O Uso do Portal Corporativo Universitário para Gestão do Conhecimento: Comparação
entre Portais de Universidades Públicas e Privadas
Autoria: Silvia Novaes Zilber
Resumo: Portais Corporativos são aplicações que integram informações e serviços da
empresa, disponibilizando-os em um único ponto de acesso. Uma Universidade concentra
uma quantidade enorme de informações em diversas áreas, sendo a centralização dessas
informações antes da existência de portais corporativos de difícil implementação, por falta de
tecnologia conveniente. O conceito de gestão do conhecimento visa garantir que todos dentro
da organização tenham acesso ao conhecimento gerado, compartilhando-o. Nesse contexto, o
objetivo deste trabalho foi identificar o uso de portais corporativos para a gestão do
conhecimento em Universidades, identificando se há influencia do tipo de Universidade
(pública ou privada) sobre o tipo de informações disponibilizadas nesses portais.
Metodologia: estudo exploratório baseado em estudo de casos. Três universidades foram
estudadas: USP –entidade pública, Universidade Anhembi-Morumbi- privada e a PUC do
Rio de Janeiro, privada. A unidade de análise utilizada nesse estudo foi a Faculdade de
Administração – os dados foram retirados dos próprios portais corporativos das faculdades.
Os resultados apresentam diferenças: A Universidade pública representada pela FEA da USP
usa seu portal para disponibilizar dados para a comunidade em geral e para a comunidade de
pesquisa, através de publicações de pesquisas realizadas, teses, dentre outros, alinhada com o
conceito de gestão do conhecimento. A faculdade Anhembi-Morumbi (privada) concentra-se
no uso do portal para prover interações com seus clientes, numa conexão bastante próxima ao
conceito de marketing referente a CRM- ou relacionamento com clientes. A PUC RJ
apresenta um portal com uma série de informações online para seus usuários, porém não
disponibiliza material para não usuários.
1- INTRODUÇÃO
A perspectiva da firma baseada no conhecimento surgiu na literatura sobre estratégia (Nonaka
e Takeuchi 1995). Essa perspectiva foi construída sobre e extendida a partir da teoria da firma
baseada em recursos, inicialmente proposta por Penrose (1959) e explorada por outros autores
(Barney 1991; Conner 1991; Wernerfelt 1984). A perspectiva da firma baseada em
conhecimento postula que os serviços entregues pelos recursos tangíveis dependem de como
eles são combinados e aplicados, o que por sua vez é função do conhecimento dessa firma.
Esse conhecimento está dentro de e é carregado por uma série de entidades da firma: cultura e
identidade da organização, rotinas, políticas, processos, sistemas e documentos, bem como
funcionários considerados individualmente (Grant 1996). Não é o conhecimento existente na
firma, mas sim sua capacidade de aplicar o conhecimento existente para criar mais
conhecimento e promover ações que formam a base da vantagem competitiva obtida dos
ativos baseados em conhecimento.
Conhecimento pode ser definido como uma crença justificada que aumenta a capacidade de
uma entidade para ação efetiva (Huber 1991). Segundo Alavi & Leidner (2001),
Conhecimento pode ser entendido sob várias perspectivas: (1) um estado da mente, (2) um
objeto, (3) um processo, (4) Uma condição de ter acesso à informação, ou (5) uma
capacidade.
A perspectiva do conhecimento como um estado da mente foca em permitir que os indivíduos
possam expandir seu conhecimento pessoal e aplicá-lo às necessidades da organização. A
visão do conhecimento como um objeto (Carlsson et al. 1996;McQueen 1998; Zack 1998a)
postula que o conhecimento pode ser visto como algo a ser armazenado e manipulado.
Quando entendido como um processo simultâneo de conhecimento e ação (Carlsson et al.
1
1996; McQueen 1998; Zack1998a), foca na aplicação da “expertise” (Zack 1998a). Do quarto
ponto de vista – condição de acesso à informação (McQueen 1998) –o conhecimento
organizacional deve ser organizado para facilitar o acesso e recuperação do conteúdo. Esse
ponto de vista pode ser pensado como uma extensão do conhecimento como objeto, com uma
especial ênfase sobre a acessibilidade dos objetos do conhecimento. Finalmente,
conhecimento pode ser visto como uma capacitação com o potencial para influenciar futuras
ações (Carlsson et al. 1996). Essas diferentes visões sobre conhecimento levam a diferentes
percepções sobre gestão do conhecimento: se o conhecimento é visto como um objeto ou é
equacionado como o acesso à informação, então sua gestão deve focar na construção e gestão
de estoques de conhecimento. Se o conhecimento é um processo, então o foco de sua gestão
trata da criação, compartilhamento e distribuição do conhecimento. O ponto de vista do
conhecimento como uma capacitação sugere uma perspectiva de gestão do conhecimento
centrada na criação de “core competencies” ou capacidades essenciais, entendendo a
vantagem estratégica do conhecimento e criação de capital intelectual.As maiores implicações
dessas diversas concepções é que cada uma sugere uma estratégia diferente de gestão do
conhecimento e do papel dos sistemas que a sustentam. Três pontos principais emergem da
discussão acima: (1) uma grande ênfase é dada em entender a diferença entre dados,
informação e conhecimento e em descrever as implicações dessas diferenças; (2) Como
conhecimento é algo personalizado, de modo a ser útil para diversos indivíduos e/ ou grupos,
ele deve ser expresso de maneira a ser interpretável e entendido pelos seus receptores (3)
Grandes quantidades de informações tem pouco valor; apenas aquelas informações que são
ativamente processadas na mente de um indivíduo através de um processo de reflexão,
clarificação ou aprendizado podem ser úteis.
A partir das constatações sobre o pouco valor de uma quantidade imensa de informações
desordenadas nas organizações, percebe-se que com os inúmeros avanços tecnológicos,
muitas instituições sofrem com o excesso de informações, parecendo ser razoável a aplicação
da gestão da informação para administrar esse caos informacional do mundo digital.
Muitas vezes as informações estão armazenadas em equipamentos de informática de forma
não integrada, espalhadas em seus bancos de dados, dificultando seu acesso e,
conseqüentemente, o desempenho das atividades necessárias ao pleno funcionamento da
instituição. Ao trazerem o conceito de Web para o ambiente corporativo, grandes empresas se
depararam com uma série de problemas: Que dados e serviços liberar aos usuários? Para
quem liberar? Como liberar as informações se elas se encontram em plataformas distintas?
