9 de abril de 2011
Ano 6 – edição 291
GRANDES INICIADOS
Souza Marques (1894 - 1974)
De origem humilde, estudante negro num país recém saído da abolição da escravatura, bacharelou-se em
Ciências e Letras, tendo graduado-se em Teologia no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, na turma de
1922, com 28 anos de idade.
Casou-se com Leopoldina Ribeiro de Souza Marques, com quem teve sete filhos.
Foi pastor no Paraná durante algum tempo. Voltou ao Rio de Janeiro e formou-se em Direito.
Foi Secretário e Vice-diretor do Colégio Batista do Rio de Janeiro, na época do Dr. Shepard. Por concurso
público de provas e títulos, tornou-se professor do antigo Distrito Federal (Rio de Janeiro).
Em 1929 fundou uma Escola Primária que se transformou no Colégio Souza Marques, posteriormente
integrado na Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, na região de Cascadura, no Rio de Janeiro, que
também mantém uma Faculdade de Medicina.
O governo do Estado do Rio de Janeiro também homenageou-o batizando um Colégio Estadual com o seu
nome: "Colégio Estadual Professor José de Souza Marques".
Seguindo uma tradição norte-americana, de militância de líderes cristãos na maçonaria, foi um destacado
membro do Grande Oriente do Brasil.
Exerceu cargos importantes na administração maçônica, tendo sido inclusive presidente, por muito tempo,
do Supremo Tribunal de Justiça Maçônica. Ainda hoje, a única foto existente no Salão do Conselho do Palácio
Maçônico do Lavradio, é a do Pr. Souza Marques. No mesmo Palácio, a sala de Tribunal de Justiça tem o nome de
José de Souza Marques. Foi também Membro Efetivo do Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocês Antigo e
Aceito, encontrando-se em sua sede em exposição, um retrato pintado a óleo do Pastor Souza Marques.
Em sua homenagem, em 19 de junho de 1981 foi criada a Loja Maçônica José de Souza Marques.
Leia mais detalhes sobre a biografia do Irmão Souza Marques na coluna Polêmica desta edição.
Fonte : http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Souza_Marques
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SÍMBOLOS
Liberdade, Igualdade e Fraternidade
“Em um quadro do programa humorístico “CQC”
exibido no último dia 28, a cantora Preta Gil perguntou ao
deputado Jair Bolsonaro: “se seu filho se apaixonasse por uma
negra, o que você faria?” A resposta, considerada racista por
Preta Gil e por colegas de Bolsonaro no Congresso Nacional,
foi a seguinte: “ô, Preta, eu não vou discutir promiscuidade com
quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos
foram muito bem educados e não viveram em ambientes como
lamentavelmente é o teu".
“O deputado afirmou que se confundiu com a série de
perguntas feitas no quadro e não se referiu aos negros em sua
resposta.
“Desde o episódio, Bolsonaro deu uma série de
entrevistas nas quais fez críticas a homossexuais e elogios à
ditadura militar.”
Fonte:
http://noticias.uol.com.br/politica/2011/04/06/neonazistasajudam-a-convocar-ato-civico-pro-bolsonaro-em-sao-paulo.jhtm
Por suas opiniões, o deputado Jair Bolsonaro tornou-se líder e
inspiração para a extrema direita e neonazistas no Brasil.
Esses estão se organizando e aumentando em número.
Utilizam-se da internet para atrair novos adeptos.
O Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro, Irmão Waldemar Zveiter, já fala sobre esse
perigo há muito tempo e precisamos sim nos posicionar. Intolerância, preconceito, ditadura miilitar são desgraças
que precisam ser combatidas pelos maçons que tenham orgulho de serem reconhecios como tal por seus irmãos.
Aos maçons que compartilham da ideologia golpista e preconceituosa, eu não reconheço como tal.
Robson Granado
A POLÊMICA NA FOLHA
MAÇONS E CRISTÃOS: DEBATE (II/III)1
s afirmar que pertencer a Maçonaria torna-se motivo de "escândalo" aos neófitos.
