267 Revista Brasileira de ISSN 0034-7280 Oftalmologia PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA Indexada nas bases de dados: SciELO LILACS Scientific Electronic Library OnLine Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Disponível eletronicamente no site: www.sboportal.org.br Publicação bimestral Editor Chefe Riuitiro Yamane - Niterói - RJ Co-editores Arlindo José Freire Portes - Rio de Janeiro - RJ Newton Kara José - São Paulo - SP Roberto Lorens Marback - Salvador - BA Silvana Artioli Schellini - Botucatu - SP Corpo Editorial Internacional Baruch D. Kuppermann - Califórnia - EUA Christopher Rapuano - Filadélfia - EUA Felipe A. A. Medeiros - Califórnia - EUA Howard Fine - Eugene - EUA Jean-Jacques De Laey - Ghent - Bélgica Lawrence P. Chong - Califórnia - EUA Miguel Burnier Jr. - Montreal - Canadá Peter Laibson - Filadélfia - EUA Steve Arshinoff - Toronto - Canadá Daniel Grigera - Olivos - Argentina Curt Hartleben Martkin - Colina Roma - México Felix Gil Carrasco - México - México Corpo Editorial Nacional Abelardo de Souza Couto Jr. - Rio de Janeiro - RJ Acacio Muralha Neto - Rio de Janeiro - RJ Adalmir Morterá Dantas - Niterói- RJ Ana Luisa Hofling de Lima - São Paulo - SP Antonio Augusto Velasco E. Cruz - Ribeirão Preto - SP Ari de Souza Pena - Niterói - RJ Armando Stefano Crema - Rio de Janeiro - RJ Carlos Alexandre de Amorim Garcia - Natal - RN Carlos Augusto Moreira Jr. - Curitiba - PR Carlos Ramos de Souza Dias - São Paulo - SP Celso Marra Pereira - Rio de Janeiro - RJ Denise de Freitas - São Paulo - SP Edmundo Frota de Almeida Sobrinho - Belém - PA Eduardo Cunha de Souza - São Paulo - SP Eduardo Ferrari Marback - Salvador - BA Fernando Cançado Trindade - Belo Horizonte - MG Fernando Oréfice - Belo Horizonte - MG Flavio Rezende - Rio de Janeiro - RJ Francisco de Assis Cordeiro Barbosa - Recife - PE Francisco Grupenmacher - Curitiba - PR Francisco Valter da Justa Freitas - Fortaleza - CE Giovanni N.U.I. Colombini - Rio de Janeiro - RJ Guilherme Herzog Neto - Rio de Janeiro - RJ Rev Bras Oftalmol, v. 67, n. 6, p. 267-334, Nov./Dez. 2008 Haroldo Vieira de Moraes Jr. - Rio de Janeiro - RJ Helena Parente Solari - Niterói - RJ Henderson Celestino de Almeida - Belo Horizonte - MG Hilton Arcoverde G. de Medeiros - Brasília - DF Homero Gusmão de Almeida - Belo Horizonte - MG Italo Mundialino Marcon - Porto Alegre - RS Jacó Lavinsky - Porto Alegre - RS João Borges Fortes Filho - Porto Alegre - RS João Luiz Lobo Ferreira - Florianópolis - SC João Orlando Ribeiro Gonçalves - Teresina - PI Joaquim Marinho de Queiroz - Belém - PA José Ricardo Carvalho L. Rehder - São Paulo - SP Laurentino Biccas Neto - Vitória- ES Leiria de Andrade Neto - Fortaleza - CE Liana Maria V. de O. Ventura - Recife - PE Manuel Augusto Pereira Vilela - Porto Alegre - RS Marcelo Palis Ventura - Niterói - RJ Marcio Bittar Nehemy - Belo Horizonte - MG Marco Antonio Rey de Faria - Natal - RN Marcos Pereira de Ávila - Goiânia - GO Maria de Lourdes Veronese Rodrigues - Ribeirão Preto - SP Maria Rosa Bet de Moraes Silva - Botucatu - SP Mário Luiz Ribeiro Monteiro - São Paulo - SP Mário Martins dos Santos Motta - Rio de Janeiro - RJ Miguel Ângelo Padilha Velasco - Rio de Janeiro - RJ Milton Ruiz Alves - São Paulo - SP Nassim da Silveira Calixto - Belo Horizonte - MG Newton Kara José Jr. – São Paulo – SP Octávio Moura Brasil do Amaral Fº. - Rio de Janeiro - RJ Oswaldo Moura Brasil - Rio de Janeiro - RJ Paulo Augusto de Arruda Mello - São Paulo - SP Paulo Schor - São Paulo - SP Raul Nunes Galvarro Vianna - Niterói - RJ Remo Susanna Jr. - São Paulo - SP Renato Ambrósio Jr. - Rio de Janeiro - RJ Renato Luiz Nahoum Curi - Niterói - RJ Rogério Alves Costa - Araraquara - SP Rubens Camargo Siqueira - S. José do Rio Preto - SP Sebastião Cronemberger - Belo Horizonte - MG Sérgio Henrique S. Meirelles - Rio de Janeiro - RJ Suel Abujâmra - São Paulo - SP Tadeu Cvintal - São Paulo - SP Valênio Peres França - Nova Lima - MG Virgílio Augusto M. Centurion - São Paulo - SP Walton Nosé - São Paulo - SP Wesley Ribeiro Campos - Passos - MG Yoshifumi Yamane - Rio de Janeiro - RJ Redação: Rua São Salvador, 107 Laranjeiras CEP 22231-170 Rio de Janeiro - RJ Tel: (0xx21) 3235-9220 Fax: (0xx21) 2205-2240 Tiragem: 5.000 exemplares Edição: Bimestral Secretaria: Juliana Matheus Editoração Eletrônica: Sociedade Brasileira de Oftalmologia Responsável: Marco Antonio Pinto DG 25341RJ Publicidade: Sociedade Brasileira de Oftalmologia Responsável: João Diniz Revisão: Eliana de Souza FENAJ-RP 15638/71/05 Normalização: Edna Terezinha Rother Assinatura Anual: R$240,00 ou US$210,00 268 ISSN 0034-7280 Revista Brasileira de Oftalmologia Rua São Salvador, 107 - Laranjeiras - CEP 22231-170 - Rio de Janeiro - RJ Tels: (0xx21) 3235-9220 - Fax: (0xx21) 2205-2240 - e-mail: [email protected] - www.sboportal.org.br Revista Brasileira de Oftalmologia, ISSN 0034-7280, é uma publicação bimestral da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Diretoria da SBO 2007-2008 Presidente Luiz Carlos Pereira Portes Vice-presidente Mário Martins dos Santos Motta Vices presidentes regionais Jacó Lavinsky Luiz Gonzaga Cardoso Nogueira Márcio Bittar Nehemy Newton Kara José Secretário Geral Gilberto dos Passos 1º Secretário Guilherme Herzog Neto 2º Secretário Armando Stefano Crema Tesoureiro Mário Hideo Nagao Diretor de Cursos Sérgio Henrique S. Meirelles Diretor de Publicações Riuitiro Yamane Diretor de Biblioteca Octávio Moura Brasil Conselho Consultivo Carlos Fernando Ferreira Flávio Rezende, Miguel Ângelo Padilha Oswaldo Moura Brasil Paiva Gonçalves Filho Yoshifumi Yamane Conselho Fiscal Fernando Dantas Coutinho Luiz Augusto Morizot Leite Filho Marcus Vinícius Abbud Safady Suplentes José Augusto de Lima Mizael Augusto Pinto Rogério Neurauter SOCIEDADES FILIADAS A SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA Associação Brasileira de Banco de Olhos e Transplante de Córnea Presidente: Dr. Ari de Souza Pena Sociedade Catarinense de Oftalmologia Presidente: Dr. Ademar Valsechi Associação Matogrossense de Oftalmologia Presidente: Dra. Maria Regina Vieira A. Marques Sociedade Goiana de Oftalmologia Presidente: Dr. Solimar Moisés de Souza Associação Pan-Americana de Banco de Olhos Presidente: Dr. Elcio Hideo Sato Associação Paranaense de Oftalmologia Presidente: Dr. Fernando Cesar Habib Associação Sul Matogrossense de Oftalmologia Presidente: Dr. Beogival Wagner Lucas Santos Associação Sul-Mineira de Oftalmologia Presidente: Dr. Elias Donato Sociedade Alagoana de Oftalmologia Presidente: Dr. Jack Arnold Oliveira Lima Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia Presidente: Dr. Renato Ambrósio Jr. Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares Presidente: Dr. Marco Rey Faria Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular Presidente: Dra. Ana Estela Besteti P. P. Sant’Anna Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa Presidente: Dr. José Ricardo Lima Rehder Sociedade Maranhense de Oftalmologia Presidente: Dr. Mauro César Viana de Oliveira Sociedade de Oftalmologia da Bahia Presidente: Dra. Cláudia Galvão Brochado Sociedade de Oftalmologia do Ceará Presidente: Dr. David da Rocha Lucena Sociedade Norte Nordeste de Oftalmologia Presidente: Dr. Luiz Nogueira Sociedade de Oftalmologia do Nordeste Mineiro Presidente: Dr. Mauro César Gobira Guimarães Sociedade de Oftalmologia de Pernambuco Presidente: Dr. Paulo Josse Suassuna de Medeiros Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Norte Presidente: Dr. Uchoandro Bezerra Costa Uchôa Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul Presidente: Dr. Afonso Reichel Pereira Sociedade Brasileira de Ecografia em Oftalmologia Presidente: Dr. Celso Klejnberg Sociedade Paraibana de Oftalmologia Presidente: Dr. Ivandemberg Velloso Meira Lima Sociedade de Oftalmologia do Amazonas Presidente: Dr. Manuel Neuzimar Pinheiro Junior Sociedade Paraense de Oftalmologia Presidente: Dr. Ofir Dias Vieira Sociedade Capixaba de Oftalmologia Presidente: Dr. Konstantin Márcio Gonçalves Sociedade Sergipana de Oftalmologia Presidente: Dr. Joel Carvalhal Borges 269 Revista Brasileira de ISSN 0034-7280 Oftalmologia PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA Fundada em 01 de junho de 1942 CODEN: RBOFA9 Indexada nas bases de dados: SciELO LILACS Scientific Electronic Library OnLine Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Disponível eletronicamente no site: www.sboportal.org.br Publicação bimestral Rev Bras Oftalmol, v. 67, n. 6, p. 267-334, Nov./Dez. 2008 Sumário - Contents Editorial 271 Revista Brasileira de Oftalmologia e sua bem-sucedida trajetória rumo às indexações Riuitiro Yamane, Edna Terezinha Rother e Arlindo José Freire Portes Artigos originais 273 Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais Dynamic contour tonometry (DCT) versus Goldmann applanation tonometry (GAT) in open-angle glaucoma and normal eyes: a comparative study Sergio Henrique Sampaio Meirelles, Cristina Rodrigues Mathias, Gilberto Brandão de Azevedo, Riani Morelo Álvares, Clarissa Campolina de Sá Mattosinho, Jetro Saul Jardim, Cláudia Castor Xavier Bastos, Luciana Meneses 281 Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas no Brasil Cost-effectiveness of prostaglandin analogues in Brazil Ricardo Augusto Paletta Guedes, Vanessa Maria Paletta Guedes, Alfredo Chaoubah 287 Avaliação da onda b do eletrorretinograma na Athene cunicularia Evaluation of the b-wave electroretinogram in Athene cunicularia Márcio Penha Morterá Rodrigues, Adalmir Morterá Dantas 292 Retinopatia da prematuridade limiar em crianças submetidas à terapia com surfactante exógeno endotraqueal Threshold retinopathy of prematurity in children undergoing exogenous endotracheal surfactant therapy Mário Martins dos Santos Motta, Michel Eid Farah, Pedro Paulo Bonomo 270 297 Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 Relation between diabetic retinopathy and diabetic dermopathy in type 2 diabetes mellitus patients Hugo Roberto Kurtz Lisboa, Aline Boff, João Rafael de Oliveira Dias, Madalena Rotta, Maiara Garib Guzzo, Saionara Zago, Gláucia Sarturi Tres, Roger Syllos Relato de caso 303 Axenfeld-Rieger anomaly and corneal endothelial dystrophy: a case series Anomalia de Axenfeld-Rieger e distrofia corneana endotelial: uma série de casos Mariana Borges Oliveira, Roberto dos Santos Mitraud, Riuitiro Yamane 309 Cataract in a patient with the Alport syndrome and diffuse Leiomyomatosis Catarata em paciente com sindrome de alport e leiomiomatose difusa Luis Santiago - Cabán, Cristóbal Cruz, Natalio J. Izquierdo Artigo de revisão 313 Antiangiogênicos no glaucoma Antiangiogenics in glaucoma Diogo Lucena, Riuitiro Yamane 321 Melanocitoma do nervo óptico Optic disk melanocytoma: bibliographic review Enéias Bezerra Gouveia, Maira Saad de Ávila Morales Índice Remissivo 327 Índice remissivo do volume 67 Instruções aos autores 332 Normas para publicação de artigos na RBO EDITORIAL 271 Revista Brasileira de Oftalmologia e sua bem-sucedida trajetória rumo às indexações Q uando, em janeiro de 2007, assumimos a Revista Brasileira de Oftalmologia, nossas aspirações eram muitas: aumentar o número de artigos submetidos e publicados, aprimorar a qualidade das revisões, buscar indexações nacionais e internacionais, melhorar o processo editorial e dar maior visibilidade às nossas publicações. Sabíamos que não seria uma tarefa fácil, pois iríamos nos envolver na atividade de editoração como uma tarefa paralela, sem reunir, de início, as condições e conhecimentos que seriam desejáveis para assumir tal responsabilidade. Paralelamente, as expectativas da Sociedade Brasileira de Oftalmologia para que a RBO conquistasse maior reconhecimento também eram muitas. De outra parte, a quantidade de artigos era insuficiente e as dificuldades de revisão, da mesma forma, muitas. Logo no início de 2007, recebemos a triste notícia de que a Revista Brasileira de Oftalmologia não reunia os requisitos necessários para ser indexada à SciELO (Electronic Library Online, biblioteca eletrônica que abrange uma seleta coleção de periódicos científicos brasileiros). Era o resultado do processo de seleção de periódicos da Coleção SciELO, avaliada pelo seu Comitê Consultivo, em resposta ao Processo de Seleção da RBO feita em 2006. Mas isto não nos esmoreceu, pelo contrário, nos deu maior motivação. Daí em diante, procuramos buscar obstinadamente atender aos critérios estabelecidos pela SciELO. Fizemos várias e importantes adequações até chegarmos ao reconhecimento do Comitê Consultivo da SciELO em fins de 2007. Vale ressaltar que, entre 19 periódicos, a Revista Brasileira de Oftalmologia foi a única publicação a ser aprovada e incluída à coleção SciELO Brasil após avaliação feita pelo seu Comitê Consultivo. Também recuperamos a indexação nas bases de dados do LILACS. Continuamos a perseguir indexações internacionais. Submetemos, inicialmente, à base de dados Embase, uma base européia, com grande potencial de publicações científicas, que entendeu não termos o perfil adequado para complementar seu conteúdo. Enfim, não fomos aceitos. Ainda no final de 2007, submetemos à análise da Thomson Reuters, responsável pela base de dados Web of Science. Essa base agrega um conjunto de bases de referências bibliográficas conhecidas como Citation Indexes, compiladas pelo Institute for Scientific Information (ISI), cujo objetivo é gerar os indicadores de impacto das publicações de todas as áreas do conhecimento. Poucos acreditavam ser possível, mas era preciso tentar. Após um ano de cumprimento dos requisitos necessários, recebemos a carta de aceite. Essa indexação na Web of Science permitirá aos autores brasileiros ter conhecimento dos índices de citações de suas publicações na Revista Brasileira de Oftalmologia e os colocar junto a publicações internacionais da oftalmologia. Todo este processo exigiu muito trabalho e dedicação por parte dos editores e de nossos revisores; mas, sem dúvida alguma, o mérito da Revista está na excelência das colaborações científicas. É dela que emana toda a força para sustentação de uma revista científica nas bases de dados nacionais e internacionais e a geração dos indicadores de qualidade condizentes com uma publicação que represente a produção oftalmológica brasileira. Temos consciência dos inúmeros desafios que ainda vamos enfrentar para manter a qualidade da Revista Brasileira de Oftalmologia em sua trajetória rumo aos parâmetros exigidos e desejados pela comunidade oftalmológica. Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 271-2 Revista Brasileira de Oftalmologia e sua bem-sucedida trajetória rumo às indexações 272 Hoje a RBO já conseguiu acumular um suficiente número de submissões de trabalhos originais que nos permitem trabalhar absolutamente dentro de prazos editoriais. Temos que continuar trabalhando na qualidade e eficiência, pois conquistar o Medline deverá ser a próxima meta da RBO. Agradecemos àqueles que conosco percorreram estes dois anos: editores, revisores, autores, à Sociedade Brasileira de Oftalmologia e ao seu Presidente Luiz Carlos Pereira Portes, que acreditaram ser possível colocar a RBO no cenário científico nacional e começar a ter visibilidade internacional, almejada por todos os autores de artigos científicos. Muito ainda há para ser feito. Manter e aprimorar uma publicação científica é um trabalho contínuo, que pede a colaboração de todos nela envolvidos. Não tem prazo para acabar. Cada dia há novos desafios a serem vencidos. A RBO, portanto, ainda tem um longo caminho a trilhar, mas as sementes lançadas pelo professor Evaldo Campos vêm dando frutos há 66 anos e as expectativas para o futuro são promissoras. Riuitiro Yamane, Editor Chefe da Revista Brasileira de Oftalmologia; Professor Titular de Oftalmologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Edna Terezinha Rother, Bibliotecária, Editora Técnica de Publicações Científicas Arlindo José Freire Portes, Co-editor da Revista Brasileira de Oftalmologia; Professor Adjunto de Oftalmologia e Saúde da Família da Universidade Estácio de Sá; Coordenador do Curso de Educação Médica Continuada da SBO Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 271-2 ARTIGO ORIGINAL 273 Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais Dynamic contour tonometry (DCT) versus Goldmann applanation tonometry (GAT) in open-angle glaucoma and normal eyes: a comparative study 1 2 3 Sergio Henrique Sampaio Meirelles , Cristina Rodrigues Mathias , Gilberto Brandão de Azevedo , Riani Morelo Álvares4, Clarissa Campolina de Sá Mattosinho5, Jetro Saul Jardim6, Cláudia Castor Xavier Bastos7, Luciana Meneses8 RESUMO Objetivo: Comparar as medidas da pressão intra-ocular (PIO) obtidas com o tonômetro de aplanação de Goldmann (TAG) e o tonômetro de contorno dinâmico (TCD) e correlacioná-las com a espessura central da córnea (ECC). Métodos: Estudo transversal, com os pacientes divididos em dois grupos: glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) e olhos normais (ON). As medidas da PIO foram obtidas em todos os pacientes com o TAG e o TCD. Um examinador realizou as tonometrias com o TAG e outro examinador com o TCD. A ECC foi obtida pelo paquímetro ultrassônico. Os resultados foram avaliados através do teste Z para amostras independentes, teste t de Student para amostras relacionadas, teste de correlação linear de Pearson e gráfico de Bland-Altman. Resultados: Foram incluídos 134 olhos de 71 pacientes. O grupo GPAA foi constituído por 85 olhos de 45 pacientes e o grupo ON por 49 olhos de 26 indivíduos com olhos normais. Não houve diferença significativa da ECC entre os dois grupos em ambos os olhos (p= 0,54 OD; p= 0,71 OE). As tonometrias realizadas com o TCD foram maiores nos dois grupos (GPAA: p< 0,01; ON: p= 0,01). Houve correlação significativa entre as tonometrias do TAG e do TCD nos dois grupos separados ou em conjunto (p< 0,001). Não houve correlação significativa entre o TAG ou o TCD e a ECC, exceto no olho direito dos dois grupos 2 em conjunto (p= 0,03; r = 0,07). O gráfico de Bland-Altman mostrou pouca concordância entre os dois procedimentos. Conclusão: Nenhum dos métodos mostrou boa correlação com a ECC. Houve pouca concordância entre os dois métodos, sendo maiores, as tonometrias obtidas com o TCD. As medidas realizadas no TCD parecem ser menos influenciadas pelos valores da ECC do que as medidas realizadas no TAG. Descritores: Glaucoma de ângulo aberto/diagnóstico; Pressão intra-ocular; Técnicas de diagnóstico oftalmológico;Tonometria ocular/métodos; Estudos de casos e controles 1 Doutor, Professor da Universidade Gama Filho, Chefe do Setor de Glaucoma do Hospital Municipal da Piedade (RJ), Brasil; Médico do Setor de Glaucoma do Hospital Municipal da Piedade (RJ), Brasil; 3 Médico do Setor de Glaucoma do Hospital Municipal da Piedade (RJ), Brasil; 4 Estagiária do Setor de Glaucoma do Hospital Municipal da Piedade (RJ), Brasil; 5 Residente de 3º ano do Hospital Municipal da Piedade (RJ), Brasil; 6 Estagiário do Setor de Catarata do Hospital Municipal da Piedade (RJ), Brasil; 7 Mestre, Médica do Setor de Glaucoma do Hospital dos Servidores do Estado – HSE – Rio de Janeiro (RJ), Brasil; 8 Médica Oftalmologista (SE), Brasil. 2 Recebido para publicação em: 16/8/2008 - Aceito para publicação em 4/12/2008 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 273-80 274 Meirelles SHS; Mathias CR, Azevedo GB, Álvares RM, Mattosinho CCS, Jardim JS, Bastos CCX, Meneses L INTRODUÇÃO O tonômetro de aplanação de Goldman (TAG) é considerado como o padrão-ouro para a aferição da pressão intra-ocular (PIO). No entanto, a medida da PIO obtida pelo TAG pode ser influenci(1) ada pela espessura corneana. Goldmann , ao desenvolver o seu tonômetro de aplanação, considerou uma espessura central da córnea (ECC) média de 500mm para obtenção das medidas da PIO, e que apenas grandes variações da espessura corneana poderiam influenciar no resultado obtido. Tem sido observado, entretanto, que a medida da PIO obtida pelo TAG pode ser subestimada em córneas finas, e superestimadas em córneas espes(2) sas. Pacientes operados de miopia com excimer laser apresentam, após a cirurgia, medidas da PIO menores do que antes de realizarem o procedimento (3). O Ocular Hypertension Treatment Study (4) (OHTS) mostrou que a espessura corneana seria um fator preditivo para a conversão da hipertensão ocular em glaucoma. Pacientes com córneas mais finas apresentaram maior possibilidade de progressão para glaucoma. Outros estudos mostraram também que pacientes glaucomatosos com córneas mais finas podem ter maior possibilidade de progressão da doença (5-6). Tem sido relatado ainda que os pacientes com glaucoma de pressão normal possuem córneas mais finas que indivíduos normais (7) ou portadores de glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), e que hipertensos (8) oculares possuem córneas mais espessas . Recentemente foi desenvolvido um novo tonômetro para aferição da PIO que realiza uma (9) tonometria de contorno dinâmico (TCD) e que teoricamente não é influenciada pela ECC. A extremidade do cilindro do tonômetro, que entra em contato com a córnea, possui uma superfície côncava que funciona como um sensor pressórico permitindo uma medição direta da PIO, sem causar deformação da córnea. Este tonômetro fornece ainda a amplitude de pulso ocular e a qualidade da aferição da PIO (Q1-5). Não foram encontradas diferenças significativas entre as tonometrias realizadas pelo TCD an(10) tes e após a cirurgia a laser da miopia ou, ainda, entre as medidas da PIO obtidas em olhos de cadáveres pelo TCD e por um manômetro introduzido na câmara anterior (11). O objetivo deste estudo é comparar as medidas da PIO obtidas com o TAG e o TCD em pacientes portadores de GPAA e indivíduos com olhos normais, e relacionar os resultados com a ECC. Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 273-80 MÉTODOS Foram selecionados pacientes do serviço de oftalmologia do Hospital Municipal da Piedade e divididos em dois grupos: pacientes portadores de GPAA e indivíduos com olhos normais. Todos os pacientes assinaram um termo de livre consentimento e o protocolo da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Os pacientes com GPAA estavam em uso de drogas antiglaucomatosas e apresentavam alterações glaucomatosas características do nervo óptico (12) e (13) campo visual . Todos os pacientes apresentavam à gonioscopia, ângulo aberto sem anormalidades e não possuíam nenhuma outra doença ocular, história de cirurgia ocular ou doença sistêmica ou neurológica que justificasse as alterações do nervo óptico e campo visual. Como critério de defeito de campo visual por glaucoma, adotamos o critério utilizado pelo The Collaborative Normal Tension Glaucoma Study (13) Group . Os indivíduos normais do grupo controle apresentavam exame oftalmológico dentro da normalidade, sem apresentar nenhuma medida de PIO maior ou igual a 21 mmHg. Foram considerados critérios de exclusão qualquer doença corneana e cirurgia intra-ocular prévia. Apenas pacientes com medidas do TCD com qualidades Q1 ou Q2 foram incluídos no trabalho. As tonometrias, realizadas com o TAG (HaagStreit, Berna, Suíça) e o TCD (SMT, Swiss Microtechnology AG, Port, Suíça), foram obtidas sempre pelos mesmos examinadores, isto é, um examinador para o TAG e um examinador para o TCD. Após instilação de colírios de proparacaína e de fluoresceína sódica a 1% era realizada a tonometria de aplanação de Goldmann por um examinador. Após 5 minutos, era realizada a tonometria de contorno dinâmico por outro examinador. Este examinador realizou um treinamento com o tonômetro de Pascal em 50 pacientes antes do início do trabalho. Após o contato da ponteira do tonômetro de Pascal com a córnea era escutado um sinal que indicava o correto posicionamento do tonômetro e, após esse sinal, a PIO era calculada automaticamente pelo aparelho. A paquimetria foi realizada por um terceiro examinador após as tonometrias de Pascal e de Goldmann com o paquímetro ultrassônico Sonomed (Sonomed, Inc., Nova Iorque, EUA). Foram realizadas cinco medidas com a sonda perpendicular à superfície central da córnea e consideradas as médias dessas cinco medidas. Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico ... Os testes estatísticos realizados foram os seguintes: teste Z para amostras independentes, teste t de Student para amostras relacionadas, análise de variância (ANOVA) - fator único com teste de Bonferroni e teste de correlação linear de Pearson. Foram incluídos, quando disponíveis, os dois olhos de cada paciente, estudados de forma independente, exceto na análise dos subgrupos divididos de acordo com a ECC em que todos os olhos foram avaliados em conjunto. Foram utilizados os programas BioEstat 3.0 e Excel. Foi considerado significativo valor de p menor que 0,05. 275 Tabela 1 Média e desvio padrão da espessura central da córnea dos dois grupos Grupo GPAA ON Valor de p ECC(mm) (OD) ECC(mm) (OE) 531,8 ± 53,6 (n= 41) 525,2 ± 31,4 (n=24) 0,54 529,6 ± 48,9 (n=44) 525,9 ± 33,5 (n=25) 0,71 GPAA – Glaucoma primário de ângulo aberto; ON – olhos normais; ECC - Espessura central da córnea; OD – olho direito; OE – olho esquerdo. Teste estatístico: teste Z para duas amostras independentes; p=0.05 RESULTADOS Tabela 2 Foram incluídos no estudo, 134 olhos de 71 pacientes, sendo divididos em dois grupos: GPAA e ON. O grupo GPAA foi constituído de 45 pacientes, sendo 13 do sexo masculino e 32 do sexo feminino, em um total de 85 olhos. O grupo ON foi composto por 26 pacientes, sendo 11 do sexo masculino e 15 do sexo feminino somando 49 olhos. Foram excluídos 5 pacientes que não concluíram todos os exames. A Tabela 1 mostra que não houve diferença significativa da espessura central da córnea entre os dois grupos, em ambos os olhos (p= 0,54 em OD; p= 0,71em OE). As tonometrias realizadas com o TCD foram significativamente maiores do que as tonometrias do TAG Média e desvio padrão da tonometria de aplanação de Goldmann e tonometria de contorno dinâmico dos dois grupos TAG (mmHg) TCD (mmHg) valor de p 17,1 ± 3,6 17,9 ± 4,6 14,6 ± 3,0 14,4 ± 3,0 21,2 ± 4,4 21,9 ± 6,6 15,7 ± 3,4 15,6 ± 3,2 <0,001 <0,001 0,01 0,01 GPAA OD GPAA OE ON OD ON OE TAG – tonometria de aplanação; TCD – tonometria de contorno dinâmico; GPAA – glaucoma primário de ângulo aberto; ON – olhos normais; OD – olho direito; OE – olho esquerdo. Testes estatístico: teste T de Student para amostras relacionadas; r2 – coeficiente de correlação ao quadrado; p=0,05 Tabela 3 Correlação entre a tonometria de aplanação de Goldmann, tonometria de contorno dinâmico e espessura central da córnea GPAA r TAG x TCD OD TAG x TCD OE TAG x ECC OD TAG x ECC OE TCD x ECC OD TCD x ECC OE 2 0,48 0,69 0,09 0,003 0,03 0,001 ON 2 p r <0,001 <0,001 0,06 0,74 0,26 0,81 0,72 0,55 0,02 0,14 <0,001 0,002 TODOS 2 p r <0,001 <0,001 0,51 0,07 0,97 0,85 0,58 0,71 0,07 0,01 0,03 <0,001 p <0,001 <0,001 0.03 0,32 0,21 0,99 TAG – tonometria de aplanação; TCD – tonometria de contorno dinâmico; ECC – espessura central da córnea; GPAA – glaucoma primário de ângulo aberto; ON – olhos normais; TODOS – todos os grupos; OD – olho direito; OE – olho esquerdo; Teste 2 estatístico: teste de correlação linear de Pearson; r – coeficiente de correlação ao quadrado; p=0,05 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 273-80 276 Meirelles SHS; Mathias CR, Azevedo GB, Álvares RM, Mattosinho CCS, Jardim JS, Bastos CCX, Meneses L em ambos os olhos dos dois grupos (GPAA: p< 0,001; ON: p= 0,01) (Tabela 2). Houve correlação significativa entre as tonometrias realizadas com o TAG e o TCD (p<0,01), tanto no grupo GPAA, grupo ON e nos dois grupos em conjunto (todos) (Tabela 3). A correlação foi maior no 2 olho direito no grupo ON (r = 0,72) e no olho esquerdo 2 em todos os grupos (r = 0,71).A Figura 1 mostra a correlação entre as tonometrias de TAG e TCD em ambos os olhos de todos os grupos. Não houve correlação significativa entre as tonometrias obtidas com o TAG e o TCD e a ECC, exceto no olho direito de todos os grupos, no qual houve correlação, estatisticamente significativa, entre o TAG e a ECC (p= 0,03; r2= 0,07) (Tabela 3). Os olhos dos pacientes de ambos os grupos foram separados em três subgrupos de acordo com a ECC (< 520µm (54 olhos); 520µm a 580µm (63 olhos); > 580µm (15 olhos) e verificou-se haver correlação, estatisticamente significativa, entre as tonometrias do TAG e do TCD nos três subgrupos (<520µm e 520µm a 580µm, p< 0,001; >580µm, p= 0,01), não havendo, no entanto, correlação significativa entre a ECC e as medidas da PIO obtidas pelo TAG e pelo TCD em cada subgrupo (Tabela 4). O gráfico de Bland-Altman (Figura 2) compara a medição da PIO pelos dois métodos (TAG e TCD), relacionando a diferença entre os dois procedimentos (eixo y) com a média dos dois métodos (eixo x). Os valores da PIO foram maiores com o TCD, com uma grande média da diferença entre os dois métodos (linha pontilhada (– 3mmHg) e um grande intervalo de confiança (linhas contínuas (3,7mmHg a –9,7mmHg), mostrando haver pouca concordância entre os dois métodos. A Figura 3 mostra que embora a correlação da diferença entre as medidas da PIO obtidas pelo TAG e pelo TCD tenha sido maior em córneas mais finas, esta correlação não foi estatisticamente significativa 2 (p= 0,22; r =0,01). Houve diferença estatisticamente significativa en- Tabela 4 Correlação entre a tonometria de aplanação de Goldmann, tonometria de contorno dinâmico e espessura central da córnea em todos os grupos de olhos, separados em subgrupos de acordo com a espessura da córnea ECC TAG x TCD TAG x ECC 2 2 r < 520µm 520 a 580µm >580µm 0,66 0,63 0,42 p r <0,001 <0,001 0,01 0,01 0,01 0,07 TCD x ECC p r2 p 0,72 0,60 0,33 0,05 0,01 0,03 0,11 0,34 0,52 TAG – tonometria de aplanação; TCD – tonometria de contorno dinâmico; ECC2 – espessura central da córnea; Teste estatístico: teste de correlação linear de Pearson; r – coeficiente de correlação ao quadrado; p=0,05 Tabela 5 Diferença entre a tonometria de aplanação de Goldmann e a tonometria de contorno dinâmico em todos grupos de olhos, separados em subgrupos de acordo com a espessura da córnea EEC TAG TCD Valor de p* < 520µm (mmHg) 520 a 580µm (mmHg) > 580µm (mmHg) Valor de p 15,6 18,5 < 0,001 16,3 19,8 < 0,001 18,4 20,6 0,04 0,04 0,31 ** TAG – tonometria de aplanação; TCD – tonometria de contorno dinâmico; ECC – espessura central da córnea; Testes estatísticos: *teste t de Student para amostras relacionadas; **teste de ANOVA – 1 critério com teste de Bonferroni; p=0,05 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 273-80 Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico ... 