Como disciplinar o acesso a estas informações? Como integrar serviços existentes em
diferentes tecnologias?
Uma resposta possível foi a criação de Portais Corporativos, aplicações que rodam em
plataformas heterogêneas e escritas em diferentes linguagens que podem ser acessadas em um
único ponto. Os Portais Corporativos (também conhecidos por EP – Enterprise Portals),
integram informações e serviços que estão dentro da empresa, colocando-os em um único
lugar. Isto dá aos funcionários substancial ganho de tempo em seu trabalho.
Segundo Terra (2002), os Portais Corporativos permitem a personalização do acesso à
informação, a automatização e a melhora dos ciclos de decisão. Esses Portais têm a função de
simplificar o acesso de clientes, funcionários, parceiros, investidores, acionistas e
fornecedores à companhia através de uma interface personalizada e segura.
Um tipo específico de empresa é a Universidade que tem como missão fornecer à comunidade
em que se insere atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando a produção e entrega de
conhecimento. Para isso, uma Universidade concentra uma quantidade enorme de
informações em diversas áreas e a centralização dessas informações antes da existência de
portais era bastante difícil de ser implementada, pois não havia uma tecnologia conveniente
para tal.
2
Dentro dessa perspectiva, é interessante utilizar o conceito de gestão do conhecimento, que
segundo Terra (2002), pode ser descrita como algo que garanta que todos dentro da
organização tenham acesso ao conhecimento da organização, quando, onde e na forma que
eles necessitarem, além de ajudar e motivar detentores de conhecimentos importantes a
compartilhá-lo
O portal corporativo de uma instituição de ensino superior, segundo Popovic et al (2005),
contem uma variedade de conteúdos que podem ser classificados em 3 grupos:1- pedagógico
e pesquisa; 2-informação e 3-comunicação e administrativo.
Assim, o relacionamento entre comunidade universitária e comunidade em geral tornou-se
mais fluída, permitindo a troca de informações entre unidades diferentes de uma mesma
universidade ou entre universidades, propiciando pesquisas multidisciplinares e o intercâmbio
de dados e informações de maneira mais rápida e eficiente, estimulando alianças e/ou
parcerias entre instituições de ensino e pesquisa que de outra forma seriam mais difíceis de
serem estabelecidas.
A Qualidade numa instituição de ensino superior, segundo Popovic et al (2005) pode ser
definida de diferentes formas: qualidade do estudo e do conhecimento adquirido (afeta a
futura empregabilidade dos estudantes); -Qualidade dos processos pedagógicos (afeta a
transição dos estudantes entre os anos e sua satisfação); -Qualidade da pesquisa (número de
trabalhos em publicações importantes). A Web por sua vez, na forma do portal corporativo,
pode apoiar a qualidade do ensino superior, facilitando os processos, a realização e
disseminação de pesquisa, bem como a qualidade do estudo.
Por outro lado, no Brasil, existem diferenças significativas entre as Universidades públicas e
as privadas no que tange ao aspecto de geração de conhecimento: quando se comparam as
universidades públicas e privadas, de acordo com dados apresentados pelo INEP 2003,
constata-se que o nº de projetos de pesquisa realizados pelas instituições públicas é 16 vezes
maior do que os projetos feitos em instituições particulares, mesmo o número de instituições
públicas sendo quase 8 vezes menor e tendo aproximadamente 40% dos alunos.
Nesse sentido, será que o portal corporativo de cada uma dessas universidades tem a mesma
função? Ou , se a universidade pública é a maior geradora de conhecimento, com um maior
número de pesquisas realizada, será que o portal corporativo pode servir como ferramenta
auxiliar na distribuição desse conhecimento produzido?
Para responder a essas questões, foi realizado o presente trabalho, de natureza exploratória,
onde foi utilizada a metodologia de estudo de casos, e foi feita a comparação entre portais
corporativos de faculdades/universidades, com o objetivo de “investigar a possível
contribuição do Portal Corporativo para a gestão do Conhecimento numa Universidade”.
Para isso , foram investigadas quais as principais informações disponibilizadas pelos
portais corporativos de uma universidade pública e duas privadas , ressaltando quais os
canais de comunicação existentes entre o aluno, a instituição, os funcionários e demais
clientes de uma universidade (comunidade científica local e mundial, institutos de
pesquisa, comunidade não acadêmica, dentre outros) que são disponibilizados nesses
portais, verificando se existem diferenças entre as funções do Portal corporativo de
universidades públicas e privadas.
2- Revisão da literatura
Como se percebe no mundo dos negócios, existe uma abundância de informações não
somente na Internet mas também dentro das organizações. O desenvolvimento da tecnologia
aumenta a quantidade de dados disponíveis. Govindasamy (2002) sugere o desenvolvimento
de portais corporativos como uma solução para esse problema. Ao centralizar informações,
formatar processos de negócios e conectar pessoas para colaboração mútua, os portais
corporativos podem aumentar a eficiência operacional, reduzir custos e construir lealdade
3
(Voth, 2002). O que diferencia portais corporativos de páginas estáticas da Web é sua
habilidade em incluir dados de diferentes fontes, de diferentes formas e formatos e apresentálos de uma forma unificada e consistente através de um único ponto de acesso (Nielsen,
2003). Do ponto de vista do usuário isso significa que o portal representa um único ponto de
acesso a todas as necessidades desse usuário numa área específica. No caso de instituições de
ensino isso pode representar um portal do estudante que apóia todas as atividades desse
estudante no processo educacional sem a necessidade dele usar sistemas diferentes (isto é,
sistemas para acessar materiais de estudo, notícias da faculdade, exames, etc). Dentre as
funções típicas incluídas num portal destacam-se: segurança, rede, ferramentas de
administração, ferramentas de busca, ferramentas para gestão de conteúdo, personalização e
facilidade de uso (Raol, Koong, Liu, & Yu., 2002).
O portal corporativo de uma instituição de ensino superior, segundo Popovic (2005), contem
uma variedade de conteúdos que podem ser classificados em 3 grupos: pedagógico e pesquisa;
informação e comunicação e administrativo.
