonizando-se com a mesma. A rua que o transpõe possui uma boa pavimentação de mão
dupla sem área de estacionamento.
Esta edificação se destaca como um marco na entrada da cidade, transmitindo ao
turista a sensação de estar entrando em um novo espaço. Desse modo, há uma ruptura com a
paisagem da rodovia e os visitantes são acolhidos com boas vindas, mediante a apresentação
de elementos da cultura do município estimulando no visitante um contato com o novo. Por
ser um dos primeiros contatos do turista com os elementos da cidade, esta paisagem deve
estar em bom estado de conservação, para transmitir uma imagem agradável ao visitante que
adentra Prudentópolis por esta via.
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 43: Portal Ucraniano
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Portais Secundários
Localizados nas entradas secundárias da cidade, na PR 160 e na BR 373, são
construções mais singelas do que a anterior. Estes portais são marcos construídos em madeira
cujos telhados em duas águas se assemelham às casas dos colonos ucranianos do município,
como pode ser observado na figura 45. Eles não estão somente em cima das vias, que
possuem bom estado de conservação, com mão dupla e acostamento, mas se estendem sobre o
passeio, que, por sua vez, se encontra sem os cuidados adequados.
Devido ao seu entorno, acabam se tornando paisagens desqualificadas, pois como
pode ser comprovado pela figura 45, há elementos que causam danos aos portais, tais como:
fios de energia elétrica, outdoors e faixas que são colocadas em sua estrutura. Os elementos
naturais encontrados a sua volta são árvores de porte médio e gramíneas da região. Além
disso, há algumas construções térreas utilizadas para habitação e comércio.
Estes marcos das entradas secundárias da cidade necessitam de maior atenção, pois
seu estado de conservação e sua falta de harmonia com o entorno os desqualificam para o uso
do turismo e para cumprirem sua principal função: dar boas vindas e passar ao visitante uma
imagem positiva da cidade. Sendo assim, é preciso um restauro e embelezamento do entorno
destas edificações.
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 44: Portal secundário
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Estação Rodoviária
A Estação Rodoviária do município, localizada na Praça dos Imigrantes s/n°, encontrase em bom estado de conservação. O prédio, de um pavimento, é pintado nas cores verde e
branca, verifica-se a presença de pisos antiderrapantes e, no seu interior, há uma ampla sala de
espera, com bancos e telefones públicos, guichês das empresas de ônibus, sanitários feminino
e masculino, uma lanchonete e um guarda-volumes. As plataformas de embarque e
desembarque são cobertas e possuem lixeiras diversas para reciclagem.
Tal edificação encontra-se inserida em um ambiente bem arborizado, com um amplo
espaço para estacionamento, parque infantil e vários bancos para descanso dentro da praça
dos Imigrantes.
A paisagem desta área urbana de Prudentópolis apresenta uma boa qualidade para
atender ao turista, já que consiste em um local bem arborizado e conservado, como pode ser
observada na figuras 46. Trata-se, enfim, de um espaço ideal como portão de entrada de uma
cidade ou local de espera para conexões para outras cidades.
A paisagem da estação rodoviária de Prudentópolis possui qualidades que atendem a
sua função Entretanto, não transmite ao visitante características ou elementos do município, o
que valorizaria ainda mais esta paisagem quanto ao seu uso turístico.
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 45: Fachada e Interior da Estação Rodoviária de Prudentópolis
Centro da Cidade de Prudentópolis
No município de Prudentópolis, identificamos a Avenida São João como a principal
via da cidade. Trata-se de uma área com comércio próspero, boa arborização, mão dupla e
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área de estacionamento nos dois lados da via. Sua pavimentação é de asfalto e se encontra em
bom estado de conservação, como pode ser observado na figura 47. Transpondo o centro da
cidade, esta avenida faz a ligação dos dois bairros vizinhos e da Estação Rodoviária ao centro,
onde se encontram os principais atrativos da cidade e várias opções de hospedagem,
alimentação e diversão.
A área em questão possui passeio ornamentado com pedras pretas e brancas, formando
desenhos nas calçadas. Os estilos arquitetônicos das edificações são diversos, apresentando
alguns remanescentes do estilo eclético. Porém, em muitos casos, tais estilos se encontram
descaracterizados, devido às modificações feitas em suas fachadas e em seu interior, para
atender as novas funções dos prédios.
A Avenida São João é uma das primeiras ruas do município e deveria ter suas
edificações melhor preservadas para manter a característica do passado e uma unidade. Tal
unidade inexistente nesta paisagem urbana e esta falta de unidade acaba por causar uma
desqualificação na imagem deste espaço urbano tão importante para o desenvolvimento
turístico, no município de Prudentópolis.
Por ser um espaço de passagem dos turistas, a área central da cidade deve ser pensada
como um elemento de importância na experiência e na imagem que o turista terá de
Prudentópolis. Portanto, sua manutenção e conservação são necessárias para melhor atender
às necessidades dos visitantes, além de lhes proporcionar um ambiente agradável para o lazer
e programas alternativos, como compras, caminhadas, alimentação, diversão, entre outros.
