UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
VERA LÚCIA LEAL CRISPIM
A IMPORTÂNCIA DO CURSO SUPERIOR COMO DIFERENCIAL
COMPETITIVO DOS GESTORES DO AGRONEGÓCIO
Criciúma, 2004
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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
VERA LÚCIA LEAL CRISPIM
A IMPORTÂNCIA DO CURSO SUPERIOR COMO DIFERENCIAL
COMPETITIVO DOS GESTORES DO AGRONEGÓCIO
Monografia apresentada à Diretoria de
Pós-Graduação da Universidade do
Extremo Sul Catarinense - UNESC, para
obtenção do título de Especialista em
Recursos Humanos.
Orientador: Prof. M.Sc. Gildo Volpato
Criciúma, 2004
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A Deus e a meus familiares.
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RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo geral analisar como a formação superior
específica para Gestores em Agronegócio provocaria impacto na competitividade
das empresas envolvidas com este setor da região sul do estado de Santa Catarina,
e quais os elementos que devem ser considerados para implantação de um curso de
graduação nesta área. As justificativas para a pesquisa foram: preocupação sobre a
conclusão de uma pesquisa anterior realizada no ano de 2000 onde buscava
respostas para o índice elevado de suicídio que ocorriam no meio rural. Para
responder a abordagem do problema adotou-se a pesquisa qualitativa. Os seguintes
procedimentos foram adotados pesquisas bibliográficas, documentais e empíricas.
Do presente trabalho de pesquisa realizada com grupo de pessoas ligadas ao
agronegócio da região sul do estado de Santa Catarina, após estudos e análise dos
dados foi possível concluir: que há necessidade de ser desenvolvido um curso em
Gestão em Agronegócio nesta região, que são muitos os benefícios que um curso
desta natureza pode trazer para o desenvolvimento regional e na contribuição do
aumento de renda para pessoas ligadas ao agronegócio; O curso de agronegócio é
uma inovação que irá se fundamentar nos instrumentos já consolidados nos cursos
de administração já existentes na região. O desenvolvimento do agronegócio
configura-se como o setor que mais cresce no Brasil e não poderia ser diferente no
sul do estado. É indiscutível a importância do desenvolvimento do agronegócio e a
necessidades de inserir neste contexto novas tecnologias de gestão e produção
para enfrentar os desafios da globalização, é preciso que o gestor tenha uma visão
ampla, globalizada e diferenciada que implicará no desenvolvimento da região; a
proposta de um curso com esta abrangência leva em consideração as
características regionais de pequenos agronegócio que serão beneficiadas pois as
perspectivas estão dentro do conceito da pequena propriedade e focaliza o
desenvolvimento regional. É uma iniciativa ousada que oportunizará na ótica do
pequeno e que irá preparar profissionais para as mudanças sociais que implicarão
também no retorno ao campo.
Palavras-chaves: Agronegócio; Gestão em Agronegócio; Competitividade.
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS .................................................................................................05
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................06
2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................13
2.1 A evolução do agronegócio brasileiro .................................................................13
2.2 O contexto atual do agronegócio em Santa Catarina..........................................22
2.3 Situação do agronegócio brasileiro .....................................................................30
2.4 O perfil empreendedor do gestor em agronegócio ..............................................41
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................50
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ...................52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................56
REFERÊNCIAS.........................................................................................................59
APÊNDICE ................................................................................................................62
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Número de trabalhadores ligados diretamente ao agronegócio .............26
Tabela 2 - Total de cooperativas ligadas ao agronegócio em Santa Catarina ..........27
Tabela 3 - Dados referentes às exportações na agropecuária referente aos anos
2000 a 2003 ..............................................................................................................27
Tabela 4 - Dados das exportações na agropecuária referente aos anos de 2000 a
2003 ..........................................................................................................................27
Tabela 5 - Grupo de atividade econômica responsável pela balança comercial nos
anos de 2000 a 2003.................................................................................................28
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1. INTRODUÇÃO
Esta monografia surgiu a partir de preocupação sobre a conclusão de uma
pesquisa anterior realizada no ano de 2000 onde buscava respostas para o índice
elevado de suicídio que ocorriam no meio rural. O tema central da pesquisa foi: “O
impacto da tecnologia do agrotóxico na qualidade de vida no meio rural: um estudo à
luz da Psicologia Social”. Pois se acredita que uma pesquisa só se justifica quando
seu objeto de estudo estiver proporcionando ao homem e ao ambiente
transformações que lhe permitam obter melhor qualidade de vida. Esta é uma
premissa que se fundamenta em preceitos, valores e a própria formação acadêmica
da psicologia. O ser humano é o eixo norteador de toda a pesquisa, e esta deverá
reverter em ações e transformações benéficas para o mesmo.
Através daquela pesquisa pode-se perceber que o meio rural está longe
de ser aquele lugar, como prega a ideologia campesina de qualidade de vida,
tranqüilidade e bem estar. No meio rural, principalmente o segmento em que foi
realizada a pesquisa, fumicultores, o sofrimento ético político é muito grande. As
pessoas sentem-se discriminadas, possuem uma baixa autoestima, sentem-se
vitimas de preconceito, excluídas das políticas públicas e vitimas dos órgãos
financeiros e empresas fumageiras, pois tem pouco conhecimento dos esquemas de
financiamentos, sentindo-se, muitas vezes enganados e lesados por estes.
Os agricultores demonstraram durante as entrevistas um sentimento de
apego muito grande pelo lugar onde residem. Para eles este seria o lugar ideal para
viver. No entanto, contrariamente a este sentimento de valorização pelo lugar, 90%
dos agricultores demonstraram um sentimento de menos valia intenso. Os
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agricultores sentem-se desvalorizados como pessoa e como agricultores, percebem
ter um atendimento diferente, menos atencioso no comercio e principalmente nas
agências bancárias. Sentem-se, desse modo, desvalorizados, desprezados e
rebaixados quando percebem o atendimento que é dado às pessoas que moram na
cidade. O êxodo rural é uma conseqüência desta desvalorização, pois mudar para a
cidade significa tornar-se “cidadão”, ter um emprego e ser “respeitado”.
A este sentimento de baixa estima, une-se o comportamento de desânimo
em relação à própria competência de que nada pode ser feito para transformar a
realidade em que vivem. Somam-se aos sentimentos de desvalorização e baixa
estima, a instabilidade das políticas públicas em relação à agricultura. A situação dos
agricultores nunca é estável, e a perda da rentabilidade vem afetando cada vez mais
o meio rural provocando o esvaziamento (CRISPIM, 2000).
Sawaia (1995), justifica este estado de ânimo dizendo, que estes
sentimentos de desqualificação, indignidade, baixa estima, tem sua origem na
vivência depressiva das situações cotidianas, na qual o sujeito é dominado pelo
cansaço, dos esforços musculares provocando a paralisação da imaginação e o
adormecimento intelectual, aprisionando esses atores sociais ao estado de apatia,
caracteríscas próprias do sofrimento psicossocial. A transição deste estado de
sofrimento para um “tempo de viver” é a mudança na relação entre o ser e o mundo,
é o restabelecimento do nexo psico/fisiológico superando a cisão entre o
pensar/sentir/agir. O Pensamento de Sawaia (1995) reflete-se em uma questão que
permeia o meio rural e pode dar uma resposta aos técnicos que buscam através de
treinamentos técnicos locais e esporádicos beneficiar os agricultores com programas
alternativos para a agricultura, mas que na verdade não mudam a condição do meio
rural. Um acontecimento ou uma mudança de atividade não é suficiente para a
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passagem de um estado para outro. Podem colaborar, mas não basta, é preciso
restabelecer o vínculo entre o psico/fisiológico/social, para que o pensar/sentir/agir,
concisos levem conforme diz Sawaia (1995, p. 159), as pessoas do meio rural, a
oportunizarem a “transformação das relações objetivas que aprisionam as emoções,
a aprendizagem, a humanidade e a sensação de impotência se transformem em
energia e força para lutar e desenvolver-se”.
Segundo Crispim (2000), para a transformação da realidade rural é preciso
mais do que um acontecimento é necessário um princípio de força capaz de liberar
as emoções e o desejo. É algo que vem ao encontro do princípio da educação que
define as atividades de desenvolvimento pessoal e as relaciona com os processos
cognitivos mais profundos da formação da personalidade e da melhoria de
compreender e interpretar o conhecimento. Somente a educação é capaz de
modificar este estado, desenvolver-se. A partir da educação as pessoas poderiam
gerir suas próprias vidas e administrar seu próprio negócio.
Este estado de alienação que os agricultores vivem impede-os de ver as
inúmeras oportunidades de negócios que existem no meio rural. Neste sentido o
curso de Gestão em Agronegócios estaria possibilitando o desenvolvimento dessas
pessoas e conseqüentemente da região.
Um profissional habilitado em Gestão de Agronegócios terá um amplo
campo e poderá atuar como assessor de atividades vinculadas ao agronegócio;
como consultor administrativo independente junto a empresas de agronegócios, na
assessoria às entidades de classe ligadas ao agronegócio (sindicatos, cooperativas,
prefeituras, etc), e como empreendedores no desenvolvimento e treinamento de
pessoas ligadas ao setor do agronegócio, principalmente na administração de sua
propriedade ou empresa rural.
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Percebe-se
também
que
os
pequenos
e
médios
empresários
agroindustriais, precisam dedicar muito tempo e esforço na identificação de métodos
gerenciais, tecnológicos e organizacionais que ocorrem durante o processo
produtivo, já que não detêm o conhecimento formal que lhe facilitaria na tomada de
decisão e o método mais eficaz. O modelo tradicional de gestão pode-se dizer, é em
grande parte responsável pelos baixos índices de produtividade e a baixa
rentabilidade das atividades agrícolas. A ausência de uma organização empresarial
eficiente, métodos gerenciais inadequados e a falta de qualificação dos profissionais
que trabalham no agronegócio são problemas a serem enfrentados. Alguns
proprietários e empresários do agronegócio já perceberam que só o conhecimento
da realidade lhe fornecerá os subsídios necessários para enfrentar a competitividade
que a globalização impôs a economia rural.
Em termos de qualificação profissional, a ocupação profissional, seja no
âmbito produtivo ou administrativo, exige uma formalização do conhecimento para
que os proprietários estejam capacitados a administrarem seu agronegócio e
interagirem com o mercado consumidor. Dessa forma, surge com este trabalho de
pesquisa a oportunidade de investigar como uma formação superior específica para
Gestores em Agronegócio poderia provocar impacto na competitividade das
empresas ligadas a este setor, na região sul do estado de Santa Catarina, e quais
elementos deveriam ser considerados para implantação de um curso de graduação
nesta área.
Em resposta às necessidades e demandas da sociedade brasileira e sua
participação no mercado globalizado, a Gestão em Agronegócios, surge como
oportunidade para a capacitação tecnológica, criação e adaptação de novos
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modelos, desenvolver e organizar empresas e propriedades rurais, produzir insumos
e serviços, agregando valor aos bens que se produz.
Define-se como objetivo geral deste estudo: analisar como a formação
superior específica para Gestores em Agronegócio provocaria impacto na
competitividade das empresas envolvidas com este setor da região sul do estado de
Santa Catarina, e quais os elementos que devem ser considerados para implantação
de um curso de graduação nesta área.
