JANAINA TEIXEIRA
Jornal Laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIII - edição 60 - maio de 2014
1964
50 anos
de golpe contra
a Democracia
Em 2014, o golpe que instaurou a Ditadura Militar no
Brasil completou 50 anos. No entanto, apesar de ser parte
da recente história brasileira, ainda há muitas histórias
a serem reveladas sobre o período. Personagens que
compuseram essa história podem, agora, revelar o que
enfrentaram na época. Quais são os danos que o Regime
trouxe à sociedade? A Ditadura Militar não se findou em
1985. Ela permanece viva até hoje na memória daqueles
que lutaram por uma sociedade igualitária, inclusive nas
regiões Oeste e Sudoeste do Paraná.
p. 10 e 11
2
OPINIÃO
maio de 2014
“Pai, afasta de mim Mais que um homem,
”
esse cálice um símbolo!
Jhon Dwitt
O dia inicia-se turbulento, mais de 70 milhões de brasileiros estão
aprisionados pelo medo, pela intolerância, pelo militarismo. Um período
marcado pela censura, pelo poder abusivo de uma classe diferenciada.
Os meios de comunicação, que por sua essência tinham um
caráter informativo, se calam, se rompem, se dissolvem. E por quê? A
resposta é simples: medo da punição!
Punição essa sofrida pelas principais emissoras televisivas da
época, TV Excelsior e TV Tupi, que, até 1968, dominavam o meio de
comunicação e a partir de então perdem seu posto para atual campeã
de audiência nacional, que foi inaugurada em 1965. Seria aqui
uma jogada de sorte? Ou apenas ironia do destino? Perguntas muito
discutidas dentro das academias de comunicação.
Mas o tempo passou, na verdade, o tempo voou, como muitos
costumam dizer. Tudo aquilo se foi. Ou, será que não se foi? Será que
está apenas oculto por trás de belas roupas, de belas pessoas, de
belos estúdios, do senso comum?
Senso comum que faz com que as pessoas acompanhem noticiários
sensacionalistas, que faz com que leiam jornais e revistas, ao invés de
agregar conhecimento. Estas, estão apenas interessadas em combater
a concorrência. Meios esses que são seguidos pela força do nome que
carregam, devido ao dinheiro adicionado para a geração de propagandas.
Acredito que você, querido leitor, já deva ter parado para refletir
alguma vez a respeito da comunicação em Nosso País. Se ainda não
fez isso, seria aqui, por meio dessa reflexão, uma hora oportuna para
começar a pensar a respeito da política nacional e dos interesses
instaurados em nossos meios de comunicação.
O senso comum não está presente apenas nos meios de
comunicação. Quantas vezes a medicina errou? A psicologia errou? A
história errou? Não foi uma, nem duas ou três vezes, e sim inúmeras.
Em 1980, quando a aids passou a ser assunto popular, ocorreu
um verdadeiro pânico social. Atrelado a isso, veio a associação da
doença com a população homossexual, ficando assim a aids conhecida
como “doença gay”, “câncer gay”, “peste gay”, entre outros termos
carregados de puro preconceito e desconhecimento do fato.
Com o passar do tempo, ficou claro que a doença atinge muito
mais os casais conhecidos como tradicionais. No entanto, mais uma
vez a marca da má interpretação gerou cicatrizes em uma sociedade
formada por minorias, assim como, as marcas da ditadura, que ficaram
assinaladas, naquelas pessoas que viveram tal período.
O que cabe a nós, estudantes de Jornalismo, assim como dos
demais cursos, é reconhecer os fatos sem que nossas vivências
culturais, sociais, familiares e religiosas interfiram em nossa criticidade,
ou seja, é intolerável que deixemos o senso comum, o “achismo”, a
má administração e o excesso de poder, continuar marcando nossa
sociedade. “Como é difícil, pai, abrir a porta”!
Certa vez me disseram para dar mais valor ao que os nossos
sentimentos expressam e não tanto ao que nossa boca fala... Mas eu
pergunto: como se calar diante de tanta sujeira? Mesmo com os lábios
selados pela censura, eu, como jornalista, tinha o dever de dizer a
verdade, de dizer ao povo que, embora o governo usasse de violência ao
invés de diálogo, as palavras sempre terão seu poder. Elas oferecem um
significado para as coisas e, para aqueles que as escutam, representam a
enunciação da verdade.
Na década de 70, métodos foram desenvolvidos para dizer o que
não era permitido, para dizer a verdade que o Estado queria esconder.
Eu disse!!! Mesmo sem saber o que poderia acontecer comigo se alguém
desconfiasse de alguma palavra, ou de alguma frase que não fosse do
agrado do governo. Naqueles tempos caóticos, dizer a verdade era crime.
Defender os direitos dos cidadãos contra os opressores era proibido, pois
foi tirado de nós, do povo, o direito de indignar-se com as atrocidades que
estavam sendo praticadas.
Após os governantes descobrirem que eu estava por trás do partido
comunista e por trás de muitos movimentos contrários à posição do
governo, mandaram-me para o cárcere. Mas não fugi, porque cansei
de me esconder, cansei de ser só mais um humilhado e jogado às
traças pelos “donos do poder”. Fui preso com mais dois colegas, que
amedrontados pelo rugido da morte, foram torturados e depois liberados
após assinar um documento falso, imposto pelos torturadores, no qual
afirmava-se que eu era o culpado.
Na parte da tarde, comecei a ser torturado, recusei-me a abrir mão
do direito de expressar a minha opinião e fui morto por aqueles que
deveriam oferecer proteção e não espalhar terror. Morri com dignidade.
Isso mesmo, eu fui MORTO, não me suicidei como disseram... Por que eu
faria isso? Ainda mais em uma grade de um metro e 63 centímetros de
altura, com um cinto que sequer era permitido usar naquele lugar.
Lutei pela liberdade de expressão, pelo direito de questionar as
barbaridades que existiam na época, e que acredito eu, ainda existam.
Mas estou feliz pelo fim da ditadura, pelas alfinetadas direcionadas aos
políticos nos jornais diários e por todas as representações públicas de que
o gigante finalmente acordou.
Aqui vos falo pelas palavras e pela mente de um colega, futuro
jornalista, Jhon Dwitt. Despeço-me dizendo para vocês, jovens, que não
percam a capacidade de se indignar com as coisas, pois isso nos fortalece,
nos faz mais humano e mais vivos. Igualdade, justiça e liberdade são mais
do que palavras... São perspectivas que devem ser defendidas com coragem
e determinação É melhor morrer com dignidade do que viver sem ela.
Ainda não sabe quem sou eu? Sem problemas eu digo: sou o
símbolo da resistência e da luta pela liberdade, justiça e igualdade entre
os brasileiros. Alguns me chamam de Vladmir Herzog, mas pode me
chamar de “Vlado”. Até logo!!!
CRÔNICA
EDITORIAL
Kássia Beltrame
Expediente
Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP: 85.806080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretora: Viviane Silva.
Unifatos. Jornal laboratório elaborado na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Letícia Rosa.
Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos, fotos e diagramação): Douglas Trukane Dos Santos, Flavia Daniela Duarte dos Santos, Gabriel
Ramos Pratti, Heloísa Iara Perardt Pinto, Heloize Lima dos Santos, Janaina Teixeira, Jéssica de Araujo, Jhonathan de Souza D’witt, Kássia Paloma Beltrame
Oliveira, Larissa Ludwig, Leandro de Souza, Maicon Roselio dos Santos Camargo, Makelen da Cas Rotta, Marcelo Gartner Machado, Maximiliane Veiga, Rebeca
Branco dos Santos, Renan Paulo Bini, Ricardo Pohl, Ricardo Silva de Oliveira, Silmara dos Santos, Thais Padilha Antunes, Walkiria Oliveira Zanatta e Wilian
Clay Wachak. Projeto gráfico: Wânia Beloni. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: [email protected]
PERFIL
FOTOS: MAKELEN ROTTA
maio de 2014
3
“Para viver nós
precisamos
de bom humor”
Neiva Müller, aos 55 anos,
se desdobra em diferentes
funções e não perde a
alegria de viver
Makelen Rotta
Chegamos à faculdade após um dia todo de trabalho, tarefas, deveres e compromissos da graduação.
Encontramos colegas e professores pelos corredores e muitas vezes reclamamos das mesmas coisas, até que nos
deparamos com a “dona Neiva”. A acadêmica do 4º ano de Jornalismo da Univel, Neiva Salete de Souza Müller, passa
cumprimentando todos com um sorriso enorme. Ao ver essa cena, ela faz com que os jovens ao seu redor repensem
antes de reclamar à toa, pois, muitos, aos 20 anos, não fazem nem metade do que ela consegue fazer aos 55.
Supercatólica, “dona Neiva” é acadêmica, microempresária, técnica em abordagem familiar, locutora de
rádio e mãe de Marcela, 32, Mariana, 28, e André, 27. Além de todos esses papéis, ela ainda arruma tempo para
conceder esta entrevista, pois como diz: “A gente sempre arruma tempo para tudo”. Atuante em todos estes
campos de sua vida, Neiva destaca-se no quesito bom humor, encarando a realidade do ensino superior e da vida
profissional sem perder esta característica.
A graduação era um sonho?