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Fonte: Acervo Particular do Autor Fonte:
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 46: Centro da Cidade de Prudentópolis
Igreja Matriz de São João Batista
Localizada na Praça Firmo Mendes de Queiroz, foi erguida exatamente no mesmo
local onde os desbravadores, juntamente com Firmo de Queiroz, construíram a primeira
capela de São João no povoado de Vilinha, como antigamente era conhecida a sede de
Prudentópolis. A Igreja Matriz de São João Batista, concluída em 1900, conserva até hoje a
sua primeira estrutura, com exceção de alguns reparos feitos ao lado do altar mor e na
sacristia. O seu interior, singelo e modesto, possui assoalho em ladrilho e altares simples. No
altar mor, abriga-se a imagem de São João Batista, padroeiro de Prudentópolis do Rito
Católico Latino.
Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 47), esta edificação
religiosa é “considerada como a mais terna e preciosa relíquia do passado prudentopolitano,
76
por ter sido erguida pelos braços dos primeiros colonizadores, e no seu interior conserva-se os
restos mortais de Firmo Mendes de Queiroz, fundador do município”.
A igreja, que é um marco histórico de Prudentópolis, possui estilo colonial. Construída
em tijolos, situa-se na área central da cidade, onde há ruas com pavimentação em bom estado
de conservação, sendo suas vias de mão dupla e bem arborizadas ao redor da praça.
Em seu entorno, encontramos edificações comerciais e residenciais em diversos
estilos arquitetônicos, entre os quais podem ser citados o eclético e o moderno. A praça possui
vários jardins arborizados, além de uma gruta. A pavimentação é ornamentada com desenhos
em todo o largo da igreja (figura 48). O conjunto paisagístico da praça e da Igreja possuem
harmonia, proporcionando qualidade a este espaço urbano de Prudentópolis, como um local
de descanso, encontro e história.
A igreja, com seu estilo colonial e importância histórica, é um dos atrativos do centro
de Prudentópolis. Com exceção dos dias de eventos realizados na praça, não recebe ainda
grande fluxo de visitantes. Assim, a paisagem da igreja transmite uma imagem que nos faz
retornar ao passado de Prudentópolis, em função da edificação conservada e valorizada por
seu povo. Tendo esta paisagem uma significativa importância para o turismo, ela permite ao
visitante resgatar a história da cidade. Além disso, é um espaço de encontro e convivência dos
munícipes, oportunizando um maior contato dos turistas com a comunidade.
Portanto, a paisagem da Igreja Matriz de São João Batista, por sua história e seu
conjunto arquitetônico, merece destaque no uso turístico do espaço urbano. Tão importante
quanto a Igreja Matriz de São Josafat, esta paisagem tem um valor histórico e paisagístico
ainda mais relevante para o uso do turismo. Contudo, o que presenciamos na pesquisa foi a
pouca utilização para a visitação deste espaço, com exceção dos dias em que ocorrem festas
na praça.
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Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 47: Igreja Matriz São João Batista
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Santuário Nossa Senhora das Graças
Localizado na rua Cândido de Abreu, n° 1312, o Santuário Nossa Senhora das Graças
é uma igreja concluída no ano de 1958. Em estilo gótico, com uma torre central elevada, é
conhecida popularmente como Igreja polonesa, pois foi construída onde antigamente se
localizava esta igreja, que foi totalmente destruída por um incêndio em 1949.
Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 48), “após o incidente,
poloneses e brasileiros uniram-se num ato de confraternização e amizade com o objetivo de
construir um novo templo. Sua construção iniciou-se em 1950 sendo concluída em 1958”.
A via em frente ao santuário é de mão dupla, com estacionamentos laterais, bem
arborizada e com pavimentação em bom estado de conservação. A construção religiosa, que
se destaca na paisagem devido ao seu estilo arquitetônico, tornou-se um marco da cidade. A
edificação apresenta jardim lateral e um monumento que não se harmoniza com a construção
da igreja. A sua paisagem ainda sofre uma desqualificação visual, devido a fiação aérea a sua
frente, conforme pode ser observado na figura 49.
Na realidade o que encontramos na paisagem do santuário, que se destaca para o
turismo, é a Igreja de Nossa Senhora das Graças. Por seu porte, torna-se um marco visual da
paisagem urbana, sobressaindo-se os seus vitrais laterais, com as imagens de Nossa Senhora
do Rosário e a Sagrada Família, respectivamente, além do altar principal, esculpido em
mármore, com a imagem de Nossa Senhora das Graças.
Assim, observamos que esta paisagem transmite ao turista a religiosidade do povo de
Prudentópolis, além de suas peculiaridades. Isto porque as três igrejas analisadas no decorrer
da pesquisa possuem histórias e características arquitetônicas diferentes, formando um
conjunto de edificações religiosas atrativas para o turismo, em função de suas singularidades.
