I SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental)
V1. 2010
Realizado dia 16 de maio de 2010 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP
GESTÃO E PARTICIPAÇÃO: A EXPERIÊNCIA DAS COMISSÕES
USP RECICLA NO CAMPUS CAPITAL
Ariane Faria Santos, Karine Zortea da Silva, Katia Tiemy Sido, Msc Geog. Elizabeth Teixeira Lima,
Orientador: Prof. Dr. Pedro Roberto Jacobi
Agência USP de Inovação
Universidade de São Paulo
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected];
Orientador: [email protected]
1. Introdução
Durante as discussões preparatórias a Conferencia Rio92 surgiu no âmbito da Universidade de São Paulo
(USP) uma grande inquietação sobre o conhecimento
acadêmico ante a sua atuação voltada ao meio ambiente.
Dentro desse contexto surge em 1994 o USP Recicla,
programa institucional, de caráter permanente e
educativo com foco na minimização de resíduos e
baseado no princípio dos 3 Rs - redução no uso e no
desperdício, reutilização e reciclagem. A missão do USP
Recicla é “contribuir para a construção de sociedades
sustentáveis, através de ações voltadas a minimização de
resíduos, conservação do meio ambiente, melhoria da
qualidade de vida e formação de pessoas comprometidas
com este desafio”. O Programa atua nos seus sete campi
por meio da formação de comissões internas nas
unidades e órgãos da universidade composta por
professores, funcionários, alunos e terceirizados. Apenas
no Campus da Capital foram constituídas 43 comissões
nos diferentes órgãos, unidades e setores. Dento desse
contexto foi deflagrado o projeto “Gestão e Participação:
a experiência das Comissões Programa USP Recicla no
Campus da Capital” com o objetivo de realizar uma
análise descritiva das formas de organização e
funcionamento das comissões, a fim de compreender os
caminhos trilhados por essas instâncias em suas
unidades, bem como suas influências e mudanças
adotadas no campus.
2. Metodologia
A pesquisa envolveu as 43 comissões de unidades do
campus da USP Capital, das quais 14 foram selecionadas
para um aprofundamento. A metodologia adotada foi a
da pesquisa exploratória envolvendo duas etapas:
primeira etapa - Processo histórico considerando-se as
seguintes fase: i) sistematização de informações, de cada
comissão, com base em relatórios arquivados ao longo
de dez anos; ii) elaboração e aplicação de questionário, e
iii) entrevistas.
A segunda etapa se baseou na análise e aprofundamento
de estudos de caso em 14 comissões, das quais foram
consideradas as seguintes fases: i) aprofundamento
teórico e conceitual; ii) visitas de observação nas
unidades participantes da pesquisa, e iii) compilação das
demandas, enviadas por e-mail, feitas pelas comissões.
A relação das unidades visitas encontra-se na Tabela 1.
Tabela 1 – Unidades visitadas
Instituto de Geociências (IGc)
Instituto de Psicologia (IP)
Escola de Comunicação e Arte (ECA)
Faculdade de Educação (FE)
Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH)
Escola de Enfermagem (EE)
Faculdade de Saúde Pública (FSP)
Faculdade de Medicina (FM)
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas (IAG)
Instituto de Física (IF)
Instituto de Matemática e Estatística (IME)
Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade (FEA)
Escola Politécnica (EP)
Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE)
3. Resultados e Discussão
A exploração do USP Recicla nestas unidades pelas
visitas de observação tinha como objetivo identificar a
presença do Programa no âmbito físico e,
consequentemente, demonstrar problemas e desafios que
deverão ser enfrentados para uma melhor eficiência do
trabalho das comissões. E a partir do observado,
comparar com as demandas das Comissões que chegam
via e-mail ao Programa USP Recicla, com o intuito de
identificar possíveis pontos de carência neste
relacionamento e poder esclarecer os motivos que fazem
as ações se concretizarem ou não.
As 14 Unidades foram organzaidas em 3 grupos a fim de
facilitar a observação e reunir em um mesmo grupo as
que possuem características semelhantes. Dessa forma
foram divididas em Unidades da área de Humanas (IGC,
IP, ECA e FE), Unidades localizadas fora do Campus
Cidade Universitária (EACH, FSP, EE e FM) e Unidades
da área de Exatas (IAG, IF, IME, EP, FEA e IEE). As
visitas ocorreram no período de outubro a novembro de
2009 e nos permitiram observar os seguintes fatos:
- Grupo das Unidades da área de Humanas:
A FE se destaca das demais demonstrando uma melhor
presença do programa na unidade identificando-se
cartazes educativos, coletores para resíduos recicláveis
sempre próximos aos de comuns. Dos problemas e
desafios está a visibilidade do coletor de pilhas e baterias
(não visto durante a visita); substituição de cartazes em
mal estado, um monitoramento do descarte dos resíduos
nos coletores de papel e de demais recicláveis.
I SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental)
V1. 2010
Realizado dia 16 de maio de 2010 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP
Nas demais unidades do grupo verifica-se estágios
diferenciados do Programa, descaracterização da coleta
seletiva com a presença de outros tipos de coletores,
avlaindo-se que o USP Recicla inexiste nesses locais.