Sim. Quando meus filhos eram pequenos, meu sonho era fazer
uma faculdade. Eu havia passado em 33º lugar em Ciências
Econômicas, na época, na Unioeste (Universidade Estadual do
Oeste do Paraná). Chamaram até o número 32. Então, resolvi
priorizar o estudo dos meus filhos. Hoje estou realizando um
sonho. Eu amo a graduação e os meus colegas.
capacitou. Além disso, tem que ter dom e carisma para ter
resultado. Antes de falar sobre a doação das córneas, eu
levo minha palavra, o meu apoio. Eu oro no carro para essa
família. A empresa não pede para eu fazer isso, mas faço
e os resultados eu vejo diariamente. É compensador. Sou
grata por estar nesse trabalho e vejo-me cada dia mais
motivada a continuar.
Nunca é tarde para estudar?
Como é o trabalho de microempresária?
Não. É um tesouro que ninguém vai tirar de você. Eu sempre
costumo dizer que só sou jovem há mais tempo (risos), mas
ainda é tempo de buscar o conhecimento e ler. Encantame ver uma pessoa que sabe se expressar bem, que tem
argumentação, conhecimento, sabedoria e respeito.
Por que o curso de Jornalismo?
Por conta do rádio que é algo que gosto muito e pelos
programas religiosos, Jesus tá Vivo, que apresento das 9h30
às 10h30, um domingo por mês, e o Presença de Deus, das
17h30 às 18h15, algumas vezes por mês, ambos na rádio
Colméia. Estou evangelizando e levando a palavra de Deus.
Como é a relação com os colegas de faculdade?
É muito boa. Eles me têm como uma mãe na sala de aula.
Eu cresço com eles. Tenho respeito por cada um, porque me
ajudam a ser melhor.
Pretende trabalhar na área?
Eu vou ser jornalista de Jesus (risos)! Mas eu estou nas
mãos de Deus, estou feliz no meu trabalho.
Como é o ofício no Hospital de Olhos?
Eu trabalho no Banco de Olhos do Hospital e sou técnica de
abordagem familiar. Faz oito anos que estou lá e o trabalho
é você ir ao encontro da família quando perde um ente
querido. Alguém tem que fazer isso e esse é um trabalho
difícil, porém eu amo fazer, porque eu sei que Deus me
O que dizem sobre
“dona Neiva”
“Simplicidade e
carisma em uma
alma repleta de
doação”, Cezar
Roberto Versa,
professor.
“Generosa, cordial,
determinada, ‘mutantes
mutativos’. Ela soube
o momento que sentia
necessidade em fazer
uma mudança na
vida. Ela se entrega
às mudanças”, Sérgio
Brum, professor.
“Ela é um exemplo
de superação. Nos
passa conhecimento
e faz com que
absorvamos
informações. É
uma pessoa muito
querida”, João Alves,
colega de faculdade.
Fazer as cestas de café da manhã é outra paixão. Faz mais
de 20 anos que eu faço essas cestas e iniciei pelo prazer,
pois eu amo café da manhã. Hoje, as cestas ajudam na
parte financeira.
Como é a Neiva como mãe?
Ah! Eu vou chorar! (emocionada). Como mãe... Apaixonada
pelos meus filhos (risos)! Eu os amo e admiro muito. São
eles que me motivam a fazer faculdade. Ficaram muito
felizes quando falei que iria estudar. A minha maior alegria é
vê-los bem, vê-los felizes.
Qual foi a maior dificuldade que enfrentou?
A dificuldade maior foi a separação, pois a minha vocação é
a família. No entanto, esta dificuldade foi um degrau para o
meu crescimento e para minha maturidade. Descobri o que
quero e o que não quero para minha vida. Sou uma pessoa
bem resolvida nessa parte e não guardo mágoas.
Uma mensagem para os leitores.
Deus tem que ser o alicerce na nossa vida. Ele tem que
edificar nossa casa, porque tudo isso vai passar, mas Deus
não passa. As coisas materiais todas passam, mas aquilo
de bom que eu fiz, em nome de Jesus, fica. Eu tenho que ser
uma boa colega, porque vejo meu colega como a imagem e
semelhança de Deus e tenho que tratá-lo bem. Eu tenho o
desejo, até o final da minha vida, de tornar o mundo melhor,
pelo menos o mundo perto de mim.
“Ela é aquela
pessoa que está
ali para todas as
horas, que posso
contar sempre.
Acessível, prestativa,
respeitável e sabe
respeitar”, Joziana
Pastro, chefe de
Neiva.
“Para a família,
minha mãe é o
alicerce. Ela é
guerreira e nunca
nos abandonou,
um exemplo de
alegria”, Marina
Müller Salton,
filha.
4
EDUCAÇÃO
maio de 2014
O que você vai ser
quando crescer?
As dificuldades
de se organizar
nos estudos para
o vestibular e a
indecisão de qual
profissão escolher
Makelen Rotta
“Muitos alunos não
conseguem focar
em um assunto
que tem certa
relevância porque
ainda não sabem
qual caminho
seguir”, Marcelo
Hansen
É um pouco antes do término do Ensino Médio
que começam a surgir as dúvidas entre os jovens sobre
qual carreira seguir. Por isso, para muitos deles, é difícil
decidir para qual curso prestar vestibular. As mudanças
sociais, psicológicas e biológicas já afetam por si só os
indivíduos que passam por essa fase. Portanto, escolher
uma profissão não é tarefa fácil. O que você vai ser
quando crescer? Todos lhe perguntam ainda quando
criança... Além da indecisão, a pressão da família pode
deixar o jovem ainda mais em dúvida.
Os cursos pré-vestibulares tornaram-se populares
e atualmente os “cursinhos” são considerados a
melhor opção. O professor de cursos pré-vestibulares
na região Oeste e Norte do Paraná, e de sociologia na
Univel, Marcelo Hansen, conta que a melhor maneira
de se preparar para o concurso é ter um foco definido.
“É importante também dividir cada campo de estudo e
dedicar-se a cada área de conhecimento, equilibrando
de uma forma a priorizar aquela disciplina que tem
maior peso e compensando as dificuldades que o
estudante tem em algumas áreas”, esclarece.
Hansen diz que, além de assistir as aulas, o tempo
mínimo de estudo por dia deve ser de três a quatro horas.
“Além disso, o estudante não deve se privar da existência
de dúvidas, pois é ali que ele vai se deparar com as
dificuldades e vai poder, com dedicação e auxílio de um
professor, lapidar e corrigir as imperfeições”, declara.
A falta de maturidade para escolher uma profissão
pode atrapalhar muito também. A estudante Suélen
Pamela da Fonseca, 19, já fez cursinho e iniciou
as atividades acadêmicas com 16 anos, quando
ainda não tinha certeza qual curso pretendia fazer.
“Comecei a fazer Gestão Financeira por ser somente
dois anos e depois desisti porque achava que queria
Agronomia, mas comecei o curso e vi que não era o
que eu pretendia”, conta. Suélen diz ainda que a idade
influenciou na escolha do curso. “Acredito que troquei
de curso tantas vezes por não ter idade suficiente para
saber o que eu realmente queria”. Agora, ela cursa
Ciências Contábeis e acredita estar no caminho certo,
pois espera que isso a ajude no concurso público que
planeja fazer.
Para a psicóloga da Univel, Caroline Buosi, os
estudantes devem buscar entender que essas dúvidas
fazem parte do processo que estão vivendo. “Eles
têm que buscar refletir sobre isso. Não basta somente
ignorar ou assumir qualquer coisa, mas é necessário
parar e verificar o que está gerando maior estresse no
momento e pensar sobre essas dificuldades, para ter
certeza na hora de tomar uma decisão”, esclarece,
dizendo também que caso o estudante perceba que
não está conseguindo fazer isso sozinho, deve procurar
ajuda da família, de colegas e até mesmo de um
profissional da psicologia.
Já, por outro lado, há aqueles estudantes que antes
mesmo de terminar o Ensino Médio já estão decididos
em qual graduação vão entrar. É o caso de Alef de Lima,
20, que há três anos está no cursinho pré-vestibular para
entrar no curso de Medicina. O jovem estuda de manhã
no colégio, na parte da tarde faz monitoria e à noite fica
resolvendo exercícios ou fazendo redação. “A melhor
preparação é estudando mesmo. Se não for assim não
se consegue nada, foi por isso que decidi entrar no
cursinho”, declara. Além disso, Alef ainda faz curso de
inglês e diz que estuda todas as matérias, dando ênfase
às específicas, como química e biologia.
Ele conta ainda que escolheu esta profissão
por influência da família. “Tenho muitos familiares no
ramo e sempre quis seguir a mesma carreira”. Alef já
tentou vestibular em todas as faculdades da região que
possuem o curso e também em São Paulo, mas ainda
não passou. “Sempre tive certeza que era esse curso
que queria e estou estudando cerca de nove horas por
dia”, finaliza.
Eu tenho vocação para alguma coisa?
A psicóloga Caroline explica que hoje em dia os testes vocacionais são chamados
de orientação profissional. “Os testes ajudam a detectar quais são as habilidades,
pontos fortes, expectativas, dificuldades e frustrações. Eles são utilizados como um
instrumento a mais e surtem efeito”. Para ela, o teste vai dar um embasamento na linha
em que a pessoa vai seguir, a partir de detectada suas facilidades.
Ela esclarece também que a orientação não é feita apenas com os testes e
que para detectar tudo isso o psicólogo pode utilizar vários meios. “O teste é uma
forma de somar, mas não pode ser a única coisa. Ele precisa ser interpretado e não
pode ser visto como um resultado isolado”, relata.