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Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 48: Santuário Nossa Senhora das Graças
Casa do Coronel João Lech
Localizada na Rua Rui Barbosa, N° 1216, esta edificação foi construída em meados
dos anos 10, do século XX, não sendo precisa a data de sua construção. Este prédio se destaca
por sua história e rica arquitetura eclética. Segundo o inventário Turístico de Prudentópolis
(2001, p. 42), foi residência do Coronel João Lech, “importante figura no campo político e
econômico, municipal e estadual. A casa do Coronel João Lech, em seu tempo áureo, serviu
também como ponto de hospedagem de políticos e personalidades importantes que visitaram
Prudentópolis”.
A casa, descaracterizada atualmente, sofreu algumas modificações internas e externas.
No entanto, ainda assim, é uma casa que nos remete ao passado do município de
Prudentópolis, pois mantém algumas de suas características, constituindo, portanto, um marco
histórico da cidade.
Trata-se de uma edificação que se destaca do seu entorno, devido ao seu estilo
arquitetônico. Localizada na área central da cidade, tal paisagem acaba sendo desqualificada,
em virtude do mau uso da edificação e suas alterações. Como as ruas que lhe dão acesso se
encontram em um estado regular de conservação e a fiação elétrica e telefônica causam
80
prejuízos visuais à imagem da casa, tem-se, portanto uma construção que hoje se encontra
descaracterizada e sem harmonia com seu entorno.
Conforme as condições que a edificação apresenta atualmente (figura 50), percebe-se,
de fato, que ela se encontra descaracterizada. A imagem da construção perdeu sua expressão
enquanto atrativo turístico de valor histórico, que transmitia ao turista um período da história
da cidade.
Contudo, mesmo com muitas alterações, principalmente na fachada da casa, esta
edificação ainda mantém suas características arquitetônicas. A revitalização e a sensibilização
quanto a seu valor histórico podem tornar esta paisagem atrativa para uso turístico. Nas
condições atuais, porém, a imagem da Casa do Coronel João Lech não possui qualidade para
utilização pelo turismo.
Acervo: Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Acervo: Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Figura 49: Casa do Coronel João Lech
Colégio e Seminário São José
O Colégio e Seminário São José se caracteriza como uma edificação com quatro
pavimentos e uma imponente arquitetura em estilo eclético. Fundada no ano de 1935 pelos
Padres Basilianos, com uma área de 11.258 m2, sendo a área construída de 5.239m2, localizase na rua Cândido de Abreu, n° 1636. Atualmente, funciona como instituição de ensino
particular em regime interno.
Trata-se de uma construção que apresenta jardins frontais e harmonia com seu entorno,
onde encontramos outros atrativos da cidade, como a Igreja Matriz de São Josafat e a Praça
Ucraniana, além de edificações térreas utilizadas como residência e comércio. A rua Candido
de Abreu em que se situa possui mão dupla, área para estacionamento nos dois lados da rua,
arborização de pequeno porte e se encontra em bom estado de conservação.
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Esta edificação se sobressai na paisagem urbana de Prudentópolis, devido à sua
estrutura e arquitetura, tornando-se um marco em meio a uma cidade de edificações de
pequeno porte, como pode ser observado na figura 51. Sendo um prédio de valor histórico e
de uso público, mas com pouca atratividade para o turismo, é favorecido por situar-se em uma
das áreas de grande interesse turístico da cidade, próximo a muitos atrativos, conforme pode
ser comprovado pelo mapa 02.
Mesmo com pouca atratividade para o turismo, esta edificação é, no entanto, um
marco referencial, pois suas características arquitetônicas se distinguem na paisagem. Tomado
em conjunto com os demais atrativos que se encontram a sua volta, esta paisagem transmite
uma imagem ao turista que o permite inserir-se na história da cidade de Prudentópolis e em
seus valores, com destaque à religiosidade do seu povo.
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Fonte: Acervo particular do autor
Figura 50: Colégio e Seminário São José
Praça Ucrânia
A praça está localizada na rua Cândido de Abreu, esquina com a rua São Josafat.
Construída entre os anos de 1986 a 1989, corresponde a um complexo histórico-cultural da
comunidade ucraniana. O monumento civil possui uma área construída de 460 m2. Segundo o
Inventário Turístico de Prudentópolis (2001 p. 41),
O lançamento da pedra fundamental deu-se em 12 de agosto de 1986, início das
comemorações do milênio do cristianismo na Ucrânia, 90º aniversário da imigração
ucraniana em Prudentópolis e 175º aniversário de nascimento do poeta Taras
Chewtchénko, filho da Ucrânia, homenageado na praça com uma estátua de bronze de 3
metros de altura, esculpida na Alemanha.
82
A área da praça apresenta jardins arborizados no seu entorno e, na entrada do museu, o
revestimento é em pedras angulares pretas e brancas, formando desenhos típicos dos bordados
ucranianos (figura 52). Encontra-se na parte superior da praça uma estátua esculpida em
bronze, homenageando o poeta máximo da Ucrânia, Taras Chewtchénko (figura 54) e, há um
de seus poemas, gravado em uma placa ao pé da estátua.