277 OD – olho direito; OE – olho esquerdo; r2 – coeficiente de correlação ao quadrado Linhas contínuas (___): limites de concordância superior e inferior (3,7mmHg e –9,7mmHg); linha tracejada (------): média das diferenças (-3 mmHg) Figura 1: Correlação entre as medidas da pressão intra-ocular (PIO) obtidas pelo tonômetro de aplanação de Goldmann (TAG) e o tonômetro de contorno dinâmico (TCD) Figura 2: Gráfico de Bland-Altman mostrando a diferença entre o tonômetro de aplanação de Goldmann (TAG) e o tonômetro de contorno dinâmico (TCD) contra a média dos dois procedimentos Figura 3: Gráfico mostrando a diferença entre o tonômetro de aplanação de Goldmann (TAG) e o tonômetro de contorno dinâmico (TCD) contra a espessura central da córnea (ECC) Figura 4: Média da pressão intra-ocular (PIO) do tonômetro de aplanação (TAG) e do tonômetro de contorno dinâmico (TCD) entre os subgrupos de espessura central da córnea (ECC) (<520µm (média = 489µm); 520µm a 580µm (média = 542µm); >580µm (média = 612µm) tre as PIOs medidas nos três subgrupos de ECC com o TAG (p= 0,04). Não houve, no entanto, diferença entre as PIOs obtidas com o TCD nos subgrupos de ECC (p= 0,31) (Tabela 5; Figura 3). Houve, ainda, diferença, estatisticamente significativa, entre as medições obtidas pelo TAG e pelo TCD nos três subgrupos de ECC (< 520µm e 520µm a 580µm, p< 0,001; >580µm, p= 0,04) (Tabela 5). um meio de corrigir os resultados do TAG de acordo (14) com a ECC , não existe, até o momento, nenhuma (15) fórmula capaz de realizar esta conversão , já que outros fatores além da ECC poderiam influenciar as medições da PIO pelo TAG (16). Este estudo comparou a aferição da PIO entre o TAG e o TCD, um novo tonômetro que independeria das propriedades da córnea, e avaliou a concordância entre os dois métodos. Não houve diferença significativa da ECC nos dois grupos e em ambos os olhos. As médias da ECC encontradas estão de acordo com o relatado na (17) literatura . As medidas da PIO foram maiores com o TCD nos dois grupos, embora a diferença entre os dois DISCUSSÃO Diversos estudos têm mostrado a influência das propriedades da córnea nas medidas da PIO obtidas com o TAG (3,7-8). Embora, alguns autores tenham procurado Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 273-80 278 Meirelles SHS; Mathias CR, Azevedo GB, Álvares RM, Mattosinho CCS, Jardim JS, Bastos CCX, Meneses L métodos tenha sido maior nos pacientes portadores de GPAA. Outros estudos também encontraram PIOs mai(18–21) . Entretanto, ores com o TCD comparado ao TAG um trabalho, que dividiu os pacientes em três grupos de acordo com a ECC, encontrou diferença significativa entre o TAG e o TCD apenas nos pacientes com córneas (22) finas . Outro estudo, que dividiu os pacientes em dois grupos de acordo com a ECC, encontrou uma menor diferença das medidas da PIO entre os dois grupos com o (23) TCD comparado com o TAG , sugerindo que o TCD apresenta menor influência da ECC. A correlação entre as medidas da PIO entre o TAG e o TCD, foi significativa, com um forte valor do coeficiente de correlação em todos os grupos (r2 = 0,58 2 OD; r = 0,71 OE), o que também está de acordo com a (20-21,23-24) . maioria dos trabalhos encontrados na literatura Não foi encontrada correlação significativa entre os dois métodos e a ECC nos dois grupos separados e no olho esquerdo de todos os grupos. Esta correlação foi estatisticamente significativa apenas entre o TAG e a ECC no olho direito de todos os grupos. Embora, alguns estudos tenham encontrado resultados semelhantes aos (18,24) nossos , a maioria dos trabalhos mostra uma correlação significativa entre o TAG e a ECC, mas não entre o TCD e a ECC (20-21,25-26). No entanto, embora tenha sido encontrada correlação, estatisticamente significativa, entre o TAG e a ECC nestes estudos, os coeficientes de correlação encontrados são pequenos, com baixos valo2 res de r , mostrando que, embora a correlação seja estatisticamente significativa, ela não é clinicamente significativa, com pouco valor prático. Em nosso estudo, embora tenha havido correlação estatisticamente significativa entre o TAG e a ECC no olho direito (p= 0,03), 2 esta associação foi fraca, com r de 0,07, o que significa que apenas em 7% dos casos haveria explicação de uma variável pela outra. Ao dividirmos os pacientes em três subgrupos de acordo com a ECC, não encontramos correlação significativa entre o TAG ou o TCD com a ECC em nenhum dos subgrupos. No entanto, a correlação entre o TAG e o TCD foi significativa nos três subgrupos. Outro estudo, que dividiu 75 olhos normais em três grupos de acordo com a ECC, encontrou boa correlação entre o TAG e o TCD no grupo com ECC normal (22). O gráfico de Bland-Altmann (Figura 2) avalia a concordância entre dois procedimentos para medir a mesma variável. A média das diferenças entre os dois métodos (TAG – TCD) foi de –3,00 mmHg, o que pode ser considerada uma diferença alta, além de um amplo intervalo de confiança, mostrando pouca concordância Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 273-80 entre os dois métodos, da mesma forma que o encontrado por outros autores (19,21,24). Outro estudo, no entanto, encontrou uma média das diferenças pequena (-0,1 mmHg), (22) com intervalo de confiança de -3,1 a 2,9mmHg . Entretanto, este achado foi relatado apenas no grupo de indivíduos com ECC dentro da normalidade. Apesar de a diferença entre as medidas do TAG e do TCD ter sido menor nas córneas mais espessas, a correlação entre esta diferença e a ECC não foi estatistica2 mente significativa (r = 0,01). Este dado está ilustrado na Figura 3. Diversos autores encontraram diferenças (18,19,22) . menores entre o TAG e o TCD em córneas espessas Outro trabalho verificou também que, quanto maior a PIO, menor a diferença entre os dois tonômetros e, em PIOs mais elevadas, o TAG pode aferir valores da PIO (21) maiores que os encontrados com o TCD . A diferença entre os dois tonômetros em córneas finas pode explicar o melhor desempenho do TCD em estudos que comparam os dois métodos em olhos operados de miopia a laser, cujos resultados mostram que a diferença entre as tonometrias antes e após a cirurgia, que reduz a (10,27) ECC, são menores com o TCD comparado ao TAG . A Figura 4 mostra que as medidas de ambos os tonômetros aumentam de acordo com a ECC, embora este aumento seja menor com o TCD, sugerindo que os dois procedimentos sofrem alguma influência da ECC, embora essa influência pareça ser menor com o TCD. No entanto, a diferença entre o TAG e o TCD em cada subgrupo de ECC foi estatisticamente significativa, embora o valor de p no subgrupo de ECC maior que 580µm tenha sido quase marginal (p= 0,04). Estudo recente encontrou ainda, influência da curvatura da córnea (19) no TCD , ao contrário do TAG. Outro trabalho, entretanto, não encontrou influência da curvatura da córnea (21) com o TCD ou o TAG . O pequeno número de pacientes, principalmente no subgrupo de córneas mais espessas, foi uma das limitações do estudo. O fato de não termos randomizado a ordem das medidas da PIO, também pode ter influenciado nos resultados, embora tenhamos realizado primeiramente a tonometria com o TAG para que não houvesse influência de uma possível aplanação anterior pelo TCD, já que as medidas do TAG podem ser influenciadas por uma prévia aplanação da córnea, o que supostamente não acontece com o TCD. Além disso, esperamos cinco minutos entre as tonometrias e consideramos apenas as medidas do TCD com qualidade Q1 ou Q2. Este estudo se limitou a relacionar apenas a ECC com o TAG e o TCD, não avaliando a influência de outras propriedades da córnea como biomecânica ou cur- Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico ... REFERÊNCIAS vatura.A reprodutibilidade é outro fator que não foi estudado. Embora, tenha sido encontrada boa reprodutibilidade da PIO através do TCD (28), um estudo encontrou menor variabilidade das medições da PIO (29) com o TAG . 1. CONCLUSÃO 3. Nenhum dos métodos estudados (TAG e TCD) mostrou boa correlação com a ECC. O TCD mostrou pouca concordância com o TAG, apresentando medidas da PIO maiores que as obtidas com o TAG. As medidas realizadas no TCD parecem ser menos influenciadas pelos valores da ECC do que as medidas realizadas no TAG. Novos estudos com manometria devem ser realizados para determinar qual método tem maior concordância com a PIO real. 279 2. 4. 5. 6. ABSTRACT 7. Purpose: To compare intraocular pressure (IOP) readings of Goldmann applanation tonometry (GAT) and dynamic contour tonometry (DCT), and to correlate central corneal thickness (CCT) with these readings. Methods:This transversal study included patients in two groups: open-angle glaucoma (OAG) and normal eyes (NE). IOP measurements were obtained in all patients using GAT and DCT. The same examiner made all GAT measurements. Another examiner, who was masked to the GAT readings, made DCT measurements. CCT was determined by ultrasound pachimetry. Results: The study included 134 eyes of 71 subjects. The groups were composed of 85 eyes from 45 patients with OAG and 49 eyes from 26 subjects with NE. There was no statically significant difference between CCT in the two groups (p = 0,54, right eye; p = 0,71, left eye). DCT readings consistently were higher than GAT measurements in the two groups (OAG: p < 0,001; NE: p = 0,01). There was good correlation between GAT and DCT in both groups (p < 0,001). Neither GAT nor DCT showed a significant correlation with CCT, except in the separate analysis of all right eyes (p = 0,03; 2 r = 0,07). Bland-Altman graphs showed disagreement between GAT and DCT. Conclusion: Measurements with both GAT and DCT were not correlated with CCT. The agreement between GAT and DCT were not good. The IOP measurements by GAT were lower when compared with DCT. DCT readings seem to be less dependent on CCT than TAG readings. Keywords: Glaucoma, open-angle/diagnosis; Intraocular pressure; Diagnostic techniques, ophthalmological;Tonometry, ocular/methods; Case-control studies 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Goldmann H, Schmidt TH. Uber applanations tonometrie. Ophthalmologica. 1957;134(4):221-42. Ehlers N, Bramsen T, Sperling S. 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ARTIGO ORIGINAL 281 Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas no Brasil Cost-effectiveness of prostaglandin analogues in Brazil 1 2 3 Ricardo Augusto Paletta Guedes , Vanessa Maria Paletta Guedes , Alfredo Chaoubah RESUMO Objetivo:Avaliar a relação custo-efetividade dos análogos das prostaglandinas para o tratamento do glaucoma e da hipertensão ocular no estado de Minas Gerais, Brasil. Métodos: Este estudo transversal avaliou o custo (preço máximo ao consumidor) das diferentes apresentações dos análogos de prostaglandinas (bimatoprosta, latanoprosta, travoprosta) em relação à sua efetividade na redução da pressão intra-ocular. Para cada uma das medicações, calculou-se o custo mensal, anual e em 5 anos para se obter uma redução percentual de 1% e 20% na pressão intra-ocular (PIO), assim como o custo mensal, anual e em 5 anos para se obter uma redução de 1 mmHg e 8 mmHg a partir da PIO inicial.Resultados: O custo mensal para se obter uma redução de 1% e 20% da PIO foi, respectivamente, de R$ 1,35 e R$ 27,00 para a bimatoprosta 5 ml, R$ 1,50 e R$ 30,00 para a bimatoprosta 3 ml, R$ 1,53 e R$ 30,60 para a travoprosta e R$ 2,22 e R$ 44,40 para a latanoprosta. O custo mensal máximo para uma redução de 1 e 8 mmHg da PIO foi, respectivamente, de R$ 6,01 e R$ 48,08 para a bimatoprosta 5 ml, de R$ 6,67 e R$ 53,36 para a travoprosta, de R$ 6,70 e R$ 53,60 para a bimatoprosta 3 ml e de R$ 9,83 e R$ 78,64 para a latanoprosta.Conclusão:A medicação mais custoefetividade foi a bimatoprosta, na apresentação de 5 ml. Aquela que se mostrou com a mais baixa relação custo-efetividade foi a latanoprosta.A travoprosta e a bimatoprosta na apresentação de 3 ml apresentaram resultados semelhantes, ficando em posição intermediária entre as demais. Descritores: Glaucoma/quimioterapia; Pressão intra-ocular/quimioterapia; Prostaglandinas sintéticas/economia; Custos de medicamentos; Avaliação de custoefetividade; Custos e análise de custos; Brasil 1 Médico Oftalmologista do Centro Oftalmológico Paletta Guedes e Pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF - Juiz de Fora (MG), Brasil; Médica Oftalmologista do Centro Oftalmológico Paletta Guedes e Pesquisadora da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF - Juiz de Fora (MG), Brasil; 3 Professor do Departamento de Estatística de Pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF - Juiz de Fora (MG), Brasil. 2 Recebido para publicação em: 30/7/2008 - Aceito para publicação em 8/12/2008 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 281-6 282 Guedes RAP, Guedes VMP, Chaoubah A INTRODUÇÃO O custo crescente da atenção à saúde tem se tornado um problema preocupante de saúde pública. Na oftalmologia, o glaucoma tem um impacto financeiro significativo para o sistema de saúde, pois envolve uso crônico de medicamentos, procedimentos cirúrgicos, consultas e exames complementares freqüentes. Isto, sem levar em conta os custos indiretos, os quais podem incluir: o gasto com o cuidador do deficiente visual e com a reabilitação, a incapacidade para o (1) trabalho, etc . Os medicamentos constituem uma importante proporção dos custos diretos do glaucoma. Segundo Rylander e Vold, o custo anual com medicamentos nos EUA pode variar de 150,81 dólares até 873,98 dólares, se o paciente mantiver o uso de somente uma medicação. Os principais tipos de estudo de custos econômicos em saúde incluem: análises de custo-minimização, de custo-efetividade, de custo-utilidade e de custo-bene(2) fício . Análises de custo-efetividade e custo-benefício são estudos econômicos valiosos em saúde. A análise de custo-benefício avalia o custo de um produto ou de um (3-4) serviço em relação a outros . Por outro lado, a análise de custo-efetividade permite a comparação dos custos de um tratamento (em unidades monetárias) com os seus (5) resultados . Por isto, ela permite uma avaliação tanto (5) em nível individual quanto em nível coletivo . O objetivo do presente estudo é avaliar e comparar a relação custo-efetividade do uso dos três análogos de prostaglandinas disponíveis no mercado brasileiro (especificamente em Minas Gerais) para tratamento do glaucoma e da hipertensão ocular. MÉTODOS Este estudo transversal de farmacoeconomia avaliou o preço máximo ao consumidor, no mês de abril de 2008, (alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, ICMS, de 18% para estado de Minas Gerais) das diferentes apresentações farmacológicas dos análogos de prostaglandinas disponíveis no mercado em relação a sua eficácia descrita na literatura. As medicações estudadas foram: bimatoprosta ® 0,03% (Lumigan ,Allergan, Inc. Irvine, CA, EUA, fras® co de 3 ml), bimatoprosta 0,03% (Lumigan , Allergan, Inc. Irvine, CA, EUA, frasco de 5 ml), latanoprosta ® 0,005% (Xalatan , Pfizer, Inc., New York, NY, EUA, fras® co de 2,5 ml) e travoprosta 0,004% (Travatan , Alcon Laboratories, Inc. Ft. Worth, TX, EUA, frasco de 2,5 ml). O custo diário, mensal, anual e em 5 anos do uso de cada medicação foi obtido por meio da divisão do custo (preço máximo ao consumidor, obtido do Guia da Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 281-6 Farmácia, de abril de 2008) pela duração em dias de cada colírio. A duração foi calculada pela média de gotas em cada frasco, dividida pelo número de gotas necessárias diariamente para o tratamento (1 gota para cada olho tratado por dia). A média do número de gotas de cada frasco foi calculada a partir do cálculo da média aritmética do número de gotas de cada frasco obtida de quatro estudos (6-9) prévios realizados no Brasil0 . O cálculo do número médio de gotas da apresentação de 5 ml da bimatoprosta 0,03% foi feito a partir do número médio de gotas na apresentação de 3 ml por meio de proporcionalidade, pois o mesmo não tinha sido avaliado nos estudos citados anteriormente. A eficácia dos medicamentos estudados foi obtida na literatura em duas formas diferentes: porcentagem de redução da pressão intra-ocular (PIO) e magnitude (em mmHg) de redução da PIO proposta pelo próprio fabricante de cada medicação. A porcentagem média de redução tensional de cada medicação foi extraída de uma meta-análise reali(10) zada por Denis et al. , em que estes autores calcularam uma eficácia média dos três análogos de prostaglandinas disponíveis. Os autores do presente estudo decidiram utilizar esta mesma média, visto o rigor do cálculo realizado por aqueles autores. A faixa de redução em mmHg da PIO foi obtida do estudo de Frenkel et al. Neste estudo, os autores extraíram da própria bula do fabricante nos EUA o nível (10) de redução pressórica obtida para cada medicação . Custo-efetividade foi definido na análise como o custo mensal, anual e em 5 anos para reduzir a PIO em 1% e 20%, assim como o custo mensal, anual e em 5 anos para reduzir a PIO em 1 mmHg e 8 mmHg. O valor de 20% foi escolhido baseando-se no fato de que uma redução de 20% seria capaz de prevenir a progressão do hipertenso ocular e do glaucomatoso na maioria dos (12) pacientes . O valor de 8 mmHg foi escolhido por ser o valor máximo alcançado pelos 3 medicamentos na re(11) dução da PIO . RESULTADOS O número médio de gotas de cada frasco pode ser visto na Tabela 1. O preço máximo ao consumidor para uma alíquota de ICMS de 18% no mês de abril de 2008 foi R$ 86,22 para a bimatoprosta de 3 ml, R$ 129,33 para a bimatoprosta de 5 ml, R$ 105,93 para a latanoprosta e R$ 79,75 para a travoprosta. A Tabela 2 indica o preço máximo ao consumidor dos quatro medicamentos estudados, bem como a duração em dias do tratamento e o custo mensal, anual e em 5 anos para cada um dos colírios. A eficácia de cada medicamento em porcenta- Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas no Brasil 283 Tabela 1 Número médio de gotas de cada frasco do medicamento estudado Medicamentos Latanoprosta Travoprosta Bimatoprosta 3ml Bimatoprosta 5 ml* 1 (Stillitano IG, 6 et al. ) 110,80 102,62 109,12 181,87 Estudos 2 3 (Stillitano IG, (Galvão-Neto P, 7 8 et al. ) et al ) 102,13 100,80 101,80 169,67 4 (Galvão-Neto P, 9 et al. ) Média DP 106,67 103,66 114,00 190,00 107,78 102,56 110,27 184,43 4,32 1,25 6,37 12,91 111,50 103,17 116,17 193,62 *Cálculo da bimatoprosta de 5 ml foi feito utilizando-se de proporcionalidade a partir do número de gotas no frasco de 3 ml; DP: DesvioPadrão Tabela 2 Preço máximo ao consumidor, número de gotas em cada frasco, duração de cada frasco e custo mensal, anual e em 5 anos para cada medicação em estudo (Minas Gerais, abril de 2008) Medicamentos Latanoprosta 2,5 ml Travoprosta 2,5 ml Bimatoprosta 3ml Bimatoprosta 5 ml PMC* (valor em reais) Nº de gotas (ml) Duração (dias)** Custo mensal Custo anual Custo em 5 anos 105,93 79,75 86,22 129,33 107,78 102,56 110,27 184,43 53,89 51,28 55,14 92,22 58,97 46,66 46,91 42,07 707,64 559,87 562,97 504,89 3538,21 2799,34 2814,84 2524,47 * PMC: Preço Máximo ao Consumidor no mês de abril de 2008 com alíquota de 18% de ICMS (estado de Minas Gerais); ** Duração de cada frasco, admitindo-se o uso de 2 gotas por dia, sem desperdício e com fidelidade de 100% gem e valores absolutos (mmHg) de redução da PIO são mostradas na Tabela 3. A análise de custo-efetividade de cada medicamento pode ser vista nas Tabelas 4 e 5 e nos Gráficos 1 e 2. O custo mensal para se obter uma redução de 1% na PIO foi de R$ 2,22 para a latanoprosta, R$ 1,53 para a travoprosta, R$ 1,50 para a bimatoprosta de 3 ml e R$ 1,35 para a bimatoprosta de 5 ml. Para uma redução semelhante da PIO, o custo em 5 anos seria de R$ 133,12 para a latanoprosta, R$ 91,93 para a travoprosta, R$ 90,07 para a bimatoprosta de 3 ml e R$ 80,78 para a bimatoprosta de 5 ml. Segundo este critério, a droga mais custo-efetiva seria a bimatoprosta de 5 ml, seguida pela bimatoprosta de 3 ml, pela travoprosta e pela latanoprosta. O custo para uma redução de 1 e 8 mmHg da PIO sofreu uma variação no cálculo de acordo com a faixa de redução pressórica em mmHg para cada medicação (bimatoprosta: 7 a 8 mmHg; latanoprosta: 6 a 8 mmHg e travoprosta: 7 a 8 mmHg). Os valores (em reais) encontrados são resultados da divisão do custo (mensal, anual e em 5 anos) pelos valores mínimo e máximo da faixa de redução pressórica (em mmHg). O custo mensal para reduzir 1 mmHg variou de R$ 7,37 a R$ 9,83 para a latanoprosta, de R$ 5,83 a R$ 6,67 para a travoprosta, de Tabela 3 Eficácia dos medicamentos estudados obtida na literatura Medicamentos Latanoprosta Travoprosta Bimatoprosta de 3 ml Bimatoprosta de 5 ml % de redução da PIO* 26,58% 30,45% 31,25% 31,25% Redução da PIO (mmHg)** Mínimo Máximo 6 7 7 7 8 8 8 8 * Porcentagem média de redução da PIO, segundo Denis et al.(10); ** Limites de redução da PIO (mmHg), segundo Frenkel et al.(11); PIO = Pressão intra-ocular R$ 5,86 a R$ 6,70 para a bimatoprosta de 3 ml e de R$ 5,26 a R$ 6,01 para a bimatoprosta de 5 ml. Se extrapolarmos estes valores a uma projeção de 5 anos, teremos os seguintes limites: de R$ 442,28 a R$ 589,70 para a latanoprosta, de R$ 349,92 a R$ 399,91 para a travoprosta, de R$ 351, 85 a R$ 402,12 para a bimatoprosta de 3 ml e de R$ 315, 56 a R$ 360, 64 para a bimatoprosta de 5 ml. De acordo com este critério de avaliação e comparação, a medicação mais custo-efeti- Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 281-6 284 Guedes RAP, Guedes VMP, Chaoubah A Gráfico 1 Gráfico 2 Custo ( valores em reais) para obtenção de redução de 20% da pressão intra-ocular em 5 anos com as diferentes apresentações de análogos de prostaglandinas (Minas Gerais, abril de 2008) Custo menor (valores em reais) para obtenção de redução de 8 mmHg em 5 anos com as diferentes apresentações de análogos de prostaglandinas (Minas Gerais, abril de 2008) Tabela 4 Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas avaliando-se a porcentagem média de redução pressórica (Minas Gerais, abril de 2008) Redução de 1% da PIO Medicamentos Latanoprosta Travoprosta Bimatoprosta 3 ml Bimatoprosta 5 ml Redução de 20% da PIO Custo mensal Custo anual Custo em 5 anos Custo mensal Custo anual Custo em 5 anos 2,22 1,53 1,50 1,35 26,62 18,39 18,01 16,16 133,12 91,93 90,07 80,78 44,37 30,64 30,02 26,93 532,46 367,73 360,30 323,13 2.662,31 1.838,64 1.801,50 1.615,66 Cálculo utilizando o preço máximo ao consumidor (abril 2008) e média de redução da pressão intra-ocular (PIO) segundo Denis et al. (10); Custo = Valores em reais; PIO = Pressão intra-ocular Tabela 5 Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas avaliando-se os limites de redução da pressão intra-ocular (PIO) propostos por Frenkel et al. (11) (Minas Gerais, abril de 2008) Redução de 1 mmHg da PIO Medicamentos Latanoprosta (redução de 6 a 8 mmHg)* Travoprosta (redução de 7 a 8 mmHg)* Bimatoprosta de 3 ml (redução de 7 a 8 mmHg)* Bimatoprosta de 5 ml (redução de 7 a 8 mmHg)* Redução de 8 mmHg da PIO Custo mensal Custo anual Custo em 5 anos Custo mensal Custo anual Custo em 5 anos 7,37 a** 9,83 5,83 a 6,67 5,86 a 6,70 5,26 a 6,01 88,46 a 117,94 69,98 a 79,98 70,37 a 80,42 63,11 a 72,13 442,28 a 589,70 349,92 a 399,91 351,85 a 402,12 315,56 a 360,64 58,97 a 78,64 46,66 a 53,36 46,91 a 53,60 42,07 a 48,08 707,64 a 943,52 559,87 a 639,84 562,97 a 643,36 504,89 a 577,04 3.538,21 a 4.717,60 2.799,34 a 3.199,28 2.814,84 a 3.216,96 2.524,47 a 2.885,12 * Valores obtidos de Frenkel et al. (11); ** Variação do custo obtida através da divisão do custo do colírio pela capacidade de redução pressórica; Custo = Valores em reais Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 281-6 Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas no Brasil va seria ainda a bimatoprosta de 5 ml. No entanto, no segundo lugar estaria a travoprosta, seguida pela bimatoprosta de 3 ml e por último pela latanoprosta. DISCUSSÃO O custo pode influenciar decisivamente na tomada de decisões para o tratamento do glaucoma. Nos EUA, os custos do tratamento do glaucoma têm uma estimativa de 2,5 bilhões de dólares por ano, com 1,9 bilhões de (13) custos diretos e 0,6 bilhões de custos indiretos . Os custos diretos do glaucoma representam um ônus significa(14) tivo no orçamento global da saúde . Eles incluem, se(3) gundo Doshi e Singh , tratamento medicamentoso, cirúrgico, consultas médicas, hospitalizações e exames complementares. Em 2006, o Center for Disease Control and Prevention estimou em 1,8 bilhões de dólares os custos diretos com glaucoma em pacientes acima de 40 (15) anos . Os custos das medicações antiglaucomatosas têm estimativas que compreendem de 38 a 52% do total de (16) custos diretos . Estes custos sofrem influência direta da duração de cada frasco (número de gotas por fras(17) co) . Na presente investigação, o número médio de gotas de cada frasco foi obtido de estudos prévios brasilei(6-9) (1) ros . Em análise recente nos EUA, Rylander e Vold estimaram o custo anual para o paciente em uso crônico de colírios. Os valores com o uso de uma única medicação variaram de 150,81 até 873,98 dólares americanos por ano. Isto sem levar em conta a necessidade de se associar dois ou mais medicamentos em quase metade (12) dos pacientes . O envelhecimento da população mundial e o conseqüente aumento da prevalência do glaucoma requerem uma alocação custo-efetiva de recursos no trata(3) mento e no controle desta doença .Além das tradicionais avaliações de segurança e eficácia dos medicamentos, a análise de custo-efetividade deveria ser considerada para auxiliar na tomada de decisões individuais e (18) coletivas . Na avaliação da relação entre o custo e a efetividade verificar-se-ia, do ponto de vista prático, qual a droga mais adequada para o sistema de saúde como um todo, devendo, no entanto, o tratamento ser individualizado para cada paciente. No presente estudo, em ambas as análises (redução da pressão em valores relativos ou absolutos) a medicação mais custo-efetiva foi a bimatoprosta em frasco de 5 ml. O volume do frasco maior faz com que o preço por gota caia, tornando a medicação mais barata. Com a finalidade de proporcionar uma melhora da relação custo-efetividade, todas as indústrias farmacêuticas deveriam ser estimuladas a fazer apresentações com um volume maior. Em uma comparação direta entre as três apresentações mais comuns e com volumes similares 285 (latanoprosta de 2,5 ml; travoprosta de 2,5 ml e bimatoprosta de 3,0 ml), observa-se que a medicação mais custo-efetiva varia de acordo com o critério de redução pressórica escolhido. Se utilizarmos a redução pressórica em termos percentuais, baseando-se na meta-análise feita por Denis (10) et al. , a droga mais custo-efetiva seria a bimatoprosta, seguida da travoprosta e da latanoprosta. A diferença entre as duas primeiras foi muito pequena (1% de redução da PIO/mês: 1,53 reais para a travoprosta e 1,50 reais para a bimatoprosta). Já a latanoprosta tem a pior relação custo-efetividade, apresentando uma diferença significativa em relação as demais. Esta diferença pode chegar a mais de 800 reais em acréscimo do custo em 5 anos, para uma redução de 20% da PIO inicial. Se a análise é feita avaliando-se a redução pressórica em unidades (mmHg), a medicação mais custo-efetiva passa a ser a travoprosta, seguida de perto pela bimatoprosta de 3 ml e depois pela latanoprosta. Mais uma vez, a diferença entre as duas primeiras é muito pequena. O custo máximo para se reduzir 1 mmHg da PIO por mês seria de 6,67 reais para a travoprosta e de 6,70 reais para a bimatoprosta de 3 ml. O mesmo custo para a latanoprosta seria muito maior (9,83 reais). Da mesma forma, a diferença em um horizonte de 5 anos se torna bem mais evidente. A utilização da latanoprosta poderia gerar um custo adicional de quase 800 reais em relação as outras duas prostaglandinas, para uma redução de 8 mmHg em 5 anos. Nos Estados Unidos, estudos semelhantes encontraram que a medicação mais custo-efetiva seria a bimatoprosta, seguida da travoprosta e da latanoprosta (10-18).A extrapolação e comparação dos resultados ficam difíceis de serem feitas, pois as realidades são diferentes (custo principalmente). Pelo presente estudo, a relação custo-efetividade sofre grande influência do volume do frasco. Quanto maior o volume deste, mais custo-efetiva é a medicação. Ao se analisar as medicações com volumes similares, observa-se que a travoprosta e a bimatoprosta tem uma relação custo-efetividade bem semelhante. Por outro lado, a latanoprosta foi, em todas as análises, a medicação mais cara. O estudo da relação custo-efetividade possui limitações, pois avalia somente um aspecto do complexo sistema para a escolha da melhor medicação do ponto de vista individual. Outros fatores devem ser levados em consideração, tais como: efeitos colaterais dos medicamentos, taxa de fidelidade, taxa de descontinuidade, taxa de não respondedores, etc. Um estudo que poderia ser importante ao avaliar, pelo menos parcialmente, a qualidade de vida proporcionada pelo tratamento em relação ao custo e à efetividade seria da relação custoutilidade das prostaglandinas. Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 281-6 286 Guedes RAP, Guedes VMP, Chaoubah A Os estudos de custo-efetividade são de grande valia para o sistema público de saúde, pois podem auxiliar na tomada de decisões sobre qual medicação padronizar como primeira escolha em um centro de referência. Faz-se mister salientar que, isto não quer dizer que a medicação mais custo-efetiva será sempre a melhor. A escolha deve ser sempre pautada em uma análise pormenorizada e individualizada de cada paciente. No caso de não haver impedimento ou contra-indicação, dar-seia preferência àquela mais custo-efetiva. CONCLUSÃO A medicação mais custo-efetiva para o tratamento do glaucoma e da hipertensão ocular no estado de Minas Gerais, no Brasil, foi a bimatoprosta na apresentação de 5 ml.A latanoprosta foi a medicação com pior relação custo-efetividade. A bimatoprosta na apresentação de 3 ml e a travoprosta apresentaram resultados similares, ficando em posição intermediária entre as duas anteriores. ABSTRACT Purpose: Assess cost-effectiveness of glaucoma and/ or ocular hypertension medical therapy using prostaglandin analogues in the state of Minas Gerais, Brazil. Methods: This cross-sectional study evaluated the cost (average wholesale price) of different prostaglandin analogues (bimatoprost, latanoprost, travoprost) in relation to its effectiveness in reducing intra-ocular pressure. Monthly, annually and 5-year cost to achieve 1% and 20% of IOP reduction was calculated. Monthly, annually and 5-year cost to reduce 1 mmHg and 8 mmHg from baseline IOP was also calculated. Results: Monthly cost to achieve 1% and 20% of IOP reduction was, respectively, R$ 1.35 and R$ 27.00 for bimatoprost 5 ml, R$ 1.50 and R$ 30.00 for bimatoprost 3 ml, R$ 1.53 and R$ 30.60 for travoprost and R$ 2.22 and R$ 44.40 for latanoprost. Monthly maximum cost to reduce baseline IOP 1 mmHg and 8 mmHg was, respectively, R$ 6.01 and R$ 48.08 for bimatoprost 5 ml, R$ 6.67 and R$ 53.36 for travoprost, R$ 6.70 and R$ 53.60 for bimatoprost 3 ml and R$ 9.83 and R$ 78.64 for latanoprost. Conclusion: Cost-effectiveness was better for bimatoprost 5 ml.The medication, which had the worst cost-effectiveness relationship, was latanoprost. Travoprost and bimatoprost 3 ml showed similar and intermediate results. Keywords: Glaucoma/drug therapy; Intraocular pressure/drug therapy; Prostaglandins, synthetic/ economics; Pharmacoeconomics; Drug costs; Costeffectiveness evaluation; Costs and cost analysis; Brazil Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 281-6 REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Rylander NR, Vold SD. Cost analysis of glaucoma medications. Am J Ophthalmol. 2008;145(1):106-13. Vianna CM, Caetano R. Avaliação tecnológica em saúde: introdução a conceitos básicos. Rio de Janeiro: UERJ; 2001. Doshi A, Singh K. Cost-effective evaluation of the glaucoma suspect. Curr Opin Ophthalmol. 2007;18(2):97-103. Finkler SA. The distinction between cost and charges. Ann Intern Med. 1982;96(1):102-9. Gold MR, Russel LB, Weinstein MC. Cost-effectiveness in health and medicine. New York: Oxford University; 1996. Stillitano IG, Tenório A, Cardoso G, Ribeiro MP, Figueiroa JN. 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Rio Branco 2337 - grupo 801/807/808 Centro - Juiz de Fora - MG Telefax: (32) 3213 1927 E-mail: [email protected] ARTIGO ORIGINAL 287 Avaliação da onda b do eletrorretinograma na Athene cunicularia Evaluation of the b-wave electroretinogram in Athene cunicularia Márcio Penha Morterá Rodrigues1, Adalmir Morterá Dantas2 RESUMO Objetivo: Avaliar a onda b do eletrorretinograma da coruja buraqueira (Athene cunicularia), diferenciando a resposta elétrica retiniana em ambiente fotópico e escotópico. Métodos: Foi realizado estudo observacional transversal, com o registro do eletrorretinograma full field de quatorze olhos, sendo sete estimulados em ambiente fotópico e sete em ambiente escotópico sob estímulo com luz branca seguindo protocolo da ISCEV. Resultados: As respostas elétricas da retina da espécie estudada para o espectro de luz aplicado mostraram-se presentes em ambos ambientes, não havendo diferença estatisticamente significativa da resposta elétrica da retina da Athene cunicularia quando estimulada com luz branca, tanto em ambiente escotópico quanto fotópico. Conclusão: Os dados nos permitem, portanto, inferir que a percepção pela Athene cunicularia da cor branca é a mesma, no claro e no escuro, o que pode ser responsável pela capacidade adaptativa da espécie no seu habitat natural. Descritores: Estrigiformes; Eletrorretinografia; Retina; Aves; Visão; Adaptação ocular 1 2 Pós-graduando (doutorado) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Médico do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – Rio de Janeiro (RJ), Brasil; Professor titular de Oftalmologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Instituição de Realização do trabalho: Hospital Universitário Clementino Fraga Filho Recebido para publicação em: 19/8/2008 - Aceito para publicação em 1/12/2008 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 287-91 288 Rodrigues MPM, Dantas AM INTRODUÇÃO A atividade elétrica retiniana corresponde ao evento inicial do processamento da informação visual. Todas as espécies possuidoras de aparelho visual funcional apresentam alguma resposta deste tipo, de forma que o estudo comparativo entre diferentes espécies nos permite adquirir conhecimentos, previamente desconhecidos, que podem ser aplicados no nosso cotidiano. Sendo as aves de rapina seres de aguçada capacidade visual e apresentarem estrutura retiniana complexa, tornam-se vertebrados, no mínimo, interessantes para investigação do funcionamento de seu aparato visual, motivo que estimulou o estudo da espécie, Athene cunicularia (coruja buraqueira). É cediço que estas aves apresentam circuito celular retiniano extremamente organizado e complexo, com pre(1-4) sença eventual de duas fóveas .A retina da espécie estudada possui todas as células e camadas presentes nos vetebrados em geral, se diferenciando por grande concentração de fotorreceptores na fóvea, incluindo bastonetes, con(5) tribuindo para a máxima resolução óptica desta região . A espécie em questão possui hábitos de caça crepusculares e descrições histológicas prévias apontam segmentos externos dos bastonetes, longos, motivo que tenta justificar seu hábito crepuscular. Sabe-se que a retina destas aves projeta-se no tálamo e no tecto óptico (5- 9). A discriminação de cores em corujas foi relatada, embora o comprimento de onda da luz não seja impor(10) tante para o comportamento da ave . Embora, a visão das corujas não seja tão sensível quanto se imaginava, as mesmas apresentam vantagens em relação às espécies diurnas em baixos níveis de luminosidade (11). Sua visão serve para a determinação da orientação espacial, distância e velocidade de vôo (12). O presente trabalho enaltece a coruja buraqueira em virtude de documentação histológica prévia de seus fotorreceptores, motivo pelo qual resolveu-se estudar a sua resposta eletrorretinográfica. Com o intuito de estabelecer o padrão eletrorretinográfico da espécie e relatar o padrão elétrico da retina em ambiente fotópico e escotópico, decidimos avaliar a atividade elétrica da retina da Athene cunicularia, examinando em especial a onda b do eletrorretinograma. MÉTODOS Foram avaliadas sete corujas da espécie Athene cunicularia, de ambos os sexos, cedidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 287-91 Renováveis (IBAMA). Os animais tinham peso compreendido entre 180 e 205 g, altura entre 21,8 e 26 cm e envergadura de 51 a 60 cm. O protocolo de pesquisa está em conformidade com o exigido pelo Comitê de Ética para uso de Animais de Laboratório em Pesquisa, Ensino e Extensão (CEPAL) da Faculdade de Medicina do Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelo IBAMA que através da Portaria nº 332, de 13 de março de 1990, e com base na lei nº 7.735 de 22 de fevereiro de 1989, artigo 83, XIV do Regimento Interno, aprovado pela Portaria/MINTER nº 445 de 16 de agosto de 1989, e tendo em vista o disposto no artigo 14 e seus parágrafos da lei nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967, autorizou a utilização da espécie em questão. O projeto foi registrado pelo IBAMA1 sob nº 02022.000518/2005-33 e possui nº de licença para captura/coleta/transporte/exposição 025/05 – RJ. Os animais selecionados foram submetidos primeiramente à oftalmoscopia direta, seguida de exame de eletrofisiologia ocular, o eletrorretinograma. Para a realização desse exame, os indivíduos da pesquisa foram sedados com sulfato de quetamina (20 mg/Kg) por via intramuscular; foi obtida midríase com tropicamida tópica 1%, num total de nove microgotas por olho e receberam anestesia local tópica corneana com cloridrato de oxibuprocaína 0,4% na dose de nove microgotas por olho. Após os procedimentos de anestesia e sedação, três eletrodos em forma de agulha 13 x 4,5mm foram utilizados na realização do exame. Um dos eletrodos foi introduzido no estroma corneano, gerando uma lesão autoselante, sem necessidade de suturas ou curativos; os outros dois introduzidos no subcutâneo, sendo um superiormente e entre os olhos do animal (eletrodo terra) e o outro (eletrodo referência) na região supra-orbitária do olho a ser examinado. Dos quatorze olhos estimulados, sete foram destinados ao estímulo em ambiente escotópico e sete em ambiente fotópico. Essa decisão foi tomada devido ao possível estresse causado no olho examinado, à dificuldade de se manter o eletrodo fixado na córnea, ao receio da interferência de um edema corneano causado pelo eletrodo, e pela escolha de um olho “virgem de exame” para um melhor registro eletrorretinográfico. A documentação escotópica foi obtida dos olhos esquerdos e a fotópica dos olhos direitos, sendo essa escolha determinada aleatoriamente. O aparelho de eletrorretinografia utilizado foi ® ® o Neuropack II , da empresa Nihon Koden . O flash de luz utilizado foi único e emitido por um estimulador situado a trinta centímetros do olho estimulado tanto Avaliação da onda b do eletrorretinograma na Athene cunicularia em ambiente fotópico quanto escotópico tendo como intensidade, 20 Joules. O estímulo luminoso utilizado compreende o espectro de luz branca, sendo executado após 20 minutos de adaptação ao escuro e 10 minutos ao claro para avaliação em ambiente escotópico e fotópico, respectiva(13) mente . A ordem de registro respeitada foi estímulo fotópico, seguido de escotópico. Os parâmetros utilizados para o registro do eletrorretinograma seguiram o protocolo definido pela Sociedade Internacional de Eletrofisiologia Visual Clínica (ISCEV) de 2004, com exceção da utilização da cúpula de Ganzfield (full field),indisponível no Serviço de Oftalmologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os eletrodos utilizados eram iguais e possuíam a mesma impedância. A duração do estímulo luminoso (13) foi < 5 ms . O tipo de estudo utilizado foi o observacional transversal, com a demonstração do eletrorretinograma da Athene cunicularia em ambiente fotópico e escotópico sob estímulo com luz branca. Para a confecção dos dados obtidos consideraramse as seguintes convenções: • Amplitude da onda b: distância entre o ponto mais positivo da onda b e o nível do ponto mais negativo do traçado eletrorretinográfico. Unidade em microvolts; • Tempo de culminação da onda b: distância entre o início do traçado e o ponto mais positivo da onda b. Unidade em milissegundos. Foram calculados para esses parâmetros os valores de média e desvio padrão. 289 Figura 1: Eletrorretinograma fotópico da Athene cunicularia Os dados foram analisados utilizando-se o teste t-Student bicaudal emparelhado entre os estímulos, aplicados à mesma variável em ambiente fotópico e escotópico. RESULTADOS Os traçados obtidos em ambos ambientes foram muito semelhantes aos encontrados em seres humanos. O registro das ondas a e b do eletrorretinograma foi realizado em todas as corujas avaliadas, sendo evidenciados, inclusive, potenciais oscilatórios (Figura 1). O anestésico, sulfato de quetamina, foi utilizado na dose preconizada, não havendo intercorrência em decorrência do procedimento anestésico, bem como interferência na reprodutibilidade dos traçados. Os traça- Tabela 1 Componentes da onda b do eletrorretinograma em ambiente fotópico e escotópico Amostra Coruja 1 Coruja 2 Coruja 3 Coruja 4 Coruja 5 Coruja 6 Coruja 7 Média Desvio padrão Mínimo Máximo Amplitude (µV) Tempo de Culminação (ms) Branco Fotópico Branco Escotópico Branco Fotópico Branco Escotópico 270,6 226 246,6 213,3 286,6 226,6 286,6 250,9 30,49 213,3 286,6 307 273 387 228 228 264 345 290,28 59,68 228 387 60,5 69 66 73 62,5 73 62 66,57 5,21 60,5 73 48 49,8 62,8 78 58 49,6 61,6 58,25 10,59 48 78 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 287-91 290 Rodrigues MPM, Dantas AM dos encontrados não apresentaram alterações no registro final que pudessem ser associados com o anestésico. Os dados obtidos dos eletrorretinogramas encontram-se na Tabela 1: Do registro eletrorretinográfico, consideramos para avaliação os valores referentes à Amplitude da onda b e ao Tempo de Culminação da onda b, por serem essas as medidas mais relevantes da literatura. O teste utilizado, t-Student emparelhado bicaudal foi realizado entre a mesma cor, no caso a cor branca, mesma variável e em ambos ambientes, respeitando como hipótese nula a igualdade entre as condições abaixo mencionadas: 1) Branco – Amplitude – Escotópico x Branco – Amplitude – Fotópico; 2) Branco – Tempo de Culminação – Escotópico x Branco – Tempo de Culminação – Fotópico. Após aplicação do teste estatístico, obtivemos com margem de erro de 1% a informação de que a hipótese nula testada não foi rejeitada. DISCUSSÃO A estrutura retiniana da Athene cunicularia é bastante semelhante a dos vertebrados em geral, à exceção de algumas peculiaridades bem interessantes, como a presença da fóvea mista. Diferenças estruturais entre retinas de espécies de corujas de hábitos de vida diferentes já foram relatadas e justificadas como decorrên(5- 14) cia de seu estilo de vida . No que tange ao emprego de animais em pesquisa, é relevante mencionar os entraves para a sua realização, devido aos percalços burocráticos de comitês e órgãos responsáveis, que muito dificultam a consecução do estudo; cabe mencionar, entretanto, que a obtenção dos animais via Ibama transcorreu sem intercorrências e foi realizada como preceitua as normas estabelecidas por aquele Instituto. Quanto ao exame eletrofisiológico, o mesmo foi conduzido sem percalços, como previsto nas normas em vigor. Acreditamos que a utilização do estimulador e não da cúpula de Ganzfield pouco ou nada tenha interferido no resultado final, quando levamos em consideração a estimulação uniforme da retina. Não ocorreram falhas anestésicas, sendo os animais anestesiados com segurança e com sobrevida pósanestésica de 100% na amostra estudada. Os sete animais estudados foram submetidos ao exame eletrofisiológico, tendo sido obtido traçados aproveitáveis em todos os animais. Do estudo realizado constatamos que a Athene Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 287-91 cunicularia responde ao estímulo com luz branca (luz visível), expressando os componentes a e b, em ambos os ambientes. Considerando como hipótese nula a igualdade entre os estímulos em ambientes escotópico e fotópico, podemos inferir que não há, do ponto de vista elétrico, diferença estatística entre a resposta elétrica no ambiente fotópico e escotópico. Essa constatação pode explicar em parte a excepcional visão crepuscular que este animal possui, uma vez que, repita-se, a resposta a esses espectros de luz não se altera em ambientes de diferentes luminosidades. CONCLUSÃO A Athene cunicularia apresentou resposta elétrica retiniana ao espectro de cor branco tanto em ambiente fotópico quanto escotópico, não sendo observada distinção estatística entre as respostas encontradas em ambos ambientes. Os dados encontrados permitem-nos inferir, portanto, que a Athene cunicularia não vislumbra diferença de determinados espectros de luz, no caso o branco, no claro e no escuro, o que pode explicar a excelente visão crepuscular que possui. No mais, convém destacar que a profunda compreensão da informação visual da espécie em questão deve ser complementada por outras pesquisas mais específicas, igualmente aptas ao integral entendimento da matéria estudada. ABSTRACT Purpose: To evaluate b-wave of the electroretinogram of the burrowing owl (Athene cunicularia), differentiating the retinal electric reply in photopic and scotopic environment. Methods: Transversal observational study was carried through, with the register of the full field electroretinogram of fourteen eyes; seven were stimulated in photopic environment and seven in scotopic environment using with white light according to the ISCEV protocol. Results: The electrical responses of the retina of the species studied showed no statistically significant difference for the applied spectrum of white light in both scotopic photopic environments. Conclusion:The data allow us, therefore, to infer that the perception of the Athene cunicularia of the white color is the same one, in clear and dark environments, what it can be responsible for the adaptive capacity of the species in their natural habitat. Keywords: Strigiformes; Electroretinography; Retina; Birds; Vision; Adaptation, ocular 291 Avaliação da onda b do eletrorretinograma na Athene cunicularia REFERÊNCIAS 1. Walls GL. Significance of the foveal depression. Arch Ophthalmol. 1937; 18:912-9. 2. Pumphrey RJ. The sense organs of birds. Ibis. 1948; 90(2):171-99. 3. Pumphrey RJ. The theory of the fovea. J Exp Biol. 1948;25(3):299-312. 4. Pumphrey RJ. Sensory Organs: Vision In: Marshall AJ. Biology and comparative physiology of birds. 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Brigadeiro Trompowsky, s/nº - 11º andar CEP 21941-590 - Rio de Janeiro - RJ Fax: (21) 25900846 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 287-91 ARTIGO ORIGINAL 292 Retinopatia da prematuridade limiar em crianças submetidas à terapia com surfactante exógeno endotraqueal Threshold retinopathy of prematurity in children undergoing exogenous endotracheal surfactant therapy 1 2 Mário Martins dos Santos Motta , Michel Eid Farah , Pedro Paulo Bonomo 3 RESUMO Objetivo: Estudar a freqüência da retinopatia da prematuridade (ROP) em qualquer estadiamento e da retinopatia da prematuridade limiar em prematuros que usaram ou não surfactante endotraqueal, para tratamento da síndrome da membrana hialina e avaliar a resposta dos olhos que necessitaram tratamento de ablação da retina periférica. Métodos: Cento e sessenta e oito prematuros, nascidos com 1.500 gramas ou menos e/ou idade gestacional de 32 semanas ou menos, foram triados para a ROP por avaliação oftalmoscópica. Foram comparados os achados de 40 crianças tratadas pelo surfactante endotraqueal com os de 128 que não precisaram desta terapia. A ablação da retina periférica, com laser ou crioterapia, foi realizada nos pacientes com ROP limiar. Para análise estatística foram usados os testes t de Student, qui-quadrado e Kruskal-Wallis, além do teste exato de Fisher com significância para p<0,05. Resultados:A ROP, em qualquer estadiamento, ocorreu em 51,2% dos casos. ROP limiar ocorreu em 12 pacientes (7,4%). Não houve diferença, estatisticamente significativa, entre os pacientes que usaram e os que não usaram o surfactante, em relação à presença de ROP e de ROP limiar. Com o tratamento de ablação da retina periférica, 9 (75%) dos 12 bebês com ROP limiar tiveram regressão da doença. Conclusão: A freqüência da ROP nesta casuística pode ser considerada elevada quando comparada com outros estudos. Crianças com síndrome da membrana hialina, tratadas com o surfactante, não apresentaram maior risco de ROP limiar. O tratamento foi eficaz para promover regressão da ROP limiar. Descritores: Retinopatia da prematuridade; Surfactantes pulmonares/uso terapêutico; Prematuro 1 Livre-docente, professor adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.; Livre-docente, professor do Departamento de Oftalmologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil; 3 Doutor, professor adjunto do Departamento de Oftalmologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil. 2 Trabalho realizado na Unidade Perinatal de Laranjeiras, Rio de Janeiro (RJ), Brasil e Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil. Recebido para publicação em: 21/8/2008 - Aceito para publicação em 1/12/2008 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 292-6 Retinopatia da prematuridade limiar em crianças submetidas à terapia com surfactante exógeno endotraqueal INTRODUÇÃO A retinopatia da prematuridade (ROP) acomete vasos retinianos em formação, principalmen te em crianças com peso de nascimento (PN) e idade gestacional (IG) muito baixos (1-2) . A Classificação Internacional da ROP considera a localização antero-posterior (zonas I, II e III), extensão circunferencial da doença (em horas do relógio) e severi(3-4) dade das alterações retinianas (estágios 1 a 5) . A dilatação das veias e tortuosidade das arteríolas no pólo posterior indicam doença mais agressiva plus. Olhos com ROP em estadiamento 3, doença plus e comprometimento de pelo menos 5 horas contínuas ou 8 horas cumulativas de proliferação fibrovascular nas zonas I ou II caracterizam a ROP limiar na qual a probabilidade de progressão da doença para descolamento tracional de retina com perda da visão é de, aproximadamente, 50% (5). A administração de surfactante endotraqueal, para tratar a síndrome de membrana hialina, reduz os riscos de doenças pulmonares e o uso de ventilação mecânica (6-7) nos prematuros . Nos dias de hoje, ainda não está bem definida a possível influência do uso surfactante no de(8-11) senvolvimento das fases avançadas da ROP . Não encontramos artigos relacionados diretamente a esse tema (12-14) na literatura brasileira . Os objetivos desse estudo foram: determinar a freqüência de ROP numa unidade neonatal, verificar se a utilização de surfactante aumentou o risco para o surgimento da ROP limiar e observar a resposta ao tratamento da ROP limiar pelo laser ou crioterapia. MÉTODOS Estudo prospectivo e seqüencial avaliando a ocorrência da ROP limiar em 184 crianças com PN igual ou inferior a 1.500 gramas e/ou com IG de 32 semanas ou menos, admitidas na Unidade Perinatal de Laranjeiras, Rio de Janeiro. Dezesseis crianças com dados incompletos ou seguimento inadequado foram excluídas do estudo. O protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética Médica da Instituição. O principal desfecho clínico observado foi o surgimento da ROP limiar necessitando tratamento. A principal variável do estudo foi o uso do surfactante endotraqueal.As demais variáveis coletadas foram: sexo, PN, IG, tempo de oxigenioterapia e evolução da ROP após o tratamento. O exame do fundo de olho constou de oftalmoscopia binocular indireta com lente de +25 ou +30 dioptrias e foi 293 realizado após dilatação das pupilas com gotas de fenilefrina 2,5% e tropicamida 1%, instiladas 40 a 60 minutos antes do exame. O exame inicial foi realizado entre a 4ª e a 6ª semanas de idade cronológica. Exames subseqüentes ocorreram a cada duas semanas até a vascularização da retina na zona III ou o aparecimento de sinais de ROP. Nesse caso, os exames foram repetidos semanalmente até ocorrer regressão da doença ou até a evolução para ROP limiar, com indicação de ablação da retina periférica com laser (ou crioterapia). Todos os tratamentos foram realizados em até 72 horas após o diagnóstico de ROP limiar. Para avaliar a vascularização da retina nasal e diferenciar as zonas II e III, foi utilizada depressão escleral (2,3,5).A presença de doença plus foi relatada antes da depressão escleral. O crescimento de vasos além da crista, invadindo a retina avascular, e a redução ou desaparecimento da dilatação e tortuosidade dos vasos na zona I (2-5) foram considerados sinais de regressão .Todas as crianças tratadas foram reavaliadas entre 7 a 10 dias do tratamento. Nos casos onde não houve sinais de regressão foi realizado tratamento adicional nas áreas ainda avasculares. Nos casos de progressão para ROP estadiamentos 4 ou 5, a criança era submetida, respectivamente, à retinopexia com faixa de silicone ou à vitrectomia posterior. A decisão da alta hospitalar baseou-se no quadro clínico estável e peso mínimo de 2.000 gramas. O surfactante exógeno (Curosurf®, Chiesi, Italia ® or Survanta ,Abbott, Estados Unidos), na dose de 100 ou 200 mg/kg, foi usado em recém-nascidos com manifestações clínicas e com exame radiológico com sinais (6- 7) torácicos típicos de síndrome da membrana hialina . Em relação ao uso do surfactante, os pacientes foram incluídos em dois grupos. O grupo I incluiu os pacientes tratados com surfactante e o grupo II os que não o receberam. O oftalmologista desconhecia esta informação no momento da fundoscopia. Para análise estatística foram usados os testes t de Student, qui-quadrado e Kruskal-Wallis (nãoparamétricos) e o teste exato de Fisher com significância para p<0,05. RESULTADOS Das 168 crianças consideradas para o estudo, 40 estavam incluídas no grupo I (com uso de surfactante) e 128 no grupo II (sem uso do surfactante). Os dados referentes ao sexo, PN, IG e tempo de oxigênioterapia são mostrados na Tabela 1. Houve diferença, estatisticamente significativa, entre os grupos quanto ao sexo, IG e tempo de oxigênioterapia. Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 292-5 294 MottaMMS, Farah ME, Bonomo PP Das 168 crianças, 86 (51,2%) apresentaram ROP em qualquer estadiamento e 12 (7,1%) desenvolveram ROP limiar. Entre as 40 crianças do grupo I, 24 (60%) desenvolveram ROP em qualquer estadiamento e 5 (12,5%) ROP limiar. Dos 128 pacientes do grupo II, 62 (48,4%) desenvolveram ROP, enquanto 7 (5,5%) avançaram para doença limiar. Os grupos I e II não mostraram diferença significativa entre as incidências de qualquer estadiamento de ROP e de ROP limiar (Figura 1). Dos 5 lactentes com ROP limiar no grupo I, 4 pesaram menos do que 1.000 gramas ao nascimento, enquanto um, com anasarca, pesou 2.295 gramas. Entre as 7 crianças com ROP limiar no grupo II, 4 tinham PN inferior a 1.000 gramas e 3 estavam entre 1.000 e 1.500 gramas. Não houve diferença, estatisticamente significativa, entre os grupos em relação ao PN nas crianças com ROP limiar (teste exato de Fisher, p>0,05). A IG variou entre 26 e 31 semanas nos 5 pacientes que apresentaram ROP limiar e pertenciam ao grupo I, com mediana de 27,8 + 1,9 semanas. Em 7 crianças do grupo II que tiveram ROP limiar, a IG variou entre 27 e 36 semanas, com a média de 29,9 + 3,2 semanas. O teste t de Student, com intervalo de confiança de 95%, não mostrou diferença entre as médias da IG nesses dois subgrupos (p>0,05). Nos bebês com ROP limiar, o tempo de oxigênioterapia variou de 28 a 70 dias, com mediana de 60 dias para os 5 pacientes no grupo I; nos 7 pacientes com ROP limiar do grupo II, a variação ocorreu entre 1 e 91 dias, com mediana de 38 dias. O teste nãoparamétrico de Kruskal-Wallis não mostrou diferença significativa entre as medianas (p>0,05). Doze bebês desenvolveram ROP limiar e foram submetidos à ablação da retina avascular periférica. Nove (75%) tiveram regressão, sendo que um precisou de duas sessões de tratamento. Dois pacientes (16,66%) evoluíram para o ROP estadiamento ROP 4B e foram submetidos à introflexão escleral com bilateral reaplicação das retinas descoladas. Um paciente evoluiu para ROP estadiamento 5. Figura 1: Freqüências de ROP e de ROP limiar nos grupos I e II (p>0.05) DISCUSSÃO Nosso estudo não mostrou diferenças estatisticamente significativas no surgimento da ROP em qualquer estadiamento ou no surgimento de ROP limiar entre os pacientes que usaram e os que não usaram o surfactante para o tratamento da síndrome de membrana hialina. A literatura brasileira sobre ROP tem importantes trabalhos, porém sem estudos específicos referentes ao uso de surfactante e sua possível correlação com a (12-14) (13) ROP . Lermann, Fortes Filho & Procianoy , em estudo sobre a prevalência da ROP entre prematuros de extremo e de muito baixo PN, também não encontraram diferença significativa entre os pacientes que usaram ou não o surfactante endotraqueal. Os critérios de inclusão para a triagem das crianças com risco de ROP diferem entre os investigadores em vários países. Consideramos no estudo a inclusão dos pacientes com PN de 1.500 gramas ou menos e/ou IG de Tabela 1 Características da população Grupo I (n=40) Sexo (M/F) Mediana do PN (g) Média (DP) da IG (semanas) Tempo de oxigênioterapia (dias) Grupo II (n=128) 20 (50%) / 20 (50%) 59 (45%) / 69 (55%) 1.057 1.200 30,6 (2,3) 34,5 (2,5) 29 5 p <0,05 >0,05 <0,05 <0,05 M: masculino; F: feminino; PN: peso do nascimento; DP: desvio-padrão; IG: idade gestacional Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 292-6 Retinopatia da prematuridade limiar em crianças submetidas à terapia com surfactante exógeno endotraqueal 32 semanas por serem os parâmetros mais citados nos estudos de freqüência da ROP (1,2,5,15-16) e por estarem de acordo com as diretrizes brasileiras para o exame e tra(17) tamento da ROP . Das 168 crianças avaliadas, 86 (51,2%) tiveram alguma forma de ROP, o que se encontra entre as inci(1,2,5,15,16) . Em dências de 15 a 65% relatadas na literatura outros estudos publicados na literatura nacional, as incidências de ROP em qualquer estadiamento ou de ROP limiar necessitando de tratamento, parecem apontar para um número menor do que o observado entre nossos pacientes. No Brasil, Graziano e cols.