EDUCAÇÃO
5
HELOÍSA PERARDT
maio de 2014
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Segundo o professor Hansen, a primeira dica é definir em qual
curso o estudante quer ingressar. “Não necessariamente deve ser o
curso que ele vai levar para a vida toda, mas um degrau no qual vai
galgar. Muitas vezes as decisões são tomadas por aquilo que você
se imagina fazendo no momento, mas se depois você não quiser
mais, tem todo o direito de mudar”. Depois desse foco definido, ele
explica que o próximo passo são os estudos. “Criar uma disciplina
de estudos e adaptá-la a sua realidade, assistir aulas e criar
dúvidas é a principal dica. A partir do momento que você tem sua
meta traçada, vai tê-la como referencial e com foco e determinação
atingirá seus objetivos”, finaliza.
Em dados...
Dicas para o vestibulando
“A melhor preparação é estudando mesmo. Se não for
assim não se consegue nada, foi por isso que decidi entrar
no cursinho”, Alef de Lima
No ano passado,
entre as cinco faculdades
e duas universidades de
Cascavel, foram oferecidas
12 mil vagas para cerca
de 30 mil vestibulandos.
A cidade conta com 49
cursos de diferentes áreas,
entre instituições públicas e
privadas. (Fonte: Jornal Hoje).
6
CIDADANIA
maio de 2014
Cascavel é referência nacional no
Programa Família Acolhedora
Douglas Trukane
Com 79
inscritos e 152
acolhidos, o
projeto ampara
provisoriamente
os jovens
e crianças
afastados da
família por
medida de
proteção
Liberdade, proteção, respeito e dignidade. Esses são
alguns direitos da criança e do adolescente assegurados no
capítulo dois do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Porém, muitas vezes, esses direitos são transgredidos pela
própria família de origem, impossibilitando a convivência
saudável, necessária para que se possa crescer e viver de
maneira digna em sociedade. Com o objetivo de minimizar
os efeitos negativos que muitas vezes as crianças enfrentam
dentro de casa, o programa Família Acolhedora presta o amparo
provisório aos jovens e crianças de 0 a 18 anos que ainda estão
em formação. Segundo a conselheira do conselho tutelar da
região Leste, Mônica Andressa Silveira, os principais casos que
levam a família à perda dos filhos são as drogas, violência física
e sexual e o próprio abando intelectual.
Para analisar e julgar esses casos, o Família Acolhedora
funciona juntamente com a Vara da Infância. “O programa
tem que funcionar junto ao judiciário, porque toda criança ou
adolescente que entra no programa tem uma determinação
judicial de proteção. Então, no período em que a situação está
sendo julgada, nós encaminhamos a criança para uma família”,
comenta Neusa Cerutti, assistente social e coordenadora do
programa em Cascavel.
Para se tornar uma família acolhedora é preciso passar
por alguns testes de avaliação social, mental e psicológica,
ter idade entre 25 e 55 anos, não possuir antecedentes
criminais e, acima de tudo, estar disposto a acolher e estar
ciente que os cuidados oferecidos ao menor de
idade são provisórios.
O município oferece auxílio às famílias
acolhedoras. Além de uma bolsa no valor de
um salário mínimo, aqueles que acolhem também contam
com o apoio de uma equipe formada por quatro psicólogos,
quatro assistentes sociais, educadores sociais e motoristas,
que trabalham visando proporcionar à criança acolhida uma
adaptação melhor.
Atualmente, o Família Acolhedora de Cascavel é referência
nacional e conta com 79 famílias voluntárias e 152 acolhidos.
Dessa forma, o projeto tem retirado dos abrigos jovens que não
têm antecedentes criminais e que não tiveram seus vínculos
familiares rompidos. Na visão de Neusa Cerutti, o programa tem
dado certo porque ao contrário do que acontece nos abrigos
institucionais, no acolhimento familiar a criança tem sua
individualidade e particularidade respeitada. “A instituição é
necessária em muitos casos, porém é ultrapassada”, explica.
Neusa lembra, ainda, que no ano de 2005, uma
pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),
diagnosticou a situação dos abrigos responsáveis por crianças
e adolescentes no Brasil. Com isso, descobriu-se alguns fatores
que influenciaram a mudança na legislação referente à política
da criança e adolescente no Brasil, mostrando que o abrigo
institucional está antiquado. “A criança fica no abrigo e lá acaba
se tornando um número a mais. Ela usa roupa coletiva e não
tem sua individualidade respeitada. Diante desses fatos, provouse que o Família Acolhedora é uma modalidade de acolhimento
melhor”, esclarece Cerutti.
Apesar de funcionar, é preciso ter em mente que o
programa não é a melhor solução para os problemas familiares
enfrentados pelas crianças e adolescentes. “Acima de qualquer
programa de acolhimento nada substitui a importância da
família”, conclui Neusa.
Um exemplo de dignidade
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com uma bolsa
À procura por alguém que pudesse mostrar o acolhimento além das palavras, me encontro com Dona
Judith de Adrade. A sombra de um caramanchão, a bancária aposentada de 66 anos revela que tem uma
relação de amor com os três acolhidos: “Eu dou bronca quando tem que dar, mas também dou carinho e
nunca deixo faltar nada. Minha família são eles. A diferença é que eles não têm meu sobrenome”.
Atualmente, os três levam uma vida normal, mas nem sempre foi assim. Antes de serem destituídas
da guarda dos pais biológicos, as crianças estavam em situação de risco, sofriam agressões físicas, entre
outras atrocidades. Além disso, vieram de uma família do Paraguai que seguia uma religião em que se adora
os espíritos da mata, com o oferecimento de álcool como culto. Judith conta que depois do acolhimento elas
passaram a seguir o cristianismo como prática de fé.
Além da Bíblia, a acolhedora incentiva a leitura de outros livros, visando transmitir os princípios
cristãos. Distante da antiga vida, atualmente as crianças estudam no período da manhã, fazem parte do
grupo de escoteiros de Cascavel e da escola dominical na igreja que Judith frequenta. “Hoje eles sabem
o que é Páscoa, Natal e aniversário. Sabem ler e escrever. Sabem andar de lotação pela cidade. Hoje
eles são pessoas capazes”, conta emocionada Judith que há seis anos participa do programa Família
Acolhedora e há cinco cuida das crianças.
SAÚDE
maio de 2014
Se você tivesse aids,
como seria a sua vida?
7
“Antes nos
escondíamos para
morrer. Hoje nos
mostramos para viver”
Thaís Antunes
DIVULGAÇÃO
Em uma manhã normal de 2004, depois
de mandar seus filhos para a aula, dona
Lourdes Cotienschi, 51, teve uma grande
surpresa. “O que vai fazer hoje?”, perguntou
o marido. “Apenas lavar roupa”, respondeu.
“Preciso te levar a um lugar que algumas
pessoas querem falar com você”. Dona Lourdes
foi levada pelo marido até o Cedip.
Lourdes já conhecia a realidade da doença,
pois já tinha dois cunhados e uma sobrinha que
portavam o vírus. Ela já sabia que lá eram feitos
trabalhos apenas que envolviam aids. Dentro de
uma sala com uma enfermeira, uma psicóloga
e uma coordenadora viu seu esposo se acanhar
e se esconder dentro de muita vergonha. Ouviu
a frase que poderia mudar a sua vida: “o seu
marido é portador do vírus HIV”. Depois de fazer
duas vezes os exames, foi confirmado que ela
tinha contraído o vírus, pelo marido.
“Escolhi esconder da minha família e dos
meus filhos, pois ouvia e via a minha família
ter preconceito com os meus cunhados e
sobrinha”, conta a dona de casa.
O marido de Lourdes ficou muito doente
e depois de um tempo não teve mais como
esconder que ele tinha aids. “A reação da
minha família foi totalmente diferente do que eu
imaginava. Eles me ajudaram a cuidar do meu
esposo e a contar aos meus filhos, na época de
11 e 15 anos, que os pais tinham a doença”,
comenta Lourdes, lembrando que os filhos
não têm a doença. Ela explica que em 2007
decidiu dar seu testemunho em um evento
em homenagem a pessoas que morreram em
decorrência da aids e que foi a partir disso
que não se escondeu mais. “Muita gente se
esconde, em Cascavel. Apenas três pessoas
falam abertamente que possuem a doença”.
Hoje, Lourdes tem um grupo de apoio para
pessoas que são soropositivas.
O paciente passa por um acompanhamento psicológico
para atravessar um período de aceitação, pois “quando a
pessoa recebe uma notícia dessas, todos os planos da vida
dela caem por terra. No entanto, a vida segue normalmente,
nada muda”, comenta a psicóloga do Centro, Eliane Giacomelli,
explicando que tenta trabalhar com a ideia de que a aids não vai
mudar o caráter da pessoa, nem seu modo de ser.
Todos os anos o Cedip faz, além das campanhas pontuais,
campanhas mensais, palestras em escolas e empresas e projetos
em parceria com instituições de ensino superior. “Mas esse
trabalho ainda tem sido pouco”, enfatiza Eliane.
Lourdes Cotienschi aconselha: “Ninguém tem aids escrito
na testa. Namorem e se divirtam, mas se protejam. Usem o
preservativo porque é a única maneira de prevenção. Antes nos
escondíamos para morrer. Hoje nos mostramos para viver”.
O psicológico
Uma história de vida
de brasileiros são infectados, conforme dado da 18ª Conferência Internacional
da AIDS. Segundo o Cedip (Centro Especializado em Doenças Infectoparasitárias) de Cascavel, em 2013, foram registrados 1427 casos no município.