Sob a praça encontramos o Museu do Milênio (figura 53) inaugurado em 1989 e
criado com o intuito de resgatar e preservar a memória e história dos imigrantes ucranianos.
Seu acervo conta com objetos de uso tradicional, artesanato típico, documentos, fotografias e
livros relacionados ao povo ucraniano e à sua imigração.
A praça está na área de maior interesse turístico do centro e é um dos atrativos mais
significativos. Seu conjunto, uma homenagem clara ao povo ucraniano do município, forma
uma paisagem única na cidade, um logradouro com muita identidade, apresentando plena
harmonia com seu entorno, a saber: a Igreja Matriz São Josafat, o Colégio e Seminário São
José, além de edificações residenciais e comerciais à sua frente. Por tudo isso o espaço onde
se encontra inserida torna-se qualificada.
Portanto o que constatamos com a pesquisa é que esta área da cidade é de grande
interesse e possui fluxo de turista, com destaque para o museu sob a praça, uma paisagem
singular, que transmite ao visitante a cultura do povo ucraniano e sua importância para a
formação do município, de Prudentópolis. Este espaço urbano se destaca na visitação turística
do município sendo hoje um dos atrativos urbanos mais visitados pelos turistas que tem como
destino a cidade de Prudentópolis, dado este levantado durante a pesquisa por meio da
observação direta do pesquisador.
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Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 51: Praça Ucraniana
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 52: Museu do Milênio
Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Figura 53: Estátua Taras Chewtchénko
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Igreja Matriz de São Josafat
A Igreja Matriz de São Josafat, localizada na Rua São Josafat s/n°, é construída em
estilo Bizantino. Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 43) é
“considerada uma das mais belas do país. Construída entre os anos de 1925 a 1928, a Matriz
de São Josafat foi esforço dos primeiros padres Basilianos vindos para o Brasil”. A edificação
possui 38 metros de comprimento, 28 de largura e 30 de altura e possui quatro abóbadas que
representamos braços da cruz e uma central, bem maior, que cobre a nave da igreja (figura
56).
A igreja foi consagrada com o nome São Josafat, “em memória dos 300 anos do
martírio de São Josafat” segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 44).
A edificação religiosa foi tombada em 1979 pela Secretaria de Cultura do Estado do
Paraná por seu valor artístico, cultural e arquitetônico, isto é, por constituir em um patrimônio
artístico e cultural do Estado. Em seu campo, encontra-se um campanário com seis sinos, uma
estátua de Cristo e uma gruta com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes.
Em seu interior, a igreja é dividida nas três clássicas divisões das igrejas cristãs, que,
segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 44), são:
O vestíbulo ou átrio dos catecúmenos; o lugar onde nas antigas igrejas ficavam os não
professores e pagãos; a nave ou corpo principal da igreja onde todos os cristãos se reúnem.
O sacrário ou santuário, onde fica o altar mor, as relíquias e a cátedra do oficiante são
divididas da nave pelo magnífico Ikonostás uma coleção de ícones sacros executados em
Munique e entalhados em madeira.
Segundo o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001 p. 53), o Ikonostás (figura 55)
significa parede com imagens e na arquitetura religiosa bizantina ucraniana serve para
separar o santuário da nave dos fiéis e retrata a história da salvação, do antigo e novo
testamento. Possui três portas: pela porta central só é permitida a entrada do celebrante,
durante a missa. As portas laterais chamam-se “portas dos diáconos”. Entre elas situam-se
as imagens de Cristo, da Virgem Maria, de São João Batista e de São Nicolau. Acima das
três portas há três fileiras de imagens, que representam os 12 dias santificados mais
importantes do ano, os 12 apóstolos e os 12 profetas. No cume do Ikonostás temos a
imagem do Cristo Redentor. Os ícones foram pintados na Escola de Belas Artes de
Munique e por volta do ano de 1912 foram abençoados. O trabalho em madeira foi
realizado pelo Frei Havreil Budney no ano de 1912 ainda para a igreja anterior, a de São
Basílio.
85
Figura 54: Ikonostás
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Em seu interior, ainda pode ser presenciado um elemento da cultura ucraniana nos
trabalhos de entalhe em madeira, em artesanatos como as toalhas bordadas nos altares, nas
relíquias trazidas da Ucrânia, nas pinturas, entre outros símbolos. De acordo com o Inventário
Turístico de Prudentópolis (2001, p. 45), “o púlpito é outra arte, todo em madeira,
representando um barco com sua rede de pesca, peixes em madeira, velas e cordas, uma
referência ao apóstolo São Pedro”.
Esta edificação religiosa faz parte da área central da cidade de maior interesse
turístico, conforme o mapa 02. Sendo tal edificação o principal atrativo, no seu entorno
encontramos o Museu de História Ucraniana, o Colégio e Seminário São José, entre outras
edificações de destaque na paisagem urbana, com menor valor para o turismo, mas
fundamental para a harmonia do conjunto.