- Grupo das Unidades localizadas fora do Campus
Cidade Universitária:
A FSP e EE são referencias desse grupo, com alguns
nuances de atuação, mas no geral oferecem uma boa
visibilidade das ações do programa seja no descarte de
resíduos, uso de canecas e material de comunicação.
A EACH embora tenha uma atuação forte no uso das
canecas no Restaurante ainda carece de uma melhora no
monitoramento do descarte de papel e recicláveis.
- Grupo das Unidades da área de Exatas:
Neste grupo em particular a adesão das canecas por
alunos, docentes e funcionários é bastante forte, com
exceção do IEE. Os copos plásticos descartáveis ao lado
dos filtros e bebedouros não são vistos na maioria das
unidades exceto na EP e no IEE. O coletor de papel do
programa foi encontrado em todas as unidades desse
grupo. O coletor laranja do USP Recicla foi encontrado
apenas na FEA e no IAG. E na EP foi identificada uma
coleta diferenciada incluindo lâmpadas e pilhas.
O programa funciona muito bem no IAG ao contrario do
IEE onde tivemos dificuldade para realizar as
observações. A EP embora envolvida com o USP
Recicla demonstra possuir um programa de reciclagem
próprio.
Após essa etapa foram analisados os e-mails enviados
pelas Comissões, a fim de identificarmos e analisarmos
as demandas e a relação de atendimento do programa
frente as demandas. Para esse processo foi realizada uma
amostra de “clipagem” do período de 02/09/2009 até
28/10/2009 e observamos que: as Comissões entram em
contato com o Programa apenas a fim de suprir
necessidades estruturais, solucionar problemas técnicos
ou para realizar atividades de conscientização em
eventos pontuais como Calourada, Semana do Meio
Ambiente, CIPA, etc. E embora o problema comum a
grande maioria das Unidades seja a não adesão aos
princípios ou utilização errada da estrutura fornecida
pelo Programa este não é levantado em nenhum dos emails.
4. Conclusões
A sistematização dos dados de observação e
levantamento do projeto ainda está em andamento e as
conclusões ainda são parciais. E diversos aspectos
identificados necessitam de um aprofundamento e
análise. Entretanto, é possível destacarmos que há uma
carência de diversas Comissões da USP Recicla, quanto
à informação, comunicação, envolvimento com a
temática e infra-estrutura para desenvolver as ações.
Outro aspecto a ser aprofundado são as iniciativas
pontuais e diferenciadas de algumas unidades que se
destacam em relação a outras a exemplo do sistema
próprio de coleta e descarte de resíduos da EP
diferenciado da linha do Programa; o grande
envolvimento da FSP como USP Recicla, dentro da
unidade e a EACH na redução de descartáveis no RU,
aspectos que serão detalhados ao final dessa pesquisa, e
mote para desdobramento de estudos de caso.
5. Referências
Site
USP
Recicla.
Disponível
em
<
http://www.inovacao.usp.br/recicla/index.php > Acesso
em: 18 Mar 2010;
Sudan ET Al. Educação Ambiental e Gestão de Resíduos
Sólidos na Universidade de São Paulo: 15 anos de
atuação, muitos pontos para reflexão In: VII Convención
Internacional sobre Meio Ambiente y Desarrollo y VII
Congreso de Educación Ambiental para El Desarrollo
Sostenible. Cuba: Agencia de Medio Ambiente
UNESCO, 6-10, jul, 2009.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de
Pesquisas São Paulo : Atlas, 2009
Sudan ET Al . Dá Pá Virada: revirando o tema lixo.
Vivencias em Educação Ambiental e Resíduos Sólidos..
São Paulo: Programa USP Recicla/ Agência USP de
Inovação, 2007;
MOURÃO, Laís. Pertencimento. Universidade de
Brasília, Artigo apresentado no II Congresso
Internacional da Transdiciplinariedade – Vitória – ES,
Julho, 2005;
RAUPP, Fabiano Maury. Metodologia da Pesquisa
Aplicada às Ciências Sociais2 ed. São Paulo: Atlas,
2004. Página 76.
SÁ, Luiz E. B. Mourão. Meio Ambiente e Qualidade de
Vida: Afinal, temos ou não direito à cidadania plena?
Palestra proferida na Escola de Administração
Fazendária (ESAF) Brasília-DF, em 09 de julho de 2003;
Consumo Sustentável: manual de Educação. Brasília:
Consumers Internacionl/ MMA/ IDEC, 2002;
SMA. Secretaria do Meio Ambiente. Conceitos para se
fazer educação ambiental/ Secretaria do Meio Ambiente,
Coordenadoria de Educação Ambiental. – 2ª Ed. São
Paulo: A Secretaria, 1997;
JACOBI, Pedro. Meio Ambiente, Participação e
Cidadania, Cadernos de Educação Ambiental. São Paulo,
1995;
LAGO, Antônio. O que é ecologia/ Antônio Lago e José
Augusto Pádua. São Paulo. Editora brasileira s.a, 1984;