A doença teve seu início em 1977, nos EUA, Haiti e África Central. Em 1982
foi classificada como síndrome. No mesmo ano, o primeiro caso foi confirmado
no Brasil. Em Cascavel, a doença surgiu em 1985. Durante os trinta anos de
epidemia, a doença passou por mudanças genéticas e sociais. Em seus primeiros
anos, a aids, com esse nome devido a uma sigla em inglês para a expressão
Acquired Immunodeficiecy Syndrome, tinha apenas o óbito como diagnóstico.
Hoje, isso mudou, pois muitas pessoas com o vírus levam sua vida adiante.
O que não mudou, no entanto, foi o preconceito. Antigamente acreditava-se que os
grupos infectados eram apenas os chamados de 5hs: hemofílicos, homossexuais,
usuários de heroína, haitianos e hookers (profissionais do sexo). Muitas pessoas,
ainda, acreditam nisso.
Referência Nacional
O Cedip é referência nacional
quando se fala em AIDS, HIV e DST
(Doenças Sexualmente Transmissíveis).
Na unidade de Cascavel há
ambulatórios de HIV, aids, hepatite,
violência sexual e ginecologia, além
do CTA o Centro
de Testagem e
Aconselhamento. No
CTA são feitos todas as
quintas-feiras testes
rápidos de AIDS.
“Toda pessoa que vem fazer o teste é
preparada para receber o resultado
positivo ou negativo antes do teste”,
diz a coordenadora e enfermeira do
Centro, Josana Dranka.
O resultado do teste rápido
sai em meia hora, porém a pessoa
pode optar pelo teste convencional
que demora de cinco a dez dias para
ficar pronto. Depois que o exame
fica pronto e o resultado é positivo
o paciente é encaminhado a uma
issãtranosmitido
TraOnvísrum
s pode ser
o com sangue,
tanto pelo contat
materno, mas as
como pelo leite
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da camisinha. Q
, sífilis, cancro
DST como herpes
se tem cerca de
mole e donovano
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ances de adquiri
18 vezes mais ch
HIV.
consulta e a realizações de novos
exames para verificar como o corpo
está reagindo ao vírus. Além disso, é
feito encaminhamento ao psicólogo.
Se der negativo, o paciente é orientado
a refazer o exame depois de mais um
mês para a confirmação. Todo
resultado é dado em particular.
O município de Cascavel realiza
de dois a três mil exames de
HIV por mês.
Josana diz que “o vírus demora
um mês para aparecer no exame”.
Os principais sintomas normalmente
aparecem de três a dez anos e são
eles: febre alta sem motivo, aumento
de glândulas no pescoço e embaixo
do braço e pneumonia. Depois de
identificado o vírus no organismo, de
realizado alguns exames e de ser feito o
diagnóstico do médico, o governo libera
o retroviral. Quando “o paciente começa
a tomar o remédio ele não deve parar
com a medicação”, explica a enfermeira.
“O pior
preconceito
é o auto
preconceito”
A Organização
Mundial de Saúd
e,
com o apoio da
ONU
(Organização da
s
Nações Unidas)
, em
assembleia no an
o de
1987, decidiu qu
eo
dia 1º de dezem
bro
seria considerad
o
o Dia Mundial da
Luta Contra AID
S. No
Brasil, a data pa
ssou
a ser usada em
1988.
Dia Mundial
Imagine que um dia você fique muito doente, que de repente seu corpo
não tenha forças o suficiente para combater os vírus e bactérias com que nos
deparamos todos os dias. O médico pede a você vários exames, um deles te
chama mais atenção e te deixa apreensivo. Uma semana depois, já com os
resultados, o doutor te chama para uma conversa em particular. Você e sua
família que já estão nervosos se preocupam cada vez mais. Na sala estão você,
o médico e um psicólogo. Então, a única pergunta que vem a sua mente é:
“Estou tão doente assim?”. O psicólogo, com um semblante pesado pergunta:
“Se você tivesse aids, como seria a sua vida?”.
O mundo para de rodar naquele instante. Você não consegue pensar, é
uma pergunta difícil e impactante. E se o médico dissesse: “Você tem aids”? A
cada dez pessoas, três não sabem que estão infectadas pelo vírus HIV (Vírus da
Imunodeficiência Humana). Em São Paulo o vírus mata nove pessoas por dia,
segundo a Secretaria de Saúde da cidade. Todos os anos, mais de 2,7 milhões
Famosivooss
soropumoasexittensa
Há
s famosas
de
lista pessoa
a doença
que assumiram
r feliz,
sem medo de se
uza,
entre elas: Caz
Freddie
,
Renato Russo
ia Magno e
Mercury, Cláud
de Abreu.
Caio Fernando
ECONOMIA
maio de 2014
DIVULGAÇÃO
8
Falta de planejamento financeiro
é o principal motivo da falência de
pequenas empresas
A cada dois dias, uma
empresa fecha as portas
Larissa Ludwig
Qualificação
Para resolver os problemas ligados ao setor
financeiro de muitas empresas, associações
promovem oficinas e cursos profissionalizantes
que ensinam os empresários a lidar com o
dinheiro da empresa.
O gerente da Amic (Associação de Micro e
Pequenas Empresas de Cascavel), Renato Antonio
Silveira, comenta que o principal erro é misturar o
dinheiro pessoal com o da empresa. “Por mais que
o empresário tenha talento e saiba
como trabalhar com tal ramo, ele
também precisa dominar as práticas
financeiras. Ele precisa separar o
dinheiro pessoal do dinheiro da
empresa e muitas vezes isso não
ocorre, o que é um grande perigo,
pois quando o empresário percebe,
ele já gastou o dinheiro da empresa,
o pessoal e ainda está devendo”,
comenta Renato.
Cursos de capacitação são oferecidos no
mínimo de três em três meses pelas associações,
para que cada vez mais empresários possam
conhecer as maneiras de se resolver os problemas
que aparecem no dia a dia de uma empresa.
O presidente da Acic (Associação Comercial e
Industrial de Cascavel), José Torres Sobrinho,
afirma que é importantíssimo oferecer esse tipo
de conhecimento aos empresários. “Se nós não
oferecermos quem irá? Eles necessitam desse tipo
de aprendizado para que possam manter a empresa
no mercado. Negligência com a parte financeira é
um dos principais motivos que levam uma empresa
à falência”, comenta Torres.
“É preciso primeiro
um projeto, sem
isso, já é um sinal
que tudo pode dar
errado”
Um bom exemplo
Qual é a principal forma de uma microempresa
não fechar as portas? Essa pergunta é feita por milhares
de microempreendedores individuais do mundo todo.
A resposta é fácil e está ao alcance de todos. É preciso
organizar as contas e não misturar o dinheiro pessoal
com o da empresa. É necessário gestão.
Dados fornecidos pelo programa Empresa
Fácil, desenvolvido pela Semdec (Secretaria
de Desenvolvimento Econômico) e pela Sefin
(Secretaria de Finanças), e instituído pela lei nº
5.409/2009, apontam que nos últimos quatro anos
4.894 novos CNPJs (Cadastros
Nacionais de Pessoas Jurídicas)
foram emitidos. Outros 476
cadastros estão em andamento
e 228 migraram para outra
categoria. Além disso, uma média
de 15% das empresas fecharam
as portas, correspondente a 724
cadastros baixados. A cada dois
dias, uma empresa fecha as portas em Cascavel.
A coordenadora do Programa Empresa Fácil,
Janete Weschenfelder, considera esse número
altíssimo e o resultado tem relação com a falta
de planejamento. “Essa média é alta se formos
pensar que se trata de empresas que fecharam as
portas. É preciso primeiro um projeto, sem isso, já
é um sinal que tudo pode dar errado. A população
em geral acha que é fácil manter uma empresa,
diante da concorrência, e não é. É preciso ter muito
conhecimento do setor desejado e, acima de tudo,
é necessário ter gestão. As pessoas não planejam
quanto vão gastar, qual a despesa mensal da
empresa, e quando percebem, estão gastando mais
do que ganham”, avalia Janete.
Apesar de todas as dificuldades
iniciais, a empresa que fabrica móveis
sob medida de Josemar de Araújo Lopes,
conseguiu se estabelecer no mercado
cascavelense. “No início foi muito difícil,
pois eu não tinha clientela formada e
não sabia nada sobre como administrar
uma empresa. Fiquei uns meses na
informalidade e depois decidi formalizar
meu negócio e, sem dúvidas, foi a melhor
decisão que já tomei, porque muitas
oportunidades apareceram. Eu fiz cursos e
aprimorei meus conhecimentos. Hoje está
sobrando trabalho”, relata.
Agora, a meta de Josemar é conseguir
fazer com que os produtos cheguem a
outros municípios. “Aqui em Cascavel já
tenho um bom número de pedidos, passam
de 100 por mês. Quero contratar mais
funcionários e expandir as vendas para
outras cidades”, diz o empresário.
Quem pode abrir uma
microempresa?
Qualquer pessoa que tem interesse em se
formalizar pode procurar pelo programa, porém é
preciso ter uma renda igual ou inferior a R$ 60 mil e não
possuir, ser sócio ou administrador de outra empresa.
Quais as garantias?
A formalização permite a abertura de conta
bancária, pedido de empréstimos, emissão de notas
fiscais, crédito especial com taxas de juros menores,
acesso a licitações públicas e capacitações gratuitas.
VARIEDADES
maio de 2014
9
“Sonhos são possíveis!”