Pedagógico e pesquisa: planejamento do curso, gestão do material do curso, foruns online,
acesso à literatura e outras fontes da web, apoio à colaboração com a esfera de negócios,
pesquisas na web; publicações de artigos e teses.
Informação e comunicação: informações aos estudantes, comunicação entre professores,
estudantes e administração, informação sobre colaboração internacional (programas),
informações sobre atividades visando desenvolvimento profissional e pessoal, além de
desenvolvimento acadêmico, informações para ex-alunos, etc
Administrativo: pedidos e pagamentos online; certificados; estágios; serviços de e-mail; etc.
Segundo Terra (2002) os portais corporativos são mais do que intranets estruturadas para
disseminar informações entre os funcionários da empresa:um portal corporativo é mais
flexível, permite sua gestão, dizendo ainda que os portais corporativos são um avanço
importante nos softwares de colaboração, que podem ser usados para desenvolver e
implementar iniciativas de Gestão do Conhecimento.
Alavi e Leidner (1999) citam que existe uma tendência dos profissionais de gestão na área de
sistemas a focar a idealização de sistemas de gestão voltadas à criação, obtenção, organização
e disseminação de “conhecimento” em oposição à “informação” ou “dados”. Esses sistemas
são chamados de Sistemas de Gestão do Conhecimento ou KMS (Knowledge Management
Systems). O conceito de codificar e transmitir conhecimento nas organizações não é novo:
treinar empregados e desenvolver programas, políticas organizacionais, rotinas,
procedimentos, manuais tem servido a essa função há anos. Segundo Peters (1992), o que é
novo na área de gestão do conhecimento é o uso potencial de modernas tecnologias de
informação (como Internet, intranet, data warehouses, portais corporativos) para sistematizar,
facilitar e entregar o grande volume de conhecimento numa firma.
Bukowitz e Williams (2002:17) definem gestão do conhecimento como sendo o processo pelo
qual a organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital intelectual. Para
Rossato e Cavalcanti (2001:6), gestão do conhecimento é um processo estratégico que visa
gerir o capital intangível da empresa e estimular a conversão do conhecimento. Nonaka e
Takeuchi (1995), enfatizam que apenas o ser humano pode ter um papel central na criação do
conhecimento. Eles argumentam que computadores e seus sistemas são meras ferramentas.
Enquanto que as informações geradas por sistemas de computador não possuem a
interpretação humana para ação potencial, o conhecimento reside no contexto subjetivo da
ação do usuário baseada em informação
Oliveira Jr. (1999:130), entende por administração do conhecimento o processo de identificar,
desenvolver, disseminar, atualizar e proteger o conhecimento estrategicamente relevante para
a empresa, seja a partir de esforços internos à organização, seja a partir de processos que
extrapolam suas fronteiras.
4
Neste trabalho, está-se concentrando em como a Web pode apoiar a Gestão do Conhecimento,
concentrando-se especificamente em Portais Corporativos como uma plataforma emergente
para melhorar o alinhamento, os processos centrais de negócios, a disseminação de
informações e a colaboração ampla de empresas baseadas em conhecimento, como uma
universidade.
Davenport e Prusak (1998:196), argumentam que gestão do conhecimento não é algo
totalmente novo. Ela baseia-se em recursos existentes, com os quais a organização já está
contando – uma boa gestão de sistema de informação.
Como neste trabalho, está-se centrando o portal de Universidades, esta é vista como uma
empresa, que tem seus fornecedores, clientes, funcionários, e gera uma enorme quantidade e
variedade de conhecimento, sendo a comunicação em uma Universidade algo muito difuso –
alunos, secretaria, diretoria, funcionários, professores, reitoria, comunidade científica em
geral, interna e externa à Universidade, comunidade laica: toda esta comunicação precisa ser
alinhada, precisa ser centralizada.
Até a existência de portais de conhecimento corporativo esta comunicação não era
centralizada. Já com os portais pode ocorrer esta centralização.
O portal corporativo de uma Universidade enquadra-se numa realidade mais complexa, pois
considerando a comunicação externa, o portal tem que ser desenvolvido para o mercado de
massa, e considerando a comunicação interna, o portal pode (e deve) ser o mais personalizado
possível, de modo a permitir aos funcionários pré-selecionar as informações a serem
disponibilizados aos diversos tipos de públicos, concentrando-as no que for de interesse
prioritário a determinado cliente.
3- Metodologia De Pesquisa
O desenvolvimento desta pesquisa foi de natureza exploratória, utilizando o método de estudo
de casos. Segundo Yin (1990) o estudo de caso permite uma investigação para obter as
características mais significativas e holísticas sobre determinado objeto de estudo. Ainda
segundo esse autor o estudo de caso é a estratégia preferida quando as questões são colocadas
sob a forma de “Como” ou “Porque”, que é o caso presente, onde se pergunta: “COMO
utilizar o Portal Corporativo para a gestão do Conhecimento numa Universidade?”
3.1) Seleção De Amostra e Coleta de Dados
Foram escolhidas intencionalmente três universidades para serem estudadas: USP; Anhembi-Morumbi; -PUC RJ.
A escolha da USP deveu-se por: Universidade pública do país que mais produz pesquisa
científica no Brasil (INEP-CENSO 2003); Possui portal corporativo; Possui muitas unidades,
portanto possuem uma estrutura complexa de informações a serem comunicadas; Possui
intercâmbio com outras universidades, configurando assim o aspecto de compartilhamento do
conhecimento que é típico da gestão do conhecimento.
A escolha da Anhembi-Morumbi deveu-se a:Ser uma universidade privada estabelecida há
bastante tempo no mercado;Possui várias faculdades;Possui portal corporativo.
Escolha da PUC RJ: considerada uma das melhores universidades do Brasil em termos de
produção de pesquisa; possui portal corporativo; é privada.
Todas têm uma quantidade enorme de informações complexas a serem distribuídas aos seus
usuários internos e externos.
Os dados foram coletados nos próprios portais, não foram feitas entrevistas pessoais. Assim
sendo, utilizou-se o método de coleta de dados secundários. Dentro dos portais foram
analisadas variáveis que pudessem ser entendidas como fontes geradoras de conhecimento, de
acordo com o proposto por Popovic (2005) já mencionado nesse artigo: variáveis relativas
aos 3 componentes de conteúdo de um portal universitário: pedagógico e pesquisa;
informação e comunicação e administrativo.