Com vias em bom estado de conservação, arborizadas, de mão dupla e com
estacionamento em suas laterais, a igreja ainda apresenta jardins em todo seu entorno. Esta
construção religiosa se destaca na paisagem urbana de Prudentópolis, não a desqualificando, e
sim agregando-lhe um valor histórico e cultural. Seu edifício se harmoniza com a paisagem,
remetendo-nos a uma realidade característica da região: a forte marca da religião e das
construções em estilo bizantino encontradas em todo o território do município de
Prudentópolis.
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A Igreja Matriz de São Josafat, que possui grande valor cultural e histórico para a
cidade, consiste no principal atrativo urbano, por sua singularidade e valor arquitetônico.
Sendo um marco da arquitetura religiosa em estilo bizantino, transmite ao turista a
importância da religiosidade, muito forte na cultura ucraniana.
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Fonte: Acervo particular do autor
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Figura 55: Igreja Matriz de São Josafat
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A cidade de Prudentópolis se caracteriza por ter uma paisagem urbana horizontal onde
edificações com mais de quatro pavimentos são quase inexistentes, proporcionando, assim,
uma imagem de cidade pequena, pacata e bucólica, que não teve um grande desenvolvimento
vertical.
A imagem turística da cidade é formada pelos elementos descritos anteriormente, que
abrangem não somente os atrativos, mas também o centro da cidade, onde se encontra a
principal via, o terminal rodoviário e os portais de entrada. Tais elementos, se bem
conservados, aumentam a qualidade da paisagem, agregando valor à experiência do turista.
Prudentópolis possui, em sua paisagem urbana, muitas edificações antigas, algumas
um pouco descaracterizadas, que transmitem ao visitante um pouco da história do município.
Devido a dados levantados na pesquisa, constatou-se que atualmente o grande atrativo
turístico de Prudentópolis são suas cachoeiras com mais de 50 metros. A cidade, entretanto,
conta com atrativos que vem a agregar maior atratividade à visitação.
Trata-se de uma atratividade baseada na historia e cultura de um povo, que pode ser
apreciado por meio de seu patrimônio material e imaterial. Este último é representado pela
conservação dos hábitos e costumes, como a língua, os ritos religiosos, os trabalhos
artesanais, a gastronomia, as danças e festas.
No que se refere ao patrimônio material, este pode ser observado nas igrejas,
construções residenciais, nos jardins entre outros traços verificados na paisagem urbana do
município, que expressam, sobremaneira, as marcas da cultura eslava.
Portanto, foi constatado, por meio deste estudo, que as paisagens descritas
anteriormente proporcionam a Prudentópolis uma atratividade urbana de destaque, mas até o
momento, esta não tem sido utilizada e valorizada. O município já vem recebendo uma
demanda de turistas; estes, contudo, buscam e tem como principais atrativos apenas as
cachoeiras.
Como os atrativos e a história da área urbana não são trabalhados, segundo o
constatações do estudo tal área acaba ficando sem uma programação para o turista. Assim,
constatamos que se os atrativos urbanos fossem trabalhados em conjunto com os atrativos
naturais de Prudentópolis, aqueles poderiam vir a agregar maior valor à visitação do
turista na cidade.
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Mapa 01: Mapa de Prudentópolis
5.2.1 A infra-estrutura urbana de Prudentópolis
Sendo a infra-estrutura do município um dos elementos que possui grande influência no
grau de qualidade da paisagem urbana, esta será analisada neste capítulo. Como
anteriormente, a infra-estrutura foi classificada em quatro grupos: acesso, telecomunicação,
energia elétrica e saneamento.
O sistema viário de Prudentópolis pode ser caracterizado como uma paisagem onde se
verifica a presença de habitações, em sua maioria de um e dois andares, e com jardins
frontais. O estilo arquitetônico das edificações é moderno, o terreno apresenta uma topografia
ondulada, e o tipo de rua é um misto de ruas estreitas e arborizadas com avenidas largas e
arborizadas, o tipo de pavimentação encontrado na cidade é representado por 33.156 metros
de vias com pavimentação asfáltica, 20.256 metros de vias com pavimentação de calçamento
(pedras irregulares) e 60.000 metros de vias sem pavimentação. Assim, podemos observar que
a malha viária urbana de prudentópolis pode ser a ideal para sua população, mas talvez deva
passar por uma reestruturação nas vias e na sinalização, para melhor atender aos turistas.
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Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Fonte: Acervo Particular do Autor
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de Prudentópolis
Fonte: Acervo Particular do Autor
Figura 56: Rede Viária de Prudentópolis
Os acessos ao município se dão pelas rodovias federais BR – 373, onde há o acesso
principal pelo Portal Ucraniano, e pela BR – 277, um acesso secundário ligado ao município
pela PR - 160 . O município possui um terminal ou estação rodoviária, localizada na Praça
dos Imigrantes sem número. Este terminal é servido por duas companhias de transporte
rodoviário que realizam o transporte para Ponta Grossa, Curitiba, Guarapuava e Irati. Há,
ainda, uma companhia de transporte rodoviário que faz o trajeto da cidade a localidades no
interior do município.