Acredita-se que a profissionalização da administração de agronegócios
apresenta-se neste momento como uma possibilidade de diminuir às discrepâncias
do setor da economia primária, contribuindo para o incremento da renda, e junto com
estes benefícios sociais e econômicos a melhoria na qualidade de vida e o
desenvolvimento regional com a fixação do homem no campo. Neste sentido, os
objetivos específicos procuraram atender as seguintes questões: identificar as
empresas envolvidas com o agronegócio do Sul do estado de Santa Catarina;
diagnosticar quantas empresas ligadas ao agronegócio é administrado por gestores
com formação específica nesta região, do sul do estado, e quais os elementos que
sinalizam para mudanças positivas na gestão de agronegócios; evidenciar quais as
atividades econômicas mais comuns do agronegócio que são desenvolvidas nesta
região do estado; pesquisar junto aos órgãos representativos a importância do
desenvolvimento dos recursos humanos para a competitividade do agronegócio;
definir quais as disciplinas que contemplaria uma formação adequada do gestor,
levando em consideração a cultura e a vocação regional para o agronegócio;
verificar
junto
aos
principais
órgãos
representativos
do
agrononegócio
a
necessidade de implantação de um curso de Gestão do Agronegócio na região Sul
do Estado. De posse de novos instrumentos no setor de gerenciamento de
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agronegócios seria possível identificar, quantificar, planejar, gerenciar e oferecer
uma orientação segura para quem vive no campo ou apenas se interessa por esse
setor dinâmico, tão importante no fortalecimento da economia brasileira. O
agronegócio gera emprego e renda seja na agricultura familiar ou em cadeias
produtivas maiores.
Para melhor compreensão da necessidade deste presente trabalho de
pesquisa, optou-se por iniciar a discussão com a necessidade de demonstrar como a
pesquisa e a práxis podem caminhar juntas e trazer ações que transformem algumas
situações de vida. Neste sentido esta monografia está organizada em seis partes
sendo que o primeiro é a introdução propriamente dita cujo conteúdo é composta
pelo problema, pela justificativa e pelos objetivos gerais e específicos. Onde se
destaca o conteúdo de uma pesquisa anterior, em que o foco é o estado cognitivo
de agricultores de uma determinada região do Sul do estado de Santa Catarina,
principal motivo do presente trabalho de investigação.
Na segunda, a revisão de literatura foi dividida em 4 tópicos. Considerouse importante fazer uma leitura sobre a evolução do agronegócio brasileiro
destacando os principais fatores e como estes contribuíram para o desenvolvimento
do Brasil e em alguns casos para o desenvolvimento de algumas regiões
específicas. Neste capítulo discorreram-se também sobre os principais segmentos
do agronegócio, a sua origem as principais atividades econômicas e a evolução do
mesmo.
Dando continuidade a revisão de literatura procurou-se contextualizar
através de dados dos principais anuários de agronegócios do Brasil e do estado, a
atual situação do agronegócio em Santa Catarina tendo como cenário a atual
conjuntura econômica dos últimos anos. Abordando principalmente os fatores que
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mais contribuíram tanto para a instabilidade quanto para grande “Boom” que é o
agronegócio atualmente.
Da mesma forma, neste capitulo é apresentada uma análise sobre a
situação do agronegócio procurando conceitualizar e definir alguns processos
relativos ao Agribussiness e conforme o Ministério de Ciência e Tecnologia definir
quais as propostas do governo para o desenvolvimento científico e tecnológico da
agroindústria.
Por último, neste capitulo ainda é tratado o perfil empreendedor do gestor
em agronegocios, as suas características e a necessidade de se ter no agronegócio
pessoas cujo perfil corresponda a esta definição de Schumpeter (1949) o
empreendedor é aquele cujo perfil se traduz em atitudes e habilidades voltadas a
vencer desafios, introduz novos produtos e serviços, cria novas formas de
organização, enfim não se conforma, está sempre procurando algo novo para fazer.
O terceiro capítulo é reservado para demonstrar os procedimentos
metodológicos, onde são relatados quais os instrumentos foram utilizados para este
estudo, bem como os sujeitos que participaram da pesquisa e com os quais foram
realizadas as entrevistas.
No quarto capitulo são apresentados os dados coletados e a discussão
dos resultados.
Finalmente, concluindo a análise, são realizadas as conclusões finais
sobre o tema “A importância do curso superior como diferencial competitivo dos
gestores do agronegócio” e as referências bibliográficas utilizadas no presente
estudo.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A evolução do agronegócio brasileiro
A Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG, 2002) apresenta de modo
claro, à evolução no agronegócio no Brasil, destacando como fatores importantes
para o seu desenvolvimento primeiramente a escravidão. Portugal para colonizar o
Brasil valeu-se da mão de obra escrava e da sua experiência no cultivo da cana e na
produção de açúcar. As primeiras vítimas da escravidão no Brasil foram os índios
que acabaram sendo dizimados pelos portugueses e pelas doenças trazidas por
estes. Logo em seguida, a África passou a ser a principal fonte de mão de obra, por
muitos séculos. A escravidão no país teve seu término oitenta anos após a Inglaterra
ter acabado com a mesma em suas colônias.
As primeiras atividades econômicas, desenvolvidas no país, que tinham como
mão de obra os escravos, começaram com a exploração do pau-brasil, a cana-deaçúcar, a cachaça e o fumo, e logo em seguida, Portugal implantou aqui as lavouras
de algodão.
O nome “Terra do Brasil”, ficou conhecida, por causa do pau brasil e pela
praticidade e economia do mercado que não demorou muito a transformar o nome
da nova terra em Brasil:
O demônio trabalhou para que se esquecesse o primeiro nome e lhe
ficasse o de Brasil, por causa de um pau assim chamado de cor abrasada
e vermelha, com que tingem o pano, que o daquele divino pau que tinta e
virtude trouxeram a todos os sacramentos da igreja (Frei Vicente do
Salvador In: ABAG, 2002, p.47).
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O pau Brasil era utilizado para o tingimento de tecidos. Durante 375 anos
após a viagem de Cabral, os portugueses tentaram garantir o monopólio real no
comércio da madeira. Londres tornou-se o grande centro importador até que a
madeira tintorial deixasse de interessar a indústria têxtil.
Em 1856 a indústria de corantes artificiais anuncia o prenúncio de
mudanças profundas no ramo da tinturaria com a descoberta da anilina.
A partir de 1875, o pau Brasil entra para o rol das madeiras de construção,
caindo na obscuridade, ressurgindo anos mais tarde como símbolo do país.
Quanto à cana-de-açúcar, a ABAG (2002), diz que esta teve sua origem
na Ásia, há mais de dois mil anos. No Brasil, o registro que se tem sobre o plantio da
cana-de-açúcar é na feitoria de Itamaracá em Pernambuco. No final do século XV, o
Brasil já exportava cerca de 3.000 toneladas, quantidade considerada imensa para a
época. Essa primeira atividade do agronegócio no Brasil proporcionou aos
holandeses e aos donos de engenho 50% do retorno do capital aplicado. Os
holandeses, ao serem expulsos do país, foram plantar cana na Guiana e no Caribe.
Outros concorrentes também se movimentaram para aumentar a oferta, fazendo
com que o preço do açúcar despencasse. A lógica de mercado já funcionava há
praticamente 500 anos atrás.
Quanto à existência de algodão no Brasil, a mesma foi notificada ao rei de
Portugal, por Pero Vaz de Caminha que, ao observar os índios, percebeu que um
deles trazia uma criança amarrada ao peito com um pano. Mais tarde ficou
evidenciado que era algodão. Várias barreiras e interesses comerciais impediram o
desenvolvimento e a posição no mercado do algodão exportado pelo Brasil.
Primeiramente, os produtores de lã da Inglaterra, levaram o governo a proibir o
comércio de tecidos de algodão no país. Perto do final do século XVIII, o algodão
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começou a ser valorizado. Os acontecimentos que causaram esta valorização,
aumentando a exportação e a valorização dos produtos brasileiros, foram à guerra
da independência dos Estados Unidos, a revolução Francesa e as guerras de
Napoleão. Continuando ainda a última edição da ABAG (2002) conta que D. Maria
assinou, no dia 5 de janeiro de 1785, um decreto que a partir daquela data, só seria
permitido fabricar na colônia tecidos grossos de algodão, usados pelos escravos e
embalar mercadoria. Logo em seguida, as regiões produtoras, perderam o interesse
pelo cultivo e industrialização do algodão, pois não conseguiam competir com os
preços e a qualidade, do algodão, dos países europeus.
Segundo
Furtado
(2002),
várias
atividades
tiveram
importância
fundamental no desenvolvimento do agronegócio no Brasil. Destaca-se também o
cacau, a pecuária e o café.
No final do século XVII, o consumo do chocolate
expandia-se por toda a Europa e a coroa portuguesa, através da carta régia de 8 de
dezembro de 1677, concedia favores e prêmios a quem mostrasse interesse em
cultivar o cacau. Embora outros estados cultivassem o cacau, foi na Bahia, devido as
melhores condições climáticas, que o cultivo do cacau se desenvolveu. Segundo
Simonsen, as remessas deste produto para a Europa, até 1822 somaram 3 milhões
de libras. Continuando, Simonsen diz que se fossem adicionados a este saldo, os
valores de outras especiarias, como por exemplo: pimenta, cravo, baunilha, e anil, a
conta fecharia em 3,5 milhões de libras.
O café ganhou importância quase cem anos depois de sua chegada no
Brasil. Durante o Império, a atividade da cafeicultura se tornou o principal produto
brasileiro de exportação. Essa posição foi mantida até o início do século XX. Ao
mesmo tempo em que o café tinha o seu momento de alta, a região norte vivia um
período de prosperidade com a exploração dos seringais.
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Com o fim da escravidão o reinado do café correu sérios riscos, pois as
lavouras precisavam de braços. Os imigrantes surgem neste período, como resposta
ao problema. A cafeicultura segue em frente, até que surgem os primeiros sinais de
superprodução com queda nos preços e formação de estoques. Entre 1898 e 1905,
a desvalorização do café chega a 50%. O governo, para resgatar a cafeicultura,
assumiu uma política de valorização apoiada por empréstimos externos, enviando
para o mercado livre, 8 500 000 sacas das 11 milhões que estavam estocadas,
firmando o preço do café no mercado. Apesar deste esforço do governo, a crise
continuou. Com o advento da primeira guerra mundial, mais uma vez o mercado se
desorganiza e a terceira crise veio a ocorrer 1918 com a geada que torrou as
plantações.
Em 1920, com a recuperação das lavouras, o Brasil passa a reter
estoques e financiar os fazendeiros, mas a política de valorização e as cotações em
alta acabam estimulando também a concorrência. Em 1929, que teve como marco o
craque da bolsa de Nova York, o preço do café despenca 30% e continua caindo
durante a depressão econômica instalada na década de 30.
A pecuária, apesar de sua importante contribuição para o desenvolvimento
do Brasil colônia, dependia do setor açucareiro, pois era considerada como uma
atividade acessória, pois as terras férteis eram destinadas à lavoura canavieira.
Inicialmente os focos de expansão da pecuária foram Pernambuco e a Bahia, que
devido às condições precárias, para tal atividade, nunca prosperou. O rendimento da
pecuária era muito baixo, tanto que em um milhão de quilômetros quadrados, a
população bovina nunca alcançou 2 milhões de cabeças.
Em torno do século XVII os rebanhos alcançavam o Rio São Francisco e o
aumento pela procura por animais de tração, de carne, e as terras fracas, fizeram
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com que as boiadas cruzassem este rio para chegar ao Tocantins, Maranhão, e
Piauí. No final do séc. XVII a seca exterminou os rebanhos e o nordeste passou a
comprar carne do sul. Para atender a demanda, a criação de gado, espalhou-se
pelos campos de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
No Rio grande do Sul, havia grande quantidade de gado selvagem que
pelas condições geográficas e climáticas propícias contribuiu para a expansão do
rebanho. Durante um bom tempo, a atividade mais lucrativa foi à produção do couro,
exportado em grande quantidade sendo que a carne era pouco aproveitada. Até fins
do século XVIII o couro seria o grande artigo de exportação da capitania. Logo a
seguir, a indústria do charque teve um crescimento vertiginoso quando em 1793
foram exportados 13 mil arrobas de charque. E nos primeiros anos do século
seguinte, as exportações alcançaram 600 mil arrobas.