5
As análises foram feitas ao se comparar o que era prescrito na literatura sobre portais
corporativos e sobre gestão do conhecimento com os dados encontrados nos portais das
universidades citadas.
Para fins do presente estudo , foram escolhidos os departamentos de Administração dentro de
cada Universidade, considerados então, o objeto de estudo desse trabalho: a faculdade de
Administração da USP (FEA/USP) , a Faculdade de Administração da Universidade
Anhembi Morumbi e a Escola de Negócios da PUC RJ - IAG.
4-RESULTADOS : APRESENTAÇÃO DOS CASOS
Inicialmente, será realizada uma comparação entre as características das universidades
públicas e privadas.
A seguir serão apresentadas as unidades de análise utilizadas neste estudo: A Faculdade de
Administração da USP e a Faculdade de Administração da Universidade Anhembi-Morumbi,
e a faculdade de Administração da PUC RJ (IAG), apresentadas a partir de seus portais
corporativos, além de comentários sobre os dados obtidos.
4.1- Características de Universidades Públicas e Privadas
O quadro abaixo apresenta algumas características que diferenciam as instituições
universitárias públicas das privadas, apresentadas pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Tabela 1: Dados comparativos entre Universidades Públicas e Privadas no Brasil
Características
Publica
Instituições superiores de ensino e
Nº de doutores = 4596 Número de
pesquisa no estado de SP
projetos na FAPESP = 6404
(Produção cientifica)
Número
de
instituições
educação superior
de
Particular
Nº de doutores = 1136 Número de
projetos na FAPESP = 424
207
1.652
5.662
10.791
1.137.119
2.750.652
Porcentagem que oferecem cursos
de especialização
15,1%
84,9%
Porcentagem das vagas que não
foram ocupadas
5,1%
42,2%
88.795
165.358
39,5% têm doutorado; 27,3%,
mestrado, e 33,3% fizeram
especialização.
11,8% dos professores têm doutorado;
39,4%, mestrado, e 48,9% fizeram
especialização.
83% são para cursar doutorado; 15%
para mestrado, e 1% para
especialização.
37,2% são para cursar doutorado;
41,2% para mestrado, e 8,7% para
especialização.
Número de cursos
Número de matrículas - Alunos
Número de
Instituições
Professores
nas
Formação dos Professores
Total de afastamentos
capacitação nas instituições
para
Fonte: Ministério da Educação e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) 2003
6
Pelo quadro acima, pode-se perceber que as universidades privadas congregam mais alunos
do que as públicas, porém o número de doutores nas universidades públicas é 4 vezes maior
na pública do que na privada e a produção de pesquisa na universidade pública é 16 vezes
maior do que na privada, mostrando que um menor número de universidades públicas (207
públicas contra 1652 privadas) produz uma quantidade de conhecimento maior do que as
privadas existentes. É importante ressaltar esse fato, pois ao se comparar os portais
corporativos dos dois tipos de universidades, poderá se verificar o reflexo desse fato- a
produção científica existente em cada tipo de universidade- sobre os portais corporativos
existentes.
4.2- Apresentação Das Universidades/ Faculdades Em Análise
A seguir serão apresentados alguns dados sobre as Universidades estudadas, como número de
alunos, docentes, titulação dos docentes, missão das empresas, dentre outros.
Tabela 2: Apresentação das Universidades
Universidade
Histórico
Caráter
AnhembiMorumbi
Surgiu em
1972.
Credenciada
como
Universidade
em 1997
Criada em
1934
Privado
USP
PUC RJ
Formada em
1946. Tornase pontifícia
em 1947
Pública
Estadual
Privado
Número
de alunos
de
graduação
Alunos de
pós
graduação
(lato
e
strictu
senso)
22.829
691
39.326
22.774
(strictu
senso)
10.400
1.500
(strictu
sensu)
4000 (lato
sensu)
Total:
5500
Número de
professores
Cursos:
850
Graduação,
Pós
Graduação
Stricto
Sensu = Mestrado, Pós
graduação Lato sensu
4.694
Graduação
;
Pós
Graduação
Stricto
Sensu = Doutorado,
Mestrado,
Mestrado
Profissionalizante
1.000
Graduação,
Especialização
e
MBA´s,
Mestrados
opção Acadêmica e
opção Profissional ;
Doutorado
Fonte: sites das Universidades e INEP 2003
Missão:
USP: finalidade de promover a pesquisa e o progresso da ciência; transmitir pelo ensino
conhecimentos que enriqueçam ou desenvolvam o espírito e que sejam úteis à vida; e formar
especialistas em todos os ramos
Anhembi-Morumbi: Contribuir para a construção de um mundo melhor, produzindo
conhecimento e formando talentos criativos e empreendedores, capazes de ter sucesso em sua
vida pessoal, social e profissional.
PUC: prima pela produção e transmissão do saber, baseando-se no respeito aos valores
humanos e na ética cristã, visando acima de tudo o benefício da sociedade. A PUC-RIO
busca
a
excelência
na
pesquisa,
no
ensino
e
na
extensão
para a formação de profissionais competentes, habilitados ao pleno desempenho de suas
funções
7
A seguir é apresentada na tabela 3 a titulação do corpo docente de cada Universidade.
Tabela 3: Titulação do corpo docente das Universidades estudadas
Titulação Número
na PUC Docentes
PUC RJ
RJ
%
Doutorado
ou LivreDocência
Mestrado
384
32,32
344
28,96
Graduado
460
38,72
Total
1188
100,0
Titulação
USP
Número
Docentes
USP
%
LivreDocência
755
18,08
PósDoutorado
Doutorado
Mestrado
956
20,37
2.628
320
55.99
6,98
Especialização
35
4694
0,75
100
Titulação
na
Anhembi
Morumbi
Livre
docencia
Número
Docentes
AnhembiMorumbi
%
0
0
Pós
doutorado
Doutorado
Mestrado
0
0
170
250
20
30
430
420
50
50
Graduado
Fontes: USP. Anuário estatístico 2001. Disponível em <http://sistemas.usp.br/gestao/ano2001>. Acesso em 15
de jul. 2002 in Maccari (2002); PUC-RIO. Anuário estatístico. PUC-RIO: Assessoria de Planejamento, 2001 in
Maccari
(2002);
dados
sobre
Anhembi-Morumbi:
site
da
Universia
disponível
em
<http://www.universia.com.br/html/noticia/noticia_clipping_ciiic.html>
Pelos números apresentados pode-se perceber que a produção científica é mais relevante na
Universidade pública estudada (USP) do que na privada (Anhembi-Morumbi), dado o número
de pós-graduandos existentes nas duas universidades: 22.774 na pública contra 691 na privada
Anhembi-Morumbi. Porém, a PUC RJ, apesar de seu caráter privado possui um número
significativo de alunos de pós graduação, sendo que do total de alunos da Universidade, cerca
de 13% dedica-se à pós-graduação stricto sensu, enquanto que na USP 36% do total de alunos
está na pós-graduação stricto sensu. O corpo docente das Universidades também é um bom
indicador no que se refere à potencial criação de pesquisa, onde a USP apresenta quase 100%
do corpo docente com mestrado ou doutorado, a PUC RJ tem cerca de 60% de seu corpo
docente com essa titulação, enquanto a Anhembi- Morumbi possui 50 % do seu corpo docente
titulado dessa maneira.