As telecomunicações são os serviços ligados aos de comunicação e abarcam não
somente as companhias telefônicas, mas também as estações de rádio, emissoras de tv, os
jornais e revistas e agências dos correios.
As companhias de telefonia móvel que possuem cobertura no município são quatro,
segundo informações da prefeitura. Já as agências de correios existentes são dez, de acordo
com o Inventário Turístico Municipal de Prudentópolis (2001, p. 121): uma localizada na
central da cidade e as demais distribuídas no interior do município.
Os jornais em circulação no município, de abrangência regional e municipal, são
quatro, a saber: Diário Popular, Folha Centro-sul, Jornal Pracia e Tribuna Regional. Existe
ainda uma revista municipal, denominada Revista Opção. Podemos considerar, assim, que a
região de Prudentópolis é bem servida de instrumentos de comunicação impressa.
90
Em toda a área de estudo, um dos meios de comunicação mais utilizado e é o rádio,
atingindo quase a totalidade da população do município. É um instrumento de comunicação
muito utilizado para informação, diversão, divulgação e veiculação de comunicados. Em
Prudentópolis, existem três estações de rádio: uma AM a Rádio Esperança, e duas FM a Rádio
Copas Verdes FM e a Rádio Cidade FM, sendo esta última comunitária.
Outro meio de comunicação utilizado hoje em dia é a Internet, instrumento que facilita
o acesso e a comunicação entre as pessoas. Os turistas a utilizam para enviar notícias sobre
suas viagens, fotos e relatos a parentes e amigos. Também os equipamentos turísticos a
utilizam para realizar reservas, tirar dúvidas e fornecer informações. Prudentópolis possui
atualmente quatro provedores de Internet.
A energia elétrica é gerada e distribuída pela COPEL (Companhia Paranaense de
Energia), órgão estatal do Paraná responsável por tal serviço. Segundo o Inventário Turístico
de Prudentópolis (2001, p. 126), existem, aproximadamente, 5.859 domicílios na área urbana
e 4.050 domicílios na área rural, atendidos por uma rede de aproximadamente 5.277 km de
extensão.
Assim como em muitos municípios, podem ser vistos, em toda a cidade, cabos aéreos
colocados de forma desordenada, o que prejudica e desqualifica a paisagem de muitos
atrativos encontrados na área urbana.
O saneamento básico, já caracterizado anteriormente, foi classificado em rede de
distribuição, rede de esgoto e monitoramento dos resíduos sólidos. Em Prudentópolis, assim
como em todo o estado do Paraná, a companhia responsável pelo abastecimento de água e
pela coleta de esgoto é a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), concessionária
estadual. A extensão da rede de distribuição, segundo dados fornecidos pela prefeitura, é de
6.310 km e a rede de esgoto, de 4.121 km.
De acordo com o Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 126), o número de
domicílios atendidos pelo abastecimento de água, em março de 2001, era de 5.341 ligações
ativas, e os atendidos pela rede de esgoto, no mesmo período, era de 3.305 na área urbana.
Isso nos mostra que não é toda a população do município que possui água encanada ou
tratamento de esgoto. Sendo assim, os domicílios que não são atendidos pelos serviços da
Sanepar utilizam poços e fossas para o atendimento de suas necessidades.
O monitoramento de resíduos sólidos é responsabilidade da prefeitura. Dados do IBGE
encontrados no site do órgão, mostram que 5.129 domicílios são favorecidos pela coleta de
91
lixo, sendo que a deposição deste é feita em um aterro sanitário fora dos limites urbanos do
município. Segundo dados do Inventário Turístico de Prudentópolis (2001, p. 127), a coleta
domiciliar no perímetro urbano é realizada diariamente, o que não ocorre na zona rural e em
alguns bairros, que são atendidos três vezes por semana.
Em vista do exposto, podemos observar que Prudentópolis necessita de uma
reestruturação em sua infra-estrutura, principalmente no que diz respeito à melhoria na
sinalização e nas condições das vias de acesso aos atrativos. Estas são algumas das medidas
cabíveis para que se possa agregar maior valor aos seus atrativos e, conseqüentemente, melhor
receber o turista.
5.2.2 Análise dos Empreendimentos Turísticos da cidade de Prudentópolis
Hoje, a cidade de Prudentópolis recebe um contingente de turistas que buscam o lazer
e a aventura nas cachoeiras do município, segundo os responsáveis pelo turismo no
município. Portanto, sua rede de patrimônio turístico se difere um pouco da encontrada em
Irati, cidade que tem como visitantes um público formado por viajantes e pessoas que se
dirigem à cidade a negócios.
Assim como no levantamento realizado sobre Irati, os empreendimentos turísticos de
Prudentópolis foram classificados em quatro categorias:
•
Meios de Hospedagem;
•
Alimentação;
•
Agenciamento;
•
Entretenimento.