A partir de 1950, a indústria e a agropecuária brasileira, sofreram
transformações radicais, crescendo velozmente. Os avanços da tecnologia
trouxeram a modernização dos implementos e dos insumos utilizados pelos
agricultores. Estes são conseqüências irreversíveis do modo de produção que se
estabeleceu em meados do século XVIII. A economia industrializada que se
estabeleceu, desde então, é mantenedora de um mercado em constante expansão,
cujo objetivo vai além da produção voltada para a supressão das necessidades,
visando também garantir o acumulo de capital, bem como, a manutenção dos
monopólios que garantem o poder.
Segundo Schuh (1971), por detrás das mudanças, havia o interesse das
multinacionais, produtoras das máquinas e dos insumos agropecuários, que
utilizavam a extensão rural para levar informações técnicas aos produtores rurais
juntamente com os “pacotes tecnológicos”, que incluíam recomendações para o uso
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de máquinas, adubos, produtos químicos e sementes selecionadas. Continuando,
Schuh (1971), diz que a quebra de paradigmas na agricultura, também conhecida
como a “Revolução Verde”, tornou-se altamente prestigiada e juntamente com ações
governamentais em várias frentes, provocou mudanças profundas na agricultura,
com desdobramentos em múltiplos segmentos da economia. O ciclo da soja veio
para responder a necessidade do Brasil em diminuir os gastos com a importação dos
óleos vegetais, apressarem a ocupação no meio oeste, absorver insumos e
máquinas, tornando viável a implantação e a sustentação de novas indústrias. O
impulso para o desdobramento deste programa veio na forma de dinheiro público,
em grandes quantidades e a custos muito baixos.
A modernização da agricultura, neste período atingiu praticamente todos
os seguimentos da agropecuária. A cana-de-açúcar volta a reinar graças ao
Programa Nacional do Álcool – Próalcool - instituído em 1975, ativando o complexo
agroindustrial da cana-de-açúcar. O setor sucroalcooleiro progrediu juntamente com
o café e a área dos produtos cítricos, onde o país é líder mundial.
A pesquisa cientifica também acumulou várias conquistas para a
agropecuária. Em muitas áreas de atuação os métodos científicos permitiram que
novas variedades de produtos agrícolas fossem responsáveis pelo desenvolvimento
regional do estado como é o caso da maçã em Santa Catarina. Mas, segundo
Azevedo (1994), a condição do sistema de pesquisa do país e as várias instituições
que a integram precisam de investimento e uma reorganização. Em termos
quantitativos o número de instituições é suficiente, embora sejam estas mal
distribuídas no território nacional. Na região sul e sudeste estão concentrados a
maioria dos técnicos e instituições importantes. Nos Estados do sul e sudeste que
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fazem parte do Conselho Estadual dos Sistemas Estaduais de Pesquisa
Agropecuária (CONSEPA), trabalham 77% dos pesquisadores.
Atualmente várias instituições operam com jornadas reduzidas, e os baixo
salários impedem a estruturação de equipes de alto nível por períodos consistentes
com a maturação dos projetos de pesquisa. A solicitação de recursos e investimento
em atividades do campo, sem a qual a pesquisa em agropecuária, não tem razão de
ser, é mais difícil de ser atendida do que a solicitação de compra para aparelhos de
tecnologia de ponta.
Muitas vezes é mais difícil arrumar dinheiro para a compra de insumos,
como os adubos e outros produtos químicos empregados nas lavouras [...]
isso decorre da própria formação dos dirigentes e responsáveis por
julgamento e aprovação de projetos em instituições de financiamento a
pesquisa no Brasil (AZEVEDO, 1994, p. 97).
O descuido com a pesquisa traz prejuízos a longo prazo. Continuando
ainda, o autor diz que:
[...] as pesquisas [...] carecem de maior objetividade, prioridades não são
bem definidas, e há uma falta de integração inter e multidisciplinar. Nota-se
também uma queda na competitividade em termos mundiais com a
introdução, lenta no Brasil das modernas tecnologias disponíveis,
principalmente nos últimos 20 anos. Cada instituição pensa o processo de
fortalecimento a partir de seus objetivos específicos -e - por isso estreitos e
mesquinhos – que- são parte de seu particular projeto de hegemonia. As
instituições movidas pelos acenos de investimento, de novas fontes de
recursos, simplesmente passam a criar estruturas novas, não importando a
sua duplicação (AZEVEDO, 1994, p. 115).
Continuando, Azevedo (1994) diz que, atualmente 16 estados da
federação contam com organizações públicas de pesquisa, sendo que apenas 8
delas estão voltadas exclusivamente para a pesquisa. Na década de 70 estas
instituições estavam espalhadas por 21 estados.
Em outros domínios, igualmente necessários para o desenvolvimento do
agronegócio no Brasil, como a infra-estrutura de transporte e armazenamento, o país
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se ressente com o despreparo e atraso no setor. Ao contrário do comércio onde a
modernização progrediu sensivelmente.
Segundo o Instituto Catarinense de Estatística e Planejamento (CEPA,
ANO) de Santa Catarina, o Brasil este ano teve ótimo desempenho com a
agroindústria, à diferença positiva foi de 12,1 bilhões de dólares para o grupo da soja
e 4,2 milhões para as carnes, a suinocultura e a avicultura são dois setores que
contribuem para o aumento destes números. A avicultura industrial está fundada no
chamado sistema de integração. Através deste sistema os frigoríficos contratam
pequenos produtores rurais e suas famílias e os encarregam de criar aves que
depois irão para a indústria. As empresas fornecem os pintos, insumos como as
rações e outros insumos para que se desenvolvam de acordo com parâmetros de
qualidade pré-estabelecidos. No final, os frigoríficos compram a produção,
descontando o valor daquilo que adiantaram ao produtor. Da mesma forma, funciona
a suinocultura no Brasil. A carne suína é a mais consumida no mundo e os
indicativos mostram que continuará assim. Estima-se que no último ano a produção
tenha atingido 82,8 milhões de toneladas.
Diante da história e evolução do agronegócio brasileiro, a ABAG, apoiada
em dados e previsões do International Food Policy Research Institute (IFPRI apud
ABAG, 2002), projeta um cenário e faz um prognóstico do agronegócio para 2020. A
ABAG diz que, é possível, que três modelos de agricultura, que já existem hoje,
deverá persistir. São eles: a grande produção ligada à agroindústria; a agricultura
familiar; e a agricultura de subsistência. Esta última deveria ser subsidiada pela
sociedade até que gerações futuras estivessem preparadas para assumir com
competência o negócio ou outras funções na sociedade. A empresa familiar deverá
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continuar ativa, mas, necessita se organizar em núcleos produtivos e de
comercialização para crescer e agregar valor aos produtos.
A ABAG (2002), diz ainda que a pequena propriedade familiar no Brasil
passa por um período de contração, visto que, o número de famílias, que vive de
renda agrícola está diminuindo. O primeiro motivo está ligado ao baixo rendimento
das atividades tradicionais da agricultura. O segundo motivo é que outras
escolheram atividades não tradicionais para continuar em seus terrenos. Na década
de 90, conforme avançava a mecanização na agricultura o trabalhador braçal rural,
perdia o seu emprego. Em 1999 15 milhões de pessoas economicamente ativas
estava no meio rural. Dessas, 4,6 milhões se dedicava a ocupações não agrícolas, a
grande maioria em atividades precárias e não qualificadas.
Segundo dados oficiais da ABAG (2002), 81,2% da população já residia
em áreas urbanas em 2000, e a partir desta tendência devido ao êxodo rural, em
2020 o país se tornará inteiramente urbano:
[...] Passam por urbanas altas proporções dos habitantes de municípios
minúsculos e com baixíssimas intensidades demográficas, E, por razões das
mais bizarras, 83 municípios nem sequer possuem domicílios rurais. Desse
jeito, é até surpreendente que sobre um resíduo rural com 19% dos habitantes.
No entanto, em 1996, só pertencia, de fato à rede urbana, pouco mais da
metade da população brasileira. Um total de 86,6 milhões de pessoas, que
correspondia a 55% da população [...] (ABAG, 2002, p. 236).
Mas ao contrário do que se previa, dados recentes mostram que a
população rural está aumentando. Passou de 31,6 milhões em 1996 para 32,6
milhões em 2000.
As novas atividades do meio rural, a introdução da noção de agricultura
familiar, indicadora de um modo diferenciado de exercer as atividades rurais,
contribuem para determinar e padronizar um conjunto de interesses que poderão
22
oportunizar novas e promissoras ações no campo. Com a expressão: agricultura
familiar o mundo rural passou a concentrar o grande universo de produtores rurais
que concentram sua atividade no trabalho conjunto da família. É urgente e
necessário, um novo modelo rural composto pelo agronegócio, pelos novos agentes
sociais e políticas adequadas aos diferentes modelos de agricultura existentes. A
grande produção, articulada a agroindústria, a agricultura familiar, e a agricultura de
subsistência são fundamentais para que haja oportunidade de crescimento e o
quinhão seja repartido igual para todos.
Os números mostram que o valor estimado da produção total está em
torno de 1.30 trilhões de reais/ano. Desse total 330 bilhões de reais são
provenientes da agroindústria. Verifica-se então que um em cada quatro reais
produzidos na economia é originário da agronegócio. Acrescenta-se também o fato
de que o agronegócio no Brasil é o único segmento da economia que mantém o
superávit da balança comercial.
A história da agropecuária brasileira mostra que apesar dos percalços, das
sanções, da falta de incentivo, e de políticas recessivas... Ela se mantém
contribuindo energicamente para o desenvolvimento do país. Pode-se dizer que a
agropecuária é a ponte que liga o Brasil ao mundo comercial e é por esta ponte que
alcançaremos o equilíbrio econômico.
2.2. O contexto atual do agronegócio em Santa Catarina
Em recente publicação da Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina
(2002-2003), o Instituto Catarinense de Estatística e Planejamento, fazem uma
análise do Agronegócio Catarinense, tendo como cenário a conjuntura econômica e
23
a agricultura brasileira. Estes dados caracterizam um mercado em plena expansão
apesar da crise econômica dos últimos anos.
Os fatores que mais contribuíram para a instabilidade nos agronegócios
foram os mesmos que provocaram o baixo crescimento em outros setores da
economia, sendo que os principais são: o crescente e alto endividamento do país; a
sucessão presidencial gerando incertezas quanto aos rumos da economia; o fator
risco que se elevou a um índice recorde com o aumento da taxa de câmbio,
provocando impacto sobre a inflação. Também contribuíram para o baixo
crescimento no país os conflitos externos, principalmente a crise na Argentina, os
atentados nos Estados Unidos de 11 de setembro e a crise na economia mundial.
Apesar da perspectiva de estagnação o agronegócio brasileiro contribuiu
positivamente para minimizar os efeitos da recessão nos demais setores da
economia. De acordo com o Instituto CEPA/SC (2004), os indicadores de
crescimento demonstram que o setor cresceu em média 4,6% ao ano devendo
continuar crescendo durante os próximos anos. É importante salientar que o saldo
positivo na balança comercial é em grande parte resultado do desempenho da
agropecuária: “O saldo poderia ter sido maior, não fosse à queda nos preços das
carnes. As exportações do agronegócio brasileiro, em 2002, cresceram 4,1%
(ficando em US$ 24,8 bilhões) e as importações caíram 7%” (CEPA/SC, 2004, p.54).