Também pela apresentação da missão das Universidades, percebe-se que a USP e a PUC
levam em conta a criação de conhecimento na forma de pesquisa de forma explícita na
definição de suas missões. Já a preocupação com pesquisa não faz parte da definição da
missão da Universidade Anhembi-Morumbi, que enfatiza o sucesso profissional do aluno,
além de desenvolvimento de sua capacidade empreendedora, qualidades muito mais ligadas
aos aspectos práticos da vida na Universidade do que voltado a atividades de pesquisa. Esses
fatos refletem-se nos dados obtidos quanto à quantidade de pós-graduandos existentes nas três
universidades.
4.3) O Que Os Portais Corporativos Das Faculdades/Universidades Disponibilizam
A primeira observação relevante a ser feita ao se observar os portais corporativos das três
faculdades é que a Faculdade de Administração da USP, ou FEA/USP, pública, possui um
portal corporativo próprio, independente do portal corporativo da Universidade a que
pertence.
Assim, os interessados em dados sobre essa unidade podem acessar diretamente o site da
FEA/USP para obter dados sobre a produção científica dessa unidade, dados administrativossobre as disciplinas oferecidas, horários, dentre outros, bem como sobre seu corpo docente. Já
nas Universidades privadas estudadas, na Anhembi-Morumbi não existe um site específico
para a unidade Faculdade de Administração, sendo que o portal corporativo da Universidade
centraliza as informações sobre suas unidades. Na PUC RJ, o departamento de Administração
- IAG ( escola de negócios da PUC RJ) é acessado através da página principal da
8
Universidade, porém contém informações mais de caráter informativo sobre as diversas
opções de cursos oferecidas: mestrado, doutorado, MBA, lato sensu, apresentando objetivos
dos cursos, linhas de pesquisa, dentre outros.
Assim, tem-se uma centralização de informações no portal corporativo no caso das
Universidades privadas e uma descentralização das informações na Universidade pública, no
caso da FEA/USP.
Isso está associado ao fato do próprio conceito de Universidade pública estadual estudada: as
unidades mantem uma certa autonomia em relação a alguns aspectos da universidade,
centralizando apenas alguns pontos comuns a todas as unidades.
Analisando os Portais Corporativos de universidades/faculdades, neste primeiro contato com
os Portais, apresenta-se a tabela abaixo contendo os dados que se pode considerar como “de
fácil acesso”, localizados imediatamente nos Portais:
Tabela 4: Apresentação dos Portais Corporativos das Faculdades estudadas
ANHEMBI Morumbi
FEA/USP
PUC RJ-IAG
Possui informações sobre os diversos Não, possui apenas uma
página do curso de
cursos do departamento – graduação,
Administração com
mestrado, doutorado, MBA, alunos, exalunos, histórico, perfil, eventos do informações sobre os campi
e horários do curso
departamento de Administração
Sim
Sim
Permite consulta on-line do catálago da Sim, mas através do portal
da Universidade
biblioteca
Sim, direto no portal da
faculdade
Sim, mas através
do portal da
Universidade
Apresenta as linhas de Pesquisa do
departamento
Não
Sim
Sim
Disponibilização do curriculum dos
professores, Mestres e Doutores dos
cursos, com respectivas disciplinas
Sim
Sim
Sim
Disponibilização das vagas de estágio
Disponibiliza porém o
para consulta e possibilidade de
acesso é restrito a alunos
candidatar-se a vaga on-line
Disponibiliza
Disponibiliza porém o porém o acesso é
acesso é restrito a alunos restrito a alunos
Sim, Convênios
Sim – programa de
Sim, inclusive a FEA tem a de Intercâmbio
intercâmbio com 20
CCInt FEA - Comissão de Internacional
com vários
universidades latinas
Cooperação Internacional
Intercâmbio com outras faculdades ou
(recente) disponível no site
(mais de dez anos) ,
países.
Universidades
Disponível no
da Universidade, não é
específico para a área de
dedicado à Administração Administração e Economia.
site da
Universidade
Educação à distância
Sim, disponível
Sim, para toda Universidade
(não específico para
Sim, específico para a FEA
no site da
Administração)
Universidade
Acesso ao portal em outros idiomas
Não
Inglês
Não
Mapa do Site
Sim
Sim
Sim
9
A tabela acima mostra a preocupação das faculdades FEA e IAG em apresentarem sua
missão, linhas de pesquisa, estrutura dos diversos cursos à comunidade, enquanto que a
Anhembi-Morumbi preocupa-se mais em apresentar informações operacionais sobre inscrição
no curso. Um ponto importante no que diz respeito a conhecimento é a capacidade de
intercâmbio dessas instituições, o que é demonstrado pela Anhembi – Morumbi que
recentemente firmou convênio com outras instituições latinas de ensino, aparecendo na
primeira página de seu site, evidenciando um aspecto “mercadológico” do caráter
internacional da instituição. Já a FEA e o IAG possuem coordenações dedicadas
exclusivamente aos intercâmbios. A PUC RJ possui um campo específico para isso,
possuindo uma coordenação específica para essa atividade: CCCI – Coordenação Central de
Cooperação e Intercâmbio e a FEA possui o CCInt, uma coordenação própria da faculdade para
intercâmbios, independente da USP.