ICA
FOTO: JÉSS
ARAÚJO
Mães se
reúnem e
lutam em
prol da
inclusão de
autistas na
sociedade
A palavra “mãe”, segundo qualquer dicionário, é
definida como: “Mulher ou fêmea que deu à luz um ser”.
No entanto, no sentido figurado, ela pode ser aquela que se
dedica aos filhos. Um grupo de 13 mães, cada uma com sua
família e com profissões distintas, se reúne com frequência
e demonstra que ser uma genitora é muito mais do que uma
definição superficial e aparente.
Essas mães têm algo em comum: todas têm filhos
autistas. Apesar de eles terem idades diversas, de três a 20
anos, e de terem autismo em graus variados, para essas 13
mulheres, conviver e trocar experiências é fundamental.
A história começou na escola e no consultório médico,
onde algumas delas se encontravam quando levavam os
filhos. Os encontros começaram a ser frequentes e laços
de amizade se estabeleceram entre as seis mães. Elas se
reuniam para bater um papo sobre como aprender a lidar
com o autismo. Com o tempo, o grupo começou a crescer
e, hoje, as 13 mães se reúnem quinzenalmente na casa de
Juliana Kleis, que também faz parte do grupo.
O assunto principal dos encontros das mães é a
inclusão dos autistas na sociedade e o principal objetivo
delas é criar uma Associação para Autistas em Cascavel.
Magna
Bertusso
com seu filho
Bruno
“Precisamos ainda do apoio do poder público e da sociedade
para que nossos projetos possam se concretizar e a inclusão,
finalmente, se tornar realidade no município, mas sabe de
uma coisa? Sonhos são possíveis!”, enfatiza a mãe Magna
Bertusso, integrante do grupo.
Berenice Piana, autora de uma lei que dá direitos
aos autistas, é uma grande amiga do grupo e grande
inspiração para essas mães. Como mora no Rio de Janeiro,
não participa dos encontros, mas mantém contato regular,
sempre orientando, informando e auxiliando no que é
necessário. Berenice também é mãe de um autista e é um
ícone da luta dos direitos da pessoa autista no Brasil, por
isso a lei 12.764/12 se chama Lei Berenice Piana. “Minha
torcida é azul e esse azul é do autismo. Minha torcida é
pelos autistas”, enfatiza Berenice em rede social.
As mães cascavelenses que acabaram de descobrir
que o filho é autista podem contar com o apoio do grupo
para troca de informações. “Falamos também sobre o que
precisam saber em relação ao direito da pessoa autista,
sobre pesquisas mais recentes, novos estudos, escolas,
tratamentos médicos tradicionais ou alternativos”, explica
Magna sobre como o grupo pode ajudar.
Superproteção
A superproteção pode dificultar, pois assim
como qualquer criança, os autistas também
precisam caminhar sozinhos para aprender
a viver. “Eu confesso que cheguei a subornar
crianças de cinco anos com presentes e doces,
para que não maltratassem minha filha, exagero,
não é ?”, confessa a mãe superprotetora,
Patricia Silva Novais.
Sobre isso, Roberta Haude completa:
“Ficamos cegos e surdos. Os pais nunca poderão
viver a vida dos filhos, então devemos deixá-los
viver, cair, levantar. A vida é um quebra-cabeça,
portanto, todos têm seu espaço na sociedade. A
pessoa autista sempre se encaixará. É só deixar
o preconceito de lado”, afirma.
O que é o autismo
DIVUL
G
AÇÃO
Jéssica Araujo
É uma disfunção global do
desenvolvimento. Alteração que afeta a
capacidade de comunicação, de estabelecer
relacionamentos e de comportamento. Alguns
apresentam inteligência e fala intactas,
outras apresentam sérios problemas no
desenvolvimento da linguagem. Em questão
ao comportamento, alguns são fechados e
distantes, outros presos a rígidos e restritos
padrões de comportamento.
Certos adultos com autismo são
capazes de ter sucesso na carreira
profissional. Porém, os problemas de
comunicação e socialização causam
dificuldades, então, adultos com autismo
continuarão a precisar de encorajamento na
sua luta para vida independente.
Os principais problemas são:
a) A exclusão social decorrente da falta de
informação. O que leva a comportamentos
preconceituosos e discriminatórios por parte da
sociedade e não raras vezes, da própria família, e o
único modo de reverter essa situação, ainda é por
meio de campanhas, conscientização e informação
como principais meios de combater o preconceito;
b) Na área da educação, pois há a necessidade
de recursos humanos especializados, como
professores de apoio, além da adequada
adaptação do conteúdo escolar, e métodos
pedagógicos mais arrojados, respeitando-se a
individualidade de cada aluno autista com seus
interesses específicos e o aproveitamento ideal de
suas aptidões e/ou habilidades singulares;
c) Na saúde, pois falta atendimento prioritário,
maior acesso às especialidades médicas, exames
e medicamentos que se façam necessários para
melhor qualidade de vida da pessoa autista, o
acesso facilitado aos especialistas, especialmente
para aqueles que dependem do SUS (Sistema
Único de Saúde), ainda é um grande desafio;
d) Ainda no âmbito de políticas públicas, urge a
capacitação de pessoas autistas para o trabalho,
pois ao contrário do que se pensa, todos os
autistas podem contribuir para a sociedade de
modo útil, desde que, essa mesma sociedade, dêlhes a oportunidade;
e) O combate às violências é outro tema que
merece atenção especial, não raras vezes o autista
é vítima de violência, que vão desde o bulliyng
escolar até outras formas de violência, como
violência física, verbal e outras.
Fonte: Magna Bertusso, integrante do grupo.
ESPECIAL
maio de 2014
FOTOS: ACERVO FOLHA
10
Protestantes clamam liberdade de expressão em frente a Teatro municipal de São Paulo, em 1968
“Aqueles que não amam a Revolução,
pelo menos devem temê-la!”
Heloísa Perardt e Renan Bini
Comparando o Regime
ao divino, a frase é
pronunciada pelo
general Guedes, um dos
primeiros líderes do golpe
de 1964 e resume de
maneira exímia a morte
da Democracia durante a
Ditadura Militar
Em 2014, o golpe que instaurou a Ditadura
Militar no Brasil completou 50 anos. No entanto,
apesar de ser parte da recente história brasileira,
pouco ainda se sabe sobre o período. Milhares de
pessoas foram presas, torturadas e tiveram suas
vidas ceifadas inescrupulosamente. E quais são os
danos que o Regime trouxe à sociedade? Talvez nunca
sejam identificados por completo. Estes vão além dos
corpos que foram mutilados e estão desaparecidos
até hoje. Para aqueles que vivenciaram a época, além
dos inocentes, morreram democracia, liberdade de
expressão e visão crítica da população brasileira.
A Ditadura Militar não se findou em 1985. Ela
permanece viva até hoje na memória daqueles que lutaram por uma sociedade
igualitária. Para Alberto Fávero, ex-militante da cidade de Nova Aurora, a mesma
geração que derramou seu sangue pela pátria viu as novas gerações crescerem
sem um ideal, sem criticidade e sem conhecer o real sentido de democracia. As
consequências do período aplicam-se em todo o território nacional, e não só nos
grandes centros como acredita a maior parte da população brasileira.
A partir desses fatos, observando a infinidade de informações e diferentes
perspectivas, concordamos que é inviável abordar o tema em apenas uma
edição do Unifatos. Nessa perspectiva, nós faremos uma série com duas
reportagens interpretativas com o objetivo de mostrar parte do que aconteceu
nos anos de chumbo não apenas nos grandes centros, mas também em cidades
Se o Golpe
Militar não
tivesse
acontecido,
o País
poderia ter
se tornado
comunista?
“
Janelucy
Penharvel,
historiadora e
professora da
Univel
Nem de longe! Haviam
apenas tendências
para reformar o
Brasil. O medo do
Comunismo nos Norte
Americanos e na classe
tradicional brasileira
surgiu a partir do
investimento da URSS
na América Latina, mas
historicamente, não
houve crescimento do
movimento comunista
no Brasil.
”
“
Aluízio
Palmar,
jornalista e
ex-militante
interioranas, inclusive nas regiões Oeste e Sudoeste do
Paraná.
A ideia de produção desta pauta surgiu após a nossa
participação na Audiência Pública da Comissão Estadual
da Verdade, realizada nos dias 20 e 21 de março na
Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), no
Campus de Cascavel. Nela, foram ouvidos relatos de exmilitantes, de familiares e de vítimas que, na época, nem
sabiam o motivo de estarem sendo torturadas.
A Comissão da Verdade do estado do Paraná foi criada
pela lei 1730062, em 27 de novembro de 2012. Ela
tem por finalidade apurar graves violações dos direitos
humanos, ocorridos nos anos de chumbo. É uma forma
de dar voz a quem precisa falar sobre as opressões que passaram e ao mesmo
tempo, dar oportunidade aos demais de ouvir, conhecer e se informar em
relação a essa parte da história brasileira.
De acordo com a advogada, integrante do Comitê de Refugiados do
Paraná e também membro da Comissão Estadual da Verdade Ivete Caribé
Rocha, o evento é um dos mais importantes do estado do Paraná, pela
militância e pelo grau de envolvimento da estrutura de repressão aqui no Oeste
do Paraná. “Nossa função principal é fazer o levantamento dessas graves
violações, transformá-las num relatório final, e trazer isso para a sociedade,
porque a maioria, mesmo as pessoas que viveram naquela época, não tem
conhecimento da profundidade do que ocorreu”, afirma Ivete.
