Mattos Jr., D. G. e Motta, O.V. Ocorrência de ovos de helmintos e cistos de protozoários em
amostras de fezes de animais domésticos no município de Teresópolis. PUBVET, Londrina,
V. 3, N. 9, Art#528, Mar2, 2009.
PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.
Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=528>.
Ocorrência de ovos de helmintos e cistos de protozoários em amostras
de fezes de animais domésticos no município de Teresópolis
Mattos Jr., D. G.1 & Motta, O.V.2
1
Professor da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense,
Niterói, RJ
2
Professor do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Coytacázes, RJ.
Resumo
Foram examinadas amostras de fezes de 146 mamíferos domésticos de janeiro
à setembro de 2005, com idades variadas e de diversas localidades
distribuídas
no
município
de
Teresópolis.
Os
métodos
parasitológicos
empregados foram: Willis, Dennis Stone & Swanson, Gordon & Whitlock. Das
amostras examinadas, 60,9%
apresentaram-se
positivas para ovos de
helmintos e/ou cistos de protozoários. As amostras de cães apresentaram
cistos de Giardia spp. e 46,6% de Ancylostoma spp., os suínos 100% positivos
para Isospora suis, Eimeria e Oesophagostomum, nos bovinos, 40% das
amostras apresentaram-se Trichostrongylidae e os eqüinos com 70,5% com
Strongylidae.
As
infecções
mistas
de
parasitos
mais
freqüentemente
observadas foram em bovinos e suínos, 40% e 100%, respectivamente.
Mattos Jr., D. G. e Motta, O.V. Ocorrência de ovos de helmintos e cistos de protozoários em
amostras de fezes de animais domésticos no município de Teresópolis. PUBVET, Londrina,
V. 3, N. 9, Art#528, Mar2, 2009.
Palavras-chave:
levantamento
coproparasitológico,
helmintos,
animais
domésticos.
Abstract
One hundred forty six fecal samples of different domestic mammals were
examined from January to September 2005, with varied ages and several
places distributed throughout Teresópolis city. The employed parasitological
methods were: Willis, Dennis Stone & Swanson, Gordon and Whitlock. From
the examined samples, 60,9% had a positive result for helminthes eggs and/or
protozoa cysts. Dogs samples presented Giardia cysts spp. and 46,6% of
Ancylostoma spp, swines 100% positive to Isospora suis, Eimeria and
Oesophagostomum, bovines presented 40% of the samples Trichostrongylidae
and equine 70,5% with Strongylidae. The most frequent parasitological mixed
infection observed were in swine and bovine, 100% and 40%, respectively.
Key-words: coproparasitological survey, helminthes, domestic animals.
Introdução
Os parasitos intestinais dos animais domésticos constituem um dos
principais fatores limitantes do desempenho animal na produção assim como a
sua participação como agentes prejudiciais à saúde de animais de companhia,
não esquecendo das importâncias das zoonoses (LEVINE, 1982; ACHA & SZIFRES,
1986; MATTOS JR., 1999).
Os animais criados à campo são todos susceptíveis às infecções
verminóticas e aquelas causadas por protozoários, especialmente quando se
tratam de animais jovens (REINECKE, 1983).
Para estabelecer um diagnóstico preciso sobre as doenças parasitárias ou
a causa “mortis” do animal, deve-se considerar a história clínica, estado de
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amostras de fezes de animais domésticos no município de Teresópolis. PUBVET, Londrina,
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nutrição e manejo, incluindo vermifugações e lesões observadas na necropsia
(UENO & GONÇALVES, 1989).
Segundo Charles (1991) o gênero Haemonchus destaca-se por sua
ampla distribuição e prevalência no Brasil, e por sua ação hematófaga causa
alterações n os constituintes sanguíneos, com diminuição da concentração de
proteína total sérica, especialmente da albumina (HOLMES, 1985).
A demonstração da presença de ovos e/ou larvas de nematóides nas
fezes e cistos de protozoários proporciona uma evidência positiva de que o
animal se encontra infectado. Dessa forma, o diagnóstico coproparasitológico
constitui-se uma ferramenta importante para a conclusão de uma suspeita
clínica.
A utilização de várias técnicas coproparasitológicas mais comuns e de
fácil realização vem auxiliar ao Médico Veterinário em tomar as medidas de
controle e profilaxia que deverão ser tomadas.
Diversos investigadores realizaram levantamentos e pesquisas utilizando
técnicas coproparasitológicas: Gennari et al. (1999) em cães de São Paulo,
Oliveira et al. (1990) em cães de Uberlândia, Silva et al. (1994) em cães, em
Belo Horizonte.
