Relato sobre a “Oficina interestadual sobre legislação, comercialização e
marketing para exploração de frutos da palmeira juçara”
Francisco Paulo Chaimsohn
Pesquisador do IAPAR e Coordenador da Oficina
A Oficina foi realizada nos dias 25 e 26 de novembro de 2010, nas
instalações do Teatro Municipal de Antonina, PR. Participaram um total de 164
pessoas, entre agricultores, técnicos, estudantes e outros participantes. Além
do Litoral e de outros municípios do Paraná, veio gente de São Paulo, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia, além de um espanhol da Catalunya.
No primeiro dia, depois da abertura oficial, foram apresentados os
painéis, com palestrantes de São Paulo, Santa Catarina, Belém e Paraná, de
instituições governamentais e não governamentais.
No painel 1, que tinha como objetivo discutir o marco legal, referente à
questão ambiental, Willians Zorzan, consultor do Instituto Sócioambiental,
apresentou uma síntese do trabalho que fez para a Rade Juçara, de
levantamento e análise sobre a legislação federal e estaduais, referente à
exploração da palmeira. Em seguida, o Prof. Paul Richard Momsen Miller
(Universidade Federal de Santa Catarina) apresentou vários aspectos,
relacionados à exploração de frutos de juçara, em comparação com o açaí
(Euterpe oleracea). Na seqüência, o Engo Florestal da Fundação Florestal de
São Paulo e integrante da Rede Juçara, expôs o tema Manejo da Palmeira
Juçara: estado da arte da Legislação do Estado de SP. Encerrando as
pelestras do primeiro painel, o Engo Agrônomo Walter Steenbock (ICMBio –
FLONA Açungui, PR) discutiu o estado da arte da legislação referente à
exploração de juçara no Estado do Paraná. Em seguida, abriu-se para o
debate, com intensa participação do público.
O painel 2, cujo objetivo era embasar a discussão sobre a construção do
marco legal, referente à legislação do processamento de alimentos: legislação
referente à produção de açaí; especificidades dos frutos e “polpa” de juçara, foi
iniciado com a palestra do Marcelo Segatto, técnico do Ministério da Agricultura
e do Abastecimento de Curitiba, sobre o Estado da arte referente à legislação
do açaí e alimentos correlatos. Em seguida, Andrey Pabst e Juliana Neitzke
Pabst (da Alicon Industria de Alimentos Ltda, Garuva, SC) apresentaram o
tema processamento industrial do açaí em Santa Catarina: experiências,
limitações e entraves. Na seqüência, Luciano Corbeline e Alessandro dos
Santos (Instituto IPEMA, SP) expuseram o tema Processamento artesanal de
açaí em São Paulo: experiências, limitações e entraves. Ao final desta
apresentação, iniciaram-se os debates com o público.
No painel 3, foram apresentadas e discutida questões referentes a
Comercialização e marketing de “polpa” e outros produtos de juçara: mercado,
comercialização e marketing de açaí no Brasil e no mundo; o novo produto:
produção, comercialização e marketing de “polpa” e outros produtos de frutos
de juçara; construindo uma nova “marca”: “polpa” de juçara. O painel foi
iniciado com a palestra Estratégias de comercialização e marketing,
apresentada por Kellen Marin, consultora do SEBRAE-PR. Em seguida, Aníbal
dos Santos Rodrigues, pesquisador do IAPAR, fez uma apresentação sobre
Mercado e comercialização de açaí no Brasil e no mundo. O painel foi
encerrado com a palestra do Sr. Michinori Konagano, da Cooperativa
Agropecuária Mista de Tomé-Açu – CAMTA (Tomé Açu, PA), sobre
Processamento e comercialização de açaí e polpa de outras frutas tropicais: a
experiência da CAMTA – Pará, seguido por debate com os participantes.
No segundo dia, @ participantes, protagonistas da Oficina, se dividiram
em três grupos, nos quais foram discutidos cada um dos temas propostos no
evento: 1. marco legal referente a questão ambiental para exploração dos
frutos de juçara, 2 marco legal referente ao processamento dos frutos de juçara
e 3. comercialização e marketing. Houve uma participação quantitativa e
qualitativamente muito significativa nas discussões em grupo.
Algumas das principais sugestões e/ou recomendações da Oficina
foram:
1. A legislação para o plantio e exploração dos frutos da palmeira juçara
deve incentivar a atividade e não restringi-la.
2. Os procedimentos da normatização da atividade para pequenos
produtores (até 50 ha) e comunidades tradicionais devem ser simplificados.
3. Deve-se analisar a viabilidade de exploração dos frutos da palmeira
juçara em áreas de APP (proteção permanente)
4. Foi sugerida a formação de uma Câmara Técnica, vinculada ao
Governo do Estado do Paraná e de um Grupo de Trabalho interestadual sobre
a palmeira juçara.
5. Foi recomendado que sejam efetuados estudos para definição da
marca e marketing do produto.
6. Definir os padrões de identidade de qualidade da polpa de frutos de
juçara.
A formação do Grupo de Trabalho, para o qual espera-se a participação
de lideranças de agricultores, comunidades tradicionais, técnicos, gestores,
autoridades da área ambiental, etc, nos parece ser um dos principais
resultados da Oficina, uma vez que pode garantir a continuidade da discussão
e encaminhamento das questões importantes, relacionadas à exploração e
processamento dos frutos da palmeira juçara, cuja atividade deverá constituirse em alternativa de renda para agricultores e comunidades da área de
abrangência da Mata Atlântica e contribuir, de forma significativa, para a
recuperação e conservação deste componente fundamental do bioma.
Também é importante destacar que, durante os dois dias, houve
produção e degustação de polpa de juçara, que deliciou não só @s
participantes da Oficina como o povo de Antonina. Além disto, houve
apresentação, em forma de pôsteres, de trabalhos técnico-científicos e relatos
de experiências sobre a exploração dos frutos de juçara.
Agradecemos, imensamente, aos painelistas, aos protagonistas e aos
amig@s da juçara, que nos ajudaram a realizar este importante e bonito
evento.
Finalmente, gostaríamos de observar que as palestras, a síntese dos
trabalhos em grupo e os trabalhos apresentados em pôster serão gravados em
CD. As apresentações do primeiro dia e a discussão na plenária final também
foram filmadas e a edição das mesmas será gravada em DVD. O CD e o DVD
serão distribuídos a tod@s @s protagonistas da Oficina e demais
interessad@s.
Informações:
Francisco Paulo Chaimsohn
E-mail: [email protected] ou [email protected]
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