Achegas para uma Bibliografia
Africana de Alfredo Margarido
Maria Felisa Rodríguez Prado
laborar uma bibliografia exaustiva dos trabalhos de Margarido apresenta-se como uma
tarefa difícil de cumprir, sobretudo tendo em
conta que se trata de identificar a(s) escrita(s), numa
só pessoa, de um sociólogo, um antropólogo, um historiador, um professor, um tradutor, um crítico literário, um jornalista, um romancista, um poeta e também
-mas não necessariamente concluindo a lista- um
homem de arte, conforme testemunham o seu interesse na escultura, cerâmica e pintura e algumas realizações na área.
Assim sendo, este meu contributo para a merecida
homenagem que Latitudes nos dá ensejo de fazer
será não apenas restrito mas ainda incompleto e lacunar. Focaliza apenas Margarido na sua vertente de
africanista e limita-se a reunir e arrumar uma série de
referências bibliográficas. Contudo, pode servir,
apesar de ser uma simples enumeração, para pôr de
manifesto até que ponto a sua dedicação, tanto pelo
carácter pioneiro como pela continuidade, merece o
reconhecimento de estudiosos, produtores e curiosos
da África e das hoje chamadas literaturas africanas de
língua portuguesa. Não será por acaso que coincidem
nesta avaliação nomes como o de Inocência Mata, da
Universidade Clássica de Lisboa, e o de Pires
Laranjeira, da de Coimbra.
Desde a integração na Casa dos Estudantes do
Império (CEI) nas décadas de 50 e 60 do século
passado, convertido num dos mais dinâmicos colaboradores do seu boletim, Mensagem, e em organizador
de antologias fundadoras, até à estreia do século XXI
com a sua leitura crítica a respeito da lusofonia,
passando pelas polémicas e pela equação praticamente constante do relacionamento com o Outro,
sirva esta bibliografia, pois, para dar uma pequena
medida do labor de pesquisa de Alfredo Margarido e,
ainda, para saudar o professor e introdutor dos estudos das literaturas dos PALOP em âmbitos acadêmicos vários, conforme foi salientado nesta mesma
revista pelos cabo-verdeanos Nuno de Miranda e Luiz
Silva, no mínimo.
E
OBRAS PUBLICADAS
• (1960) Poetas moçambicanos. Lisboa. CEI (selec.
Luís Polanah).
• (1962) Poetas angolanos. Lisboa. CEI.
• (1963) Poetas de S. Tomé e Príncipe. Lisboa. CEI.
• (1964) Negritude e humanismo. Lisboa. CEI.
n° 24 - septembre 2005
LATITUDES
• (1980) Estudos sobre literaturas das nações africanas de língua portuguesa. Lisboa. A Regra do Jogo.
• (2000) A lusofonia e os lusófonos: os novos mitos
portugueses. Lisboa.Edições Universitárias Lusófonas.
CAPÍTULOS DE LIVRO
• (1981) “Les porteurs: formes de domination et
agents de changement en Angola - XVII-XIX e
siècles” in Le sol, la parole et l’écrit : 2000 ans d’histoire africaine. Tomo 2. Paris. Societé Française
d’Histoire d’Outre Mer. p. 895-918.
• (1983) “A perspectiva histórico-cultural de Pedro
Monteiro Cardoso” in Pedro Monteiro Cardoso
Folclore caboverdiano. Paris. Solidariedade
Caboverdiana (2ª ed.). p. XXXI-LXXXIII.
• (1984) “La vision de l’autre (africain et indien
d’Amérique) dans la Renaissance portugaise” in
L’humanisme portugais et l’Europe. Paris. Fund.
Calouste Gulbenkian. p. 507-555.
• (1985) “Les difficultés de la structuration des histoires des littératures des pays africains de langue
oficielle portugaise” in Les littératures africaines de
langue portugaise. Paris. Fund. Calouste
Gulbenkian. p. 513-521.
• (1987) “A Claridade e o discurso nacionalista” in
Simpósio sobre a cultura e a literatura cabo-verdeana.