Outro dado importante revelado pelo Instituto CEPA (2004), refere-se ao
crescimento da agropecuária em Santa Catarina nos anos de 2001/2003 que foi
menor que a média nacional. Neste setor o PIB cresceu 3,3% chegando a R$ 5,7
bilhões. As possíveis causas desse baixo crescimento foram às mesmas que
afetaram a economia nacional e mundial, incluindo os problemas climáticos que
reduziram a produção de grãos no estado. Mesmo assim:
24
[...] A receita de US$ 1,92 bilhões que representou 61% do valor total
exportado pelo estado foi 6,2 % maior em 2002 que no ano anterior. As
exportações totais cresceram 4,2%. Este desempenho comercial foi
sustentado basicamente pelo crescimento no setor de produtos florestais
(madeiras, móveis e papel e papelão), de 20% em valor. Já o valor das
exportações de carnes de aves, principal item agropecuário, caiu 6,4%,
enquanto o volume exportado cresceu 14%. O de suínos cresceu 8,2%,
para um volume exportado 51% maior. Vale lembrar que em 2001, sobre o
ano anterior, o valor das exportações do agronegócio catarinense havia
crescido 24% (SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTURA EM SANTA
CATARINA, 2003, p. 13).
Continuando a análise do agronegócio em Santa Catarina, o Instituto
Cepa diz que o estado perde posições em um número significativo de produtos,
como por exemplo, na produção de carnes de aves, embora se mantenha como
segundo produtor com 19,6% da produção. Quanto à produção de suína esta teve
um crescimento inferior ao resto do país, embora com 24% da produção nacional.
No que se refere ao desempenho do agronegócio catarinense nos anos de
2002 e 2003 as estimativas indicam um crescimento de 7,8% do PIB. Os segmentos
que contribuíram para este resultado foram à silvicultura e o crescimento das
lavouras, sendo que a pecuária teve uma queda de 1,9%. O segmento de aves e
suínos que até então se mantinha em crescimento foi afetado pela lei da oferta, o
que reduziu os preços, mas ajudou a baixar os custos para os produtores. Os
melhores resultados neste período foram registrados pelos produtos da lavoura
como milho, soja, feijão, banana e maçã. Quanto aos preços, dos suínos, estes se
mantiveram acima dos obtidos no mesmo período do ano anterior, enquanto o milho,
que é o principal insumo a ser utilizado, tenha crescido 43%. Quanto aos produtos
florestais, estes caíram quando comparados com o segundo semestre de 2002:
[...] Os dados preliminares da produção de 2003, tendo como referência os
mesmos 17 produtos analisados na safra anterior, indicam um crescimento na
Agropecuária de 5,7%. Nesta abordagem a agricultura teve um crescimento
de 15% enquanto a pecuária cai 1,8%. As estimativas de produção e preços
foram baseadas nos dados referentes ao primeiro semestre do ano
comparado com os do mesmo período do ano anterior (SÍNTESE ANUAL DA
AGRICULTURA EM SANTA CATARINA, 2003, p. 14).
25
Estes são alguns dados do imenso contingente de informações de ordem
financeira e econômica relacionados ao agronegócio em Santa Catarina. Estes
elementos por si só demonstram o quanto à conjuntura econômica mundial e
nacional afetam a agricultura provocando constante oscilações no mercado, a
redução de rentabilidade principalmente para os pequenos produtores e empresas
do
agronegócios.
Apesar
dos
problemas
enfrentados
pelos
agricultores
catarinenses, percebe-se que o desempenho deste segmento da economia tem sido
positivo demonstrando ter condições de superar dificuldades.
O Estado de Santa Catarina tem uma posição privilegiada no cenário
geográfico da região sul, com maior capacidade de consumo e renda per capita mais
alta. Num raio de 1500 km, a partir de Florianópolis, estão situados Buenos Aires,
Assunção, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto
Alegre a 400 km (CRISPIM, 2000).
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina,
(FIESC 1999), a indústria de transformação catarinense é a quinta do país em
quantidade de empresas (17,6 mil) e a sexta em número de trabalhadores (3313
mil), sendo que dela partem 73% das exportações catarinenses. Santa Catarina é
um estado reconhecido pela exuberância da natureza e pelo trabalho de seu povo,
seja este, no campo ou na cidade. De 1990 a 1997, sua produção industrial cresceu
26,2%, apesar da elevada inflação do país. Os setores industriais que mais geraram
renda foram o alimentar (responsável por 19% do valor de transformação industrial),
o mecânico (19%), as do vestuário, calçados e artefatos de tecidos (13%) e a têxtil
(11%).
Segundo o IBGE (1998), Santa Catarina ocupa o 19o lugar em produção
de cana-de-açúcar, sendo que as maiores produções estão concentradas nos
26
municípios de Antônio Carlos, Joinville, Luiz Alves, Gaspar, Orleans, Palmitos,
Biguaçu, Tabuleiro, Imaruí e São Miguel do Oeste.
Os dados do IBGE (1998) revelam também que apesar de ser o 11o
estado do Brasil em população e o 20o em área, Santa Catarina é o maior produtor
de maçã, pinhão, erva-mate concheada, mel de abelha, carvão mineral bruto, louça
de mesa, cerâmica para revestimento, compressores, toalhas, cristais, motores
elétricos, confecções em malha e elementos de fiação; Santa Catarina é o segundo
produtor de pescado, alho, cebola, frango de corte e fumo e o terceiro produtor de
uva, trigo, arroz, banana, madeira, celulose, papel e papelão. Destaca-se na
produção de cana-de-açúcar, que em 1999 chegou em torno de 496.000 toneladas.
De acordo a Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina (2003), o
número de trabalhadores no Agronegócio Catarinense como se pode observar na
Tabela 1.
Tabela 1 – Número de trabalhadores ligados diretamente ao agronegócio - SC
Ano
Total de trabalhadores ligados
diretamente ao Agronegócio
1999
2000
2001
257.471
177.770
186.197
Fonte: Ministério do Trabalho. In: Síntese Anual da Agricultura, 2003.
Nas cooperativas, como um seguimento que se mantém em constante
crescimento impulsionando cada vez mais o agronegócio, em Santa Catarina,
encontra-se a seguinte situação de 1998 a 2002:
27
Tabela 2 – Total de cooperativas ligadas ao agronegócio em Santa Catarina
Ano
Total do Segmento
pecuário
1998
1999
2000
2001
2002
50
46
53
59
60
Fonte: Ministério do Trabalho. In: Síntese Anual da Agricultura, 2003.
Quanto às exportações do agronegócio catarinense, os números da
Tabela 3 demonstram que nos anos de 2000 a 2003, houve uma oscilação nos anos
iniciais com acentuada queda em 2003:
Tabela 3 – Dados referentes às exportações na agropecuária referente aos
anos 2000 a 2003 (US$ FOB 1000)
Produtos exportados
2000
2001
2002
2003
Produção animal e derivados
630.049
975.787
941.955
429.209
Produção vegetal e derivados
211.341
191.333
203.888
137.097
Indústria da madeira, papel e papelão.
617.463
648.814
782.122
400.204
Total do Agronegócio
1.458.852
1.815.934
1.927.966
966.511
Total Santa Catarina
2.711.703
3.028.399
3.157.065
1.641.588
Fonte: Secex/Decex, 2003, p. 59.
Tabela 4 – Dados das exportações na agropecuária referente aos anos de 2000
a 2003
Produtos importados
2000
2001
2002
2003
Produção animal e derivados
38.519
30.793
29.996
17.969
Produção vegetal e derivados
149.001
168.768
191.897
108.092
Indústria da madeira, papel e papelão.
20.100
11.359
10.2003
108.092
Total do Agronegócio
270.621
210.920
232.176
132.291
Total de geral de importações
957.142
860.417
232.554
464.159
Fonte: Secex/Decex, 2003, p. 62.
28
Tabela 5 – Grupo de atividade econômica responsável pela balança comercial
nos anos de 2000 a 2003
Grupos de Atividade Econômica
2000
2001
2002
2003
Lavouras, horticultura, floricultura.
2.123.248
2.146.592
2.667.094
4.701.712
Pecuária
3.284.357
3.969.131
4.566.265
5.800.058
Indústria rural
341.639
397.767
429.904
529.653
Silvicultura
464.019
589.605
839.621
1.135.607
Extração vegetal
53.026
55.382
62.281
62.085
Prod. Part. Do pessoal residente
6.399
6.766
8.436
12.990
Total
6.272.689
7.165.242
8.573.601 12.242.105
Consumo Intermediário
2024.743
2.475.808
2.895.792
3.742.381
Produto Interno Bruto
4.247.947
4.689.434
5.677.809
8.499.724
Fonte: Secex/Decex (mil R$), 2003, p. 87.
Neste contingente de números pode-se perceber a variação na balança
comercial, e os economistas afirmando que o agronegócio manteve a estabilidade
do mercado interno, mas para o produtor e o pequeno e médio empresário do
agronegócio a situação não mudou muito. Pois é, no cenário sócio-políticoeconômico brasileiro que se constroem as políticas recessivas geradoras de
exclusão, herança dos governos passados, que estão incluídos os agricultores que
longe de viverem livres de lutas, de discriminação e preconceitos, como prega a
ideologia campesina, vivem a mercê das políticas do Estado. Este beneficia os
grandes proprietários e os acordos internacionais de importação de alimento,
enquanto
que
os
produtos
industrializados
pelos
pequenos
proprietários
permanecem no campo, em armazéns, sem preço ou garantia de compra. Os
pequenos proprietários muitas vezes são prejudicados pelos acordos com
multinacionais, produtoras de insumos agrícolas, que estabelecem no mercado o
preço em dólar de seus produtos comprometendo a entrada da safra nacional no
mercado.
29
Os empresários do meio rural permanecem neste contexto de segregação
e exploração, sem nenhuma política alternativa que viabilize a construção de
práticas efetivas na mudança desta realidade que leva ao sofrimento psicossocial.
Aqui nasce a dualidade entre aquilo que é vocação, que fortalece a identidade como
homem do meio rural, pela sua própria atividade que lhe é negada, pois não
encontra nela valorização efetiva por aquilo que faz e aquilo que produz. Apesar dos
elementos dissociativos objetivos que interferem na construção da subjetividade do
homem rural é ai que se constrói a identidade, não de forma estática, mas dinâmica
marcada pelos movimentos contraditórios que se efetivam nas possibilidades de
escolha do sujeito, construindo-se dialética e historicamente apesar da falta de
condições objetivas e subjetivas que possa torná-lo sujeito da sua própria história.
Condição essencial para que realize as mudanças necessárias à construção
pessoal, no grupo na comunidade e na região. O sentimento de exclusão é
referenciado pelo próprio conceito de cidadania (cidadãos da cidade).
Atualmente, é possível perceber que muitas propriedades rurais estão
sendo adquiridas por grandes empresários para serem transformadas em áreas de
lazer e descanso, ou então, compram várias pequenas e médias propriedades, que
sem as demarcações que as delimitam, são transformadas em grandes áreas de
plantio, sem aproveitamento da mão de obra existente nestas áreas, substituída por
tecnologia de ponta. O esvaziamento do campo por seus agentes é uma realidade,
o que leva ao inchaço das cidades, principalmente as grandes capitais. Na Região
Sul de Santa Catarina é ainda possível perceber a emigração dos filhos de donos de
empresas de agronegócio ou propriedades rurais para o exterior em busca de novas
possibilidades, já que aqui, não conseguem perceber as oportunidades que se
apresentam e também por se sentirem desvalorizados.