Também a FEA/USP é a única que possui uma versão de seu portal em inglês, o que reforça
seu caráter de acessibilidade a comunidades científicas internacionais.
4.4-
Informações sobre os serviços disponíveis nos portais
A Universidade ANHEMBI-MORUMBI disponibiliza diversos Serviços On-line para
todos seus departamentos, não apenas para o departamento de Administração, visando
facilitar o acesso dos alunos às informações necessárias para o seu dia-a-dia:
1-DP Orientada- aluno pode participar da disciplina acessando as aulas pela internet, 2Blackboard: Com esse sistema interativo, professores e alunos formam uma base de dados
on-line num processo de aprendizagem a distância; 3-Vivência Universitária Antes de
ingressar na Universidade, o aluno aprovado no Processo Seletivo faz sua reserva de
matrícula e tem à disposição um programa de atividades voltadas à sua carreira e mercado de
trabalho; 4-Educação a Distância:Os cursos a distância da Anhembi Morumbi combinam
atividades presenciais e a distância. Há três encontros presenciais por semestre, pelo menos
5-Cursos, Eventos, Notícias: recurso para agilizar e melhorar o atendimento aos estudantes
da Anhembi Morumbi, evitando sempre que possível, o deslocamento até a Universidade
6-Serviços Para Alunos:Acesso para as notas, boletos, horário 7-Serviços para
Professores:O objetivo é facilitar as aulas, disponibilizar textos para downloads, promova
bate-papos com os alunos através do Blackboard.; 8-Serviços para Funcionários:O
funcionário pode apresentar sua sugestão, acessar o mural, acessar a lista de ramais, catálogo
de endereços e todos os serviços disponíveis pela Intranet; 9-Serviços para Ex-Alunos:Neste
serviço, os ex-alunos se cadastram e participam da Universidade por Toda a Vida usufruindo
dos seguintes benefícios:* Bolsa para ex-aluno e dependentes.;* Associação de Ex-alunos;
dentre outros.
10-Serviços para Empresas:A Universidade oferece convênios de 10% para:diversos cursos.
¾
FEA/USP - Serviços on-line para os Alunos
1-CCInt FEA:A CCInt FEA - Comissão de Cooperação Internacional da Faculdade de
Economia e Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo tem como função o
fomento, incentivo e coordenação dos intercâmbios de alunos e professores da FEA com
instituições de ensino superior de Economia, Administração e Contabilidade de outros países,
sendo a FEA a única unidade em toda a Universidade responsável pelo intercâmbio
exclusivamente de seus alunos.
2-Central de Estágios:A proposta da FEA/USPé trabalhar em conjunto com a Central,
havendo uma reciclagem diária na relação de empresas que solicitam estudantes para fazerem
parte de suas equipes.
10
3-Pós-Graduação:- Relação de Alunos de Mestrado e Doutorado; - Manual da PósGraduação; - Coordenadores; Descrição das linhas de Pesquisa; Campo “Publique” indicando
principais eventos e periódicos para publicação; cadernos de pesquisa: disponibiliza artigos
para download.
5-MBA:Encontra-se no portal a relação de cursos disponíveis, com um breve relato sobre o
conteúdo do curso.
6-CIEP: CIEP é um centro de prestação de serviços na área de pesquisa e ensino, constituído
de equipamentos da mais avançada tecnologia, que propicia agilidade e modernização para o
apoio no desenvolvimento de cursos de graduação, pós-graduação e especialização da FEA.
Os objetivos do CIEP: Prestar o apoio necessário à localização e recuperação de informações ;
Estimular usuários para a formulação de estratégias de busca utilizando as bases de dados
existentes na biblioteca ; Promover o intercâmbio entre a comunidade acadêmica FEA-SP /
FEA-RP e outras universidades e instituições de pesquisa, não só no Brasil como também no
exterior; Implementar programas de ensino à distância, utilizando a tecnologia de
videoconferência
7-Biblioteca: disponibiliza aulas e palestras, publicações e o CIEP, já explicado
anteriormente.
8- Eventos: disponibiliza os eventos que acontecem na FEA
9- LAE - Laboratório de Aprendizagem e Ensino criado em 2002, é um espaço da
FEA/USP dedicado ao desenvolvimento, transmissão, aplicação, avaliação e consolidação de
experiências e metodologias voltadas para cursos superiores em Administração, Contabilidade
e Economia. Sua missão é promover a gestão do conhecimento sobre ensino e aprendizagem
entre docentes e pesquisadores da FEA/USP e de outras instituições educacionais;
10-PESC Programa de Extensão de Serviços à Comunidade .Objetivos: propiciar
oportunidades para os alunos compartilharem com a sociedade os conhecimentos adquiridos,
e desenvolver nos alunos a visão estratégica e empreendedora para a atuação social.
No PESC, os alunos levam à comunidade serviços relacionados com as áreas de Economia,
Administração e Contabilidade, aplicando os conhecimentos adquiridos na Faculdade.
¾
1-
PUC RJ - IAG - Serviços on-line para os Alunos
Informações sobre os diversos cursos- graduação (estrutura, disciplinas, etc), pósgraduação em suas diversas modalidades
2Informação sobre as linhas de pesquisa
3Outros serviços online estão disponíveis no site da Universidade e não do
departamento. São eles:
-Cursos de Educação a Distância – possui uma página exclusiva sobre o ensino à distância –
CCEAD- Coordenação Central de Ensino á distância da PUC RJ. Nessa página, descreve as
diversas facilidades, com campos como pesquisa, biblioteca, parceria, valores, etc. Possui
várias notícias em destaque.
-PUC online para alunos encontra-se sistema de avaliação de professores, serviço de
acompanhamento de teses e dissertações, busca de ementas, calendário escolar, notícias
acadêmicas, dentre outros (necessita de senha de acesso)
-PUC online para professores e funcionários- (necessita de senha de acesso)
-Intercâmbio Internacional- página da Coordenação Central de Cooperação Internacional
dedicada a assuntos de intercâmbio
-Sistema de Bibliotecas- é uma página dedicada ao sistema de bibliotecas, com
disponibilização do acervo, recursos online, e acesso a diversas bases de dados. Só tem acesso
quem possui senha (usuário da PUC RJ)
-Outros serviços: 1- webmail; 2- Serviços online do RDC (Rio Datacentro) provê à
Universidade serviços de informática e de comunicação de dados, em apoio às atividades
11
acadêmicas e administrativas da Universidade; 3-Download de software – provê o download
de diversos softwares privados e da Internet para usuários em geral ( não precisa estar
vinculado à PUC); 4- Currículo de alunos- disponibiliza o currículo de seus alunos, é de
livre acesso; 5- parceiras e links- acessa diversos links de interesse acadêmico; 5- Conheça o
Rio – mostra pontos turísticos do Rio de Janeiro.