Ora, pastor José Maria, esta sua afirmação além de temerária, é completamente leviana e desrespeitosa. Percebese, claramente, que esta afirmação é fruto de radicalismo doentio. Diante dessa infundada afirmação, vêm-nos à
lembrança as figuras de dedicados Ministros do Santo Evangelho de diversas denominações evangélicas no Brasil,
entre eles podemos destacar:
Pr. José de Souza Marques (1894 – 1974)
Converteu-se na juventude na Igreja Batista, no Rio de Janeiro, e entrou para o Seminário, onde se formou na
turma de 1922, depois estudou Direito. Desde os tempos de seminarista, era professor. Foi pastor no Paraná por
pouco tempo, voltando ao Rio de Janeiro, fundou uma pequena escola primária, essa escola pequena cresceu,
tornando-se um grande ginásio. Hoje é conhecida como "Fundação Educacional Souza Marques". Além de um
grande educador, o Pastor Souza Marques pastoreou várias Igrejas Batistas, construiu vários Templos Batistas
em Oswaldo Cruz, Realengo e Engenho Novo no Rio de Janeiro. Foi presidente várias vezes da Convenção
Batista Carioca, elegeu-se Vereador no Rio de Janeiro em 1935, e quando faleceu, era Deputado Estadual no
Rio de Janeiro. O pastor José de Souza Marques foi um homem de Deus, um educador, um político e um
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Debate sobre a Maçonaria e os Cristãos com a participação de líderes religiosos e Rev. José Kennedy de Freitas - M I .
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maçom respeitado. O Tribunal Maçônico do Grande Oriente do Rio de Janeiro (GOB-RJ) tem seu nome.
Pr. Dr. Rubens Lopes (1914 – 1979)
Filho de pais portugueses, natural de São Paulo, converteu-se na infância, como adolescente já era pregador da
Santa e Gloriosa Palavra de Deus. Aos 12 anos de idade impressionava os moradores da cidade de Santos,
pelas suas pregações em praça pública. Era um orador nato. Estudou teologia no Rio de Janeiro, porém,
completou seu curso teológico em São Paulo no Seminário Presbiteriano Independente em 1936. Cursou Direito
na Faculdade do Largo São Francisco, não para exercer a advocacia, apenas para estimular os jovens de sua
Igreja, mostrando-lhes que sempre é tempo de estudar. Foi Ordenado ao Santo Ministério da Palavra na Igreja
Batista de Vila Mariana em 1937, foi presidente 14 vezes da Convenção Batista Brasileira. Foi o grande
comandante das Campanhas de Evangelização de 1964, no Brasil, e em 1969 em toda a América. Foi pregador
de rádio e de televisão, falando sempre sem qualquer esquema de papel diante dos olhos. Era conhecido como
o Trovão Batista. Este servo de Deus foi maçom.
Rev. Dr. Álvaro Reis
Um dos maiores oradores que honraram o Ministério da Palavra entre os Presbiterianos. Foi ele, como maçom,
quem interferiu junto ao GOB (Grande Oriente do Brasil), no sentido de postular junto às autoridades
governamentais, proteção ao Rev. Matatias Gomes dos Santos que, pastoreando a Igreja Presbiteriana do Alto
Jequitibá, MG, sofreu torpe perseguição religiosa.
Rev. Pascoal Pita –
Um dos primeiros Missionários da Igreja Presbiteriana do Brasil em Portugal.
Rev. Dr. Jorge Buarque Lyra
Renomado escritor da Academia de Letras de São Paulo, autor de várias obras, dentre as quais destacamos: "A
VIGA MESTRA DA MAÇONARIA"; "A MAÇONARIA E O CRISTIANISMO".
Pr. Paulo Leivas Macalão
Fundador da Assembléia de Deus Ministério de Madureira - Rio de Janeiro, notável administrador e grande
evangelista e maçom. O pastor Paulo Leivas Macalão, também compôs e traduziu vários hinos, que se
encontram na Harpa Cristã, hinário oficial das Assembléias de Deus.
Pr. Túlio de Barros
Durante anos foi pastor da Assembléia de Deus de São Cristóvão – Rio de Janeiro. Um grande homem,
advogado, pregador, em seu Ministério foi um homem de oração. Maçom convicto.