30
As pessoas sentem que não tem nenhum poder sobre si e sobre a
situação que estão vivendo. Faltam-lhes recursos emocionais força para agir e
pensar e desanimo em relação à própria competência (SAWAIA, 1995). Em busca
de recursos internos para agir percebem que nada podem fazer para melhorar a
situação. Este movimento é condensado pelos sentimentos de indignidade,
inutilidade e desqualificação que neutraliza qualquer ato criativo e empreendedor em
busca de novas oportunidades de investimento.
Acrescenta-se a esta realidade objetiva e subjetiva a necessidade de
políticas públicas condizentes com as características das pequenas e médias
empresas de agronegócios, pois as que lhes são aplicadas são as mesmas para as
grandes agroindústrias. Isto inviabilizada qualquer possibilidade de investimento e
crescimento. Convém, neste sentido afirmar, que alguns estados, como, por
exemplo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul já possuem políticas diferenciadas entre
as empresas de agronegócio.
2.3. Situação do agronegócio brasileiro
O conceito de agronegócio guarda a mesma categorização proposta em
1957 por John Davis e Ray Goldberg para o conceito de Agribusiness (DAVIS;
GOLDBERG, 1957), o qual acrescenta ao processo de produção e logística de
suprimentos agrícolas, as atividades de produção nas unidades agrícolas, o
armazenamento, e o processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens
produzidos a partir deles. Nesta atividade, agregou-se a conceitualização citada, o
consumidor e a visão de estratégias em desenvolvimento de ciência, tecnologia e
31
inovação (CT&I) para o progresso dinâmico e sustentável do setor. O agronegócio
não foge ao contexto da globalização, que traz consigo os desafios da modernidade.
Inserido neste cenário da transformação mundial, o Brasil necessita de incentivos
constantes para não ser excluído. Principalmente organizar e otimizar recursos
humanos, financeiros e materiais, num verdadeiro esforço de parceria com as mais
diversas instituições, unindo à pesquisa, o ensino e iniciativa privada, integrando e
propondo uma nova cultura de interação e desenvolvimento transdisciplinares.
De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) alguns fundos
foram criados para incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico e construir
uma nova forma de financiamento de investimentos para a agroindústria. Pretendese que os Fundos Setoriais financiem prioritariamente o fomento tecnológico,
projetos cooperativos, redes cooperativas e grandes projetos. O Fundo Setorial de
agronegócio
(CT-Agronegócio)
criado
pela
Lei
10.332,
de
19/12/2001
e
regulamentado pelo Decreto 4.157, de 12/03/2002 (Ministério da Agricultura e
Reforma Agrária) tem por objetivo ampliar os investimentos nas pesquisas de
sistemas, técnicas, métodos e processos que propiciem o desenvolvimento
tecnológico, a inovação, a qualidade e o aumento de competitividade na exportação
dos produtos agrícolas e agropecuários do Brasil.
O fundo setorial visa, também, o desenvolvimento de mecanismos que
propiciem atrair investimentos nacionais e internacionais para o segmento. Para
isso, o fundo conta com 17,5% do total da arrecadação da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) instituída pela Lei nº 10.168, de
29/12/2000, alterada pela Lei nº 10.332, de 19/12/2001 (Ministério da agricultura e
Reforma Agrária. Para utilizar esses recursos são observados os critérios de
administração previstos e a programação orçamentária do Fundo Nacional de
32
Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Conforme previsto na lei, 30% do fundo
são destinados ao financiamento de projetos a serem executado por instituições
sediadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, de forma a contribuir para o
desenvolvimento regional sustentável. Na legislação são apresentadas as diretrizes
estratégicas do Fundo, as quais foram organizadas a partir de reuniões com
lideranças nacionais do segmento e que tiveram início em novembro de 2001.
É importante dizer que o Estado procura cumprir o seu papel de
articulador e coordenador, cabendo-lhe as atividades primárias de assegurar a
estabilidade do sistema econômico, garantir um melhor funcionamento dos
mercados, coordenar a disponibilização de serviços tecnológicos e definir protocolos
e regras claras, a fim de estabelecer um ambiente favorável às decisões de produzir,
investir e inovar. No campo do comercio exterior, o Fundo Setorial realizar iniciativas
transformadoras, face ao dinamismo dos avanços tecnológicos mundiais.
Continuando ainda a ABAG (2002) diz que os novos focos de cooperação
internacional precisam atualização e ampliação de conceitos, reprogramação de
atividades, criação de instrumentos e aperfeiçoamento institucional. Para isso, o
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), na qualidade de formulador e gestor da
Política do Fundo Setorial para o Agronegócio, tem envidado grandes esforços para
elevar a taxa de dispêndio global em ciência, tecnologia e inovação. A política de
desenvolvimento no agronegócio é de grande importância para introduzir o
progresso técnico nas suas cadeias produtivas, tornando-as mais competitivas num
ambiente de integração econômica, crescendo de importância neste contexto. A
criação do CT-Agronegócio é uma importante iniciativa para intensificar os
investimentos e garantir estabilidade à alocação de recursos para esta área, e
constitui-se numa agenda fundamental para nortear ações dos setores público e
33
privado, visando aumentar a competitividade desse importante segmento da
economia, através da utilização da capacitação científica e tecnológica do País.
Assim sendo, as diretrizes do Fundo Setorial - Agronegócios, segundo o
MCT, estão fundamentadas nos seguintes objetivos globais:
Objetivo
Global
1
-
Viabilizar
processos
tecnológicos
para
o
desenvolvimento de um agronegócio inovador com ampliação de novos mercados
em uma economia global.
Objetivo Global 2 - Viabilizar processos tecnológicos que contribuam para
o desenvolvimento sustentável.
Objetivo Global 3 - Viabilizar processos tecnológicos que contribuam para
a redução dos desequilíbrios regionais e das desigualdades sociais.
Objetivo Global 4 - Viabilizar processos tecnológicos que promovam a
melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
Objetivo Global 5 - Viabilizar mecanismos que ampliem a geração,
transferência e difusão de tecnologias.
Objetivo Global 6 - Gerar novas empresas de base tecnológica e estimular
o crescimento do parque empresarial existente no País.
O agronegócio tem se apresentado, tanto no Brasil como no exterior,
como um dos segmentos no País com maior impacto para o seu desenvolvimento.
Essa é a atividade da economia com maior capacidade de geração de empregos e o
maior irradiador de estímulos para outros setores. O Agronegócio movimenta em
torno de US$ 200 bilhões por ano. Seus efeitos positivos refletem-se na indústria e
no comércio, estimulando a economia do mercado aumentando a oferta de produtos
e conseqüentemente de empregos, além de gerar muitos outros benefícios.
34
Oportunidades para o Brasil aumentar a oferta de emprego e dinamizar as atividades
produtivas, frente à atribulada conjuntura econômica, e convergem para a
recomendação de que o setor que mais rapidamente pode responder de forma
positiva a este desafio é o do agronegócio.
Segundo dados do CEPA (2002/2003) as estatísticas da balança
comercial indicaram, em 2001, que o valor das exportações do agronegócio
alcançou cerca de US$ 23,8 bilhões, contra US$ 20,6 bilhões em 2000. O resultado
foi um saldo superior a US$ 18,7 bilhões, cerca de 26% maior do que em 2000 e
54% a mais do que o saldo comercial de 1996. Ademais, a exportação de produtos
do agronegócio brasileiro tem sido superavitária desde 1996, compensando outros
setores que foram deficitários.
Diz ainda que apesar desta performance, a participação do Brasil no
comércio
internacional ainda é
pequena
se
considerarmos as
condições
privilegiadas de disponibilidade de terras agricultáveis e a existência de diversidade
de condições do solo e clima no País. O aumento do quantum exportado pelo
agronegócio tem gerado um volume de divisas desproporcional, pois o preço real
médio do commodities vem se reduzindo ao longo dos anos. Portanto, fica latente a
necessidade de agregação de valor aos itens de exportação do agronegócio.
As cadeias produtivas do agronegócio brasileiro englobam atividades de
produção agrícola (lavouras, pecuária, extração vegetal), de fornecimento de
insumos, de processo agro-industrial e de todas as áreas que dão suporte ao fluxo
de produtos até o consumidor final (transporte, comercialização, etc). Isto significa
que o seu valor agregado passa por cinco mercados distintos: suprimento, produção,
processamento, armazenamento e distribuição, bem como pelo consumo final. O
setor de agronegócio comparece com 37% dos empregos ofertados e 40% das
35
exportações, segundo dados publicados pela Associação Brasileira de Agronegócios
(ABAG, 2002).
É preciso continuar criando condições para que o agronegócio se
desenvolva, integrando todos os seus segmentos, tais como: a agropecuária, as
agroindústrias, as indústrias de insumos químicos, assim como as bolsas de
mercadorias, assistência técnica, pesquisa e suprimento de crédito. A exemplo do
que acontece em outros setores, o agronegócio brasileiro também enfrenta o desafio
de ter de superar as adversidades e a complexidade de acesso aos mercados
interno e externo. Apesar das negociações para reduzir as tarifas fiscais, os países
desenvolvidos criam barreiras técnicas, como programas de preservação de
identidade, de inocuidade, rastreabilidade e origem, além de manterem elevados
subsídios aos produtores. Estas são as principais barreiras à expansão do comércio
mundial, principalmente, nos mercados dos países desenvolvidos.
Contudo, o agronegócio brasileiro é um setor em expansão e desfruta de
perspectivas de ganhos de participação no mercado mundial.
A ABAG (2002) diz que as instituições de desenvolvimento científico e
tecnológico devem continuar colaborando na organização e no desenvolvimento de
métodos e processos que garantam cadeias produtivas eficazes e eficientes. Na
verdade, o governo brasileiro vem adotando importantes medidas para assegurar ao
setor as condições necessárias ao seu desenvolvimento e adequação aos novos
rumos da economia mundial. Dentre essas medidas podemos citar o segmento de
transportes no âmbito do programa “Brasil em Ação”, dando prioridade à
implantação de uma logística integrada, aproximando os produtos e a agroindústria
dos mercados interno e externo; o Programa de Erradicação da Febre Aftosa; o
desenvolvimento da fruticultura irrigada; o fortalecimento do PRONAF e o
36
desenvolvimento de ações para inserção dos pequenos produtores nas atividades
produtivas. A própria criação do fundo Setorial para o Agronegócio constitui em um
incentivo que vem acrescentar e contribuir significativamente para a diversificação e
expansão do agronegócio.
De acordo com Batalha (2001) o agronegócio está sendo transformando o
panorama sobre a geração de empregos e de divisas. No Brasil os programas de
políticas públicas que direta e/ou indiretamente apóiam o setor, pode-se assegurar
que além da questão mercantil existe também no mundo rural um novo padrão de
desenvolvimento, no qual se busca a atenuação das disparidades econômicas,
sociais, regionais, com crescimento sustentado e valorização do trabalho. Portanto,
ao reconhecer sua importância, em termos estratégicos, o governo brasileiro
também reitera suas preocupações com os problemas ambientais, para manter um
desenvolvimento sustentável em equilíbrio como ecossistemas agro-rurais e a
biodiversidade. Também, procura definir e oferecer condições para implementação
de uma política de desenvolvimento tecnológico para o setor agronegócio, de forma
que permita ampliar e disseminar no meio empresarial, inclusive das pequenas e
médias empresas, a prática da inovação como recurso estratégico e determinante
para a competitividade.