(15), em 1997, analisaram prospectivamente os dados de 102 pré-termos nascidos com menos de 1.500 gramas, no período entre janeiro de 1992 e dezembro de 1993. Os autores detectaram a ocorrência de 29,1% de ROP, incluindo todos os estadiamentos naquela população e chamaram a atenção para a alta prevalência da ROP (78,5%) entre pacientes com PN menor do que 1.000 gramas e para o percentual de 72,7% de retinopatia entre nascidos com menos de 30 semanas de IG. O estudo concluiu que as crianças com PN abaixo de 1.000 gramas ou IG abaixo de 28 semanas teriam risco maior de desenvolver ROP em estadiamento 3 ou mais avançada (15). Lermann et al., em 2006, relataram que, entre 114 prematuros com PN abaixo de 1.500 ou IG abaixo de 32 semanas, a prevalência de ROP em qualquer estadiamento foi de 27,2% (IC 95%: 19,3-36,3), afetando 31 recém-nascidos e que a prevalência de ROP limiar foi de 5,3% (IC 95%: 1,9-11,1), afetando seis pacientes. Os autores também verificaram a ocorrência da ROP em 50% dos pacientes com PN inferior a 1.000 g e em 71,5% dos recémnascidos com IG inferior a 28 semanas, e que tanto a IG quanto o PN foram significativamente menores nos pacientes com ROP em comparação aos que não desenvolveram a doença (13). Essa variabilidade nas incidências de ROP e de ROP limiar, encontrada por diferentes autores, pode ser atribuída a diferentes critérios de seleção usados pelos observadores ou por diferenças de qualidade de atendimento perinatal entre as instituições, especialmente em relação ao controle sobre a monitorização sobre a oxigenioterapia. Comparando os 40 pacientes que necessitaram de surfactante (grupo I) com os 128 não-tratados (grupo II), os grupos eram estatisticamente semelhantes em relação ao sexo e PN. A IG média foi significativamente menor nas crianças do grupo I, enquanto o tempo de oxigênioterapia foi maior nestes pacientes, em relação aos do grupo II. Entretanto, se consideramos apenas as crianças que tiveram ROP limiar, a análise estatística não mostrou diferença significativa entre os dois grupos, 295 em relação ao tempo de oxigenioterapia e à IG. Repka et al. (8) encontraram 24% de redução na ocorrência de qualquer estadiamento de ROP e 66% de redução na ROP limiar em 87 crianças submetidas ao tratamento pelo surfactante, comparando com controles históricos.A redução na freqüência da ROP, associada ao uso de surfactante, foi independente dos fatores idade gestacional e peso ao nascer. Rankin et al. (10), em avaliação prospectiva de 67 crianças com PN inferior a 1.500 gramas e tratadas com surfactante, concluíram que o uso de surfactante não podia ser associado a aumento da freqüência ou severidade da ROP, sendo que observaram redução nas incidências, porém sem significância estatística, ao compararem com 90 crianças com peso ao nascer e idade gestacional similares, porém não trata(11) das com o surfactante. Tubman et al. estudaram 76 crianças tratadas com surfactante e observaram 14 (29%) casos de ROP em 49 que foram examinadas pela (9) oftalmoscopia. Termote et al. , comparando 46 bebês nos quais o surfactante foi usado com grupo controle histórico de 61 pacientes, admitidos no ano anterior ao uso desta medicação, observaram aumento na prevalência da ROP (47,8% x 27,9%), mas não nas formas graves da doença. Em nosso estudo, observamos diferença nos percentuais de ocorrência de ROP (60% x 48,4%) e de ROP limiar (12,5% x 5,5%) ao compararmos os grupos I e II. Estas diferenças nas freqüências de ROP e ROP limiar não se mostraram significativas (>0,05). Nossos resultados sugerem que o risco de ROP limiar não é maior nas crianças com síndrome de membrana hialina e que necessitaram de tratamento com surfactante endotraqueal. Os motivos que poderiam justificar diferenças na ocorrência da ROP ou ROP limiar, em crianças tratadas com o surfactante endotraqueal não estão bem esclarecidos. Teoricamente, haveria redução na necessidade do uso de oxigênio nos doentes que receberam uma ou mais doses do surfactante. Caso houvesse diminuição da necessidade de oxigenioterapia, o risco (15) de ROP tenderia a diminuir . É possível que o uso do surfactante proporcione redução no tempo necessário de ventilação mecânica, o que tem sido sugerido como (14-15) fator de risco para ROP . Nesse sentido, a utilização do surfactante deveria relacionar-se com redução na freqüência da ROP. Por outro lado, esta medicação tem permitido maior taxa de sobrevida em crianças com PN e (6-7) IG muito baixas , que são os fatores de risco considerados como os mais importantes para surgimento da (12,14,16) ROP . Um fator não considerado nos diversos estudos relativos ao uso do surfactante foi a diferença entre doses e o tipo de medicação, uma vez que existem for(7) mulações diversas (endógenas animais; sintéticas) , que Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 292-6 296 MottaMMS, Farah ME, Bonomo PP podem ter eficácia variável. A crioterapia da retina isquêmica periférica tornou-se o “padrão ouro”, após os resultados do estudo (8,17) multicêntrico para tratamento da ROP . Estudos mais (18-20) recentes demonstraram que a ablação da retina avascular periférica pela fotocoagulação com laser, além de ser tão eficaz quanto a crioterapia em promover regressão da ROP limiar, oferece melhor prognóstico vi(21) sual e menor incidência de miopias elevadas . Nos nossos pacientes, a eficácia do tratamento foi semelhante à dos estudos supracitados. ABSTRACT 3. 4. 5. 6. 7. 8. Objective: To study the frequency of retinopathy of prematurity (ROP) in any stage and its threshold form in premature infants, either treated or non-treated with exogenous surfactant to neonatal respiratory distress syndrome, and evaluate the response of eyes with threshold retinopathy to ablation treatment. Methods: One hundred and sixty eight premature infants who weighed 1500 grams or less and/or who had a gestational age of 32 weeks or less, were screened for ROP by ophthalmoscopy.We compared findings in 40 patients treated with exogenous endotracheal surfactant, with those of 128 patients who did not require such therapy. Ablation of ischaemic peripheral retina, either with laser or cryotherapy, was applied in cases of threshold ROP. For statistical analysis Student’s t, quisquare, Kruskal-Wallins and Fisher’s exact tests were used, with p value of < 0.05 considered as significant. Results: ROP, in any stage, occurred in 51,2% of children.Threshold ROP, requiring treatment, was found in 12 (7,4%) of them and regressed in 9. There was no significant difference between surfactant treated and non-treated patients, regarding the occurrence of ROP and threshold ROP. Conclusion: In this study frequency of ROP can be considered high, when compared with other series. Children with distress respiratory syndrome, treated with surfactant, did not show a higher risk of threshold ROP.Treatment was successfull in promoting disease regression. Keywords: Retinopathy of prematurity; Pulmonary surfactants/therapeutic use; Infant, premature 9. REFERÊNCIAS 21. 1. 2. Palmer EA, Flynn JT, Hardy RJ, Phelps DL, Phillips CL, Schaffer DB, et al. Incidence and early course of retinopathy of prematurity. 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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: Rua Visconde de Silva, 52/ 703 CEP 22271-090 - Botafogo - RJ Tel: (21) 266-3710 - Fax: (21) 286-5744 E-mail: [email protected] ARTIGO ORIGINAL297 Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 Relation between diabetic retinopathy and diabetic dermopathy in type 2 diabetes mellitus patients Hugo Roberto Kurtz Lisboa1, Aline Boff2, João Rafael de Oliveira Dias3, Madalena Rotta4, Maiara Garib Guzzo5, 6 7 8 Saionara Zago , Gláucia Sarturi Tres , Roger Syllos RESUMO Objetivos: Dermopatia diabética é o marcador cutâneo mais comum de diabetes mellitus. Embora, a dermopatia e a retinopatia diabéticas sejam consideradas manifestações de microangiopatia diabética, poucos estudos foram publicados a respeito de uma possível associação. Este estudo pretendeu investigar a associação de retinopatia e dermopatia diabéticas e determinar a prevalência e os fatores de risco associados com retinopatia diabética em pacientes diabéticos do tipo 2 do Ambulatório de Diabetes da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo no Hospital de Ensino São Vicente de Paulo. Métodos: Estudo transversal de 90 pacientes diabéticos tipo 2, atendidos sucessivamente em um Ambulatório de Diabetes nos quais foi realizado exame físico dermatológico e oftalmológico. Resultados: A prevalência de dermopatia diabética foi de 16,6% (n = 15) e a de retinopatia diabética foi de 34,4% (n = 31). Destes, 67,8% (n = 21) consistiam em retinopatia não-proliferativa e 32,2% (n = 10) em retinopatia proliferativa. Observou-se que a duração da doença maior do que 10 anos (p = 0,001) e idade maior que 50 anos (p = 0,014) estavam associadas à retinopatia. Não se encontrou associação entre hemoglobina glicada (p = 0,5) e glicemia de jejum (p = 0,8) com retinopatia diabética.A freqüência de retinopatia diabética em pacientes com dermopatia diabética não foi maior do que nos pacientes sem dermopatia (7,7%, 7 casos, p = 0,586). Não houve associação, estatisticamente significativa, entre retinopatia e dermopatia diabéticas. Conclusão: Não se encontrou associação entre dermopatia e retinopatia diabéticas entre estes indivíduos com diabetes mellitus do tipo 2.A presença de retinopatia diabética estava associada à duração da doença e à idade avançada dos pacientes. Descritores: Diabetes mellitus tipo 2/complicações; Complicações do diabetes; Retinopatia diabética/etiologia; Dermatopatias/complicações; Prevalência 1 Doutor, Professor de Endocrinologia da Universidade de Passo Fundo (RS), Brasil; Acadêmica da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (RS), Brasil; 3 Acadêmico da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (RS), Brasil; 4 Acadêmica da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (RS), Brasil; 5 Acadêmica da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (RS), Brasil; 6 Mestre, professora de Dermatologia da Universidade de Passo Fundo (RS), Brasil; 7 Mestre, professora de Clínica Médica da Universidade de Passo Fundo (RS), Brasil; 8 Oftalmologista, mestre em Farmacologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP – Campinas (SP), Brasil. 2 Instituição de Realização do Trabalho: Ambulatório de Diabetes da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo e Hospital de Ensino São Vicente de Paulo (RS), Brasil. Recebido para publicação em: 5/5/2008 - Aceito para publicação em 11/12/2008 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 297-302 298 Lisboa HRK, Boff A, Dias JRO, Rotta M, Guzzo MG, Zago S, Tres GS, Syllos R INTRODUÇÃO O diabetes mellitus é uma enfermidade metabólica freqüente caracterizada por hiperglicemia e altera ções no metabolismo de gorduras e proteínas. Este distúrbio é causado pela deficiência relativa ou absoluta de insulina associados ou não à resistência periférica e à ação (1) deste hormônio . É o distúrbio endócrino mais comum, afetando (2) aproximadamente 4% da população mundial . O Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é a sua forma mais freqüente e a causa é um esgotamento progressivo das células beta das ilhotas de Langherans no pâncreas na tentativa de vencer uma resistência periférica a ação deste hormônio. Sua prevalência vem aumentando, especialmente nos países em desenvolvimento, e estimativas atuais, prevêem o surgimento de mais de 800.000 novos casos por ano (1). De uma maneira resumida, pode se dizer que a hiperglicemia crônica causa alterações da microcirculação e glicosilação de proteínas, principalmente nas que resultam em lesões que são mais evidentes nos rins, retina, nervos e pele (3). Estes efeitos deletérios na microcirculação se traduzem por insuficiência renal, retinopatia e neuropatia autonômica e periférica e (4) dermopatia diabética . A retinopatia diabética (RD) é a mais grave das várias complicações oculares do diabetes mellitus. Está presente em praticamente todos os portadores de diabetes mellitus com mais de 15 anos de doença. É a principal causa de cegueira em adultos abaixo de 65 anos e a segunda maior causa de novos casos de cegueira na po(5) pulação norte-americana . Além disso, pacientes com RD têm risco maior de desenvolvimento de doença coronária, acidente vascular encefálico, nefropatia dia(6) bética, amputação de membros e morte . Junto à nefropatia e à neuropatia, a RD forma a tríade de complicações microangiopáticas responsável por severa limitação da capacidade funcional dos pacientes. A presença ou gravidade da retinopatia vai depender de vários fatores, tendo como principais o tipo de (7) diabetes, a duração, o grau de controle metabólico , hiperlipemia, gravidez, hipertensão arterial sistêmica (8) (9) e doença renal . Os primeiros sinais clínicos da RD podem ser identificados no exame de fundo de olho pela presença de microaneurismas, exsudatos algodonosos, dilatação capilar, exsudatos duros, microhemorragias puntiformes (nas camadas mais internas da retina) e hemorragias (10) “em chama de vela” (nas camadas superficiais) . Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 297-302 A retinopatia diabética pode ser classificada em dois grupos: retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) e retinopatia diabética proliferativa (RDP).A RDNP caracteriza-se pela presença de microaneurismas e/ou exsudatos e/ou microhemorragias, na ausência de proliferação neovascular (neovasos). A quantificação destas alterações subdivide este grupo de forma inicial como moderada e grave. RDP é a forma avançada e grave da doença, quando, junto aos achados de forma não proliferativa, observa-se a presença de proliferação neovascular retiniana e/ou vítrea. O principal estímulo desencadeante desta forma mais grave é a hipóxia tissular. A retina isquêmica libera o fator de crescimento do endotélio vascular ou, em inglês, vascular endothelial growth factor (VEGF) e óxido nítrico (NO), aumentando a permeabilidade vascular e estimulando a angiogênese, com conseqüente formação de neovasos, responsáveis pelas mais graves complicações da (10) retinopatia . Manifestações cutâneas do diabetes são bem documentadas, sendo a dermopatia diabética (shin spots) considerada a mais comum. Constitui-se de pápulas ou manchas atróficas pré-tibiais pigmentadas, que delimitam áreas de formato oval ou redondo e distribuem-se bilateralmente, usualmente nos membros inferiores dos diabéticos. É mais freqüente em homens mais velhos, com uma prevalência de 12,5% a 70% na população de pacientes diabéticos (11). Um estudo encontrou associação desta lesão a níveis altos de hemoglobina glicada (12) (Alc) .As lesões aparecem em áreas cutâneas pobremente vascularizadas e podem servir como um marcador de doença microvascular de outros órgãos (13) ou sistemas . Estudos têm revelado correlação entre dermopatia e outras lesões microangiopáticas do diabe(14) tes, como a retinopatia e nefropatia . O objetivo deste estudo foi verificar a presença de associação entre retinopatia e dermopatia diabéticas em pacientes com DM2 do Ambulatório de Diabetes da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo. Concomitantemente verificar os fatores de risco para retinopatia. MÉTODOS Este estudo transversal avaliou 90 pacientes com DM2 atendidos consecutivamente no Ambulatório de Diabetes da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo, localizado no Hospital de Ensino São Vicente de Paulo, município de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 Figura 1: Dermopatia diabética (shin spots) 299 Figura 2: Retinopatia diabética Brasil, durante um período de seis meses. Foram incluídos pacientes com diagnóstico de DM2, comprovado através de duas medidas de glicemia de jejum maiores ou iguais a 126 mg/dL ou teste de tolerância oral à glicose com valor maior ou igual a 200 mg/dL, após duas horas da ingestão de 75 gramas de glicose, conforme preconizado pela Organização Mundial da Saúde. Foram obtidas idade, gênero, duração do diabetes, hemoglobina glicada e glicemia de jejum mais recente. A glicose foi medida pelo método da glicose oxidase e a hemoglobina glicosilada por cromatografia (HPLC) tendo como valores de referência 4,3 a 6%. O exame dermatológico foi feito por médica dermatologista e considerou-se dermopatia diabética a presença de máculas atróficas hiperpigmentadas com a margem distin(13) ta, observadas na região pré-tibial (Figura 1). O exame de fundo de olho foi realizado por oftalmologista e a retinopatia diabética foi definida pela presença de lesões não proliferativas ou proliferativas características da doença, através de oftalmoscopia binocular indireta (10) sob midríase (Figura 2). A análise estatística foi realizada no programa TM Statistical Package for Social Sciences 15.0 (SPSS). Foi obtida a estatística descritiva (média, desvio padrão e mediana). Para variáveis quantitativas foram utilizados os métodos t de Student e análise da variância. Para variáveis qualitativas, foram realizados os testes do quiquadrado e o de regressão logística. Razão de chance (RC) e intervalo de confiança de 95% (IC 95%) foram utilizados para mensurar a força de associação entre as variáveis e um valor de p<0,05% foi considerado significante. Todos os pacientes assinaram um termo de consentimento informado, tendo sido o estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo. RESULTADOS Entre os 90 pacientes, 50 (55,6%) era do sexo feminino, com idade de 57,27 ± 9 anos (média ± desvio padrão) e duração do diabetes de 13,27 ± 7 anos. Destes 15 (16,6%) apresentaram dermopatia diabética, 31 Tabela 1 Características demográficas do diabetes mellitus tipo 2 com e sem retinopatia diabética Retinopatia Diabética Média de idade ± DP, anos Média da duração do diabetes ( n = 90), em anos Hemoglobina glicada Glicemia de jejum p Presente (n = 31) Ausente (n = 59) 61,77 ± 8,31 54,9 ± 9,88 p = 0,001 18,96 ± 7,03 9,13 ± 1,58 199,17 ± 62,21 4,8 ± 5,91 9,43 ± 1,81 195,57 ± 55,82 p = 0,014 p = 0,5 p = 0,8 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 297-302 300 Lisboa HRK, Boff A, Dias JRO, Rotta M, Guzzo MG, Zago S, Tres GS, Syllos R Tabela 2 Resultados de regressão logística de retinopatia diabética de acordo com dermopatia diabética Retinopatia Total Dermopatia Ausente Presente Total Ausente Presente 51 24 75 8 7 15 59 31 90 (34,4%) retinopatia e sete (7,7%) apresentaram concomitância dessas duas complicações. Não se encontrou associação entre dermopatia e retinopatia diabéticas (p = 0,568). Dos pacientes com retinopatia diabética, 17 (54,8%) eram do sexo masculino e a média de idade destes foi de 61,8 ± 8 anos. Vinte e um pacientes (67,8%) apresentavam retinopatia não-proliferativa e 10 (32,2%) retinopatia proliferativa. Vinte e oito pacientes (31%) tinham mais do que 50 anos e 27 (31%) evolução do diabetes maior do que 10 anos e observou-se que a duração da doença maior do que 10 anos (p = 0,001) e idade maior que 50 anos (p = 0,014) estavam associadas à presença de retinopatia A associação entre retinopatia e os valores mais recentes de hemoglobina glicada e de glicemia de jejum não foi estatisticamente significativa (Tabela 1). Regressão logística mostrou que dermopatia diabética não foi associada com uma maior chance de desenvolvimento de retinopatia diabética (Tabela 2). DISCUSSÃO A prevalência de retinopatia diabética varia na literatura nacional e internacional. Estudo tailandês encontrou prevalência de 31,4% de retinopatia diabética em 6707 diabéticos do tipo 2, sendo destes 22% nãoproliferativa e 9,4% proliferativa (15). A prevalência de retinopatia diabética foi de 24,3% e 33,9% nos diabéticos do tipo 2 provenientes de ambulatório de diabetes de Curitiba-PR e Uberlândia-MG (16-17), respectivamente. Encontrou-se uma prevalência de 34,4% de retinopatia diabética neste estudo, sendo 67,8% não-proliferativa e 32,2% proliferativa, valores esses similares a aqueles encontrados nos citados estudos. O melhor preditor de retinopatia diabética é a (18) duração da doença. Yanko et al. descreveu que a prevalência dessa manifestação após 11 a 13 anos do início da doença foi de 23%, após 16 ou mais anos foi de 60% e, destes, 3% tinham retinopatia proliferativa após Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 297-302 11 anos de doença.Vários estudos confirmam a relação entre a presença desta complicação e a duração do diabetes (15, 19- 20). No presente estudo, também se encontrou associação entre tempo de doença e desenvolvimento de retinopatia, bem como a presença desta complicação em pacientes mais idosos. São descritos outros fatores de risco para retinopatia diabética, como mau controle glicêmico, presença de microalbuminúria e hipertensão arterial sistêmica. Não se encontrou associação significativa entre os valores elevados de hemoglobina glicada e glicemia de jejum mais recentes com retinopatia diabética, diferindo de outros estudos publicados (15, 20). Atribuiu-se este achado à presença de hemoglobina glicada alta nos dois grupos, indicando um mau controle glicêmico dos pacientes. Supõe-se que os indivíduos no grupo sem retinopatia, que eram mais novos, caso não melhorarem seu controle glicêmico virão a apresentar tal complicação. Apesar de o estudo ter correlacionado retinopatia diabética com glicemia de jejum, sabe-se que glicemias capilares em períodos pré e pós-prandiais e, eventualmente reveladas pela monitorização contínua da glicose intersticial, fornecem informações mais precisas sobre (21) as variações da glicemia e podem ser mais fidedignas . Dermopatia diabética usualmente ocorre nas áreas sujeitas a injúria e trauma e são mais comuns nos homens. Embora, não seja encontrada exclusivamente nos pacientes diabéticos, é a manifestação cutânea mais (22) comum dessa doença . A freqüência de dermopatia diabética varia na literatura. Neste estudo, dermopatia diabética foi observada em 16,6% dos pacientes examinados, concordando com estudos previamente publica(23) dos. As freqüências encontradas por Sasmaz et al. , (24) (25) Romano et al. e Lee et al. foram 11,2; 12,5 e 15,5%, respectivamente. Diferentes dados referentes a sexo, duração da doença, idade e o grau da acessibilidade a atendimento médico adequado podem ser alguns dos fatores que levaram à diferença observada entre o presente estudo e os demais citados. Apesar de retinopatia diabética e dermopatia diabética serem consideradas por alguns autores como sendo manifestações de lesão microangiopática decorrentes da doença, poucos foram os estudos publicados investigando uma possível associação. Nesse estudo não se encontrou relação significativa entre essas duas manifestações. Os resultados são variados na literatura. Um estudo encontrou relação estatisticamente significativa entre ambas, com igual distribuição entre sexos e grupos etários, porém apenas para pacientes com mais de 10 anos de evolução da (26) doença . Noutra publicação, os autores não encontraram (24) associação entre essas duas manifestações . Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 301 Talvez um número maior de pacientes possam vir a esclarecer mais este assunto e, portanto, mais estudos devam ser realizados para identificar algum marcador cutâneo que possa ser utilizado na identificação precoce de complicações do diabetes mellitus. Desta forma, continua a recomendação da realização do exame de fundo de olho em todos os pacientes com diabetes do tipo 2 desde seu diagnóstico. Apesar da já estabelecida importância do exame físico e dermatológico para todos os pacientes com diabetes tipo 2, este não poderia ser usado como um marcador para a presença de retinopatia diabética. with diabetic dermopathy was not higher than in patients without dermopathy (7,7%, 7 cases, p = 0,586). There was no statistically significant association between diabetic retinopathy and diabetic dermopathy. Conclusion: No association between diabetic dermopathy and diabetic retinopathy in this group of type 2 diabetes patients was found. The presence of diabetic retinopathy was associated to the duration of the disease and the advanced age of the patients. Keywords: Diabetes mellitus, type 2/complications; Diabetes complications; Diabetic retinopathy/etiology; Skin diseases/etiology; Prevalence CONCLUSÃO REFERÊNCIAS Este estudo não mostrou associação entre dermopatia e retinopatia diabéticas neste grupo de pacientes e, portanto, o achado da lesão cutânea mais freqüente não indica que possa haver a presença de retinopatia. 1. 2. 3. ABSTRACT Purpose: Diabetic dermopathy is the most frequent cutaneous marker of diabetes mellitus. Although diabetic dermopathy and diabetic retinopathy are both considered as manifestations of diabetic microangiopathy, there are only few reports in the literature regarding their possible association. The purpose of this study was to investigate the association between diabetic dermopathy and diabetic retinopathy and to determine the prevalence and the associated risk factors for diabetic retinopathy in type 2 diabetes patients from the Outpatient Diabetic Clinic of the Faculty of Medicine of the University of Passo Fundo and Teaching Hospital Sao Vicente de Paulo. Methods: Cross sectional study was performed in 90 type 2 diabetes mellitus patients who attend to the outpatient diabetic clinic, consecutively. Physical, dermatological and ophthalmologic evaluations were performed in all the patients. Results: The prevalence of diabetic dermopathy was 16,6% (n = 15) and diabetic retinopathy was 34,4% (n = 31); 67,8% of those (n = 21) consisted of nonproliferative diabetic retinopathy and 32,2% (n = 10) of proliferative diabetic retinopathy. The duration of the disease greater than 10 years (p = 0,001) and age over 50 years (p = 0,014) were associated to retinopathy, but no association was found with elevated levels of HbA1c (p = 0,5) and fasting plasma glucose of 126 or higher (p = 0,8). The frequency of diabetic retinopathy in patients 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. Sherwin SR. Diabetes Melito. In: Goldman L, Ausiello D. Cecil Tratado de Medicina Interna. 22a ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005. p. 1658-92. King H, Aubert RE, Herman WH. Global burden of diabetes, 1995-2025: prevalence, numerical estimates, and projections. Diabetes Care. 1998;21(9):1414-31. Chakrabarty A, Norman RA, Philips TJ. Feature: cutaneous manifestations of diabetes. Wounds. 2002; 14(8):267-74. Masharani U. Diabetes mellitus and hipoglycemia. In: McPhee SJ, Papadakis MA. Current medical diagnosis & treatment. 46th ed. Nova York: McGraw-Hill; 2007. p. 1219-1265. Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. 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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: Hugo Roberto Kurtz Lisboa Rua Teixeira Soares, nº 885/806 CEP 99010-901 - Passo Fundo - RS Tel: (54) 33116499 E-mail: [email protected] RELATO DE CASO303 Axenfeld-Rieger anomaly and corneal endothelial dystrophy: a case series Anomalia de Axenfeld-Rieger e distrofia corneana endotelial: uma série de casos Mariana Borges Oliveira1, Roberto dos Santos Mitraud2, Riuitiro Yamane3 ABSTRACT Report of a study of a family with a remarkable combination of endothelial corneal dystrophy, and anterior chamber dysgenesis classified as Axenfeld-Rieger anomaly. A 56 year-old female had blurred vision complaints. A slit lamp evaluation showed a bilateral posterior embryotoxon and guttata with corneal edema, Descemet membrane’s folds, characterizing Fuchs endothelial dystrophy. A 27 year-old daughter was asymptomatic. The biomicroscopic exam disclosed a bilateral nasal and temporal posterior embryotoxon and a central guttata. Gonioscopy showed iridocorneal strands with a prominent Schwalbe´s line. The intraocular pressure was normal. Her sister, a 25 year-old female presented very similar abnormalities along with her brother (22 years old). A 19 year-old female sister presented the iridocorneal angle alterations, without Fuchs endothelial dystrophy, until this moment. This paper presents a family with a central cornea guttata or Fuchs dystrophy associated with Axenfeld-Rieger anomaly. Two different inherited diseases appearing together in an entire family may suggest a single molecular and genetic etiology, with high penetrance. Keywords: Eye abnormalities/genetics; Fuchs endothelial dystrophy; Anterior eye segment/abnormalities; Cornea/pathology; Syndrome; Case reports 1 Residente do Terceiro Ano do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro - HSE - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Médico Oftalmologista do Instituto de Hematologia Arthur Siqueira de Cavalcanti - Hemorio - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. 3 Professor Titular do Departamento de Oftamolologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. 2 Recebido para publicação em: 18/9/2008 - Aceito para publicação em 22/12/2008 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 303-8 304 Oliveira MB, Mitraud RS, Yamane R INTRODUCTION A xenfeld-Rieger (AR) syndrome (MIM 180500) is an inherited autosomal dominant disorder with high penetrance and variable expressivity. It is included in a heterogeneous spectrum of overlapping phenotypes referred to as an anterior segment dysgenesis 1-3 (ASD) and is characterized by posterior embryotoxon, iridocorneal strands, iris changes associated with systemic signs, like oligodontia, microdontia, cranial and facial de3 fects.The AR anomaly presents only ocular changes . Glaucoma is associated with half of the cases in each subtype, with exception of the isolated posterior embryotoxon3.There are other genetically related phenotypes that share many features with AR syndrome, like iridogoniodysgenesis (IGD) anomaly and syndrome as well as familial glaucoma iridogoniodysplasia. For this reason, some authors suggest that they might be considered part of the same group3.Three genetic loci are linked to AR syndrome and related phenotypes, on chromosomes 4q25 (PITX2 gene), 6p25 (FOX-C1 gene), 13q14 (unrecognized gene) and recently, it was also linked to chromosome 11p13 (PAX6 1 gene). These genes are involved in the regulation of eye embryogenesis, and codify transcription factors expressed during this phase1. Shields has postulated that both the ocular and systemic phenotypes result from the disruption of migration and/or the differentiation process of the neural crest-derived tissues, which include the corneal endothelium, the anterior chamber angle (trabecular meshwork, 4-5 Schlemm´s canal) and the iris. Fuchs endothelial dystrophy of the cornea (FECD, MIM 136800) is a relatively common and slowly progressive corneal dystrophy; adult-onset corneal degeneration begins with an axially (central or paracentral) arranged guttae. It becomes clinically evident when epithelial and stromal edemas produce painful bullae, which can lead to corneal swelling and severely reduced vision6.The pathogenesis of Fuchs dystrophy is not entirely understood yet. There are clues suggesting a disturbance of regulation of apoptosis7, while other studies suggest that the disturbance occurs on terminal differentiation of the neural crest-de8-9 rived corneal endothelium . In this report, we describe a family (mother and four children) having a combination of endothelial corneal dystrophy with anterior chamber dysgenesis classified as Axenfeld-Rieger anomaly. Case Reports The family was examined in order to find clinical signs of anterior chamber dysgenesis, cornea guttata or Fuchs endothelial dystrophy. The findings are listed on Table1 and their heredogram is shown on Figure1. Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 303-8 Figure 1: Heredogram exhibiting four of six members affected with both posterior embryotoxon and corneal central guttata or Fuchs distrophy (black) and, one member affected only with anterior segment alterations (gray). Case 1 A 56 year-old female (mother) had blurred vision complaints. Her best visual acuity was 20/25 in the right eye and 20/50 in the left eye. The biomicroscopic exam showed bilateral posterior embryotoxon (Figure 2) and guttata with corneal edema and Descemet membrane’s folds, characterizing Fuchs endothelial dystrophy. Gonioscopic view was not possible because of the corneal edema. The specular microscopic examination revealed that the endothelial cells were almost absent, and it was not possible to execute the cell count (Figure 3). The intraocular pressure (aplannation tonometry) was 12 mmHg in the right eye and 14 mmHg in the left eye. The fundoscopy was normal and revealed no signs of glaucomatous optic nerve damage. The rest of the ocular examination was normal. This case was indicated to corneal transplant. Case 2 A 27 year-old Caucasian female patient (daughter) had the best visual acuity equal to 20/20 in both eyes. Slit lamp evaluation disclosed a bilateral nasal and temporal posterior embryotoxon (Figure 4). No systemic signs were observed. The intraocular pressure (aplannation tonometry) was 15 mmHg in the right eye and 16 mmHg in the left eye. Gonioscopy showed iridocorneal strands with a prominent Schwalbe´s line (Figure 5). Specular microscopic examination demonstrated bilateral dark bodies (guttae) and the endothelial cells showed pleomorphism and polymegathism (Figure 6). Central corneal thickness was 571 ìm in the right eye and 587ìm in the left eye. The fundoscopy was normal and revealed no signs of glaucomatous optic nerve damage. Axenfeld-Rieger anomaly and corneal endothelial dystrophy: a case series 305 Figure 2 (case 1): Slit lamp evaluation showing a posterior embryotoxon in the temporal region of left eye. Figure 3 (case 1): Results of a specular microscopic examination showing severe guttata associated with corneal edema (on biomicroscopic exam), characterizing Fuchs Endothelial dystrophy. Case 3 A 25 year-old Caucasian daughter was examined. The best visual acuity was equal to 20/20 in both eyes. Slit lamp evaluation presented bilateral nasal and temporal posterior embryotoxon.This may be an incomplete form of Axenfeld-Rieger anomaly. No sectorial iris hypoplasia or atrophy, corectopy, polycoria or systemic signs and symptoms were detected. The intraocular pressure (aplannation tonometry) was 14 mmHg in the right eye and 15 mmHg in the left eye. Specular microscopic examination was similar to case 2.The fundoscopy was normal and revealed no signs of glaucomatous optic nerve damage. posterior embryotoxon.This may be an incomplete form of Axenfeld-Rieger anomaly. No sectorial iris hypoplasia or atrophy, corectopy, polycoria or systemic signs and symptoms were detected. for The intraocular pressure (applannation tonometry) was 16 mmHg in the right eye and 15 mmHg in the left eye. Specular microscopic examination was similar to case 2. The fundoscopy was normal and revealed no signs of glaucomatous optic nerve damage. Case 4 A 21 year-old Caucasian son was examined. The best visual acuity was equal to 20/20 in both eyes. Slit lamp evaluation presented bilateral nasal and temporal Case 5 A 19 year-old Caucasian daughter was examined and considered asymptomatic. The best visual acuity was equal to 20/20 in both eyes. Slit lamp evaluation disclosed bilateral nasal and temporal posterior embryotoxon and sectorial iris atrophy with mild corectopy. No polycoria or systemic signs was observed.The intraocular pressure (applanation tonometry) was 13 mmHg in the right eye and Table 1 Clinical signs of a family with anterior segment dysgenesis and central guttata or Fuchs dystrophy Case 1 Mother Father Case 2 Case 3 Case 4 Case 5 Age Posterior Embryotoxon Cornea Iris Glaucoma 59 61 27 female 25 female 23 male 20 female + + + + + Fuchs’ Dystrophy Central Guttata CentralGuttata(mild) CentralGuttata(mild) - MildCorectopy MildCorectopy - Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 303-8 306 Oliveira MB, Mitraud RS, Yamane R Figure 4 (case 2): Slit lamp evaluation showing temporal posterior embryotoxon in the right eye. 12 mmHg in the left eye. Specular microscopic examination was normal as well as the rest of the ocular examination.The fundoscopy was normal and revealed no signs of glaucomatous optic nerve damage. Figure 5 (case 2): Gonioscopy with Goldmann lens exhibits iridocorneal strands to Schwalbe´s line. DISCUSSION This is a remarkable case series in which a family, including two generations presented Fuchs endothelial dystrophy or central cornea guttata associated with Axenfeld-Rieger anomaly. The trait appeared to be autosomal dominant with high penetrance (100%), considering that all siblings inherited the abnormalities of the mother. Interestingly, Hwang et al.10 described a case in which mother and son had a combination of corectopy, congenital corneal opacities and cornea guttata (MIM 608484), with an overlap with Peters anomaly (characterized by central corneal opacities and absence of Descemet membrane), but it was not associated with posterior embryotoxon, polycoria or iris stromal hypoplasia. There are two genes encoding transcription factors and three loci that are associated with the AxenfeldRieger malformation. The gene PITX2 (“pituitary homeobox transcription factor 2”, RIEG1) was cloned on chromosome 4p25 and regulates the expression of other genes during embryonic development11. Several pathological mutations (deletions, translocations or spot mutations) in PITX2 have been described causing different phenotypes, including AR malformation11, iridogo12 13 niodysgenesis , iris hypoplasia and rarely Peters’ 14 anomaly . A second gene associated with AR syndrome is FOXC1 (“Forkhead Box C1”), on chromosome 6p2515. During the embryogenesis, FOXC1 is expressed in craniofacial structures, in periocular and pre-endothelial mesenchyma, sclera and cornea and further, in the pos-fetal Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 303-8 Figure 6 (case 2): Result of a specular microscopic examination of both eyes demonstrating dark bodies (guttae). The endothelial cells showed pleomorphism and polymegathism. The specular microscopic of case 3 and 4 are very similar, showing central guttata. Cell count was 1971 cells/mm3 in the right eye and 2239 cells/mm3 in the left eye. phase, in trabecular meshwork, iris and conjuntival epithelium. The mutations include duplications, insertions, deletions and missense types affecting the DNA ligation stability, activation of specific genes and transcriptional regulation. These mutations produce a very large spectrum of phenotypes of anterior segment dysgenesis, mild 15to severe form, including or not systemic manifestations. 17 Other locus for Rieger syndrome was mapped on 13q14 13 18 (RIEG2) , but no gene was identified . Besides the genes described previously, there are evidences of the involvement of PAX6 gene (“Paired Box 307 Axenfeld-Rieger anomaly and corneal endothelial dystrophy: a case series Gene 6”) in 11p13 chromosome and MAF gene (“V-MAF Avian Musculoaponeurotic Fibrosarcoma Oncogene Homolog”) in 16q24 chromosome on AR malformations4. In the Fuchs dystrophy, the mechanism of progressive dysfunction of corneal endothelium and the collagen deposition remains unknown, and it is not clear whether it is a primary or secondary effect. Several theories have been proposed to explain the etiology of FECD. Biswas 8 et al. described missense mutations in COL8A2, a gene of the a2 chain of type VII collagen in association with FECD, suggesting that this molecule may be related with a disturbance in the terminal differentiation of the neu8 ral crest derived endothelial cells .There are studies suggesting that apoptosis plays an important role in endot7 helial cell degeneration . It is possible that a modification of the basement membrane composition (Descemet membrane) or the loss of contact between endothelial cell and Descemet membrane may cause apoptosis of these cells in Fuchs’ Dystrophy. Further studies are needed to investigate this hypothesis. The mechanism of the ocular bad development has been widely studied and discussed3-5. Often the factors that result in disturbance of neural crest may act at more than one phase of this process, producing anomalies that involve more than one tissue derived from neural crest. This case series was the first description of this combination of two ocular abnormalities together (Fuchs dystrophy and Axenfeld-Rieger anomaly) and was re19 ported on world ophthalmology congress in 2006 . Later on, Kniestedt et al. showed very similar ocular findings presented in a five generation family with a PITX2 mu20 tation and polymorphism . Paciente de 56 anos, feminina, queixava-se de visão borrada. O exame na lâmpada de fenda evidenciou embriotoxo posterior bilateral e guttata no centro da córnea, edema estromal e dobras na membrana de Descemet, caracterizando distrofia endothelial de Fuchs. A filha de 27 anos estava assintomática.A biomicroscopia revelou embriotoxo posterior nasal e temporal bilateral e guttata central. A gonioscopia evidenciou processos iridocorneanos até a linha de Schwalbe, que se encontrava anteriorizada e proeminente. A pressão intra-ocular estava normal. Não foram observadas alterações sistêmicas. Sua irmã, 25 anos, sexo feminino, apresentava alterações muito similares, assim como seu irmão (22 anos). Outra irmã de 19 anos apresentava alterações do ângulo iridocorneano, porém sem distrofia de Fuchs, até o presente. Este trabalho relata os resultados de estudo de uma família com córnea guttata central ou distrofia de Fuchs associada à anomalia de Axenfeld-Rieger. Duas doenças hereditárias com expressão simultânea em toda a família sugerem uma etiologia molecular e genética única, com alta penetrância. Descritores: Anormalidades do olho/anormalidades; Distrofia endotelial de Fuchs; Segmento anterior do olho/anormalidades; Córnea/patologia; Síndrome; Relatos de casos REFERENCES 1. 2. 3. CONCLUSION 4. Two different inherited diseases appearing together in an entire family may suggest a single molecular and genetic etiology, but additional studies are necessary to explain the relationship among these overlapping phenotypes and their inheritance. Perhaps, in future, it would be possible to develop alternative therapeutic tools for the treatment of Fuchs dystrophy and glaucoma, based on the knowledge of their etiology. 5. 6. 7. 8. RESUMO Relato dos resultados do estudo de uma família com distrofia corneana endotelial associada a uma disgenesia do segmento anterior, a anomalia de Axenfeld-Rieger. 9. Espinoza H, Cox CJ, Semina EV, Amendt BA. A molecular basis for differential developmental anomalies in AxenfeldRieger syndrome. Hum Mol Genet. 2002; 11(7):743-53. Gould DB and John, SWM. 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CORRESPONDING AUTHORS: E-mail: [email protected] RELATO DE CASO309 Cataract in a patient with the Alport syndrome and diffuse Leiomyomatosis Catarata em paciente com sindrome de alport e leiomiomatose difusa 1 2 Luis Santiago - Cabán , Cristóbal Cruz , Natalio J. Izquierdo 2 ABSTRACT We describe a case of painless progressive loss of vision in a 15 years old male patient with Alport syndrome and diffuse Leiomyomatosis. After a comprehensive history and ocular examination, a diagnosis of bilateral posterior subcapsular cataracts was given. Patient underwent cataract extraction. His best corrected post-operative visual acuity was 20/25 in both eyes. We conclude that posterior subcapsular cataracts may lead to painless and progressive loss of vision in patients with Alport syndrome and Diffuse Leiomyomatosis Keywords: Nephritis, hereditary/complications; Nephritis, hereditary /diagnosis; Leiomyomatosis/diagnosis; Cataract/etiology; Cataract extraction; Eye manifestations 1 2 UPR School of Medicine, San Juan, Puerto Rico; Department of Ophthalmology, University of Puerto Rico, Medical Sciences Campus. Recebido para publicação em: 7/5/2008 - Aceito para publicação em 6/11/2008 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 309-12 310 Santiago - Cabán L, Cruz C, Izquierdo NJ INTRODUCTION P atients with the Alport syndrome (AS) have a hereditary progressive nephritis associated with sensorineural deafness and ocular manifestations (1-2). It has been suggested that three out of the following criteria must be present in order to establish a clinical AS diagnosis: 1) positive family history of hematuria with or without renal failure; 2) characteristic electron microscopic changes of the glomerular basement membrane on renal biopsy; 3) ophthalmic signs; and 4) high-tone sensorineural hearing impairment (3). Ocular findings in patients with AS vary. Previous studies have reported that patients with the AS may have lenticular findings including: anterior len(2-4-5) ticonus ; anterior and posterior polar opacities; anterior and posterior subcapsular cataracts; cortical, coronal and lamellar cataracts (2); and fleck retinopathy (2). Occasionally, patients with the Alport syndrome (6-7) have associated diffuse Leiomyomatosis .The latter is characterized by benign nodular smooth muscle tumor of esophagus, genital tract and tracheobronchial tree (8). Dysphagia, postprandial vomiting, substernal or epigastric pain, bronchitis, dyspnea, cough and stridor are some of the symptoms that characterize Leiomyomatosis of the esophagus and tracheobronchial tree. Diagnosis is confirmed by computed tomography scanning or magnetic resonance imaging of the systems involved. Previous studies have reported that the Alport (9) syndrome may be inherited as an X-linked trait . Other studies suggest an autosomal recessive inheritance pat(10-11) tern for patients with the syndrome . We report on a patient who had painless and progressive loss of vision due to posterior subcapsular cataracts in both eyes that could be part of the Alport syndrome with diffuse Leiomyomatosis. CASE REPORT This is the case of a 15 years-old male patient who carries a diagnosis of the AS. He had painless progressive loss of vision of both eyes. There was no history of trauma. Patient had progressive hearing loss. Laboratory studies undertaken on february 1, 2008 confirm the presence of both gross (blood 3+) and microscopic hematuria (over 50 RBC’s per power field). Patient also has moderate restrictive ventilator defect with a reduced forced vital capacity. Fiberoptic bronchoscopy performed on march, 2002, showed tracheomalacia due to prominent post-tracheal wall with complete airway closure on expiration, which accounts for Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 309-12 Figure 1: Lateral Chest X-ray of the patient showing gastric bubble above diaphragm secondary to esophagectomy and partial gastrectomy the above mentioned restrictive ventilator defect. Patient had a four year history of progressive dysphagia accompanied with constipation in the past. After extensive imaging, leiomyomas were found along the gastrointestinal tract, mainly in the esophagus and anus. In 2001, patient underwent esophagectomy and partial gastrectomy (Figure 1), which corrected the dysphagia. Removal of anal leiomyomas relieved the constipation. Pathologic report confirmed the diagnosis. After esophagectomy and partial gastrectomy, patient was treated with oral prednisone for two months. Upon questioning mother and after chart review, the dose of prednisone remains unknown. Patient’s mother underwent cataract surgery when she was 17 years old. She had anal and vaginal leiomyomas. She had no history of hematuria. There are no maternal uncles with the disease. Upon eye examination patient’s best corrected visual acuity was 20/100 in both eyes. Corneas were clear. As depicted in Figures 2 and 3, patient had posterior subcapsular cataracts in both eyes. Indirect ophthalmoscopy showed healthy optic nerves, intact vessels, maculae and peripheries. There was no evidence of macular or mid-peripheral fleck retinopathy. Patient underwent cataract surgery with intraocular lens implantation in both eyes during february, 2008. Due to his respiratory disease, surgery was done in a semi-sitting position under topical anesthesia. Best-corrected post-opera- Cataract in a patient with the Alport syndrome and diffuse Leiomyomatosis 311 Figure 2: Posterior subcapsular cataract of right eye Figure 3: Posterior subcapsular cataract of left eye tive visual acuity was 20/20 in both eyes with a +1.50 -1.00 x 15 and -0.50 sphere in the right and left eye respectively. and partial gastrectomy. For this reason, the possibility of developing cataracts as a consequence of steroid use in this patient is low. In conclusion, patients with the AS with DL may have painless progressive vision loss due to posterior subcapsular cataract associated with the syndrome. Even though cataracts have been reported in patients with AS without DL, to our knowledge posterior subcapsular cataracts have not been previously reported in patients with the syndrome and diffuse Leiomyomatosis. Further, to our knowledge, ocular findings such as juvenile cataracts in obligate carriers of AS with DL had not been reported. Cataract surgery in young patients with AS and DL with decreased respiratory function are challenging. DISCUSSION Patients with AS develop progressive renal failure, deafness and ocular changes due to disorders of basement membranes (12) . Ocular findings in patients with the syndrome include: anterior lenticonus, anterior and posterior polar cataracts, corneal arcus and posterior polymorphous dystrophy, pigment dispersion syndrome, macular pigmentation, salt and pepper-like retinopathy, fleck retinopathy, and tortuosity of retinal blood vessels. (2-5) Our patient had posterior subcapsular cataracts in both eyes. Several genetic causes lead to the syndrome, including X-linked and autosomal recessive patterns. The former has been associated with the rare manifestation of AS with diffuse leiomyomatosis. Obligate carriers in various hereditary eye diseases have signs compatible with (13) the syndrome . Further, lens opacities have been described in carriers of X-linked Alport syndrome (13). Interestingly, our patient’s mother underwent cataract surgery during adolescence and had anal and vaginal leiomyomas. As described in previous studies, the COL4A5 and COL4A6 genes, located head to head in Xq22 encoding the alpha 5 and alpha 6 (IV) chains, are responsible for the abnormalities present in this rare manifestation (15). Clinical findings in this patient are compatible with the diagnosis of AS with DL. Studies associate the development of posterior subcapsular cataracts in this (5) syndrome with prolonged use of steroids . Our patient used steroids for two months following esophagectomy Acknowledgement We thank Zelia M. Correa, MD, Ph D, from the University of Cincinnati College of Medicine, for translating parts of the text to Portuguese. RESUMO Nós descrevemos o caso de perda visual progressiva indolor em um paciente de 15 anos, \sexo masculino, com Síndrome de Alport e Leiomiomatose difusa. Após história completa e exame oftalmológico, foi feito o diagnóstico de catarata subcapsular posterior bilateral. O paciente foi submetido à cirurgia de catarata. Nós concluímos que cataratas subcapsulares posteriores podem levar a perda visual progressiva e indolor em pacientes com Síndrome de Alport e Leiomiomatose Difusa. Descritores: Nefrite hereditária/complicações; Nefrite hereditária/diagnóstico; Leiomiomatose/diagnóstico; Catarata/etiologia; Extração de catarata; Manifestações oculares Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 309-12 312 Santiago - Cabán L, Cruz C, Izquierdo NJ REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Gubler M, Levy M, Broyer M, Naizot C, Gonzales G, Perrin D, Habib R. Alport’s syndrome: a report of 58 cases and a review of the literature. Am J Med. 1981;70(3):493-505. Colville DJ, Savige J. Alport syndrome. 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Descritores: Inibidores da angiogênese/uso terapêutico; Neovascularização patológica/quimioterapia; Glaucoma neovascular/quimioterapia; Fatores de crescimento do endotélio vascular; Revisão 1 2 Médicoassistente do setor de Glaucoma do Hospital da Lagoa – Rio de Janeiro (RJ), Brasil; Professor Titular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 313-20 314 Lucena D, Yamane R INTRODUÇÃO H á mais de trinta anos, Folkman propôs o conceito de controle do leito vascular – estimulação ou inibição do crescimento de novos vasos – como uma alternativa terapêutica para diversas condi(1) ções clínicas . Em pouco tempo, o controle da angiogênese passou a ser considerado como um dos pontos estratégicos na luta contra o câncer e inúmeras pesquisas voltaram-se nesta direção. Essas pesquisas desvendaram os principais agentes desse processo e o papel de cada um deles. Graças ao empenho desses pesquisadores, nós hoje temos meios de modular a formação de novos vasos. Em humanos, a angiogênese ocorre tanto em situações fisiológicas, como a embriogênese e o processo de reparação tecidual, quanto patológicas (2-3). O crescimento tumoral e metastático, a degeneração macular relacionada à idade, a artrite reumatóide e a retinopatia diabética são exemplos de doenças em que a angiogênese (1-3) é parte fundamental do mecanismo fisiopatológico . Angiogênese Angiogênese é o processo de obtenção de novos vasos a partir de vasos já existentes. Apesar da aparente simplicidade, trata-se de processo complexo controlado delicadamente por uma variedade de fatores promotores e inibidores da angiogênese. O papel e o mecanismo exato de ação de alguns destes fatores permanece desconhecido, ou apenas parcialmente esclarecido. Acredita-se que o estímulo inicial básico para a angiogênese seria uma deficiência no suprimento sanguíneo e redução do aporte de oxigênio às células, causando hipóxia tecidual(4).A hipóxia é o sinal que deflagra mecanismos intracelulares para aumentar a expressão de fatores pró-angiogênicos, como o fator de crescimento derivado do endotélio (VEGF) e o fator de crescimento dos fibroblastos (FGF).Ao mesmo tempo, a produção de fatores antiangiogênicos, como a angiostatina, é inibida. Quando os fatores pró-angiogênicos superam os fatores antiangiogênicos, as células endoteliais trocam seu estado quiescente por um estado ativo, o que é conhecido como “troca angiogênica” (5).Tudo indica que o VEGF atua como principal fator pró-angiogênico, desempenhando um papel central neste processo. Fator de crescimento derivado do endotélio (VEGF) Mais do que uma única substância, o VEGF representa uma família de proteínas (Figura 1). Existem cinco tipos conhecidos: VEGF-A, VEGF-B, VEGF-C, Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 313-20 (6) VEGF-D, VEGF-E . Essas proteínas exercem seus efeitos através de três receptores celulares: VEGFR-1, VEGFR-2 e VEGFR-3 (6). Os VEGF-C e VEGF-D estão (7-8) predominantemente envolvidos na linfangiogênese . O VEGF-B atua no controle da degradação da matrix (8) extra-celular e da adesão e migração celular . O VEGFA é o principal fator encontrado na corrente sangüínea, e promove a formação de novos vasos por ações distintas e sinérgicas. VEGF-A Existem quatro isoformas conhecidas de VEGFA, produzidas pela fratura alternada do gene do VEGF, dando origem a proteínas com 121, 165, 189 e 208 aminoácidos (9). O VEGF121 geralmente é encontrado na forma livre e parece ser essencial para os processos fisiológicos de manutenção da vascularização ocular (10). O VEGF165 é a principal isoforma encontrada no olho humano, e é considerado o maior responsável pela angiogênese em processos patológicos (9-10). Encontra-se geralmente ligado à heparina, à superfície celular ou à matrix extra-celular (9). Calcula-se que seus efeitos de estímulo à angiogênese são produzidos a partir da ligação aos receptores VEGFR-1 e VEGFR-2, ativando proteínas alvo intracelulares, principalmente a proteína kinase C (6-11). Os VEGF189 e VEGF208 têm alta afinidade pela heparina e são encontrados sequestrados na matrix extra-celular (9). Extensas pesquisas em modelos animais de neovascularização da córnea, íris, retina e coróide concluíram que o VEGF é o mediador químico mais importante em diversas patologias oculares que cursam com neovascularização e aumento da permeabilidade vascular. Esses esforços permitiram estabelecer com clareza que os níveis de VEGF encontram-se elevados na neovascularização ocular (12-14), que a elevação experimental dos níveis de VEGF induz a neovascularização (15-16) ocular e que a inibição do VEGF pode impedir o desenvolvimento de neovasos (17-19). De fato, o VEGF-A participa do processo de angiogênese por vários mecanismos (20) ( Tabela 1). Em primeiro lugar, promove um aumento do número de células endoteliais. Esse aumento é obtido a partir de dois caminhos distintos. Um destes é o estímulo direto à mitose de células endoteliais já existentes, que é mediado pela ligação ao receptor VEGFR-2 (21). O outro baseia-se na atração de células precursoras da medula óssea e sua diferenciação em células endoteliais, o que (22-23) depende da ligação ao receptor VEGFR-1 . Para que os neovasos sejam formados, é necessário que as novas Antiangiogênicos no glaucoma 315 Figura 1: A família de fatores de crescimento derivados do endotélio (VEGF) e seus receptores (VEGFR) encontrados nas células endoteliais vasculares e linfáticas; MMP9 = matrix metaloproteinase (9) células endoteliais consigam transpor o leito vascular e acessar o tecido isquêmico. O próprio VEGF aumenta a permeabilidade vascular pela formação de fenestrações (24) endoteliais na microcirculação . Finalmente, o VEGFA aumenta a expressão de metaloproteinases, enzimas proteolíticas que degradam a matriz extra-celular, abrindo espaço para a formação de neovasos (25). Nesse processo, outras moléculas maiores de VEGF que se encontram sequestradas na matriz extra-celular (VEGF189 e VEGF208) são liberadas, potencializando ainda mais o (8) estímulo pró-angiogênico . Além de promover a formação de novos vasos, existem evidências de que o VEGF-A também é importante para a manutenção destes, por preservar as células endoteliais recém-formadas, inibindo o mecanismo de (26) apoptose nessas células .Apesar de sua função principal ser o estímulo à angiogênese, o VEGF tem um espectro de ação bem diversificado, destacando-se também como agente pró-inflamatório. Este efeito se deve em parte ao aumento da permeabilidade vascular (fenestrações), mas também por promover a adesão leucocitária, através do estímulo à expressão de moléculas de adesão intercelulares 1 (ICAM-1)(27). É fundamental destacar que algumas isoformas do VEGF-A, particularmente o VEGF 121, tem papel importante em processos fisiológicos. O VEGF tem propriedades neuroprotetoras já demonstradas, atribuídas em parte a sua capacidade de prolongar a sobrevida de cé(10-28) lulas endoteliais, neurônios e células de Schwann . Por esse motivo, agentes que bloqueiam todas as isoformas de VEGF-A devem ser utilizados com cautela, uma vez que podem interferir em processos fisiológicos vitais e gerar um desequilíbrio que coloca em risco (20) células e tecidos de extrema importância . Níveis elevados de VEGF na neovascularização ocular Estudos já demonstraram que os níveis de VEGF encontram-se elevados nos fluídos oculares em doenças como retinopatia diabética proliferativa e na forma (12-14, 29) isquêmica da oclusão da veia central da retina . Em um modelo experimental com primatas sobre neovascularização de íris secundária, a oclusão de veias retinianas induzida por laser e os níveis de VEGF eram diretamente proporcionais à intensidade da (30) neovascularização . Acredita-se que, no globo ocular, o epitélio pigmentário da retina é o principal regulador (31- 32) e produtor de VEGF em condições de hipóxia . Elevação dos níveis de VEGF induz neovascularização ocular Estudos experimentais concluíram que um incremeto na expressão de VEGF é necessário e suficiente para promover neovascularização. Uma única injeção intravítrea de VEGF em olhos de primatas leva à (15, 16, neovascularização iriana, retiniana e pré-retiniana 33) . Em outro estudo, observou-se que a razão VEGF164 / VEGF120 na retina de ratos com neovascularização retiniana induzida por isquemia era de 25.3 + 8.7, en- Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 313-20 316 Lucena D, Yamane R quanto em condições fisiológicas normais, a razão VEGF164 / VEGF120 não passa de 2.2 +1.1(10). Além disso, implantes de VEGF164 (forma equivalente a VEGF165 humana) em olhos de rato mostraram efeito pró-inflamatório, leucostático e de quebra da barreira endotelial mais (34) potentes do que os de VEGF120 . Esses estudos permitiram um melhor entendimento da importância da isoforma VEGF165 na promoção da angiogênese em situações patológicas e seu efeito pró-inflamatório, colocando esta molécula como de alto interesse para controle destes processos. Inativação do VEGF impede a neovascularização ocular A participação do VEGF parece ser indispensável para a neovascularização ocular patológica. Diversos estudos estabeleceram claramente que o bloqueio (17) do VEGF pode inibir a neovascularização da íris , (19) (35) (18- 36) coróide , córnea e retina . Uma pesquisa experimental com primatas demonstrou que a injeção intravítrea de um anticorpo monoclonal antiVEGF previne a formação de neovasos de íris em um modelo de isquemia retiniana, após oclusão venosa induzida com (17) laser . Agentes AntiVEGF Bevacizumab O Bevacizumab (Avastin®; Genentech, Inc, San Francisco, Califórnia, USA) é um anticorpo monoclonal humanizado contra todas as isoformas de VEGF (37-38). Esta substância foi desenvolvida e recebeu aprovação do FDA (fevereiro, 2004) para ser utilizada por via intravenosa no (39) tratamento do câncer cólon-retal metastático . O Bevacizumab não é formalmente aprovado para uso intraocular e, até o momento, não existem resultados finais de grandes ensaios clínicos randomizados sobre essa forma de utilização. Por ter alto peso molecular (149 kD) acreditava-se que o Bevacizumab não atravessaria a interface vítreoretiniana para atuar nas neovascularizações corioretinianas. Entretanto, existem evidências clínicas crescentes de seu efeito positivo em diversas doenças oculares que cursam com neovascularização, como retinopatia diabéti(40) (40) ca proliferativa , oclusão vasculares da retina e dege(42-43) neração macular relacionada à idade , entre outras. Ranibizumab Ranibizumab (Lucentis®; Genentech, Inc, San Francisco, Califórnia, USA) é um fragmento de anticorpo monoclonal humanizado, com peso molecular de 48 (44) kDa .Assim como, o Bevacizumab atua bloqueando to(45-46) das as isoformas de VEGF livres . Por ter menor peso Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 313-20 Tabela 1 Propriedades do fator de crescimento derivado do endotélio (VEGF) Propriedades do VEGF Estímulo à angiogênese; Aumento da permeabilidade vascular, fenestração; Efeito pró-inflamatório; Efeito neuroprotetor; Fator de sobrevivência vascular. molecular, o Ranibizumab poderia atravessar com maior facilidade a interface vítreo-retiniana para atuar nas neovascularizações da retina e coróide, sendo esta sua principal vantagem sobre o Bevacizumab na utilização por via intravítrea. Pegaptanib Aprovado pelo FDA para o tratamento da DMRI em dezembro de 2004, o Pegaptanib (Macugen®; Eyetech Pharmaceuticals, New York, New York, USA) (47) faz parte de uma nova classe terapêutica: os aptâmeros . Aptâmeros são oligonucleotídeos com uma conformação tridimensional específica que permite sua ligação a alvos moleculares com alta afinidade e especificidade. Ao contrário dos outros agentes antiVEGF, o Pegaptanib bloqueia apenas a isoforma VEGF 165, considerada responsável pela neovascularização em processos patoló(48) gicos . Pelo menos, teoricamente, esta ação seletiva seria vantajosa, uma vez que outras isoformas de VEGF permaneceriam livres para participar de processos fisiológicos vitais. VEGF e antiVEGF no glaucoma Inúmeras publicações dão parte dos resultados positivos dos antiVEGF em patologias oculares que cursam com neovascularização. A maioria dessas pesquisas são voltadas para neovascularizações do segmento posterior, como a retinopatia diabética, as oclusões vasculares da retina e a DMRI. Embora, em menor escala, a utilização dos antiVEGF nas neovascularizações do segmento anterior, sobretudo no glaucoma neovascular, também tem sido objeto de interesse das pesquisas. AntiVEGF na neovascularização da íris A utilização de Bevacizumab por via intravítrea e intracameral já se mostrou eficaz em reduzir a neovascularização de íris, segundo algumas publicações. Em 2005, Avery(49) relatou um caso de retinopatia Antiangiogênicos no glaucoma diabética proliferativa com neovascularização de íris tratado com injeção intravítrea de 1,25 mg de Bevacizumab, no Congresso da Academia Americana de Oftalmologia. Após uma semana, tanto os neovasos da retina quanto os da íris haviam regredido e não eram mais visíveis à biomicroscopia ou à angiofluoresceinografia. (40) Oshima et al. observaram resultado semelhante em uma série de 7 casos de retinopatia diabética proliferativa com neovasos de íris tratados com Bevacizumab intravítreo e publicaram seus achados no American Journal of Ophthalmology em 2006. A regressão dos neovasos da íris ocorreu em todos os casos no intervalo de uma semana. Entretanto, após dois meses, dois olhos apresentaram recorrência. Uma segunda aplicação foi realizada com estabilização do quadro. (50) Davidorf et al. reportaram o caso de um paciente diabético com história de melanoma de coróide tratado com termoterapia transpupilar e radioterapia externa que evoluiu com glaucoma neovascular no olho contralateral. Após injeção intravítrea de 1,25 mg de Bevacizumab observou-se regressão dos neovasos da íris e do ângulo. O paciente foi submetido à trabeculectomia 3 meses após a injeção intravítrea, com resultado surpreendentemente satisfatório diante dessas circunstâncias. AntiVEGF no glaucoma neovascular A concentração de VEGF encontra-se elevada no vítreo e no humor aquoso de pacientes com retinopatia diabética proliferativa. Em 2006, Grisanti et al.