Módulo 3. Cultura. Mindelo. Dactilografado. Nona
intervenção, 15 páginas.
• (1989) “Algumas formas da hegemonia africana nas
relações com os europeus” in I Reunião internacional de história de África : relação Europa- África
no 3º quartel do séc. XIX. Lisboa. Instituto de
Investigação Cientifica e Tropical. p. 383-406.
• (1994) “A literatura e a consciência nacional” in A.
Freudenthal, R. Magalhães, H. Pedro e C. Veiga
Pereira (org.) Antologias de poesia da Casa dos
Estudantes do Império. 1951-1963- Vol. I. Lisboa.
ACEI. p. 9-23.
• (1995) “As mulheres outras nas Ilhas Atlânticas e na
Costa Ocidental Africana nos séculos XV a XVII” in
O rosto feminino da expansão portuguesa. Lisboa.
Comissão para a Igualdade e para os Direitos das
Mulheres. p. 357-374.
• (1997) “Uma ilha africana na Duque d’Ávila” in
Mensagem. Número especial. Cinquentenário da
fundação da Casa dos Estudantes do Império (19441994). Lisboa. Associação Casa dos Estudantes do
Império. p. 41-44.
71
ALGUNS ARTIGOS EM REVISTAS
A bem da lingua portuguesa: Boletim Mensal da
Sociedade de Língua Portuguesa. Lisboa.
13. Mar. 1953. p. 92-94 “Recortes: falar português em
África”.
África hoje. Lisboa.
52. Jun. 1992. p.47-48 “Dificuldades e incertezas da
economia angolana”.
62. Jul. 1993. p. 13-14 “A escolha da modernidade
pelos Caboverdeanos”.
Africa jornal. Lisboa.
9. 17.10.1984. p. 19 “Em Angola e Moçambique: a
importância das microeconomias”.
10. 1984. p. 18 “A armadilha da descolonização”.
11. 12.12.1984. p. 13 “A fome em Angola e Moçambique.
Uma leitura política”.
21. 1985. p. 58 “O sistema único da política sul-africana”.
23. 1985. p. 15 “Capitalismo colonial e trabalho assalariado”.
25. 1985. p. 16-17 “Critérios e estratégias face à política do apartheid”.
31. 1985. p. 7 “Irresistível violência na África do Sul”.
32. 4.12.1985. p. 15 “Fernando Pessoa, o império e os
zulus”.
33. 18.12.1985. p. 10-11 “A edição pirata da poesia
negra de expressão portuguesa falsifica a história
da resistência africana”.
34. 8.1.1986. p. 19 “Os afro-brasileiros no romance do
Brasil”.
África. Literatura, arte e cultura. Linda-a-Velha.
5. Jul.-Set. 1979. p. 600-605 “Introdução à literatura
angolana de expressão portuguesa de Salvato
Trigo”.
9. 1980. p. 428-431 “Um folheto de Salvato Trigo”.
Arquivo do Centro Cultural Português. Paris.
XIV. 1979. p. 331-343 “Les afro-américains et les africains dans les poésies de langue portugaise:
XVIII-XIXe siècles”.
Cabo Verde. Praia.
117. Jun. 1959. p. 7-8 “Bandeiras brasileiras e bandeiras da ilha do Fogo”.
118. Jul. 1959. p. 29-30 “João Condé é um velho amigo
de Cabo Verde”.
123. Dez. 1959. p. 17-19 “A companhia de Cacilda
Becker deseja dar um espectáculo em Cabo
Verde”.
123. Dez. 1959. p. 25-27 “A poesia negra de expressão portuguesa observada por Roger Bastide com
um comentário final”.
125. Fev. 1960. p. 7-8 “A mestiçagem, o luso-tropicalismo e um crítico”.
126. Mar. 1960. p. 11-14 “Crónicas de Lisboa.
Exposições itinerantes e ultramar”.
72
127. Abr. 1960. p. 28-30 “O arquipélago de Cabo
Verde e as ilhas atlântidas”.
128. Mai. 1960. p. 6-8 “Crónicas de Lisboa. Os estudantes ultramarinos devem visitar o Brasil, declara
Pascoal Carlos Magno”.