O
objetivo
deste
trabalho
foi
realizar
um
levantamento
coproparasitológico dos animais domésticos encaminhados ao laboratório
Parasitologia e Doenças Parasitárias da Fundação Educacional Serra dos
Órgãos (FESO), no sentido de registrar a ocorrência de formas evolutivas de
parasitos intestinais em função da espécie de hospedeiro, visando o controle e
o tratamento dessas parasitoses.
Material e Método
O estudo foi realizado no município de Teresópolis no período de janeiro
à setembro de 2005.
As fezes foram encaminhadas ao laboratório frescas ou fixadas em
formol 10% ou MIF (mercúrio, iodo e formol), segundo Hoffmann (1989),
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coletadas de diversas espécies de animais domésticos totalizando 146 animais
no período de janeiro à setembro de 2005.
Procedeu-se as análises laboratoriais empregando-se as técnicas de:
Willis, Dennis & Stone, Gordon Withlock, segundo Ueno & Gonçalves (1989) e
Mattos Jr. (1999).
Foram examinadas amostras de fezes de 16 felinos, 24 caninos, 17
bovinos, 6 suínos, 30 caprinos, 28 ovinos e 25 eqüinos totalizando 146 animais
domésticos, de acordo com o quadro 1.
Resultados e Discussão
Os resultados dos exames de fezes dos animais apresentaram índice
elevado de infecção por parasitos gastrintestinais.
Dos animais examinados, 89 (60,9%) apresentaram-se parasitados com
ovos de helmintos e/ou cistos de protozoários e 57 (39,1%) apresentam-se
negativos.
Ovos de helmintos foram mais freqüentes do que cistos de protozoários,
isso pode ser devido as diferentes técnicas utilizadas e também confusões que
podem existir quanto ao diagnóstico de pseudo-parasitos, conforme tem
observado Kassai (1999). (quadro 2).
Os ovinos e caprinos obtiveram os maiores níveis de parasitismo,
podendo ser explicado pela forma de criação e manejo desses animais, ou
conforme as observações de Reinecke (1987) e Charles (1991), onde registra
que 90% dos ovinos no Brasil apresentam resistência anti-helmíntica,
explicando
assim
a
possível
persistência
de
ovos
de
nematóides
gastrintestinais nas fezes, que vai aumentar a taxa de animais positivos.
Das amostras positivas, os parasitos intestinais encontrados com maior
freqüência nos caninos foram os Ancilostomídeos com 46,6%. Investigadores
como Reinecke (1987), Kassai (1999) e Mattos Jr, (1999) têm registrado alta
freqüência de ovos de Ancilostomídeos em cães em diferentes países do
mundo. Egrejas (2002) investigando ovos de helmintos em fezes de cães em
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uma praça pública de Niterói-RJ, constatou a presença de Toxocara e
Ancylostoma. Os achados anteriores corroboram os resultados encontrados por
Tucunduva
et
al.
(2004)
em
levantamento
realizado
em
animais
de
Teresópolis.
Nos suínos, observou-se que Isospora suis, Oesophagostomum e Eimeria
apareceram em 100% das amostras. Nos bovinos, 40% das amostras positivas
apresentaram Tricostrongilídeos e nos eqüinos, foram observados pequenos e
grandes Estrongilídeos, em 70,5% das amostras. Esses resultados vêm
corroborar os registros de vários investigadores quanto a ocorrência desses
parasitos em animais domésticos de várias regiões. (Reinecke 1987; Ueno &
Gonçalves,1989; Oliveira et al.,1990; Charles, 1991; Silva et al.,1994; Gennari
et al.,1999; Mattos Jr., 1999).
Infecções mistas foram muito comuns e encontradas na maioria das
amostras positivas examinadas. Cabe ressaltar que os suínos e os ovinos
apresentaram maiores freqüências, conforme HOFF, et al (2005) em Santa
Catarina, quando encontraram suínos com cargas mistas de helmintos.
O presente estudo demonstra o risco potencial de transmissão de
zoonose, no caso dos Ancilostomídeos e Giardia de cães provenientes da
região, assim como de helmintoses e protozooses de importância econômica,
uma vez que as mesmas interferem em animais de produção da região.
Conclusão
A prevalência de ovos de helmintos e cistos de protozoários nas
amostras de fezes de animais examinados na região, no período estudado, foi
de 89%.
Os caprinos e ovinos foram os que apresentaram maiores freqüências de
parasitoses através dos exames coproparasitológicos.
Oocistos de Eimeria e ovos de helmintos da família Tricostrongylidae
foram aqueles de maior ocorrência nas fezes dos animais de produção
examinados.