(51) utilizou 1.0 mg de Bevacizumab intracameral em 6 olhos de 3 pacientes com glaucoma neovascular secundário a retinopatia diabética (2) e oclusão da veia central da retina (1). A angiografia fluoresceínica da íris revelou redução do extravasamento vascular no dia seguinte à administração de Bevacizumab. Nenhum efeito colateral foi observado durante o período de acompanhamento (4 semanas).A partir desses resultados, os autores passaram a sugerir a utilização de Bevacizumab intracameral como importante estratégia no tratamento da rubeose de íris e glaucoma neovascular. Batioglu et al.(52) reportaram um caso de glaucoma neovascular secundário à retinopatia diabética em que a panfotocoagulação retiniana não foi possível por visibilização inadequada do fundo. Uma semana após injeção intravítrea de Bevacizumab houve regressão dos neovasos, redução da pressão intra-ocular e melhora da transparência dos meios oculares, o que permitiu retomar a laserterapia. Concluíram que o Bevacizumab deve ser considerado como importante coadjuvante à panfotocoagulação retiniana no tratamento do glaucoma 317 neovascular secundário à retinopatia diabética. Chilov et al.(53) relataram três casos de glaucoma neovascular tratados com Bevacizumab intravítreo que evoluíram com melhora da neovascularização e redução da pressão intra-ocular. Um dos olhos tratados apresentava hipoestesia corneana relacionada ao diabetes e desenvolveu úlcera de córnea após o tratamento, o que os autores atribuíram ao bloqueio da ação neurotrófica do VEGF pelo Bevacizumab. (54) utilizaram 1,0 mg de Kahook et al. Bevacizumab intravítreo num caso de glaucoma neovascular secundário à oclusão da veia central da retina. A injeção foi indicada após insucesso no controle da pressão intra-ocular com terapia clínica, panfotocoagulação retiniana e ciclofotocoagulação transescleral. Observou-se redução da pressão intra-ocular e melhora do conforto a partir de dois dias após a injeção de Bevacizumab. Os autores não concluíram qual seria o mecanismo responsável pela redução da pressão intra-ocular neste caso. De fato, a redução de pressão intra-ocular observada após aplicação intravítrea de Bevacizumab é motivo de especulação. Em olhos com ângulo parcialmente aberto, essa redução poderia ser explicada pela regressão dos neovasos, com melhora da filtração trabecular. Entretanto, em casos mais avançados, com formação de sinéquias anteriores extensas, essa hipótese isoladamente não explica os resultados ob(55) servados . Iliev et al.(56) descreveram uma série de 6 casos de glaucoma neovascular secundário à oclusão da veia central da retina com pressão intra-ocular muito elevada, sintomática e refratária ao tratamento clínico. Todos foram tratados com 1,25 mg de Bevacizumab intravítreo, o que resultou em regressão dos neovasos e melhora dos sintomas após 48h. Panfotocoagulação retiniana foi realizada em todos os casos assim que as condições permitiram. Quando o controle da pressão intra-ocular com medicação tópica após a injeção intravítrea não foi alcançada, o que ocorreu em 3 casos, os pacientes foram submetidos à ciclofotocoagulação transescleral. Os autores não observaram nenhum efeito colateral relacionado ao uso de Bevacizumab. (57) Vatavuk et al. aplicaram 1,25 mg de Bevacizumab intravítreo num caso de glaucoma neovascular secundário à oclusão da artéria central da retina. Os neovasos da íris e do ângulo regrediram em 48 h, com redução da PIO de 30 para 15 mmHg e melhora significativa do desconforto sentido pelo paciente. Quatro semanas após a injeção, o paciente foi submetido à panfotocoagulação retiniana como tratamento definitivo. Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 313-20 318 Lucena D, Yamane R Variação da PIO após Bevacizumab intravítreo Um dos motivos de preocupação quanto ao uso de Bevacizumab em pacientes glaucomatosos reside na questão da elevação da pressão intra-ocular imediatamente após a administração intravítrea. Hollands et al.(58) dirigiram um estudo para avaliar a flutuação da pressão intraocular nos minutos seguintes à aplicação intravítrea em 104 pacientes/104 olhos com indicação de Bevacizumab (tratamento de DMRI, retinopatia diabética, entre outros). Observaram que 2 minutos após a injeção de 0,05 ml (1,25 mg de Bevacizumab), 13 pacientes (12,5%) apresentaram PIO acima de 50 mmHg, sendo que em 3 destes a PIO estava acima de 70 mmHg.Ao final de 30 minutos, quatorze pacientes mantinham pressão intra-ocular 5 mmHg acima da medida inicial e 3 pacientes ainda apresentavam pressão intra-ocular acima de 25 mmHg. A análise regressiva com múltiplas variáveis mostrou uma tendência de pacientes fácicos apresentarem PIO mais elevadas ao final dos 30 minutos. Apenas 16 dos 104 pacientes apresentavam história prévia de glaucoma e curiosamente este fato não interferiu na variação da PIO após a injecção de acordo com a análise estatística. Os autores concluíram que a conseqüência destas flutuações súbitas e fugazes é desconhecida, e que um pequeno número de pacientes mantiveram pressão intra-ocular elevada (acima de 25 mmHg) por mais de 30 minutos, sugerindo como precaução avaliar a PIO de todos os pacientes após administração intravítrea de Bevacizumab. A elevação da pressão intra-ocular estaria relacionada ao aumento abrupto do conteúdo da cavidade vítrea sem tempo suficiente para a compensação pelos mecanismos fisiológicos de controle da PIO. AntiVEGF no tratamento cirúrgico do glaucoma A angiogênese é parte fundamental do processo de reparação tecidual(59).A falha de controle do processo cicatricial no período pós-operatório é atualmente a maior limitação das cirurgias fistulizantes antiglaucomatosas. A mitomicina-C e o 5-fluorouracil se apresentaram como (60-61) boas alternativas para evitar a fibrose pós-operatória , embora tenham vindo acompanhados de um grande número de complicações. Os antiVEGF também poderiam servir como coadjuvantes no controle da cicatrização pósoperatória em casos específicos. Jonas et al.(62) relataram 2 casos de pacientes que foram submetidos à trabeculectomia convencional com injeção intravítrea de 1,5 mg de Bevacizumab. Até a 12 semana de pós-operatório, a pressão intra-ocular se manteve entre 10 e 14 mmHg nos dois casos, o que levou os autores a considerarem o Bevacizumab como coadjuvante na trabeculectomia. Kahook et al. 63 reportaram um caso de Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 313-20 agulhamento em bolha encapsulada com 1,0 mg de Bevacizumab, após insucesso no agulhamento com mitomicina-C. Observou que, após o procedimento, a bolha se tornou mais difusa e menos vascularizada, sugerindo que esta pode ser uma boa indicação para o uso de Bevacizumab. CONCLUSÃO O controle da angiogênese é uma estratégia promissora no tratamento das neovascularizações do segmento anterior, tanto na fase de neovascularização da íris e do ângulo quanto no glaucoma neovascular. Entretanto, se a origem da isquemia não for resolvida, a produção local de VEGF continuará estimulando a angiogênese, podendo ocorrer o ressurgimento dos neovasos. Na maioria destas situações, os antiVEGF podem atuar como coadjuvantes importantes, criando condições que possibilitam um tratamento definitivo. O controle da cicatrização pós-cirúrgica é uma nova aplicação destas substâncias, ainda pouco estudada. Relatos recentes sugerem que estas substâncias podem contribuir para o sucesso das cirurgias antiglaucomatosas, assim como resgatar casos de bolhas filtrantes em falência. Vários pontos permanecem por serem esclarecidos, como a duração de ação, a toxicidade, a eficácia e a dose ideal de cada uma dessas substâncias. Estudos experimentais e ensaios clínicos randomizados e controlados dirigidos a estas questões são necessários para estabelecer qual é o verdadeiro papel e as possíveis aplicações dos antiVEGF nas patologias oculares. ABSTRACT Angiogenesis is a complex process that results in new blood vessel formation. It is involved in physiological and pathological conditions and participates in several eye diseases. Among the chemical mediators of angiogenesis, the vascular endothelial growth factor (VEGF) is recognized as one of the most important. In the last years, anti-VEGF agents have been introduced for the treatment of neovascularization of the posterior segment with very positive results. Some authors demonstrated benefits of using these substances for the control of glaucoma in specific situations. Keywords: Angiogenesis inhibitors/therapeutic use; Neovascularization, pathologic/drug therapy; Glaucoma, neovascular/drug therapy; Vascular endothelial growth factors; Review Antiangiogênicos no glaucoma REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Folkman J. Tumor angiogenesis: therapeutic implications. N Engl J Med. 1971;285(21):1182-6. Carmeliet P. Angiogenesis in health and disease. Nat Med. 2003;9(6):653-60. Cleaver O, Melton DA. Endothelial signaling during development. Nat Med. 2003;9(6):661-8. Levy AP, Levy NS, Wegner S, Goldberg MA. Transcriptional regulation of the rat vascular endothelial growth factor gene by hypoxia. J Biol Chem. 1995;270(22):13333-40. Thornton AD, Ravn P, Winslet M, Chester K. Angiogenesis inhibition with Bevacizumab and the surgical management of colorectal cancer. Br J Surg. 2006;93(12):1456-63. Ferrara N, Gerber HP, LeCouter J. The biology of VEGF and its receptors. Nat Med. 2003;9(6):669-76. 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É importante salientar que a transformação maligna em melanoma ocorre em 1 a 2% dos casos. Assim, os oftalmologistas devem familiarizar-se com o melanocitoma do disco óptico e os pacientes afetados devem ser acompanhados periodicamente. Descritores: Melanoma/diagnóstico; Disco óptico/patologia; Neoplasias do nervo óptico/ pathology; Melanócitos/patologia; Diagnóstico diferencial; Revisão 1 2 Oftalmologista do Centro Médico Avimed – São Paulo (SP), Brasil; Mestre, médica colaboradora da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil. Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 321-6 322 Gouveia EB, Morales MSA INTRODUÇÃO O melanocitoma do disco óptico apresenta-se como uma lesão densamente pigmentada, pouco sobrelevada, arredondada, variando do cinza ao preto e com diversos tamanhos. Representa uma variante específica do nervo melanocítico uveal. Existem relatos de malignização em casos de melanocitomas. O crescimento da lesão com espessamento local deve servir de alerta, sugerindo uma possível transformação maligna (1-3). Historicamente a possibilidade de malignização fez da enucleação o modo preferido de tratamento desta neoplasia, porém nas últimas décadas o tratamento sofreu mudanças para simples observação seriada. Este artigo objetivou rever dados históricos, prevalência, patogênese, histopatologia, transformação maligna, quadro clínico, diagnóstico diferencial, exames complementares e conduta do tumor. Histórico (4--6) Antes dos trabalhos pioneiros de Zimmerman as lesões densamente pigmentadas do disco óptico eram consideradas como melanoma maligno primário do disco óptico. Loewenstein sugeriu que tais lesões poderiam representar uma transformação maligna do nevus do disco óptico (4--6).Como resultados de um estudo clínico e histopatológico, realizado por um longo período de acompanhamento, Zimmerman instituiu o termo “melanocitoma”, para indicar o comportamento benigno desta lesão pigmentada do disco óptico(4--6). Prevalência A prevalência exata do melanocitoma é difícil de estimar devido ser um achado ocasional de exame de rotina, bem como por ter sido confundido por muitos anos clínica e histopatologicamente como melanoma maligno. Além do fato de poucos pacientes procurarem o of(22 talmologista por ser assintomático em sua grande maioria e ter uma lenta deteriorização visual e podendo causar defeito de campo visual (8). O melanocitoma apresenta leve predileção pelo sexo feminino (4) e por indivíduos de raças pigmentadas, (4) sendo raras em brancos , no entanto não há uma explicação aparente para esta predisposição de sexo e raça. A idade média do diagnóstico é de 50 anos, variando de 1-91 anos (9). Patogênese A patogênese do melanocitoma do disco óptico é desconhecida. É possível que o melanocitoma seja uma Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 321-6 lesão congênita, mas que só se torna clinicamente aparente em uma fase tardia da vida, talvez devido à aquisição de pigmentos em uma lesão previamente (10) amelanótica .Existem relatos de desenvolvimento em adultos com documentação fotográfica prévia como normal, abrindo especulação para existência de uma forma adquirida ou também para uma apresentação de uma lesão amelanótica que se torna pigmentada (10). Histopatologia O melanocitoma descreve um tumor pigmentado (11) do nervo óptico, podendo acometer também a íris , (12) (13) (14) (15-16) coróide , esclera , conjuntiva corpo ciliar .A maioria das células pigmentadas intra-ocular tem origem nas células pluripotentes da crista neural, nestes se incluem nevo, melanomas e melanocitomas. O melanocitoma é considerado uma forma especial do nevo uveal, podendo ocorrer em qualquer local que apresente melanócitos. Histologicamente as células se apresentam intensamente pigmentadas por melanina, são grandes, poliédricas, com abundante citoplasma contendo núcleos pequenos e nucléolos pequenos ou au(17-20) sentes . O tumor freqüentemente envolve as camadas de fibras nervosas da retina adjacente e demonstra margem fibrilada. Na maioria dos casos, os melanocitomas são contíguos com a coróide justapapilar. Juarez e Tso (21), através de estudo com microscopia eletrônica, identificaram dois tipos celulares de melanocitoma. No tipo I, as células são poliédricas, apresentam melanossomos gigantes e poucas organelas citoplasmáticas. No tipo II, as células são pequenas, fusiformes, contêm nucléolos proeminentes, numerosas mitocôndrias, ribossomos e retículo endoplasmático. Transformação maligna O melanocitoma é um tumor benigno, estacionário, com pouco potencial de crescimento, bem como quase nenhuma propensão de sofrer transformação maligna, que (1-3-9-22) é considerada uma complicação rara , apesar de que, nos últimos anos, têm sido registrados alguns casos de transformação maligna provada histologicamente (23-24). Esta mudança maligna é estimada ocorrer em aproxima(9) damente 1 a 2% dos casos . Comprometimento extenso do nervo óptico com importante baixa da acuidade visual (9-25-26) é sugestivo de transformação maligna . Nestes casos, a evidência de transformação maligna, em particular o aumento em seu tamanho e achados ecográficos correlacionados, necessita de uma avaliação precisa com o objetivo de se detectar o mais precocemente possível as alterações compatíveis com melanoma maligno a fim de (22) se instituir terapêutica adequada . Melanocitoma do nervo óptico Figura 1: Retinografia - Observou-se lesão pigmentada, sobrelevada e arredondada, no quadrante temporal inferior do disco óptico do olho direito Quadro clínico Raramente existe queixa oftalmológica objetiva. A baixa de acuidade visual é uma forma rara de apresentação cujos fatores de riscos incluem extensão (9) tumoral e a presença de fluido sub-retiniano . A anisocoria também é bastante rara nestes pacientes, no entanto o defeito pupilar aferente acontece em pelo menos 30% dos pacientes com melanocitoma do disco óptico, de provável origem (8-27) compressiva . Oftalmoscopicamente a apresentação do melanocitoma do disco óptico varia de caso para caso, embora classicamente seja visto como uma lesão elevada, freqüentemente no quadrante temporal inferior do disco óptico, variando do cinza ao preto, de tamanho variável (Figura 1). Em 60% dos casos não excedem um diâmetro de disco óptico, contudo há registro de uma lesão de tamanho de seis diâmetros de papila (26) . Joffe et al. (26) avaliaram diversos tipos de apresentação clínica do melanocitoma em 40 pacientes. Eles encontraram a lesão confinada à cabeça do nervo óptico em 18% dos pacientes, estendendo nas camadas de fibras nervosas da retina em 77%, apresentando um componente coroidal justapapilar em 47% e demonstrou mínimo crescimento em 15%. Em 75% dos olhos envolvidos, a acuidade visual variou de 20/ 15 a 20/30. Foram relatados alguns casos raros de associações oculares, embora consideradas prováveis coincidências, tais como melanose racial, hipoplasia do disco óptico, retinose pigmentar, hipertrofia congênita do epitélio pigmentar da retina, neurofibromatose tipo dois, carci(9- 28) noma basocelular . 323 Diagnóstico diferencial Diante de um quadro de suspeita de melanocitoma, devemos fazer diagnóstico diferencial com nevo peripapilar, hamartomas combinado da retina com epitélio pigmentar da retina (EPR), hiperplasia do EPR, adenoma do EPR, melanoma metastático do (18-29-30) disco óptico e melanoma maligno , sendo este a principal entidade diagnóstica diferencial devido a sua morbidade e mortalidade. O Nevo de coróide é uma lesão coroidal plana, ou de mínima elevação que encontra-se fora do disco óptico e não sobre ele. Contudo, muitos melanocitomas têm componente justapapilar que é idêntico ao nevo de coróide, bem como têm sido observados casos de nevo justapapilar com pequeno componente no disco óptico, tornando-se difícil a classificação primária entre nevo (19) de coróide ou melanocitoma do nervo óptico . O Hamartoma justa papilar da retina e EPR podem ser muito parecidos com o melanocitoma, embora geralmente não envolva o disco óptico em si, mas estende-se de sua margem. Está associado com gliose, que pode causar tração nos vasos retinianos tornando-os (31) retificados . A Hiperplasia do EPR por sua vez ocorre após trauma ocular, processo inflamatório ou intervenção ci(19) rúrgica . O Adenoma do EPR justapapilar também pode lembrar o melanocitoma, embora possa se estender da margem do disco óptico não apresenta margem fibrilada (32).Em contraste com o melanocitoma ele pode (33) ocasionalmente ser amelanótico . O Melanoma cutâneo mestastático para o disco óptico é extremamente raro. No entanto, seu crescimento é rápido e infiltra difusamente o disco óptico, configurando um papiledema ou papilite aguda (34). O Melanoma maligno do disco óptico é originado do tecido coroidal justapapilar que espalha sobre o disco, sendo extremamente raro sua confinação no nervo (35-36) óptico .Trata-se do tumor intra-ocular mais comum entre adultos acima dos 50 anos de idade e com maior incidência na raça branca. Oftalmoscopicamente estes tumores, em geral são mais largos, crescem mais rápido e são tipicamente amarelado ou marrom em comparação ao melanocitoma. Apresenta ecograficamente refletividade média para baixa, presença de sinais de vascularidade, além do ângulo kappa (17). Na angiofluoresceinografia destes pacientes evidencia uma (37) hiperfluorescência durante todo o estudo . Na tomografia de coerência óptica o melanoma se caracteriza por uma camada de alta refletividade devido ao EPR e a coriocapilar atenuada pelos sinais coroidianos Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 321-6 324 Gouveia EB, Morales MSA Figura 2: Angiofluoresceinografia do melanocitoma do disco óptico, com a característica hipofluorescência que se mantém ao longo do estudo Figura 3: Ultra-som - Imagens revelam lesão sólida, cupuliforme, não móvel, em área papilar no meridiano das 4 à 6 horas, com refletividade interna heterogênea, média-alta sugestivo de melanocitoma subjacentes, mostrando ter o melanoma um padrão sutil (38-39) de diferença da coróide normal . Exames complementares Os pacientes com suspeita de melanocitoma deveriam ser avaliados a partir da sua história clínica, exame oftalmológico completo, em particular a avaliação da pupila, complementando com a campimetria computadorizada, ultra-sonografia (modo A e B), retinografia, angiofluoresceinografia e mais recentemente a tomografia de coerência óptica ampliando assim o leque de exames para uma melhor avaliação diagnóstica e seguimento e garantindo aos pacientes portadores de melanocitoma a natureza benigna deste tumor. Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 321-6 Angiofluoresceinografia Na maioria dos casos o estudo angiográfico do melanocitoma do disco óptico demonstra lesão com hipofluorescência precoce que se mantém durante todo (9-19) exame . Isto ocorre devido às células densamente pigmentadas e compactas, com pouca vascularização. Em casos de edema do disco óptico, temos hiperfluorescência da porção edemaciada do disco óptico (Figura 2). Campimetria computadorizada O melanocitoma do disco óptico pode causar uma (40) variedade de defeitos no campo visual . Osher e colabora(8) dores mostraram que 90% dos pacientes apresentavam defeito do campo visual.As anormalidades incluíam aumento mínimo da mancha cega em (15%), aumento severo da 325 Melanocitoma do nervo óptico Figura 4: Tomografia de coerência óptica (OCT) mostrou uma lesão estendendo-se anteriormente com uma camada de alta-refletividade, com sombreamento atrás deste, representando o melanocitoma, obscurecendo todos os detalhes do disco óptico e retina adjacente mancha cega em (75%), dos quais (10%) apresentavam concomitante defeito das fibras nervosas incluindo degrau nasal, defeito relativo na camada de fibras nervosas (20%) e defeito arqueado absoluto em (20%). O aumento da mancha cega parece estar relacionado à extensão do tumor, além da margem do disco óptico e o defeito arqueado está relaci(29) onado à compressão dos axônios do disco óptico . A realização do exame de ultra-som é extremamente valiosa auxiliando no diagnóstico. A característica mais comum do melanocitoma é o seu crescimento lento, permitindo acompanhar a pequena variação do tamanho através do exame de ultra-som modo A e B. O modo A é o método mais acurado para mensuração do tamanho da lesão que raramente protrunde mais do que (27) 1 a 2mm , já o modo B tipicamente apresenta solidez acústica com uma refletividade interna regular e predominantemente alta, sem vascularização interna (24,41,45). O registro ultrassonográfico depende da arquitetura e densidade do tecido analisado. O aumento da refletividade interna e da atenuação sonora ocorre à medida que au(43) menta o tamanho do tumor (Figura 3). Tomografia de coerência óptica (oct) O exame de OCT é uma nova técnica que tem sido usado para avaliar o melanocitoma do disco óptico (46). Embora, o melanocitoma não tenha uma apresentação específica ao OCT, a técnica aparenta ser útil em determinar a extensão do fluido sub-retiniano e edema de retina, achados que não são facilmente detectados com outros métodos (Figura 4) . Tratamento Uma vez que o melanocitoma do disco óptico raramente sofre transformação maligna, exames e foto- grafias devem ser realizados anualmente. A freqüência de seguimento do melanocitoma do disco óptico está na dependência das características do tumor. Se a lesão pigmentar é descoberta na primeira visita, o paciente deve ser questionado quanto à detecção de exames prévios e então ser realizados testes apropriados como citados anteriormente e retornar em um mês. Se não houver mudança da aparência da lesão, recomenda-se uma reavaliação em seis meses. Teste de campimetria deve ser repetido anualmente para monitorar perda de visão não detectada pelo crescimento (4, 41) aparente do tumor . Nos casos em que se confirme crescimento progressivo e perda visual sugerindo malignização devem se considerar a enucleação. ABSTRACT Melanocytoma of the optic disc is a well known variant of melanocytic nevus that usually occurs as a deeply pigmented lesion on the head of the optic disc. Historically, this tumor has often been confused with malignant melanoma. Histopathologically, it is composed of deeply pigmented round oval cells with abundant cytoplasm and small, round, bland nuclei. Melanocytomas is a benign, stationary tumors, with almost no propensity to undergo malignant transformation. Most cases that occur on the optic disc are visually asymptomatic, but they can cause an afferent pupillary and visual field defects. Importantly, it can exhibit malignant transformation into melanoma in 1 to 2% of the cases.The affected patients should have periodic follow up. Keywords: Melanoma/diagnosis; Optic disk/ pathology; Optic nerve neoplasms/pathology; Melanocytes/pahology; Diagnosis, differential; Review Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 321-6 326 Gouveia EB, Morales MSA REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. Thomas CI, Purnell EW. Ocular melanocytoma. Am J Ophthalmol. 1969; 67(1):79-86. Barker-Griffith AE, McDonald PR, Green WR. Malignant melanoma arising in a choroidal magnacellular nevus (melanocytoma). Can J Ophthalmol. 1976; 11(2):140-6. Roth AM. Malignant change in melanocytomas of the uveal tract. Surv Ophthalmol. 1978; 22 (6):404-12. Zimmerman LE, Garron L. Melanocytoma of the optic disc. Int Ophthalmol Clin 1962; 2:431-4. Zimmerman LE. Melanocytes, melanocytic nevi, and melanocytomas. Invest Ophthalmol. 1965; 4:11-41. Zimmerman LE. Changing concepts concerning the malignancy of ocular tumors. Arch Ophthalmol. 1967; 78(2):166-73. Loewenstein A. 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Afonso, Vivian Cristina Costa ... et al. - Estudo retrospectivo da utilização do transplante de membrana amniótica em um serviço terciário de oftalmologia. ........................................................................ 4 Alonso, Lilian Braga ... et al. - Figura ambígua e dislexia do desenvolvimento ....................................................................................... 2 Álvares, Riani Morelo ... et al. - Influência do peso corporal e do índice de massa corporal no teste de sobrecarga hídrica .................. 3 Álvares, Riani Morelo ... et al. - Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais ...... 6 Alves, Emerson ... et al. - Comparação da análise da frente de onda e da sensibilidade ao contraste em olhos pseudofácicos com implante de lentes intra-oculares esférica e asférica ......................................... 3 Alves, Luiz Filipe de Albuquerque ... et al. - Avaliação dos efeitos da altitude sobre a visão ............................................................................... 5 Alves, Milton Ruiz - Reflexões sobre atitude, comportamento e Oftalmologia. ............................................................................................ 2 Amaral Filho, Octavio Moura Brasil do ... et al. - Erosão trans-escleral por sutura de arruga pós retinopexia. ................................................... 1 Amaral Filho, Octavio Moura Brasil do ... et al. - Papilopatia diabética e triamcinolona intravítrea .................................................................... 4 Amaral Filho, Octavio Moura Brasil do ... et al. - Buraco macular traumático bilateral pós-descarga elétrica . Considerações sobre um caso de etiologia incomum ................................................................ 5 Araujo, Mariana Sponholz ... et al. - Mudanças no padrão de conduta do transplante de córnea após campanha informativa ...................... 4 Arruda Júnior, José Rafael ... et al. - Estudo comparativo entre dois métodos de medida da distância interpupilar. .................................... 2 Azevedo, Gilberto Brandão de ... et al. - Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais ....................................................................................................... 