Continuando ainda, Batalha (2001) diz que o Brasil vem construindo a
base de sua legislação de segurança biológica de modo a respaldar as decisões e
negociações que envolvam questões de biossegurança. A legislação vigente oferece
regras para o patenteamento e proteção às novas tecnologias desenvolvidas, bem
como base legal para a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança estabelecer
normas e procedimentos para testes, pesquisa e liberação no meio ambiente de
organismos geneticamente modificados. O projeto da Lei de Inovação cria incentivos
37
e procedimentos que viabilizam o processo de transferência do conhecimento
gerado nas instituições de pesquisa para o setor produtivo. Este suporte legal
estabelece as ferramentas necessárias para promover o desenvolvimento científico
e tecnológico no País, gerando processos e produtos que venham a responder as
necessidades econômicas e sociais dos mais diversos setores usuários dessas
tecnologias.
Segundo o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), instituído
em 1992, pela portaria de nº 193, e integrado pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) e suas Unidades, pelas Organizações Estaduais de
Pesquisa Agropecuária (OEPAS), por universidades e institutos de pesquisa de
âmbito federal ou estadual, bem como por outras organizações públicas e privadas,
direta ou indiretamente vinculadas à atividade de pesquisa agropecuária, como as
cooperativas, sindicatos, fundações e associações. Com base nas informações
disponíveis contabilizou-se a existência de 122 instituições, consideradas líderes na
realização de pesquisas nas áreas das ciências agrárias. Além destas, existem
cerca de 1.600 cooperativas e 190.000 empresas atuantes nos setores que
compõem o agronegócio nacional, muitas das quais, certamente, fazendo uso da
pesquisa e/ou de seus resultados como instrumento de competitividade.
A Embrapa, que conta com aproximadamente 2.000 pesquisadores, é
atuante em áreas temáticas como ciência do solo, melhoramento genético, recursos
florestais, ecologia e meio ambiente, agroindústria, instrumentação agropecuária
entre
outras,
possuindo
39
Unidades
descentralizadas
de
pesquisa
e
desenvolvimento.
Suas Unidades, que desenvolvem e aplicam fortemente ciência, tecnologia
e inovação no segmento, possibilitaram que culturas como a soja e o trigo fossem
38
plantados em latitudes antes inimagináveis; adaptaram o milho a solos de cerrado,
que eram considerados improdutivos; e desenvolveram, recentemente, uma
fruticultura de exportação, colaborando para a recuperação social e econômica de
regiões do País. Em se tratando do grupo das OEPAS, que é composto por
21entidades, tem-se que dos 26 Estados brasileiros 16 possuem instituições de
pesquisa.
Na lei nº 8.171, de 17.01.91 tem-se no artigo 1º, parágrafo único
(Ministério da Agricultura e Reforma Agrária), que a atividade agrícola é a produção,
o processamento e a comercialização dos produtos, subprodutos e derivados, os
serviços agrícolas, pecuários, pesqueiros e florestais. Nesta mesma Lei, no artigo
11º, parágrafo único, foi o Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária autorizado
na época a instituir o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), sendo a
pesquisa agropecuária (concentradas majoritariamente nas regiões Centro-Oeste,
Sudeste e Sul).
Numericamente, há um total da ordem de 1.800 pesquisadores realizando
2.100 projetos de P&D, com mais de 5.000 experimentos nos seus 230 laboratórios
e 215 estações experimentais. Vale destacar que o trabalho desenvolvido pelas
OEPAS tem contribuído significativamente aos setores da bovinocultura de corte e
de leite, certificação da qualidade sanitária, produção de variedades de grãos e
oleaginosas, entre outras. No grupo das Instituições de Ensino Superior (IES), o qual
é formado por 135 instituições, classificadas entre federais (37), estaduais e
municipais (25), particulares (40) e comunitárias (33), tem-se que 62 delas têm sido
ativas no desenvolvimento de projetos de pesquisa nas áreas das agrárias. Nestas
62 instituições, que contam com um corpo técnico formado por cerca de 10.400
pesquisadores, realizaram aproximadamente 6.500 projetos de P&D no período de
39
1997 a 2000, predominantemente nas áreas de produção vegetal, ciências
ambientais, desenvolvimento rural, qualidade e produtividade, biotecnologia e
nutrição e alimentação.
Quanto às cooperativas, este grupo é formado por cerca de 7.000
unidades
atuantes
em
12
ramos
de
atividades,
estando
localizadas
predominantemente no Sudeste, que é seguido, com um menor número de
estabelecimentos, pelas regiões Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste. Em se
tratando do setor agropecuário, o mesmo possui cerca de 1.600 cooperativas,
posicionando-se em 2º lugar e contando com aproximadamente 800.000 agricultores
associados.
Uma outra questão significativa é a participação dessas cooperativas nas
áreas do trigo, da cevada, da aveia, do algodão e da soja no que se refere à
armazenagem destes produtos. Cabe mencionar, ainda, a Associação Brasileira das
Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti) com a existência de 25 institutos, 31
fundações, 13 centros e 14 outras instituições 2 que têm o agronegócio como uma
das suas atividades. Estão incluídas secretarias, coordenadorias, associações e
sociedades. Suas áreas de atuação e, por conseguinte, poderão integrar ações a
serem desenvolvidas sob a orientação do Comitê Gestor do CT-Agronegócio.
No segmento privado, identificou-se aproximadamente 190.000 empresas
atuantes no agronegócio nacional, desde a parte de insumos, passando pela
produção e processamento, até a distribuição. Deve-se ter em mente que, para as
empresas competirem em seus mercados, variáveis como preço, marca, qualidade,
e estabilidade de entrega é importante, muito embora na atualidade a inovação em
produto ou em processo venha ganhando destaque. Por esta razão, considera-se
estratégico o investimento em inovação no País, desde a tecnologia de processo,
40
produto e serviços até a organizacional, preferencialmente de forma articulada com
as organizações públicas de pesquisa que, conforme já mencionado, detém um
potencial na área de CT&I, que pode ser mensurado pelo número de pesquisadores
qualificados e pelos experimentos já realizados.
É importante destacar que neste universo de técnicos e pesquisadores
que dirigem e formam a grande estrutura do Agronegócio na Brasil, os gestores, os
administradores com suas atividades e ferramentas peculiares a formação de
preços, a gestão de custos, o planejamento estratégico, e a contabilidade rural das
empresas de agronegócio, não foram citados ou convidados a participar da
discussão em torno das diretrizes do Agronegócio para este novo contexto que exige
competitividade e eficácia.
Neste sentido, o Fundo Setorial pode ser visto como uma alavanca de um
plano maior para o agronegócio brasileiro, a ser desenvolvido em um modelo
integrado que envolva uma visão estratégica a ser elaborada pelos gestores das
cadeias produtivas e instituições pública e privadas do setor.
Segundo a ABAG (2002) as mudanças ocasionadas pela globalização têm
exigido várias transformações nas políticas técnico-científicas do País, tendo em
vista a necessidade de se incorporar inovações às atividades produtivas. Dessa
forma, o Agronegócio ganhou destaque pelo seu caráter estratégico para o
desenvolvimento sustentável em bases competitivas. Neste contexto, que inclui
competitividade e valorização do conhecimento e da informação, o Brasil precisa
implantar um novo modelo de desenvolvimento econômico e social. E também
preparar gestores capazes de efetuar esta mudança.
Na verdade, a passagem para este novo modelo já vem ocorrendo no
nosso País. As questões relacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico
41
passaram a ter um enfoque que privilegia a “qualidade” e a “competitividade”, que
surgem como de fundamental importância para o agronegócio brasileiro. O desafio
decorrente deste novo paradigma é a inserção das atividades produtivas no Sistema
de Ciência, Tecnologia e Inovação, que vêm passando, pelo menos em parte, por
um processo de reconversão no qual a capacitação tecnológica é um elemento
essencial. Assim como é necessário para que essas mudanças ocorram gestores
cujo perfil profissional correspondam ao caráter empreendedor das pessoas que
fazem acontecer. Este tema será mais bem aprofundado no capítulo seguinte.
2.4. O perfil empreendedor do gestor em agronegócios
Segundo Dornelas (2001), a palavra empreendedor é de origem francesa
e quer dizer: aquele que assume riscos e começa algo novo, e a primeira definição
foi inferida a Marco Pólo. O mesmo tentou estabelecer uma nova rota para o orienta
em parceria com um homem que possuía muito dinheiro. Era considerado
empreendedor o aventureiro aquele que assumia o papel ativo no empreendimento.
Dornelas (2001) em seu livro “Empreendedorismo: transformando idéias
em negócios”, organiza por período de tempo, o desenvolvimento do termo
empreendedorismo. Inicia dizendo que na idade média o termo empreendedor era
usado para identificar aquele que administrava grandes projetos de construções.
Esta pessoa embora não investisse financeiramente no negócio, assumia todos os
riscos, utilizando geralmente os recursos da instituição governamental.
Já no século XVII ocorreu a primeira relação entre assumir riscos e
empreendedorismo. Isto acontecia da seguinte forma: o em prendedor realizava um
42
contrato com o governo onde os preços eram fixados e o resultado fosse este
negativo ou positivo era responsabilidade do empreendedor. O economista Richard
Cantillon (séc. XVII) (apud DORNELAS, 2001) é considerado um dos criadores do
termo empreendedorismo, pois foi um dos primeiros a diferenciar o termo
empreendedor (aquele que assume os riscos) do capitalista (aquele que fornece o
capital).
Em meados do século XVIII os termos: capitalista e empreendedor foram
diferenciados conseqüência do inicio do processo de industrialização que estava
ocorrendo no mundo. Dando continuidade Dornelas (2001) diz que no inicio do
século XX, os empreendedores foram continuamente confundidos com gerentes e
administradores. Sendo que a diferença entre eles é que o empreendedor tem algo
mais, algumas características e habilidades os diferencia.“O empreendedor é um
administrador, mas com diferenças consideráveis em relação aos gerentes ou
executivos de organizações tradicionais, pois os empreendedores são mais
visionários que os gerentes” (DORNELAS, 2001, p. 33).
O mesmo afirma ainda que os empreendedores têm, a partir do momento
que a organização cresce, dificuldade de administrá-la, visto que se preocupam mais
com os aspectos estratégicos. Conclui ainda que: “O gerente é voltado para
a
organização de recursos, enquanto o empreendedor é voltado para a definição de
contextos” (DORNELAS, 2001, p. 34).
É importante ainda observar que o empreendedor de sucesso tem uma
característica única pois conhece, como poucos, o negócio onde atua, isto deriva de
tempo e experiência. Este fato talvez seja o principal motivo que leva muitas
empresas a falência. Pois só o entusiasmo não é suficiente para gerenciar uma
empresa. O autor conclui que o empreendedor é aquele que percebe uma
43
oportunidade e desenvolve um negócio para capitalizar sobre ela. Isto inclui assumir
riscos e perigos calculados. Para qualquer definição de empreendedorismo é
importante incluir os seguintes aspectos: paixão pelo que faz, iniciativa, criatividade
para transformar, aceitar os riscos e possibilidade de fracasso. Isto quer dizer que o
empreendedorismo envolve o processo de criação de algo novo, de valor, o que
requer devoção comprometimento e esforço para o desenvolvimento do negócio.
O talento empreendedor é resultado da percepção, objetivo, dedicação e
persistência de muito trabalho de pessoas que fazem acontecer. As pessoas
empreendedoras
são
responsáveis
pelo
crescimento,
diversificação
e
desenvolvimento de novos negócios. Os componentes principais para que haja esta
situação é o talento, a tecnologia e o investimento do capital de risco. Isto é o que dá
a possibilidade do projeto sair do papel.