Rev. Galdino Moreira
Uma das mais expressivas figuras do Ministério Presbiteriano. Foi por muitos anos diretor e redator do Jornal "O
PURITANO", onde manteve apreciada coluna sob o título "CONSULTÓRIO BÍBLICO", para responder perguntas
relativas à Bíblia, Doutrinas e etc.
Pr. Salomão Luiz Ginsburg (1867 – 1927)
Israelita de origem, filho de um rabino, o pastor Salomão Luiz Ginsburg nasceu na Polônia, então denominada
Rússia. Converteu-se ao estudar o sentido de Isaías capítulo 53. Aos 23 anos de idade foi ordenado ao
Ministério Pastoral, por um Concílio formado de pastores de várias denominações, entre eles o famoso
Missionário e maçom Hudson Taylor. Salomão Luiz Ginsburg, foi um dos maiores evangelistas em solo brasileiro
entre os batistas, além de ter composto vários hinos e traduzido alguns. Foi o primeiro a batizar no Amazonas e
foi pioneiro em Goiás. Evangelista de grandes recursos, eram constantes suas semanas de conferências
evangelizadoras em vários lugares, de modo a justificar o título que deu à sua autobiografia: "Um Judeu Errante
no Brasil". Era também chamado de "Davi dos Batistas Brasileiros". Foi o pai do hinário batista "Cantor Cristão" e
o autor ou tradutor de 102 hinos dessa coleção.
Relacionei apenas alguns nomes, daqueles que já se foram para a vida eterna, para comprovar a nossa
argumentação, pois o rol de batistas, assembleianos, presbiterianos e de outras igrejas pois maçons que dedicaram
suas vidas à causa do Santo Evangelho é muito extensa. Deixamos por outro lado, de mencionar nomes de maçons
batistas, assembleianos, presbiterianos e de outras Igrejas vivos, para não ferir a modéstia dos muitos dedicados
servos de Deus e por ser desnecessário, visto serem conhecido dos irmãos que os perseguem nas suas Igrejas.
Perseguição injusta.
Perguntamos: Pastor José Maria, quando e onde os ilustres irmãos e pastores aqui mencionados servirão de
escândalo e tropeço aos neófitos ou à causa do Santo Evangelho no Brasil? Por favor, me responda a esta
pergunta.
Atualmente, há muitas Igrejas Evangélicas e Igrejas Católicas com centenas de pastores, presbíteros, diáconos,
bispos e padres comungantes maçons que dão bom testemunho de vida cristã e participam das várias atividades
das suas Igrejas. Com relação a estes, pergunto: Quais são os cristãos dessas denominações que, presentemente,
têm sido motivo de escândalo e tropeço nas suas Igrejas?
Ora, pastor José Maria, entendemos que esta acusação, além de leviana, é um desrespeito à memória e às famílias
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destes servos de Deus que dedicaram suas vidas à causa Santa do Evangelho em suas denominações, sem se
envergonharem de ser maçons.
Conclusão: Reafirmo com todas as letras, que sou cristão e, dentro do pensamento cristão, sou anglicano por
inteira convicção e não por opção. Não desejo e nem pretendo deixar a Igreja Anglicana, ainda que meu nome seja
excluído do seu quadro de Obreiros pelo fato de eu ser maçom (apesar de minha Igreja não se envolver com estas
questões), pois não vejo nenhuma incompatibilidade entre a Maçonaria e a Fé Cristã seja ela Católica ou
Protestante. Fui Pastor Batista durante 15 anos, infelizmente os Batistas tomaram posição contra a Maçonaria, mas
quero ainda fazer algumas considerações aos Batistas e aos Assembleianos.
Gostaria de falar, no que diz respeito aos hinários usados em nossas Igrejas, por exemplo: O hinário "Novo
Cântico", usado na Igreja Presbiteriana; a "Harpa Cristã", usada na Assembléia de Deus e outras Igrejas
Pentecostais; o "Cantor Cristão", usado pelos Batistas e outras Igrejas Tradicionais.
