PÓS-GRADUAÇÃO NO BRASIL: ASSIMETRIAS E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO Denadeti Parcianello Belinazo Aluna do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - PPGEP UFSM, Santa Maria (RS) E-mail: [email protected] Lúcia Rejane da Rosa Gama Madruga, Ms. Centro de Ciências Administrativas UFSM, Santa Maria (RS) Rolando Juan Soliz Estrada, Dr. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção – PPGEP UFSM, Santa Maria (RS) E-mail: [email protected] Abstract The following text approaches the stricto sensu graduation and the contradictions that make up this system, bearing in mind the scenario in which it was established – the revolutionary movement that took place in Brazil at the end of the 60’s. The graduation pattern adapted by the government aimed at providing the country with human resources of a high level, and that happened from the beginning. This system became stable at a national level accomplishing its basic goals, however there are asymmetries at regional basis and also at knowledge area, which are in need of an efficient effort and of new paradigms for the improvement of the system. This new performance demands a closer relationship between universities and companies, through partnerships, for instance. The successful interaction of this relationship offers, as a feedback, the effective participation of the private sector in research, making the economy more active and, therefore, more competitive. Key words: graduation, asymmetry, technology 1. Introdução Após o desfecho do golpe de 1964, a política educacional do Governo estabeleceu-se de modo que o sistema de ensino atendesse às demandas sociais, regulamentando-se em virtude disso a pós-graduação, por meio do Parecer 977/65. Na mesma década, ocorreu a Reforma Universitária, mais precisamente em 1968, que formalizou novas diretrizes para educação, por meio da Lei n.º 5.540. Sob esse enfoque, na pós-graduação, consumou-se um sistema de créditos, gerando cursos com parâmetros de condução bem definidos pelas linhas de pesquisa, extinguindo o cargo de pesquisador e apresentando a idéia de que ensino e pesquisa seriam indissolúveis. Percebe-se que a pós-graduação brasileira surgiu em função de necessidades que estavam além dos muros da academia. No processo de implantação, foram geradas algumas contradições, em virtude de o momento histórico estar permeado de autoritarismo. A legislação federal estabelecida para a pós-graduação, desde o início, caracterizou-se por ser pouco normativa, entretanto as universidades assumiram uma atitude extremamente conservadora com parâmetros de atuação, quase que indiscutíveis, conforme analisa Ana Lúcia A. Gasolla, da UFMG (1996). A pós-graduação emerge com o propósito de “ser o mais alto nível de consumação da política de formação de mão-de-obra, a serviço do desenvolvimento econômico”(Schuch, 1998, p. 136). Todavia, devido à sua proximidade com conhecimentos mais avançados proferidos nas universidades americanas e européias, a pós-graduação pôde criticar a política formalizada para a educação, alertando para as contradições produzidas pelos sistemas sociais.Tal postura lançou novas idéias que se espalharam, despertando os docentes para constatar o conservadorismo da educação nacional, dando espaço, portanto, para que se formasse uma consciência política. Também trouxe contribuições elucidativas que auxiliaram significativamente a universidade a pensar sua responsabilidade políticosocial na conversão da cultura de submissão que caracteriza a comunidade nacional. Com a consolidação das universidades, em sua maioria, é natural que a caminhada acadêmica culmine com o treinamento na pós-graduação avançada, ou seja, o doutoramento. A partir dessa fase, o profissional estaria apto a gerar novos conhecimentos para as universidades e respectivas comunidades. Genericamente, os doutores que o sistema nacional ou internacional de pós-graduação produz recebem treinamento em centros de excelência, ficando em contato com os conhecimentos mais avançados de sua área profissional. Isso oportuniza a transferência de informações científicas e novas tecnologias, que impulsionam o desenvolvimento do país. O sistema de pós-graduação nacional, ao albergar tais procedimentos e com apoio das agências de fomento, aprimora a qualidade dos profissionais que obtêm essa formação, estendendo-se esse benefício para todos os níveis de ensino. 2. Objetivos Realizar uma análise comparativa do crescimento da pós-graduação entre as diferentes regiões brasileiras através de uma pesquisa bibliográfica. O trabalho visa identificar as oportunidades de desenvolvimento tecnológico para o país, a partir da integração com o conhecimento gerado na pós-graduação. 