Dificilmente. A
correlação de
forças nunca esteve
favorável às lutas
pelo socialismo e
pelo comunismo no
Brasil. Os poderes
econômico e capitalista
e o poder dos EUA
no subcontinente
americano sempre
foram muito
forte.
”
“
A Ditadura só me trouxe desastres.
Até hoje eu sofro as suas consequências. A
elite da minha região me marca até hoje. Por
exemplo, minhas filhas fizeram um concurso
para o Estado, mas o governador, que ‘pendia’
para o outro lado, optou por chamar alguns
do emergencial e cancelou o concurso para
não colocar minhas filhas no serviço. A
comunidade de Três Passos-RS, até hoje sofre
as consequências. Em 1964, a minha casa foi
a primeira casa a ser invadida no Rio Grande
do Sul. Depois que prenderam meu pai,
nós passamos a ser comunistas. Então
éramos afrontados de todas as formas.
”
Valdetar Dorneles,
ex-militante da
Operação Três
Passos, primeiro
movimento armado
contra o Regime
ESPECIAL
maio de 2014
1964
11
50 anos
de um golpe
contra a
Democracia
parte 1
O general e presidente do Brasil, Ernesto Geisel (Arena), recebe cumprimentos em forma de continência militar, no Rio de Janeiro
Entenda a Ditadura
Após o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, a
nação vivenciou um período de instabilidade política,
que foi fortemente questionado e pressionado pela
oposição e as Forças Armadas. Descontentes com a
situação, políticos e militares ameaçavam se rebelar e
tomar o poder a qualquer hora.
Após a renúncia do presidente Jânio Quadros,
quem assumiu foi seu vice-presidente Jango, que na
época representava a esquerda brasileira. A sucessão
não foi bem vista pelos militares, pelas classes
dominantes e pelos EUA. Para assumir a presidência,
João Goulart teve que aceitar o regime parlamentarista.
Com o apoio das classes mais abastadas da
sociedade, Jango apresentou ao Congresso projetos
em que defendia a extensão do voto a analfabetos, a
reforma agrária e pretendia ampliar a intervenção do
Estado na economia.
Temendo a possibilidade de comunismo, e com
total apoio norte-americano, em 31 de março de 1964,
os militares instauraram o Regime que se estendeu no
país por um período de 21 anos.
O primeiro militar a assumir o poder durante a
Ditadura foi o general Humberto Castello Branco, que
ficou na presidência até 1967. Foram cortadas as
relações diplomáticas com Cuba e os EUA passaram a
apoiar o governo brasileiro, inclusive economicamente.
Em seu governo, Branco também extinguiu os partidos
políticos e impôs eleições indiretas para presidente.
Durante o mandato do presidente Costa e Silva,
o povo ficou descontente com os efeitos negativos da
Ditadura Militar e tomou conta das ruas. Sem controle
sobre as manifestações, o general decretou o AI-5
(ato que suspendia liberdades democráticas e direitos
constitucionais, permitindo que a polícia efetuasse
investigações, perseguições e prisões de cidadãos sem
necessidade de mandado judicial).
Por motivos de saúde, o presidente Costa e Silva
se afastou e o general Emílio Garrastazu Médici assumiu
a presidência. Os cinco anos de governo de Médici foram
marcados pelo "milagre econômico" e também pelo
período de maior repressão política da história.
Dentre as mídias (redações de jornal impresso,
rádio e TV), algumas redações receberam equipes
de censores que ficavam ali apenas para julgar o que
poderia ou não ser publicado, outros veículos eram
obrigados a enviar antecipadamente o que pretendiam
publicar para a Divisão de Censura do Departamento
de Polícia Federal.
De acordo com a historiadora, especialista e
professora da Univel, Janelucy Penharvel, em termos
gerais culturais, a Ditadura Militar foi um período de
“Castração da Cultura Brasileira”. Para ela, apesar de
uma época de pequenas melhorias econômicas, nada
pode ser considerado positivo no Regime, já que nós
brasileiros pagamos muito caro por isso.
Quem compartilha dessa opinião é o exProcurador Geral de Justiça do Ministério Público do
Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior Neto. Para ele,
nada pode ser positivo em um momento em que não
se vivenciam o Estado de direito democrático. “Esse
falso progresso, que se traduziu em concentração de
riquezas nas mãos de poucas pessoas, todos esses
pseudo-avanços, na verdade desaparecem para os
interesses de uma sociedade democrática quando há
Heranordoçcoamsa historiadora, especialistaadea prpeoflaesDsoitaradudara
Guerra Fria
BRASIL
EUA - CAPITALISMO
URSS - COMUNISMO
Guerra Fria é como denominamos o confronto econômico, ideológico e político entre as duas
superpotências: EUA e URSS. O período exerceu influência direta e indireta sobre toda a ordem mundial
até então estabelecida, inclusive no Golpe Militar de 1964 no Brasil. Os EUA não permitiriam que mais
um país do continente (além de Cuba) se tornasse comunista, assim financiou o Golpe liderado por
militares com a garantia de que estes não fossem contra os interesses americanos.
MONTAGEM: RENAN BINI
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de
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di
ão mun
se tornou campe
violações permanentes dos direitos humanos”, afirma.
A repressão, a tortura, a violência e a ausência
de liberdades civis e públicas tornaram a manutenção
da Ditadura Militar insustentável. Em 1974, o general
Geisel assumiu a presidência do país e prometeu dar
início à redemocratização do país de forma lenta,
gradual e segura.
O governo do general João Baptista de Oliveira
Figueiredo deu continuidade ao processo de abertura
política. Ao longo de seu mandato, a Ditadura perdeu
legitimidade social e sofreu desgaste político. No
entanto, por meio de atos terroristas, setores das
Forças Armadas tentaram barrar o processo de
redemocratização a fim de desestabilizar o governo e
amedrontar a sociedade.
A Lei de Anistia, que resgatava a cidadania
de cassados, clandestinos e exilados políticos, foi
sancionada e cerca de 4.600 pessoas se beneficiaram.
Após a lei, ocorreu no Brasil uma da série de
manifestações populares que pediam eleições diretas
para presidente da república. Diversos artistas
aderiram à campanha, no entanto, a proposta foi
derrotada no Congresso e as eleições para presidente
de 1985 foram indiretas.
Com a derrota da emenda por eleições diretas,
Tancredo Neves surgiu como nome forte à sucessão
presidencial. Tancredo recebeu a maioria dos votos
no Congresso e venceu o concorrente, Paulo Maluf.
Na véspera da posse, Tancredo foi internado às
pressas. No dia 15 de março, quem assumiu a
presidência foi o vice, José Sarney, efetivado no
cargo após a morte do titular.
12
CARTÃO POSTAL
maio de 2014
A terra do sol
espera por você!
O Parque Municipal
de Boa Vista da
Aparecida é um dos
principais pontos
turísticos da região
Oeste do Paraná
Maximiliane Veiga
Mochila nas costas. É hora de enfrentar mais
de 90 km de estrada para apreciar a beleza do
Parque Municipal de Boa Vista da Aparecida. A
primeira parada foi em Capitão Leônidas Marques
para tomar aquele café da avó e descansar. Mas
há também a possibilidade de ir direto de Cascavel
para Boa Vista, são 72 km pela PR-180, com uma
rodovia bem conservada. Falar de um local com uma
vista tão admirável e serena faz com que o lugar
seja retratado com toda leveza e tranquilidade que
merece, o que justifica um texto mais adjetivado, fora
dos padrões enquadrados do jornalismo tradicional.
São sete da manhã de um domingo gelado e
a equipe já está de pé. É hora
de enfrentar o frio e continuar
a viagem até a chamada terra
do sol. Aos trancos e barrancos
chegamos até o pequeno
município de 7.818 habitantes
que se tornou um dos mais
visitados da região Oeste do
Paraná na temporada de verão.
A cidade de Boa Vista da
Aparecida é banhada pelas
águas do Rio Iguaçu e dispõe de diversas opções
para aqueles que pretendem visitá-la. Além da
praia artificial, o Parque Municipal, que é o nosso
destino, também disponibiliza camping, quiosques
e churrasqueiras em meio ao bosque, para aqueles
que querem passar alguns dias acampados. Também
conta com restaurante panorâmico, vestiários e
banheiros, rampa e píer para embarcações e trilha
ecológica com 1,2 mil metros de extensão, tudo
isso em uma área de 17 alqueires. Não é cobrada
nenhuma taxa para ter acesso ao parque, porém é
de responsabilidade dos visitantes manter a ordem e
seguir as placas de atenção.
João Miguel de Souza veio de Minas Gerais
visitar a família e fez questão de conhecer o parque.
“Conheci várias praias artificiais durante minha vida,
por todo o Brasil. Não podia deixar de conhecer a
de Aparecidinha também”, comenta o comerciante.
“Adorei o local. Hoje vamos acampar por aqui mesmo
e comer aquele churrasquinho”.
O sol brilha forte e nos proporciona um lindo
dia. O lago, de uma água azul que faz brilhar os
olhos, dá vida ao ambiente que alegra famílias
nos momentos de lazer. Além da gruta de Nossa
Senhora dos Navegantes, o parque dispõe também
de um barracão para realizar a festa da santa que
ocorre todos os anos. A trilha dentro da mata nativa,
com seu cheiro de mato e o barulho do canto dos
pássaros, traz paz para aqueles
que a procuram na natureza.