É possível perceber que o Empreendedorismo é uma alavanca que
promove positivamente o desenvolvimento dos paises. O surgimento do mesmo
passa por definições e comparações com conceitos administrativos até que se
percebe que o entendimento do processo empreendedor deve ser abordado de
forma objetiva, visando prover dentro do agronegócio dados que façam refletir e criar
possibilidade desde torná-los práticas efetivas no meio do Agribussiness.
Já em seu livro O segredo de Dornelas (2001, p. 28), diz que o
empreendedor é “uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Acrescenta
ainda que este é um ser social produto do meio em que vive. Se uma pessoa vive
em um em que ser empreendedor é visto como algo positivo, então terá motivação
para desenvolver e criar seu próprio negócio. É também um fenômeno localizado,
pois em alguns lugares há mais que em outros. Pode variar de um lugar para outro.
44
Enfim, o empreendedor é definido pelo mercado como alguém que faz
acontecer, cuja visão de futuro, agilidade e criatividade, o coloca em um espaço
diferenciado e conseqüentemente com possibilidades competitivas privilegiadas.
Muito se tem falado deste requisito e organizações do mundo inteiro passaram a
“cobrar” esta postura. Pessoas se desgastam buscando fora às competências do
empreendedor, equivocadamente, quando os habilitadores das mesmas já existem
dentro de si.
O novo se constrói quando se abre caminho para a expressão dos talentos
e assumem-se as qualidades internas. Reconhecer os talentos, as habilidades que
se tornam competências, são ferramentas com as quais é possível vencer desafios e
ampliar os limites “territoriais”. Para Schumpeter (1949), ser empreendedor, é ser o
agente do processo de destruição criativa, este processo é inerente ao sistema
capitalista, visto que, a busca por inovações, melhorias, a constante reinvenção leva
ao consumismo, marca registrada do capitalismo. Por outro lado, a não
conformidade estimula o progresso, o desenvolvimento, a melhor qualidade de vida.
Este processo faz com que, cada vez que um produto novo, ou um serviço aparece
no mercado, está sendo oferecido algo melhor e mais barato.
Em seu livro, “Capitalismo, Socialismo, e Democracia”, Schumpeter (1949)
comenta ainda que foi a falta deste embrião que levou o socialismo ao insucesso. O
agente empreendedor é aquele que não se conforma, que está sempre procurando
fazer algo novo, algo mais barato e melhor. Conceituando Schumpeter (1949, p. 49)
diz que: “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente, pela
introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de
organização e pela exploração de novos recursos materiais”.
45
Lembuk (1988), diz que o empreendedorismo exige competência. A
competência se traduz em habilidades, conhecimento e atitudes, que são
perceptíveis em seis níveis do pensamento:
-
Nível I – Eficácia – fazer as coisas certas;
-
Nível – Eficiência – fazer as coisas de maneira correta;
-
Nível III – Melhoria – fazer melhor as coisas certas;
-
Nível IV – Enxugamento – livrar-se das coisas supérfluas;
-
Nível V – Inédito – fazer coisas que ninguém está pensando;
-
Nível VI – Busca do impossível – fazer coisas que ainda podem ser feitas.
Lembuk (1988) cita ainda algumas habilidades pessoais e interpessoais
que define o caráter empreendedor sendo elas:
-
Habilidade de comunicação escrita e oral;
-
Raciocínio e pensamento crítico;
-
Habilidade na resolução de problemas;
-
Autodisciplina - habilidade para agir com responsabilidade, aplicação de
princípios éticos e estabelecer e avaliar metas;
-
Adaptabilidade e flexibilidade;
-
Habilidade interpessoais crítica, incluindo falar, ouvir e habilidades para ser parte
de um time;
-
Respeito pelo valor do esforço, entendimento da ética do trabalho e necessidade
de contribuição individual e autodisciplina.
Bernardi (2003) define as pessoas, dividindo-as em dois grupos: uma
pequena minoria que quando desafiada briga por quaisquer coisas e uma grande
46
maioria que não se importa tanto assim. O primeiro grupo tem características de
empreendedor que é a necessidade de ser o primeiro, o melhor, de realizar, quando
começa alguma coisa vai até o final, realiza aquilo que começou. O segundo grupo é
mais acomodado, é do tipo que pensa que é melhor sair com a namorada, do que
ser o primeiro da classe, “ser primeiro da classe não está com nada na prática a vida
é outra” (BERNARDI, 2003, p. 67).
A maioria dos empreendedores almeja o grande sucesso. Mas isso
depende de cada empreendedor. Depende principalmente dos objetivos pessoais de
cada um. De ter claro as suas competências essenciais, e a partir daí antes de
iniciar qualquer atividade definir que tipo de sucesso ele pretende alcançar.
Acredita-se que o profissional do agronegócio deverá desenvolver o
seguinte perfil:
-
visão sistêmica que lhe permite utilizar o conhecimento adquirido para
administrar os diversos processos do agronegócio em sintonia com demais
organismos;
-
flexibilidade para aceitar, compreender implementar as mudanças necessárias
nas organizações de acordo com as exigências do tempo e as variáveis
organizacionais;
-
criatividade e proatividade que permita ao gestor o uso da inovação como
vantagem competitiva antecipando-se as demandas organizacionais, políticas
econômicas tanto da concorrência como públicas;
-
capacidade empreendedora, exigência para o desenvolvimento e práticas de
novos negócios que aperfeiçoe a gestão de agronegócio e promovam o
desenvolvimento regional, melhorando a rentabilidades dos investidores;
47
-
valores éticos e superiores, tendo em vista uma sociedade responsável e
solidária, o desenvolvimento sustentável e o respeito ao meio ambiente;
-
Visão do mundo atualizada que permita ao gestor compreender as variáveis
políticas, sociais, econômicas, culturais tecnológicas e ecológicas do macro e
micro ambiente a fim de traçar estratégias compatíveis com a realidade global
numa constante adequação;
-
Capacidade decisiva, visto que esta é a principal ferramenta do processo de
administração de empresas;
-
liderança para motivar e gerenciar pessoas;
-
autonomia intelectual, com a compreensão da necessidade de continuidade,
desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional;
-
raciocínio, análise e síntese.
Dornelas (2001), baseado na pesquisa de Timmons (1985) e Hornaday
(1982) apresenta as principais características dos empreendedores são elas:
-
O empreendedor tem um modelo, uma pessoa que o influencia;
-
Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização;
-
Trabalha sozinho;
-
Tem perseverança e tenacidade;
-
O fracasso é considerado um resultado como outro qualquer. O empreendedor
aprende com os resultados negativos, com os próprios erros;
-
Tem grande energia. É um trabalhador incansável. Ele é capaz de dedicar-se
intensamente o trabalho e sabe concentrar os seus esforços para alcançar
resultados;
48
-
Sabe fixar metas e alcança-las. Luta contra padrões impostos. Diferencia-se.
Tem a capacidade de ocupar um espaço não ocupado por outros no mercado,
descobrir nichos;
-
Tem forte intuição. Como no esporte, o que importa não é o que sabe é o que
faz;
-
Tem sempre alto comprometimento. Crê no que faz;
-
Cria situações para obter feedback sobre o seu comportamento e sabe utilizar
tais informações e sabe utilizar tais informações para o seu aprimoramento;
-
Sabe utilizar, buscar e controlar recursos;
-
É um sonhador realista. Embora racional, usa também a parte direita do cérebro;
-
É líder. Cria um sistema próprio de relações com os empregados. É comparado a
um líder de banda, que dá liberdade a todos os músicos extraindo deles o que
têm de melhor, mas conseguindo transformar o conjunto em algo harmônico,
seguindo uma partitura, um tema, um objetivo;
-
É orientado para resultados, para o futuro para o longo prazo;
-
Aceita o dinheiro como uma das medidas do seu desempenho;
-
Tece rede de relações (contatos, amizades) moderadas, mas utilizadas
intensamente como suporte para alcançar os seus objetivos. A rede de relações
interna é mais importante que a externa;
-
O empreendedor de sucesso conhece muito bem o ramo que atua;
-
Cultiva a imaginação e aprende a definir visões;
-
Traduz seus pensamentos em ações;
-
Define o que deve apreender para realizar suas visões;
49
-
Cria um método próprio de aprendizagem. Aprende a partir do que faz emoção e
afeto
são
determinantes
para
explicar
o
seu
interesse.
Apreende
indefinidamente;
-
Tem alto grau de internalidade, o que significa a capacidade de influenciar as
pessoas com as quais lida e a crença de que pode fazer algo para mudar o
mundo;
-
O empreendedor não é um aventureiro: assume riscos moderados. Gosta do
risco e faz tudo para minimizá-los. É inovador e criativo;
-
Tem alta tolerância à ambigüidade e a incerteza e é hábil em definir a partir do
indefinido;
-
Mantêm um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para
detectar as oportunidades do mercado.
O perfil empreendedor poderá ser desenvolvido por meio de um Curso de
Gestão em Agronegócio onde o ensino, a pesquisa e extensão voltadas à solução
das distorções técnico-produtivas no setor primário da economia, poderão trazer
grandes benefícios à atividade de agronegócio. O profissional graduado em Gestão
de Agronegócios além de administrador terá conhecimento e práticas que
contextualizam o ambiente macro e micro do agronegócio, as estruturas, as
tecnologias, a preservação do meio ambiente promovendo os desenvolvimentos
regionais sustentável, propiciando renda e recursos próprios para os seus
investidores, tanto para o setor de agronegócios, como para o contexto social ao
qual está inserido.
50
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Buscando compreender a necessidade de um curso superior como
diferencial competitivo dos gestores do agronegócio e em função da complexidade
temática, que aborda tanto dados de fontes oficiais como anuários, a teoria e tendo
uma variedade e diversidade de elementos implícitos na discussão, optou-se por
uma pesquisa de caráter predominantemente qualitativa para entender o assunto. A
mesma valoriza vários aspectos do fenômeno observado deixando transparecer o
emaranhado que é a vida cotidiana e de seus atores sociais. Segundo Chizzotti
(1998, p. 79): “a abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva e o objeto, um
vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”.
E para entender esta complexidade e a interdependência, entre sujeito e
objeto, a pesquisa de campo foi uma escolha plausível, pois coloca o pesquisador
em interação com este meio. Neste sentido Minayo (2000, p. 64) diz que: “o
observador enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face
a face com os entrevistados”.
As técnicas utilizadas para a coleta de dados foram à análise documental,
a entrevista semi-estruturada composta por questões que respondem aos objetivos
propostos (Apêndice A). A entrevista semi-estrururada, segundo Minayo (2000) é um
processo que permite uma participação ativa dos sujeitos, pesquisador e
pesquisado, permitindo uma possibilidade intensiva de interação.
A entrevista consistiu em coletar informações que ajudaram à resolução
do problema levantado. Os sujeitos implicados na pesquisa foram pessoas ligadas
diretamente ao agronegócio como cooperativas, empresas, secretaria de agricultura
51
e sindicatos rurais. A entrevista foi realizada com um número delimitado de pessoas,
após um contato maior com o universo da pesquisa, sendo realizado pela
pesquisadora junto a profissionais e docentes ligados ao agronegócio da região sul
do Estado de Santa Catarina. Foram realizados num total de dez entrevistas, onde
se apresenta a seguir o resultado. Para a análise de dados utilizou-se a análise dos
conteúdos.