3. Assimetrias na pós-graduação Estudos realizados por Cristovão Diniz Picanço da Universidade Federal do Pará apontam que o quadro permanente das instituições da Amazônia compõe-se de 6.440 docentes, 1.823 mestres e 482 doutores. Ao calcular-se o percentual desse quadro, verificase que os doutores representam 7,48% dos docentes alocados nessas instituições e os mestres 28,3%. Por outro lado, no entanto, nas boas universidades brasileiras o índice de doutores aproxima-se de 75% do quadro de docentes (1996). Para que Região Norte alcance esse patamar será necessário decuplicar sua produção de doutores, considerando o crescimento das instituições estacionário e que também não ocorram aposentadorias, coisas praticamente impossíveis de acontecerem. O equilíbrio entre as necessidades regionais e o quadro de docentes (mestres e doutores) obtém-se a partir de maiores investimentos em projetos de pesquisa. Porém, divulgações da área realizadas em 94, apontam que o CNPq investiu apenas dois porcento na região Norte e a FINEP, meros quatro porcento. E mais: dados apresentados no artigo de Picanço, anteriormente citado, revelam que o percentual de recursos destinados às regiões (Norte, Centro-Oeste, Nordeste, Sul e Sudeste), nesse mesmo ano, foram de dois, seis, dez, quinze e sessenta e sete porcento, respectivamente. 2 Da mesma forma, as Bolsas de Estudo concedidas pela CAPES concentram-se na região Sudeste, sendo algo que se perpetua por mais de uma década. Algumas alterações substanciais puderam ser constatadas entre 93 e 96, ou seja, o número de bolsas para o mestrado cresceu no Norte e decresceu no Sudeste, certamente “pelas necessidades que se mantiveram em nível do doutorado, a partir da grande oferta de pessoal formando em nível de mestrado no Sudeste” (Picanço, 1996, p. 39). A composição do quadro de docentes das universidades no Sudeste são indicadores que oferecem sustentação a essa afirmação. Quanto às Bolsas de Demanda Social distribuídas pela CAPES, em 93, 95 e 96, as disparidades regionais são mantidas, afirma Picanço, visto que o Sudeste concentra 66% para o mestrado e 89% para o doutorado. Assim sendo, as comunidades mais carentes acabam sempre recebendo menor apoio, o que produz um círculo vicioso, ou seja, tornando-as cada vez menos competitivas e, portanto, menos preparadas para enfrentar o mercado atual em plena fase de globalização. Essas colocações espelham as demais, pois as assimetrias na distribuição de verbas se repetem (1996). Por outro lado, ao se esboçar a trajetória da pós-graduação brasileira, constata-se que sua infra-estrutura em nível de América Latina é destaque uma conquista dos incansáveis pesquisadores que trabalham de maneira constante e eficaz. Com a realização do I Seminário sobre Cooperação Acadêmico-Científica no Mercosul ocorrido em 1993, na UFRGS, foi possível quantificar de maneira mais contundente a superioridade da pósgraduação no Brasil, mesmo quando se toma por referência a vizinha Argentina. As dificuldades desta nação surgem em nível estrutura, inexpressivo número de profissionais qualificados, culminando com a ausência de uma entidade que proceda a avaliação da produção científica em termos de qualidade (Lopes, 1996). No Brasil, um dos entraves do desenvolvimento da pós-graduação nacional, talvez o mais significativo, seja a quantia insuficiente de recursos destinados à ciência. No momento em que houver vontade política para financiar e dar amparo à pesquisa, conquistam-se possibilidades efetivas de crescimento, de melhor distribuição e de planejamento, pois as diferenças inter-regionais pouco foram minimizadas pelas agências de financiamento. A título de exemplo, pode-se tomar o projeto “Norte de Pesquisa e PósGraduação”, muito considerado pelas agências de financiamento, em particular pela CAPES, que conseguiu dobrar a participação da pós-graduação da região Norte em nível nacional. Nesse sentido, ao analisar-se os percentuais de crescimento da pós de 0,85% para 1,7% na Região, torna-se desanimador se comparados com os percentuais das demais regiões, com exceção da Centro-Oeste, que possui crescimento limitado. Ao cotejar-se o conjunto de dados de 1975 e de 1990 da distribuição dos Cursos por região, os desníveis continuam, pois em 75, os percentuais eram os seguintes 0,4%, 6,9%, 2,67%, 79,3%, 10,5%, para as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, respectivamente. Para 90, têm-se 1,3%, 8,2%, 3,0%, 76,6%, 10,85%, considerando-se a mesma seqüência das regiões. Percebe-se, ao confrontar os dados, mínimas alterações, podendo-se tirar outra conclusão: de que as únicas regiões que mantêm um crescimento parelho