Dona Miguelina Schuatz faz
caminhada no parque sempre que
pode e ressalta a importância do
ambiente para a população. “Gosto
de caminhar pela trilha, pois me
traz a presença de Deus. Quando
estou com algum problema venho
para cá descansar. Todo mundo
deveria fazer isso às vezes. É muito
bom”, enfatiza.
No entanto, não são apenas os mais velhos
que frequentam a praia. Os jovens também se
divertem no Parque Municipal. “Viemos jogar vôlei
hoje, aproveitamos que está meio frio e a praia não
está lotada. Normalmente isso aqui enche e fica
difícil”, conta Juliane Dias, que chamou os amigos
e o namorado para jogar. “Aqui nos sentimos mais
livres, porque dá para gritar, brincar e se divertir. Sem
contar no clima que é muito bom”.
O sol já está se pondo e nós vamos junto com
ele. Valeu a pena os quilômetros percorridos para
visitar essa maravilha. E se você estiver sem opção
de lazer para algum final de semana, vai a dica: a
terra do sol está esperando por você!
FOTOS: MAICON ROSELIO
O parque municipal se tornou um dos mais visitados da
região na temporada de verão
“Adorei o local. Hoje
vamos acampar
por aqui mesmo
e comer aquele
churrasquinho”
A Gruta de Nossa Senhora dos Navegantes é um dos
atrativos do parque
A trilha ecológica de mata nativa tem mais de um
quilômetro de extensão
CULTURA
maio de 2014
Palco Aberto: a arte
FOTOS: JANAINA TEIXEIRA
nas ruas de Cascavel
Tico Bonito se
apresentando na
Praça Wilson Joffre
13
Jovens se reúnem
para aperfeiçoar
apresentações ao
ar livre
O inquilibrista em
sua hábil arte de
equilibrar
Silmara Santos
No artigo 5° da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
no IX inciso, afirma-se que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.
Porém, pouco se vê nas ruas de Cascavel manifestações culturais. Mas o que é
considerada uma manifestação cultural?
Artistas de rua como malabaristas, equilibristas, palhaços, mímicos,
dentre outros são diariamente vistos em frente aos semáforos da cidade. Há
quem pense que eles sejam andarilhos. Há quem diga que são vagabundos,
mas o que poucos sabem é que muitos lutam para sustentar suas famílias com
o dinheiro do “chapéu”, ou seja, das apresentações feitas ao ar livre, da qual a
população pode pagar ou não e o quanto desejar.
Um dos artistas que se apresenta nas ruas de Cascavel e que sustenta
sua família por meio desse ofício é o palhaço Leonides Quadra, 30,
popularmente conhecido como Tico Bonito. Em tom de brincadeira, ele diz ser
“doutorando pela faculdade de Artes de Lisboavida” e conta que arca com as
despesas de uma casa, com o dinheiro das apresentações. “Há quem diga
que é perda de tempo realizar apresentações que não servem de nada”, diz
Tico Bonito. Contrariando esse pensamento, o artista nos revela que mais do
que palhaçada, a arte faz com que se pense sobre as situações da vida, o que
incomoda algumas pessoas.
Na cidade, além de artistas que se apresentam sozinhos, há também um
grupo de artistas do qual Tico é um dos integrantes, o chamado Palco Aberto,
criado pelo então ator Jean Cezar Salustiano, 22, empresário, ator e palhaço. “O
projeto é uma forma de pesquisar e aprimorar novos números cômicos. Quem
gostar e tiver alguma habilidade pode se apresentar”, explica Tico, lembrando
que não há um critério específico para as apresentações. “O importante é levar
um pouco de cultura para quem se interessa”, salienta.
Outro artista que se apresenta nas ruas de Cascavel é o ator e palhaço
Christopher de Paula Lima,25, estudante de Artes, da Univel. Para ele, o Palco
Aberto não é sistematizado, mas é importante. “É muito difícil ir para a rua
sozinho, então, assim, damos suporte um para o outro. Em grupos, podemos
testar e aperfeiçoar os números de palhaço. No entanto, vejo que todos que
participam buscam trabalho solo. Para mim, o Palco Aberto é uma forma de
poder rever os amigos, de se divertir e jogar com estes, arriscar ideias novas”,
esclarece Christopher.
Adriano dos Santos Brandão, 24, responsável pelo espetáculo Inquilibrismo,
do qual equilibra cadeiras, escadas, dentre outros objetos do cotidiano, conta
um pouco mais sobre sua percepção. “A arte para mim é uma ferramenta de
expressão e evolução, onde há possibilidade de colocar para fora sentimentos que
estão presos dentro de você por algum motivo, de revê-los, filtrá-los, o que faz com
que você acabe se conhecendo mais, percebendo suas emoções, o que contribui,
inclusive, nas relações humanas”, avalia o equilibrista.
Projeto Valores Humanos e Culturais na Univel
Os alunos da Univel que possuem habilidades
artísticas podem mostrar seu talento este ano,
durante os intervalos noturnos da faculdade. O
Projeto Valores Humanos: um olhar diferente para
a vida teve início em 2013, sob coordenação da
professora Deise Rosa e colaboração da professora
Karin Betiati. A proposta foi a exposição de frases
e imagens fotográficas, feitas por profissionais
e alunos, para ilustrar exemplos de valores
humanos. “Este ano a proposta do é trabalhar com
música, dança, arte e atividades sociais”, afirma a
coordenadora do projeto.
A intenção é de que futuramente o projeto se
torne um Festival de Talentos da Univel. O objetivo é
fazer com que os alunos mostrem suas habilidades
artísticas e tenham a oportunidade de conquistar
eventos fora da instituição. “Após resgatados
esses alunos, queremos levar os ‘dons artísticos
da Univel’ para fora da instituição, como hospitais,
escolas, creches e outros lugares, pois uma
‘pitada’ de arte pode transformar vidas”, enfatiza
Deise, que acredita no projeto e na esperança
de apreciação.“Nós nos surpreendemos com a
quantidade de alunos interessados. Muitos nos
procuraram dos mais diversificados cursos, com
diversos talentos diferentes”.
As apresentações dos alunos inscritos ocorrerão
uma vez por semana. Quem ainda tiver interesse em
se inscrever é só entrar em contato com a professora
Deise pelo telefone (45) 9978.5006.
14
ESPORTE
Reforma milionária
no estádio de Cascavel
maio de 2014
Do Colosso de
Scanagatta ao
Olímpico de Edgar
Para muitos ele não tem utilidade alguma e
o batizam de “elefante branco” ou simplesmente
“elefantão”. Para os saudosistas da era romântica
do futebol local e ao mesmo tempo “esperançosos”,
num futuro muito próximo, o Olímpico Regional
Arnaldo Busatto voltará à cena do futebol
paranaense e quem sabe até brasileiro.
A proposta da diretoria do Futebol Clube
Cascavel é, já em 2015, disputar a primeira divisão
do futebol estadual e depois buscar vaga nas
competições “organizadas” pela CBF (Confederação
Brasileira de Futebol). Exemplos bem sucedidos
motivam os cartolas cascavelenses como a
ascensão da Chapecoense (da cidade de ChapecóSC e menor que Cascavel) à Série A do Brasileirão e
a recente decisão entre Maringá e Londrina na nova
versão do Clássico do Café.
A reforma da maior praça esportiva da região
Oeste do Paraná também parece um combustível
para este projeto. A Prefeitura de Cascavel abriu
recentemente um edital de licitação no valor de
quase R$ 6 milhões para fazer ampla revitalização.
No entanto, o secretário municipal de Esportes,
Wanderley Faust, afirma que a reforma fazia parte
da proposta de colocar Cascavel entre as subsedes
da Copa do Mundo, mas como a cidade ficou de fora
restou apenas o projeto e os recursos. Faust comenta
que foi o que sobrou da ideia de incluir a cidade na
lista da Fifa (Federação Internacional de Futebol):
“Agora, vamos fazer as obras do mesmo jeito, já que
o recurso está liberado”, comenta o secretário.
Ainda conforme Faust, o dinheiro vem do
Governo Federal com 10% de contrapartida
da Prefeitura. O projeto prevê a reforma na
infraestrutura, revitalização interna e externa,
substituição do gramado (que já foi um dos melhores
do país), implantação de elevador para acesso às
cabines de imprensa que também serão reformadas
considerando a acessibilidade. Além de tudo isso,
um telão de LED (Light Emitting Diode) será instalado
no alto da arquibancada a esquerda das cabines, as
2.500 cadeiras serão substituídas por um padrão
moderno e confortável e a cobertura será trocada.
No ano passado, uma comissão da secretaria
foi até o Rio de Janeiro ver a conclusão das obras de
reforma do Maracanã. O modelo dos vestiários será
adotado na arena cascavelense. “Claro que não será
igual, mas foi importante conhecê-los para termos
noção do que é necessário para adequarmos os
quatro vestiários do nosso estádio à modernidade e
comodidade de atletas e organizadores de eventos
esportivos”, justificou.
O secretário reconhece que o Olímpico
está abandonado. Para ele a falta de um time
profissional forte o torna inviável. E não é só isso.
O local poderia ser usado para outros eventos,
mas, com o abandono, nem isso pode receber.
“Acho que nem passa pela vistoria do Corpo de
Bombeiros”, lamenta o secretário, ao lembrar que
após o incêndio da Boate Kiss de Santa Maria (RS)
as exigências ficaram mais rigorosas em todo o país.
O custo mensal de manutenção do Olímpico é baixo,
não passando dos R$ 5 mil. “Despesa mesmo só
com a luz já que é utilizado uma ou duas vezes na
semana e o valor da água é irrisório”, finaliza.