No levantamento realizado, foram considerados os estabelecimentos que possuíam
qualidade nos serviços para atender a demanda turística. Um fato encontrado neste
levantamento que se assemelha ao estudo realizado sobre Irati é a constatação de que o
Inventário Turístico Municipal de ambas as cidades está desatualizado, pois apresenta
informações que não correspondem a realidade encontrada durante a pesquisa.
Na cidade de Prudentópolis, segundo dados do Inventário Turístico Municipal, há dois
hotéis na área urbana, mas a pesquisa levantou a existência de quatro hotéis em
funcionamento, que atendem às pessoas que buscam o município como destino turístico.
Além dos hotéis, ainda foi constatada a presença de um recanto utilizado como camping
dentro dos limites urbanos do município.
92
Os equipamentos e serviços de alimentação da cidade são cinco, segundo dados do
Inventário Turístico. Porém, em campo foi, constatado o funcionamento de apenas quatro:
uma churrascaria que serve rodízio no horário do almoço e jantar; dois restaurantes que
servem por kilo e buffet somente no almoço; e uma pizzaria que serve a la carte no jantar.
Na categoria agenciamento, que abrangem as agências de viagens e as locadoras de
veículos, existe apenas uma agência na cidade, de acordo com o Inventário. No entanto, a
pesquisa levantou a existência de três agências de viagens em funcionamento no município,
que diferentemente de Irati atuam com caráter de agências receptivas. Não foram encontradas
locadoras de veículos na cidade.
Na categoria entretenimento que compreende os empreendimentos noturnos, as lojas
de artesanato,os teatros, cinemas, entre outros, foi levantada a existência de dois bares, que
são ponto de encontro e diversão, sendo um deles uma chopperia; três lojas onde o turista
pode encontrar produtos locais e o artesanato do município; e ainda deve ser considerada
como equipamento de entretenimento o Clube XII de novembro, devido a suas realizações
sociais como festas e saraus.
Portanto, os empreendimentos turísticos levantados fazem parte da paisagem urbana
de Prudentópolis e influenciam diretamente a experiência turística dos visitantes.
93
6. Considerações Finais
As cidades, para Boullón (2002, p.189) são espaços criados, inventados e construídos
pelo homem. Segundo o autor, Trata-se de um espaço cultural, sendo que cada cidade é
diferente da outra, pois cada ser humano possui características diferentes que irão refletir
diretamente na cidade que vive.
Como podemos observar, as cidades não se reduzem a menos aspectos políticos ou às
sedes administrativas dos municípios. Castrogiovanni (2001, p.24) as considera como espaços
territorializados adaptados pelas sociedades Portanto, tais espaços resultam da evolução
social, em meio a qual os espaços são produzidos e reproduzidos através do tempo, pelas suas
sociedades. Este dinamismo transforma as cidades a cada instante, modificando as paisagens e
dando novos valores aos espaços.
Isso significa que uma cidade é muito mais do que os olhos podem ver
simplesmente. É preciso conhecer profundamente sua história para que se possa ver as
cidades com verdadeiros "olhos de ver". Assim, não devemos simplesmente ver suas
formas, mas o que estas representam e representaram para uma determinada sociedade, em
um determinado período.
As cidades, por si só, possuem uma atratividade especial para a realização da atividade
turística. Suas paisagens possuem elementos atrativos ao turista, sendo estes elementos formas
do espaço, que refletem e expressam sua história.
Nesse sentidos, podemos afirmar, segundo Castrogiovanni (2001, p.31) que a cidade é
um mundo de representações, ela é vida e possui sua própria identidade, sendo encontrada um
dinamismo de relações que se modificam em cada circunstância, sempre sendo possível a
renovação urbana, assim a cidade de ser vista como um bem cultural único.
Este dinamismo das cidades proporciona aos espaços urbanos uma atratividade ao
turismo, já que existem lugares com níveis variados de motivação. Sendo assim, tais espaços
se encontram na equação do turismo como oferta turística.
Assim, as cidades se revelam aos turistas por meio de suas paisagens, que estimulam
no turista os encantos anteriormente citados, sendo que a identidade e a singularidade de cada
imagem transmite ao visitante o novo.
A paisagem urbana possui símbolos que podem e devem ser interpretados pelo turista,
de forma que este possa descobrir a cidade, sua história, seus costumes, seu modo de vida.
Enfim, a cultura está expressa na paisagem da cidade.
A paisagem exerce papel fundamental no turismo, ela que transmite ao turista a
imagem que será levada da destinação turística, imagem esta armazenada e assimilada de
forma seriada.
Se as paisagens são reflexos do espaço, então as paisagens turísticas refletem o espaço
turístico, o qual para Boullón (2002, p. 79), é formado pelos atrativos turísticos, que
constituem a matéria prima do turismo, além dos empreendimentos turísticos e da infraestrutura. Para o autor, este três elementos do patrimônio turístico são considerados para
definir o espaço turístico de uma localidade.