5-Análises
A partir da revisão da literatura, algumas características e critérios de usabilidade de um
portal que devem ser analisados, de acordo com Nielsen (2002) são: O Portal informa o
objetivo do site; transmite informação sobre a empresa ; criação de conteúdo; navegação;
Ferramentas e atalhos para as tarefas; Componentes da interface com o usuário. Para todos
esses critérios, ambos os portais corporativos mostraram desempenhos semelhantes,
atendendo a todos esses requisitos.
Portanto, não há o que os diferencie quanto ao critério “usabilidade”.
Se, por outro lado, for feita uma análise quanto ao uso do portal corporativo para gestão do
conhecimento, os três portais refletem diferenças estruturais, que seguem na verdade a
estratégia e missão das empresas que são diferentes na sua essência: enquanto a universidade
pública concentra-se na produção de conhecimento com ênfase na produção de pesquisa e
intercâmbio com outras instituições de ensino e pesquisa, a missão da universidade particular
Anhembi-Morumbi dá ênfase basicamente à atividade de ensino, e a PUC RJ – IAG encontrase num meio termo entre essas duas universidades, privilegiando o contato com o cliente, mas
disponibilizando informações e documentos para sua comunidade exclusivamente, através de
senhas para acesso às bibliotecas e serviços em geral, preocupando-se com a disponibilização
de material de pesquisa para sua comunidade.
Esse fato revela-se nos tipos de serviços disponibilizados em seus portais: a Universidade
Anhembi-Morumbi oferece uma série de serviços ao aluno que tem como objetivo principal
evitar deslocamentos físicos do aluno até a universidade, oferecendo informações e até
conteúdo de aulas e mesmo a possibilidade de fazer uma dependência de uma disciplina que
não tenha passado através do portal.
É uma visão muito mais mercadológica do que de gestão do conhecimento: o portal
corporativo da Anhembi-Morumbi oferece serviços a ex-alunos que vão desde o oferecimento
de descontos em lojas, até bolsas para outros cursos, visando a retenção e satisfação desse
cliente, pressupostos básicos do marketing.
Já a FEA/USP mostra em seu portal a preocupação em ser uma instituição que promove a
intensificação do projeto de internacionalização da FEA, a colaboração com os meios de
comunicação social no sentido de difundir informações sobre suas atividades e resultados de
estudos e pesquisas, bem como de prestar esclarecimentos sobre temas de sua especialidade, o
que vai de encontro com os conceitos de gestão do conhecimento apresentado pelos autores
descritos nesse trabalho.
A PUC RJ também produz pesquisa, porém o acesso a seus resultados é mais restrito aos
usuários da comunidade PUC, devido provavelmente a ser uma empresa privada.
Como foi dito na apresentação dos conceitos utilizados nesse trabalho, Terra (2002) cita que
um portal deve prover: 1- habilidade de localizar especialistas na organização, de acordo com
o grau de conhecimento exigido para o desempenho de alguma tarefa; 2-Habilidade de
satisfazer as necessidades de informação de todos os tipos de usuários da organização; 3Possibilidade de troca de informações com clientes, fornecedores, revendedores etc.,
fornecendo uma infra-estrutura informacional adequada também para o comércio eletrônico.
Os portais corporativos analisados provem a habilidade 1, de localizar especialistas, ao
disponibilizarem os currículos de seus docentes. A PUC RJ também disponibiliza o CV de
seus alunos, promovendo uma rede integradora de informações.A FEA/USP oferece um
12
campo em seu portal denominado “Portal de Pesquisa” que mostra as diversas linhas de
pesquisa da instituição, com o corpo docente envolvido em cada uma delas, além de mostrar
as diversas linhas de pesquisa e os alunos de graduação envolvidos nas pesquisas de iniciação
científica (bolsas voltadas a alunos de graduação para desenvolverem projetos de pesquisainiciação científica). Também possui alguns campos onde é possível acessar textos integrais
resultados de pesquisas realizadas. A PUC RJ – IAG possui nas páginas específicas do IAG
mais informações sobre cursos e linhas de pesquisa, não disponibilizando material de
pesquisas concluídas e nem textos nessas páginas. Alguns documentos podem ser obtidos
digitalmente através do serviço digital de bibliotecas, porém esse serviço está disponível
apenas para a comunidade usuária da PUC
A FEA/USP e a PUC RJ - IAG possuem campos específicos para a pós-graduação stricto
sensu (mestrado e doutorado), com informações sobre os cursos, disciplinas, linhas de
pesquisa . A Universidade Anhembi-Morumbi não possui pós-graduação stricto sensu,
focando mais a pós-graduação a nível de extensão profissional para graduados, mais uma vez
demonstrando preocupação em atender seus clientes em todas as suas necessidades, numa
visão mais de uso do portal corporativo como uma ferramenta mercadológica do que
necessariamente de gestão do conhecimento.
6-Conclusões
Uma primeira conclusão deste trabalho refere-se ao fato das três universidades estudadas- a
pública e as duas privadas- poderem se beneficiar de forma considerável com o portal
corporativo, já que estas instituições utilizam o portal para centralizar uma série de
informações num só ponto.
A criação de um Portal Corporativo serve para centralizar informações e fornecer um único
ponto de contato/acesso a elas, podendo auxiliar na distribuição de informações tanto de
caráter acadêmico quanto na distribuição de caráter operacional/ administrativo. Os Portais
disponibilizam informações ao público em geral e aos funcionários das instituições, servindo
como uma ferramenta de comunicação interna entre unidades, para que a comunicação flua de
uma maneira melhor, trazendo como característica uma abordagem ampla e de colaboração.