Serão reformados ainda os doze banheiros e as
oito lanchonetes. Novos sanitários e bares também
deverão ser construídos para atender o público.
Atualmente, a capacidade oficial é para 28.125
pessoas. A lotação máxima ocorreu justamente na
inauguração em 10 de novembro de 1982, quando o
São Paulo Futebol Clube venceu o Cascavel Esporte
Clube por 1 a 0, placar visto por mais de 45 mil
torcedores. “Na época ficava até gente de pé. Não
havia cadeiras, mas hoje as medidas mudaram. Veja: o
Maracanã recebeu 200 mil pessoas na Copa de 50 e
hoje não comporta mais que 80 mil”, recorda.
As propostas estão sendo recebidas e a
abertura dos envelopes está marcada para 8 de
maio, às 14h. O prazo máximo para execução das
obras será de 180 dias e o contrato com vigência
de um ano.
Três gigantes e uma história
Leandro Souza
Diante do crescimento do opositor
MDB (Movimento Democrático Brasileiro),
hoje PMDB (Partido do Movimento
Democrático Brasileiro), o governo militar
resolveu prorrogar os mandatos dos
prefeitos da época dando aos que foram
eleitos em 1976 mais dois anos, esticando
o mandato para seis, e cujo tamanho foi
também estabelecido aos eleitos de 1982.
Ernesto Geisel era o presidente
da república e autorizou a construção
de centenas de obras Brasil afora para
frear o crescimento da oposição. Em
Londrina, a CBD (Confederação Brasileiro
de Desportos), antiga CBF (Confederação
Brasileira de Futebol), exigiu a construção
de um novo estádio na cidade para que
o LEC (Londrina Esporte Clube) pudesse
disputar o campeonato nacional de 1976.
A Arena (Aliança Renovadora Nacional),
partido do governo que logo seria rebatizado
de PSD (Partido Democrático Social), andava
mal das pernas no segundo maior município
do Paraná, governado por José Richa, filiado
ao MDB. Então, após oito meses de obras,
os 42 anéis de concreto do Estádio do Café
estavam aptos a receber 50 mil torcedores e
o LEC tinha um estádio que o habilitava a ser
um dos 54 clubes do Brasileirão daquele ano.
A expansão política do futebol
promoveu a construção ou ampliação em
massa de estádios por todo o país. Pequenas
cópias ou arremedos do Maracanã, com
arquibancadas ovais e inúteis pistas de
atletismo separando o público do campo
de jogo. Cada capital do Norte, Nordeste e
Centro-Oeste ergueu sua nova praça. Cada
grande cidade do interior do Paraná também.
Dois meses depois da abertura do Café,
Maringá entregou o reformado Willie Davids,
já condizente com o conceito da época. Em
1978 e com mais dois anos de mandato, o
prefeito Jacy Scanagatta (Arena) autorizou
Dilvo Grolli, hoje presidente da Coopavel
(Cooperativa Agroindustrial de Cascavel),
então presidente do Codevel (Companhia de
Desenvolvimento de Cascavel), a assumir a
construção do estádio municipal. Juntamente
com o arquiteto da prefeitura na época,
Nilson Gomes Vieira, Grolli foi a Ribeirão
Preto (SP) conhecer o estádio Santa Cruz
que serviu de modelo e inspiração para o
Olímpico. Um dos arquitetos da construção do
Maracanã também veio a Cascavel assessorar
a equipe local na construção do “Colosso
do Oeste”, nome provisório do estádio que
serviu de bandeira para a gestão Jacy Miguel
Scanagatta (prefeito) e Assis Gurgacz (vice).
inDICA
maio de 2014
15
A magia do Spohrverso
Gabriel Pratti
Considerado por muitos o primeiro best-seller brasileiro
de ficção/fantasia, A Batalha do Apocalipse, escrito pelo
carioca Eduardo Spohr, é uma leitura quase indescritível. São
aproximadamente 586 páginas de uma jornada que o autor,
em seu blog, considera como “densa”. Apaixonado por história e religião, o jornalista,
influenciado por nomes como J. R. R. Tolkien (O Senhor dos
Anéis), o diretor Gregory Widen (Anjos Rebeldes e Highlander),
e quadrinhos do selo Vertigo (divisão adulta da DC Comics),
criou uma obra-prima. Pesquisou textos como o indiano
Mahabhara e a própria Bíblia. A Batalha do Apocalipse, com o
subtítulo Da queda dos anjos
ao crepúsculo do mundo,
narra a intrigante jornada
do general Ablon, um anjo
renegado, que foi expulso
do Céu, comandado pelo
tirano Arcanjo Miguel, que
recebeu as rédeas do paraíso
do Criador, enquanto Este
descansava.
Spohr nos transporta a
locais essenciais da história,
como Constantinopla, Egito
Antigo e até mesmo para
o Rio de Janeiro do século 21, em um universo de planos,
seres e acontecimentos divinos, espirituais, astrais e
humanos. Guardadas as devidas proporções, A Batalha do
Apocalipse dá início ao “Senhor dos Anéis” de Eduardo, que
como um bom nerd, é fã de carteirinha do universo criado
por Tolkien. Personagens, castas, dimensões. Tudo foi
inteligentemente arquitetado, chamado de Spohrverso.
Primeiramente publicado pelo site Jovem Nerd
em 2007, republicado em 2009 pela NerdBooks, ABdA
finalmente alcançou uma editora de grande porte em 2010,
a Verus. Com apenas três semanas de lançamento, o livro
já atingia a oitava posição entre os mais vendidos no Brasil,
do gênero ficção. A edição especial contém capítulos extras,
ilustrações e organogramas.
Obra do gênero fantasia, A Batalha do Apocalipse se
torna completamente real nos questionamentos humanos
e existenciais. Dotados de filosofia crítica, Ablon e a
necromante Shamira assistem a guerras e crises que o ser
humano provoca e questionam o porquê de tudo aquilo.
Fazem pensar e questionar o nosso papel, como
no seguinte trecho, na página 125 da obra: “a
necromante estava sempre informada sobre
as novas tecnologias e usava isso a seu favor.
Frequentava, abertamente, lugares públicos os
mais variados, desde faculdades a danceterias,
com objetivo puramente didático. Cada vez
mais se surpreendia com a capacidade
mutável do homem, com sua habilidade de
criar, inovar e se adaptar às situações mais
inusitadas. Chegou mesmo à conclusão de
que, não importava quanto vivesse, sempre
se espantaria com a mente inconstante e a
alma apaixonada dos seres humanos”.
A Batalha do Apocalipse foi o estopim que lançou
a onda de livros fantásticos no cenário brasileiro e ajudou a
dar destaque para autores como Raphael Draccon (Dragões
do Éter), Affonso Solano (O Espadachim de Carvão) e
Leonel Caldela (O Código Élfico).
É uma leitura obrigatória para os fãs de ficção/
fantasia, contendo elementos históricos, religiosos e
filosóficos sobre a guerra entre Céu e Inferno.
Um autor brasileiro,
influenciado por
Tolkien, criou o seu
próprio “Senhor
dos Anéis”
FOTOS: DIVULG
AÇÃ
O
“Chegou mesmo à
conclusão de que,
não importava quanto
vivesse, sempre se
espantaria com a
mente inconstante e a
alma apaixonada dos
seres humanos”.
de Stephan St
ölting
A casta dos Malakim, seres cuja
mente é imortal e possuem o
maior conhecimento do mundo.
Arte de André Ramos
* Em 2011 foi lançado na Holanda
com o título Engelen van de Apocalyps.
Curiosidades
Enredo
Depois da criação do mundo, o Criador entrou
em um sono profundo. Deixou o mando dos Céus aos
cuidados do Arcanjo Miguel, enquanto este era auxiliado
pelos outros Arcanjos. Porém, o Criador não contava com
a tirania que corrompia o coração de Miguel e, em uma
tentativa de reversão, os anjos organizaram um levante.
A guerra entre Anjos e Arcanjos foi ruim para ambos os
lados. Muitos foram mortos e outros, caídos, expulsos
do Paraíso. Entre eles o general Ablon, um querubim
que recorreu ao mundo dos humanos como exílio.
Durante sua jornada, o general conhece
a necromante Shamira, uma feiticeira, que o
ajuda a transpassar os maiores desafios que o
Julgamento Final possui.
Após um tempo de recuperação,
Lúcifer, a Estrela da Manhã, agora o
líder do Inferno, prepara um segundo
ataque aos Céus. A guerra está para
começar e o Apocalipse será o palco.
Cabe a Ablon escolher qual lado
defenderá na batalha definitiva.
Arte da capa,
* O autor é professor em um curso de
Estrutura Literária.
O protagonista Ablon, um general
querubim, por André Ramos
* Autor e roteirista, José Louzeiro, diz
que “não há na literatura em língua
portuguesa conhecida nada que se
pareça com A Batalha do Apocalipse”.
CLICK
maio de 2014
9º Expotec
FOTOS: KÁSSIA BELTRAME E JHON DWITT
16
Mais de 5 mil pessoas, entre elas
estudantes e moradores da cidade,
visitaram a feira na Univel.
O sargento Josiel, o cabo Maximiliano, o soldado Boertoluzi e o cabo Krais
Franciele e Lenon, do 2º ano de Logística
Henrique
Fischer,
do curso
de Gestão
Comercial
Viviane e Helaine, do 4º ano de Direito
Raul Sostor, monitor de Gastronomia
Diovani e Regiane, do 3º ano de Pedagogia
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