Desse modo, para que uma paisagem tenha potencial para o uso turístico, não basta
simplesmente possuir atrativos turísticos, mas há a necessidade de uma série de elementos
que, tomados em conjunto, lhe qualifiquem para este fim.
Além dos atrativos, as áreas gravitacionais, assim como a infra-estrutura local, são
primordiais, pois elas têm um reflexo direto na qualidade da paisagem. Também são
relevantes os empreendimentos turísticos, para atender às necessidades dos turistas. e
influenciar diretamente a experiência turística do visitante.
Todos estes elementos tomados em conjunto formam a imagem que o turista terá da
cidade que visitou. Portanto, a paisagem é o elemento central de atratividade e experiência
turística de qualquer espaço. Em razão disso, deve ser analisada, pensada e planejada, de
forma a atender às motivações dos transeuntes, assim como de sua comunidade, buscando
agregar valor à sua atratividade sem, entretanto, descaracterizar sua originalidade.
As cidades de Irati e Prudentópolis possuem paisagens semelhantes, uma vez que
ambas apresentam imagens de cidades pequenas, poucas edificações com mais de quatro
pavimentos. Suas paisagens urbanas horizontais proporcionam a sensação de cidades
bucólicas, onde a cultura local e o regionalismo se apresentam acentuados. Verifica-se, ainda,
uma cultura particular, onde as rugosidades do passado e as fortes marcas da cultura local
estão presentes nas edificações e nos logradouros da cidade.
Ambas as paisagens urbanas apresentam um predomínio de edificações bem
conservadas, com jardins frontais nas áreas residenciais. Nas zonas centrais, normalmente
onde há predominância de edificações comerciais, encontramos remanescentes das primeiras
edificações dos municípios, pois nas duas cidades tais áreas se situam nos locais de primeira
ocupação destes núcleos urbanos.
A infra-estrutura de ambas as cidades é suficiente para atender à população, mas não
foi pensada para o turismo, pois constatamos deficiências, tais como: a falta de sinalização, o
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estado de conservação de algumas vias para os atrativos e a presença de fiação aérea que
prejudica a qualidade visual dos atrativos.
A soma destes elementos, juntamente com os atrativos, as áreas gravitacionais e os
empreendimentos de cada cidade, reflete a paisagem turística de Irati e Prudentópolis, cada
qual com sua singularidade.
O município de Irati se caracteriza por ser o principal município da região onde se
encontra a maior rede hoteleira, de alimentação, entretenimento e serviços, além de haver uma
concentração de instituições financeiras e administrativas. Com atrativos que em sua maioria
se caracterizam como religiosos, onde está muito presente a fé do povo, Irati transmiti uma
imagem conforme o qual a vida de seus habitantes possuem um vínculo direto com a cultura
local e regional, com fortes traços da imigração ucraniana e polonesa. Trata-se de uma
paisagem agradável, tranqüila, propícia e com potencial para o desenvolvimento da atividade
turística, com apelos significativos para o segmento do turismo religioso e cultural, além de
proporcionar ao visitante a tranqüilidade de uma pequena cidade.
Prudentópolis, por sua vez, já vem trabalhando o turismo em seu município, utilizando
principalmente os atrativos naturais, como rios e cachoeiras, para a prática do turismo de
aventura e do ecoturismo. Possui uma gama de empreendimentos menor que Irati, mas que
atende às necessidades da demanda atual. Os atrativos urbanos e as edificações religiosas
possuem em sua paisagem grandes traços da cultura ucraniana, além de apresentarem uma
maior conservação de suas antigas edificações, que se encontram no centro da cidade.
Ambas as cidades não utilizam a área urbana como elemento turístico forte. Em
muitos casos, tal área fica desaproveitada, mas suas paisagens possuem grande potencial para
o desenvolvimento da atividade turística. Irati possui uma paisagem com grande apelo para o
turismo religioso, pois em sua paisagem urbana destacam-se elementos e edificações que em
sua maioria, se caracterizam pela presença da fé do seu povo. E Prudentópolis com fortes
marcas da cultura ucraniana e da história do seu município.
Os dois municípios possuem paisagens urbanas com potencial para serem utilizadas
pelo turismo; no entanto, devem ser melhor trabalhados para este fim, com melhorias na infraestrutura, com a valorização dos atrativos da área urbana e sensibilizando sua população, que
não conhece a história dos municípios.
Desse modo, o turista poderá presenciar nestas paisagens símbolos e códigos que
poderão ser lidos e decodificados para a compreensão da história e cultura das cidades de Irati
e Prudentópolis, agregando, assim, maior valor ao produto turístico destes municípios.
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Portanto, em vista do estudo empreendido, constatamos que as paisagens urbanas de
Irati e Prudentópolis possuem elementos que as qualificam para o uso turístico. Contudo, para
que tais paisagens possam ser utilizadas também para fins turísticos, é preciso que haja, em
ambos os municípios, melhorias na infra-estrutura, valorização de seus espaços para tal fim,
assim como a sensibilização das comunidades dessas cidades em relação à história e suas
edificações.
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