No hinário Novo Cântico, por exemplo, é composto de 400 hinos de adoração ao nosso Deus Todo-Poderoso, cujos
membros das Igrejas Presbiterianas cantam com alegria e muita satisfação. Desses 400 hinos, desejamos fazer
referência especial a 13 hinos de autoria ou tradução feita pelo Rev. Salomão Luiz Guinsburg, Ministro Batista
(Nascido em 1876 e falecido em 1927).
Esse homem de Deus dedicou sua vida ao Santo Evangelho em várias regiões da Pátria Brasileira. Vejamos os 13
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hinos do hinário Presbiteriano :
Nº. 33 - Maravilhas Divinas;
Nº. 41 - Louvor pela Graça Divina;
Nº. 49 - Sempre Vencendo;
Nº. 110 - A - Crê e Observar;
Nº. 115 - Unido com Cristo;
Nº. 131 - Vida Santificada;
Nº. 172 - Chuvas de Bênçãos;
Nº. 198 - Salvação Graciosa;
Nº. 199 - Cristo Salva;
Nº. 252 - Pão Celestial;
Nº. 296 - Cristo não tarda;
Nº. 336 - Transformação.
Pastor José Maria, o senhor deve estar se perguntado, porque estou fazendo referências a esses 13 hinos do
hinário Presbiteriano? A resposta é simples: Porque o pastor batista Salomão Luiz Guinsburg, era MAÇOM. Esse
ilustre maçom, dedicado servo de Nosso Senhor e Salvador Jesus, o Cristo, foi autor, tradutor ou adaptador de
grande acervo individual deixado para o uso das Igrejas Evangélicas no Brasil. Pastor Natanael, o senhor sabia que
dos 580 hinos reunidos no “CANTOR CRISTÃO", 100 hinos foram escritos, adaptados ou traduzidos pelo pastor e
maçom Salomão Luiz Guinsburg?
Cabe também nesta observação, lembrar-vos que a maioria dos belos e iluminados hinos da "HARPA CRISTÃ",
que é o hinário oficial das Assembléias de Deus, a maioria são de autoria ou adaptação do saudoso Pastor Paulo
Leivas Macalão, esse grande servo de Deus da qual a Igreja Evangélica Brasileira deve muito, era MAÇOM.
Neste ponto eu gostaria de fazer-lhe uma pergunta ao senhor e aos pastores batistas, assembleianos,
presbiterianos e demais Igrejas Evangélicas, que combatem fortemente a Ordem Maçônica e não desejam ter em
suas Igrejas nenhum Ministro ou Obreiro, e nenhum fiel maçom.
A pergunta é esta: "O senhor como antimaçom deixou de cantar nas suas Igrejas os hinos da Harpa Cristã que
foram escritos ou adaptados pelo pastor e maçom Paulo Leivas Macalão?”
Se o senhor canta e tem levado sua Igreja a cantá-los, o irmão não estaria cometendo um sacrilégio cantando hinos
de autoria de um maçom? Como se vê Pastor José Maria, até na hinologia da Assembleiana fica a dever à
Maçonaria.
Não tenho mais nada a comentar.
Em 1982 professei minha fé cristã, publicamente, portanto, em nenhum momento em minha vida, pensei em deixar
o Cristianismo, só tenho a lamentar que os cristãos percam seu preciso tempo em perseguir a Maçonaria e seus
Obreiros, é triste o quadro no seio Evangélico, um tal de "Pastor" Francisco, vulgo Tio Chico, ex-bruxo, que em seu
"testemunho" faz afirmações absurdas contra a Maçonaria. Outro triste fato é o tal "pastor" Saad, que participou da
Maçonaria, sendo iniciado, elevado e exaltado Mestre maçom no Grande Oriente Independente do Rio de Janeiro
(GOIRJ) chegando ao cargo de Grande Secretário da Guarda dos Selos, e agora está atacando a Maçonaria, o que
não consigo compreender, é que esse "pastor" deixou o GOIRJ, alega ser a Maçonaria algo do diabo, mas o ano
passado estava ao meu lado em Loja Maçônica na cidade de Petrópolis.
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Conforme o original que recebemos, estes são os „treze‟ hinos. Em verdade recebemos apenas doze citações.