6 Bastos, Cláudia Castor Xavier ... et al. - Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais ....................................................................................................... 6 Benites, Manuela Fiorese ... et al. - Mudanças no padrão de conduta do transplante de córnea após campanha informativa ....................... 4 Bergamini, Cristiane ... et al. - Topiramato versus Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado. .................................................................................. 1 Biancardi, Ana Luiza ... et al. - Perfil socioeconômico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata em um hospital universitário .............................................................................................. 5 Bisol, Tiago ... et al. - Avaliação dos efeitos da altitude sobre a visão....5 Boff, Aline ... et al. - Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 ....... 6 Bonomo, Pedro Paulo ... et al. - Retinopatia da prematuridade limiar em crianças submetidas à terapia com surfactante exógeno endotraqueal .............................................................................................. 6 Brandão, Gilberto ... et al. - Influência da postura na pressão intraocular e nos defeitos de campo visual no glaucoma primário de ângulo aberto e glaucoma de pressão normal ................................................... 1 Brandão, Lívia Mello ... et al. - Avaliação dos efeitos da altitude sobre a visão ......................................................................................................... 5 Branzoni, Eduardo ... et al. - Abordagem da Catarata Congênita: análise de série de casos ......................................................................... 1 Calixto, Nassim da Silveira... et al. - Influência da thalamosinusotomia sob diferentes pressões intra-oculares constantes na facilidade de drenagem do humor aquoso em olhos de porco ............................................................................................................ 1 165 59 132 273 119 250 56 42 193 247 172 63 273 273 172 39 220 250 297 292 19 250 32 12 ED. PÁG. Calixto, Nassim da Silveira... et al. - Espessura corneana central e densidade das células endoteliais corneanas centrais após trabeculectomia com e sem mitomicina C .............................................. 1 Canamary, Rodrigo Jorge e Fabio ... et al. - Fluoresceína sódica intravenosa aumenta a visibilidade do vítreo durante a cirurgia de vitrectomia para retinopatia diabética ................................................. 4 Canto, Geraldo Fraga Santini ... et al. - Mudanças no padrão de conduta do transplante de córnea após campanha informativa ....................... 4 Capella, João Luís Curvacho ... et al. - Síndrome de Wildervanck (Síndrome cérvico-óculo-acústica) ....................................................... 4 Cardoso, Gilberto Perez ... et al. - EDITORIAL - Revistas Médicas Devem se “Qualificar”? ......................................................................... 5 Carvalho Filho, Cleanto Jales de ... et al. - Proposta para uma visão clínica das lentes progressivas. ............................................................. 2 Carvalho, Regina de Souza ... et al. - Investimento e satisfação em curso de curta duração: modelo de avaliação ....................................... 1 Castelo Moura, Frederico ... et al. - Aspectos oftalmológicos da síndrome da hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebral) ..................................................................................................... 4 Cebrian, Ricardo ... et al. - Mudanças no padrão de conduta do transplante de córnea após campanha informativa ............................ 4 Centurion, Virgilio ... et al. - O exame de imagem do segmento anterior no diagnóstico de certeza da catarata branca intumescente. ............ 5 Chaoubah, Alfredo ... et al. - Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas no Brasil ........................................................................ 6 Chignalia, Miguel Zago ... et al. - Investimento e satisfação em curso de curta duração: modelo de avaliação ................................................. 1 Coblentz, Jacqueline ... et al. - Aspectos atuais na fisiopatologia do edema macular diabético. ....................................................................... 1 Costa, Dácio Carvalho ... et al. - Rejeição de transplante de córnea..5 Couto Júnior, Abelardo de Souza ... et al. - Prevenção à cegueira em crianças de 3 a 6 anos assistidas pelo programa de saúde da família (PSF) do Morro do Alemão – Rio de Janeiro ....................................... 5 Cronemberger, Sebastião ... et al. - Influência da thalamosinusotomia sob diferentes pressões intra-oculares constantes na facilidade de drenagem do humor aquoso em olhos de porco ................................... 1 Cronemberger, Sebastião ... et al. - Espessura corneana central e densidade das células endoteliais corneanas centrais após trabeculectomia com e sem mitomicina C .............................................. 1 Cruz, Cristóbal ... et al. - Catarata em paciente com Sindrome de Alport e Leiomiomatose difusa ........................................................................... 6 Damasceno, Eduardo de França ... et al. - Erosão trans-escleral por sutura de arruga pós retinopexia. .......................................................... 1 Damasceno, Eduardo de França ... et al. - Papilopatia diabética e triamcinolona intravítrea ....................................................................... 4 Damasceno, Eduardo de França ... et al. - Buraco macular traumático bilateral pós-descarga elétrica . Considerações sobre um caso de etiologia incomum .................................................................................... 5 Damasceno, Nadyr Antonia Pereira ... et al. - Erosão trans-escleral por sutura de arruga pós retinopexia. ................................................... 1 Damasceno, Nadyr Antonia Pereira ... et al. - Papilopatia diabética e triamcinolona intravítrea ..................................................................... 4 Damasceno, Nadyr Antonia Pereira ... et al. - Buraco macular traumático bilateral pós-descarga elétrica . Considerações sobre um caso de etiologia incomum ................................................................ 5 Dantas, Adalmir Morterá - A Ciência ................................................... 4 Dantas, Adalmir Morterá ... et al. - Reticulação do colágeno corneano com radiação ultravioleta e riboflavina para tratamento do ceratocone: resultados preliminares de um estudo brasileiro .......... 5 25 184 172 188 212 69 7 196 172 236 281 7 45 255 226 12 25 309 42 193 247 42 193 247 163 231 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 327-31 328 ED. PÁG. Dantas, Adalmir Morterá ... et al. - Avaliação da Onda b do Eletrorretinograma na Athene cunicularia ......................................... 6 Dias, João Rafael de Oliveira ... et al. - Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 ............................................................................................ 6 Dib, Omar ... et al. - Abordagem da Catarata Congênita: análise de série de casos ............................................................................................. 1 Dib, Omar ... et al. - Facoemulsificação sob anestesia tópica realizada por residentes do terceiro ano de oftalmologia .................................. 2 Diniz Filho, Alberto ... et al. - Espessura corneana central e densidade das células endoteliais corneanas centrais após trabeculectomia com e sem mitomicina C ................................................................................... 1 Elias, César Antonio ... et al. - Efeito do filtro de ultravioleta em lentes de contato hidrofílicas de alta hidratação ................................ 3 Farah, Michel Eid ... et al. - Conceitos atuais e perspectivas na prevenção da degeneração macular relacionada à idade .................. 3 Farah, Michel Eid ... et al. - Retinopatia da prematuridade limiar em crianças submetidas à terapia com surfactante exógeno endotraqueal..6 Figueiredo, Marco Aurélio Varella ... et al. - Uveíte anterior como manifestação da doença de Kikuchi e Fujimoto ................................... 2 Fonseca Netto, Camila ... et al. - Perfil socioeconômico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata em um hospital universitário ........................................................................ 5 Fonseca Netto, Camila ... et al. - Reticulação do colágeno corneano com radiação ultravioleta e riboflavina para tratamento do ceratocone: resultados preliminares de um estudo brasileiro ......... 5 Freire, Mayara Limeira ... et al. - Qualidade de vida em pacientes com Retinopatia Diabética Proliferativa .............................................. 4 Frota, Ana Carolina de Arantes ... et al. - Influência da postura na pressão intra-ocular e nos defeitos de campo visual no glaucoma primário de ângulo aberto e glaucoma de pressão normal ................ 1 Gaffree, Fernanda Ferreira Pires ... et al. - Perfil socioeconômico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata em um hospital universitário ........................................................................ 5 Garcia, Carlos Alexandre de Amorin ... et al. - Tuberculose ocular.. 2 Garcia, Carlos Alexandre de Amorin ... et al. - Retinopatia de Purtscher-like e pandreatite aguda ....................................................... 2 Garcia, Gisela... et al. - Endotelite e ceratoneurite herpética .......... 3 Gomes, Beatriz de Abreu Fiuza ... et al. - Perfil socioeconômico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata em um hospital universitário ........................................................................ 5 Gomes, Roberto de Alencar ... et al. - Espessura corneana central e densidade das células endoteliais corneanas centrais após trabeculectomia com e sem mitomicina C ............................................. 1 Gouveia, Enéias Bezerra ... et al. - Melanocitoma do Nervo Óptico: Revisão Bibliográfica .............................................................................. 6 Grottone, Gustavo Teixeira ... et al. - Alterações biomecânicas da córnea porcina com riboflavina fotossensibilizada por luz nãoultravioleta ................................................................................................ 3 Grottone, João Carlos ... et al. - Alterações biomecânicas da córnea porcina com riboflavina fotossensibilizada por luz não-ultravioleta ... 3 Grottone, Juliana de França Teixeira ... et al. - Alterações biomecânicas da córnea porcina com riboflavina fotossensibilizada por luz não-ultravioleta .......................................................................... 3 Guedes, Ricardo Augusto Paletta ... et al. - Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas no Brasil ................................................ 6 Guedes, Vanessa Maria Paletta ... et al. - Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas no Brasil ................................................ 6 Guzzo, Maiara Garib ... et al. - Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 ............................................................................................................ 6 Haefliger, Ivan O. ... et al. - Influência da thalamosinusotomia sob diferentes pressões intra-oculares constantes na facilidade de drenagem do humor aquoso em olhos de porco .................................... 1 Hida, Wilson Takashi ... et al. - Comparação da análise da frente de onda e da sensibilidade ao contraste em olhos pseudofácicos com implante de lentes intra-oculares esférica e asférica ........................ 3 Horowitz, Soraya Alessandra ... et al. - Erosão trans-escleral por sutura de arruga pós retinopexia. .......................................................... 1 Horowitz, Soraya Alessandra ... et al. - Papilopatia diabética e triamcinolona intravítrea ........................................................................ 4 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 327-31 287 297 32 82 25 114 142 292 86 220 231 177 19 220 90 93 138 220 25 321 109 109 109 281 281 297 12 119 42 193 ED. PÁG. Horowitz, Soraya Alessandra ... et al. - Buraco macular traumático bilateral pós-descarga elétrica . Considerações sobre um caso de etiologia incomum ..................................................................................... 5 Igami, Thais Zamudio ... et al. - Condição ocular entre trabalhadores de uma indústria metalúrgica brasileira ............................................... 5 Iramina, Edson ... et al. - Facoemulsificação sob anestesia tópica realizada por residentes do terceiro ano de oftalmologia ................. 2 Isquierdo, Natalio J. ... et al. - Catarata em paciente com Sindrome de Alport e Leiomiomatose difusa .............................................................. 6 Jardim, Jetro Saul ... et al. - Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais .................. 6 Jeveaux, Giancarlo Cardoso ... et al. - Prevenção à cegueira em crianças de 3 a 6 anos assistidas pelo programa de saúde da família (PSF) do Morro do Alemão – Rio de Janeiro ....................................... 5 Jordão, Lívia Faria ... et al. - Efeito do filtro de ultravioleta em lentes de contato hidrofílicas de alta hidratação ............................................ 3 Kaiber, Flávia ... et al. - Conceitos atuais e perspectivas na prevenção da degeneração macular relacionada à idade ..................................... 3 Kara-José Junior, Newton ... et al. - Investimento e satisfação em curso de curta duração: modelo de avaliação ....................................... 1 Kara-José Junior, Newton ... et al. - Comparação da análise da frente de onda e da sensibilidade ao contraste em olhos pseudofácicos com implante de lentes intra-oculares esférica e asférica ........................ 3 Kara-Jose, Newton ... et al. - Investimento e satisfação em curso de curta duração: modelo de avaliação ...................................................... 1 Kara-Jose, Newton ... et al. - Qualidade de vida em pacientes com Retinopatia Diabética Proliferativa ...................................................... 4 247 214 82 309 273 226 114 142 7 119 7 177 Kara-Jose, Newton ... et al. - Rejeição de transplante de córnea ...... 5 Lacava, Augusto Cézar ... et al. - O exame de imagem do segmento anterior no diagnóstico de certeza da catarata branca intumescente. .. 5 255 Laender, Renato Cruz ... et al. - Hemangioma racemoso da Retina .. 5 Laje, Celso ... et al. - Efeito do filtro de ultravioleta em lentes de contato hidrofílicas de alta hidratação .................................................. 3 Lamas, Fabiana Maria Gomes ... et al. - Figura ambígua e dislexia do desenvolvimento ....................................................................................... 2 Lamy, Ricardo ... et al. - Reticulação do colágeno corneano com radiação ultravioleta e riboflavina para tratamento do ceratocone: resultados preliminares de um estudo brasileiro ................................ 5 Leal, Edson Branzoni ... et al. - O exame de imagem do segmento anterior no diagnóstico de certeza da catarata branca intumescente. .. 5 Lisboa, Hugo Roberto Kurtz ... et al. - Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo ................................................................................................ 2 Lucena, Diogo ... et al. - Anti-angiogênicos no Glaucoma .................. 6 Lucena, Diogo Arruda Câmara Pereira de ... et al. - Influência do peso corporal e do índice de massa corporal no teste de sobrecarga hídrica ......................................................................................................... 3 Luchini, Andréa ... et al. - Conceitos atuais e perspectivas na prevenção da degeneração macular relacionada à idade .................. 3 Lyrio, Natasha Moreira ... et al. - Efeito do filtro de ultravioleta em lentes de contato hidrofílicas de alta hidratação ................................ 3 Maia, Maurício ... et al. - Conceitos atuais e perspectivas na prevenção da degeneração macular relacionada à idade ..................................... 3 Marcon, Ítalo Mundialino ... et al. - Topiramato versus Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado. ..................................................................... 1 Marques, Marcelo Lemos ... et al. - Hemangioma racemoso da Retina ... 5 Matai, Olívia ... et al. - Condição ocular entre trabalhadores de uma indústria metalúrgica brasileira ............................................................ 5 Mathias, Cristina Rodrigues ... et al. - Influência da postura na pressão intra-ocular e nos defeitos de campo visual no glaucoma primário de ângulo aberto e glaucoma de pressão normal ..................................... 1 Mathias, Cristina Rodrigues ... et al. - Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais ....................................................................................................... 6 Matos, Rossane Serafin ... et al. - Conceitos atuais e perspectivas na prevenção da degeneração macular relacionada à idade .................. 3 Matsuda, Daniela ... et al. - Alterações biomecânicas da córnea porcina com riboflavina fotossensibilizada por luz não-ultravioleta ...... 3 243 236 114 59 231 236 6 313 132 142 114 142 39 243 214 19 273 142 109 329 ED. PÁG. Mattosinho, Clarissa Campolina de Sá ... et al. - Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais .......................................................................................... 6 Meirelles, Sergio Henrique Sampaio ... et al. - Influência da postura na pressão intra-ocular e nos defeitos de campo visual no glaucoma primário de ângulo aberto e glaucoma de pressão normal ............... 1 Meirelles, Sergio Henrique Sampaio ... et al. - Influência do peso corporal e do índice de massa corporal no teste de sobrecarga hídrica . 3 Meirelles, Sergio Henrique Sampaio ... et al. - Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais .......................................................................................... 6 Melo, Laura Gomes Nunes de ... et al. - Aspectos atuais na fisiopatologia do edema macular diabético. ........................................ 1 Mendes, Kahlil Ruas Ribeiro ... et al. - Influência do peso corporal e do índice de massa corporal no teste de sobrecarga hídrica ............. 3 Mendonça, Regina Halfeld Furtado de ... et al. - Qualidade de vida em pacientes com Retinopatia Diabética Proliferativa ........................... 4 Meneses, Luciana ... et al. - Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais .................. 6 Mérula, Rafael Vidal ... et al. - Influência da thalamosinusotomia sob diferentes pressões intra-oculares constantes na facilidade de drenagem do humor aquoso em olhos de porco ................................... 1 Mérula, Rafael Vidal ... et al. - Espessura corneana central e densidade das células endoteliais corneanas centrais após trabeculectomia com e sem mitomicina C .............................................. 1 Milito, Cristiane Bedran ... et al. - Uveíte anterior como manifestação da doença de Kikuchi e Fujimoto ........................................................... 2 Mitraud, Roberto dos Santos ... et al. - Axenfeld-Rieger Anomaly and Corneal Endothelial Dystrophy: A case series ............................ 6 Monte, Fernando Queiroz ... et al. - Proposta para uma visão clínica das lentes progressivas. ........................................................................... 2 Monteiro, Mário Luiz Ribeiro ... et al. - Aspectos oftalmológicos da síndrome da hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebral) ..................................................................................................... 4 Moraes Junior, Haroldo Vieira de ... et al. - Perfil socioeconômico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata em um hospital universitário ........................................................................ 5 Moraes Junior, Haroldo Vieira de ... et al. - Reticulação do colágeno corneano com radiação ultravioleta e riboflavina para tratamento do ceratocone: resultados preliminares de um estudo brasileiro ..... 5 Morales, Maira Saad de Ávila ... et al. - Melanocitoma do Nervo Óptico: Revisão Bibliográfica .............................................................................. 6 Moreira, Hamilton ... et al. - Mudanças no padrão de conduta do transplante de córnea após campanha informativa ............................. 4 Motta, Antonio Francisco Pimenta ... et al. - Comparação da análise da frente de onda e da sensibilidade ao contraste em olhos pseudofácicos com implante de lentes intra-oculares esférica e asférica ....................................................................................................... 3 Motta, Mário Martins dos Santos ... et al. - Aspectos atuais na fisiopatologia do edema macular diabético. ......................................... 1 Motta, Mário Martins dos Santos ... et al. - Retinopatia da prematuridade limiar em crianças submetidas à terapia com surfactante exógeno endotraqueal ........................................................ 6 Nakano, Celso Takashi ... et al. - Comparação da análise da frente de onda e da sensibilidade ao contraste em olhos pseudofácicos com implante de lentes intra-oculares esférica e asférica ........................ 3 Nassaralla Junior, João Jorge ... et al. - Retinal peripheral changes after lasik ................................................................................................... 3 Nassaralla, Belquiz Amaral ... et al. - Retinal peripheral changes after lasik ................................................................................................... 3 Noma, Regina Kazumi ... et al. - Investimento e satisfação em curso de curta duração: modelo de avaliação ................................................. 1 Nunes, Cristiane Magno ... et al. - Topiramato versus Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado. .................................................................................. 1 Oliveira, Eduardo Conforti de ... et al. - Estudo retrospectivo da utilização do transplante de membrana amniótica em um serviço terciário de oftalmologia. ........................................................................ 4 Oliveira, Mariana Borges ... et al. - Axenfeld-Rieger Anomaly and Corneal Endothelial Dystrophy: A case series .................................... 6 273 19 132 273 45 132 177 273 12 25 86 303 69 196 220 231 321 172 119 45 292 119 125 125 7 39 165 303 ED. PÁG. Oliveira, Regina Carvalho de Salles ... et al. - Qualidade de vida em pacientes com Retinopatia Diabética Proliferativa ........................... 4 177 Padovani, Carlos Roberto ... et al. - Condição ocular entre trabalhadores de uma indústria metalúrgica brasileira .................... 5 214 Pecego, José Guilherme de Carvalho ... et al. - Reticulação do colágeno corneano com radiação ultravioleta e riboflavina para tratamento do ceratocone: resultados preliminares de um estudo brasileiro ..... 5 231 Pecego, Mariana Gomes ... et al. - Reticulação do colágeno corneano com radiação ultravioleta e riboflavina para tratamento do ceratocone: resultados preliminares de um estudo brasileiro .......... 5 231 Pereira, Basílio de Bragança ... et al. - Reticulação do colágeno corneano com radiação ultravioleta e riboflavina para tratamento do ceratocone: resultados preliminares de um estudo brasileiro ..... 5 231 Portes, Arlindo José Freire ... et al. - Efeito do filtro de ultravioleta em lentes de contato hidrofílicas de alta hidratação .......................... 3 114 Portes, Arlindo José Freire ... et al. - Prevenção à cegueira em crianças de 3 a 6 anos assistidas pelo programa de saúde da família (PSF) do Morro do Alemão – Rio de Janeiro ....................................... 5 226 Portes, Arlindo José Freire ... et al. - Revista Brasileira de Oftalmologia e sua bem-sucedida trajetória rumo às indexações .... 6 271 Précoma, Dalton Bertolim ... et al. - Conceitos atuais e perspectivas na prevenção da degeneração macular relacionada à idade ............ 3 142 Prim, Camila ... et al. - Conceitos atuais e perspectivas na prevenção da degeneração macular relacionada à idade ..................................... 3 142 Queiroz, Carlos Gustavo de ... et al. - Hemangioma racemoso da Retina 5 243 Querido, Veridiana Puppio ... et al. - Tuberculose ocular ................... 2 90 Querido, Veridiana Puppio ... et al. - Retinopatia de Purtscher-like e pandreatite aguda ..................................................................................... 2 93 Ramos, Gabriel Zatti ... et al. - Estudo retrospectivo da utilização do transplante de membrana amniótica em um serviço terciário de oftalmologia. .............................................................................................. 4 165 Rehder, José Ricardo Lima ... et al. - Figura ambígua e dislexia do desenvolvimento ....................................................................................... 2 Rezende, Marina Soares Viegas Moura ... et al. - Abordagem da Catarata Congênita: análise de série de casos .................................... 1 Rezende, Marina Soares Viegas Moura ... et al. - Facoemulsificação sob anestesia tópica realizada por residentes do terceiro ano de oftalmologia ............................................................................................... 2 Ribeiro,Alexandre Sampaio de Abreu ... et al. - Avaliação dos efeitos da altitude sobre a visão .......................................................................... 5 Ribeiro, Luiz Eduardo Feliciano ... et al. - Abordagem da Catarata Congênita: análise de série de casos ..................................................... 1 Ribeiro, Luiz Eduardo Feliciano ... et al. - Facoemulsificação sob anestesia tópica realizada por residentes do terceiro ano de oftalmologia ............................................................................................... 2 Rodrigues, Kelly Fernandes de Paula ... et al. - Tuberculose ocular ... 2 Rodrigues, Kelly Fernandes de Paula ... et al. - Retinopatia de Purtscher-like e pandreatite aguda ....................................................... 2 Rodrigues, Márcio Penha Morterá ... et al. - Avaliação da Onda b do Eletrorretinograma na Athene cunicularia ......................................... 6 Roehe, Daniela Vieira ... et al. - Estudo comparativo entre dois métodos de medida da distância interpupilar. ..................................... 2 Rother, Edna Terezinha ... et al. - Revista Brasileira de Oftalmologia e sua bem-sucedida trajetória rumo às indexações ............................. 6 Rotta, Madalena ... et al. - Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 ............................................................................................................ 6 Sampaio, Paulo Ricardo Souza ... et al. - Figura ambígua e dislexia do desenvolvimento ....................................................................................... 2 Santiago, Luis ... et al. - Catarata em paciente com Sindrome de Alport e Leiomiomatose difusa ........................................................................... 6 Santos, Regina Cândido Ribeiro dos ... et al. - Retinal peripheral changes after lasik .................................................................................... 3 Schellini, Silvana Artioli ... et al. - Condição ocular entre trabalhadores de uma indústria metalúrgica brasileira .................... 5 Shinzato, Flavio ... et al. - Prevenção à cegueira em crianças de 3 a 6 anos assistidas pelo programa de saúde da família (PSF) do Morro do Alemão – Rio de Janeiro .................................................................... 5 Silva, Luis Claudio Dias da ... et al. - Uveíte anterior como manifestação da doença de Kikuchi e Fujimoto ................................... 2 59 32 82 250 32 82 90 93 287 63 271 297 59 309 125 214 226 86 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 327-31 330 ED. PÁG. Silva, Marcel Tadeu ... et al. - Comparação da análise da frente de onda e da sensibilidade ao contraste em olhos pseudofácicos com implante de lentes intra-oculares esférica e asférica ........................ 3 Siqueira, Rubens Camargo ... et al. - Fluoresceína sódica intravenosa aumenta a visibilidade do vítreo durante a cirurgia de vitrectomia para retinopatia diabética ....................................................................... 4 Souza Segundo, Paulo de ... et al. - Tuberculose ocular ....................... 2 Souza Segundo, Paulo de ... et al. - Retinopatia de Purtscher-like e pandreatite aguda ..................................................................................... 2 Souza, Eduardo Cunha de - Relação vítreo retiniana - conceitos atuais. 2 Souza, Eduardo Cunha de - Medicações sistêmicas e queixa ocular: alguma correlação? .................................................................................. 3 Souza, Luciene Barbosa ... et al. - Estudo retrospectivo da utilização do transplante de membrana amniótica em um serviço terciário de oftalmologia. .............................................................................................. 4 Souza, Simone de Biagi ... et al. - Abordagem da Catarata Congênita: análise de série de casos ......................................................................... 1 Souza, Simone de Biagi ... et al. - Facoemulsificação sob anestesia tópica realizada por residentes do terceiro ano de oftalmologia ..... 2 Sperb, Rafael Roedel ... et al. - Facoemulsificação sob anestesia tópica realizada por residentes do terceiro ano de oftalmologia ................. 2 Suga, Fábio ... et al. - Alterações biomecânicas da córnea porcina com riboflavina fotossensibilizada por luz não-ultravioleta ..................... 3 Syllos, Roger ... et al. - Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 ............................................................................................................ 6 Taicher, Fernanda ... et al. - Topiramato versus Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado. ....................................................................................... 