128. Mai. 1960. p. 11-14 “Os caboverdianos de São
Tomé no romance Roça de Fernando Reis”.
129. Jun. 1960. p. 18-20 “O problema do romance no
mundo tropical português”.
130. Jul. 1960. p. 10-14 “A antologia de ficção caboverdiana contemporânea”.
131. Ago. 1960. p. 14-19 “Uma visão de Moçambique
na segunda metade do século XVIII”.
132. Set. 1960. p. 3-7 “Crónicas de Lisboa. A formação dos crioulos portugueses”.
133. Out. 1960. p. 22-29 “Crónicas de Lisboa. O
mestiço caboverdiano”.
134. Nov. 1960. p. 26-31 “Crónicas de Lisboa. Os
flagelados do vento leste e a humanidade caboverdiana”.
135. Dez. 1960. p. 6-9 “Crónicas de Lisboa. Aristocracia
e raça (Comentários sugeridos por um artigo do
Sr. Gilberto Freyre)”.
137. Fev. 1961. p. 11-13 “Crónicas de Lisboa. O prémio
José Lins do Rego e a ficção caboverdiana”.
139. Abr. 1961. p. 29-36 “Crónicas de Lisboa. Os
verbos “equatoriais” de António Lobo de Almada
Negreiros e o arquipélago de São Tomé e
Princípe”.
162. Mar. 1963. p. 18-23 “Estruturas poéticas caboverdianas”.
Colóquio/Letras. Lisboa.
21. Set. 1974. p. 6-7 “Inquérito : o futuro do português como língua literária em África”.
Diogène. Revue Internationale des Sciences Humaines.
Paris.
37. 1962. p. 53-80 “Incidences socio-économiques sur
la poésie noire d’expression portugaise”.
Discursos. Lisboa.
9. Fev. 1995. p. 155-162 “Projectos e limites da CEI”.
Ensino, O. Revista galaicoportuguesa de Sociopedagogia
e Sociolinguística. Ourense (Galiza)
6-10. 1986 (Vol. II). p. 115-140 “A sobrevivência e a
extensão da língua portuguesa em África”.
Estudos ultramarinos. Lisboa.
3. 1959. p. 109-123 “Aspectos marginais da literatura
na Guiné Portuguesa”.
3. 1959. p. 125-139 “Castro Soromenho, romancista
angolano”.
3. 1959. p. 297-302 “Ensaio: ensaístas ultramarinos”.
Finisterra. Lisboa.
9. Inverno 1992. p. 161-166 “O testamento históricopolítico de Mário António (Fernandes de Oliveira)”.
LATITUDES
n° 24 - septembre 2005
Mensagem. Lisboa. CEI.
31.5.1961. s/n. p. 9-16 “Esboço de interpretação da
poesia de Alda Lara”.
31.5.1961. s/n. p. 34-36 “Observações a propósito das
estruturas poéticas cabo-verdianas”.
31.5.1961. s/n. p. 66-69 “Imbondeiro, Mensagem,
Cultura e Colecção de Autores Ultramarinos”.
3. Ano XIV. Ago. 1962. p. 33-42 “Crítica literária Literatura Ultramarina de Rodrigues Júnior”.
1. Ano XV. Abr. 1963. p. 24-31 “A poesia moçambicana e os críticos de óculos”.
1. Ano XVI. Jul. 1964. p. 7-9 e 13 “O sentido da dança
africana”.
Latitudes. Cahiers lusophones. Paris.
3. Jul. 1998. p. 3-17 “Branqueamento e morenização
na literatura brasileira (1881-1976)”.
7. Dez. 1999/Jan. 2000. p. 12-18 “Os africanos nas
literaturas de língua portuguesa”.
16. Dez. 2002. p. 56-62 “Do Nativismo ao ‘Mundo
que o mulato criou’”.
20. Mai. 2004. p. 71-78 “A pintura em Cabo Verde. A
obra do mindelense Tchalé Figueira”
20. Mai. 2004. p. 89-90 “OMCVI, Associazione donne
Capo-verdiane en Italia, Creolo o black portuguese?”.