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Na qualidade de Ministro do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, defendo a Maçonaria, pois sou
maçom convicto e atualmente Venerável Mestre de uma Loja no Estado do Rio de Janeiro e, não vejo nenhuma
incompatibilidade entre a Maçonaria e o Cristianismo.
Só lamento o pastor José Maria, e outros bons servos de Deus atacarem e perseguirem a Maçonaria com idéias
distorcidas e sem conhecimento de causa. Só tenho a lamentar. Não tenho mais nada a declarar, obrigado pelo
espaço a mim dado.
PS. Resta lembrar a todos os protestantes do Mundo que, graças a Maçonaria e aos maçons que estes
seguimentos religiosos existem. Foi a Maçonaria que separou o Estado da Igreja, fazendo com que reis criassem
leis e regras para seu povo e que a Igreja cuidasse apenas da fé de seus fiéis.
Pe José Kennedy de Freitas – MI
Venerável Mestre da ARLS Cavaleiros Templários nº. 06 - Or
São Paulo
"Entre um burro e um canalha, não passa o fio duma navalha." (Millôr Fernandes)
Coluna assinada pelo M.·. I.·. Aquilino R. Leal, Fundador Honorário da Aug.·. e Resp.·. Loj.·. Maç.·. Stanislas
de Guaita 165
MEDITE
Alô, alô Realengo, aquele abraço!
“Aquele Abraço”, uma canção do cantor e compositor Gilberto Gil composta em 1969, é um deboche ao
quartel militar localizado no bairro de Realengo, onde foi preso durante a Ditadura. Lá estava o poeta Ferreira
Gullar. Lá estava o jornalista Zuenir Ventura que conta como os militares ensaiaram um falso fuzilamento de
Caetano Veloso, que conta tudo isso em seu livro “Vereda Tropical”. Gil saiu por cima para o exílio, debochando:
“Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço. A Bahia já me deu régua e compasso”. Caetano saiu deprimido: “Eu
quero ir, minha gente, eu não sou daqui. Eu não tenho nada, nada. Quero ver Irene rir. Quero ver Irene dar sua
risada”.
Logo nos primeiros instantes da tragédia escolar de Realengo, alguns jornais foram para os Estados
Unidos, em vez de ficar no próprio bairro, que tem o seu próprio karma (diria um ocultista) e não precisa de
comparações.
Cito o jornal O Dia. “O ataque que ocorreu em uma escola de Realengo na manhã desta quinta-feira fez
muitos brasileiros fazerem uma associação imediata com a tragédia ocorrida da região de Colorado, nos Estados
Unidos, em 1999. Conhecido como Massacre de Columbine, o episódio envolveu dois alunos do Instituto Columbine
que atiraram contra vários colegas e professores, matando 15 pessoas. O termo „Columbine‟ está entre os mais
utilizados no Twitter no Brasil.”
Os especialistas também deram sua opinião. A socióloga Miriam Abromoway já coordenou várias pesquisas
sobre educação e violência e é professora Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Ela diz que a
violência mais grave ocorre dentro dos próprios colégios nas relações sociais entre os alunos, professores e outros
membros da comunidade escolar. A falta de respeito, o preconceito e a homofobia transformaram a escola em o
local que reproduz a violência que vem de fora. Segundo ela, não será possível saber quais motivos levaram o
assassino Wellington Menezes de Oliveira a atirar contra estudantes e funcionários da Escola Municipal Tasso da
Silveira.
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A violência vem de fora? E fica lá dentro? Sempre que olho para a arquitetura das escolas brasileiras, não
consigo separar sua semelhança com presídios. O Brasil está cheio de escolas que parecem presídios. E uma
viagem pela internet mostra que a sensação dentro das escolas é de sufoco penitenciário.
Um depoimento de 2008: “São vários os problemas enfrentados pela profissão docente, hoje em dia. Esses
problemas passam desde a indisciplina na sala de aula até a falta de apoio por parte do Estado. Esses são os dois
extremos, mas não fica por aí. Há de se refletir também em tudo o que se passa entre estes dois extremos:
violência nas escolas, falta de condições de trabalho dos professores e por fim a desvalorização social da profissão.