são a Sudeste e a região Sul, conforme dados apresentados por Lopes (1996). Embora se saiba que ações tenham sido implementas em busca de melhorias na pósgraduação e que isso já era uma preocupação do Ministério da Educação, quando formalizou o II Plano Nacional de Pós-Graduação 1982 – 1985 e que nesse Plano há definições sobre os procedimentos adotados, a fim de superar os “efeitos negativos da heterogeneidade regional e institucional, levando em consideração que especialmente as regiões mais pobres necessitam de recursos humanos capazes de enfrentar com competência os problemas fundamentais que marcam a sua realidade sócio-econômica.” Precisa-se, entretanto, também levar em conta a seguinte ressalva registrada no II Plano Nacional: para que ocorra a concretização dessas definições deve-se estar ciente dos 3 condicionantes inerentes a cada área de conhecimento, dos desníveis inter-regionais e institucionais, advindos das diferenças naturais do contexto (InfoCapes, n.º2, 1998). Além disso, para que a pós-graduação consolide-se efetivamente no país, o sistema universitário e os institutos de pesquisa precisam tornar-se mais estáveis. Mas, por outro lado, as universidades precisam flexibilidade e agilidade burocrática, que lhes permitam um certo grau de dinamismo nos seus diferentes níveis e setores. Naturalmente, as instituições necessitam de infra-estrutura apropriada que lhes possibilite o desenvolvimento da pós-graduação. E mais: outro aspecto de suma importância para a pósgraduação nacional é que ela disponha de múltiplas fontes de financiamento, perfazendo, assim, os recursos orçamentários das instituições, nas fases iniciais de implantação de um centro de pesquisa e pós-graduação. Nesse sentido, algumas iniciativas por parte das agências de fomento e de algumas pró-reitorias vêm propondo alterações para tornar o mestrado mais ágil, além de mudanças em suas características. Tais idéias receberam apoio no Fórum dos Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação – FOPROP, pois o assunto fez parte da pauta de discussão, culminando com uma reunião em Brasília em maio de 1996. Inicialmente, ficou registrada a importância de uma maior flexibilidade nos cursos de pós-graduação stricto sensu, e, de modo mais forte, em relação ao mestrado. Experiências interdisciplinares e diferentes contatos com as áreas profissionais de onde emergem as demandas sociais, compõem os fatores que legitimam a flexibilização do sistema de pós-graduação, evidentemente que os padrões de qualidade acadêmica em nível de programas e de produção devem ser mantidos (InfoCapes, n.º3, 1996). A concretização dessa performance do mestrado pode advir de novas formas em relação ao tradicional trabalho de final de curso, de metodologias vigorosas de ensino e de experiências com o ensino a distância desde que atendam aos padrões acadêmicos de qualidade. Outros exemplos como o estímulo a formação de parcerias com empresas que financiem a pesquisa na pós-graduação ou que financiem consórcios e convênios entre programas e instituições. Essas colocações representam somente algumas das alternativas discutidas no FOPROP, em 1996. Certamente, discussões nesse nível tragam melhorias ou novas conquistas para o sistema de pós-graduação brasileiro e isso é premente, tendo em vista que o número de cursos de mestrado em 1990, conforme dados apresentados no artigo de Oswaldo Ubríaco Lopes, da Universidade de São Paulo, que se estima, para o Norte, em torno de 20 cursos, Nordeste próximo de 150, Centro-Oeste com 50, Sudeste totalizando 650 e, por fim, a região Sul com 150 cursos (1996). Quanto ao doutorado, sabe-se que devido à sua modalidade de curso, ele constitui-se no maior impulsionador da pesquisa no Brasil, bem como foi seu principal criador. Valorizar e expandir o doutorado, então, é notório e imprescindível. Porém, quando se tomam os dados percentuais de sua alocação regional, gera-se uma certa inconformidade de aceitação em relação a esses, tendo em vista que os números assim se apresentam, em 1990 e 1994: Norte – 1,0% e 1,0%; Nordeste – 3,45% e 5,7%; Centro-Oeste – 2.0% e 2,4%, Sudeste – 84,7% e 80,1% e o Sul – 8,7% e 10,8% (Lopes, 1996). Ao analisar-se esses dados verifica-se que o quadro geral manteve-se estável, ainda que as regiões Sul e Nordeste tenham crescido significativamente. Na região Sudeste, as limitações ocorrem em virtude de existirem uma grande oferta de novos formados e de o mercado não possuir capacidade de absorvê-los em sua totalidade. Para Lopes, “começam a se tornar evidentes, nesta região, perfis consolidados e que portanto não mais terão grande capacidade de expansão” (1996, 106). Talvez, seja interesse comum aumentar o número de centros com capacidade de organizar novos pólos que recrutem os doutores. 