Segundo Cunninghan (2000), a gestão do conhecimento serve para alavancar recursos que
servirão para eliminar o tempo excessivo gasto pela equipe em tarefas específicas, melhorar a
transferência de informações e gerar eficiência dentro da empresa. O uso de portal corporativo
com o objetivo de gestão do conhecimento efetiva esses benefícios para a instituição,
possibilitando economia de tempo dos funcionários em atender o público, que podem obter as
informações desejadas através do portal corporativo, reservando aos funcionários da
instituição mais tempo disponível para outras atividades operacionais, que não atendimento
exclusivamente.
Quando se compara as universidades públicas e privadas, de acordo com os dados
apresentados pelo INEP, constata-se que o nº de projetos de pesquisa realizados pelas
instituições públicas é 16 vezes maior do que os projetos feitos em instituições particulares,
mesmo o número de instituições públicas sendo quase 8 vezes menor e tendo
aproximadamente 40% dos alunos. Isto faz com que o Portal Corporativo das instituições
públicas sejam mais direcionados para a pesquisa científica, uma vez que os “seus clientes”
buscam este tipo de informação, fazendo com que seu portal tenha uma função primordial na
gestão do conhecimento desse tipo de universidade, permitindo uma difusão das informações
e do conhecimento ali gerado de forma rápida e eficiente dentro da própria instituição bem
como para outras instituições nacionais e mesmo internacionais. Esse fato é comprovado pelo
tipo de campos existentes no portal corporativo estudado , da FEA/USP, campos esses que
propiciam o acesso do usuário a diversas fontes de conhecimento geradas na universidade,
como o CCint (órgão de cooperação internacional), que é de uso exclusivo da FEA,
13
independente da Universidade (USP), a biblioteca virtual, a comissão de pesquisa, dentre
outros.
Já as instituições particulares tem pouco menos de 60% do total de alunos das universidades,
e um índice de mais de 40% de vagas ociosas. Isso faz com que o Portal Corporativo das
instituições particulares seja utilizado como ferramenta para divulgação, promoção e captação
de novos alunos, numa concepção mais mercadológica do portal corporativo do que de gestão
do conhecimento, não propiciando aos seus alunos um acesso ao conteúdo científico de forma
tão intensa quanto na universidade pública.
A PUC RJ apesar de ser uma instituição privada, mostra uma preocupação com a realização
de pesquisa, refletida na composição do seu corpo discente e docente, porém a produção
científica dessa Universidade não é disponibilizada para a comunidade em geral, precisando
ser cadastrado pela PUC para se ter acesso ao conhecimento gerado na forma de pesquisas e
trabalhos acadêmicos.
Usando os conceitos de gestão do conhecimento de Alavi e Leidner (1999) e Davenport e
Prusak (1998), que definem sistemas de gestão do conhecimento como aqueles sistemas de
gestão voltados à criação, obtenção, organização e disseminação de “conhecimento”, observase que a FEA (pública) preocupou-se em utilizar seu portal corporativo para disponibilizar
ferramentas voltadas à gestão do conhecimento (LAE - Laboratório de Aprendizagem e
Ensino e PESC - Programa de Extensão de Serviços à Comunidade), ferramentas essas que
buscam difundir o conhecimento gerado na Universidade para a comunidade externa à
FEA/USP. O IAG da PUC RJ também possui uma ferramenta que auxilia a comunidade da
PUC (sistema RDC), porém restrito à comunidade dessa Universidade.
Usando o critério de Popovic (2005) para definir os conteúdos possíveis do portal corporativo
de uma instituição de ensino superior (pedagógico e pesquisa; informação e comunicação e
administrativo), constata-se que as 3 Faculdades utilizam seus portais para os dois últimos e
apenas a PUC RJ e USP utilizam-no para a pesquisa.
Lembrando Alavi & Leidner (2001) quanto às perspectivas de entendimento sobre o conceito
de conhecimento - (1) um estado da mente, (2) um objeto, (3) um processo, (4) Uma condição
de ter acesso à informação, ou (5) uma capacidade- percebe-se que, as três faculdades
utilizam seus portais corporativos pensando o conhecimento como um objeto e uma condição
de ter acesso à informação, uma vez que todas permitem que o conhecimento possa ser
armazenado e manipulado, além de ser organizado para facilitar o acesso e recuperação do
conteúdo, com uma especial ênfase sobre a acessibilidade dos objetos do conhecimento. Esses
aspectos independem do fato da Universidade utilizar uma abordagem mais voltada ao
atendimento das necessidades de seus clientes, numa visão mais mercadológica (como parece
ser o caso das universidades privadas) ou numa abordagem mais preocupada com a difusão do
conhecimento gerado em seu ambiente (caso da universidade pública).
Pensando o conhecimento como sendo um processo (Carlsson et al., 1996), então o foco de
sua gestão trata da criação, compartilhamento e distribuição do conhecimento, o que acontece
de maneira clara na Universidade pública estudada, bem como na PUC RJ, privada, porém
que se preocupa em distribuir esse conhecimento gerado de forma mais seletiva, devido ao
seu caráter de entidade privada.
Conclui-se que a estratégia de cada empresa bem como sua missão refletem na composição de
seu portal corporativo, atrelando o conteúdo oferecido por esses portais aos objetivos
organizacionais propostos: no caso da universidade pública, que tem por missão “ promover a
pesquisa e o progresso da ciência; transmitir pelo ensino conhecimentos que enriqueçam ou
desenvolvam o espírito e que sejam úteis à vida; e formar especialistas em todos os ramos”, o
portal corporativo cria mecanismos de difusão do conhecimento gerado em suas unidades.
No caso da Universidade privada Anhembi-Morumbi, que necessita do lucro para sua
manutenção e tem como foco a captação, retenção e satisfação de seus clientes, o portal
14
corporativo oferece mecanismos de natureza mais mercadológica, que possam promover a
efetiva satisfação desse cliente, como economia de tempo ao disponibilizar o máximo de
informações que diminuam a necessidade de deslocamento físico do aluno ao campus da
universidade para buscar informações, além de facilidades para as aulas e cursos oferecidos.
O caso da PUC RJ, que, apesar de ser privada, possui claramente definida em sua missão o
objetivo de excelência em pesquisa reflete essa tendência, no uso de ferramentas para a
divulgação do conhecimento gerado, porém, de modo restrito aos usuários da própria
Universidade, dado seu caráter privado.
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Fonte: www.inep.usp.br
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Fonte: www.universia.com.br
Fonte: www.puc-rio.br
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