1 Taicher, Paulo Henrique ... et al. - Topiramato versus Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado. .................................................................................. 1 Teixeira, Roberto de Almeida ... et al. - Avaliação dos efeitos da altitude sobre a visão ............................................................................... 5 Thorell, Mariana Rossi ... et al. - Topiramato versus Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado. .................................................................................. 1 Torres, Ilana Barrichello ... et al. - Mudanças no padrão de conduta do transplante de córnea após campanha informativa ............................. 4 Torres, Rogil José de Almeida ... et al. - Conceitos atuais e perspectivas na prevenção da degeneração macular relacionada à idade ............ 3 119 184 90 93 97 107 165 32 82 82 109 297 39 39 250 39 172 ED. PÁG. Tres, Gláucia Sarturi ... et al. - Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 ............................................................................................................ 6 Vaccaro, Luciane Lopes ... et al. - Alterações biomecânicas da córnea porcina com riboflavina fotossensibilizada por luz não-ultravioleta ... 3 Vieira, Carlos Gustavo Leite ... et al. - Hemangioma racemoso da Retina ......................................................................................................... 5 Villela, Ana Carolina de Magalhães ... et al. - Influência do peso corporal e do índice de massa corporal no teste de sobrecarga hídrica .... 3 Yamane, Iris de Souza ... et al. - Comparação da análise da frente de onda e da sensibilidade ao contraste em olhos pseudofácicos com implante de lentes intra-oculares esférica e asférica ........................ 3 Yamane, Iris de Souza ... et al. - Endotelite e ceratoneurite herpética .... 3 Yamane, Iris de Souza ... et al. - Síndrome de Wildervanck (Síndrome cérvico-óculo-acústica) ............................................................................ 4 Yamane, Riuitiro - Novos tempos, novos rumos para a RBO ............ 1 Yamane, Riuitiro ... et al. - Influência da postura na pressão intraocular e nos defeitos de campo visual no glaucoma primário de ângulo aberto e glaucoma de pressão normal .................................................. 1 Yamane, Riuitiro ... et al. - Influência do peso corporal e do índice de massa corporal no teste de sobrecarga hídrica .................................... 3 Yamane, Riuitiro - Revista Brasileira de Oftalmologia recebe selo de qualidade da Thomson Reuters sendo indexada nas Bases de Dados “Science Citation Index e Journal Citation Report.” ........................ 5 Yamane, Riuitiro ... et al. - Anti-angiogênicos no Glaucoma ............. 6 Yamane, Riuitiro ... et al. - Axenfeld-Rieger Anomaly and Corneal Endothelial Dystrophy: A case series ................................................... 6 297 109 243 132 119 138 188 5 19 132 211 313 303 Yamane, Riuitiro ... et al. - Revista Brasileira de Oftalmologia e sua bem-sucedida trajetória rumo às indexações ....................................... 6 Yamane, Yoshifumi ... et al. - Endotelite e ceratoneurite herpética .... 3 Yamane, Yoshifumi ... et al. - Síndrome de Wildervanck (Síndrome cérvico-óculo-acústica) ............................................................................ 4 Zago, Saionara ... et al. - Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 ........ 6 297 Zihlmann, Karina Franco ... et al. - Qualidade de vida em pacientes com Retinopatia Diabética Proliferativa .............................................. 4 177 271 138 188 142 Assunto ED. PÁG. ARTIGO DE REVISÃO Anti-angiogênicos no Glaucoma. Diogo Lucena, Riuitiro Yamane. . 6 Aspectos atuais na fisiopatologia do edema macular diabético. Mário Martins dos Santos Motta, Jacqueline Coblentz e Laura Gomes Nunes de Melo ....................................................................................................... 1 313 45 Aspectos oftalmológicos da síndrome da hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebral). Mário Luiz Ribeiro Monteiro e Frederico Castelo Moura ......................................................................... 4 196 Avaliação dos efeitos da altitude sobre a visão. Luiz Filipe de Albuquerque Alves, Alexandre Sampaio de Abreu Ribeiro, Lívia Mello Brandão, Roberto de Almeida Teixeira e Tiago Bisol ............ 5 250 Conceitos atuais e perspectivas na prevenção da degeneração macular relacionada à idade. Rogil José de Almeida Torres, Dalton Bertolim Précoma, Maurício Maia, Flávia Kaiber, Camila Prim, Andréa Luchini, Rossane Serafin Matos e Michel Eid Farah ............ 3 142 Melanocitoma do Nervo Óptico: Revisão Bibliográfica. Enéias Bezerra Gouveia, Maira Saad de Ávila Morales ................................ 6 Rejeição de transplante de córnea. Dácio Carvalho Costa e Newton Kara-José ................................................................................................... 5 255 Relação vítreo retiniana - conceitos atuais. Eduardo Cunha de Souza. .. 2 97 321 CATARATA Abordagem da Catarata Congênita: análise de série de casos. Marina Soares Viegas Moura Rezente, Simone de Biagi Souza, Omar Dib, Eduardo Branzoni e Luiz Eduardo Feliciano Ribeiro ........................ 1 32 Catarata em paciente com Sindrome de Alport e Leiomiomatose difusa. Luis Santiago, Cristóbal Cruz e Natalio J. Isquierdo ............. 6 309 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 327-31 ED. PÁG. Comparação da análise da frente de onda e da sensibilidade ao contraste em olhos pseudofácicos com implante de lentes intraoculares esférica e asférica. Wilson Takashi Hida, Íris de Souza Yamane, Antonio Francisco Pimenta Motta, Marcel Tadeu Silva, Emerson Alves, Newton Kara Jose Junior e Celso Takashi Nakano 3 Facoemulsificação sob anestesia tópica realizada por residentes do terceiro ano de oftalmologia. Marina Soares Viegas Moura Rezende, Rafael Roedel Sperb, Edson Iramina, Simone de Biagi Souza, Luiz Eduardo Feliciano Ribeiro e Omar Dib ................................................ 2 O exame de imagem do segmento anterior no diagnóstico de certeza da catarata branca intumescente. Virgilio Centurion, Edson Branzoni Leal e Augusto Cézar Lacava ................................................................. 5 CONJUNTIVA Estudo retrospectivo da utilização do transplante de membrana amniótica em um serviço terciário de oftalmologia. Eduardo Conforti de Oliveira, Gabriel Zatti Ramos, Vivian Cristina Costa Afonso e Luciene Barbosa Souza ............................................................................ 4 CÓRNEA Alterações biomecânicas da córnea porcina com riboflavina fotossensibilizada por luz não-ultravioleta. Gustavo Teixeira Grottone, Fábio Suga, Daniela Matsuda, Luciane Lopes Vaccaro, Juliana de França Teixeira Grottone e João Carlos Grottone .......... 3 Endotelite e ceratoneurite herpética. Gisela Garcia, Iris de Souza Yamane e Yoshifumi Yamane .................................................................. 3 Espessura corneana central e densidade das células endoteliais corneanas centrais após trabeculectomia com e sem mitomicina C. Rafael Vidal Mérula, Alberto Diniz Filho, Roberto de Alencar Gomes, Sebastião Cronemberger e Nassim Calixto ............................ 1 119 82 236 165 109 138 25 331 ED. PÁG. Mudanças no padrão de conduta do transplante de córnea após campanha informativa. Manuela Fiorese Benites, Mariana Sponholz Araujo, Ilana Barrichello Torres, Geraldo Fraga Santini Canto, Ricardo Cebrian e Hamilton Moreira ................................................... 4 Reticulação do colágeno corneano com radiação ultravioleta e riboflavina para tratamento do ceratocone: resultados preliminares de um estudo brasileiro. Ricardo Lamy, Camila Fonseca Netto, Mariana Gomes Pecego, José Guilherme de Carvalho Pecego, Basílio de Bragança Pereira, Haroldo Vieira de Moraes Junior e Adalmir Morterá Dantas ......................................................................................... 5 172 231 EDITORIAL A Ciência - Adalmir Morterá Dantas .................................................... 4 Medicações sistêmicas e queixa ocular: alguma correlação? Eduardo Cunha de Souza .......................................................................... 3 Novos tempos, novos rumos para a RBO - Riuitiro Yamane .............. 1 107 5 Revista Brasileira de Oftalmologia e sua bem-sucedida trajetória rumo às indexações - Riuitiro Yamane, Edna Terezinha Rother e Arlindo José Freire Portes ...................................................................... 6 271 Reflexões sobre atitude, comportamento e Oftalmologia. - Milton Ruiz Alves .................................................................................................. 2 Revista Brasileira de Oftalmologia recebe selo de qualidade da Thomson Reuters sendo indexada nas Bases de Dados “Science Citation Index e Journal Citation Report.” - Riuitiro Yamane ......... 5 Revistas Médicas Devem se “Qualificar”? - Gilberto Perez Cardoso .... 5 ENSINO Investimento e satisfação em curso de curta duração: modelo de avaliação - Newton Kara-Jose, Regina Kazumi Noma, Regina de Souza Carvalho, Miguel Zago Chignalia e Newton Kara Junior ...... 1 EPIDEMIOLOGIA Condição ocular entre trabalhadores de uma indústria metalúrgica brasileira - Thais Zamudio Igami, Silvana Artioli Schellini, Olívia Matai e Carlos Roberto Padovani .......................................................... 5 Perfil socioeconômico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata em um hospital universitário - Beatriz de Abreu Fiuza Gomes, Ana Luiza Biancardi, Camila Fonseca Netto, Fernanda Ferreira Pires Gaffree, Haroldo Vieira de Moraes Junior ................ 5 Prevenção à cegueira em crianças de 3 a 6 anos assistidas pelo programa de saúde da família (PSF) do Morro do Alemão – Rio de Janeiro - Giancarlo Cardoso Jeveaux, Arlindo José Freire Portes, Abelardo de Souza Couto Júnior e Flavio Shinzato ............................ 5 ESTRABISMO Síndrome de Wildervanck (Síndrome cérvico-óculo-acústica) - João Luís Curvacho Capella, Iris de Souza Yamane e Yoshifumi Yamane .... 4 GLAUCOMA Axenfeld-Rieger Anomaly and Corneal Endothelial Dystrophy: A case series - Mariana Borges Oliveira, Roberto dos Santos Mitraud e Riuitiro Yamane .................................................................................... 6 Custo-efetividade dos análogos de prostaglandinas no Brasil Ricardo Augusto Paletta Guedes, Vanessa Maria Paletta Guedes e Alfredo Chaoubah .................................................................................... 6 Estudo comparativo entre o tonômetro de aplanação de Goldmann e o tonômetro de contorno dinâmico de Pascal no glaucoma primário de ângulo aberto e olhos normais - Sergio Henrique Sampaio Meirelles, Cristina Rodrigues Mathias, Gilberto Brandão de Azevedo, Riani Morelo Álvares, Clarissa Campolina de Sá Mattosinho, Jetro Saul Jardim, Cláudia Castor Xavier Bastos e Luciana Meneses ...................................................................................... 6 Influência da postura na pressão intra-ocular e nos defeitos de campo visual no glaucoma primário de ângulo aberto e glaucoma de pressão normal - Sérgio Henrique Sampaio Meirelles, Cristina Rodrigues Mathias, Gilberto Brandão, Ana Carolina de Arantes Frota e Riuitiro Yamane ....................................................................................................... 1 Influência da thalamosinusotomia sob diferentes pressões intraoculares constantes na facilidade de drenagem do humor aquoso em olhos de porco - Rafael Vidal Mérula, Ivan O. Haefliger, Sebastião Cronemberger e Nassim Calixto ............................................................ 1 163 ED. PÁG. Influência do peso corporal e do índice de massa corporal no teste de sobrecarga hídrica - Sergio Henrique Sampaio Meirelles, Kahlil Ruas Ribeiro Mendes, Riani Morelo Álvares, Ana Carolina de Magalhães Villela, Diogo Arruda Câmara Pereira de Lucena e Riuitiro Yamane ... 3 132 Topiramato versus Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado. - Ítalo Mundialino Marcon, Cristiane Magno Nunes, Paulo Henrique Taicher, Fernanda Taicher, Cristiane Bergamini e Mariana Rossi Thorell ... 1 39 NEURO-OFTALMOLOGIA Figura ambígua e dislexia do desenvolvimento - Lilian Braga Alonso, Fabiana Maria Gomes Lamas, Paulo Ricardo Souza Sampaio e José Ricardo Lima Rehder. .............................................................................. 2 59 Papilopatia diabética e triamcinolona intravítrea. Eduardo de França Damasceno, Nadyr Antonia Pereira Damasceno, Soraya Alessandra Horowitz e Octavio Moura Brasil do Amaral Filho ............................. 4 193 ÓRBITA 56 211 212 Estudo comparativo entre dois métodos de medida da distância interpupilar. Daniela Vieira Roehe e José Rafael Arruda Júnior .. 2 63 REFRAÇÃO Efeito do filtro de ultravioleta em lentes de contato hidrofílicas de alta hidratação. Arlindo José Freire Portes, César Antonio Elias, Celso Laje, Lívia Faria Jordão e Natasha Moreira Lyrio .................. 3 Proposta para uma visão clínica das lentes progressivas. Fernando Queiroz Monte e Cleanto Jales de Carvalho Filho .............................. 2 114 69 RETINA 7 Avaliação da Onda b do Eletrorretinograma na Athene cunicularia. Márcio Penha Morterá Rodrigues e Adalmir Morterá Dantas ......... 6 287 214 Buraco macular traumático bilateral pós-descarga elétrica. Considerações sobre um caso de etiologia incomum. Nadyr Antonia Pereira Damasceno, Eduardo de França Damasceno, Soraya Alessandra Horowitz e Octavio Moura Brasil do Amaral Filho . 5 247 220 Erosão trans-escleral por sutura de arruga pós retinopexia. Eduardo de França Damasceno, Nadyr Antonia Pereira Damasceno, Soraya Alessandra Horowitz e Octavio Moura Brasil do Amaral Filho ...... 1 42 Fluoresceína sódica intravenosa aumenta a visibilidade do vítreo durante a cirurgia de vitrectomia para retinopatia diabética. Rubens Camargo Siqueira, Rodrigo Jorge e Fabio Canamary ......................... 4 184 Hemangioma racemoso da Retina. Carlos Gustavo Leite Vieira, Carlos Gustavo de Queiroz, Marcelo Lemos Marques e Renato Cruz Laender ...................................................................................................... 5 243 Qualidade de vida em pacientes com Retinopatia Diabética Proliferativa. Regina Halfeld Furtado de Mendonça, Karina Franco Zihlmann, Mayara Limeira Freire, Regina Carvalho de Salles Oliveira e Newton Kara José .................................................................. 4 177 Relação entre retinopatia diabética e dermopatia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2. Hugo Roberto Kurtz Lisboa, Aline Boff, João Rafael de Oliveira Dias, Madalena Rotta, Maiara Garib Guzzo, Saionara Zago, Gláucia Sarturi Tres, Roger Syllos ........................................................................................................... 6 297 Retinal peripheral changes after lasik. João Jorge Nassaralla Junior, Regina Cândido Ribeiro dos Santos e Belquiz Amaral Nassaralla ... 3 125 Retinopatia da prematuridade limiar em crianças submetidas à terapia com surfactante exógeno endotraqueal. Mário Martins dos Santos Motta e Michel Eid Farah, Pedro Paulo Bonomo ..................... 6 292 Retinopatia de Purtscher-like e pandreatite aguda. Kelly Fernandes de Paula Rodrigues, Carlos Alexandre de Amorin Garcia, Veridiana Puppio Querido e Paulo de Souza Segundo. .......................................... 2 93 226 188 303 281 273 UVEÍTE 19 12 Tuberculose ocular. Veridiana Puppio Querido, Carlos Alexandre de Amorin Garcia, Kelly Fernandes de Paula Rodrigues e Paulo de Souza Segundo ........................................................................................... 2 Uveíte anterior como manifestação da doença de Kikuchi e Fujimoto. Marco Aurélio Varella Figueiredo, Luis Claudio Dias da Silva e Cristiane Bedran Milito ........................................................................... 2 90 86 Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 327-31 332 Instruções aos autores A Revista Brasileira de Oftalmologia (Rev Bras Oftalmol.) - ISSN 0034-7280, publicação científica da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, se propõe a divulgar artigos que contribuam para o aperfeiçoamento e o desenvolvimento da prática, da pesquisa e do ensino da Oftalmologia e de especialidades afins. Todos os manuscritos, após aprovação pelos Editores, serão avaliados por dois ou três revisores qualificados (peer review), sendo o anonimato garantido em todo o processo de julgamento. Os comentários dos revisores serão devolvidos aos autores para modificações no texto ou justificativa de sua conservação. Somente após aprovações finais dos revisores e editores, os manuscritos serão encaminhados para publicação. O manuscrito aceito para publicação passará a ser propriedade da Revista e não poderá ser editado, total ou parcialmente, por qualquer outro meio de divulgação, sem a prévia autorização por escrito emitida pelo Editor Chefe. Os artigos que não apresentarem mérito, que contenham erros significativos de metodologia, ou não se enquadrem na política editorial da revista, serão rejeitados não cabendo recurso. Os artigos publicados na Revista Brasileira de Oftalmologia seguem os requisitos uniformes proposto pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, atualizado em fevereiro de 2006 e disponível no endereço eletrônico http:// www.icmje.org APRESENTAÇÃO E SUBMISSÃO DOS MANUSCRITOS O artigo enviado deverá ser acompanhado de carta assinada por todos os autores, autorizando sua publicação, declarando que o mesmo é inédito e que não foi, ou está sendo submetido à publicação em outro periódico. A esta carta devem ser anexados: • Declaração de Conflitos de Interesse, quando pertinente. A Declaração de Conflitos de Interesses, segundo Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1595/2000, veda que em artigo científico seja feita promoção ou propaganda de quaisquer produtos ou equipamentos comerciais; • Certificado de Aprovação do Trabalho pela Comissão de Ética em Pesquisa da Instituição em que o mesmo foi realizado; • Informações sobre eventuais fontes de financiamento da pesquisa; • Artigo que trata de pesquisa clínica com seres humanos deve incluir a declaração de que os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre Informado. Todas as pesquisas, tanto as clínicas como as experimentais, devem ter sido executadas de acordo com a Declaração de Helsinki. A Revista Brasileira de Oftalmologia não endossa a opinião dos autores, eximindo-se de qualquer responsabilidade em relação a matérias assinadas. Os artigos podem ser escritos em português, espanhol, inglês ou francês. A Revista Brasileira de Oftalmologia recebe para publicação: Artigos Originais de pesquisa básica, experimentação clínica ou cirúrgica; Divulgação e condutas em casos clínicos de relevante importância; Revisões de temas específicos, Atualizações; Cartas ao editor. Os Editoriais serão escritos a convite, apresentando comentários de trabalhos relevantes da própria revista, pesquisas importantes publicadas ou comunicações dos editores de interesse para a especialidade. Artigos com objetivos comerciais ou propagandísticos serão recusados. Os manuscritos deverão Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 332-4 obedecer as seguintes estruturas: Artigo Original: Descreve pesquisa experimental ou investigação clínica - prospectiva ou retrospectiva, randomizada ou duplo cego. Deve ter: Título em português e inglês, Resumo estruturado, Descritores; Abstract, Keywords, Introdução, Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão e Referências. Artigo de Revisão: Tem como finalidade examinar a bibliografia publicada sobre um determinado assunto, fazendo uma avaliação crítica e sistematizada da literatura sobre um determinado tema e apresentar as conclusões importantes, baseadas nessa literatura. Somente serão aceitos para publicação quando solicitado pelos Editores. Deve ter: Texto, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract, Keywords e Referências. Artigo de Atualização: Revisões do estado-da-arte sobre determinado tema, escrito por especialista a convite dos Editores. Deve ter: Texto, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract, Keywords e Referências. Relato de Caso: Deve ser informativo e não deve conter detalhes irrelevantes. Só serão aceitos os relatos de casos clínicos de relevada importância, quer pela raridade como entidade nosológica, quer pela não usual forma de apresentação. Deve ter: Introdução, Descrição objetiva do caso, Discussão, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract e Keywords e Referências. Cartas ao Editor: Têm por objetivo comentar ou discutir trabalhos publicados na revista ou relatar pesquisas originais em andamento. Serão publicadas a critério dos Editores, com a respectiva réplica quando pertinente. Preparo do Manuscrito: A) Folha de Rosto deverá conter: • Título do artigo, em português e inglês, contendo entre dez e doze palavras, sem considerar artigos e preposições. O Título deve ser motivador e deve dar idéia dos objetivos e do conteúdo do trabalho; • Nome completo de cada autor, sem abreviaturas, porém, se o autor já possui um formato utilizado em suas publicações, deve informar à secretaria da revista; • Indicação do grau acadêmico e/ou função acadêmica e a afiliação institucional de cada autor, separadamente. Se houver mais de uma afiliação institucional, indicar apenas a mais relevante. Cargos e/ou funções administrativas não devem ser indicadas. • Indicação da Instituição onde o trabalho foi realizado; • Nome, endereço, fax e e-mail do autor correspondente; • Fontes de auxílio à pesquisa, se houver; • Declaração de inexistência de conflitos de interesse. B) Segunda folha Resumo e Descritores: Resumo, em português e inglês, com no máximo 250 palavras. Para os artigos originais, deverá ser estruturado (Objetivo, Métodos, Resultados, Conclusão), ressaltando os dados mais significativos do trabalho. Para Relatos de Caso, Revisões ou Atualizações, o resumo não deverá ser estruturado. Abaixo do resumo, especificar no mínimo cinco e no máximo dez descritores (Keywords) que definam o assunto do trabalho. Os descritores deverão ser baseados no DeCS – Descritores em Ciências da Saúde – disponível no endereço eletrônico http://decs.bvs.br/ Abaixo do Resumo, indicar, para os Ensaios Clínicos, o número de registro na base de Ensaios Clínicos (http:// clinicaltrials.gov)* 333 C) Texto Deverá obedecer rigorosamente a estrutura para cada categoria de manuscrito. Em todas as categorias de manuscrito, a citação dos autores no texto deverá ser numérica e seqüencial, utilizando algarismos arábicos entre parênteses e sobrescritos. As citações no texto deverão ser numeradas seqüencialmente em números arábicos sobrepostos, devendo evitar a citação nominal dos autores. Introdução: Deve ser breve, conter e explicar os objetivos e o motivo do trabalho. Métodos: Deve conter informação suficiente para saberse o que foi feito e como foi feito. A descrição deve ser clara e suficiente para que outro pesquisador possa reproduzir ou dar continuidade ao estudo. Descrever a metodologia estatística empregada com detalhes suficientes para permitir que qualquer leitor com razoável conhecimento sobre o tema e o acesso aos dados originais possa verificar os resultados apresentados. Evitar o uso de termos imprecisos tais como: aleatório, normal, significativo, importante, aceitável, sem defini-los. Os resultados da pesquisa devem ser relatados neste capítulo em seqüência lógica e de maneira concisa. Informação sobre o manejo da dor pós-operatório, tanto em humanos como em animais, deve ser relatada no texto (Resolução nº 196/96, do Ministério da Saúde e Normas Internacionais de Proteção aos Animais). Resultados: Sempre que possível devem ser apresentados em Tabelas, Gráficos ou Figuras. Discussão: Todos os resultados do trabalho devem ser discutidos e comparados com a literatura pertinente. Conclusão: Devem ser baseadas nos resultados obtidos. Agradecimentos: Devem ser incluídos colaborações de pessoas, instituições ou agradecimento por apoio financeiro, auxílios técnicos, que mereçam reconhecimento, mas não justificam a inclusão como autor. Referências: Devem ser atualizadas contendo, preferencialmente, os trabalhos mais relevantes publicados, nos últimos cinco anos, sobre o tema. Não deve conter trabalhos não referidos no texto. Quando pertinente, é recomendável incluir trabalhos publicados na RBO. As referências deverão ser numeradas consecutivamente, na ordem em que são mencionadas no texto e identificadas com algarismos arábicos. A apresentação deverá seguir o formato denominado “Vancouver Style” , conforme modelos abaixo. Os títulos dos periódicos deverão ser abreviados de acordo com o estilo apresentado pela National Library of Medicine, disponível na “List of Journal Indexed in Index medicus” no endereço eletrônico: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/ query.fcgi?db=journals Para todas as referências, citar todos os autores até seis. Quando em número maior, citar os seis primeiros autores seguidos da expressão et al. Artigos de Periódicos: Dahle N, Werner L, Fry L, Mamalis N. Localized, central optic snowflake degeneration of a polymethyl methacrylate intraocular lens: clinical report with pathological correlation. Arch Ophthalmol. 2006;124(9):1350-3. Arnarsson A, Sverrisson T, Stefansson E, Sigurdsson H, Sasaki H, Sasaki K, et al. Risk factors for five-year incident agerelated macular degeneration: the Reykjavik Eye Study. Am J Ophthalmol. 2006;142(3):419-28. Livros: Yamane R. Semiologia ocular. 2a ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003. Capítulos de Livro: Oréfice F, Boratto LM. Biomicroscopia. In: Yamane R. Semiologia ocular. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003. Dissertações e Teses: Cronemberger S. Contribuição para o estudo de alguns aspectos da aniridia [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1990. Publicações eletrônicas Herzog Neto G, Curi RLN. Características anatômicas das vias lacrimais excretoras nos bloqueios funcionais ou síndrome de Milder. Rev Bras Oftalmol [periódico na Internet]. 2003 [citado 2006 Jul 22];62(1):[cerca de 5p.]. Disponível em: www.sboportal.org.br Tabelas e Figuras: A apresentação desse material deve ser em preto e branco, em folhas separadas, com legendas e respectivas numerações impressas ao pé de cada ilustração. No verso de cada figura e tabela deve estar anotado o nome do manuscrito e dos autores. Todas as tabelas e figuras também devem ser enviadas em arquivo digital, as primeiras ® preferencialmente em arquivos Microsoft Word e as demais ® em arquivos Microsoft Excel , Tiff ou JPG. As grandezas, unidades e símbolos utilizados nas tabelas devem obedecer a nomenclatura nacional. Fotografias de cirurgia e de biópsias onde foram utilizadas colorações e técnicas especiais, serão consideradas para impressão colorida, sendo o custo adicional de responsabilidade dos autores. Legendas: Imprimir as legendas usando espaço duplo, acompanhando as respectivas figuras (gráficos, fotografias e ilustrações) e tabelas. Cada legenda deve ser numerada em algarismos arábicos, correspondendo as suas citações no texto. Abreviaturas e Siglas: Devem ser precedidas do nome completo quando citadas pela primeira vez no texto ou nas legendas das tabelas e figuras. Se as ilustrações já tiverem sido publicadas, deverão vir acompanhadas de autorização por escrito do autor ou editor, constando a fonte de referência onde foi publicada. O texto deve ser impresso em computador, em espaço duplo, papel branco, no formato 210mm x 297mm ou A4, em páginas separadas e numeradas, com margens de 3cm e com letras de tamanho que facilite a leitura (recomendamos as de nº 14). O original deve ser encaminhado em uma via, acompanhado de CD ou disquete 3,5", com versão do manuscrito, com respectivas ilustrações, digitado no programa “Word for Windows 6.0. A Revista Brasileira de Oftalmologia reserva o direito de não aceitar para avaliação os artigos que não preencham os critérios acima formulados. * Nota importante: A “Revista Brasileira de Oftalmologia” em apoio às políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Intemational Committee of Medical Joumal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso somente aceitará para publicação, a partir de 2008, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http://clinicaltrials.gov ou no site do Pubmed, no item <ClinicalTrials.gov>. O número de identificação deverá ser registrado abaixo do resumo. Os trabalhos deverão ser enviados à Revista Brasileira de Oftalmologia Rua São Salvador, 107 - Laranjeiras CEP 22231-170 - Rio de Janeiro - RJ Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 332-4 334 Revista Brasileira de Oftalmologia Declaração dos Autores (É necessária a assinatura de todos os autores) Em consideração ao fato de que a Sociedade Brasileira de Oftalmologia está interessada em editar o manuscrito a ela encaminhado pelo(s) o(s) autor(es) abaixo subscrito(s), transfere(m) a partir da presente data todos os direitos autorais para a Sociedade Brasileira de Oftalmologia em caso de publicação pela Revista Brasileira de Oftalmologia do manuscrito............................................................. . Os direitos autorais compreendem qualquer e todas as formas de publicação, tais como na mídia eletrônica, por exemplo. O(s) autor (es) declara (m) que o manuscrito não contém, até onde é de conhecimento do(s) mesmo(s), nenhum material difamatório ou ilegal, que infrinja a legislação brasileira de direitos autorais. Certificam que, dentro da área de especialidade, participaram cientemente deste estudo para assumir a responsabilidade por ele e aceitar suas conclusões. Certificam que, com a presente carta, descartam qualquer possível conflito financeiro ou de interesse que possa ter com o assunto tratado nesse manuscrito. Título do Manuscrito___________________________________________________________________________ Nome dos Autores_______________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Minha assinatura abaixo indica minha total concordância com as três declarações acima. Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (6): 332-4