4 Posto isso, fica o desafio do que se pode fazer efetivamente pela consolidação e desenvolvimento da pós-graduação nacional, que minimize as discrepâncias regionais e das áreas de conhecimento. Não se tem a pretensão de apresentar soluções, mas de colocar questões que permitam refletir sobre o assunto, como primar pelo que está funcionando e auferindo resultados positivos, ou seja, mantenha-se a atividade de grupos e programas já firmados, dispensando a devida atenção à suas demandas sociais. Mas, quanto aos aspectos deficitários, certamente tem-se que observá-los especificamente (in loco), região por região e, a partir de diagnósticos, elaborar um planejamento com ações capazes de impactar e mudar o panorama vigente. 4.Pesquisa e desenvolvimento tecnológico aliados Uma contribuição mais significativa por parte dos Estados é necessária, inclusive por iniciativa própria. Sabe-se que a ciência é fundamental, por isso tem de ser disseminada, de modo que fortaleça os alicerces das estruturas profissionais. A partir da capacitação de recursos humanos, haverá condições de gerar novos conhecimentos e aplicá-los no desenvolvimento e/ou aperfeiçoamento tecnológico, tornando o país economicamente mais competitivo. Para o professor Roberto Nicolsky, em artigo redigido para o Jornal do Brasil, “pode-se definir como desenvolvimento tecnológico de um país a sua competência no uso do acervo de conhecimentos científicos disponíveis na literatura e as tecnologias acessíveis para inovar os produtos e processos de interesse da economia e da sociedade” (1998, s/r). O Brasil salienta-se entre os países Latinos na publicação de artigos científicos e na taxa de crescimento das publicações, tendo em vista a quantidade de verbas federais e estaduais, incentivos fiscais, por exemplo, aplicados em Ciência e Tecnologia – C&T, sendo uma realização do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT nos últimos anos. Outro dado relevante, apontado pelo professor Nicolsky, em termos absolutos, é que somente países como EUA, Japão, Alemanha, França, Inglaterra e Itália estão à frente do Brasil no que se refere à aplicação de fundos públicos em pesquisa. Tal postura permitiu a consolidação dos programas de pós-graduação e de pesquisa básica, estimando-se R$1bilhão destinados a bolsas anualmente (1998). Em termos de novas tecnologias, entretanto, é notório que o país está aquém de suas necessidades, pois sua produção nessa área é, ainda, escassa. Em plena era de globalização, torna-se urgente que o país desenvolva suas próprias tecnologias, já que atingiu o nível de produtor de ciência básica. Caso assim não proceda, estará contribuindo com publicações para desenvolver tecnologias em economias concorrentes, pois os conhecimentos científicos são disponibilizados em revistas e/ou pela Internet. O agravante disso constituise de que o Brasil usa recursos públicos e de empresas privadas para exportar de forma gratuita conhecimentos e recursos humanos de alto nível, conforme Nicolsky (1998). Para que o país avance, ou pelo menos, equipare-se em competitividade, ele precisa de tecnologias de “ponta” e de elevada produtividade. Mas como adquiri-las? Está “porta” abre-se com a pesquisa, pois só esta pode oferecer essas tecnologias. Ademais, é preciso que se formalize novos modos de comunicação e parceria entre universidades e empresas privadas, pois as tecnologias habitam no meio empresarial. Consolidada essa relação e com o apoio das agências de fomento, pode-se desenvolver a pesquisa em prol das tecnologias e das demandas sociais. Ao optar-se por esse posicionamento, todavia, deve-se dispensar ao pesquisador o apoio necessário e entender que o processo de construção do conhecimento demanda tempo. Dados divulgados pelo MCT, apontam que o Brasil, em 1997, destinou significativos recursos para a pesquisa (US$7 bilhões), aproximando-se da Itália, que 5 investiu US$8 bilhões. Entende-se que o país vem dispensando substancial atenção à pesquisa, no entanto precisa redirecionar sua atuação para o fomento em inovações tecnológicas, estimulando o desenvolvimento econômico e o bem-estar social. Uma alternativa cabível, talvez, seja orientar a pesquisa acadêmica para a criação de novas tecnologias. Nesse sentido, em 1996, o Fórum dos Pró-Reitores discutiu novas modalidades de cursos, parcerias com o setor empresarial, entre muitas outras alternativas, para tornar a pós-graduação mais próxima da realidade social e das necessidades econômicas do país. Acredita-se que seja o início de uma nova postura das instituições, que envolve as agências de fomento, o