O conjunto desses problemas faz com que a profissão docente seja considerada uma profissão de risco em relação
ao stress visto serem os profissionais que mais recorrem à ajuda psiquiátrica e psicológica.”
Outro de 2009: “Os 905 alunos da Escola Municipal Presidente Médici, em Bangu (Zona Oeste do Rio) não
tiveram aulas ontem. O prédio foi arrombado, no último final de semana. Pias quebradas, torneiras roubadas e um
freezer jogado no chão com alimentos espalhados surpreenderam professores e estudantes que se dirigiam às
salas na manhã de segunda-feira. De acordo com relatos dos funcionários, foi a sétima vez que o prédio foi alvo de
violência.”
Mais, de 2010: “Faça uma pesquisa no Orkut com „odeio‟ e „professor‟, e surgirão mais de mil grupos de
discussão. A lista terá comunidades aparentemente inofensivas - como „Odeio a voz do meu professor‟ -, mas
também incluirá outras raivosas e com nome da vítima - como „Odeio a professora Etiene‟. A comunidade havia
sido criada por um grupinho de alunas de 13 anos após serem repreendidas numa aula.”
Tem alguma coisa errada quando se tenta jogar toda a culpa sobre o criminoso, como se o ódio, o sangue
frio, a brutalidade fossem apenas dele. Quando se culpa um só, todo mundo fica inocentado. Quando se culpa todo
mundo, ninguém é culpado. Então é preciso parcelar esse massacre. Eu colocaria grande parte da culpa nos
Governos que permitiram a degradação das escolas públicas e transformaram os profissionais de educação em
assalariados abaixo dos garis ou no mesmo nível. Não que os garis não sejam importantes. Lembrem-se no
concurso para gari no Rio de Janeiro, em 2009, inscreveram-se 109.193 candidatos para 1.400 vagas. Entre os
inscritos havia 45 doutores, 22 mestres, chegando a 80 o número de pós-graduados. E que ninguém se ofenda: a
educação brasileira virou lixo há muito tempo.
O grande poeta Victor Hugo, autor de “Os Miseráveis” e “O último dia de um condenado” (não sei se tem
gente que ainda o lê) dizia no século XIX: “Quando se abre uma escola, fecha-se um presídio”. No século XXI,
escolas e presídios viraram instituições gêmeas, siamesas, xipófagas. É incrível, mas hoje temos certeza: a escola
e o presídio são vestibulares para o massacre.
Tasso da Silveira foi um poeta e virou nome de uma escola com corredores de sangue e agonia. Cito aqui a
segunda estrofe de um poema dele, “Fronteira”:
“Há uma saudade da vida
porém tão perdida e vaga,
e há a espera, a infinita espera,
a espera quase presença
da mão de puro mistério
que tomará minha mão
e me levará sonhando
para além deste silêncio,
para além desta aflição.”
Para as 10 meninas e os dois meninos que cruzaram a fronteira, nada a fazer do que lamentar, só silêncio e
aflição. Mas é preciso lamentar também os milhões de pequenos brasileiros que passaram pela escola e saíram
dela analfabetos funcionais, não cruzaram a fronteira.
O pior nisso tudo é que o assassino de Realengo é visível, tem nome e já está morto. Aqueles que
assassinam gerações de jovens continuam impunes, exercem cargos e são tratados com honrarias dadas por seus
cúmplices. Por enquanto, vivemos num país onde as vítimas beijam a mão de seus carrascos. E talvez demore
mais 100 anos para que a bolsa escola ou qualquer outro tipo de bolsa transforme crianças em cidadãos.
Uma coisa é certa: nunca existiu bala perdida. E a educação brasileira é uma bala que sempre acerta no
alvo, e são milhões os que sofrem e ainda sofrerão as sequelas de seu massacre.