Lavra & Oficina. Luanda.
1-2-3. 1981. p. 16-23 “A literatura angolana: do
protesto à luta armada e à independência”.
Ler História. Lisboa.
16. 1989. p. 29-50 “Os Italianos como Revelador do
Projecto Político Português nas Ilhas Atlânticas
(séculos XV e XVI)” -co-autoria com Isabel Castro
Henriques.
Lusotopie. Paris.
1-2. 1994. p. 103-112 “Pour une histoire des géopolitiques culturelles des îles du Cap-Vert”.
Ponto & Vírgula : Revista de Intercâmbio Cultural. S.
Vicente.
10-11. Jul.-Out. 1984. p. 42-45 “Num Cabo Verde independente: falar português ou (e) crioulo?”.
Présence africaine. Paris.
51. 1965. p. 100-118 “Processus de domination foudant
un empire: le cas des Lunda”.
Revista internacional de estudos africanos.
12-13. Jan. - Dez. 1990. p. 469-472 “História da etnologia crítica francesa”.
Seara nova. Lisboa.
75. Lisboa. Jan.-Mar. 2002. p. 42-45 “A propósito de
Senghor. Antes e depois da negritude”.
ALGUMAS COLABORAÇÕES EM JORNAIS
Comércio do Porto. Porto.
14.2.1961. p. 5 “Panorama”.
11.4.1961. “Antologia”.
Diário Ilustrado. Lisboa.
18.7.1959 “O galo cantou na baía de Manuel Lopes”.
Diário de Notícias. Lisboa.
7.5.1959 “A morna cabo-verdiana”.
6.8.1959 (assinando Artur Portela) “Caderno de um
ilhéu de Jorge Barbosa”.
Diário popular. Lisboa.
13.4.1978. “Letras e Artes” p. III “As mutações da
poesia africana de expressão portuguesa. Os exemplos de Francisco José Tenreiro e Viriato da Cruz”.
13.11.1984. p. 19 “Negritude e método histórico”.
Tempo. Maputo.
793. 22.12.1985 “Quem são os escritores africanos de
língua portuguesa?”.
806. 23.3.1986 “História, língua e cultura”.
807. 30.3.1986 “História, língua e cultura”.
808. 6.4.1986 “História, língua e cultura”.
819. 22.6.1986 “Comentário a uma proposta”
824. 27.7.1986 “Uma universitária muito pouco interessada pelo conhecimento”.
846. 28.12.1986 “Quando uma lobo quer ser mázinha
consegue apenas ser vulgar”.
Terra nova. Órgão Cristão de Formação e Informação.
São Vicente.
99. Dez. 1983 “A proposito das homenagens a Pedro
Cardoso”
108. Out. 1984 Alfredo Margarido responde a Manuel
Ferreira
156. Fev. 1989. p. 3 “O manduco, arma de origem
africana”.
161. Jul./Ago. 1989. p. 1 e 3 “O Sr. Basil Davidson:
adversário da democracia em Cabo Verde”.
163. Out. 1989. p. 3 e 7 “O funco, estrutura habitacional da Senegâmbia importada no século XVI”.
196. Jul. 1992. p. 4 “Centre de Recherches Africaines:
porque não aceitei o convite do cônsul”.
219. Ago.-Set. 1994. p. 3 e 6 “Reflexão sobre A odisseia crioula dos irmãos Barbosa da Silva”.
232. Nov. 1995. p. 3 e 6 “Nhô Balta: um intelectual
na tormenta”.
263. Ago.-Set. 1998. p. 2 “O ressentimento do Dr.
Teixeira de Sousa”.
270. Abr. 1999. p. 2 Polémica com Teixeira de Sousa.
Voz di povo. Praia.
157. 1978. p. 6 “Chiquinho: um romance não português ou antiportuguês”.
Studia Africana. Barcelona.
2. Fev. 1991. p. 71-81 “Escrita, colonialismo e Estado”.
n° 24 - septembre 2005
LATITUDES
73
Download

Achegas para uma bibliografia africana de Alfredo Margarido