setor produtivo e, em função disso, a sociedade de modo geral será beneficiada. Historicamente, o III PNPG, 1986 – 1989, já definia a necessidade de valorizar a interação entre as universidade, pós-graduação e o setor produtivo. Atualmente, esse relacionamento vem se consolidando e se consubstancia nas parcerias entre Instituições Federais e Governos de Estado, que se associam com o objetivo de identificar carências técnicas, administrativas e tecnológicas no setor industrial, a fim de impulsionar o desenvolvimento desse segmento e, com isso, aumentar os níveis de trabalho e renda. Acredita-se que esse tipo de relação esteja apenas iniciando para que em etapas posteriores o elo entre setor produtivo e academia torne-se coeso, capazes, portanto, de conquistar recursos adicionais para a pós-graduação e alavancar o crescimento tecnológico do país. 5. Conclusões A institucionalização da pós-graduação ocorre a partir da década de 70 e vem apresentando resultados promissores em termos de formação acadêmica e de recursos humanos de alta qualificação, que impulsionam o desenvolvimento do país. Por outro lado, o sistema enfrenta assimetrias regionais e em áreas de conhecimento que persistem ao longo dos diferentes PNPGs. Para Gasolla, a evolução da pós-graduação brasileira “revela que esse sistema se encontra, hoje, em um momento de transição. Se por um lado o modelo implantado atingiu os objetivos básicos propostos, por outro, não foi possível superar alguns problemas crônicos que o marcaram desde o início” (1996, p. 93). Diferentes questionamentos podem ser levantados sobre o assunto como a validade do modelo e formas de revitalizá-lo. Embora a pós-graduação abrigue contradições que encaminhe a discussão nesse sentido, sabe-se que os investimentos que o país tem efetuado em favor desse sistema são muito significativos. A pós-graduação brasileira, assim como qualquer outra atividade, precisa de dinamicidade, para adequar-se ao novo cenário econômico e às grandes mudanças sociais que vêm ocorrendo em função da globalização. Cientes dessa necessidade as comunidades acadêmicas defendem em suas discussões uma maior flexibilidade da pós-graduação stricto sensu. Nessas são estudadas novas modalidades de cursos, parcerias com o setor empresarial, que possam angariar recursos adicionais para o investimento em pesquisa. As verbas públicas e privadas aplicadas ou gastas em pesquisa, somente terão uma justificativa plausível se forem geradoras de tecnologias avançadas. Quando se produz ciência, simplesmente contribui-se para quantificá-la, em termos de mais conhecimentos, mas “quem faz tecnologia mobiliza este acervo em benefício da sociedade e da competitividade da economia. E é o que precisamos” afirma o professor Nicolsky, em artigo redigido ao Jornal do Brasil, intitulado Ciência e inovação tecnológica. 6 Tal posicionamento alerta, de modo geral, o sistema educacional brasileiro, mas, especificamente, a pós-graduação, para a necessidade de novos padrões na condução desse sistema, pois não é apenas quantidade de bolsas e de artigos produzidos que melhoram o desempenho da economia, tendo em vista o crescimento significativo destes entre 93 e 97. O objetivo aqui não é de questionar a validade dos mesmos, mas de buscar alternativas por meio parcerias entre universidades, pós-graduação e setor produtivo, que permitam o equilíbrio econômico do país, já que existem países emergentes como o Brasil, sendo bemsucedidos, em meio a economia globalizada, conforme Nicolsky. Talvez, a diretriz a ser estabelecida para as atividades de pesquisa, constitui-se de conectá-las com a realidade do setor produtivo. Em termos de Brasil, sabe-se de suas dimensões continentais e isso auxilia nas grandes diferenciações entre as regiões. Fatores esses que precisam ser corrigidos ou pelo menos minimizados. Quando se procede à análise dessas questões, deve-se ter a percepção de que as alterações ocorrem em termos de contexto sócio-econômico e de região para região, as quais devem ser criteriosamente estudadas, antes de uma tomada de decisão, a fim de que implementem ações coerentes. Vale frisar que, quando o país investe em pesquisa tecnológica alavanca também a produção de artigos, ensaios e a ciência básica. 6. Bibliografia CAPES. A Qualidade na Pós-Graduação: Flexibilidade ou Novas Modalidades de Cursos? INFOCAPES. Brasília: Vol. 4, n.º3, julho/setembro 1996. CAPES. II Plano Nacional de Pós-Graduação 1982 – 1985. INFOCAPES. Brasília: Vol. 6, n.º2, abril/junho 1998. GASOLLA, Ana L. A. Evolução das Formas de Organização da Pós-Graduação Brasileira. Discussão da Pós-Graduação Brasileira. 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