52
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA
Durante as entrevistas com os sujeitos que representavam a amostra da
pesquisa e na análise das mesmas pode-se perceber que todos os pesquisados
consideraram
importante
o
curso,
tendo
como
justificativa
de
análise
o
desenvolvimento sustentável da região, trazendo uma maior qualificação, novas
tecnologias, geração de renda e emprego com isso o crescimento dos municípios,
bem como melhorar as condições do uso do solo e da água. A resposta de um dos
entrevistados foi a seguinte: “Considerando as inegáveis transformações que a
agricultura e as cadeias produtivas, as industriais e o comercia, no que tange aos
padrões produtivos e tecnológicos no mundo do agronegócio, é de vital importância
para a formação de profissionais capazes de estabelecerem o equilíbrio entre a
maximização dos resultados, e a competitividade dos processos, bem como a
minimização dos impactos ambientais gerados pelo processo produtivo”.
Quanto ao item Geração de Emprego e renda para a região todos
consideram que a implantação de um curso de Gestão em Agronegócio teria
participação na geração de emprego e renda para a região, capacitando as pessoas
para
novos
negócios,
aumento
da
percepção
para
ingressar em
novas
oportunidades, sendo que a região carece de profissionais desta área. É o que se
traduz no depoimento de um dos participantes da pesquisa: “É incontestável, que a
implantação de um curso de Gestão de Agronegócios terá uma efetiva participação
na formação de profissionais empreendedores, capazes de identificar as
oportunidades de mercado, gerenciando com maior eficácia empreendimentos
existentes, ou ainda criando um novo negócio. Contribuindo dessa forma para o
53
desenvolvimento regional, agregando valor à produção, gerando renda e novos
empregos”.
Quando questionados sobre as Novas Tecnologias de Gestão e Produção
todos concordam que a implantação de um curso de Gestão de Agronegócio é
capaz de inserir novas tecnologias de gestão e produção, proporcionando novas
idéias e conhecimentos, capacitação e automatização para esse setor que hoje está
entre os que mais se desenvolvem no país como se pode observar na seguinte
resposta de um dos entrevistados: “Vivemos em uma era caracterizada por grandes
metamorfoses e avanças tecnológicos nos diversos setores da vida. Pertencemos,
portanto, a uma sociedade em constante movimento. Assim sendo, a agropecuária,
a indústria
e o comércio, passam por transformações notáveis. E para atender
essas necessidades geradas por processos cada vez mais dinâmicos,
torna-se
essencial à busca e a utilização de novas tecnologias, a fim de fazer frente às novas
variáveis, oriundas do processo evolutivo e do mundo globalizado”.
Continuando a análise, observou-se que das respostas obtidas quanto aos
benefícios que a pequena empresa e a agricultura familiar obteriam com a gestão
por profissionais especializados, percebeu-se que os conhecimentos administrativos
poderiam desenvolver o negócio. O gestor com uma visão mais ampla e globalizada
tornariam os negócios mais rentáveis e produtivos.
Quanto há Novos Empreendimentos e a fixação e o retorno do Homem ao
Campo, todos os entrevistados concordam que um curso de Gestão de Agronegócio
irá contribuir para novos empreendimentos, a fixação e o retorno do homem ao
campo, devido a melhor capacitação dos envolvidos, trazendo crescimento da
produção, fazendo com que as pessoas se interessem mais pelo negócio e
percebendo novas expectativas. É neste sentido a afirmativa de um dos
54
entrevistados: “É óbvio e latente, que o foco empreendedor dado por um curso
superior em Gestão de Agronegócio possibilitará melhoramentos significativos aos
sistemas produtivos e negócios já existentes. Também, será fator gerador de novos
empreendimentos e do desenvolvimento regional. Conseqüentemente, esses fatores
estarão contribuindo para a fixação e o retorno do homem ao campo”.
Da mesma forma quando se questionou sobre o Perfil do Empreendedor e
a Valorização do Empresário Rural todos foram unânimes, afirmando que, uma
formação superior em agronegócio poderia interferir positivamente no perfil
empreendedor e na valorização do empresário rural, contribuindo para uma maior
conscientização no uso dos agrotóxicos, mudando o perfil do meio rural, melhorando
a capacidade para gerir e administrar os negócios.
Quanto aos critérios que deveriam ser considerados para a implantação
de um curso de Gestão de Agronegócio de acordo com as respostas dos
pesquisados foram: Região com aptidão para agropecuária; número de propriedades
rurais na região; a cultura regional; a vocação regional; a qualificação do corpo
docente; local com infra-estrutura adequada; aptidão econômica regional; acesso
aos pequenos produtores e locais do curso.
No que se refere aos candidatos que ingressariam no curso, de acordo
com os resultados da pesquisa preferencialmente os candidatos que deveriam
ingressar no curso seria: pessoas que concluíram o segundo grau; pessoas com
interesse em agronegócios; técnicos agrícolas; alunos egressos do segundo grau;
empreendedores do setor do agronegócio, interessados no agronegócio; pequenos
proprietários rurais; pessoas ligadas ao agronegócio; profissionais de cooperativas e
os demais interessados.
55
No que se refere aos questionamentos de Formação Adequada para o
Gestor, às disciplinas citadas pelos pesquisados foram: Noções de Gestão de
Negócios e Laboratórios, Administração de Custos, Mercado de Capitais,
Administração
Rural,
Contabilidade
Rural,
Empreendedorismo;
Estatística,
Matemática Financeira, Marketing, Computação, Contexto socioeconômico regional,
Planejamento e Análise de Projetos, Logística, Economia e Sociologia. É importante
ressaltar que 40% dos entrevistados não se sentiram aptos a darem tal informação.
Para concluir é importante ainda ressaltar que de acordo com os
entrevistados o agronegócio tem-se estruturado de forma diversificada e os
processos estão cada vez mais dinâmicos e competitivos. E nesse contexto, a
agricultura familiar e as pequenas empresas são os segmentos que mais
apresentam dificuldades de adaptação aos novos mecanismos de gestão
envolvendo as atividades: cooperativas, agrícolas, industriais e comerciais, além da
dependência dos programas e órgãos governamentais. Assim sendo, um profissional
com formação acadêmica em Gestão de Agronegócios agregará inúmeros
benefícios à pequena empresa e a agricultura familiar, pois esta poderia usar seu
conhecimento local para agir.
Por fim, pode-se inferir que é natural do ser humano buscar melhores
condições de vida para si e sua família. As dificuldades de ampliação e gestão dos
processos produtivos no meio rural e os desafios impostos ao homem do campo,
nos dias atuais, geraram falta de investimento neste setor produtivo e
conseqüentemente a redução do nível de emprego no campo. Tais fatores fizeram
com que esse homem vislumbrasse no meio urbano, condições melhores para viver,
objetivo este, muitas vezes, frustrado pela dura realidade urbana.
56
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do presente trabalho de pesquisa realizada com grupo de pessoas ligadas
ao agronegócio da região sul do estado de Santa Catarina, após estudos e análise
dos dados foi possível concluir o seguinte:
a) A necessidade de ser desenvolvido um curso em Gestão em
Agronegócios nesta região, bem como compreender os benefícios que um curso
deste tipo poderá trazer para o desenvolvimento regional e na contribuição do
aumento de renda para pessoas ligadas ao agronegócio.
b) O curso de agronegócio é uma inovação que irá se fundamentar nos
instrumentos já consolidados nos cursos de administração já existentes na região. O
desenvolvimento do agronegócio configura-se como o setor que mais cresce no
Brasil e não poderia ser diferente no sul do estado. É indiscutível a importância do
desenvolvimento do agronegócio e a necessidades de inserir neste contexto novas
tecnologias de gestão e produção para enfrentar os desafios da globalização, em
como ter um gestor com uma visão ampla, globalizada e diferenciada que implicará
no desenvolvimento da região.
c) As características regionais de pequenos agronegócios serão beneficiadas
sendo que tem grande fundamento e perspectivas dentro do conceito da pequena
propriedade e focaliza o desenvolvimento regional. É uma iniciativa ousada que
oportunizará na ótica do pequeno e que irá preparar profissionais para as mudanças
sociais que implicarão também no retorno ao campo.
O profissional habilitado em Gestão de Agronegócios terá um amplo
campo de atuação como assessor de atividades vinculadas ao agronegócio,
57
consultores administrativos independentes junto às empresas de agronegócios,
assessoria às entidades de classe ligadas ao agronegócio (sindicatos, cooperativas,
prefeituras etc), bem como empreendedores no desenvolvimento e treinamento de
pessoas ligadas ao setor de agronegócio, principalmente na administração de sua
propriedade ou empresa rural.
Neste sentido, é inegável a contribuição que os profissionais habilitados
em agronegócio proporcionarão ao estado de Santa Catarina, principalmente a
Mesorregião Sul Catarinense que compreende os municípios de São Ludgero,
Pedras Grandes, Rio Fortuna, Santa Rosa, São Martinho, Braço do Norte, Grão
Pará, Gravatal, Tubarão, Treze de Maio, Sangão, Capivari de Baixo, Armazém,
Garopaba, Imarui, Imbituba, Laguna, Jaguaruna, Tubarão, Rio Fortuna, e Orleans. A
MRG Criciúma: Cocal do Sul, Criciúma, Forquilhinha, Içara, Lauro Muller, Morro da
Fumaça, Nova Veneza, Siderópolis, Treviso, Urussanga. A MRG de Araranguá,
predominantemente agrícola que compreende os municípios de: Araranguá,
Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Ermo, Jacinto Machado, Maracajá,
Meleiro, Morro Grande, Passo de Torres, Praia Grande, Santa Rosa do Sul, São
João do Sul, Sombrio, Timbé e Turvo. Incluindo MRG Tabuleiro: Águas Mornas,
Alfredo Wagner, Anitápolis, Rancho Queimado, São Bonifácio.
O agronegócio é o mais importante setor econômico do país e o único
setor econômico do Brasil com superávit na balança comercial. Temos hoje no país
56 milhões de hectares cultivados e 220 milhões de hectares de pastagens, entre
naturais e cultivadas, dos quais pelo menos 30 milhões de hectares serão
destinados à agricultura sem prejuízo do meio ambiente. Estes fatores favorecem
uma possibilidade de crescimento do agronegócio.
58
Para isso é preciso avaliar também as questões internas, tais como, a
ampliação do mercado internacional, e na área interna é preciso dar continuidade e
fazer com que as reformas e as políticas públicas levem em conta a isonomia da
concorrência em relação aos países onde se disputa mercados. Esses são fatores
importantes para o progresso do setor, mas deve-se levar que a profissionalização
do setor através da educação continuada como fator decisivo para se possa
encontrar o caminho para o desenvolvimento sustentável.
59
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62
APÊNDICE
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APÊNDICE 1 - QUETIONÁRIO DA ENTREVISTA
A IMPORTÂNCIA DO CURSO SUPERIOR COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO
DOS GESTORES DE AGRONEGÓCIO
Roteiro da entrevista:
1. Tendo como parâmetro de análise, o desenvolvimento sustentável, qual a
importância do curso de Gestão de Agronegócio para a região?
2. A implantação de um curso de Gestão de Agronegócio, teria participação na
geração de emprego e renda para a região?
3. A implantação de um curso de Gestão de Agronegócio é capaz de inserir neste
contexto novas tecnologias de gestão e produção?
4. De que forma a pequena empresa de agronegócio e a agricultura familiar se
beneficiariam com a gestão do agronegócio por profissionais especializados?
5. Um curso superior em Gestão de agronegócio estaria contribuindo para novos
empreendimentos, a fixação e o retorno do homem ao campo?
6. Uma formação superior em agronegócio poderia interferir positivamente no perfil
empreendedor e na valorização do empresário rural?
7. Quais os critérios que deveriam ser considerados para a implantação de um curso
de Gestão de Agronegócio?
8. Preferencialmente quais seriam os candidatos a ingressarem no curso?
9. De acordo com o contexto regional quais disciplinas contemplariam uma formação
adequada para o gestor?
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