Mattos Jr., D. G. e Motta, O.V. Ocorrência de ovos de helmintos e cistos de protozoários em
amostras de fezes de animais domésticos no município de Teresópolis. PUBVET, Londrina,
V. 3, N. 9, Art#528, Mar2, 2009.
As infecções mistas determinadas por protozoários e ovos de helmintos
foram as de maior freqüência, principalmente nos suínos.
Quadro 1 – Espécies de hospedeiros e ocorrência de infecções por ovos
de
helmintos
e
cistos
de
protozoários
em
fezes
através
de
exames
coproparasitológicos, realizados no laboratório de Doenças Parasitárias da
FESO de janeiro à setembro de 2005.
Espécie animal
Animais
Animais infectados Animais negativos
examinados
Canis familiaris
N= 24
15 (62,5%)
9 (37,5%)
Felis cattus (gato)
N= 16
1 (6,25%)
15 (93,75%)
Sus scrofa (suíno)
N= 6
4 (66,6%)
2 (33,3%)
Ovis áries (ovino)
N= 28
21 (75%)
7 (25%)
Bos dudicus e Bos
N= 17
10 (58,8%)
7 (41,2%)
N= 25
17 (68%)
8 (32%)
N= 30
21 (70%)
9 (30%)
N= 146
89 (60,9%)
57 (39,1%)
(cão)
taurus (bovino)
Equs caballus
(eqüino)
Capra hiraus
(caprino)
Total
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amostras de fezes de animais domésticos no município de Teresópolis. PUBVET, Londrina,
V. 3, N. 9, Art#528, Mar2, 2009.
Quadro 2 – Espécies de hospedeiros e freqüência de ovos de helmintos e cistos
de protozoários em fezes de animais domésticos do município de Teresópolis
analisados no período de janeiro à setembro de 2005.
Animais
Positivos
Parasitas
Encontrados
Freqüência
de infecções
Caninos
N= 15
Giardia sp
Toxocara sp
Ancylostomideos
Trichuris sp
Trichuris + Ancylostoma
Toxascaris
3 (19,9%)
2 (13,3%)
7 (46,6%)
1 (6,6%)
2 (13,3%)
1 (100%)
Isospora suis + Eimeria;
Trichuris suis +
Oesophagostomum;
Isospora suis +
Oesophagostomum+
Eimeria;
Isospora suis +
Oesophagostomum +
Trichuris suis + Eimeria +
Strongyloides ransoni
Eimeria;
Trichostrongilideos;
Trichostrongilideos +
Eimeria;
Trichostrongilideos +
Trichuris;
Strongylus+ Eimeria +
Bunostomum.
Pequenos e grandes
Strongylus;
Trichostrongilideos;
Trichostrongilideos +
Strongylus;
Strongylus + Oxyuris;
Strongylus + Parascaris
Trichostrongilideos;
Eimeria;
Strongylidea;
Trichuris;
Trichostrongilideos +
Eimeria;
Trichostrongilideos +
Moniezia;
Strongylidea + Eimeria.
Strongylidea;
Eimeria;
Trichostrongylus;
Strongylidea + Eimeria.
1 (25%)
1 (25%)
Felinos
N= 1
Suínos
N= 4
Bovinos
N= 10
Eqüinos
N= 17
Caprinos
N= 21
Ovinos
N= 21
1 (25%)
Freqüência
de infecções
mistas
Freqüência
de infecções
por helmintos
Freqüência
de infecções
por
protozoários
2 (13,3%)
10 (66,6%)
3 (20%)
0 (0%)
1 (100%)
0 (0%)
4 (100%)
0 (0%)
0 (0%)
4 (40%)
5 (50%)
1 (10%)
3 (17,6%)
14 (82,3%)
0 (0%)
3 (14,2%)
17 (80,9%)
1 (4,7%)
10 (47,6%)
7 (33,3%)
4 (19%)
1 (25%)
2 (20%)
4 (40%)
2 (20%)
1 (10%)
1 (10%)
12 (70,5%)
2 (11,7%)
1 (5,8%)
1 (5,8%)
1 (5,8%)
12 (57,2%)
1 (4,7%)
4 (19,1%)
1 (4,7%)
1 (4,7%)
1 (4,7%)
1 (4,7%)
6 (28,5%)
4 (19,1%)
1 (4,7%)
10 (47,6%)
Mattos Jr., D. G. e Motta, O.V. Ocorrência de ovos de helmintos e cistos de protozoários em
amostras de fezes de animais domésticos no município de Teresópolis. PUBVET, Londrina,
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Mattos Jr., D. G. e Motta, O.V. Ocorrência de ovos de helmintos e cistos de protozoários em
amostras de fezes de animais domésticos no município de Teresópolis. PUBVET, Londrina,
V. 3, N. 9, Art#528, Mar2, 2009.
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