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Fontes:
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/04/07/violencia-em-escolas-nao-pode-ser-combatida-com-medidasrepressivas-diz-sociologa.jhtm
http://pt.shvoong.com/social-sciences/1739236-stress-professores-%C3%A0-beira-um/##ixzz1IqX4KSwC
http://www.dignow.org/post/escola-em-bangu-sofre-o-7%C2%BA-ataque-de-vandalismo-361966-55762.html
Tasso da Silveira: http://www.revista.agulha.nom.br/tas1.html
http://www.administradores.com.br/informe-se/noticias-academicas/professor-vira-alvo-de-chacota-e-ofensa-dealuno-na-internet/35766/
Tutty Vasques. O abraço já não é mais aquele.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110408/not_imp703410,0.php
Irmão Francisco Maciel (GJMERJ)
DICA
Visite o Museu Maçônico Paranaense
www.museumaconicoparanaense.com
DOCUMENTOS E FOTOS ANTIGAS
Documentos históricos maçônicos estão sendo recuperados em São Paulo para o Grande Oriente do Rio de
Janeiro.
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EUREKA (TUREKA E NÓSREKA)
Contestações,
lances,
bobagens,
respostas,
estudos,
crendices,
fatos, curiosidades, sofismas, perguntas, humor, nostalgia, outros e... nós!
variados,
‘nóstícias’
Graus do Rito Escocês3
GRAUS SIMBÓLICOS – LOJA SIMBÓLICA
1.
2.
3.
Aprendiz
Companheiro
Mestre
GRAUS INEFÁVEIS – LOJA DE PERFEIÇÃO
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
Mestre Secreto
Mestre Perfeito
Secretário Íntimo
Preboste e Juiz ou Mestre Irlandês
Superintendente do Edifício ou Mestre em Israel
Mestre Eleito dos Nove
Ilustre Eleito dos Quinze
Sublime Cavaleiro Eleito
Grande Mestre Arquiteto
Mestre do Arco Real de Salomão
Grande Eleito Maçom ou Perfeito e Sublime Maçom
GRAUS CAPITULARES - LOJA CAPITULAR
15.
16.
17.
18.
Cavaleiro do Oriente ou da Espada
Príncipe de Jerusalém
Cavaleiro do Leste e Oeste
Cavaleiro da Ordem Rosa Cruz
GRAUS FILOSÓFICOS - CONSELHO KADOSH
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
Grande pontífice ou Sublime Escocês
Grande Ad-Vitam ou Soberano Príncipe da Maçonaria
Patriarca Noachita ou Cavaleiro Prussiano
Cavaleiro do Machado Real ou Príncipe do Líbano
Chefe do Tabernáculo
Príncipe do Tabernáculo
Cavaleiro da Serpente de Bronze
Príncipe da Misericórdia ou Escocês Tinitário
Comandante do Templo ou Soberano Comendador do Templo de Jerusalém
Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto
Grande Cavaleiro Escocês de Santo André ou Patriarca dos Cruzados
Cavaleiro Kadosh ou Grande Inquisitor ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra
GRAUS ADMINISTRATIVOS - CONSISTÓRIOS
31. Grandes Inspetor, Inquisidor Comendador
32. Mestre do Segredo Real ou Sublime Príncipe do Real Segredo
GRAU ADMINISTRATIVO - SUPREMO CONSELHO
33. Grande Soberano Inspetor Geral
Colaboração do M I
Guaita 165
Aquilino R. Leal, Fundador Honorário da Aug
e Resp
Loj
Maç
Stanislas de
3
Agradecemos o trabalho de verificação do padrinho Fernando Antônio Ferraz Pilar, 33. Delegado Litúrgico - Grande Inspetoria Litúrgica da 2ª.
.
Região do Estado do Rio de Janeiro - na Rua São João nº 11 – Terraço – Centro – Niterói – RJ (out. 2009).
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Visite nossas páginas online:
Blog da Folha Maçônica: http://folhamaconika.blogspot.com/
Site para download das edições da Folha Maçônica e de centenas de outros conteúdos de interesse
maçônico: http://SITIO-FOLHA-MACONICA.4shared.com/
Blog com desenhos e pinturas do Irmão Robson Granado: http://robsongranado.blogspot.com/
Folha Maçônica Nº 291, 9 de abril de 2011
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Souza Marques (1894 - 1974) - Grande Loja Brasileira